Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Esta aventura é uma introdução ao cenário Insubstância, um cenário cyberpunk com terror
sobrenatural, que explora os limites entre vida e morte, mente e espírito.
Insubstância é um sandbox, uma caixa de conceitos a serem usados para contar sua história
sob uma perspectiva assustadora. Elementos cyberpunk e de terror se cruzando, criando algo único:
E você é um destes jovens. Idade entre 17 e 19 anos; último ano, pré faculdade. Mas espere,
você não é um criminoso, ou realmente um arruaceiro. Isso é como a sociedade o vê, não importa o
quanto fale, você estará sempre errado para eles. Enquanto seus sentimentos forem sinceros, você
será o inimigo.
Por enquanto, nessa idade, nesse ponto da sua jornada ainda há um porto seguro: sua
gangue. Gangues não são algo cínico ou hipócrita. São uma das raras coisas reais que existe. Por
isso são totalmente incompreensíveis para autoridades.
Claro que viver numa zona de guerra, um bairro cheio de perigosos marginais e tiroteios
vindo do nada, ajuda a entender pelo menos que uma gangue serpe para sobrevivência de seus
membros.
Uma gangue se forma por um motivo central: amigos de longa data; gostos semelhantes;
mesmo colégio; mesmo condomínio; partilha de gostos culturais; esportes; amantes do mesmo
shopping center; qualquer coisa que seja real e válida na visão dos seus membros!
Mas nem todas as gangues são como a sua, cheia de vida e sentimentos. Algumas
apodreceram ao longo do caminho. Reais delinquentes que predam a sociedade. E as autoridades
tratam vocês e eles do mesmo jeito, brutalidade e repressão.
Você e os outros jogadores fazem parte da mesma gangue. E vocês devem decidir em
conjunto o que os une e como lidam com estes problemas que os cercam.
Outdoors tridimensionais com suas lindas modelos mostrando como é fácil de instalar e
mais fácil ainda de usar o aparelho que revolucionou o mundo, o NetJumping.
O aparelho que possibilita conectar diretamente seu cérebro a um sistema operacional. Você
o injeta subcutâneamente, perto de sua orelha. Espera alguns minutos e então, é só pensar que tudo
acontece.
Seu corpo desliga desta realidade e ao abrir seus olhos, você está no mundo binário dos
computadores. Agora você pode interagir com eles como se estivesse no mundo real. Quer navegar
atrás de informação? Caminhe até ela. Quer armazena-la? Faça o download da informação aonde
quiser, inclusive em você mesmo. Ao voltar terá tudo na sua cabeça, sem perder horas lendo.
Seu cérebro é a interface com a máquina, sua vontade faz o resto. Você é o comando da
operação, você empresta sua alma para que a máquina viva!
Um dia Ori pediu para ir ao banheiro, no meio da aula. Ele entrou, fixou a gravata do
colégio numa maçaneta, e se enforcou.. Sua ultima ação foi acionar o NetJumping no modo full, e
morrer ao som de The End, do Doors.
Algumas lágrimas eram reais. As de vocês com certeza eram. Ele era um de vocês. Estava
em dificuldades e nenhum de vocês soube como lidar. Agora o caladão Ori estava morto, e o mundo
parecia ter aumentado a velocidade de rotação sem ter avisado nenhum de vocês.
A Aventura
Ori Mitsunaga não é apenas mais um número!
Tudo começa com a dor dos jogadores. Naquele momento em que ambulâncias, policiais e
educadores correm de um lado para o outro e tudo ao mesmo tempo passa devagar, quase sonolento
e irreal.
O corpo no saco preto. O olhar de indiferença dos policiais. O olhar de oportunidade para
auto promoção brilhando em alguns alunos. E as vozes falando coisas como: "software ilegal",
"suicídio", "caso encerrado".
Encerrado nada. Ori era um de vocês. Não apenas mais uma estatística. Já que ninguém
queria ao menos saber da onde viera aquela porcaria de software, vocês iriam investigar e descobrir.
Ori conseguiu o tal software num bar que ninguém nunca ouviu falar: Dixie Pig. O endereço
estava junto de suas coisas, em seu quarto. Na escrivaninha. Uma caixa de fósforos de propaganda
do lugar. Dentro um nome, "Tsuruya Nanboku" e um horário 20:42.
Carne de porco assada ao molho de Rock´n roll.
Dixie Pig. Porta dupla de vidro. Lousa pregada na parede de tijolos à vista. Entre dois
prédios. Rua cheia de respiradores do metrô, cheia de fumaça. Lá dentro o som alto e abafado de
roçk´n roll antigo, Doors.
Apertado. Esfumaçado por cigarros e inaladores dos mais variados tipos. Gente vestindo
roupas de gala, parecia um filme antigo. Longos vestidos cintilantes. Ternos e gravatas borboleta.
No palco um monge xintoísta sentado numa cadeira rezava diante de todos, sem microfone e sem
ser ouvido. Música alta.
Tsuruya Nanboku estava num canto, longe do burburinho. Assim disse o garçom com seu
bigode ralo. O homem era grande, comia um Tonkatsu que parecia saboroso. Saquê acompanhava.
Nanboku não tem nada a esconder ou temer, ele fala franca e abertamente com os jovens.
Ele vendeu o programa. O garoto morreu? E dai, o que ele tem a ver com isso? O garoto foi avisado
dos problemas. O jovem quiz, ele teve.
Nanboku não responde a nenhuma agressividade ou ameaça. Ele não se importa com nada.
E se os garotos começarem a reclamar ele simplesmente volta a comer. Se eles quiserem briga,
Nanbuko é o equivalente em termos de ficha a um John Rambo, eles não tem a mínima chance e
sairão de lá cheios de hematomas.
Mal tinha se passado uma semana da morte de Ori. Lá estava a polícia de novo. Novamente
o circo. E vocês observando o corpo sendo movido para o necrotério, entretanto, na multidão... Ori?
Ori Mitsunaga? Vivo?
Seguir o vulto é correr por algumas quadras e então, tudo sumir. E neste exato momento
receber um e-mail em suas caixas do NetJumping... um e-mail com remetente: Ori, e apenas uma
frase: não me sigam.
Qualquer um dos hackers vai chegar ao mesmo ponto: uma seção da internet completamente
estranha. Eles vão caminhando por uma ruela cheia de lixo e papel jogado no chão, aqui só existem
fundos de prédios e pouquíssima luz, no final da rua há pixels piscando com defeito. Ali no meio do
que parece ser a parede final, há um buraco, e deste buraco, rastejando aparece... Ori.
E Ori rasteja não só pelo buraco em direção ao hacker, ele aparece do nada, no meio da sala
onde estão, no meio de luzes piscantes. Todos são ejetados do NetJumping. E o garoto com seu
pescoço roxo cintilando na pele extremamente branca; olhos opacos e esbranquiçados; roupa de
colegial suja de terra, está diante deles.
Ori diz: "Fui eu. Agora vão. Há muitos outros cuja vida devo ceifar". Ori não demonstra
remorso algum, ele está ali apenas. Seco. Morto. Questionado ele apenas diz que chegou a hora dele
matar pessoas que sempre quiz ver mortas e que seus antigos amigos deveriam se afastar, ou seriam
mortos. Assim ele desaparece.
Ori, um dos seus, que morreu ha dias, é agora um monstro, e já fez uma vitima. Quantas
mais existirão? Há como detê-lo? As respostas não estão ali, mas sim em outro lugar, seguindo o
cheiro de porco cozido...
Nanboku responderá o que os jogadores quiserem, sem detalhes. E sim, ele quer que os
jovens enfrentem o amigo. Segundo ele, só pessoas com ligações reais irão atingi-lo de verdade.
Aqui está o ponto alto emocionalmente da trama.
O amigo incompreendido que eles não puderam ajudar... Ou é isso, ou ele continuará
matando. Agora é fechar os olhos, ativar o NetJumping, ir até a fratura na parede, deixar Ori
aparecer, abrir os olhos e... enfrentar a terrível verdade.
Ori, em termos de ficha é como seus amigos, mas voltado para assassinar pessoas.
Ao derrotar o amigo, ele desaparece e a aventura termina. Os sentimentos aqui são confusos,
é para ser assim. Um certo gosto amargo, longe de ser vitória. Bem vindo a Insubstância.
Se o narrador quiser um nível extra de drama na aventura, deixe rolando como fundo alguns
sons do The Doors. No começo e final: The End; No Dixie Pig: Roadhouse Blues; Na internet,
durante o hacking e no primeiro encontro: Riders on the Storm.