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Universidade de Évora
22 - 24 de Setembro de 2005
1. Introdução
1
Esta comunicação resulta do trabalho desenvolvido no âmbito do ESPON project 1.1.4 “The spatial effects of
demographic trends and migration”, http://www.espon.lu/online/documentation/projects/thematic/thematic_75.html
Após esta publicação, foram desenvolvidos outros trabalhos em o que o conceito de
migração de substituição é discutido e onde se apontam os problemas decorrentes do
desequilíbrio entre a oferta e a procura no mercado de trabalho, tanto no que se refere aos
quantitativos em jogo como em relação às qualificações necessárias em cada momento.
Contudo, não foram apontados outros valores que, de alguma forma, pudessem
complementar os resultados apresentados pelas Nações Unidas ou traduzissem os
quantitativos migratórios para outras unidades territoriais.
No âmbito do Projecto ESPON 1.1.4., “The Spatial Effects of Demographic Trends and
Migration”, uma equipa do CEG/UL determinou os quantitativos populacionais por escalão
etários e os fluxos migratórios para diferentes cenários económicos e demográficos até ao
horizonte de 2050, para o conjunto da União Europeia a 15 (UE15), a 25 Estados (UE25) e
para o conjunto em que se incluem a Roménia, Bulgária, Suiça e Noruega (UE29), por país
e por regiões (NUTS nível 2). A presente comunicação é a segunda de duas apresentadas
ao X Colóquio Ibérico de Geografia; a primeira apresenta os problemas que se colocam à
modelização e quantificação das relações entre a demografia, o comportamento social e a
economia e esta apresenta e analisa os resultados mais relevantes do trabalho
desenvolvido no projecto. No âmbito do referido projecto, é ainda apresentada uma terceira
comunicação sobre a temática onde, não sendo calculados quantitativos populacionais
futuros, se apresenta a evolução da imigração (número, perfil de origem e de qualificação)
em Portugal e Espanha.
Esta comunicação divide-se em três partes: a primeira onde, de forma muito geral, são
apresentados os diferentes modelos e a explicitação da sua construção; a segunda onde
são apresentados os resultados e tipificadas as regiões de acordo com as tendências de
evolução demográfica e os problemas a elas associadas e a terceira onde são adiantadas
algumas conclusões sobre as consequências do modelo de crescimento demográfico e das
limitações que os fluxos migratórios apresentam para minorar os problemas resultantes do
envelhecimento demográfico europeu.
2
Entre 1970 e 2000 o PIB per capita cresceu a 2,6% ao ano tendo a produtividade crescido a 1,9% e
o emprego entre 0,7% a 1% ao ano, para o conjunto da UE a 15 países.
da sua população, enquanto os países do alargamento perderão mais de 1/4 dos actuais
efectivos demográficos.
Os quantitativos populacionais em 2050 estarão próximos dos valores observados em 1960,
com a grande diferença de que a estrutura populacional estará muito mais envelhecida. Na
realidade, a população com mais de 65 anos, que representava cerca de 16% em 2000
(16,3% para UE15, 15,7% para UE25 e 15.6% para UE29), será quase o dobro em 2050,
atingindo-se valores em torno dos 27% (27,6% para a UE15, 27,1% para UE25 e 27,0%
para UE29).
600.000
Milhares
500.000
400.000
300.000
200.000
100.000
0
1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020 2030 2040 2050
Figura 1 - Evolução e projecção da população, 1960-2050, UE15, UE25 e UE29. Modelo A (sem
migrações)
10
0
CY MT
NO
-10 FR UK
LU
%
DK
FI NL
-20
BE CH SE SK
PL PT
-30 AT ES GR RO
LT
CZ DE IT SI
HU
-40 EE
BG
LV
-50
3
Figura 2 – Variação populacional 2000-2050, Modelo A (sem migrações)
600.000
Milhares
500.000
400.000
300.000
200.000
100.000
0
1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020 2030 2040 2050
Figura 3 - Evolução e projecção da população, 1960-2050, UE15, UE25 e UE29. Modelo B0 (com as
actuais taxas migratórias)
3
AT-Áustria; BE–Bélgica; CH–Suiça; CY–Chipre; CZ-República Checa; DE-Alemanha; DK-Dinamarca; EE-
Estónoia; ES-Espanha; FI-Finlândia; FR-França; GR-Grécia; HU-Hungria; IE-Irlanda; IT-Itália; LT-Lituânia; LV-
Letónia; MT-Malta; NL-Holanda; NO-Noruega; PL-Polónia; PT-Portugal; RO-Roménia; SE-Suécia; SI-
Eslovénia; SK-Eslováquia; UK-Reino Unido
População (x1000) Taxa Crescimento
Modelo
2000 2025 2050 Médio anual (%)
80
LU
60
IE
MT
CY
40
NO
20 UK
DK PT
NL
%
ES SE
-20 BE FI FR GR SK
DE IT PL
AT CH CZ
HU LT RO SI
-40
BG
-60
EE
LV
-80
Quadro 2 – Percentagem de população com 65 e mais anos, 2000, 2025 e 2050 (modelos A e B0)
35
30
25
20
15
10
0
AT BE BG CH CY CZ DE DK EE ES FI FR GR HU IE IT LT LU LV MT NL NO PL PT RO SE SI SK UK
2000 2050
35
30
25
20
15
10
0
AT BE BG CH CY CZ DE DK EE ES FI FR GR HU IE IT LT LU LV MT NL NO PL PT RO SE SI SK UK
2000 2050
Quadro 3 – Relação entre população com 15-64 anos e população com 65 e mais anos, 2000, 2025 e
2050 (modelos A e B0)
Em 2000, na UE existiam 4,1 activos potenciais por cada idoso, enquanto nos países do
alargamento esse valor era de 5,3 e no conjunto dos 29 países, de 4,3. Estes valores
descem drasticamente sendo aquela relação em 2050 segundo o modelo A, de 2,1 para a
UE15, 2,5 para os países do alargamento e de 2,2 para o conjunto a 29 países.
Considerando os movimento migratórios os valores apresentam-se ligeiramente mais altos,
2,4, 2,6 e 2,4, para a UE a 15 países, para os 10 países do alargamento e para o conjunto
de 29 países, respectivamente.
6,5
6,0
5,5
5,0
4,5
4,0
3,5
3,0
2,5
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
AT BE BG CH CY CZ DE DK EE ES FI FR GR HU IE IT LT LU LV MT NL NO PL PT RO SE SI SK UK
Figura 7 – Relação entre população com 15-64 anos e população com 65 e mais anos, 2000 e 2050
(modelos A e B0)
Reykjavik
Helsinki
Oslo
Stockholm Tallinn
Moskva
Riga
Kobenhavn
Dublin Vilniaus
Minsk
Amsterdam
London Berlin Warsaw
Bruxelles Kiev
45 Luxembourg
Paris
Praha
40 Bratislava
Kishinev
% Pop +65, 2050
Wien
35 Budapest
Bern
Ljubljana
30 Zagreb Bucuresti
Beograd
Sarajevo
25
Sofiya
20 Madrid
Roma
Lisboa Ankara
Skopje
Tirane
15
-60 -50 -40 -30 -20 -10 0 10 20
Variação população 2000-2050
Athinai
0 250 500
Nicosia
Km
Valetta
Quadro 4 – Número médio de imigrantes por ano (valores acumulados), 2000, 2025 e 2050 (modelos
B1 a C3)
4. Conclusões
O trabalho realizado não constituiu um exercício de adivinhação do futuro. Ele serve para
avaliar os limites de evolução demográfica e permite evidenciar as tensões territoriais que
estão desenhadas. Por outro lado, as condições demográficas actuais tiveram a sua origem
há 30 ou 40 anos atrás, e qualquer medida no sentido de alterar as condições demográficas
actuais apenas terá algum resultado daqui a 20 ou 30 anos.
Os resultados dos modelos permitem, por um lado, evidenciar a dimensão do processo de
envelhecimento e de despovoamento, bem como identificar as áreas onde estes processos
se apresentam mais críticos e, por outro, provam a limitação dos movimentos migratórios,
aos níveis actuais, para colmatar ou mitigar os efeitos destes processos. Outra conclusão
que se pode retirar é a impossibilidade de se obterem fluxos migratórios suficientes para
satisfazer as necessidades demográficas para a manutenção da mesma relação entre
activos e idosos, ou mesmo para manter os actuais volumes de população potencialmente
activa. Perante a magnitude dos valores de migração associados a cada um destes
pressupostos é de colocar em causa tanto a capacidade de recepção desses movimentos
como, face às limitações demográficas existentes nas áreas potencialmente emissoras, da
disponibilidade dos contingentes de migrantes necessários. Se observarmos as projecções
demográficas realizadas pelas Nações Unidas segundo alguns países e grandes regiões do
mundo, podemos verificar que os países do leste da Europa dificilmente constituirão uma
alternativa face à sua evolução demográfica. Desta forma, apenas o alargamento da esfera
de recrutamento, a África, América Latina e Ásia, poderá constituir uma resposta, algo
limitada, tanto pelo volume em causa como pelas qualificações, às necessidades de
migração de substituição.
Bibliografia