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UTILIZAÇÃO DE PAINÉIS ESTRUTURADOS EM HABITAÇÕES RESIDENCIAIS

DE MADEIRA

Ricardo Amorim Einsfeld e Marcus Pacheco

RESUMO: Este trabalho enfoca a utilização de painéis estruturados em habitações de


madeira dentro do sistema LWFC (Light Wood-Framed Construction), bastante utilizado na
América do Norte. Uma breve revisão deste processo construtivo é apresentada de modo que
se possa avaliar a possibilidade de adaptação deste sistema às condições brasileiras. Além dos
aspectos estruturais e construtivos associados ao sistema LWFC, esta revisão enfoca também
os itens instalações, proteção contra fogo, e problemas decorrentes de insetos. Uma estimativa
preliminar de custos de material para confecção do painel estruturado é apresentada, de modo
a se ter uma base de comparação com o sistema tradicional de construção utilizado no Brasil.
Algumas das vantagens que podem ser obtidas ao se adotar o sistema LWFC também são
apresentadas neste trabalho. Com essas informações, os autores acreditam que seria oportuno
que a indústria madeireira, a indústria da construção e pesquisadores reavaliassem os
tradicionais processos construtivos em face das novas tecnologias desenvolvidas, e
considerassem a possibilidade de adaptação do sistema LWFC às condições brasileiras.
Palavras-chave: madeira, estruturas de madeira, técnicas construtivas, painéis estruturados.

APPLICATION OF SHEARWALLS AND DIAPHRAGMS IN WOOD RESIDENTIAL


HOUSING

ABSTRACT: This paper is about the application of shearwalls and diaphragms in the
building of wood houses through the LWFC (Light Wood-Framed Construction) system, used
almost universally in North America. A review of the main aspects of this system is presented
in order to examine the suitability of this system on the Brazilian context. Besides the
structural and construction aspects associated to the LWFC system, this review focus on the
aspects related to services, fire protection, and termites. A preliminary budget for the material
used in preparing the shearwalls and diaphragms is presented to be compared with costs
obtained through the traditional construction system used in Brazil. Some advantages that
could be obtained in adopting the LWFC system are also presented in this work. With this
information, the authors believe that it is an opportune time for lumber industry, the
construction industry and researchers to reassess the situation in view of present technology
and examine the feasibility of LWFC with respect to its suitability to Brazil.
Keywords: wood, timber structures, construction techniques, shearwalls.

Trabalho desenvolvido com apoio da FAPERJ


1 INTRODUÇÃO

As técnicas tradicionais de construção de habitações residenciais em madeira no Brasil


utilizam basicamente peças de madeira maciça, com pouca utilização de madeira
industrializada. Por outro lado, o sistema de construção com estruturas leves de madeira
LWFC (Light Wood Framed Construction), bastante difundido na América do Norte, baseia-
se na utilização de painéis de madeira estruturados, com considerável economia de tempo de
execução, além da praticidade na execução e manutenção das instalações elétricas e
hidráulicas. Um grande desenvolvimento desta técnica consistiu na utilização de chapas OSB
(Oriented Strand Board) no lugar do compensado para montagem dos painéis estruturados, o
que reduziu significativamente os custos de construção, EINSFELD1 et al (1998). Embora as
chapas OSB ainda não estejam disponíveis no mercado brasileiro, ainda assim é possível aqui
a utilização de chapas de compensado para elaboração dos painéis, como era originalmente
feito dentro do sistema LWFC. Neste trabalho procura-se demonstrar que esta técnica,
devidamente adaptada às condições brasileiras, pode se tornar competitiva em relação ao
sistema tradicional utilizado no país, pela praticidade que oferece. Embora a avaliação de
custos ainda careça de um estudo mais detalhado, uma estimativa é apresentada visando
despertar o interesse de pesquisadores e empresários do setor para esta técnica de construção.

2 O SISTEMA LWF

O sistema de construção com estruturas leves de madeira já foi descrito com mais detalhes em
trabalho anterior de EINSFELD2 et al (1998), desenvolvido em conjunto com pesquisadores
da Universidade de Alberta, no Canadá. É uma técnica que utiliza basicamente painéis
estruturados com vigas de madeira de pequenas dimensões na seção transversal, geralmente
pouco espaçadas, que formam um quadro sobre o qual é colocado um fechamento de chapas
de madeira e/ou gesso. As dimensões das vigas que formam o quadro são usualmente 38 mm
de espessura por 89 a 292 mm de altura.

Na Figura 1 são apresentadas as seções transversais (horizontal e vertical) de uma parede


externa. Os membros verticais, denominados escoras, possuem uma seção transversal de 38
mm de espessura e profundidade determinada pela espessura do isolamento térmico,
geralmente de 140 mm. As paredes internas não necessitam deste tipo de isolamento e, por
isso, a sua profundidade é usualmente de 90 mm. As escoras suportam a carga vertical dos
pisos e cobertura e são responsáveis pela rigidez transversal dos painéis estruturados. As
chapas de madeira colocadas como fechamento são fixadas às escoras através de pregos
pouco espaçados, de modo a prevenir a flambagem das escoras na direção da sua menor
dimensão. Estas chapas são de compensado ou OSB com, pelo menos, 6 mm de espessura.
Servem, também, para compor o painel estruturado, que se comporta como uma parede
diafragma com uma significativa rigidez no seu plano.

O fechamento interno das paredes externas é feito com placas de gesso, que também são
aplicadas para fechamento nas duas faces das paredes internas. Embora as placas de gesso não
possam ser consideradas portantes, elas possuem rigidez suficiente para contribuir no
travamento dos componentes estruturais. São também necessárias para proteção contra
incêndio e permitem que se obtenha um acabamento de qualidade nas superfícies internas.

O sistema LWFC é bastante estável e rígido, além de resistir de modo extremamente eficiente
à ação de eventuais solicitações horizontais, como o efeito do vento, conforme esquema
mostrado na Figura 2, CWC (1991). Estas solicitações horizontais são resistidas pelos pisos,
cobertura e pelas paredes, formadas por painéis estruturados, que conduzem a carga até às
fundações da edificação. Ao se detalhar a estrutura é necessário não perder de vista as
relações de equilíbrio nestes painéis, de modo a assegurar a integridade estrutural do edifício
como um todo. O termo shearwall é utilizado para as paredes portantes solicitadas no seu
plano por esforços de cisalhamento, enquanto o termo diafragma é utilizado para os painéis
que suportam carregamento na direção normal ao seu plano e transferem estes esforços para
as paredes do tipo shearwall, conforme a Figura 2.

Revestimento com
argamassa
Revestimento com
papel impermeável e
tela de arame
Revestimento com
compensado ou OSB

Espaço entre as escoras


Exterior preenchidas com lã de vidro Interior

Manta de polietileno para


barreira de ar e vapor
Escora (38 x 140mm)

Placa de gesso
ou madeira

Seção Horizontal Seção Vertical

Figura 1 - Detalhes típicos das paredes

3 MONTAGEM E INSTALAÇÕES

Um fator importante, responsável pelo sucesso da aplicação deste sistema na América do


Norte, principalmente no Canadá, é o prazo de construção bastante curto em relação aos
praticados no Brasil, que foi otimizado em função das condições climáticas extremas e
adversas em suas várias regiões. O uso de painéis estruturados para pisos e paredes, que
podem chegar já inteiramente ou parcialmente montados ao canteiro de obra, combinado com
o uso de treliças pré-fabricadas para a estrutura do telhado e pisos de grandes vãos, permite
que se erga a estrutura do prédio, a partir das fundações, num prazo bastante curto em relação
ao das construções convencionais. Este prazo pode variar de alguns dias a poucas semanas,
dependendo do nível de pré-montagem, das dimensões da edificação e da sua complexidade.

Uma outra vantagem deste sistema está na flexibilidade de modulação, que permite a
elaboração de peças com pesos que sejam adequados ao tipo de manuseio previsto na obra.
Onde não há equipamento para transporte e içamento dos painéis, nenhuma peça isoladamente
pesa mais do que 40 Kgf, permitindo o transporte e a montagem por apenas dois homens.
Piso diafragma

Vento: sucção

Vento: pressão

Parede diafragma

Shearwall

Figura 2 – Ação do vento nos painéis estruturados

O uso de painéis estruturados inteiramente montados fora do canteiro de obra requer a


elaboração prévia e cuidadosa do projeto de instalações, uma vez que estes componentes já
chegam ao campo incorporados ao painel estruturado. Alterações de última hora no projeto
destas facilidades podem comprometer a eficiência e prazo do processo de montagem. Além
disso, devido à presença das instalações no interior do painel, tornam-se necessários
procedimentos especiais de transporte, içamento e manuseio das peças pré-montadas. A
utilização destas peças, no entanto, vem sendo bastante limitada até a presente data. Em
algumas localidades onde o sistema LWFC é empregado, os órgãos fiscalizadores não
permitem a utilização destes painéis inteiramente pré-montados devido a problemas nas
instalações causados por projetos com controle de qualidade inadequado.

Usualmente, os painéis estruturados chegam parcialmente montados à obra. A combinação de


quadros com chapas de madeira, formando o painel estruturado, fornece os espaços internos
necessários para a passagem das instalações de água, luz, telefone e aquecimento. Os fios,
eletrodutos e canos, necessários para os serviços de luz, telefone e água, respectivamente, são
alojados facilmente nos espaços entre as escoras nas paredes e entre as vigas nos pisos e
cobertura. Durante a construção, estes elementos são colocados quando a parede se acha ainda
aberta e o acesso a todos estes espaços se encontra desimpedido. Assim, a instalação é feita
antes da colocação do isolamento térmico, do assentamento da manta de polietileno e do
fechamento das paredes com o painel de gesso. O aquecimento interno é usualmente suprido
por aquecedores localizados no porão e os seus dutos, embora maiores do que as outras
instalações, podem ser acomodados da mesma maneira nas paredes e pisos. O sistema de
drenagem é também contido nestes espaços internos das paredes. Usualmente são utilizados
tubos de PVC colados, com diâmetros que variam entre 38 mm e 150 mm.

Para distribuição de água têm sido usadas, nas últimas décadas, tubulações de cobre
(usualmente de 19mm ou 13mm de diâmetro). Estes tubos têm juntas soldadas, são resistentes
à corrosão e produzem um sistema bastante estável. A prática recente, no entanto, introduziu
um sistema com o uso de tubos plásticos flexíveis. Estes tubos são colocados de modo
contínuo, como mangueiras, sem necessidade do uso de conexões para mudança de direção, o
que reduz significativamente a mão-de-obra necessária para a sua instalação.

A padronização, pela indústria, dos vários componentes utilizados na construção, como


esquadrias, louças, ferragens, metais etc., possibilita uma extrema eficiência nas várias etapas
de montagem, onde todas as peças se encaixam graças a um eficiente controle de qualidade,
exigido para todos os segmentos envolvidos na construção. Este controle assegura que seja
obtido um mínimo de interferência durante o processo de montagem e permite o rigoroso
cumprimento de cronograma previsto para a obra.

Uma outra vantagem desta padronização, associada à utilização de painéis estruturados, está
na facilidade oferecida para manutenção das instalações e substituição das peças, quando
necessário, uma vez que tubos e fios passam livremente no espaço entre as escoras e as chapas
de fechamento. Basta a retirada da chapa de gesso para se ter acesso fácil às instalações e
proceder aos reparos sem necessidade de quebrar revestimentos e alvenarias. Ao final do
reparo basta recolocar o painel de gesso na sua posição original e está concluído o serviço.

4 ADAPTAÇÃO ÀS CONDIÇÕES BRASILEIRAS

Primeiramente, as condições de precipitação e umidade no Brasil fazem com que se torne


extremamente importante a proteção da superfície externa do prédio. A chapa de madeira que
faz o fechamento externo da edificação age em conjunto com as escoras verticais formando
um painel estruturado, transferindo as cargas verticais e horizontais para as fundações. Além
desta função, serve também para receber o revestimento externo do prédio. O propósito deste
revestimento é obter uma superfície durável, resistente às ações externas como vento e chuva.
O tipo mais tradicional de revestimento utilizado é de tábuas de madeira superpostas em suas
extremidades longitudinais, embora o acabamento com tijolos tenha sido bastante utilizado
em áreas com grande umidade e o revestimento com argamassa tenha sido largamente
utilizado na Califórnia. Todavia, os dois primeiros sistemas foram quase completamente
abandonados, sendo substituídos por tábuas de alumínio ou vinil e também pelo revestimento
com argamassa. Todos estes sistemas requerem muito menos manutenção do que o
revestimento com tábuas superpostas. O revestimento com argamassa requer um mínimo de
manutenção, é bastante durável e normalmente aplicado em uma camada com 20mm de
espessura, EINSFELD2 et al (1998). O revestimento com lâminas de vinil já vem sendo
utilizado com sucesso no Brasil, assegurando a impermeabilidade da parede externa.

Naturalmente, a aplicação na parede de alguns itens mostrados na Figura 1, como o


isolamento térmico com lã de vidro, colocado no espaço entre as escoras, e o uso da manta de
polietileno, só se justifica em algumas regiões do sul do país, onde as temperaturas são mais
baixas.

Um outro ponto refere-se à ação do fogo na edificação de madeira. No Brasil, assume-se que
a madeira não possa ter um desempenho satisfatório sob a ação do fogo pelo fato de ser um
material combustível. Esta suposição é incorreta. Uma resistência adequada ao fogo pode ser
proporcionada através de um projeto que combine diferentes materiais como especificado nos
códigos de construção. Os painéis estruturados podem ser feitos de modo a resistir à ação do
fogo por mais de duas horas. De acordo com os códigos norte-americanos a segurança dos
ocupantes da edificação e dos combatentes do fogo está em primeiro lugar. Os principais
objetivos na proteção ao fogo são os seguintes: (i) manter a estabilidade da estrutura sob as
condições do incêndio, (ii) prover proteção contra a propagação do fogo e, (iii) manter meios
seguros de evacuação do prédio, CWC (1996).

Um conceito fundamental é que o desempenho da edificação sob a ação do fogo não está
associado às propriedades dos materiais utilizados individualmente, mas sim à maneira como
estes materiais são combinados entre si na construção. No sistema LWFC o fechamento das
paredes interiores da edificação é feito com placas de gesso que, sendo apropriadamente
aplicadas e por suas propriedades incombustíveis, servem de barreira à propagação do fogo
para os componentes de madeira da estrutura. Diferentes detalhes na construção produzem
sistemas com diferentes graus de resistência ao fogo. Estes sistemas são testados em fornos
especialmente projetados, onde o grau de resistência ao fogo é atribuído de acordo com o seu
desempenho.

Devido à utilização de peças de madeira leve para elaboração dos painéis estruturados e
devido à rigidez destes painéis, as estruturas dentro deste sistema são suscetíveis à
transmissão de ruído. Este problema torna-se mais inconveniente em edificações geminadas
do que naquelas isoladas. Neste caso, é usual a utilização de paredes com escoras frouxas
ligadas ao painel de gesso em apenas um dos lados. Outras providências normalmente
utilizadas para inibir a transmissão de ruídos compreendem a utilização de isolamento
acústico estrategicamente colocado nos espaços internos das paredes, pisos e forro da
cobertura, a montagem de placas de gesso usando-se conexões com furação resiliente e o uso
de selantes acústicos nas juntas.

Devido às condições de calor e umidade no Brasil, o problema do ataque das madeiras por
cupins torna-se de fundamental importância na preservação das peças estruturais. No entanto,
este inseto parece evitar as peças feitas de madeira aglomerada devido à presença da resina
usada na sua confecção. Sendo as resinas aplicadas nas placas de OSB as mesmas usadas nas
peças de madeira aglomerada, aparentemente, os painéis utilizados no sistema LWFC estão
protegidos do ataque deste inseto. Todavia, estas considerações devem ser devidamente
verificadas. Sendo verdadeiras, as partes do sistema LWFC vulneráveis ao ataque de cupins se
reduzem àqueles componentes normalmente feitos de madeira serrada maciça, como as
escoras e vigas horizontais no painel estruturado. Este problema deve ser atacado
racionalmente, de modo a se verificar as melhores alternativas no sentido de substituir ou
modificar estes elementos.

Uma outra preocupação dos brasileiros refere-se ao fator de segurança da residência contra
roubo. Pode-se supor que um indivíduo com um machado ou um martelo de demolição possa
destruir a parede de madeira e ganhar acesso ao interior da edificação. Embora isso possa ser
verdadeiro no caso das paredes de madeira, é provavelmente verdadeiro também para o caso
das paredes de tijolos. As janelas e portas aparentemente são alvos muito mais fáceis na
tentativa de arrombamento por parte de ladrões do que passar através de uma parede.
5 ESTIMATIVA DE CUSTOS DAS PAREDES

Uma estimativa de custos de material para a confecção de um painel estruturado foi feita por
NOGUEIRA (1999) sob a orientação do primeiro autor em projeto final de graduação na
Faculdade de Engenharia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Um resumo deste
estudo, com as estimativas de preço do material por metro quadrado para estes painéis está
apresentado na Tabela 1.

Tabela 1 – Custo das paredes por m2


Tipo de Fechamento: Custo por m2 (R$)
Compensado Naval OSB
Chapa de madeira em ambas as faces 62,00 40,00
Gesso em uma das faces 58,00 41,00
Gesso em ambas as faces 35,00

Foram considerados os casos de painéis com chapas de compensado em ambas as faces, com
compensado em uma das faces e gesso na outra, e com gesso em ambas as faces. Foi ainda
considerado o revestimento das chapas de compensado com tela de arame e argamassa,
conforme mostrado na Figura 1, e acabamento de massa corrida. Não foi considerada a
aplicação de isolamento térmico no espaço interno da parede. Nesta tabela foram ainda
computados os custos dos painéis com o uso de chapas OSB no lugar do compensado. Foi
considerado o uso de compensado naval, de modo a garantir uma melhor qualidade e
durabilidade das paredes nas condições desfavoráveis de precipitação e umidade presentes na
maioria das regiões do nosso país. A especificação da madeira e gesso utilizados no
levantamento é a seguinte:

• Vigas e escoras de 7x12 cm, maciços, de Maçaranduba.


• Chapas de compensado naval, com espessura de 15 mm e dimensões de 1,60x2,20 m.
• Chapas de gesso acartonado com espessura de 15 mm e dimensões de 1,20x3,00 m.
• Chapas de OSB com 10 mm de espessura e dimensões de 1,20x2,40 m.

Observando-se a tabela fica fácil de entender porque a introdução das chapas de OSB
revolucionou e impulsionou o sistema LWFC nos Estados Unidos e Canadá. Com um custo
aproximadamente igual à metade do compensado comum, a elaboração dos painéis com
chapas de madeira, utilizados nas paredes externas, ficou equivalente ao dos painéis com
gesso acartonado, utilizados nas paredes internas. Neste trabalho, para composição de preços,
foi considerado um valor de R$ 10,00 (dez reais) para cada chapa de 1,20x2,40 m de OSB.
Pelo fato deste produto ainda não ser fabricado nem comercializado no Brasil, esta estimativa
está baseada no seu custo no Canadá.

O custo dos painéis pode ser também comparado com o custo dos materiais necessários para
confeccionar uma parede de alvenaria de tijolos furados com 10 cm de espessura, revestida e
com acabamento em massa corrida. Este custo, estimado na ordem de R$ 20,00 (vinte reais)
por metro quadrado, é ainda bastante inferior ao obtido com painéis estruturados. No entanto,
outros fatores devem ser levados em consideração no resultado final da obra:
• Rapidez de execução.
• Economia de mão-de-obra na montagem.
• Economia de espaço no canteiro de obras.
• Redução do peso da estrutura e conseqüente economia na etapa das fundações.
• Eliminação de algumas etapas da construção convencional.
• Facilidade de manutenção.
• Pouco desperdício de material.
• Ganho de área útil interna na unidade residencial, devido à menor espessura das paredes.

Entre algumas das etapas que podem ser eliminadas, em relação ao processo de construção
convencional, pode-se citar a aplicação do chapisco, do emboço e da massa corrida nas
paredes internas. O cartão que reveste o gesso confere à parede uma superfície idêntica à
massa corrida e aceita bem qualquer tipo de pintura. Outra vantagem do cartão é a facilidade
de colagem de materiais como vinil, fórmica, madeira e papel de parede.

Embora os fatores listados acima ainda não tenham sido devidamente avaliados, é possível
prever que a sua conjugação certamente levará a uma economia global no final da construção.
Deve-se considerar, ainda, que há uma tendência de se associar uma economia de custo no
item paredes, a uma economia global no custo da construção, embora este item corresponda
apenas a uma porcentagem do custo global. Na realidade, os benefícios indiretos nos outros
itens, listados acima, é que determinarão as vantagens de se adotar o sistema LWFC.

6 CONCLUSÕES

Embora seja evidente a necessidade de um levantamento de custos mais apurado, no sentido


de se avaliar a real economia que possa ser obtida dentro do sistema LWFC, as vantagens
apresentadas pelo sistema, listadas no item anterior, podem antecipar que o resultado final
seja bastante favorável em relação ao sistema convencional utilizado em nosso país. Os
painéis de gesso acartonado, inclusive, vêm sendo cada vez mais usados nas divisões internas
de edificações residenciais e comerciais no eixo Rio-São Paulo com a grande vantagem de
permitir a elaboração de projetos personalizados, dada a sua flexibilidade de modulação.
Portanto, algumas das vantagens apresentadas pelo sistema LWFC já estão sendo
incorporados ao nosso sistema convencional.

A implantação do sistema LWFC no país deverá incentivar também um melhor controle de


qualidade e padronização dos produtos, visando aproveitar integralmente a eficiência deste
processo construtivo. Algumas preocupações quanto à utilização deste sistema no Brasil, com
relação a fogo, umidade, cupins e segurança, já vêm sendo eliminadas pelas empresas que
trabalham na indústria de construção de residências em madeira no país, ainda que o sistema
construtivo seja diferente do aqui apresentado.

Como pode ser visto na Tabela 1, o uso das chapas OSB na composição do painel estruturado
permite uma considerável economia. Estas chapas se tornaram a mais importante das
inovações dentro do sistema LWFC nos Estados Unidos e Canadá. Devido ao seu baixo custo
e bom desempenho estrutural, este produto substituiu integralmente as chapas de madeira
compensada na construção de unidades residenciais. A produção destes painéis no Brasil, no
entanto, permanece apenas como alternativa de investimento para as empresas que atuam na
industrialização de produtos de madeira. Aparentemente, enquanto não houver um maior
controle por parte do governo no setor madeireiro, com maior atuação dos mecanismos de
controle do meio ambiente, o uso indiscriminado dos recursos naturais promove a derrubada
de matas nativas para o aproveitamento da madeira bruta serrada, e inviabiliza os
investimentos em fábricas, sem dúvida mais onerosos, mas que permitem uma solução
ecologicamente correta, com um melhor aproveitamento da matéria prima e implantação de
sítios de reflorestamento.

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CWC (1991), Wood Design Manual, Canadian Wood Council, 1730 St. Laurent Blvd.
Ottawa, Ontario, K1G 5L1, Canada.
CWC (1996), Fire Safety Design in Buildings, Canadian Wood Council, 1730 St. Laurent
Blvd. Ottawa, Ontario, K1G 5L1, Canada.
EINSFELD1, R.A., MURRAY, D.W., CHENG, J.J.R. e BACH, L. (1998), Manufatura e
Características dos Painéis OSB (Oriented Strand Board), VI Encontro em Madeira e em
Estruturas de Madeira, EBRAMEM~98, Florianópolis, Santa Catarina, v.3, p.385-393.
EINSFELD2, R.A., MURRAY, D.W., CHENG, J.J.R. e BACH, L. (1998), Construção de
Unidades Residenciais no Sistema de Estruturas Leves de Madeira, VI Encontro em
Madeira e em Estruturas de Madeira, EBRAMEM~98, Florianópolis, Santa Catarina, v.4,
p.81-91.
NOGUEIRA, A.S. (1999), Cálculo Estrutural de uma Residência em Concreto Armado,
Madeira e Alvenaria Estrutural, Fazendo uma Análise de Custo/Benefício, Projeto Final de
Graduação, Departamento de Construção Civil, FEUERJ.

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