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São Carlos
2019
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 3
1.1 OBJETIVOS ........................................................................................................... 3
1.1.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................. 3
1.1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS............................................................................... 3
1.2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 3
1.2.1 ELEMENTOS SUBMETIDOS À TRAÇÃO .......................................................... 3
1.2.2 O DIAGRAMA TENSÃO-DEFORMAÇÃO........................................................... 4
1.2.3 PROPRIEDADES EXTRAÍDAS DO DIAGRAMA TENSÃO-DEFORMAÇÃO ...... 5
2. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ........................................................................... 10
2.1 O ENSAIO DE TRAÇÃO ...................................................................................... 10
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................................. 13
3.1 CLASSIFICAÇÃO DAS BARRAS ....................................................................... 13
3.2 ALONGAMENTO PERCENTUAL ........................................................................ 14
3.3 PERCENTUAL DE REDUÇÃO DA ÁREA DA SEÇÃO DAS BARRAS ............... 14
3.4 DIAGRAMAS TENSÃO-DEFORMAÇÃO DAS BARRAS E PROPRIEDADES .... 15
3.4.1 TENSÃO LIMITE DE ESCOAMENTO .............................................................. 15
3.4.2 TENSÃO LIMITE DE RESISTÊNCIA ................................................................ 16
3.4.3 TENSÃO DE RUPTURA................................................................................... 17
3.4.4 MÓDULO DE ELASTICIDADE ......................................................................... 18
3.4.5 DENSIDADES DE ENERGIA DE DEFORMAÇÃO ........................................... 18
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 22
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 23
APÊNDICE A – IMAGENS DE CADA BARRA ANTES E APÓS OS ENSAIOS ................. 24
3
1. INTRODUÇÃO
Conhecer bem os materiais empregados na construção civil assume grande
importância na busca de um dimensionamento mais seguro e preciso. Além de direcionar
sua escolha/especificação, o domínio de propriedades físicas, químicas e mecânicas dos
materiais permite que projetistas e executores antecipem seu comportamento em serviço,
explorando suas características de maneira mais racional e eficiente.
Nesse sentido, este relatório aborda o ensaio de tração realizado no controle de
qualidade de aços empregados na construção civil, como fruto de uma aula experimental
realizada no dia 10/04/2019 e parte dos requisitos para aprovação na disciplina “CIV 306 –
Estrutura e Propriedades dos Materiais de Construção”.
1.1 OBJETIVOS
longo do eixo do centroide de sua seção transversal, e ainda, que esta seção transversal
permaneça plana durante a solicitação, a tensão normal média em qualquer ponto da
seção é constante e obtida segundo a Equação 1 (HIBBELER, 2010).
P
(1)
A
Onde:
= Tensão normal média;
P = carregamento aplicado;
A = área da seção transversal da barra.
Alongamento percentual
Quando uma barra metálica é submetida à tração axial as tensões que surgem em
seu interior geram o aumento de seu comprimento, o qual recebe o nome de alongamento
(BAUER, 2008). Quando este alongamento é dado por unidade de comprimento, passa a
ser denominado deformação normal (HIBBELER, 2010). Também conhecida pelo termo
“alongamento percentual”, a deformação normal nada mais é do que a relação entre a
variação no comprimento da barra e seu comprimento inicial, conforme ilustra a Equação 2.
L L0 L
(%) 100 100 (2)
L0 L0
Onde:
(%) = Deformação longitudinal ou alongamento percentual da barra;
L = alongamento longitudinal da barra;
L0 = comprimento de referência da barra (antes do ensaio);
L = comprimento final da barra (após o ensaio).
Durante um ensaio de tração (seção 2.1) é possível calcular vários valores de tensão
e deformação correspondentes. Juntos estes possibilitam a construção do diagrama
tensão-deformação, cuja forma convencional consiste em representar no eixo das
abscissas (x) as deformações normais e no eixo das ordenadas (y) as tensões
5
Limite de proporcionalidade ( lp )
Limite de elasticidade ( f )
A partir deste ponto, o material cuja relação tensão-deformação já não é mais linear
passa a se deformar permanentemente, deixando o regime elástico e adentrando no regime
plástico. Mesmo que retirada toda a carga aplicada no corpo de prova, este já não retornará
a sua forma original. Por estar muito próximo do limite de proporcionalidade este limite não é
detectado com facilidade.
A segunda região da curva tem seu início marcado pelo limite de escoamento. Uma
vez atingida esta tensão, o corpo de prova passa a apresentar grandes deformações
plásticas para incrementos mínimos de carga (grande deslocamento da curva na direção
horizontal), sendo tais deformações cerca de 10 a 40 vezes maiores do que as produzidas
até o limite de elasticidade.
Em geral, a medição da tensão de escoamento é feita para uma deformação igual a
0,2% (0,002 mm/mm), trançando a partir de desse ponto uma paralela ao trecho retilíneo
inicial da curva tensão deformação. O ponto na curva interceptado pela paralela determina o
limite de escoamento do material (Figura 2).
Estricção
Durante todo o ensaio, à medida que o corpo de prova se alonga, uma redução da
seção transversal razoavelmente uniforme ocorre em todo o seu comprimento. No entanto,
tendo atingido o limite de resistência, a área da seção transversal passa a diminuir de forma
mais pronunciada em uma determinada região do corpo de prova. Esse fenômeno,
conhecido por constrição ou estricção é causado por tensões internas de cisalhamento e o
deslizamento de planos formados no interior do material (Figura 3).
No intervalo onde ocorre estricção o diagrama tende a se curvar para baixo. Como a
área da seção transversal na região está sendo constantemente reduzida, esta também
passa a suportar cargas menores.
Onde:
(%) = Percentual de redução na área da barra;
S 0 = área da seção transversal antes do ensaio;
S = área da seção transversal após o ensaio.
E (4)
Onde:
= Tensão normal;
E = módulo de elasticidade;
= deformação.
De acordo com Beer et al. (2011), o maio valor de tensão normal para o qual a lei de
Hooke é válida condiz com o limite de proporcionalidade ( lp ) do material.
Módulo de resiliência
A deformação de um material pela ação de uma carga externa faz com que o mesmo
armazene energia internamente. Se esta energia é dada por unidade de volume de material
recebe o nome de densidade de energia de deformação. Quando a tensão normal atinge o
deformação até o lp .
1
2
1
ur lp lp lp (5)
2 2 E
Onde:
ur = Módulo de resiliência;
E = módulo de elasticidade;
lp = tensão limite de proporcionalidade;
lp = deformação no limite de proporcionalidade
2
uE E (6)
2E
9
Onde:
u E = Módulo de resiliência;
E = módulo de elasticidade;
E = tensão de escoamento.
Segundo Fredel, Ortega, e Bastos (2010), para materiais dúcteis como o aço, o
módulo de tenacidade pode ser aproximado pela Equação 7.
f
uT e u (7)
2
Onde:
uT = Módulo de tenacidade para materiais dúcteis;
u = tensão última (tensão de ruptura);
f = deformação final.
2. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
Por conta da grande variação verificada na seção transversal dos corpos de prova,
os diâmetros considerados no cálculo das demais propriedades foram os obtidos (conforme
recomendação dos professores tutores da disciplina) a partir dos valores conhecidos de
área de seção (A) inicialmente fornecidos (Quadro 3).
móvel, sendo móvel acoplado a uma célula de carga de 25 toneladas. A fixação dos corpos
de prova a máquina foi feita utilizando as garras exibidas na Figura 7.
A determinação do comprimento de referência (L0) das barras foi feita subtraído 100
mm (referentes aos 2 trechos de 50 mm que adentravam as garras) de seu comprimento
total (L), atendendo também à especificação da NBR 7480 (ABNT, 2007) de L0 10 . Os
ensaio. A solicitação dos corpos de prova se deu pela aplicação de deslocamento constante,
à taxa de 2 mm/min, do início ao seu rompimento (Figura 8).
Por fim, após ensaiadas todas as barras, o software forneceu dados do experimento
como a força e deslocamento (Figura 9), necessários para a plotagem das curvas de
tensão-deformação e determinação das propriedades desejadas de cada barra de aço.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
De acordo com a NBR 7480 (ABNT, 2007) são considerados fios os aços com
diâmetro nominal igual ou inferior a 10 mm, obtidos por trefilação ou laminação a frio, e
classificados na categoria CA-60. A mesma norma define ainda as barras como sendo aços
com diâmetro nominal igual ou superior a 6,3 mm, obtidos por laminação a quente, e
classificados nas categorias CA-25 e CA-50. Nesse sentido, em função do diâmetro, a Barra
1 de diâmetro nominal 4,2 mm ( 4,14mm no Quadro 3) se enquadra na categoria de fio,
exclusivamente produzido em aço CA-60.
De acordo com o item 4.2.3 da mesma norma, as barras em aço CA-25 devem ter
superfície obrigatoriamente lisa, livre de quaisquer nervuras ou entalhes. Dado que todos os
14
corpos de prova ensaiados continham nervuras, conclui-se que nenhuma barra da classe
CA-25 foi ensaida.
600,00
500,00
400,00
300,00
200,00
100,00
0,00
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00
Deformação (%)
Fonte: Autores (2019)
822,60
710,39
Tensão (MPa)
635,45
Deformação (%)
Fonte: Autores (2019)
Dessa forma, conclui-se que a barra 1, na verdade um fio, atende aos requisitos da
NBR 7480 (ABNT, 2007) por apresentar uma tensão de escoamento 110,39 MPa superior
ao limite proposto.
Em função de seu diâmetro e por apresentar tensão limite de escoamento em torne
de 75 MPa menor que o fio, infere-se que o segundo corpo de prova ensaiado corresponda
a uma barra feita em aço CA-50. Dessa forma, a barra 2 também apresentou tensão de
escoamento 135,45 MPa maior que o mínimo proposto pela normalização.
Comparando as barras 1 e 2, uma explicação para o maior valor da tensão limite de
escoamento apresentada pela barra 1 é o maior teor de carbono no aço de categoria CA-60.
Tal comportamento é ainda confirmado pelo trecho de escoamento reduzido da primeira
barra, uma vez que quanto maior o teor de carbono, menor a ductilidade da liga
(PELISSARI, 2019).
Quanto à barra 3, acredita-se que o valor elevado apresentado para tensão de
escoamento seja fruto de um escorregamento ocorrido durante o ensaio. Também foi
verificado que a ruptura do terceiro corpo de prova ocorreu fora da zona delimitada pelas
garras da máquina (Figura 12). Assim, a barra 3 deveria ser substituída e o ensaio refeito.
Como as amostras foram pré-definidas e não haviam peças para reposição vale a
análise de que, caso estivessem corretos, os resultados de escoamento apresentados pela
barra 3 atenderiam tanto aos requisitos das classes CA-50 quanto CA-60.
600,00
500,00
400,00
300,00
200,00
100,00
0,00
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00
Deformação (%)
Fonte: Autores (2019)
600,00
485,35
500,00
400,00
300,00
200,00
100,00
0,00
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00
Deformação (%)
Fonte: Autores (2019)
Para o módulo de resiliência a área a ser calculada foi delimitada traçando-se uma
reta vertical partindo do ponto correspondente a tensão de escoamento e em direção ao o
eixo das abscissas (X), até tocá-lo. Os valores de resiliência para cada barra, obtidos pela
Equação 6 e pelo procedimento descrito no item 3.3.4, são exibidos no Quadro 8.
que os demais. Tal comportamento é justificado pela extensão de seu trecho de deformação
plástica. Como pode ser percebido na Figura 19, esse longo patamar de escoamento é o
grande responsável pelo incremento de área abaixo da curva e, consequentemente, do valor
de tenacidade.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio do ensaio de tração em barras de aço foi possível entender a importância
que conhecer o comportamento mecânicos do material bem como suas limitações
representa para sua especificação e uso.
O ensaio também evidenciou uma limitação do método. Como o ensaio é feito em
trechos de barras, na sua forma natural, e não em corpos de prova usinados (onde a ruptura
acaba sendo direcionada para o trecho afunilado), não é tão simples garantir que a ruptura
aconteça no terço médio das espécimes. Como exemplo, têm-se o comportamento
apresentado pela barra 3, que teve sua ruptura fora da região delimitada pelas garras. Por
outro lado, vale refletir que se as barras fossem usinadas e afuniladas, tal procedimento
poderia interferir no encruamento do aço, fornecendo no ensaio valores que não
representariam a situação do material em serviço.
Por fim, foi possível verificar a relação entre o arranjo microestrutural e o
comportamento observado em cada trecho específico da curva tensão-deformação. Ficou
claro que composição dos aços (teor de carbono), a organização de seus planos cristalinos,
o afastamento ou deslizamento dos mesmos causado pela propagação de tensões internas
de cisalhamento, deflagram comportamentos específicos como o endurecimento por
deformação, o alongamento longitudinal, o estrangulamento das seções e a capacidade de
absorção de energia até o momento de falha.
23
REFERÊNCIAS
BEER, F. P.; JOHNSTON, E. R.; DEWOLF, J. T.; MAZUREK, D. F. Mecânica dos Materiais
- 5ª ed. Porto Alegre: AMGH, 2011. 799 p.
HIBBELER, R. C. Resistência dos materiais - 7. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall,
2010. 637 p.