Você está na página 1de 7

Insubstância | A CANÇÂO SOLITÁRIA

Esta aventura é uma introdução ao cenário Insubstância, um cenário cyberpunk com terror
sobrenatural, que explora os limites entre vida e morte, mente e espírito.

Insubstância é um sandbox, uma caixa de conceitos a serem usados para contar sua história
sob uma perspectiva assustadora. Elementos cyberpunk e de terror se cruzando, criando algo único:

• Cru como Sushi. 



É uma outra forma de dizer: insensíveis. Em Insubstância as autoridades não ligam para você,
sua dor ou o que você está passando, elas querem apenas uma coisa: sua total e incondicional
obediência.

• Cinismo e hipocrisia como estilo de vida. 



Em Insubstância se uma pessoa é boa demais, ela é podre por dentro. Bondade é fachada, uma
armadilha para manter as aparências, usada de forma ostensiva por monstros sem a mínima
consciência ou moral.

• Não faça acordos com... Corporações... 



As corporações são malévolas. Ponto. Elas querem seu trabalho e dinheiro sem lhes dar nada em
troca. Mas como elas precisam desta fachada, a troca, elas criam coisas perigosíssimas e
vendem, como se não fosse nada.

• Conexões reais e humanas são raras.



Insubstância é um deserto de sentimentos como: amor, compaixão, fibra moral. Qualquer coisa
fundamentada nestes sentimentos será atacada violentamente como um vírus em um sistema
operacional.

Criando seu personagem.


As regras de criação são as mesmas do módulo básico de Savage Worlds focadas em
personagens da era moderna. Em Insubstância o "cyber" não está nas próteses mecânicas, mas em
elementos mais sutis, como a alma dos habitantes deste mundo
O cenário desta aventura.
Tókio, Japão. Escola pública secundarista Misato Omura. Uma escola que já teve seu papel
em produzir "bons" trabalhadores para as corporações. Agora produz só o que as autoridades
escolares chamam de: delinquentes juvenis.

E você é um destes jovens. Idade entre 17 e 19 anos; último ano, pré faculdade. Mas espere,
você não é um criminoso, ou realmente um arruaceiro. Isso é como a sociedade o vê, não importa o
quanto fale, você estará sempre errado para eles. Enquanto seus sentimentos forem sinceros, você
será o inimigo.

O Japão está se afogando em problemas. Inflação, estagnação econômica, postos de trabalho


sendo substituídos por máquinas e softwares. E você? Você é mais um daqueles que não vê futuro?
Ou se reserva um pouco de esperança?

Por enquanto, nessa idade, nesse ponto da sua jornada ainda há um porto seguro: sua
gangue. Gangues não são algo cínico ou hipócrita. São uma das raras coisas reais que existe. Por
isso são totalmente incompreensíveis para autoridades.

Claro que viver numa zona de guerra, um bairro cheio de perigosos marginais e tiroteios
vindo do nada, ajuda a entender pelo menos que uma gangue serpe para sobrevivência de seus
membros.

Uma gangue se forma por um motivo central: amigos de longa data; gostos semelhantes;
mesmo colégio; mesmo condomínio; partilha de gostos culturais; esportes; amantes do mesmo
shopping center; qualquer coisa que seja real e válida na visão dos seus membros!

Mas nem todas as gangues são como a sua, cheia de vida e sentimentos. Algumas
apodreceram ao longo do caminho. Reais delinquentes que predam a sociedade. E as autoridades
tratam vocês e eles do mesmo jeito, brutalidade e repressão.
Você e os outros jogadores fazem parte da mesma gangue. E vocês devem decidir em
conjunto o que os une e como lidam com estes problemas que os cercam.

Netjumping, da Kaiba Corporation - "Evolua!"


Está por ai, em todos os lugares, gritando com você em neon vermelho berrante:
NetJumping da Kaiba Corporation - Evolua!

Outdoors tridimensionais com suas lindas modelos mostrando como é fácil de instalar e
mais fácil ainda de usar o aparelho que revolucionou o mundo, o NetJumping.

O aparelho que possibilita conectar diretamente seu cérebro a um sistema operacional. Você
o injeta subcutâneamente, perto de sua orelha. Espera alguns minutos e então, é só pensar que tudo
acontece.

Seu corpo desliga desta realidade e ao abrir seus olhos, você está no mundo binário dos
computadores. Agora você pode interagir com eles como se estivesse no mundo real. Quer navegar
atrás de informação? Caminhe até ela. Quer armazena-la? Faça o download da informação aonde
quiser, inclusive em você mesmo. Ao voltar terá tudo na sua cabeça, sem perder horas lendo.

Seu cérebro é a interface com a máquina, sua vontade faz o resto. Você é o comando da
operação, você empresta sua alma para que a máquina viva!

Enquanto isso no colégio público Misato Omura


Conheça Ori Mitsunaga, um triste fruto destes tempos incertos. Ori era um de vocês, da sua
gangue. Meio caladão. Preferia ficar circulando pela internet através do NetJumping, ouvindo Doors
e deixando para sair no final do dia, ver o Sol se pôr.

Um dia ele apareceu com um software ilegal, o comp@rtilhador. O software prometia


deixar seu usuário num estado entre o virtual e real. Meio NetJumping, meio vida real. Ori era
viciado naquilo.
As autoridades de saúde do Japão advertiam que estes softwares poderiam matar uma
pessoa. Infelizmente desta vez as autoridades estavam certas.

Um dia Ori pediu para ir ao banheiro, no meio da aula. Ele entrou, fixou a gravata do
colégio numa maçaneta, e se enforcou.. Sua ultima ação foi acionar o NetJumping no modo full, e
morrer ao som de The End, do Doors.

Equações emocionais de segundo grau.


Emoções não são levadas a sério. A comoção nos olhos dos alunos das outras classes, dos
pais e dos professores era na maioria fingida e falsa. A indiferença dos polícias e detetives era real,
mas essa, não era bem vinda.

Algumas lágrimas eram reais. As de vocês com certeza eram. Ele era um de vocês. Estava
em dificuldades e nenhum de vocês soube como lidar. Agora o caladão Ori estava morto, e o mundo
parecia ter aumentado a velocidade de rotação sem ter avisado nenhum de vocês.

A Aventura
Ori Mitsunaga não é apenas mais um número!
Tudo começa com a dor dos jogadores. Naquele momento em que ambulâncias, policiais e
educadores correm de um lado para o outro e tudo ao mesmo tempo passa devagar, quase sonolento
e irreal.

O corpo no saco preto. O olhar de indiferença dos policiais. O olhar de oportunidade para
auto promoção brilhando em alguns alunos. E as vozes falando coisas como: "software ilegal",
"suicídio", "caso encerrado".

Encerrado nada. Ori era um de vocês. Não apenas mais uma estatística. Já que ninguém
queria ao menos saber da onde viera aquela porcaria de software, vocês iriam investigar e descobrir.

Ori conseguiu o tal software num bar que ninguém nunca ouviu falar: Dixie Pig. O endereço
estava junto de suas coisas, em seu quarto. Na escrivaninha. Uma caixa de fósforos de propaganda
do lugar. Dentro um nome, "Tsuruya Nanboku" e um horário 20:42.
Carne de porco assada ao molho de Rock´n roll.
Dixie Pig. Porta dupla de vidro. Lousa pregada na parede de tijolos à vista. Entre dois
prédios. Rua cheia de respiradores do metrô, cheia de fumaça. Lá dentro o som alto e abafado de
roçk´n roll antigo, Doors.

Apertado. Esfumaçado por cigarros e inaladores dos mais variados tipos. Gente vestindo
roupas de gala, parecia um filme antigo. Longos vestidos cintilantes. Ternos e gravatas borboleta.
No palco um monge xintoísta sentado numa cadeira rezava diante de todos, sem microfone e sem
ser ouvido. Música alta.

Tsuruya Nanboku estava num canto, longe do burburinho. Assim disse o garçom com seu
bigode ralo. O homem era grande, comia um Tonkatsu que parecia saboroso. Saquê acompanhava.

Nanboku não tem nada a esconder ou temer, ele fala franca e abertamente com os jovens.
Ele vendeu o programa. O garoto morreu? E dai, o que ele tem a ver com isso? O garoto foi avisado
dos problemas. O jovem quiz, ele teve.

Nanboku não responde a nenhuma agressividade ou ameaça. Ele não se importa com nada.
E se os garotos começarem a reclamar ele simplesmente volta a comer. Se eles quiserem briga,
Nanbuko é o equivalente em termos de ficha a um John Rambo, eles não tem a mínima chance e
sairão de lá cheios de hematomas.

Ori, o que está acontecendo?


Rieko Nobura era uma das pessoas falsas. Já fora uma pessoa legal, no primário onde ela e
Ori eram amigos. Agora, no colegial, eram inimigos. Se odiavam. E agora ela estava morta.

Mal tinha se passado uma semana da morte de Ori. Lá estava a polícia de novo. Novamente
o circo. E vocês observando o corpo sendo movido para o necrotério, entretanto, na multidão... Ori?
Ori Mitsunaga? Vivo?
Seguir o vulto é correr por algumas quadras e então, tudo sumir. E neste exato momento
receber um e-mail em suas caixas do NetJumping... um e-mail com remetente: Ori, e apenas uma
frase: não me sigam.

Virtual, real, quem se importa?


Entrar no NetJumping para tentar rastrear o e-mail é o caminho. Para isso os jogadores
precisarão de um hacker de Netjumping. Se nenhum deles for o hacker a história provê duas opções,
que podem entrar como contatos de um jogador: uma garota do colégio, "Hangover Kiddo" e um
senhor de meia idade que mora com seu gato, ele faz o trabalho para mafiosos locais, seu nome é
"Mister Go".

Qualquer um dos hackers vai chegar ao mesmo ponto: uma seção da internet completamente
estranha. Eles vão caminhando por uma ruela cheia de lixo e papel jogado no chão, aqui só existem
fundos de prédios e pouquíssima luz, no final da rua há pixels piscando com defeito. Ali no meio do
que parece ser a parede final, há um buraco, e deste buraco, rastejando aparece... Ori.

E Ori rasteja não só pelo buraco em direção ao hacker, ele aparece do nada, no meio da sala
onde estão, no meio de luzes piscantes. Todos são ejetados do NetJumping. E o garoto com seu
pescoço roxo cintilando na pele extremamente branca; olhos opacos e esbranquiçados; roupa de
colegial suja de terra, está diante deles.

Ori diz: "Fui eu. Agora vão. Há muitos outros cuja vida devo ceifar". Ori não demonstra
remorso algum, ele está ali apenas. Seco. Morto. Questionado ele apenas diz que chegou a hora dele
matar pessoas que sempre quiz ver mortas e que seus antigos amigos deveriam se afastar, ou seriam
mortos. Assim ele desaparece.

Ori, um dos seus, que morreu ha dias, é agora um monstro, e já fez uma vitima. Quantas
mais existirão? Há como detê-lo? As respostas não estão ali, mas sim em outro lugar, seguindo o
cheiro de porco cozido...

Mais uma vez, Dixie Pig.


No Dixie tudo está como da primeira vez. Na mesma mesa, comendo o mesmo prato,
Nanboku. Ele olha para os jovens e diz sem esperar eles falarem:
"Seu amigo voltou. Ele está matando gente. Ok, vou lhes dizer só uma vez. Me desculpem,
não era pra ser assim. Seu amigo não entendeu a segunda chance que ganhou. Desperdiçou. Eu
avisei, agora ele dança. E vocês o matam, de novo."

Nanboku responderá o que os jogadores quiserem, sem detalhes. E sim, ele quer que os
jovens enfrentem o amigo. Segundo ele, só pessoas com ligações reais irão atingi-lo de verdade.
Aqui está o ponto alto emocionalmente da trama.

Adeus Ori, de novo.


O confronto final entre os amigos é um momento máximo de drama. Esta não é apenas uma
luta, é um confronto entre amigos que se amavam até alguns dias atrás. Pessoas que saíam juntas,
que dividiam sonhos e esperanças.

O amigo incompreendido que eles não puderam ajudar... Ou é isso, ou ele continuará
matando. Agora é fechar os olhos, ativar o NetJumping, ir até a fratura na parede, deixar Ori
aparecer, abrir os olhos e... enfrentar a terrível verdade.

Ori, em termos de ficha é como seus amigos, mas voltado para assassinar pessoas.

Ao derrotar o amigo, ele desaparece e a aventura termina. Os sentimentos aqui são confusos,
é para ser assim. Um certo gosto amargo, longe de ser vitória. Bem vindo a Insubstância.

Se o narrador quiser um nível extra de drama na aventura, deixe rolando como fundo alguns
sons do The Doors. No começo e final: The End; No Dixie Pig: Roadhouse Blues; Na internet,
durante o hacking e no primeiro encontro: Riders on the Storm.

Você também pode gostar