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de Humanidades e
Tecnologias
Faculdade de Direito
Raquel Alexandra
Bártolo de Andrade
Nº21806996
2º Semestre
Índice
Introdução 3
Origem e Contextualização 4
Fontes Utilizadas 5
Técnicas Legislativas 6
Sistematização e conteúdo 7
Fontes de Direito Subsidiário 8
Bibliografia 1
0
2
Introdução
Vamos, assim, ao longo do nosso trabalho apontar os aspectos que nos parecem
mais relevantes para o enaltecimento do seu valor histórico e jurídico
Elaboração e início da vigência
Contra todas as expectativas, elas apenas vigoraram pouco mais de 60 anos. Isto
porque quando D. Manuel subiu ao trono, e mandou rever, alterar e aperfeiçoar as
Ordenações do reino. Para tal encarregou uma comissão: os seus trabalhos deram então
origem às Ordenações Manuelinas!
É, de igual modo, importante salientar a questão da promulgação do código e da
respectiva vigência das leis aí compiladas. Tendo o processo de organização terminado
em 1446, nada nos permite inferir do exórdio que tenham entrado de imediato em vigor.
De facto, depois de concluído o trabalho de organização, pelo Dr. Rui Fernandes, foi
designada uma comissão de homens de leis para proceder à revisão. Na opinião de M.
CAETANO:
“(...) é impossível (...) com os elementos existentes afirmar com segurança em
que ano começou a ser utilizada como compilação autêntica (...), em que época se tornou
conhecida do País pelos magistrados que haviam de aplicá-la, se é que chegou a sê-lo”
(1955, p. 15).
No seu entender, o regimento afonsino não terá entrado em vigor antes de 1454,
oito anos depois da promulgação (CAETANO, 1985, p. 532-535). E concluí, “(...) não
nos devemos deixar iludir pelas ideias actuais sobre publicação e vigência das leis”
(CAETANO, 1985, p. 534).
De facto, em nenhum dos exemplares conhecidos das Afonsinas se encontra a
declaração expressa da sua promulgação e, até à data, ainda não apareceu nenhum
documento nesse sentido. Ou seja, na época não havia uma regra prática definida sobre a
forma de dar publicidade aos diplomas legais e o início da correspondente vigência, para
além de que, ainda não se utilizava a imprensa pelo que levaria um tempo considerável
até se tirarem cópias manuscritas para a sua difusão.
Mas será que esta obra carecia mesmo de uma promulgação formal? Não
conhecemos um acto público ou oficial, em que o rei aluda a elas, porque se perdeu
definitivamente com os originais ou em diploma avulso, como tantos outros, ou
antes porque nunca foi realizado? De qualquer forma há um dado adquirido da maior
relevância para a compreensão de todo este processo de promulgação, publicação e
vigência das Afonsinas: estamos perante a compilação de ordenações já existentes e em
vigor, não sendo por isso direito novo, que não pudesse prescindir da publicação oficial.
Por outras palavras, as Ordenações Afonsinas são apenas um importante instrumento
de ajuntamento e actualização do direito vigente, por isso a questão da sua publicação
terá que ser formulada em termos distintos aos de uma nova Lei avulsa. Quero com isto
dizer que, apesar do incremento dado pela nova colecção, o direito vigente se manteve-se
antes e depois da sua conclusão.
Efetivamente, é em relação a isto que se dirigem as principais críticas feitas às
ordenações Afonsinas, em relação ao critério de sistematização e à dúvida de saber se
estas tiveram ou não uma vigência efectiva.
Quanto ao 1º aspecto, a doutrina dominante defende que o estilo compilatório
utilizado na escrita dos 4 últimos livros dificulta e confunde a tarefa de aplicação do
direito.
Quanto ao restantes os aspectos a doutrina tende hoje a aceitar, em função do
número de exemplares encontrados em todo o território, que as ordenações foram
suficientemente divulgadas e entraram de facto em vigor no reinado de D. Afonso V,
tendo sido aplicadas ao nível dos tribunais superiores do reino, designadamente na Casa
da Suplicação.
Apesar de ser já considerável o número de leis contidas nas Ordenações
Afonsinas, elas ainda não cobriam a totalidade das questões que eram necessárias
solucionar. Além das fontes principais do direito, estabeleceu-se um sistema de fontes
subsidiárias, uma hierarquia de fontes do direito para recorrer na falta de direito pátrio.
Fontes Utilizadas
O objetivo principal das Ordenações Afonsinas era reunir em uma única fonte, atualizada, o
Direito vigente da época. Desse modo tiveram por base as fontes que deram origem a esse
direito:
Leis Gerais
Resoluções Régias
É importante referir que duas das fontes do direito português que serviram de base às
Segundo Mário Júlio de Almeida Costa, estas coletâneas privadas de leis gerais poderão ter
Há autores que afirmam que se pode distinguir o “autor” dos livros devido ao
estilo utilizado: no primeiro livro, realizado por João Mendes, apenas se encontra o
estilo decretório ou legislativo enquanto que nos últimos quatro livros apenas se verifica
o estilo compilatório!
Sistematização e conteúdo
Organicamente:
Há uma teoria que afirma que as Ordenações se dividem em cinco livros porque
se baseia nas Decretais de Gregório IX.
Materialmente:
Livro:
Uma pequena curiosidade no livro V: houve quem qualificasse este livro como “O Livro
Vermelho” por conter apenas normas criminais.
A ordem legislativa das Ordenações Afonsinas privilegia os temas que afectam as
actividades judiciais e governativas e, não obstante os critérios de superioridade jurídica e o
maior peso das leis originais (recentes), muitas leis ‘antepassadas’ constam do regimento
afonsino,
sobretudo nos livros II a V. O livro I das Ordenações toca especificamente assuntos
relacionados com os oficiais da Corte, ocupando-se a maioria dos títulos das atribuições
forenses dos ofícios respectivos.
Fontes de direito subsidiário
Temos ainda de ter em atenção que nenhum caso poderia ficar por resolver.
1. Leis do Reino
2. Estilos da Corte
3. Costume do Reino
Dizia inclusive nas Ordenações: “Quando a lei do Reino dispõe, cessam todas as
outras leis e direitos” – Livro II, Título 9.
No entanto, nem tudo se mostrava linear. Quando a solução para o caso não se
achasse nestas haveria que recorrer às fontes subsidiárias.
Eram elas:
Direito Romano
Direito Canónico
Glosa de Acúrsio
Opinião de Bártolo
A maioria dos autores apoia a seguinte formulação: o Direito Romano servia para
resolver casos de matéria temporal e o Direito Canónico matéria espiritual. No entanto,
poder-se-ia aplicar o Direito Canónico em matéria temporal quando esta fosse
acompanhada por um pecado.
Mas, temos de ter em atenção que o Professor Duarte Nogueira não segue este
entendimento: ele afirma que o Direito Romano apenas contempla a matéria temporal
enquanto o Direito Canónico a matéria espiritual. Mesmo havendo o critério do pecado
não nos socorríamos do Direito Canónico passando logo para o Glosa de Acúrsio ou
para a Opinião de Bártolo!
É assim que se nos apresenta o processo das Fontes Subsidiárias das Ordenações
Afonsinas, sempre com o intuito de não deixar nenhum caso por resolver.
constituíam uma espécie de colectânea ou código de leis e outras fontes jurídicas e que
Efetivamente, o período da compilação das leis foi particular, já que se caracterizou como
Com a publicação das Ordenações Afonsinas, as leis tornaram-se uniformes para todo o país
impedindo, desta forma, os abusos praticados pela nobreza no que respeita à sua
Dentro desta conjuntura, assumiu esta obra um grande valor no direito português, pois
outros países.
Bibliografia
Livros: