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Perguntas & Respostas

sobre a

Certificação Energética de Edifícios Existentes

no âmbito do

RCCTE
Regulamento das Características de
Comportamento Térmico dos Edifícios
Decreto-Lei n.º 80/2006, de 4 de Abril

“Um dia todos os edifícios serão verdes”

Versão 1.0
Fevereiro de 2010
O presente documento inclui um conjunto de perguntas e respostas sobre a Certificação Energética de Edifícios
Existentes com base no Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios, conforme
Despacho n.º 11020/2009. Para além de um resumo ou transcrição dos aspectos previstos legalmente, a informação
aqui apresentada visa esclarecer sobre a forma como a legislação está a ser implementada na prática, estando, por
isso, sujeita a eventuais alterações em função da experiência adquirida e das necessárias adaptações do sistema.
Pretende-se com os conteúdos deste documento uniformizar critérios de aplicação das metodologias em vigor, de forma
a garantir a reprodutibilidade do trabalho da responsabilidade do Perito Qualificado. Este documento não dispensa a
consulta do Despacho n.º 11020/2009 publicado em Diário da República, 2.ª série – N.º 84 – 30 de Abril de 2009. Este
documento deverá ser interpretado em conjunto com as Perguntas & Respostas sobre o RCCTE (referente a edifícios
novos).
Perguntas & Respostas
Certificação Energética de Edifícios Existentes
no âmbito do RCCTE

Índice

Abreviaturas ....................................................................................................................................2
A- Âmbito de aplicação ...............................................................................................................3
B- Levantamento Dimensional ....................................................................................................8
C- Perdas de calor por condução através da envolvente........................................................... 14
D- Identificação e caracterização de soluções construtivas ....................................................... 17
E- Ventilação ............................................................................................................................. 21
F- Ganhos solares através dos vãos envidraçados ................................................................... 23
G- Classe de inércia térmica...................................................................................................... 30
H- Sistemas de colectores solares e energias renováveis ......................................................... 32
I- Sistemas de climatização e preparação de AQS .................................................................. 34
J- Medidas de melhoria ............................................................................................................ 42
K- Regras práticas .................................................................................................................... 46

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Certificação Energética de Edifícios Existentes
no âmbito do RCCTE

Abreviaturas
AQS – Águas Quentes Sanitárias;

CE – Certificado de Desempenho Energético e da Qualidade do Ar Interior;

FA – Fracção Autónoma;

DCR – Declaração de Conformidade Regulamentar;

Esolar – Contribuição de sistemas solares de preparação de AQS;

ITE – Informação Técnica de Edifícios;

LNEC – Laboratório Nacional de Engenharia Civil;

NT-SCE-01 – Nota Técnica que define o Método de Cálculo Simplificado para Certificação
Energética de Edifícios Existentes no âmbito do RCCTE, publicada no Despacho n.º
11020/2009 de 30 de Abril;

PQ – Perito Qualificado no âmbito do Sistema Nacional de Certificação Energética e da


Qualidade do Ar Interior nos Edifícios;

RCCTE - Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios;

RSECE – Regulamento dos Sistemas Energéticos de Climatização de Edifícios;

SCE – Sistema Nacional de Certificação Energética e da Qualidade do Ar Interior nos Edifícios;

Nic - Necessidades nominais anuais de energia útil para aquecimento;

Nvc - Necessidades nominais anuais de energia útil para arrefecimento;

Nac - Necessidades nominais anuais de energia para produção de águas quentes sanitárias;

Ntc – Necessidades globais de energia primária.

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no âmbito do RCCTE

A - Âmbito de aplicação

A1. No âmbito do SCE, qual deve ser a abordagem e a metodologia de cálculo a


aplicar na obtenção do CE de um edifício existente?

A abordagem a ter num processo de certificação energética de uma FA ou edifício existente


passa por identificar inicialmente em que âmbito de aplicação este se enquadra: do RCCTE ou
do RSECE. Quando se encontra no domínio de aplicação do RCCTE, poderá considerar-se o
Despacho n.º 11020/2009, de 30 de Abril, que define o Método de Cálculo Simplificado para
Certificação Energética de Edifícios Existentes no âmbito do RCCTE, formalizando assim a NT-
SCE-01. Esta metodologia permite uma análise expedita das fracções ou edifícios para as
quais não exista informação disponível que permita a aplicação integral do cálculo
regulamentar daquele regulamento. A opção por recorrer às regras de simplificação previstas
na metodologia definida na NT-SCE-01, não inviabiliza a caracterização detalhada de alguns
dos parâmetros de acordo com o RCCTE, ou seja, o PQ poderá utilizar apenas as regras de
simplificação que considere estritamente necessárias.

A2. Qual a definição de edifício existente para efeitos de aplicação do SCE?

Um edifício existente, para efeitos de aplicação do SCE, é um edifício cujo pedido de


licenciamento ou autorização de edificação foi apresentado à entidade competente antes da
entrada em vigor do SCE (Portaria 461/2007 de 5 de Junho):
 1 de Julho de 2007 - para o caso dos novos edifícios destinados à habitação com área
útil superior a 1 000 m2 e dos edifícios de serviços, novos ou que sejam objecto de
grandes obras de remodelação, cuja área útil seja superior aos limites mínimos
estabelecidos nos n.os 1 ou 2 do Art.º 27º do RSECE, aprovado pelo Decreto-Lei n.º
79/2006, de 4 de Abril, de 1 000 m2 ou de 500 m2, consoante a respectiva tipologia;
 1 de Julho de 2008 – para todos os edifícios novos, independentemente da sua área ou
fim.
A aplicação do SCE aos edifícios existentes passou a ser obrigatória a partir de 1 de Janeiro de
2009, aquando da celebração de contratos de venda e de locação, incluindo o arrendamento, e
tornou mandatária a apresentação por parte do proprietário ao potencial comprador, locatário
ou arrendatário do certificado emitido no âmbito do SCE. Englobam-se ainda a partir desta data
os edifícios de serviços existentes, sujeitos periodicamente a auditorias, conforme especificado
no RSECE.
Exemplo 1:
O processo de licenciamento de uma moradia unifamiliar isolada deu entrada na Câmara Municipal
em 30 de Junho de 2008. Em 5 de Janeiro de 2009 foram apresentados os projectos das diferentes
especialidades, tendo o processo sido aprovado, e emitido o respectivo Alvará de Construção em 19
de Março de 2009. A obra foi concluída no final do mês de Outubro de 2009, tendo sido efectuado em
2 de Novembro de 2009 o pedido da Licença de Utilização.
Uma vez que o processo de licenciamento deu entrada antes da entrada em vigor do SCE (1 de Julho de
2008 para este caso em concreto), este edifício poderá ser considerado como um edifício existente no âmbito
do SCE.
Desta forma, o Projecto das Características de Comportamento Térmico, apesar de ter sido submetido a
aprovação em 5 de Janeiro de 2009, poderá ter dado entrada para licenciamento sem que houvesse lugar à

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no âmbito do RCCTE

emissão de uma DCR. Isto, obviamente, não significa que o projecto está dispensado do cumprimento do
RCCTE, pois este regulamento técnico entrou em vigor 90 dias após a sua publicação (4 de Abril de 2006).
Da mesma forma, no final da obra, para efeito de levantamento da Licença de Utilização, não terá de ser
apresentado o CE. Em suma, todos os processos para os quais não foram emitidas DCR, não necessitarão
de emissão de CE para obtenção da Licença de Utilização.
Sendo um edifício existente (no âmbito do RCCTE), a aplicação do SCE só é obrigatória aquando da
celebração de contrato de venda e de locação, incluindo o arrendamento. Deste modo, enquanto a moradia
em causa não for transaccionada ou arrendada não será obrigatória a emissão de um CE.

Exemplo 2:
O processo de licenciamento de um edifício multifamiliar, com uma área inferior a 1 000 m2, deu
entrada na Câmara Municipal em 2 de Julho de 2008. Em 5 de Janeiro de 2009 foram apresentados os
projectos das diferentes especialidades, tendo o processo sido aprovado, e emitido o respectivo
Alvará de Construção em 19 de Março de 2009. A obra foi concluída no final do mês de Outubro de
2009, tendo sido efectuado em 2 de Novembro de 2009 o pedido da Licença de Utilização.
Uma vez que o processo de licenciamento deu entrada depois da entrada em vigor do SCE (1 de Julho de
2008 para este caso em concreto), este edifício não poderá ser considerado um edifício existente no âmbito
do SCE.
Desta forma, o projecto de Comportamento Térmico, submetido a aprovação em 5 de Janeiro de 2009, exige
a emissão da respectiva DCR.
Da mesma forma, no final da obra, para efeito de levantamento da Licença de Utilização, será obrigatória a
apresentação do CE. Este confirmará o que foi declarado na fase de projecto, ou introduzirá as correcções
necessárias em função do efectivamente executado em obra, desde que o edifício continue a cumprir todos
os requisitos do RCCTE.
Neste caso a determinação do valor do Ntc que irá definir a respectiva classe energética terá de ser
efectuada de acordo com o RCCTE, não sendo aplicáveis as regras de simplificação estabelecidas na NT-
SCE-01.

A3. Quais os tipos de edifícios existentes que estão no âmbito da aplicação do


RCCTE e respectivos modelos de certificado?

A metodologia estabelecida no RCCTE ou, por opção do respectivo PQ e nos casos em que
seja aplicável, as simplificações estabelecidas na NT-SCE-01, são aplicáveis às seguintes
categorias de edifício ou FA (Art.º 2.º do Despacho n.º 10250/2008, de 27 de Março):
 Habitação sem climatização (HsC), correspondente a edifícios de habitação ou fracções
de edifícios de habitação que não disponham de sistema de climatização ou cujo
sistema de climatização tenha uma potência térmica, correspondente à maior das
potências de aquecimento ou arrefecimento ambiente, igual ou inferior a 25 kW (CE tipo
A);
 Habitação com climatização (HcC), correspondente a edifícios de habitação ou fracções
de edifícios de habitação que disponham de sistema de climatização cuja potência
térmica, correspondente à maior das potências de aquecimento ou arrefecimento
ambiente, seja superior a 25 kW (CE tipo C);
 Pequenos serviços sem climatização (PeSsC), correspondente a edifícios de serviços
ou fracções de edifícios destinadas a serviços, com área útil menor ou igual a 1 000 m2

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(ou 500 m2 no caso de centros comerciais, hipermercados e piscinas aquecidas


cobertas) e que não disponham de sistema de climatização ou cujo sistema de
climatização tenha uma potência térmica, correspondente à maior das potências de
aquecimento ou arrefecimento ambiente, igual ou inferior a 25 kW (CE tipo A);
De acordo com o ponto 3 do Art. 3.º do Despacho n.º 10250/2008, de 27 de Março, para o caso
de edifícios existentes ou FA de edifícios existentes no âmbito do SCE, aos quais seja aplicável
a metodologia estabelecida no RCCTE, podem ser objecto de emissão de CE do Tipo A ou C.

A4. Caso se constate no acto da visita obrigatório em contexto da certificação de


edifícios existentes, que a fracção não possui uma barreira física contínua a
separar espaços que originalmente não pertenciam à área útil de pavimento,
tais como sótão ou varanda fechada (passando a ser uma extensão de outro
compartimento), deveremos considerar esses espaços úteis e assim
considerá-los para efeito de cálculo da classe energética?

De acordo com o ponto 3 da NT-SCE-01, os PQ devem recorrer sempre à melhor informação


ao seu dispor, ou seja, aquela que melhor reflicta a realidade construída. Deste modo a
certificação energética deverá ser aplicada à realidade efectivamente edificada e verificada no
local durante a visita, e não ao que estava definido em projecto.
Neste caso em concreto isto corresponde a considerar, para efeito de aplicação da
metodologia preconizada no RCCTE ou, por opção do respectivo PQ e nos casos em que seja
aplicável, as simplificações estabelecidas na NT-SCE-01, o sótão e a varanda fechada como
área útil. Assim, a envolvente da fracção passa obrigatoriamente a integrar a barreira que
separa estes espaços do exterior.

A5. Verifica-se, ao consultar a Caderneta Predial Urbana, que uma fracção é de


tipologia T3. Se durante a visita técnica se constatar que existem mais do que
três divisões susceptíveis de serem utilizadas como quartos (escritório, uma
segunda sala, …), qual a tipologia a considerar para efeitos de cálculo?

A tipologia da FA em análise, a considerar para efeitos de cálculo do Nac e Na, deverá


corresponder à que se verificar à data da visita. Todos os espaços passíveis de serem
ocupados como quarto deverão ser contabilizados para determinação da tipologia, incluindo,
por exemplo, escritórios ou “segundas” salas, desde que a área seja superior a 9 m2.

A6. Caso se verifique que a fracção a certificar corresponde na realidade à junção


entre duas fracções (por exemplo a união entre dois apartamentos) quantos
certificados devemos emitir e qual a metodologia de cálculo a aplicar?

No caso da fracção a certificar englobar mais do que uma FA, tendo por esse motivo deixado
de existir uma barreira contínua entre elas, pode o PQ, após ter dado conhecimento à ADENE
da situação, emitir um só certificado, colocando no campo dos pressupostos e observações no
final do CE, a indicação que se trata de uma fracção composta por dois apartamentos e
indicando os seus artigos matriciais respectivamente.
A metodologia de cálculo a aplicar continuará a ser a estabelecida no RCCTE ou, por opção do
respectivo PQ e nos casos em que seja aplicável, as simplificações estabelecidas na NT-SCE-
01, considerando o conjunto das duas fracções como uma fracção única.

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Caso o proprietário verifique que existam constrangimentos por parte das autoridades (por
exemplo: notário no acto da escritura) ao facto de ser emitido apenas um certificado, pode o
PQ emitir dois documentos diferentes (um para cada artigo) com o mesmo conteúdo, desde
que descreva a situação e razões para emissão de dois ou mais certificados nos respectivos
campos de “pressupostos e observações”.
Nesta e noutras situações verificadas pelo PQ em que não exista coerência da sua análise com
base na situação real e os elementos que constam no registo da Conservatória de Registo
Predial, na caderneta predial ou em outros documentos necessários à transacção, deve o PQ
fazer aviso formal da situação ao proprietário previamente à emissão do certificado.

A7. Pretendemos certificar um edifício destinado a habitação unifamiliar. No


entanto, na visita ao local verificou-se a utilização de parte da fracção para fins
de serviços (cabeleireiro, clube de vídeo, mercearia, …) quantos certificados
devemos emitir e qual a metodologia de cálculo a aplicar?

Segundo o que está previsto no ponto 3 da NT-SCE-01,os PQ devem recorrer sempre à melhor
informação ao seu dispor reflectindo a realidade construída.
Deste modo, e uma vez que estamos na presença de dois espaços com utilização distinta,
deveremos proceder à análise de cada um dos espaços de forma isolada e emitir dois CE.
Deveremos determinar o valor do Ntc que irá definir a respectiva classificação energética para
a parte da fracção que está a ser utilizada para fins de serviços (partindo do pressuposto que
se trata de um PESsC) e emitir um CE referente a uma fracção de serviços. De igual modo,
deveremos determinar o valor do Ntc que irá definir a respectiva classificação energética para a
parte da fracção destinada a habitação unifamiliar e emitir um CE referente a uma fracção
residencial.
Em qualquer dos casos a metodologia a adoptar será a definida na NT-SCE-01. Nesta e
noutras situações verificadas pelo PQ em que não exista coerência da sua análise com base
na situação real e os elementos que constam no registo da Conservatória de Registo Predial,
na caderneta predial ou em outros documentos necessários à transacção, deve o PQ fazer
aviso formal da situação ao proprietário previamente à emissão do certificado. Tais situações
deverão também ser explicitadas no campo de “pressupostos e observações” dos certificados
emitidos.

A8. Constata-se que a fracção a certificar é do tipo residencial e tem um sistema de


climatização com uma potência instalada superior a 25 kW. Neste contexto, a
certificação energética deverá ser efectuada aplicando exclusivamente a
metodologia definida na NT-SCE-01, ou deverá proceder-se à certificação
energética de acordo com a metodologia estabelecida no RSECE? Que
valência(s) pode ter o PQ que emite o respectivo certificado?

De acordo com o ponto 4 do Art.º 2.º do Despacho n.º 10250/2008, de 27 de Março, o CE a


emitir no caso de edifícios residenciais existentes, por terem um sistema de climatização com
uma potência térmica superior a 25 kW, será do tipo C. Quem pode emitir esses certificados
são os peritos qualificados na valência RSECE - Energia ou peritos qualificados em RCCTE.
No ponto 3 do Art.º 3.º do Despacho 10250/2008, de 27 de Março, é indicado que para edifícios
existentes ou fracções de edifícios existentes no âmbito do SCE que sejam objecto de emissão
de um CE do Tipo C, a metodologia a aplicar é a estabelecida no RCCTE ou, por opção do

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no âmbito do RCCTE

respectivo PQ e nos casos em que seja aplicável, as simplificações estabelecidas na NT-SCE-


01.
Desta forma, neste caso em concreto, tratando-se de um edifício residencial existente, apesar
de ter um sistema de climatização com uma potência térmica superior a 25 kW, continuam a
ser aplicáveis as regras estabelecidas na NT-SCE-01, não sendo necessário a aplicação do
RSECE, com eventuais excepções à exigência de inspecção a equipamentos.

A9. Verifica-se, ao consultar a Caderneta Predial Urbana, que a fracção se destina,


por exemplo, a habitação. Se durante a visita técnica se constatar que a
fracção se encontra a ser utilizada para outro fim (por exemplo, como
escritório), qual o tipo de utilização a considerar para efeitos de aplicação da
NT-SCE-01 e emissão de CE?

O Perito Qualificado deve, por princípio, emitir um certificado que reflicta a realidade da
utilização do imóvel. A coerência dessa utilização com os documentos de registo do imóvel é
da responsabilidade do proprietário.
Neste caso, e uma vez que a fracção, apesar de definida como residencial está a ser utilizada
como escritório, o tipo de certificado a emitir será o referente a uma fracção de serviços do tipo
A, caso o sistema de climatização tenha uma potência térmica inferior ou igual a 25 kW. Se o
PQ constatar que o sistema de climatização instalado tem uma potência superior a 25 kW,
tratando-se de uma fracção de serviços, deixará de poder aplicar a metodologia estabelecida
no RCCTE e terá de passar a aplicar a metodologia prevista no RSECE, sendo o modelo de
CE a adoptar o do Tipo B e terá de ser emitido por um perito RSECE-Energia.
Nesta e noutras situações verificadas pelo PQ em que não exista coerência da sua análise com
base na situação real e os elementos que constam nos registos ou outros documentos
necessários à transacção formais (como é este caso da caderneta predial), deve o PQ fazer
aviso formal da situação ao proprietário previamente à emissão do certificado. Tais situações
deverão também ser explicitadas no campo de “pressupostos e observações” dos certificados
emitidos. Recomenda-se que só após demonstração formal pelo proprietário do entendimento
deste aspecto, deve o PQ proceder ao registo (pagamento da taxa) do certificado.

A10. Caso numa determinada fracção ou edifício se verifique o enquadramento legal


necessário à emissão de um CE classe G, sem realização de qualquer cálculo
de desempenho energético, de que forma é que se deverá preencher o
respectivo formulário que origina o CE?

Para emissão de um CE para uma fracção ou edifício considerado como ruína ou devoluto, o
PQ deverá no Passo 0, relativo à selecção do tipo de documento a emitir e registar, seleccionar
a opção “Ruína/Devoluto”. De seguida, deverá preencher os campos que constam nos Passos
1, 2 e 3, relativos à identificação da fracção autónoma ou edifício, identificação do
proprietário/promotor e caracterização da fracção autónoma ou edifício, respectivamente. Após
o preenchimento destes campos, o documento estará concluído para posterior registo no SCE.
Para o correcto enquadramento de uma fracção ou imóvel no conceito de ruína ou devoluto,
deverá o PQ atentar ao disposto nas questões A15 e A16, das Perguntas e Respostas do SCE.

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B - Levantamento Dimensional
B1. Como deverá ser evidenciado pelo PQ o levantamento dimensional de uma
fracção autónoma?

O levantamento dimensional deve corresponder à realidade construída no momento da visita


pelo PQ. Deve ser evidenciado por elementos desenhados com indicação clara da escala ou
dimensões e com marcação das envolventes.
Caso o PQ possua elementos de projecto devidamente actualizados (e validados no local), que
traduzam com rigor as áreas dos diferentes elementos construtivos (vãos envidraçados e
elementos opacos), não é necessária a apresentação de outro levantamento dimensional
acessório, para além das marcações das envolventes.
Caso o PQ tenha de realizar a medição das dimensões no local, deve apresentar um
levantamento que traduza as áreas e dimensões dos diferentes elementos construtivos e que
permita fácil interpretação.
Os elementos desenhados poderão ser efectuados em programa de desenho específico
(preferível) ou através de um esboço com qualidade mínima adequada para uma posterior
verificação e interpretação em contexto de fiscalização. Deve o PQ ter particular atenção com a
escala em que o desenho é efectuado. Nesse desenho ou esboço devem ser assinalados os
diferentes tipos de envolvente, com as cores habitualmente utilizadas para esse efeito.

Envolvente exterior

Envolvente interior com requisitos de exterior

Envolvente interior com requisitos de interior

Envolvente sem requisitos

Em planta identificar pavimento (com a respectiva cor)

Em planta identificar cobertura (com a respectiva cor)

Nota: Embora esta caracterização ocorra no âmbito de edifícios existentes, o recurso ao


termo “requisitos” deverá ter um enquadramento igual ao descrito no Decreto-Lei 80/2006.

Em qualquer caso deve resultar pelo menos os seguintes elementos:


 Uma planta que permita aferir a área de pavimento, bem como os desenvolvimentos
lineares da envolvente opaca e indicação de ENU´s quando aplicáveis;
 A identificação de todos os vãos envidraçados, devidamente documentados através de
fotografia tirada pelo interior,
 O registo fotográfico de todos os compartimentos, evidenciando as suas principais
características e dimensões, incluindo o pé-direito nos que são distintos;
 O registo fotográfico de todos os sistemas de climatização e AQS, incluindo as
respectivas chapas de identificação e acessórios característicos.

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B2. No caso de não dispor de nenhum elemento que sirva de referência ao pé-
direito, como posso evidenciar a dimensão do mesmo em situação posterior de
fiscalização e no caso de não ser possível a visita ao local?

Uma vez que não existe nenhum elemento que evidencie esta dimensão, poderá recorrer a
uma fotografia com sobreposição de fita métrica ou de um testemunho que possibilite a
extrapolação visual para a dimensão total de pé-direito, conforme ilustrado nas figuras
seguintes. É aceitável o recurso a qualquer outra forma de evidência inequívoca para
demonstrar estas dimensões.
Este tipo de procedimento poderá ser adoptado para evidenciar as dimensões de outros
elementos construtivos conforme ilustrado nas figuras seguintes.

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B3. Como podem ser evidenciadas as orientações das fachadas?

A orientação das fachadas poderá ser evidenciada com recurso a um qualquer software
disponível na internet, como por exemplo, Google Earth, Sapo Mapas, etc.
Na planta extraída deve ser identificada a fracção autónoma em análise e deve estar bem
patenteada a orientação Norte.
De notar que a utilização de imagens obtidas através da internet conforme acima indicado, não
é aceitável para efeitos de evidência de visita ao local ou para constar no CE.

B4. Em que circunstâncias é que se pode dispensar a aplicação da redução de 10%


na determinação da área útil de pavimento, prevista na NT-SCE-01?

De acordo com o ponto 3 da NT-SCE-01, os PQ devem recorrer sempre à melhor informação


ao seu dispor, ou seja, aquela que melhor reflicta a realidade construída.
Caso a opção do PQ seja a de efectuar a medição das áreas interiores úteis, compartimento a
compartimento e de acordo com as regras estabelecidas no RCCTE, não terá de aplicar a
redução de 10% prevista na NT-SCE-01 à área calculada.
A redução de 10% prevista na NT-SCE-01, na determinação da área útil de pavimento, tem por
objectivo permitir uma medição global do edifício existente ou FA, pelo interior das paredes da
envolvente, sem necessidade de compartimentar essa medição. Desta forma, ao aplicar esta
redução estaremos a descontar as áreas de contacto das paredes divisórias com o pavimento.

Exemplo 1:
Efectuando as medições de forma global, como se ilustra a figura, terá de ser aplicada a redução de 10% (Ap
= somatório das áreas x 0.9).

Ap = [11.40 x 7.89 + 5.55 x (2.80 – 1.10)] x 0.9 = 89.44 m2

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Exemplo 2:
Efectuando as medições divisão a divisão, não será necessário aplicar a redução de 10%.

Ap = 5.05 x 5.04 + 3.40 x 2.70 + 0.8 x (5.05 – 3.40) + 1.70 x 5.99 + 1.75 x 2.45 + 1.75 x 1.75 +
3.65 x 3.39 + 1.75 x (4.35 – 3.39) + 2.84 x 4.35 + 2.2 x (5.55 – 4.01) + 2.80 x 4.01
= 94.51 m2

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Exemplo 3:
Efectuando as medições ao longo do perímetro, terá de ser aplicada de qualquer forma a redução de 10%.
Por essa razão recomenda-se que ao fazer o cálculo se adicionem as espessuras das paredes divisórias
intersectadas, de forma a obter um valor mais próximo do real.

Ap = [(5.04 + 0.15 + 2.70) x (3.40 + 0.15 + 2.45 + 0.15 + 1.75 + 0.15 + 3.39) + (2.80 – 1.10) x 5.50)] x 0.9
= 89.65 m2
Note-se que, neste cálculo, foi ainda desprezada a existência da reentrância devida à caixa de elevador por
esta apresentar uma profundidade inferior a 1m.

B5. Ao efectuar o levantamento dos vãos envidraçados é necessário separar as


partes fixas das partes de correr e/ou giratórias, ou pode fazer-se a análise
para cada vão na sua globalidade?

O tipo de abertura (fixa, giratória ou de correr) de um vão envidraçado composto por um


determinado tipo de caixilharia, de vidro e de dispositivo de protecção solar pode, em alguns
casos, influenciar o valor do coeficiente de transmissão térmica a considerar no cálculo.
Assim, com base no ITE50, em vãos envidraçados com caixilharia de madeira, com caixilharia
metálica com corte térmico ou com caixilharia de plástico, os valores dos coeficientes de
transmissão térmica não variam consoante o tipo de janela, logo poderemos analisar cada vão
como um todo, independentemente das partes que o constituem.
No caso dos vãos envidraçados com caixilharia metálica sem corte térmico, o coeficiente de
transmissão térmica varia consoante o tipo de abertura. Por isso deverá analisar-se cada uma
das partes constituintes do vão de forma isolada (por exemplo, separar a área de vão fixa da
área de vão com abertura).
Caso o vão em análise tenha soluções distintas (por exemplo em termos de tipo de vidro e/ou
dispositivos de protecção solar), terá de se fazer a separação no número de partes distintas
que constituem o vão.

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Exemplo:

Considerando que se trata de um vão envidraçado com caixilharia metálica sem corte térmico, com vidro
duplo incolor e uma persiana de cor clara pelo exterior, deve ser feita a separação entre a parte fixa (à
esquerda) e a parte giratória (à direita), às quais correspondem os coeficientes de transmissão térmica de 2.8
W/(m2.ºC) e 3.0 W/(m2.ºC), respectivamente (valores retirados do ITE50).
Se estivéssemos perante uma situação de caixilharia metálica com corte térmico, com vidro duplo incolor,
poderíamos tratar o vão envidraçado como um todo e teríamos, considerando uma persiana de cor clara pelo
exterior, o coeficiente de transmissão térmica de 2.7 W/(m2.ºC) (valor retirado do ITE50).

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Perguntas & Respostas
Certificação Energética de Edifícios Existentes
no âmbito do RCCTE

C - Perdas de calor por condução através da envolvente


C1. Caso não consigamos calcular com rigor o Ai e Au, existe uma forma expedita
de determinar o coeficiente de redução de perdas dos espaços não úteis ()
sem recorrer à simplificação prevista na NT- SCE-01?

Efectivamente em muitos dos casos correntes, e tendo em conta que os intervalos definidos no
RCCTE para os valores da relação Ai/Au são “de 0 a 1”, “de 1 a 10” e “maior que 10”, o cálculo
dessa relação não precisa de ser exaustivo, desde que expeditamente se identifique em que
intervalo se insere, em contexto de fiscalização o perito qualificado deve evidenciar este
aspecto.
Sempre que o PQ consiga identificar de forma clara os tipos de espaços não úteis em contacto
com o edifício ou FA que estiver a certificar, deverá investir algum do seu tempo na análise dos
mesmos, conseguindo desta forma, aplicar os valores dos coeficientes de redução de perdas
estabelecidos no RCCTE, em vez do valor previsto por defeito na NT-SCE-01, de 0.75, para
todos os espaços não úteis (o qual é, em parte dos casos, conservador).
Note-se que este valor por defeito, ao ser superior a 0.7, implica a contabilização de perdas
térmicas lineares em toda a envolvente vertical interior (paredes de separação com espaços
não úteis com  superior a 0.7).

Exemplo 1:
Se estivermos a analisar uma FA inserida num edifício com três andares de habitação, que contacta com
uma caixa de elevador que em cada piso contacta em três faces com FA residenciais vizinhas e a outra com
a caixa de escadas (o valor de Ai será correspondente a três faces x três pisos).
Já o Au dependerá apenas do contacto da caixa de elevador com o exterior ao nível da cobertura. Ora,
mesmo que consideremos que a caixa de elevador se eleva um piso acima da cobertura, o valor de Ai (três
pisos x três faces) será sempre superior ao valor de Au (um piso x quatro faces + a cobertura da caixa de
elevador), logo a relação Ai/Au será superior a 1, por isso, considerando a situação mais desfavorável, que
corresponde ao intervalo de 1 a 10, poderemos considerar para efeito de cálculo, e assemelhando a caixa de
elevador a uma circulação comum, sem abertura permanente para o exterior,  = 0.3. A alternativa proposta
na NT-SCE-01 aponta para um  = 0.75.

Exemplo 2:
Se estivermos a analisar uma FA inserida no piso intermédio de um edifício com três andares destinados a
habitação, com desenvolvimentos semelhantes, que contacta com uma circulação horizontal comum que por
sua vez contacta em três faces com FA residenciais vizinhas e numa das faces com a caixa de escadas,
sendo separada desta última por uma barreira física contínua.
Tratando-se de um piso intermédio, e sendo os pisos semelhante, o valor de Au será igual a 0. Assim, por
muito reduzido que seja o Ai, a relação Ai/Au será ∞, o que significa que, caso se trate de uma circulação
comum, sem aberturas permanentes para o exterior, o  a considerar para efeito de cálculo, previsto no
RCCTE, é 0.
A alternativa proposta na NT-SCE-01 aponta para um  = 0.75.

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Certificação Energética de Edifícios Existentes
no âmbito do RCCTE

Exemplo 3:
Consideremos agora que estamos a analisar uma FA que contacta com uma varanda que foi transformada
em marquise. O Ai corresponde apenas à parede de separação entre o espaço útil e a marquise, enquanto
que o Au corresponde às restantes cinco faces (todas elas em contacto com o exterior). Neste caso a relação
Ai/Au será claramente inferior a 1.
Assim sendo, de acordo com a Tabela IV.1 do RCCTE, o valor a considerar para o coeficiente de redução de
perdas desta marquise é de 0.8.
A alternativa proposta na NT-SCE-01 aponta para um  = 0.75.

Exemplo 4:
Admita agora que uma FA tem em simultâneo as três situações anteriores. Aplicando a abordagem descrita
anteriormente, sem recurso a cálculo exaustivo, verificou-se que os coeficientes de redução de perdas
previstos no RCCTE seriam de  = 0.3 para a caixa de elevador,  = 0 para a circulação horizontal comum e
 = 0.8 para a marquise.
A alternativa proposta na NT-SCE-01 seria considerar  = 0.75 em simultâneo para os três espaços o que
obrigaria ainda à quantificação de pontes térmicas lineares associadas às ligações com paredes em contacto
com esses espaços.

C2. De que forma é que deverão ser contabilizadas as pontes térmicas lineares
para paredes de separação com espaços não úteis com >0.7?

De acordo com o definido no RCCTE, não se contabilizam pontes térmicas lineares em


paredes que separam um espaço útil de um espaço não útil adjacente desde que ≤0.7. Assim,
sempre que se aplicar a regra de simplificação relativa ao coeficiente de redução de perdas
(Quadro II do Anexo II da NT-SCE-01) e considerar que todos os espaços não aquecidos têm
=0.75 será necessário quantificar as pontes térmicas lineares que envolvam as paredes da
envolvente interior.
A quantificação da perda linear dessas pontes deverá ser feita de acordo com a metodologia
definida no RCCTE ou, se necessário, aplicando a regra de simplificação relativa às pontes
térmicas lineares (Quadro III do Anexo II da NT-SCE-01) que consiste na determinação do
desenvolvimento linear da ligação das paredes em contacto com os espaços não aquecidos
com lajes de pavimento e cobertura e consideração de um ψ=0.75.
Nos casos em que o PQ determine o coeficiente de redução de perdas  dos espaços não
aquecidos, nas situações em que >0.7 as pontes térmicas lineares terão de ser contabilizadas
conforme descrito no parágrafo anterior.

C3. Em que situações poderei assumir que um pavimento térreo não está em
contacto com o solo?

Como em todos os outros elementos da sua análise, o PQ deve munir-se de evidências


documentais suficientes para que este aspecto seja verificável posteriormente em contexto de
fiscalização. Neste caso, poderá, por exemplo, recorrer a elementos de projecto que
demonstrem a existência de espaços úteis ou não úteis sob a fracção ou a fotografias que
evidenciem esta mesma situação.

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Certificação Energética de Edifícios Existentes
no âmbito do RCCTE

Caso o PQ não consiga reunir evidências de que não existem espaços sob a fracção que
impeçam o contacto do pavimento desta com o solo, deverá considerar para efeito de cálculo
que o pavimento está em contacto com o solo.

Elemento de Projecto que evidência a existência de uma caixa de ar entre a laje térrea e o solo

Fotografias que evidenciam a existência de uma caixa-de-ar entre a laje térrea e o solo

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no âmbito do RCCTE

D - Identificação e caracterização de soluções construtivas


D1. Como se deve proceder à caracterização das soluções construtivas opacas
que constituem a envolvente da fracção ou edifício?

Na definição de valores dos coeficientes de transmissão térmica superficial (U) dos elementos
da envolvente da FA a certificar, os PQ deverão agir de acordo com a seguinte ordem:
 Recorrer à informação que melhor reflicta a realidade construída, nomeadamente peças
escritas e desenhadas do projecto e fichas técnicas. No caso especifico da ficha técnica
da habitação a mesma, deve estar devidamente assinada pelo Director de Obra e
Dono-de-Obra. Assim, a caracterização (através de cálculo ou consulta de tabelas)
poderá ser efectuada com base na informação que consta nesses elementos ou
poderão até ser considerados, caso existam, os coeficientes patentes nesses
documentos, desde que estes sejam coerentes com a realidade construída e verificada
no local;
 Suportar-se em evidências recolhidas durante a visita ao local (como por exemplo,
fotografias e medições que revelem a composição das soluções construtivas e que
poderão ser utilizadas na respectiva caracterização térmica) e efectuar o cálculo do
coeficiente de transmissão térmica. De notar que não se prevê o recurso a ensaios
destrutivos para determinação ou confirmação da composição das soluções
construtivas;
 À falta de outra informação, recorrer às publicações ITE 50 (Coeficientes de
Transmissão Térmica de Elementos da Envolvente de Edifícios) ou ITE 54 (Coeficientes
de Transmissão Térmica de Elementos Opacos da Envolvente dos Edifícios - Soluções
Construtivas de Edifícios Antigos e Soluções Construtivas das Regiões Autónomas), do
LNEC, devendo-se, para esse efeito, identificar os parâmetros necessários à consulta
das respectivas tabelas;
 Em última instância, poderão os PQ recorrer à tabela dos valores por defeito publicadas
no Anexo II do ITE 54.
O PQ poderá recorrer a métodos de medição in-situ de determinação da resistência térmica.
Para este efeito, poderá ser utilizado o método do fluxímetro descrito na norma ISO 9869.
Esta norma recomenda a utilização da técnica de termografia para identificar as localizações
mais apropriadas para aplicar o equipamento de medição - fluxímetro de calor (HFM). O uso
da termografia é considerado útil enquanto método qualitativo de examinação das
envolventes dos edifícios, prevendo-se a sua aplicação em concordância com a norma de
ISO 6781. Esta norma estabelece como campo de aplicação da termografia a possibilidade
de identificar as possíveis heterogeneidades térmicas da envolvente e revela que a técnica
não será a mais adequada à determinação do nível de isolamento das soluções construtivas.
Relativamente ao método definido na norma ISO 9869, está previsto que a duração mínima
de teste seja de 3 dias, e que pode prolongar-se por mais do que 7 dias.

D2. Em que situações é que posso afirmar que se encontra garantida a ausência de
pontes térmicas planas na envolvente?

A garantia de ausência de pontes térmicas planas na envolvente da FA/edifício confirma-se


se as soluções construtivas que compõem os diferentes elementos da envolvente (paredes,
pavimentos, coberturas) não possuem (grandes) variações de resistência térmica. A técnica

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no âmbito do RCCTE

de detecção de heterogeneidades térmicas na envolvente de edifícios descrita na norma ISO


6781, a termografia, poderá ser explorada para evidenciar a existência/inexistência de
irregularidades térmicas na envolvente e que constituam zonas de ponte térmica plana. Na
imagem seguinte ilustra-se uma situação em que se recorreu à técnica de termografia para
averiguar a ausência de pontes térmicas planas (neste caso é claramente identificável as
zonas de ponte térmica plana).

A ausência de pontes térmicas planas pode ser assegurada em situações de isolamento


térmico contínuo pelo exterior (ETICS), paredes exteriores em alvenaria de pedra, etc..

D3. Estou a efectuar uma certificação de um edifício de habitação existente e não


possuo qualquer informação sobre as envolventes opacas. Como devo
evidenciar a espessura das paredes?

A espessura das paredes com requisitos, podem ser evidenciadas na vistoria ao local e essa
evidência deve ser documentada para constar do processo de certificação elaborado e mantido
pelo PQ. Tal evidência pode ser feita, por exemplo, com recurso a fotografia com sobreposição
de fita métrica, conforme ilustrado na figura seguinte.

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Certificação Energética de Edifícios Existentes
no âmbito do RCCTE

D4. E no caso dos vãos envidraçados, como posso determinar a espessura dos
mesmos?

Para efeitos de aferição de espessuras de vidros, o PQ deverá recorrer à informação que


melhor reflicta a realidade construída, nomeadamente peças escritas e desenhadas do projecto
e fichas técnicas.
Adicionalmente, poderá o PQ recorrer a compassos de medição ou a uma régua que permite
determinar, por reflexão no próprio vidro, a espessura do mesmo (de acordo com o ilustrado
abaixo). Caso o vidro seja duplo, deverão ser efectuadas as medições pelo interior e pelo
exterior (sempre que possível).

Também para a solução de vidro duplo, a espessura da caixa-de-ar poderá ser obtida após a
medição da espessura total do vidro com o recurso a instrumentos adequados para o efeito, tal
como o que se ilustra de seguida. A diferença entre a espessura total do envidraçado e as
espessuras dos vidros interior e exterior, corresponderá à espessura da caixa-de-ar.

D5. Na caracterização de uma solução de envolvente opaca, se me for dito por


parte do proprietário ou construtor, que a parede exterior dispõe de isolamento
térmico com determinada espessura, como devo considerar esta situação no
cálculo de U da solução?

Para efeitos de cálculo de U da presente solução, caso sejam fornecidos elementos


comprovativos da constituição da solução, como seja a ficha técnica da habitação devidamente

Versão 1.0 - Fevereiro de 2009 19


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Certificação Energética de Edifícios Existentes
no âmbito do RCCTE

autenticada pelo promotor imobiliário e técnico responsável de obra, ou fornecidos desenhos


de pormenor da solução construtiva devidamente autenticados pela entidade licenciadora,
poderá ser considerado no cálculo de U a existência de isolamento na solução construtiva,
desde que estes sejam coerentes com a realidade construída e verificada no local;
No caso de não existirem evidências que permitam comprovar a existência de isolamento, o
mesmo não poderá ser considerado no cálculo de U da solução.

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Certificação Energética de Edifícios Existentes
no âmbito do RCCTE

E - Ventilação
E1. Que regras/critérios devo aplicar para definir se o edifício se encontra no
interior de uma zona urbana, periferia da mesma ou zona rural ou zona muito
exposta?

Quando estamos a efectuar o cálculo das perdas térmicas associadas à renovação de ar é


necessário avaliar o nível de rugosidade da zona em que insere o edifício.
Este parâmetro, no RCCTE, combinado com a altura do ponto médio da fachada relativamente
ao solo, e da localização do edifício (Zona A ou B), possibilita a determinação da classe de
exposição ao vento.
Na realidade, o nível de rugosidade morfológica do terreno, por si só, já é caracterizadora da
exposição do edifício ou fracção do edifício ao vento.
De facto ao considerar o edifício situado “no interior de uma zona urbana” (Rugosidade I) está-
se a assumir que existem diversos obstáculos em volta do edifício em análise que reduzem de
forma significativa a sua exposição ao vento.
Ao considerar o edifício situado “na periferia de uma zona urbana ou numa zona rural”
(Rugosidade II) está-se a assumir que os obstáculos existentes que possam atenuar a
exposição ao vento são mais reduzidos que na situação anterior.
Quando se considera o edifício situado “em zonas muito expostas (sem obstáculos que
atenuem o vento) ” (Rugosidade III), está-se a assumir que praticamente não existem
obstáculos nas mediações do edifício ou fracção do edifício em análise e que por esse motivo
ele está bastante exposto à acção do vento.
Ou seja, a análise a efectuar para determinação da rugosidade deverá ter em conta esta maior
ou menor densidade de obstáculos nas mediações do edifício ou FA em análise e não, de
forma directa, a localização no interior ou periferia de uma zona urbana, numa zona rural, ou
numa zona muito exposta.

Exemplo 1:
Se estivermos a analisar uma FA inserida num edifício localizado na periferia de uma zona urbana, num local
com uma grande densidade de construção, deveremos considerar, para efeito de cálculo das perdas por
ventilação, que o edifício se encontra numa zona com grande densidade de obstáculos que atenuam o vento,
ou seja, Rugosidade I (correspondente a edifício no interior de uma zona urbana).

Exemplo 2:
Se o edifício em análise estiver no limite de uma zona urbana (no último alinhamento de edifícios de uma
determinada zona) em que se encontra exposto em apenas um dos lados poderá considerar-se Rugosidade
II.

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Certificação Energética de Edifícios Existentes
no âmbito do RCCTE

E2. Ao efectuar o cálculo das perdas associadas à renovação de ar, depois de


confirmar a existência de ventilação mecânica, é necessário
𝑽
verificar/contabilizar a contribuição das infiltrações (parcela 𝒙 𝑽)?

Se o PQ tiver acesso a toda a informação necessária à aplicação da metodologia de cálculo


preconizada no RCCTE, nomeadamente caudais extraído e insuflado, deverá efectuar a
análise prevista neste regulamento, verificar a necessidade de contabilização da parcela
V
relativa às infiltrações x V e efectuar o cálculo respectivo.

Caso o PQ tenha de utilizar, à falta de informação mais detalhada, a regra de simplificação


estabelecida na NT-SCE-01, que prevê a contabilização de um caudal de 100m3/h por cada
ventilador, não terá de efectuar o cálculo da parcela relativa às infiltrações. De notar que o
valor de Rph utilizado para efeito de cálculo não poderá ser inferior a 0,6 h-1, respeitando assim
a taxa de referência prevista no RCCTE.

Exemplo 1:
O PQ verifica, na visita à FA a certificar, a existência de ventilação mecânica, certificando-se que os
ventiladores se encontram em bom estado de conservação e em funcionamento contínuo. O volume interior
útil da FA é de 250m3. O PQ obtém, por parte do proprietário, o projecto de instalação do sistema de
ventilação com a descrição das respectivas características. Para efeitos de cálculo, o PQ deve proceder tal
como descrito na metodologia de cálculo definida pelo RCCTE, verificando a necessidade de contabilizar
infiltrações e efectuando o cálculo das mesmas.

Exemplo 2:
O PQ verifica, na visita à FA a certificar, a existência de ventiladores de extracção em duas das três
instalações sanitárias existentes, certificando-se que os ventiladores se encontram em bom estado de
conservação e em funcionamento contínuo. O volume interior útil da FA é de 250 m3. O PQ não obtém, por
parte do proprietário, qualquer projecto de instalação do respectivo sistema, nem fichas técnicas dos
equipamentos. Neste caso poderá o PQ aplicar a regra de simplificação proposta pelo Anexo IV. Assim:
Caudal 2 100
Rph    0,8h 1
Volume FA 250
Neste caso já não terá de fazer qualquer verificação relativamente à existência ou não de infiltrações.
NOTA: Se o volume interior útil da FA em causa fosse de 350 m3, então o valor de Rph obtido seria 0,57,
pelo que de acordo com o RCCTE o valor a aplicar no cálculo seria o de 0,6 h-1.

E3. Caso exista um sistema de ventilação comum cuja alimentação seja feita pelo
quadro de serviços comuns, como considerar no cálculo o valor da potência
dos ventiladores?

Neste caso, o PQ deve proceder à semelhança das situações em que os ventiladores são
alimentados a partir do quadro eléctrico da fracção.

Versão 1.0 - Fevereiro de 2009 22


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no âmbito do RCCTE

F - Ganhos solares através dos vãos envidraçados


F1. Caso verifique durante uma visita a uma fracção residencial que um
determinado vão envidraçado não possui qualquer dispositivo de protecção
solar / oclusão nocturna, o que devo considerar para efeito de cálculo: a
cortina interior muito transparente prevista no RCCTE ou a situação real
observada?

Em fracções residenciais, de acordo com o RCCTE, no cálculo do factor solar de um vão


envidraçado equipado com um vidro incolor corrente, a utilizar no cálculo do Nic, deve-se
considerar sempre, pelo menos, a existência de cortinas interiores muito transparentes de cor
clara. Justifica-se este procedimento com o facto de ser muito provável que exista e permaneça
fechado, durante a estação de aquecimento, este dispositivo de protecção solar.
Quando durante a visita a uma FA residencial não se verificar a existência de qualquer
dispositivo deverá encarar-se o estudo de forma equivalente à prevista no regulamento, isto é,
deve ser considerado um factor solar de 0,70 para um vidro simples incolor ou de 0.63 para um
vidro duplo incolor.
Caso o vidro instalado tenha características especiais (reflectante ou colorido na massa), e o
factor solar seja inferior a 0,70 (vidro simples) ou 0,63 (vidro duplo), a protecção solar garantida
pelo vidro, por si só, é superior à de um vidro incolor com cortina interior muito transparente de
cor clara. Assim, poderá ser utilizado o factor solar do vidro especial sem qualquer protecção.

F2. Durante a visita a uma fracção a certificar encontrou-se a situação


exemplificada nas fotografias seguintes. Como deveremos considerar este tipo
de elementos? Como dispositivo de protecção solar ou como elemento de
sombreamento? E como se quantifica a sua contribuição?

O grau de obstrução provocado por elementos deste tipo, devido às suas dimensões,
assemelhar-se-á ao provocado por elementos de sombreamento de dimensão considerável,
pois cada elemento conduz a um ângulo de sombreamento claramente superior a 45º,
relativamente à porção do envidraçado que sombreia. Desta forma, se se aplicar a metodologia
simplificada, nesta situação, em envidraçados não orientados a Norte, poder-se-á considerar a
simplificação prevista para o cálculo do produto Fs.Fg.Fw para condições de sombreamento do
tipo “Fortemente sombreado” indicada no Anexo V da NT-SCE-01.

Versão 1.0 - Fevereiro de 2009 23


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Certificação Energética de Edifícios Existentes
no âmbito do RCCTE

F3. Os dispositivos do tipo “quebra-sol” (brise soleil), do qual se apresenta um


exemplo na figura abaixo, devem ser contabilizados como dispositivo de
protecção solar ou como elemento de sombreamento. E como se quantifica a
sua contribuição?

O dispositivo ilustrado, não se enquadra na definição de dispositivo de protecção solar previsto


no RCCTE, na medida em que não é móvel. Na realidade o comportamento de um vão
envidraçado com um dispositivo de protecção solar fixo pode-se assemelhar a vãos
envidraçados cujos dispositivos de protecção estão 100% activos (Quadro V.4 do Anexo V do
RCCTE).
Neste caso, admitindo que não existe qualquer outro dispositivo, o factor solar do envidraçado
deverá tomar o mesmo valor quer na estação de aquecimento quer na estação de
arrefecimento pois, como a protecção se encontra fixa, irá estar permanentemente fechada
durante a estação de aquecimento.
Então:
gInverno=gVerão=g100%

F4. Como é que posso verificar se uma caixilharia existente numa fracção ou
edifício a certificar possui corte térmico?

O corte térmico da caixilharia metálica consiste na separação entre a parte exterior e a parte
interior do caixilho através da colocação de elementos com condutibilidade térmica baixa,
usualmente em poliamida, de forma a minimizar a transmissão térmica global da caixilharia.

Versão 1.0 - Fevereiro de 2009 24


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no âmbito do RCCTE

Elemento de corte
térmico em poliamida

Na prática, durante a visita a uma FA, a identificação visual dos elementos de corte térmico em
poliamida (normalmente de cor negra) pode ser feita, com maior facilidade nos envidraçados
do tipo giratório, sendo possível também nos envidraçados de correr. Em caixilharia fixa esta
identificação só é possível desmontando a caixilharia, implicando ainda a remoção do vidro.
Em caso de dúvida deve considerar-se a caixilharia desprovida de corte térmico.

Exemplo 1:
Na figura encontra-se uma representação de um vão giratório onde se pode observar facilmente os
elementos em poliamida. Mesmo depois do vão instalado estes elementos conseguem-se observar em 1, 2 e
3.

Versão 1.0 - Fevereiro de 2009 25


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Exemplo 2:
Na figura seguinte encontra-se uma representação de um vão de correr onde se podem observar os
elementos em poliamida. Se o caixilho já se encontrar instalado, apenas se consegue identificar estes
elementos em 1. Em 2 existe uma calha, também em poliamida, que é colocada para fazer o remate em todo
o contorno do aro fixo e que não permite observar o elemento de corte térmico em poliamida. Antes de ser
colocado em obra, poderíamos também observar a poliamida em 3.

F5. Nas situações em que existe caixilharia dupla como é que deverão ser
calculados o coeficiente de transmissão térmica e os factores solares a utilizar
na estação de aquecimento e arrefecimento?

O coeficiente de transmissão térmica de uma janela dupla, a utilizar na determinação das


perdas de calor, deve ser o médio dia-noite, 𝑈𝑤𝑑𝑛 , para o sector residencial quando existem
dispositivos de protecção solar. Este deve ser a média entre os coeficientes de transmissão
térmica do vão sem dispositivos de protecção solar / oclusão nocturna, 𝑈𝑤 , e com o dispositivos
de protecção solar / oclusão nocturna existente na caixa-de-ar fechado, 𝑈𝑤𝑠 .
De acordo com a norma ISO10077-1, o cálculo destes coeficientes pode ser feito de acordo
com as seguintes expressões:
1
𝑈𝑤 =
1 1
𝑈𝑒𝑛𝑣 _𝑖 − 𝑅𝑠𝑖 + 𝑅𝑠 − 𝑅𝑠𝑒 + 𝑈𝑒𝑛𝑣 _𝑒

1
𝑈𝑤𝑠 =
1
𝑈𝑊 + ∆𝑅

Versão 1.0 - Fevereiro de 2009 26


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no âmbito do RCCTE

Em que:
𝑈𝑤 - Coeficiente de transmissão térmica da janela dupla sem dispositivo de
protecção solar / oclusão nocturna na caixa-de-ar;
𝑈𝑒𝑛𝑣 _𝑖 - Coeficiente de transmissão térmica do vão envidraçado interior;
𝑅𝑠𝑖 - Resistência térmica superficial interior;
𝑅𝑠 - Resistência térmica da caixa-de-ar;
𝑅𝑠𝑒 - Resistência térmica superficial exterior;
𝑈𝑒𝑛𝑣 _𝑒 - Coeficiente de transmissão térmica do vão envidraçado exterior;
𝑈𝑤𝑠 - Coeficiente de transmissão térmica da janela dupla com dispositivo de
protecção/ oclusão nocturna na caixa-de-ar;
∆𝑅 - Resistência térmica adicional devida ao dispositivo de protecção solar/
oclusão nocturna, presente na caixa-de-ar.

∆𝑅
Tipo de protecção solar/ oclusão nocturna
[(m2.ºC)/W]
Persiana de réguas metálicas 0.12
Persiana de réguas em madeira ou
0.16
plástico sem enchimento de espuma
Persiana de réguas de plástico preenchida
0.19
com espuma
Portadas de madeira opacas 0.22

Nota: ∆𝑅 pretende contabilizar dois factores: a resistência térmica da


camada de ar que se forma, entre o dispositivo de protecção solar / oclusão
nocturna e a janela quando este é activado e a alteração de resistência
térmica do envidraçado interior devida à existência por si só do dispositivo de
protecção solar / oclusão nocturna. Neste quadro apresentam-se os valores
de resistência térmica adicional, incluídos na norma ISO10077-1, para
algumas tipologias de dispositivos de protecção solar/ oclusão nocturna.

O coeficiente de transmissão térmica médio dia-noite de um vão envidraçado (Uwdn)


corresponde à média dos coeficientes de transmissão térmica de um vão envidraçado com a
protecção aberta (posição típica durante o dia) e fechada (posição típica durante a noite), o
cálculo deste parâmetro deve ser realizado considerando para cada umas das posições
indicadas, um período de 12h.

Exemplo (determinação de Uwdn):


Considere-se uma caixilharia dupla, com uma janela interior constituída por um vão envidraçado
composto por caixilharia metálica sem corte térmico, com um sistema de abertura de correr e vidro
simples. A janela exterior é constituída por um vão envidraçado composto por caixilharia de PVC e
vidro duplo com uma espessura de lâmina de ar de 16mm.
Entre as duas caixilharias acima indicadas encontra-se um sistema de protecção solar/oclusão
nocturna composto por uma persiana de réguas plásticas sem enchimento de espuma.

Versão 1.0 - Fevereiro de 2009 27


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Certificação Energética de Edifícios Existentes
no âmbito do RCCTE

O espaço de caixa-de-ar existente entre as duas caixilharias é de 15cm.

𝑈𝑒𝑛𝑣 _𝑖 = 6,5 𝑊/(𝑚2 . ℃) (ITE50 Anexo III - Quadro III.2)


𝑈𝑒𝑛𝑣 _𝑒 = 2,7 𝑊/(𝑚2 . ℃) (ITE50 Anexo III - Quadro III.3)
1
𝑼𝒘 = = 1,88 𝑊/(𝑚2 . ℃)
1 − 0,13 + 0,18 − 0,04 + 1
6,5 2,7

∆𝑅 = 0,16 (𝑚2 . ℃)/𝑊 (retirado do quadro anterior)


1
𝑼𝒘𝒔 = = 1,40 𝑊/(𝑚2 . ℃)
1
1,88 + 0,16
𝑈𝑤 + 𝑈𝑤𝑠
𝑼𝒘𝒅𝒏 = = 𝟏, 𝟔𝟒 𝑊/(𝑚2 . ℃)
2

Relativamente à determinação dos factores solares do vão envidraçado duplo, esta deverá ser
feita considerando que a janela exterior se comporta como uma protecção exterior adicional
relativamente ao conjunto janela interior + dispositivo de protecção.

Exemplo (determinação de factores solares):


Considere-se que temos uma caixilharia dupla, em que janela interior está equipada com vidro
simples incolor, a exterior com vidro duplo incolor e em que existe uma persiana de réguas plásticas
de cor clara entre as janelas (caixa-de-ar).
Para a janela interior tem-se: gvidro=0,85; ginverno=0,70; g100%=0,07 (obtido directamente do quadro V.4 do
RCCTE, considerando a persiana uma protecção exterior), e o vidro exterior irá conferir um factor solar
adicional de 0,75 (gvidro). Assim, para o conjunto formado pelas duas janelas calcula-se:
gvidro = 0,85 x 0,75 = 0,64;
ginverno = 0,70 x 0,75 = 0,53;
g100% = 0,07 x 0,75 = 0,05.

F6. Como se devem avaliar os factores de sombreamento dos vãos envidraçados?

Quando o PQ não possua informação que lhe permita aplicar o método detalhado conforme
previsto no RCCTE, pode aplicar as simplificações previstas no Despacho nº 11020/2009, que
prevê apenas 3 graus de sombreamento: sem sombreamento, sombreamento normal/standard,
fortemente sombreado, sendo a diferença entre os últimos dois a existência de um obstáculo
que provoque um ângulo de sombreamento maior que 45º. Para efectuar esta análise, o PQ
pode recorrer a método expeditos, tais como:

Versão 1.0 - Fevereiro de 2009 28


Perguntas & Respostas
Certificação Energética de Edifícios Existentes
no âmbito do RCCTE

 Tratamento informático – Tirando fotografias que incluam o obstáculo, o vão


envidraçado e um testemunho (conforme já referido para o levantamento dimensional),
que permita ao importar para uma ferramenta de desenho avaliar com algum rigor o
ângulo de sombreamento;

 Transparência – Desenhar numa transparência, vários ângulos, à semelhança do que


acontece num esquadro técnico, de forma a sobrepor a referida transparência sobre o
obstáculo, a uma certa distância.

Com alguma experiência o PQ intuitivamente já consegue reconhecer o ângulo de


sombreamento de um determinado vão envidraçado. No entanto, devido à necessidade de
recolher evidências, recomenda-se qualquer um dos métodos acima descritos, acompanhado
do respectivo levantamento dimensional.

F7. No âmbito de uma certificação, foi identificada a existência de um envidraçado


preenchendo a totalidade do vão (sem caixilho). Como deve o PQ proceder na
determinação do Uwdn e da fracção envdraçada Fg?

Para a determinação do coeficiente de transmissão térmica, pode recorrer à publicação ITE 50


(Coeficientes de Transmissão Térmica de Elementos da Envolvente de Edifícios),
nomeadamente no que respeita à utilização da condutibilidade térmica do material em causa
(usualmente vidro).
No que respeita à determinação da fracção envidraçada e atendendo a que no caso
mencionado, não existe qualquer caixilho, o valor a utilizar para este parâmetro deve ser de 1.

Versão 1.0 - Fevereiro de 2009 29


Perguntas & Respostas
Certificação Energética de Edifícios Existentes
no âmbito do RCCTE

G - Classe de inércia térmica


G1. O que é que deve ser considerado como “revestimento de piso flutuante”?
Como se pode fazer uma verificação expedita no local para detectar a sua
presença? De que forma poderá afectar a inércia térmica da fracção/edifício em
análise?

Um revestimento de piso flutuante consiste num revestimento separado da estrutura do


pavimento através de uma camada resiliente em geral contínua (na maioria dos casos com
espessura superior a 2mm). A aplicação desta camada tem benefícios ao nível do
comportamento acústico por permitir o aumento de isolamento aos sons de condução por
percussão. No entanto, em função da sua condutibilidade térmica e respectiva espessura,
poderá afectar os valores de inércia térmica.
A título de exemplo apresentam-se alguns materiais que habitualmente compõem a camada
resiliente:

Aglomerado de Espuma de Granulado de Granulado de Tecido de vidro com


cortiça natural polietileno Borracha Borracha com betuminoso e
cortiça acabamento em tecido
de polipropileno

Quando temos soalho ou revestimento de piso flutuante, este tipo de solução identifica-se caso
se verifique um ruído aéreo oco (“ruído de tambor”) quando se sujeita o revestimento de piso
ao impacto, por exemplo, de um objecto sólido denso. No caso de revestimentos compostos
por madeira ou mosaico cerâmico aplicado/colado directamente sobre a laje ou sobre uma
lajeta flutuante, não se obtém esse tipo de som oco.
A determinação da classe de inércia térmica Interior, de acordo com o Anexo VII do RCCTE,
depende da massa superficial útil (Msi) dos elementos que envolvem a FA e das características
do revestimento desses elementos (resistência térmica). A resistência térmica do revestimento
influencia a capacidade de armazenamento e restituição de calor dos elementos, ou seja,
influencia a inércia térmica.
Somando à resistência térmica da camada resiliente a do revestimento superficial deverá
avaliar-se se o total excede o valor de 0.14 m2.ºC/W. Se se ultrapassar esse valor, deverá
aplicar-se o factor de correcção (r) estabelecido no Anexo VII do RCCTE.
Caso a opção do PQ seja recorrer à metodologia definida na nota técnica NT-SCE01 para
determinação da classe de inércia térmica, a existência de um pavimento flutuante poderá ser
condição única para que não se possa admitir que a fracção/edifício possui inércia térmica
forte, embora se possa considerar a ressalva exposta na questão seguinte.

Versão 1.0 - Fevereiro de 2009 30


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Certificação Energética de Edifícios Existentes
no âmbito do RCCTE

G2. No caso de uma FA que, de acordo com a metodologia preconizada no Anexo


VI da NT-SCE-01, verifique todos os requisitos para que tenha inércia térmica
forte, exceptuando apenas uma pequena área de tecto com tecto falso ou uma
pequena área de pavimento com revestimento em soalho flutuante, que tipo de
inércia térmica se deve considerar?

De acordo com o Anexo VI da NT-SCE-01, só poderá ser considerada a inércia forte se forem
verificadas cumulativamente, na generalidade do edifício ou FA que se esteja a analisar, todas
as condições descritas para o efeito.
Caso existam pequenas áreas da FA que não verifiquem qualquer uma das condições
estabelecidas, e seja entendimento do PQ que poderá estar na presença de uma FA com
inércia térmica forte, deverá recorrer à metodologia de cálculo preconizada no RCCTE para
confirmar esse facto. Caso contrário terá de considerar para efeito de cálculo Inércia Média.
Exemplo 1:
O PQ está a certificar uma FA com uma área útil de 100m2, em que se verificam todas as condições
descritas no Anexo VI da NT-SCE-01 para que a inércia térmica possa ser considerada forte, com
excepção dos halls, com uma pequena área com tecto falso.
Neste caso, uma vez que existe uma área de halls, os quais fazem parte integrante da área útil da fracção
em análise, que não cumpre uma das condições estabelecidas na NT-SCE-01 para que possa ser
considerada Inércia Térmica Forte, o PQ deverá considerar para efeito de cálculo Inércia Térmica Média.
Caso o PQ considere, uma vez que a área em incumprimento representa apenas uma pequena parte da área
útil de pavimento, que poderá estar na presença de uma FA com inércia térmica forte, deverá recorrer à
metodologia de cálculo preconizada no RCCTE para determinar a classe de inércia térmica.

Versão 1.0 - Fevereiro de 2009 31


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Certificação Energética de Edifícios Existentes
no âmbito do RCCTE

H - Sistemas de colectores solares e energias renováveis


H1. Estou a efectuar a certificação energética de uma moradia unifamiliar existente
cujo painel solar térmico certificado foi instalado em 2 de Julho de 2009, por
um técnico acreditado pela DGEG e com um contrato de manutenção válido
por 1 ano, renovável anualmente. Como devo considerar a contribuição do
valor de Esolar?

De acordo com o ponto 18 do Despacho 11020/2008, uma vez que o colector solar térmico foi
instalado após a entrada em vigor do RCCTE, para que seja considerado o valor de Esolar,
deve cumprir cumulativamente com as condições enunciadas no ponto 4 do Anexo VI do
RCCTE. Neste caso, não é cumprida a garantia de manutenção do sistema em funcionamento
eficiente por um por um período mínimo de 6 anos, como tal não deve ser contabilizado o valor
de Esolar.
Caso o sistema solar tivesse sido instalado antes da entrada em vigor do RCCTE e uma vez
que possui um contrato de manutenção válido (mesmo que não tendo a validade de 6 anos),
então a sua contribuição poderia ser considerada. Uma vez que o colector é certificado, então
essa contribuição tem necessariamente de ser calculada usando o software SolTerm versão
5.0 ou superior.

H2. Caso esteja na presença de um painel solar térmico não certificado que foi
instalado antes de 3 de Julho de 2006 (data de entrada em vigor do RCCTE),
qual a regra expedita para verificar se o factor de redução de ganhos devido ao
sombreamento é inferior a 1, ou seja, para verificar se a parcela do Esolarref vai
ser afectada devido ao sombreamento?

Se o ângulo de sombreamento provocado por eventuais obstruções do horizonte for


claramente inferior a 30º, então o factor de sombreamento será igual a 1, independentemente
das bandas de azimute em que ocorram as obstruções. Note-se que, caso o painel fosse
certificado, o Esolar deveria ser calculado com recurso ao software SolTerm versão 5.0 ou
superior e, consequentemente, o sombreamento definido de acordo com a metodologia
prevista nesse software.

Exemplo:

 < 30º

Versão 1.0 - Fevereiro de 2009 32


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Certificação Energética de Edifícios Existentes
no âmbito do RCCTE

H3. Se a moradia a certificar possuir unidades de microprodução de energia


eléctrica instaladas, que utilizem fontes de energia renováveis, de que forma se
pode contabilizar a sua contribuição no cálculo regulamentar? Posso
contabilizar nesse cálculo a parcela vendida à rede?

A contribuição de outros sistemas que utilizem energias renováveis para além do solar térmico
poderá ser utilizada no cálculo do Nac, devendo respeitar o preconizado no RCCTE. Se nesse
cálculo, o valor de Eren for superior à parcela Qa/, em que Qa representa energia útil
despendida com sistemas convencionais de preparação de AQS e a a eficiência de conversão
desses sistemas de preparação de AQS, a parte excedente de energia (Eren_exc) poderá ser
utilizada no cálculo do Ntc, devendo ficar associada às parcelas relativas às necessidade de
aquecimento e de arrefecimento. No caso de sistemas fotovoltaicos recomenda-se que o
cálculo do Eren seja efectuado com recurso ao Solterm.
Deste modo, para efeitos de cálculo do Ntc, deverá proceder-se de acordo com o indicado
abaixo:
1) Calcular o Nac, considerando uma parcela de Eren até a um valor máximo de Qa/a;
2) Calcular o Ntc, efectuando uma repartição da parcela excedente do Eren (Eren_exc) nas
parcelas correspondentes às necessidades de aquecimento e arrefecimento, de acordo
com a seguinte expressão, tendo-se o cuidado de que o resultado de cada uma das
parcelas não pode tomar valores negativos:

Nic Eren _exc Nvc Eren _exc


𝑁𝑡𝑐 = 0,1. Nic − . /𝑖 . Fpui + 0,1. Nvc − . /𝑣 . Fpuv + Nac. Fpua
Nic + Nvc Ap Nic + Nvc Ap

É de notar que se o sistema de microprodução de energia eléctrica foi instalado no âmbito do


programa de incentivo “Renováveis na hora”, a parcela de energia captada passível de ser
vendida poderá ser considerada para efeitos do cálculo do Nac e Ntc.

Versão 1.0 - Fevereiro de 2009 33


Perguntas & Respostas
Certificação Energética de Edifícios Existentes
no âmbito do RCCTE

I- Sistemas de climatização e preparação de AQS

I1. Tendo em conta que os sistemas de climatização só devem ser considerados


caso não possuam uma natureza provisória, que rendimentos se devem
considerar no cálculo do Ntc caso se verifique a inexistência de sistemas ou
que os mesmos tenham um carácter provisório (como por exemplo os
aparelhos de ar condicionado ou os aquecedores a gás portáteis)?

Quando os sistemas de climatização, identificados durante a visita à FA/edifício, possuem uma


natureza provisória/móvel, deverá encarar-se o estudo de forma equivalente àquela em não
existem equipamentos, ou seja, para efeitos de cálculo deverão ser considerados os sistemas
por defeito. Deste modo, as eficiências a considerar deverão ser as indicadas no RCCTE, e
cujos valores constam também na primeira coluna do Quadro XII do Anexo VIII da NT-SCE-01.
Note-se que, nestes casos, os valores de eficiência não terão de ser alterados em função da
idade do edifício.

I2. Qual o procedimento recomendado no caso da FA ou edifício a certificar


apresentar dois ou mais sistemas de climatização em que é possível identificar
os compartimentos servidos por cada um deles?

No caso da FA ser servida por mais do que um sistema de climatização, o PQ deverá tentar
identificar as áreas servidas por cada um dos sistemas e dividir de forma ponderada, no cálculo
do Ntc, as respectivas necessidades nominais de climatização, pelos diversos sistemas
instalados.

Versão 1.0 - Fevereiro de 2009 34


Perguntas & Respostas
Certificação Energética de Edifícios Existentes
no âmbito do RCCTE

Considerando por exemplo que temos dois sistemas distintos para aquecimento e apenas um
para arrefecimento, a fórmula de cálculo do Ntc passará a ter a seguinte configuração:

𝐴 𝐴
𝑁𝑖𝑐 × 𝐴1 𝑁𝑖𝑐 × 𝐴2
𝑝 𝑝 𝑁𝑣𝑐
𝑁𝑡𝑐 = 0.1 × × 𝐹𝑝𝑢𝑖 1 + × 𝐹𝑝𝑢𝑖 2 + 0.1 × × 𝐹𝑝𝑢𝑣 + 𝑁𝑎𝑐 × 𝐹𝑝𝑢𝑎
𝜂𝑖1 𝜂𝑖2 𝜂𝑣

Onde:
A1 – área que se encontra servida pelo sistema de climatização 1;
A2 – área que se encontra servida pelo sistema de climatização 2;
Ap – área útil de pavimento (Ap = A1 + A2);
i1 – eficiência nominal do sistema de climatização 1;
i2 – eficiência nominal do sistema de climatização 2;
Fpui1 – factor de conversão entre energia útil e energia primária do sistema de climatização 1;
Fpui2 – factor de conversão entre energia útil e energia primária do sistema de climatização 2.

No caso da FA a certificar possuir dois, ou mais, sistemas de climatização a servir toda a


fracção em simultâneo, o PQ deverá assumir que o proprietário irá optar pelo sistema que
conduz a uma melhor desempenho energético (em termos de Ntc), pelo que deverá ser esse o
sistema a considerar para efeitos de cálculo.

Exemplo 1:
O PQ está a certificar uma FA com uma área útil de 100m2, em que todas as divisões dispõem de um
sistema de aquecimento central com recurso a radiadores apoiados por uma caldeira mural, à
excepção da sala, com uma área de 30 m2, que possui um sistema de climatização do tipo bomba de
calor.
Neste caso, o que o PQ deverá considerar é que, durante a estação de aquecimento, 70% da fracção é
servida por um sistema baseado em radiadores apoiados por cadeira e que 30% é servida pelo sistema do
tipo bomba de calor, ou seja:

70 30
𝑁𝑖𝑐 × 𝑁 ×
𝑁𝑡𝑐 = 0.1 × 100 × 0.086 + 𝑖𝑐 100 × 0.29 + 0.1 × 𝑁𝑣𝑐 × 𝐹 + 𝑁 × 𝐹
𝑝𝑢𝑣 𝑎𝑐 𝑝𝑢𝑎
𝜂𝑖1 𝜂𝑖2 𝜂𝑣

Exemplo 2:
O PQ está a certificar uma FA com uma área útil de 100 m2, em que todas as divisões dispõem em
simultâneo de aquecimento central com recurso a radiadores apoiados por uma caldeira mural ( =
0,87) e bombas de calor ( = 4.00).
No cálculo do Ntc para a respectiva fracção, deverá optar-se pelo sistema que origine a melhor classe
energética.
Essa avaliação poderá ser efectuada da seguinte forma:
𝐹𝑝𝑢𝑖 0,086
𝐶𝑎𝑙𝑑𝑒𝑖𝑟𝑎 𝑚𝑢𝑟𝑎𝑙 ⟹ = = 0,0989
𝜂𝑖1 0,87

Versão 1.0 - Fevereiro de 2009 35


Perguntas & Respostas
Certificação Energética de Edifícios Existentes
no âmbito do RCCTE

𝐹𝑝𝑢𝑖 0,29
𝐵𝑜𝑚𝑏𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟 ⟹ = = 0,0725
𝜂𝑖2 4
Uma vez que quanto menor for esta relação melhor desempenho energético terá o sistema, deverá
considerar-se para efeito de cálculo a bomba de calor, ou seja,
𝑁𝑖𝑐 𝑁𝑣𝑐
𝑁𝑡𝑐 = 0,1 × × 0,29 + 0,1 × × 𝐹𝑝𝑢𝑣 + 𝑁𝑎𝑐 × 𝐹𝑝𝑢𝑎
4 𝜂𝑣

I3. Qual o procedimento recomendado caso a fracção disponha apenas de, por
exemplo, um sistema do tipo bomba de calor a servir a sala, não possuindo
nenhum outro sistema de climatização na restante fracção?

No caso de apenas parte da fracção autónoma ser servida por um sistema de climatização, o
PQ deverá tentar identificar a área servida por esse sistema e, no cálculo do Ntc, fazer uma
ponderação de áreas com vista à atribuição da percentagem das necessidades nominais de
energia útil adstritas a este sistema, sendo a restante parcela servida pelo sistema por defeito
aplicável, de acordo com o RCCTE.
O PQ nunca poderá deixar de considerar o sistema por defeito para fazer face à parcela das
necessidades de climatização que não são satisfeitas pelo sistema efectivamente instalado.
No caso da presença de um sistema de climatização durante a estação de aquecimento que
sirva apenas parte da fracção, a fórmula de cálculo do Ntc passa a ter a seguinte configuração:

𝐴 𝐴
𝑁𝑖𝑐 × 𝐴1 𝑁𝑖𝑐 × 𝐴2
𝑝 𝑝 𝑁𝑣𝑐
𝑁𝑡𝑐 = 0,1 × × 𝐹𝑝𝑢𝑖 + × 0,29 + 0,1 × × 𝐹𝑝𝑢𝑣 + 𝑁𝑎𝑐 × 𝐹𝑝𝑢𝑎
𝜂𝑖 1 𝜂𝑣

Onde:
A1 – área que se encontra servida pelo sistema de climatização 1;
A2 – área que não se encontra servida por nenhum sistema de climatização;
Ap – área útil de pavimento (Ap = A1 + A2);
i1 – eficiência nominal do sistema de climatização 1;
Fpui1 – factor de conversão entre energia útil e energia primária do sistema de climatização 1.

I4. Estou a efectuar a Certificação Energética de uma fracção de serviços, sem


sistemas de climatização instalados, em que não existe rede de distribuição de
águas quentes sanitárias. Que valores devo considerar para Na e Nac no
cálculo do desempenho energético?

Para este caso deverá considerar nulo o valor de Na e Nac.

Versão 1.0 - Fevereiro de 2009 36


Perguntas & Respostas
Certificação Energética de Edifícios Existentes
no âmbito do RCCTE

I5. E no caso de uma fracção de habitação que não disponha de rede (interna) de
distribuição de águas quentes sanitárias, que valores devo considerar para Na
e Nac no cálculo do desempenho energético?

Para fracções de habitação, deve considerar-se por defeito, no cálculo de Na e Nac, a


eficiência de um termoacumulador eléctrico com 50mm de isolamento térmico, em coerência
com o preconizado no RCCTE.

I6. Fui efectuar uma visita técnica a uma fracção residencial em que se encontram
instalados sistemas de climatização e de AQS. Como devo proceder para
avaliar a eficiência dos equipamentos? Em que circunstâncias poderei recorrer
aos valores por defeito previstos no RCCTE e na NT-SCE-01?

Os equipamentos de climatização e AQS possuem normalmente uma chapa identificativa do


modelo instalado, sendo geralmente possível obter a potência e a eficiência, mediante consulta
do fabricante do aparelho. Poderão também ser utilizadas outras fontes credíveis como o site
da Eurovent, em www.eurovent-certification.com ou www.boilers.org.uk.

No caso de sistemas de climatização, como o caso de ar condicionado (bombas de calor) é a


unidade exterior que fornece os dados necessários para efectuar a análise de acordo com o
RCCTE (inclusive para verificar se não é ultrapassado o limite dos 25kW de potencia térmica
de climatização instalada).
No caso de excepcionalmente não ser possível identificar a unidade exterior, poderá em
alternativa, o PQ recorrer à identificação das unidades interiores e com base nessa informação
procurar qual a referência da unidade exterior, admitindo que será possível validar que essa
referência é única.

No caso de sistemas de AQS, como é o caso de esquentadores ou caldeiras, a chapa


identificativa encontra-se habitualmente no interior da capa protectora do aparelho, sendo
visível mediante observação pela parte inferior do equipamento.

Versão 1.0 - Fevereiro de 2009 37


Perguntas & Respostas
Certificação Energética de Edifícios Existentes
no âmbito do RCCTE

Esquentador Chapa identificativa

Indicação do local onde, correntemente se encontra a chapa identificativa

Um dos pontos complementares na identificação da eficiência de um equipamento de AQS é a


existência ou não de isolamento na tubagem. Caso seja possível avaliar a existência deste
isolamento, a mesma deve ser comprovada através de fotografias, como ilustrado na imagem
seguinte.

Versão 1.0 - Fevereiro de 2009 38


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Certificação Energética de Edifícios Existentes
no âmbito do RCCTE

Caso não seja possível evidenciar a existência de isolamento na tubagem, a eficiência a


considerar no cálculo deve ser agravada em 0,10, conforme indicado no D.L. 80/2006. Por
exemplo, considerando o esquentador indicado nas fotografias, de acordo com os dados do
fabricante obtemos tem uma eficiência a 30% da carga nominal de 75%.

Se considerarmos que a rede de distribuição de AQS não possui isolamento, obtemos uma
eficiência de 0,65.
Caso não seja possível obter a chapa identificativa do aparelho, ou obter outra fonte de
informação como por exemplo catálogos técnicos, mas é conhecida a marca do mesmo,
deverá o PQ tentar contactar o fabricante do equipamento, no sentido de obter os parâmetros
necessários à determinação da eficiência. Se após, estes procedimentos, que devem estar
devidamente evidenciados, continuar a existir ausência de informação, então o PQ poderá
utilizar as eficiências dos equipamentos de climatização e AQS previstas no Anexo VIII do
Despacho nº 11020/2009. Nesta situação e concretamente nos casos de sistemas de
preparação de AQS, os valores na tabela do Despacho já consideram que a tubagem não está
isolada. Se o PQ fizer evidência de que a referida tubagem está isolada (de acordo com o
definido para o efeito no RCCTE), este valor poderá ser acrescido de 0,10.

I7. No caso de uma fracção existente sem instalação de qualquer sistema de


preparação de AQS, mas em que existe rede de abastecimento de gás, que
sistema de apoio se deve considerar no cálculo?

Conforme previsto no nº 3 do Anexo VI do RCCTE, “Caso não esteja definido, em Projecto, o


sistema de produção de AQS, considera-se que a fracção autónoma vai dispor de um
termoacumulador eléctrico com 5 cm de isolamento térmico (=0,90) em edifícios sem
alimentação de gás ou um esquentador a gás natural ou GPL (=0,50), quando estiver previsto
o respectivo abastecimento”, pelo que neste caso deverá ser considerada a existência de um
esquentador com =0,50.

Versão 1.0 - Fevereiro de 2009 39


Perguntas & Respostas
Certificação Energética de Edifícios Existentes
no âmbito do RCCTE

I8. Como se pode evidenciar que a tubagem de distribuição de AQS se encontra


isolada conforme preconizado no RCCTE, ou seja, “com pelo menos 10mm de
isolamento térmico (ou resistência térmica equivalente da tubagem
respectiva)”?

Para evidenciar a existência de isolamento da rede de distribuição de água quente interna à


fracção com, pelo menos, 10 mm de isolamento térmico (ou resistência térmica equivalente),
devem ser fornecidos elementos comprovativos do tipo de tubagem e/ou isolamento, como
sejam:

 a apresentação da ficha técnica da habitação devidamente autenticada pelo promotor


imobiliário e técnico responsável de obra, com indicação do isolamento térmico da rede
de distribuição de águas quentes da fracção;

 a apresentação de pormenores do projecto águas, devidamente autenticado pelo


técnico respectivo, onde exista referência ao isolamento da rede do isolamento térmico
da rede de distribuição de águas quentes da fracção

 a apresentação de um relatório fotográfico da fase de execução da obra, acompanhado


da ficha técnica da tubagem, que evidencie este aspecto.

I9. Qual o entendimento sobre quais os compartimentos que deverão ser


climatizados para consideração de uma fracção totalmente climatizada?

Considera-se que a fracção é totalmente climatizada quando a mesma dispõe de sistemas de


climatização em todos os seus compartimentos principais, a saber, quartos, salas, etc….
Considerando que as cozinhas e instalações sanitárias usualmente não dispõem de sistemas
de climatização, mas que as mesmas se encontram usualmente em depressão em relação aos
restantes compartimentos, é comummente aceite que as mesmas sejam indirectamente
consideradas climatizadas, apesar de não disporem de sistema de climatização.

I10. Qual o procedimento para o cálculo do parâmetro Nac no caso fracções


servidas por vários sistemas de produção de AQS?

Durante a visita à fracção o PQ deverá averiguar como se realiza a distribuição de AQS a partir
dos diversos sistemas e que instalações sanitárias servem. Com base nessa análise e em
função da tipologia e consumos previstos, o PQ deverá fazer uma distribuição desses
consumos para cada um dos sistemas identificados.

Exemplo 1:
O PQ está a certificar uma FA com uma área útil de 250m2, de tipologia T5, que dispõe de 2 sistemas
de produção de AQS. O 1º sistema é constituído por uma caldeira a gás natural, com 50 a 100mm de
isolamento (η=0,82), cuja rede de distribuição se encontra isolada com pelo menos 10mm de
isolamento e o 2º sistema por um termoacumulador eléctrico, com 50 a 100mm de isolamento
(η=0,90), cuja rede não se encontra isolada. Foi possível identificar que a fracção dispõe de 4
instalações sanitárias, das quais 3 são servidas pelo 1º sistema e a última pelo 2º sistema. A fracção
não dispõe de painéis solares nem de sistemas de aproveitamento de energia renovável.

Versão 1.0 - Fevereiro de 2009 40


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Certificação Energética de Edifícios Existentes
no âmbito do RCCTE

Neste caso, o que o PQ deverá fazer uma distribuição do consumo total (240 litros) ponderado por cada um
dos sistemas e instalações sanitárias servidas.

Consumo afecto ao 1º sistema


3
× 240 × 4187 × 45 × 365
𝑄𝑎1 = 4 = 3438 𝑘𝑊ℎ/𝑎𝑛𝑜
3600000
Consumo afecto ao 2º sistema
1
× 240 × 4187 × 45 × 365
𝑄𝑎2 = 4 = 1146 𝑘𝑊ℎ/𝑎𝑛𝑜
3600000

Necessidades de energia para preparação das AQS – 1º sistema

3438
0,82 − 0 − 0
𝑁𝑎𝑐1 = = 16,77𝑘𝑊ℎ/𝑚2 . 𝑎𝑛𝑜
250

Necessidades de energia para preparação das AQS – 2º sistema

1146
−0−0
0,80
𝑁𝑎𝑐2 = = 5,73𝑘𝑊ℎ/𝑚2 . 𝑎𝑛𝑜
250

𝑁𝑖𝑐 𝑁𝑣𝑐
𝑁𝑡𝑐 = 0.1 × × 𝐹𝑝𝑢𝑖 + 0.1 × × 𝐹𝑝𝑢𝑣 + 16,77 × 0,086 + 5,73 × 0,290
𝜂𝑖 𝜂𝑣

Versão 1.0 - Fevereiro de 2009 41


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Certificação Energética de Edifícios Existentes
no âmbito do RCCTE

J - Medidas de melhoria

J1. Tenho mesmo de efectuar sempre um estudo de medidas de melhoria do


imóvel?

Sim, esta é uma obrigação do perito qualificado, conforme estipulado nos pontos 1 e 2 do
Anexo IX do Despacho 11020/2009 de 30 de Abril. O estudo de medidas é integrante parte das
metodologias do SCE, pelo que as situações de incumprimento desta obrigação enquadram-se
no previsto na alínea e), do nº1, do Art. 14º do SCE e são passíveis de coima num montante
entre €250 e €3740,98.

J2. Devo avaliar a existência de patologias derivadas do comportamento térmico


do edifício?

O ponto 22 do Despacho 11020/2009 prevê uma hierarquia para a análise de medidas


correctivas ou de melhoria, que define como indispensável e prioritária a avaliação das
patologias nos edifícios resultantes da existência de zonas preferenciais de trocas térmicas
com o ambiente exterior. Caso existam situações dessa natureza, é obrigação do perito
qualificado identificar e caracterizar possíveis soluções correctivas e descrevê-las no estudo de
medidas de melhoria e no certificado energético.

J3. Como proceder se o estudo de medidas realizado revelar que não faz sentido
incluir qualquer medida no certificado?

A ausência de propostas de melhoria no certificado deve ser sempre detalhadamente


justificada pelo perito na zona do certificado relativa a “Pressupostos e observações a
considerar na interpretação da informação apresentada” que consta logo após o campo 4 do
mesmo. De notar que a não inclusão no certificado de medidas não pode resultar ausência do
estudo de qualquer medida.
Nestes casos, o perito deve identificar, também na zona relativa a “Pressupostos e
observações a considerar na interpretação da informação apresentada” cada uma das medidas
de melhoria que estudou mas que optou por não incluir e detalhar no certificado, juntamente
com uma justificação para a respectiva não inclusão.

J4. De que forma deve ser evidenciado o estudo de medidas de melhoria?

Preferencialmente, o estudo deve ser evidenciado na forma de um relatório, onde fique claro
que o perito analisou de forma sistemática e detalhada, as oportunidades de melhoria de
desempenho. O relatório deve:

1) Demonstrar que o estudo realizado pelo PQ respeitou a hierarquia obrigatória definida


no n.º 22 do Despacho 11020/2009 de 30 de Abril, nomeadamente: i) correcção de
patologias; ii) redução das necessidades; iii) utilização de energias renováveis e; iv)
melhoria da eficiência dos sistemas. Se aplicável, deve também incluir outros aspectos
como medidas de melhoria da salubridade e conforto dos espaços, medidas

Versão 1.0 - Fevereiro de 2009 42


Perguntas & Respostas
Certificação Energética de Edifícios Existentes
no âmbito do RCCTE

comportamentais, etc. O relatório deve incluir um tópico específico para cada um destes
tipos de medidas;

2) Elencar todas as medidas estudadas em cada um dos tópicos, distinguindo aquelas que
não foram consideradas para inclusão no certificado (justificando a razão para tal) e
aquelas que foram integradas no certificado;

3) Explicitar, para cada uma das medidas estudadas, os pressupostos e características


técnicas consideradas no respectivo estudo, garantindo a necessária coerência entre as
soluções técnicas propostas, o investimento estimado e as poupanças previstas. Deve
ser referido de que forma o perito considerou questões como os custos de mão de obra,
os custos de financiamento, o recurso a apoios ou incentivos, eventuais condicionantes
técnicas ou práticas, etc.

Em alternativa à elaboração do relatório, pode o PQ optar por incluir toda a informação acima
referida no próprio certificado. Nesta opção, o PQ deve ter particular atenção na verificação de
que todos os elementos requeridos estão efectivamente incluídos no certificado e que os
mesmos permitem uma verificação posterior detalhada em contexto de fiscalização.
O estudo de medidas de melhoria, em particular os pressupostos assumidos e as
características técnicas das soluções estudadas, será um dos elementos de verificação
obrigatória em contexto das acções de fiscalização realizadas no âmbito do artigo 12.º do D.L.
78/2006 de 4 de Abril.
Caso o perito opte pela elaboração de um relatório ou documento à parte com o estudo das
medidas, o mesmo deverá ser disponibilizado ao proprietário, juntamente com o certificado
energético emitido.

J5. Na visita à habitação a certificar, verifiquei que existem algumas medidas de


melhoria possíveis de implementar mas nenhuma delas apresenta viabilidade
económica. Deve, mesmo assim, colocá-las no certificado?

Sim. As considerações e ou justificações deverão ser indicadas no campo de pressupostos e


observações referindo que as medidas consideradas, apesar de terem um período de retorno
elevado, são medidas que têm outras vantagens como um aumento do conforto térmico, uma
melhoria as condições de habitabilidade da fracção, etc..
O PQ deve ter como princípio não omitir este tipo de informação do proprietário actual e dos
proprietários futuros, pois estes poderão querer implementar as medidas, independentemente
da sua viabilidade económica, apenas tendo em conta outros factores como o conforto ou
salubridade do espaço. Essa situação que só pode ser garantida mediante a explicitação desta
informação no certificado.

J6. Vou a proceder à certificação de uma fracção de um edifício que, embora seja
considerado existente, é muito recente e inclusive sei que cumpre com o D.L.
80/2006. Neste caso, necessito de me preocupar com o estudo de medidas de
melhoria?

Independentemente das condições particulares do edifício ou fracção, o PQ deve sempre ter


em atenção e realizar o estudo de medidas de melhoria do mesmo. Esse é um objectivo

Versão 1.0 - Fevereiro de 2009 43


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no âmbito do RCCTE

explícito do SCE, definido na alínea c) do Art.º 2º do D.L.78/2006, sendo obrigação do PQ zelar


pelo seu cumprimento.
Assim, também neste caso, o PQ deve procurar identificar e caracterizar potenciais medidas de
melhoria. Dado o contexto particular, o PQ pode realizar este estudo na perspectiva que o CE
emitido terá uma validade de 10 anos e que, mais adiante nesse período de tempo (não no
imediato), o proprietário deve poder encontrar informação relevante no documento que o
oriente numa acção de remodelação ou alteração do imóvel. Por exemplo, aspectos como a
instalação de dispositivos de sombreamento, a mudança de caixilharia e/ou envidraçados, a
integração de energias renováveis ou a alteração dos equipamentos de conversão energética,
são tudo medidas que podem aparentar não fazer sentido no imediato para um edifício recém-
construído, mas que poderão ser úteis para um futuro proprietário daqui a 5 ou mais anos,
quando este realizar uma intervenção de remodelação.
De notar que o Despacho 11020/2009 de 30 de Abril, prevê um conjunto de outras situações
que também não podem servir de justificação para o estudo de medidas, nomeadamente:
 Não obrigatoriedade da inclusão de medidas no certificado;
 Urgência de resposta a um pedido de certificação do proprietário;
 Indicação explícita por parte do proprietário para não estudar medidas;
 A não alteração da classe energética.

J7. Quando estou a fazer a análise económica de medidas de melhoria, de que


forma devo efectuar o cálculo do período de retorno para constar no estudo de
melhorias e no campo 4 do certificado?

Não existe um método único e fixo para o cálculo do período de retorno. Para este efeito, é
essencial o perito explicitar claramente, no estudo e no relatório, todos os pressupostos que
considerou, incluindo aspectos como:

 as formas de energia (electricidade, gás, etc.) utilizadas nos cálculos, em particular e


para cada uma deles, os seguintes elementos:

 tarifa / preço
 conteúdo energético (p.e. PCI)
 consumo evitado com a medida proposta
 eventuais consumos adicionais por alteração da forma de energia utilizada (por
exemplo, consumo de gás em substituição do anterior consumo em electricidade).

 os preços ou valores de referência consideradas para o investimento associado a


implementação, indicando se os mesmos incluem (ou não):

 Materiais
 Mão de obra
 Operação
 Manutenção, etc.

Versão 1.0 - Fevereiro de 2009 44


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 Eventuais parâmetros utilizados na análise financeira de cada uma ou de todas as


medidas, como por exemplo, incentivos, inflação, deriva do preço da energia
substituída, taxa de actualização, custos e/ou juros de financiamento, etc..

O D.L. 79/2006 define uma fórmula de cálculo do período de retorno simples (PRS) que poderá
ser utilizada para este efeito e que considera que:

𝐶𝑎
𝑃𝑅𝑆 = 𝑃1

Ca – Custo adicional de investimento, calculado pela diferença entre o custo inicial da solução
base, isto é, sem alternativa de maior eficiência energética, e o da solução mais eficiente,
estimada aquando da construção do sistema, com base na melhor informação técnica e
orçamental ao dispor do projectista;
P1 – Poupança anual resultante da aplicação da alternativa mais eficiente, estimada com base
em simulações anuais, detalhadas ou simplificadas do funcionamento do edifício e seus
sistemas energéticos, conforme aplicável em função da tipologia e área útil do edifício, nos
termos do presente do presente Regulamento, da situação base e da situação com a solução
mais eficiente.

Versão 1.0 - Fevereiro de 2009 45


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K - Regras práticas

K1. Quais os elementos/documentação que deverão ser solicitados ao proprietário


para efeito de emissão do CE?

A documentação solicitada deve ser adequada às características da fracção em estudo e


deve incluir, pelo menos os seguintes elementos:

 Cópia da caderneta predial urbana;

 Cópia da certidão de registo na conservatória:

 Telas finais do projecto de arquitectura;

 Projecto de estruturas;

 Projecto de comportamento térmico;

 Ficha técnica da habitação;

 Ficha técnica dos equipamentos instalados para a preparação de águas quentes


sanitárias;

 Ficha técnica dos equipamentos instalados para climatização;

 Documentação técnica adicional (relativa a sistemas construtivos, materiais, etc.).

Para o preenchimento dos diversos campos aquando da emissão e registo do CE na área de


acesso reservado do portal SCE é ainda necessário obter informações relativas ao nome,
morada, contacto telefónico e e-mail do proprietário.
Importa notar que é obrigação do PQ, para futura referência em contexto de fiscalização,
registar as evidências documentais que:

1) Solicitou a informação acima referida (e outra, quando aplicável) ao proprietário. Tal


poderá ser evidenciado pela cópia da(s) comunicação(ões) trocada(s) e/ou do
pedido efectuado ao proprietário para este efeito;

2) Recebeu a totalidade ou parte da informação solicitada, mediante inclusão, no


processo, de cópia dos elementos fornecidos pelo proprietário;

3) Obteve autorização do proprietário para a reprodução e utilização daquela


informação (em particular, dos registos na Conservatória e da Caderneta predial, ou
outra informação que possa ser considerada sensível).

A informação fornecida verbalmente pelo proprietário que não possa ser constatada pelo PQ
no local (com recolha da respectiva evidência fotográfica ou de outro tipo sobre a mesma) não
constitui evidência válida.

Versão 1.0 - Fevereiro de 2009 46


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K2. De que forma devo formalizar o acordo com o cliente para certificação do
respectivo imóvel?

O acordo entre o proprietário (ou seu representante) e o PQ deve ficar formalizado na forma de
um contrato que preveja os direitos e obrigações de ambas as partes no processo. Alguns
aspectos que podem estar previstos nesse contrato são:
 Prazos para execução do trabalho pelo PQ e penalizações pelo atraso no cumprimento;
 Preço acordado, forma e prazos de pagamento, incluindo agravantes ou penalizações
em caso de incumprimento;
 Descrição sucinta das acções a realizar pelo perito, como por exemplo:
 Visita/vistoria ao local
 Levantamento dimensional
 Caracterização das soluções construtivas e equipamentos instalados
 Cálculo do desempenho energético
 Estudo detalhado das medidas de melhoria
 Elaboração de um relatório síntese da peritagem e estudos realizados;
 Responsabilidade pelos custos acrescidos resultantes da necessidade de emissão de
novo certificado, em resultado da utilização de dados incorrectos fornecidos pelo
proprietário;
 Documentação que deve ser fornecida pelo proprietário, autorizando o perito a manter
um cópia para fins exclusivos de constituição do processo de peritagem junto do SCE;
 Documentação que será entregue (e em que formato) pelo PQ no final do trabalho e
que incluirá, necessariamente, o certificado, o relatório síntese e o estudo de medidas
de melhoria;
 Aceitação, pelo proprietário, que o PQ aceda ao imóvel e que proceda à recolha de
imagens para evidência de todos os elementos necessários à realização da análise e
posterior justificação às entidades fiscalizadoras do SCE;
 Disponibilidade do proprietário para, em caso de fiscalização do trabalho do perito no
imóvel em causa, ser um elemento facilitador no reunir das condições necessárias para
que se proceda a nova visita ao imóvel naquele âmbito.

K3. Qual a documentação que deverá ser entregue ao proprietário/promotor no


final do processo de certificação energética de uma fracção ou edifício?

Para além do certificado energético, o perito deve entregar também o estudo de medidas de
melhoria que realizou (ver questões J.1 e J.4) e o relatório síntese que elaborou sobre o
processo de peritagem. Para além destes elementos, o PQ deve devolver eventuais originais
de qualquer outra documentação que o proprietário lhe tenha facultado.
De notar que o certificado não deve ser emitido pelo PQ sem que o relatório síntese e o estudo
de melhorias estejam finalizados. Estes documentos serão utilizados para efeitos de verificação
do trabalho do perito e, em breve, o seu upload no Portal SCE será condição prévia a respeitar,
sem a qual o certificado não poderá ser emitido.

Versão 1.0 - Fevereiro de 2009 47


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O campo das observações no final do CE deve incluir referência explicita à existência do


relatório síntese e do estudo de medidas de melhoria como documentos complementares ao
certificado.

K4. Para que se possam considerar como válidos os elementos constantes da


Ficha Técnica da Habitação, quais os requisitos a que esta deve obedecer?

A ficha deverá estar assinada pelo Técnico Responsável da Obra e pelo Promotor Imobiliário e
os elementos nela constantes devem ser coerentes com a realidade construída e verificada no
local;

K5. A visita ao imóvel deve ser efectuada pelo PQ ou pode ser efectuada por outro
técnico que não seja o próprio PQ?

O n.º 6 do Despacho 11020/2009 de 30 de Abril refere explicitamente que “…a sua


autenticidade e actualidade (da documentação) deverão ser sempre verificadas através de,
pelo menos, uma vistoria ao local em causa, a qual deverá ser devidamente documentada
através de um relatório fotográfico do interior e do exterior do imóvel”. Está implícito nesta
exigência que tal vistoria deve ser realizada pelo próprio PQ, pois será ele que, na qualidade
de técnico com competência e experiência reconhecidas pela sua associação profissional,
deve cumprir com a missão do SCE: caracterizar e avaliar o desempenho energético do
edifício ou fracção e, igualmente importante, identificar e caracterizar as oportunidades de
melhoria desse desempenho. Realce-se que a responsabilidade pela emissão do CE é
exclusiva do PQ.

K6. Devo demonstrar que realizei a visita ao edifício ou fracção certificado? Como
fazê-lo?

O PQ deve recolher e manter as evidências necessárias à demonstração, junto do SCE, que


realizou e esteve presente na respectiva visita. Para esse efeito poderá suportar-se de:

 uma declaração assinada pelo proprietário ou cliente, de que o PQ realizou a


referida visita, indicando o dia e hora da mesma (entre outros aspectos, ver questão
K7) e/ou;

 um registo fotográfico onde seja possível identificar o PQ junto de um elemento


característico do interior da fracção ou imóvel;

Pode também ser utilizado qualquer outro documento ou solução que demonstre de forma
inequívoca a presença do PQ no local durante a visita.

K7. Quais os termos da declaração a emitir pelo proprietário?

A declaração deve ter como objectivo clarificar e salvaguardar alguns dos aspectos práticos
associados à presença do PQ no espaço privado, como por exemplo a necessidade de
recolha de imagens nesses espaços. O conteúdo da declaração deve incluir aspectos como
os indicados na minuta proposta em seguida:

Versão 1.0 - Fevereiro de 2009 48


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Declaração

Eu,_________________________________________ (nome do declarante), titular do BI /


Cartão Cidadão / Passaporte (riscar o não aplicável) com o nº _________________, e na
qualidade de * __________________________________, do imóvel sito na
_______________________________________________________ (morada), concelho de
____________________, pela presente declaro que:
 o Perito Qualificado ________________________________________________ (nome)
esteve presente no imóvel acima indicado no dia ____________________, entre as
_________ (hora início) e as __________ (hora final), onde realizou a vistoria
obrigatória para efeitos de emissão do respectivo certificado energético;
 o técnico apresentou, no momento da vistoria, o seu cartão de identificação de Perito
Qualificado com o nº ___________;
 previamente ao início da visita, o perito qualificado explicou sucintamente o objectivo e
em que consistiria a sua vistoria ao local;
 autorizo a recolha de imagens durante a vistoria unicamente para os fins de constituição
do processo de peritagem e posterior evidência, da análise e pressupostos de cálculo
assumidos, não podendo as mesmas ser reveladas a entidades terceiras à gestão e
supervisão do Sistema Nacional de Certificação Energética e da Qualidade do Ar
Interior nos Edifícios (“SCE”) sem o meu consentimento, nos termos da lei actualmente
em vigor;
 autorizo o perito qualificado a manter uma cópia de toda a documentação facultada ao
mesmo para realização da peritagem, desde que a mesma seja usada exclusivamente
para os efeitos previstos no âmbito do SCE, não sendo revelados a entidades terceiras
à sua gestão e supervisão os dados nela contidos sem o meu consentimento, nos
termos da lei actualmente em vigor.

Observações:_________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

Data: _______________________ Local: _________________________ ____ _____


Assinatura________________________________________________________ ___

* indicar a qualidade na qual está a acompanhar ou a ceder o acesso ao perito para a visita ao imóvel, por exemplo:
proprietário, co-proprietário, familiar do proprietário, agente imobiliário, etc.. No caso de estar ao serviço de alguma
empresa ou entidade, deverá discriminar a mesma no quadro seguinte:

Nome empresa/entidade: _____________________________________________________________


Endereço empresa/entidade: ______________________________________________________
______________________________________________________
Telefone de contacto: Fixo ________________________ Móvel _____________________________

Versão 1.0 - Fevereiro de 2009 49


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K8. O que acontece se, em contexto de fiscalização, não for possível realizar nova
visita ao imóvel?

O Despacho n.º 11020/2009 prevê explicitamente no ponto 23 que “…o perito deverá
diligenciar no sentido de que existam condições para a realização de uma visita futura ao
imóvel em contexto de uma eventual acção de fiscalização, na qual deverá acompanhar a
equipa fiscalizadora.”
Pode, no entanto, acontecer que, por razões que ultrapassem a vontade do perito (e que este
deve evidenciar junto da entidade fiscalizadora), não seja possível realizar a visita ao imóvel.
Para prevenir estas situações, o PQ deve sempre assegurar que, no seu processo de
peritagem, recolhe todas as evidências necessárias para cumprir com o requisito definido no
mesmo ponto do Despacho, onde consta que “deve o PQ, na sequência do processo de
certificação de qualquer fracção ou edifício, elaborar um relatório síntese do trabalho
desenvolvido, o qual deve ser sempre acompanhado das evidências que suportem todos os
elementos da análise efectuada.”.
Serão estas evidências que, nos casos em que ocorram constrangimentos à visita, a
fiscalização irá utilizar para replicar o trabalho do PQ. Este deve, por isso, recolher durante a
peritagem, todos os elementos necessários (como registos fotográficos e outros documentos)
para esse efeito. As situações em que os elementos pelo PQ à fiscalização não são adequados
e/ou suficientes para evidenciar o trabalho, poderão ser consideradas como incumprimento da
metodologia do SCE e puníveis com coima prevista na alínea e) do nº 1 do Art.º 14º do D.L.
78/2006.

K9. Que cuidados devem ser observados no preenchimento do certificado?

O preenchimento do certificado deve seguir escrupulosamente o determinado no respectivo


“Guia de procedimentos para emissão e registo de DCRs e CEs”, o qual visa garantir o
conteúdo mínimo de informação a incluir no certificado, uniformizando a forma como estes
documentos são emitidos pelos diferentes PQs.
A emissão de qualquer DCR ou CE é sempre precedida pela declaração do PQ que o
preenchimento do documento seguiu as orientações previstas no referido Guia. Este aspecto é
sujeito a verificação pela ADENE em certificados seleccionados de forma aleatória e, caso se
constate que o perito, na realidade, não cumpriu as orientações no Guia, tal assumirá carácter
de falsas declarações, sendo desencadeados mecanismos mais detalhados para averiguação
da qualidade do trabalho do perito.

K10. Se durante a visita técnica à fracção ou edifício a certificar se verificarem


discrepâncias entre o que se encontra executado e o que aparece descrito na
ficha técnica de habitação, como proceder?

Se o PQ verificar durante a visita que os dados fornecidos na ficha técnica da habitação não
correspondem ao edificado, não os poderá considerar para efeito de aplicação da metodologia
de determinação da classe energética nem utilizá-los no preenchimento do CE.
A título de exemplo, admita que o PQ mediu as espessuras das paredes e constatou que se
afastavam consideravelmente dos valores recolhidos a partir da descrição da ficha técnica de
habitação. Neste caso, o PQ deve ignorar essa informação e formular uma solução que este

Versão 1.0 - Fevereiro de 2009 50


Perguntas & Respostas
Certificação Energética de Edifícios Existentes
no âmbito do RCCTE

considere que melhor traduz a realidade existente recorrendo, se necessário, às seguintes


publicações do LNEC: ITE 50 (Coeficientes de Transmissão Térmica de Elementos da
Envolvente de Edifícios) ou ITE 54 (Coeficientes de Transmissão Térmica de Elementos
Opacos da Envolvente dos Edifícios - Soluções Construtivas de Edifícios Antigos e Soluções
Construtivas das Regiões Autónomas) (ver pergunta D.1).

Versão 1.0 - Fevereiro de 2009 51

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