Capítulo 3 – Secagem, Secadores de Bandeja

Capítulo 3
Transferência Simultânea de Calor e de Massa – Secagem

3.1 Introdução

O termo secagem aplica-se a transferência de um líquido que está num sólido molhado para
uma fase gasosa não saturada. O processo de secagem, então, é idêntico ao processo de umidificação,
exceto quanto a influência exercida pelo próprio sólido sobre o processo.

A umidade do sólido é definida pela relação:

X= Umidade do sólido em base seca, kgH2O kgSS-1 ;

ma= massa de água no sólido;
WS= massa de sólidos secos no sólido;

A taxa de secagem é definida pela quantidade de água que deixa o sólido por unidade de tempo,
e pela área de troca superficial da bandeja.

A relação da taxa de secagem é:

Onde R é a taxa de secagem em kg H2O m-2 s-1, t é o tempo de secagem, e X é a umidade do sólido em
base seca;

3.2 O Comportamento Geral na Secagem

Na secagem de um sólido úmido, mediante um gás a uma temperatura e a uma umidade do gás
fixa (secagem em bandeja de laboratório) manifesta-se sempre um certo tipo de comportamento do
sólido. A superfície do sólido molhado adapta-se a temperatura de bulbo úmido do gás secante. As
fases de secagem do solido são as seguintes, conforme as Figuras (3.1) e (3.2):

1) A superfície do sólido atinge a temperatura de bulbo úmido e o regime permanente (A-B). A taxa de
secagem pode aumentar ou diminuir nessa etapa;

2) O segundo período é o de taxa de secagem constante (B-C);

3) O primeiro período de taxa de secagem decrescente (A superfície do sólido não está mais toda
recoberta pela umidade) (C-D);

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Capítulo 3 – Secagem, Secadores de Bandeja

4) O segundo período de taxa de secagem decrescente ( A umidade é suprida do interior do sólido; D-

E).

Figura 3.1 Curva de secagem típica em condições constantes do ar: teor de umidade em função do
tempo.

Figura 3.2 Curva de taxa de secagem típica em condições constante do ar: taxa de secagem em função
do teor de umidade.

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Capítulo 3 – Secagem, Secadores de Bandeja

3.3 Cálculo do Tempo de Secagem no Secador Bandeja

Os cálculos do tempo de secagem são realizados em cada período. A taxa de secagem é definida
por:

Onde R é a taxa de secagem, em kg H2O m-2 s-1; Ws é a massa de sólido seco, em kg ss; A é a área da
superfície exposta ao processo de secagem, em m2 ; X é o teor de umidade do sólido, em kg H2O/kg ss;
t é o tempo de secagem, em s.

Esta expressão pode ser reordenada e integrada para se ter o tempo de secagem:

Onde X1 é o teor de umidade inicial do sólido, em kg H2O/kg ss; X2 é o teor de umidade final do sólido,
em kg H2O/kg ss;

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Período de taxa constante

A taxa de secagem tem um valor constante, RC, no período de taxa constante. E, a integral fica
na forma:

Onde:
tC= o tempo de secagem no período de taxa constante, em h.
WS= massa de sólidos secos no sólido, em kg.
A = área da superfície de troca de massa, em m2.
RC = taxa de secagem constante, kgH2O h-1 m-2.
XC= umidade crítica (é a umidade final no período de taxa constante), em kgH 2O kgSS-1.
X1= umidade inicial do sólido, kgH2O kgSS-1.

A massa de sólidos secos é determinada por:

Onde:
ρs=é a densidade do sólido seco, kgSS m-3.
VB = o volume da bandeja, em m3.
hB= é a profundidade da bandeja, em m.
AB= é a área da superfície da bandeja, em m2.

A taxa de secagem constante, RC, dependerá dos coeficientes de transferência de calor e de

massa entre o meio secante e a superfície do sólido:

Onde kY é o coeficiente de transferência de massa, em mol H2O m-2 s-1 ; Yi é a razão molar de umidade
na interface, em mol H2O/mol de ar; Y1 é a razão molar de umidade na ar de secagem, em mol
H2O/mol de ar; Ma é a massa molar da água; hV é o coeficiente de transmissão de calor convectivo, em
J m-2 s-1 K-1; λi é o calor latente de vaporização da água na temperatura da interface, em J kg-1; T1 é a
temperatura do ar de secagem, em K; Ti é a temperatura da interface do sólido, em K;

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Capítulo 3 – Secagem, Secadores de Bandeja

A correlação que é adotada para o coeficiente de transmissão de calor convectivo, em unidades

práticas inglesas:

Onde hV em Btu h-1 ft-2 oF e GV é o fluxo de massa do ar (lb h-1 ft-2).

A correlação que é adotada para o coeficiente de transmissão de calor convectivo, em unidades

do sistema internacional (SI):

Onde hV em J s-1 m-2 oC e GV é o fluxo de massa do ar (kg h-1 m-2).

Período de taxa decrescente

A forma da curva de secagem durante o período a taxa decrescente é muito difícil de prever. Em
muitos casos, a curva da velocidade de secagem contra o teor de umidade, durante o período de taxa
decrescente, aproxima-se de uma reta que passa pelo teor de umidade crítico e vai até a taxa igual a
zero na umidade de equilíbrio XE, na forma:

Substituindo esse valor na expressão de cálculo do tempo, obtém-se a expressão:

Onde tf é o tempo final de secagem (s); XE é o teor de umidade de equilíbrio; X f é o teor final de
umidade do sólido;

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Exemplo de Secadores a Bandeja

Exemplo 3.3) Deseja-se secar o algodão em rama, com a densidade de 0,7 g/cm3seco, num secador
descontínuo de bandejas, principiando com um teor de umidade de 1,0 g H2O / g de sólidos secos e
terminando com 0,10 g H2O / g de sólidos secos. As bandejas têm a forma de um quadrado de 60 cm de
lado, com a profundidade de 1,0 cm, e estão dispostas de modo que a secagem ocorre somente pela face
superior, estando à superfície inferior isolada. O ar atmosférico, a 75 oC, com temperatura de bulbo
úmido igual a 50 oC, circula pela superfície da bandeja a uma vazão de 2500 kg / h m2. Experiências
prévias em condições de secagem semelhante indicam que o teor de umidade crítico será de 0,4 g de
H2O / g de sólidos secos e que a taxa de secagem durante o período de taxa decrescente é proporcional
a diferença ao teor de umidade livre. Determinar o tempo necessário à secagem. O calor latente de
vaporização da água tem o valor 2,383×106 J kg-1. Conversão de unidades:

Solução:

O tempo de secagem total:

1) O tempo de Secagem no período de taxa constante, tC:

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1.1) A taxa de secagem no período de taxa constante, RC:

1.2) O coeficiente de troca térmica no vapor, hV:

1.1) A taxa de secagem no período de Taxa constante, RC:

1.3) A massa de sólidos secos na bandeja, Ws:

1.3) Área da Bandeja, AB:

1.5) O tempo de Secagem no período de taxa constante, tC:

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Capítulo 3 – Secagem, Secadores de Bandeja

2) O tempo de secagem para o período da taxa decrescente, tD:

2.1) O teor de umidade de equilíbrio, XE

O teor de umidade de equilíbrio, XE, depende da temperatura do Ar (T1) e da umidade relativa

(UR), conforme o gráfico da Figura 18.11:

2.1.1) Determinação da umidade relativa:

T1= 75 oC e Tw= 50 oC;

A partir da temperatura do Ar e da temperatura de bulbo úmido determina-se na carta psicrométrica:

A umidade molar do ar e a saturação percentual:

Y= 0,12 e SP= 20 %;

A umidade molar de saturação, Ys:

→ →

Determinação da umidade relativa:

A fração molar de umidade no Ar:

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Capítulo 3 – Secagem, Secadores de Bandeja

A fração molar de saturação da umidade no Ar:

A umidade relativa do Ar:

2.1.2) A temperatura do Ar em oF:

A umidade de equilíbrio (XE) é determinada, no gráfico do algodão em rama, com a temperatura

do Ar e a umidade relativa:

T1= 167 oF e UR= 28,5 % → Figura 18.11 do livro Foust. XE= 0,038;

2.2) O tempo de secagem para o período da taxa decrescente,tD:

- Cálculo do tempo total de Secagem, tf:

Exemplo 3.4) Um material granular molhado está sendo seco numa bandeja quadrada de 0,4 m, com 12
mm de espessura e isolada no fundo. A troca de calor é trocada por convecção com o ar atmosférico. A
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Capítulo 3 – Secagem, Secadores de Bandeja

taxa de secagem no período constante vale 4 kg h-1 m-2. O ar está a 58 oC e possui uma umidade
absoluta de 0,016. Determine a velocidade de escoamento do ar.
Solução:
Enunciado:

1) A temperatura do sólido é igual a temperatura de bulbo úmido, Ti:

A umidade molar do ar é obtida por:

A temperatura de bulbo úmido é obtida na carta psicrométrica:

O valor obtido na carta:

2) O calor latente na temperatura do sólido, λi:

O calor latente, λi:

3) O coeficiente de troca térmica, hV:

J h-1 m-2 K-1

J s-1 m-2 K-1

4) O fluxo mássico do ar, GV:

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Capítulo 3 – Secagem, Secadores de Bandeja

kg h-1 m-2

kg s-1 m-2

5) A velocidade do ar atmosférico, uV:

5.1) Volume específico do ar total por kg de ar seco:

O volume molar do ar por mol de ar seco:

O volume específico do ar:

5.2) A densidade do ar atmosférico, :

5.3) A velocidade do ar atmosférico:

Exemplo 3) Deseja-se secar o algodão em rama, com a densidade de 0,8 g/cm3seco, num secador
descontínuo de bandejas, principiando com um teor de umidade de 1,2 g H 2O / g de sólidos secos e
terminando com 0,15 g H2O / g de sólidos secos. As bandejas têm a forma de um quadrado de 80 cm de
lado, com a profundidade de 1,1 cm, e estão dispostas de modo que a secagem ocorre somente pela face
superior, estando à superfície inferior isolada. O ar atmosférico, a 80 oC, com temperatura de bulbo
úmido igual a 40 oC, circula pela superfície da bandeja a uma vazão de 2400 kg / h m2. Experiências

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Capítulo 3 – Secagem, Secadores de Bandeja

prévias em condições de secagem semelhante indicam que o teor de umidade crítico será de 0,3 g de
H2O / g de sólidos secos e que a taxa de secagem durante o período de taxa decrescente é proporcional
a diferença ao teor de umidade livre. Determinar o tempo necessário à secagem. O calor latente de
vaporização da água tem o valor 2,383×106 J kg-1. Conversão de unidades:

Exemplo 3.1) O algodão em rama está sendo seco num ar atmosférico que está a 80 oC, com uma
temperatura de Bulbo úmido de 60 oC. Determine a umidade de equilíbrio se esse algodão fosse
deixado um tempo longo em contato com esse ar.

Exemplo 3.2) O acetato de celulose granulado é secado numa bandeja quadrada de 60 cm de lado e de
2 cm de profundidade. Ele tem uma umidade inicial de 1,0 g H2O/ gss. O acetato de celulose possui
uma densidade de 1,1 g cm-3 e uma umidade crítica de 0,45 g H2O/ gss. O ar de secagem possui uma
velocidade de 2,0 m s-1, temperatura de 70 oC e temperatura de bulbo úmido de 40 oC. Determine a taxa
de secagem no período de taxa constante.

1) Taxa de Secagem no período de Taxa Constante, RC:

2) O coeficiente convectivo de troca térmica, hV:

2.1) O fluxo mássico de ar, GV, nas unidades de kg m-2 h-1:

2.1.2) A densidade do ar atmosférico, ρV:

2.1.2.1) A umidade molar, Ya, e a umidade absoluta, UA, do ar atmosférico:

A umidade molar, Ya:

Pela carta psicrométrica:

A umidade absoluta do ar atmosférico, UA:

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Capítulo 3 – Secagem, Secadores de Bandeja

2.1.2.2) O volume específico do ar atmosférico, vH:

2.1.2.3) A densidade do ar atmosférico, ρV:

2.1) O fluxo mássico de ar, GV, nas unidades de kg m-2 h-1:

2.3) O coeficiente convectivo de troca térmica, hV:

3) O calor latente de vaporização na Ti:

1) Taxa de Secagem no período de Taxa Constante, RC:

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Capítulo 3 – Secagem, Secadores de Bandeja

Exemplo 3.5) Secou-se o algodão em rama, com a densidade de 0,75 g/cm3seco, num secador
descontínuo de bandejas, principiando com um teor de umidade de 1,1 g H2O / g de sólidos secos. As
bandejas têm a forma de um quadrado de 50 cm de lado, com a profundidade de 1,2 cm, e estão
dispostas de modo que a secagem ocorre somente pela face superior, estando à superfície inferior
isolada. O ar atmosférico, a 80 oC, com temperatura de bulbo úmido igual a 50 oC, circula pela
superfície da bandeja a uma vazão de 2400 kg / h m2. Experiências prévias em condições de secagem
semelhante indicam que o teor de umidade crítico será de 0,45 g de H2O / g de sólidos secos e que a
taxa de secagem durante o período de taxa decrescente é proporcional a diferença ao teor de umidade
livre. Determinar a umidade final do sólido, se o tempo de secagem no período decrescente foi de 10,5
h. A umidade de equilíbrio do algodão nessa condição de secagem é de 0,04.

Solução

1.1) A massa de sólidos secos na bandeja, Ws:

1.2) Área da Bandeja, AB:

1.3)A taxa de secagem no período de taxa constante, RC:

Os dados do enunciado são:

1.3.1) Cálculo do coeficiente de troca de calor convectivo, hV:

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Capítulo 3 – Secagem, Secadores de Bandeja

1.3.2) O calor latente de vaporização na temperatura do sólido, :

Os dados tabelados são:

A temperatura de referência e o calor latente de vaporização na temperatura de referência:

A temperatura crítica da água:

Substituindo os valores na equação, e calculando o calor latente de vaporização:

Transformando as unidades do calor de vaporização:

1.3.3) Cálculo da taxa de secagem no período de taxa constante, RC:

Substituindo os valores conhecidos:

Transformando as unidades:

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Capítulo 3 – Secagem, Secadores de Bandeja

1.4) Cálculo da umidade final do sólido, Xf:

Substituindo os valores conhecidos:

1.4.1) Os valores que foram dados no enunciado:

- O tempo de secagem no período de taxa decrescente, t D:

- A umidade crítica do sólido, XC:

- A umidade de Equilíbrio do sólido, XE:

Substituindo os valores na equação do tempo de secagem:

Exemplo 3.5) Secou-se o algodão em rama, com a densidade de 0,75 g/cm3seco, num secador
descontínuo de bandejas, principiando com um teor de umidade de 1,1 g H 2O / g de sólidos secos. As
bandejas têm a forma de um quadrado de 50 cm de lado, com a profundidade de 1,2 cm, e estão
dispostas de modo que a secagem ocorre somente pela face superior, estando à superfície inferior

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Capítulo 3 – Secagem, Secadores de Bandeja

isolada. O ar atmosférico, a 80 oC, com temperatura de bulbo úmido igual a 50 oC, circula pela
superfície da bandeja a uma vazão de 2400 kg / h m2. Experiências prévias em condições de secagem
semelhante indicam que o teor de umidade crítico será de 0,45 g de H 2O / g de sólidos secos e que a
taxa de secagem durante o período de taxa decrescente é proporcional a diferença ao teor de umidade
livre. Determinar a umidade final do sólido, se o tempo de secagem no período decrescente foi de 10,5
h. A umidade de equilíbrio do algodão nessa condição de secagem é de 0,04.

Exemplo 3.3) Deseja-se secar o algodão em rama, com a densidade de 0,7 g/cm3seco, num secador
descontínuo de bandejas, principiando com um teor de umidade de 1,0 g H 2O / g de sólidos secos e
terminando com 0,10 g H2O / g de sólidos secos. As bandejas têm a forma de um quadrado de 60 cm de
lado, com a profundidade de 1,0 cm, e estão dispostas de modo que a secagem ocorre somente pela face
superior, estando à superfície inferior isolada. O ar atmosférico, a 75 oC, com temperatura de bulbo
úmido igual a 50 oC, circula pela superfície da bandeja a uma vazão de 2500 kg / h m2. Experiências
prévias em condições de secagem semelhante indicam que o teor de umidade crítico será de 0,4 g de
H2O / g de sólidos secos e que a taxa de secagem durante o período de taxa decrescente é proporcional
a diferença ao teor de umidade livre. Determinar o tempo necessário à secagem. O calor latente de
vaporização da água tem o valor 2,383×106 J kg-1. Conversão de unidades:

Exemplo 3.4) Um material granular molhado está sendo seco numa bandeja quadrada de 0,4 m, com 12
mm de espessura e isolada no fundo. A troca de calor é trocada por convecção com o ar atmosférico. A
taxa de secagem no período de taxa constante vale 4 kg h-1 m-2. O ar está a 58 oC e possui uma umidade
absoluta de 0,016. Determine a velocidade de escoamento do ar.

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