SÃO PAULO, SEGUNDA-FEIRA, 9 DE ABRIL DE 2018

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FOTOS: DIVULGAÇÃO

É possível explorar uma área

de floresta e ainda assim pre-
servar a biodiversidade da fau-
Basta um bicho
na. Mas, é preciso fazer isso
passar para dispositivo
com cuidado, diz Felipe Spina
fazer foto ou vídeo
Avino, biólogo e analista de
conservação do WWF-Brasil.
Um monitoramento com ar-
madilhas fotográficas realiza-
do pela ONG em uma reserva
extrativista no Acre está bus-
cando comprovar isso.
As armadilhas fotográfi-
cas são câmeras equipadas
PLUS para captar o ambiente sel-
vagem, que ficam amarradas
de forma discreta em árvores.
Quando um animal passa em
frente ao dispositivo, dispara
uma foto ou vídeo. O recurso,
principal ferramenta hoje de
pesquisadores no monitora-
mento da biodiversidade, foi
responsável pelo primeiro re-
gistro em vídeo de uma espé-
cie rara, pouco conhecida: a
Biodiversidade. Monitoramento ajuda nas estratégias de pacarana (ou, no nome cientí-
fico, dinomys branickii).
preservação da fauna em áreas de exploração de madeira As imagens foram cap-
tadas na primeira etapa do
projeto da WWF-Brasil rea-

Na natureza lizado com oito câmeras-ar-

madilhas instaladas desde o

Selvagem
final do ano passado na Re-
sex (Reserva Extrativista Chi-
co Mendes), em Xapuri (AC).
O registro, explica o biólogo,
é o principal resultado da pri-
meira fase do monitoramen-
to e mostra que a exploração
da madeira e a preservação da
fauna são possíveis. Mas ele
acrescenta que ainda há um
longo trabalho pela frente.
“Para que isso seja demons-
trado de maneira categórica e
definitiva, é preciso examinar
mais atentamente os vídeos
e fotos feitos dos animais”.
O animal conhecido como pacarana ou paca-de-rabo (do grupo dinomys bra- Mais de 20 espécies diferen-
nickii), filmado pela primeira vez no monitoramento da WWF-Brasil, em uma tes de animais foram flagra-
reserva extrativista no Acre é uma espécie raríssima e classificada como vulne- das pelas câmeras.
rável, segundo lista da IUCN (União Internacional para a Conservação da Na- Mas os resultados obti-
tureza, na sigla em inglês), que mede o grau de risco de extinção de diversas dos já representam um avan-
espécies. E a pacarana, que é atualmente a única sobrevivente do grupo de ço importante, garante o bió-
roedores conhecido como dinomyidae, tem um parente de peso e bem famo- logo. “Com esse material, os
so : o animal pré-histórico josephoartigasia monesi, considerado o maior roe- pesquisadores conseguem,
dor já registrado pela ciência, que chegava a pesar mais de uma tonelada. por exemplo, estimar a popu-
lação de onças do lugar, onde
Imagem de pacaranas obtida elas se alimentam, que cami-
por câmera escondida na floresta nhos percorrem, e assim ob-
ter um ‘dossiê’ mais preciso
sobre o comportamento dos
animais da região, além de
identificar impactos. “Esses
Exploração limitada dados poderão ser incorpora-
dos nos planos de exploração
Tem regras Extrativistas
participam do
dos extrativistas, ajudando na
melhoria dos projetos e avan-
monitoramento çando nos processos de certi-
ficação da atividade madeirei-
Por se tratar de atividade
ra e garantindo a conservação
econômica realizada
Mais de 20 espécies da fauna local”. Mas Alvino
em uma Unidade
flagradas por câmeras lembra que o sistema come-
de Conservação, a
çou há pouco tempo. “Esse
exploração madeireira
trabalho de examinar e cata-
na Reserva Extrativista
logar as imagens todas ainda
Chico Mendes deve
está em curso”.
obedecer diretrizes de
O monitoramento segue
um documento chamado
em abril para sua segunda
Plano de Manejo e
etapa, com mais 12 câmeras.
Zoneamento, que é um
“Queremos mais fotos, mais
instrumento que, de
vídeos e mais espécies sendo
maneira geral, define
registradas”, diz o biólogo da
o que pode ou não ser
Quatro extrativistas foram treinados para serem operadores lo- WWF-Brasil.
feito no local.
cais dos equipamentos. Criada em 1990, a reserva onde o pro-
jeto da WWF-Brasil está ocorrendo se espalha por nove cidades CARLOS
do Acre e tem uma população estimada em aproximadamente MINUANO
10 mil habitantes. METRO SÃO PAULO