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7. Por outro lado, na esfera societária, para além dos indivíduos, vai dar-se o
reconhecimento dos grupos e das suas necessidades particulares.
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8. Daí também o reconhecimento da “função social” dos Direitos fundamentais.
E que significa:
10. Daí também a necessidade, relevada por Roosevelt, de uma “nova” concepção
de direitos, uma “re-definição de direitos em termos de contrato social” (New Deal).
Assim:
12. Não se trata apenas de uma “liberdade face ao Estado” (liberty from
government), mas ainda de uma “liberdade através do Estado” (liberty through govern-
ment).
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13. Nisto consiste o estatuto de direitos cívicos: o conjunto dos direitos e liberdades
fundamentais nas suas dimensões positiva e negativa.
14. Quer dizer, não basta apenas a autonomia, é necessária ainda a independência.
A liberdade não é só autonomia (no sentido kantiano do termo), mas também a “não
dominação”. Um indivíduo dependente, necessitado, não é um homem livre (Roosevelt).
15. Para levar a cabo a “função social” dos direitos fundamentais, quer dos direitos,
liberdades e garantias, quer dos direitos económicos e sociais, isto é, concretizá-la, carregá-
la de sentido, necessitamos de instituições (repu-blicanas) e de formas procedimentais de
uma democracia deliberativa.
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culturais. Os primeiros são direitos negativos, os segundos direitos a prestações positivas,
mas não detêm uma diferente natureza. Ambos, os direitos, liberdades e garantias e os
direitos económicos, sociais e culturais, são direitos fundamentais.
9. A questão não está numa diferente natureza desses direitos — ambos os direitos
liberdades e garantias e os direitos económicos, sociais e culturais são direitos
fundamentais — mas numa diferença na estrutura das normas reconhecedoras de Direitos
Fundamentais.
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verificar no caso dos direitos económicos, sociais e cultu-rais. É o que ocorre com o direito
de acesso à saúde (artigo 64º da CRP), habitação e urbanismo (artigo 65º da CRP) ou o
direito ao ensino (artigo 74º da CRP).
13. Por sua vez, os “direitos de defesa” podem apre-sentar-se como “direitos a
prestações”. Estão neste caso o direito de voto (artigo 10º da CRP), o direito a uma tutela ou
defesa efectiva dos direitos na sua integralidade (artigos 20º, 202º, e 268º/4 da CRP). Ou o
dever, que incumbe ao Estado, de criação de “normas de organização e procedi-mento”
(incluindo medidas administrativas e fácticas) que, de algum modo, requerem uma
prestação estadual.
16. A literatura jurídica refere, a este propósito, que o direito se encontra sujeito a
uma “reserva do possível”.
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18. No mínimo, uma qualificação que se traduz no reconhecimento de que a
inexistência de recursos econó-micos força os poderes públicos a fazer menos do que aquilo
a que se encontravam sujeitos. Esta cobertura não exclui, todavia, a garantia de um “mínimo
social”.
20. É com base nesse princípio que se extrai, por exemplo, o reconhecimento
constitucional do “rendimento social de inserção” (vd., Ac TC nº 509/2002 — rendimento
social de inserção).
21. Só que essa garantia não se apresenta como um direito social, antes como uma
“forma de liberdade”, e, nesses precisos termos, assume juridicamente a natureza de um
“direito de defesa”, ainda que este se traduza num di-reito a “prestações positivas” por parte
do Estado.
24. Mais tarde, a Alemanha, dirigida pela mão de ferro de Bismarck, estabeleceria
um “sistema de segurança social obrigatório”, estribado em três leis, promulgadas entre
1883 e 1889, relativas a doenças, acidentes industriais, velhice e invalidez.
25. A literatura jurídica, sobretudo alemã, refere, a este propósito, a existência, para
além dos “direitos originários a prestações”, os estabelecidos directamente pela Consti-
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tuição ou normas de estalão constitucional, dos chamados “direitos derivados a prestações”
de que resultaria para os cidadãos, de forma imediata:
● um “direito de igual acesso, obtenção e utilização” de todas as instituições
públicas, designadamente igual acesso a instituições de ensino, igual acesso aos serviços de
saúde, igual acesso à utilização dos transportes públicos, etc.; e,
● um “direito de participação” ou “direito de igual quota-parte”, uma vez acedido,
nas prestações fornecidas por esses serviços ou instituições à comunidade, designa-damente
um direito de quota-parte nas prestações de saúde, nas prestações escolares, nas prestações
de reforma e in-validez, etc.
28. Uma classificação que encontra a sua base jurídica no “princípio de igualdade”.
Mas também poderia ser utilizada tendo por fundamento o “princípio da confiança”, a
“garantia da propriedade” ou os “direitos de liberdade”.
30. Aqui a estrutura básica dos direitos a prestações segue a estrutura dos direitos
de igualdade, logo dos direi-tos, liberdades e garantias, e não a dos direitos econó-micos,
sociais e culturais.
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32. Entre nós, GOMES CANOTILHO afirma que os direitos económicos, sociais e
culturais, enquanto “direitos a prestações”, implicam: