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FACULDADE DE AMERICANA

CURSO DE FISIOTERAPIA

BRUNO CESAR MENDES RODRIGUES


LARIZA DO NASCIMENTO ZEFERINI

Efeitos da eletroestimulação versus cones vaginais no fortalecimento dos


músculos do assoalho pélvico

AMERICANA
2015
FACULDADE DE AMERICANA
CURSO DE FISIOTERAPIA

BRUNO CESAR MENDES RODRIGUES


LARIZA DO NASCIMENTO ZEFERINI

Efeitos da eletroestimulação versus cones vaginais no fortalecimento dos


músculos do assoalho pélvico

Trabalho de conclusão de curso


apresentado a Faculdade de Americana
como requisito parcial para obtenção do
título de bacharel em Fisioterapia.

Orientador: Profa. Msa. Laís Bonagurio


Peressim

AMERICANA
2015

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Sumário

1. Introdução ............................................................................................................... 6

2. Objetivos ............................................................................................................... 10

3. Material e métodos ................................................................................................ 11

4. Resultados ............................................................................................................ 15

5. Discussão ............................................................................................................. 18

7. Referências bibliográficas ..................................................................................... 21

8. Anexo .................................................................................................................... 23

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Efeitos da eletroestimulação versus cones vaginais no
fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico

Bruno Cesar Mendes Rodrigues, Lariza Do Nascimento Zeferini, Laís Bonagurio


Peressim.

Resumo

O conjunto de estruturas que dão suporte as vísceras abdominais e pélvicas são


denominadas como assoalho pélvico (AP), formado por um conjunto de músculos de
controle voluntário, ligamentos e fáscias. O fortalecimento desta musculatura previne
a incontinência urinária e fecal, além da melhora das disfunções sexuais. Sendo
assim, o objetivo do presente estudo foi comparar o efeito do treino dos músculos do
assoalho pélvico por meio da eletroestimulação em centro-tendíneo e com cones
vaginais. Para isso foram selecionadas 10 voluntárias, divididas em dois grupos, que
foram submetidas a oito sessões de eletroestimulação ou exercícios com cones
vaginais e avaliadas antes e após a intervenção pelo método PERFECT para
comparação da função muscular, impacto nos prolapsos vaginais e aceitabilidade
dos dois diferentes treinos do MAP. Após oito sessões observou se a melhora das
voluntárias, no qual o Grupo Cone vaginal apresentou melhor resultado quando
comparado ao Grupo Eletroestimulação, mesmo que os valores de Força na maioria
das voluntárias aumentaram, havendo diminuição nos valores do Grupo
Eletroestimulação em resistência (R) e capacidade de contrações rápidas (F),
quanto aos prolapsos algumas das voluntárias não possuíam mais, ou seu valor
inicial obteve melhora significativa. Ao analisar os dois grupos, há uma tendência de
resultados mais positivos e expressivos no GCV, em comparação ao GEE, porém
ambas as intervenções apresentaram progressão da foça com mudanças positivas
na função do AP.

Palavras-chave: Assoalho pélvico; fisioterapia; eletroestimulação; cones vaginais.

4
Abstract

The set of structures that support the abdominal and pelvic viscera are referred to as
pelvic floor, consisting of a set of voluntary control of muscles, ligaments and fascia.
Strengthening these muscles prevents urinary and fecal incontinence, as well as
improvement in sexual dysfunction. Thus, the aim of this study was to compare the
effect of training pelvic floor by EE in central tendon with vaginal cones. For that we
were selected 10 volunteers divided into two groups, which were submitted to eight
sessions and evaluated before and after the intervention by the PERFECT method
for comparing the muscle function, impact on vaginal prolapses and acceptability of
two different workouts MAP. After eight sessions noted the significant improvement
of the volunteers, in which the vaginal cone group his improvement when compared
to electrical stimulation group had a better result, even if the force values in most of
the volunteers increased , there was a decrease in GHG values in resistance (R )
and the ability to fast-twitch (F ) , as the prolapse some of the volunteers did not have
more , or its initial value achieved significant improvement. Based on this study , we
conclude that all volunteers felt satisfied with the treatment and showed improvement
Force (P), the resistance ( E; R) or in rapid contractions ( R) is used as a treatment
vaginal cones and exercises or electrostimulation , however based on the results the
GCV had the best result .

Key-words: pelvic floor; physiotherapy; electrostimulation; vaginal cones.

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1. Introdução

O conjunto de estruturas que dão suporte as vísceras abdominais e pélvicas


são denominadas como assoalho pélvico (AP), formado por um conjunto de
músculos de controle voluntário, ligamentos e fáscias que consistem nos músculos:
levantador do ânus, que se divide em pubococcígeo, ileococcígeo e puborretal; os
músculos bulbocavernoso, transverso superficial do períneo e o isquiocavernoso que
compõem o diafragma urogenital, e a fáscia endopélvica que é composta pelos
ligamentos pubo-vesical, redondo do útero, uterossacro e ligamento cervical
transverso. Juntas, essas estruturas realizam o mecanismo de continência urinária e
fecal, além de serem importantes na função sexual e na passagem do feto durante o
parto vaginal (NOLASCO et al., 2007).
Os músculos do assoalho pélvico (MAP) são constituídos de 70% de fibras do
tipo I (são fibras de contração lenta) e 30% de fibras do tipo II (fibras de contração
rápida). Sendo assim, as fibras do tipo I são responsáveis pela ação
antigravitacional dos músculos do assoalho pélvico, mantendo o tônus constante e
também a manutenção da continência de repouso. Já as fibras do tipo II são
recrutadas durante aumento súbito da pressão abdominal, contribuindo assim para o
aumento da pressão de fechamento uretral. Os exercícios que trabalham com essa
musculatura podem melhorar a função dos mesmos e dessa maneira a sustentação
do fortalecimento muscular se deve a mudança funcional das fibras musculares
(CAMARRÃO et al., 2003).
A conscientização da contração do assoalho pélvico é de difícil aprendizado,
e a maioria dos autores concorda que de 30 a 50% das mulheres são incapazes de
fazê-la espontaneamente, sendo que o comando verbal correto facilita essa
conscientização. O terapeuta precisa também, verificar de forma sistemática o
estado de tensão dos músculos pelvitrocanterianos, uma vez que eles estão em
relação anatômica com o assoalho pélvico pela aponeurose do obturador interno
(GROSSE; SENGLER, 2000).
Foi realizado um estudo descritivo transversal, que avaliou 13 voluntarias de
um serviço de ginecologia do sistema único de saúde (SUS) – Hospital Pérola
Byington, em acompanhamento médico de rotina. As voluntarias foram selecionadas
no dia da consulta para responderem um questionário sobre a anatomia da região

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genital e a visualização (por meio de uma figura). A seguir, foi preenchida a
anamnese e realizado exame físico, por meio da inspeção visual e da palpação
digital, graduada pela escala de Oxford. Constatou-se que as participantes
apresentaram um conhecimento anatômico e funcional urogenital satisfatório,
porém, a maioria não realizou a contração correta do AP por utilizar musculatura
acessória. Porém, observou-se que mulheres com maior escolaridade possuem
melhor grau de função muscular e menor ativação de grupos musculares acessórios.
Grande parte desconhecia os exercícios de AP, o que deixa claro a necessidade de
disseminação da atuação da fisioterapia pélvica (SILVA et al., 2013.)
Inúmeros são os fatores associados ao desenvolvimento de comorbidades
urogenitais, destacando-se: idade; hereditariedade; raça; paridade; tipo de parto;
índice de massa corpórea; estado hormonal e menopausa; uso de medicações; uso
de álcool e cafeína; e comorbidades, como a associação com a hipertensão arterial
e, ainda, a situação socioeconômica, além de esportes de alto impacto e cirurgias
ginecológicas gerando danos nas estruturas que sustentam a bexiga e uretra. A
lesão do assoalho pélvico ocorre, em geral, por compressão de partes fetais contra
tecidos maternos, o que determina secção e estiramento de músculos e nervos e,
ainda, o desarranjo estrutural do tecido conjuntivo e das fáscias, alterando toda a
estática pélvica, podendo ocasionar a perda de urina (CARVALHO et al., 2013;
OLIVEIRA et al., 2007; MORENO et al., 2004).
A fisioterapia tem papel fundamental na reabilitação do assoalho pélvico,
diminuindo e até mesmo eliminando a perda urinária e contribuindo no melhor
desempenho da função sexual. O papel do fisioterapeuta não se restringe apenas na
aplicação das técnicas específicas para o tratamento, sendo imprescindível a
atuação na conscientização do que é o assoalho pélvico, e qual a função desta
musculatura, além do treinamento para controle voluntário da contração e
relaxamento muscular. A fisioterapia utiliza como recursos a eletroestimulação (EE),
biofeedback, cones vaginais e exercícios convencionais, conhecido como exercícios
de Kegel (HANDA et al., 1996)
Os exercícios de Kegel desenvolvido pelo ginecologista norte americano,
Arnold Kegel, possuem a finalidade de fortalecer a musculatura do AP para melhorar
a eficiência da função esfincteriana uretral e o suporte dos órgãos pélvicos para a
manutenção de níveis pressóricos adequados. Kegel relata em publicações bem

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remotas um índice de cura de 84% e melhora não só da incontinência urinária, mas
também no prazer sexual, desde então estes exercícios são preconizados para o
fortalecimento da musculatura, porém há ainda outros recursos que podem ser
utilizados para aperfeiçoar este fortalecimento, como os cones vaginais e a EE
(MARTINS, 2000).
Os cones vaginais são pequenas cápsulas de pesos diferentes, de uso
individual, que se introduz na vagina para fornecer resistência e feedback sensorial
nos músculos do assoalho pélvico a medida que ele se contrai. Os exercícios
realizados com os cones são os de Kegel, mas com a resistência proporcionada
pelo cone. Estes têm como característica a forma e tamanhos que são iguais,
porém, de pesos diferentes que variam de 25 a 75 gramas. Quando o cone de peso
adequado é inserido na vagina, ele tende a deslizar causando uma sensação de
perda que irá proporcionar um biofeeedback tátil e sinestésico, fazendo com que o
AP se contraia de forma reflexa na tentativa de retê-lo. O uso de cones vaginais
além de aumentar força muscular torna a atividade fisiológica do assoalho pélvico
mais coordenada, aumentando assim o recrutamento de unidades motoras, tanto do
tipo I quanto do tipo II. As indicações para este tratamento são: IU de esforço; urge-
incontinência; assoalho pélvico fraco; no pós-parto; disfunções sexuais, e pouca
propriocepção pélvica e incoordenação da contração pélvica. As contra indicações
são: presença de infecções no trato-urogenital; durante a menstruação; paciente
com distúrbio psiquiátrico; durante ou após a relação sexual; gravidez; retenção/
obstrução urinária (HAHN et al., 1996).
Há também a opção do estímulo elétrico para fortalecimento do AP, em que
acredita-se ser capaz de aumentar a pressão intrauretral por meio da estimulação
direta dos nervos eferentes para a musculatura periuretral, mas também aumenta o
fluxo sanguíneo para os músculos da uretra e do assoalho pélvico, restabelece as
conexões neuromusculares e melhora a função da fibra muscular, hipertrofiando-a e
modificando o padrão de ação com o acréscimo do número de fibras musculares
rápidas (BALCOM et al., 1997).
Dentre as diversas técnicas a se escolher o mais importante é a voluntaria
aderir e entender o objetivo do tratamento, assim este se torna mais rápido e com
melhores resultados. A fisioterapia é eficaz na prevenção e tratamento da IU
diminuindo a perda ou postergando-a, melhorando a força do assoalho pélvico,

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proporcionando melhora no desempenho das relações sexuais, promovendo
consciência e função para esta musculatura, além de proporcionar melhora na
qualidade de vida das voluntarias que se sentem mais seguras e confiantes para
execução de tarefas do dia a dia.
Pode-se ainda associar o uso das técnicas, neste caso a eletroestimulação e
cones vaginais, para prevenção da fraqueza muscular do AP, das disfunções
sexuais, também prevenindo a incontinência urinaria, bem como a conscientização
da musculatura em questão, promovendo melhor recrutamento das fibras
musculares tipo I e II. Porém não há evidências na literatura de estudos que
comparem a utilização da eletroestimulação com os cones vaginais como técnicas
para fortalecimento e conscientização muscular, justificando a necessidade do
presente estudo.

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2. Objetivos

2.1 Objetivo geral

Comparar o efeito da eletroestimulação em centro tendíneo com cones


vaginais no treino dos MAP, antes e após o período de intervenção de oito sessões.

2.2 Objetivos específicos

 Verificar a função da contração dos MAP antes e após a intervenção e


comparar o resultado entre as diferentes técnicas.
 Verificar o impacto do treino dos MAP sobre os prolapsos vaginais com as
diferentes técnicas.
 Verificar a aceitabilidade e adesão do tratamento com as diferentes técnicas.

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3. Material e métodos

Este foi um estudo do tipo relato de casos realizado na Clínica Escola de


Fisioterapia da Faculdade de Americana (FAM), mediante autorização da
Supervisora do Estágio em Saúde da Mulher e Coordenadora do Curso de
Fisioterapia. O estudo foi realizado no período de junho de 2015 a setembro de
2015, com estudantes da Faculdade que aceitaram se voluntariar ao estudo.

3.1 Características das voluntárias

Foram adotados como critérios de inclusão estudantes do gênero feminino;


com 18 anos de idade ou mais; apresentar boa capacidade cognitiva para
questionamento; ter vida sexual ativa; e aceitar participar do estudo. Os critérios de
exclusão foram infecção urinária ou vaginal ou nodulações vulvovaginais; presença
de prolapsos graus III e IV; relatar dispareunia e/ou vaginismo; estar grávida;
ocorrência de lesões perineais secundária ao parto vaginal; limitações neurológicas
que impedisse a contração da musculatura; limitações ortopédicas de membros
inferiores que impedisse o posicionamento ginecológico; fazer uso de marca passo
cardíaco e tabagismo.
Ao final selecionou-se 10 participantes com idade média de 23 anos, dessas
apenas uma não era do curso de fisioterapia e observou-se como maior dificuldade
para a seleção das voluntárias aceitarem em participar do estudo por se tratar de um
assunto e aplicabilidade mais invasiva.

3.2 Avaliação das voluntárias

Após a seleção das 10 voluntárias, as mesmas foram separadas em dois


grupos, nas quais as mesmas puderam optar.

A avaliação física foi realizada por uma única pesquisadora e inicialmente as


voluntárias foram orientadas sobre todo o procedimento e colocadas em decúbito
dorsal em posição ginecológica. A avaliação iniciou-se pela inspeção visual
vulvovaginal para averiguar alteração de coloração, prolapso vaginal, nodulações,
corrimentos, entre outras coisas. A avaliação digital foi mediada pelo método
11
PERFECT, que é um protocolo validado por Laycock e Jerwood, 2001 em que se
avalia a funcionalidade da musculatura do assoalho pélvico por meio da mensuração
da força, representada pelas letra (P) /Power; (E) Duração/endurance; (R)
repetições/repetitions; (F) número de repetições/ contrações rápidas/fast, sendo
realizados na FAM.

A força que é o Power (P) é avaliada pela contração voluntária máxima e


graduada através da Escala de Oxford modificada em uma escala de 0 a 5. Nos
extremos, zero representa uma condição em que não é perceptível nenhuma
contração muscular e 5 traduz uma contração forte em que há a compressão e
elevação dos dedos contra forte resistência do examinador.

A duração que é o endurance (E) é avaliada solicitando-se à voluntaria


contrair a MAP pelo maior tempo possível, sendo a mensuração dada pela
contagem do tempo da sustentação da contração até que ocorra redução de 50% da
contração voluntária máxima.

O número de repetições que é o repetitions (R) é obtido através da


solicitação de contrações voluntárias máximas, com 4 segundos de repouso entre
elas.

E o número de repetições em contrações rápidas que é o fast (F) é obtido a


partir da contração e relaxamento sem sustentação por 10 segundos. Com base nos
resultados dessa avaliação, elaboram-se programas de exercícios individualizados.
(LAYCOCK, 2001).

3.3 Protocolo de tratamento

As voluntárias foram separadas em dois grupos sendo um grupo com cinco


voluntárias as quais utilizaram os cones vaginais (GCV), e outro grupo com mais
cinco voluntárias foram submetidas à eletroestimulação em centro-tendíneo (GEE).
Todas foram submetidas a oito sessões, de aproximadamente uma hora, duas vezes
por semana.

Para elencar as voluntárias em cada grupo seguiu-se a preferência e


aceitabilidade da terapia.
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O peso dos cones vaginais foi escolhido baseado na avaliação física, pela
força e manutenção da contração mediada pelo PERFECT e sessão teste.

Os cones vaginais foram utilizados de duas formas, passiva e ativa,


respectivamente. A introdução do cone foi feita com o uso de preservativo masculino
sem lubrificante e sem gel. Com a voluntaria deitada com posição ginecológica, foi
inserido o cone pelo dedo médio do terapeuta pesquisador, posicionado
profundamente de modo a ultrapassar a linha dos MAP, logo após realizava-se os
exercícios passivos em que a terapeuta tracionava o cone enquanto a voluntária
contraia ativamente para não deixar o cone sair da vagina.

Já o uso ativo, realizado imediatamente após a forma passiva, foi direcionado


pela realização de exercícios do AP associado ao peso do cone contra a gravidade
em posições ortostática, para isso solicitava-se as voluntárias: subir e descer as
escadas; abdominal; agachamento na bola suíça; ponte; prancha e avanço com
halter, com exceção da prancha que foi realizada três séries de 15 segundos, os
demais exercícios foram realizados em três séries de 12 repetições (Apêndice II).

Após quatro sessões evolui-se para posições mais elaboradas, como:


“exercícios em posição borboleta”; exercício para os musculos glúteos com a
voluntária em posição de quatro apoios com tornozeleira de quatro quilos; exercício
de ponte, que ao final realizava-se isometria de adutores e quadris com bola de
plástico entre as pernas; abdominal apoiada em bola Suíça, abdução com
tornozeleiras de quatro quilos (paciente em pé); pular na cama elástica e Stiff com
anilhas, menos pular na cama elástica que foi realizada em três series de um
minuto, os demais exercícios foram realizados em três series de 12 repetições
(Apêndice II).

Para o GEE utilizou-se o aparelho Corrente Russa Neurodyn, modo


sincronizado com frequência de 50hz e tempo de 30 minutos. A escolha dos
parâmetros foi de acordo com a avaliação pelo método PERFECT e a intensidade
de acordo com a voluntária, os eletrodos de carbono não adesivo escolhidos para
centro-tendíneo foram individuais e as orientações foram para que a voluntária
contraísse junto com a corrente. O posicionamento foi em posição ginecológica
(Imagem 15 – Apêndice II), foi utilizado gel para condução da corrente e micropore

13
para fixar os eletrodos em centro-tendíneo, após o preparo foi regulado os
parâmetros no aparelho e pedido a atenção da voluntaria para a contração junto
com a corrente.

3.4 Considerações éticas

As voluntárias receberam o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido


(Apêndice I), juntamente com a entrega do termo foram explicados os objetivos e
justificativas para a realização do estudo, os possíveis riscos e benefícios aos quais
as mesmas estariam sendo exposta, conforme os itens descritos nas Diretrizes do
Conselho Nacional de Saúde (2011). (Resolução 196/96) Posteriormente as
voluntárias assinaram duas vias do termo e lhe foi garantido o direito de se recusar
em participar do estudo em qualquer momento, sem nenhum prejuízo.

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4. Resultados

Ao final da coleta todas as voluntárias apresentaram-se satisfeitas com os


protocolos aplicados, nenhuma apresentou efeito colateral ou constrangimento que
impossibilitasse a continuidade no estudo, assim todas terminaram a pesquisa
proposta inicialmente, sem intercorrências.
As voluntárias não apresentavam queixas de perda urinária, porém, em
conversas durante a terapia algumas relataram fraqueza da musculatura durante o
ato sexual, percebida pela diminuta coaptação da vagina.
Na avaliação inicial nove voluntárias apresentavam prolapsos uterinos, sendo
sete com cistocele, uma com cistocele e histerocele e uma com prolapso da parede
posterior da vagina.

No GEE foram observados três cistoceles, uma histerocele e um prolapso da


parede posterior da vagina. Após oito sessões foi observado que permaneceram três
com cistocele, mas com diminuição significativa do valor inicial, e o prolapso da
parede da vagina também se manteve com média inicial de 0,83 mantendo- se em
0,83.

No GCV foram observados cinco cistoceles. Após as oito sessões observou-


se que permaneceram três cistocele, mas, com diminuição do valor inicial, com
média de 1,3 para 0,83.

Para visualização dos resultados foi calculado a média do PERFECT antes e


após cada tipo de intervenção e dispostos em gráficos.

No Gráfico 1 nota-se que o GCV apresentou melhora expressiva nos


domínios da avaliação mediada pelo método PERFECT, com aumento da
resistência (E;R) e da capacidade de contrações rápidas (F), ambas com elevação
da força (P).

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Gráfico 1. Média dos valores da avaliação mediada pelo método PERFECT inicial e final das
participantes do GC.

Grupo cone
10
8
6
4
2
0
P E R F
Avaliação inicial 2,2 4,6 5,2 8,2
Avaliação final 3,6 9,2 7,4 9,4

P: corresponde a intensidade de contração do assoalho pélvico (Graduação subjetiva pela escala de


Oxford Modificada); E: corresponde ao tempo de contração (segundos); R: realização da contração
perineal sucessivamente (repetições); F: contrações rápidas do assoalho pélvico com força máxima
(repetições).

O Gráfico 2 mostra os resultados do GEE e observa-se também um aumento


de força (P), com uma melhora parcial na resistência, pois elevou-se o tempo de
contração (E), mas houve diminuição na quantidade de contrações sustentadas (R),
porém com uma força maior e notou-se também o aumento de capacidade de
realização de contrações rápidas (F).

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Gráfico 2. Média dos valores da avaliação mediada pelo método PERFECT inicial e final das
participantes do GE.

Grupo eletroestimulação
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
P E R F
Avaliação inicial 1,8 5,6 4,2 8
Avaliação final 2,8 7 2,6 7,4

P: corresponde a intensidade de contração do assoalho pélvico (Graduação subjetiva pela escala de


Oxford Modificada); E: corresponde ao tempo de contração (segundos); R: realização da contração
perineal sucessivamente (repetições); F: contrações rápidas do assoalho pélvico com força máxima
(repetições).

Ao analisar os dois grupos, há uma tendência de resultados mais positivos e


expressivos no GCV, em comparação ao GEE, porém ambas as intervenções
apresentaram progressão da foça com mudanças positivas na função do AP.

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5. Discussão

No presente estudo foram realizadas oito sessões com resultados positivos


na função da musculatura do AP, é importante abreviar a quantidade de sessões
fisioterapêuticas para poupar desgastes físicos e até mesmo financeiros das
voluntárias. No entanto, há estudos que aplicam a intervenção em prazos maiores,
como o estudo de Santos et al. (2009), que realizaram a eletroestimulação e os
cones vaginais para o tratamento de incontinência urinária por esforço no período de
quatro meses, eles avaliaram os resultados em forma de mensuração da qualidade
de vida antes e após a intervenção comparando os dois grupos e concluíram que
não há diferença nos tipos de intervenção, sendo ambos benéficos para o
tratamento da IU, entretanto, no presente estudo as voluntárias não tinham
diagnóstico de IU, talvez por isso a quantidade de sessões tenha sido suficiente para
demonstrar diferenças importante de função dos MAP antes e após a intervenção.

Notou se a dificuldade na seleção das 10 voluntárias, por se tratar de uma


abordagem mais invasiva e íntima muitas recusaram a participação no estudo, mas
após a seleção, durante a terapia todas aderiram ao estudo, sem haver desistência
ou queixa que impossibilitasse a continuidade do estudo, isso contradiz estudo
prévio da literatura (HERMANN et al., 2003) que evidencia a insatisfação das
voluntárias em terapia com abordagem intra-vaginal, com aprovação de apenas
77,3% das mulheres, enquanto outras 22,7% permaneceram insatisfeitas com o
método terapêutico aplicado e não indicariam para outras pessoas.

Estudos de Beuttenmüller et al. (2011), demonstram que tanto os exercícios


de AP isolados quanto associados à eletroterapia para fortalecimento dos MAP
podem ser eficazes no tratamento da IUE, demonstrando eficácia na melhora clínica
das pacientes, quando comparado antes e após a intervenção, o que corrobora com
os resultados da presente pesquisa, porém, com uma tendência a resultados
melhores no grupo de exercícios com o cone que para o paciente é uma técnica
mais participativa do que a eletroestimulação, mesmo quando orientado a contrair
junto com a corrente.

Observou se durante as avaliações a presença de cistocele na maioria das


voluntárias, ao decorrer das sessões dos exercícios as voluntarias relataram sentir
18
melhor com a contração dos MAP, outros estudos também apresentam resultados
positivos em prolapsos vaginais. Silva et al. (2014) após 10 sessões de
fortalecimento dos MAP, observaram que a voluntária não apresentava mais a
cistocele na manobra de valsalva, com elevação da força do AP para grau cinco e
com sustentação de 10 segundos, neste caso a terapia foi dividida em quatro
partes: orientação para reeducação dos hábitos de vida; alongamentos da
musculatura do AP e de membros inferiores; cinesioterapia com exercícios de
fortalecimento da musculatura pélvica e exercícios ativos resistidos com o uso do
aparelho marca Quark modelo Perina e força do AP (biofeedback manométrico).

O número de sessões e aplicação de um conjunto de técnicas pode trazer


diferentes resultados em relação a força do AP, deve- se considerar a resposta de
cada organismo e o estilo de vida, entretanto percebe-se que o treinamento dos
MAP é uma ferramenta que deve ser incentivada não só para o tratamento da IU,
mas também para a prevenção de desordens do AP e esta é uma prática ainda
pouco disseminada, por isso, a necessidade de constantes estudos para fomentar a
prática baseada em evidências.

19
6. Conclusão

Foi possível observar que a fisioterapia tem papel fundamental na reabilitação


do assoalho pélvico, tão bem quanto, na prevenção de disfunções desta
musculatura.
No presente estudo nota-se que no período de intervenção estudado pode-se
adquirir força dos MAP como também resolução das cistoceles, com tendência de
resultados mais expressivos no GCV.
No entanto, se faz necessário novos estudos para investigar a associação de
diferentes métodos com o intuito de atingir as mais diferentes disfunções e públicos.

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7. Referências bibliográficas

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in premenopausal women with and without urinary stress incontinence. Eur J
ObstetGynecolReprod Biol. V.133, n.2, p.213-7, 2007.

21
RORTVEIT G, DALTVEIT AK, HANNESTAD YS, HUNSKAAR S; Norwegian
EPINCONT Study. Urinary incontinence after vaginal delivery or cesarean section. N
Engl J Med. V.348, n.10, p.900-7, 2003.
SANTOS PFD, OLIVEIRA E, ZANETTI MRD, ARRUDA RM, SARTORI MGF, GIRÃO
MJBC, CASTRO RA, Revista Brasileira Ginecologica Obstetrícia. V.31,N.9,p.447-
52, 2009.
SILVA G. C. FREITAS A.O, CINIRA P. S, HADDAD A. S. Tratamento
Fisioterapêutico da Incontinência Urinária de Esforço – Relato de Caso, Revista
UNILUS Ensino e Pesquisa. V.11, N.25, p. 19, 2014.
SILVA, V. G. 1; CARVALHO, C.G. 1; YUASO, D. R. Influência do Conhecimento da
Anatomia Genito-Urinária na Contração Voluntária do Assoalho Pélvico de Mulheres
2 Universidade Federal de São Paulo, SP.
http://inspirar.com.br/fisioterapiapelvica/wp-content/uploads/2013/06/43-influencia-
do-conhecimento-da-anatomia-genito-urinaria-na-contracao-voluntaria-do-assoalho-
pelvico-de-mulheres.pdf

22
8. Anexo

8.1 Anexo I

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

Eu_Nome do Voluntário ou Responsável Legal , brasileiro (a), estado civil, portador


do documento de identidade, SSP- ____, residente à Rua (Av).
_____________________________, nº ______, Bairro ________, na cidade de
_______________________, Estado, declaro ter sido suficientemente informado a
respeito dos objetivos e procedimentos da pesquisa (nome da pesquisa), de
responsabilidade do (a) Prof (a)______________________.

Estou ciente das garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes.


Minha participação é isenta de despesas. Concordo voluntariamente em participar
deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou
durante o mesmo, sem penalidades ou prejuízo ou perda de qualquer benefício que
eu possa ter adquirido, ou no meu atendimento neste Serviço.

____________________________________

Assinatura do voluntário/representante legal Data / /


_____________________________________

Assinatura da testemunha Data / /

RG - _________________________________

(Somente para o responsável do projeto)

Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e


Esclarecido deste voluntário ou representante legal para a participação neste
estudo.

___________________________________

Assinatura do responsável pelo estudo Data/ /

23
8.2 Anexo II

1-Voluntária em cima da cama elástica, pulava


durante um minuto por três vezes.

2-Voluntária com halter realizava o exercício de Stiff,


com os joelhos semi-flexionados, fazendo a flexão de
tronco por três vezes (12 repetições).

3-Voluntária com halter em mãos realizando o


exercício de avanço, na qual posicionava um pé em
frente do outro e realizava a flexão de quadril por três
vezes (12 repetições).

24
4-Voluntária com faixa elástica na cintura,
realizava o exercícios de corrida estacionária por
três vezes durante um minuto cada.

5-Voluntária com bola suíça posicionada atrás das


costas, realizava o exercício de agachamento, com os
pés a frente do corpo realizava a flexão de quadril por
três vezes (12 repetições).

6-Voluntária em decúbito dorsal, realizava o


exercício de abdominal por três vezes (12
repetições).

7-Voluntária em decúbito dorsal com bola


suíça embaixo das pernas, realizava o
exercício de abdominal por três vezes (12
repetições).

25
8-Voluntária em decúbito dorsal com flexão de
quadril, realizava o exercício de borboleta,
fazendo abdução e adução de quadril por três
vezes (12 repetições).

9-Voluntária em decúbito dorsal com bola


entre as pernas realizava o exercício de
ponte, e ao final do movimento pressionava
a bola, por três vezes (12 repetições).

10-Voluntária em decúbito ventral em apoio


de antebraços e ponta dos pés realizava o
exercício de prancha por três vezes de 15
segundos cada.

11-Voluntária em pé com tornozeleiras de quatro


quilos realizava o exercício de abdução de quadril por
três vezes (12 repetições).

26
12-Voluntária em pé realiza o exercício de subir e descer
escadas por três vezes.

13-Voluntária em decúbito dorsal, realizava


o exercício de ponte por três vezes(12
repetições).

14-Voluntária em decúbito ventral em apoio


de antebraços e joelhos, realiza o exercício
de glúteo, com tornozeleira de quatro quilos
realizando a extensão de quadril por três
vezes (12 repetições).

15-Voluntária em decúbito dorsal em posição ginecológica


(abdução de quadris), posicionado os eletrodos de carbono
individuais, com gel e colocado com micropore para fixação
em centro-tendíneo.

27

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