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PR RCCTE Existentes Versao Final 1 0
PR RCCTE Existentes Versao Final 1 0
sobre a
no âmbito do
RCCTE
Regulamento das Características de
Comportamento Térmico dos Edifícios
Decreto-Lei n.º 80/2006, de 4 de Abril
Versão 1.0
Fevereiro de 2010
O presente documento inclui um conjunto de perguntas e respostas sobre a Certificação Energética de Edifícios
Existentes com base no Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios, conforme
Despacho n.º 11020/2009. Para além de um resumo ou transcrição dos aspectos previstos legalmente, a informação
aqui apresentada visa esclarecer sobre a forma como a legislação está a ser implementada na prática, estando, por
isso, sujeita a eventuais alterações em função da experiência adquirida e das necessárias adaptações do sistema.
Pretende-se com os conteúdos deste documento uniformizar critérios de aplicação das metodologias em vigor, de forma
a garantir a reprodutibilidade do trabalho da responsabilidade do Perito Qualificado. Este documento não dispensa a
consulta do Despacho n.º 11020/2009 publicado em Diário da República, 2.ª série – N.º 84 – 30 de Abril de 2009. Este
documento deverá ser interpretado em conjunto com as Perguntas & Respostas sobre o RCCTE (referente a edifícios
novos).
Perguntas & Respostas
Certificação Energética de Edifícios Existentes
no âmbito do RCCTE
Índice
Abreviaturas ....................................................................................................................................2
A- Âmbito de aplicação ...............................................................................................................3
B- Levantamento Dimensional ....................................................................................................8
C- Perdas de calor por condução através da envolvente........................................................... 14
D- Identificação e caracterização de soluções construtivas ....................................................... 17
E- Ventilação ............................................................................................................................. 21
F- Ganhos solares através dos vãos envidraçados ................................................................... 23
G- Classe de inércia térmica...................................................................................................... 30
H- Sistemas de colectores solares e energias renováveis ......................................................... 32
I- Sistemas de climatização e preparação de AQS .................................................................. 34
J- Medidas de melhoria ............................................................................................................ 42
K- Regras práticas .................................................................................................................... 46
Abreviaturas
AQS – Águas Quentes Sanitárias;
FA – Fracção Autónoma;
NT-SCE-01 – Nota Técnica que define o Método de Cálculo Simplificado para Certificação
Energética de Edifícios Existentes no âmbito do RCCTE, publicada no Despacho n.º
11020/2009 de 30 de Abril;
Nac - Necessidades nominais anuais de energia para produção de águas quentes sanitárias;
A - Âmbito de aplicação
emissão de uma DCR. Isto, obviamente, não significa que o projecto está dispensado do cumprimento do
RCCTE, pois este regulamento técnico entrou em vigor 90 dias após a sua publicação (4 de Abril de 2006).
Da mesma forma, no final da obra, para efeito de levantamento da Licença de Utilização, não terá de ser
apresentado o CE. Em suma, todos os processos para os quais não foram emitidas DCR, não necessitarão
de emissão de CE para obtenção da Licença de Utilização.
Sendo um edifício existente (no âmbito do RCCTE), a aplicação do SCE só é obrigatória aquando da
celebração de contrato de venda e de locação, incluindo o arrendamento. Deste modo, enquanto a moradia
em causa não for transaccionada ou arrendada não será obrigatória a emissão de um CE.
Exemplo 2:
O processo de licenciamento de um edifício multifamiliar, com uma área inferior a 1 000 m2, deu
entrada na Câmara Municipal em 2 de Julho de 2008. Em 5 de Janeiro de 2009 foram apresentados os
projectos das diferentes especialidades, tendo o processo sido aprovado, e emitido o respectivo
Alvará de Construção em 19 de Março de 2009. A obra foi concluída no final do mês de Outubro de
2009, tendo sido efectuado em 2 de Novembro de 2009 o pedido da Licença de Utilização.
Uma vez que o processo de licenciamento deu entrada depois da entrada em vigor do SCE (1 de Julho de
2008 para este caso em concreto), este edifício não poderá ser considerado um edifício existente no âmbito
do SCE.
Desta forma, o projecto de Comportamento Térmico, submetido a aprovação em 5 de Janeiro de 2009, exige
a emissão da respectiva DCR.
Da mesma forma, no final da obra, para efeito de levantamento da Licença de Utilização, será obrigatória a
apresentação do CE. Este confirmará o que foi declarado na fase de projecto, ou introduzirá as correcções
necessárias em função do efectivamente executado em obra, desde que o edifício continue a cumprir todos
os requisitos do RCCTE.
Neste caso a determinação do valor do Ntc que irá definir a respectiva classe energética terá de ser
efectuada de acordo com o RCCTE, não sendo aplicáveis as regras de simplificação estabelecidas na NT-
SCE-01.
A metodologia estabelecida no RCCTE ou, por opção do respectivo PQ e nos casos em que
seja aplicável, as simplificações estabelecidas na NT-SCE-01, são aplicáveis às seguintes
categorias de edifício ou FA (Art.º 2.º do Despacho n.º 10250/2008, de 27 de Março):
Habitação sem climatização (HsC), correspondente a edifícios de habitação ou fracções
de edifícios de habitação que não disponham de sistema de climatização ou cujo
sistema de climatização tenha uma potência térmica, correspondente à maior das
potências de aquecimento ou arrefecimento ambiente, igual ou inferior a 25 kW (CE tipo
A);
Habitação com climatização (HcC), correspondente a edifícios de habitação ou fracções
de edifícios de habitação que disponham de sistema de climatização cuja potência
térmica, correspondente à maior das potências de aquecimento ou arrefecimento
ambiente, seja superior a 25 kW (CE tipo C);
Pequenos serviços sem climatização (PeSsC), correspondente a edifícios de serviços
ou fracções de edifícios destinadas a serviços, com área útil menor ou igual a 1 000 m2
No caso da fracção a certificar englobar mais do que uma FA, tendo por esse motivo deixado
de existir uma barreira contínua entre elas, pode o PQ, após ter dado conhecimento à ADENE
da situação, emitir um só certificado, colocando no campo dos pressupostos e observações no
final do CE, a indicação que se trata de uma fracção composta por dois apartamentos e
indicando os seus artigos matriciais respectivamente.
A metodologia de cálculo a aplicar continuará a ser a estabelecida no RCCTE ou, por opção do
respectivo PQ e nos casos em que seja aplicável, as simplificações estabelecidas na NT-SCE-
01, considerando o conjunto das duas fracções como uma fracção única.
Caso o proprietário verifique que existam constrangimentos por parte das autoridades (por
exemplo: notário no acto da escritura) ao facto de ser emitido apenas um certificado, pode o
PQ emitir dois documentos diferentes (um para cada artigo) com o mesmo conteúdo, desde
que descreva a situação e razões para emissão de dois ou mais certificados nos respectivos
campos de “pressupostos e observações”.
Nesta e noutras situações verificadas pelo PQ em que não exista coerência da sua análise com
base na situação real e os elementos que constam no registo da Conservatória de Registo
Predial, na caderneta predial ou em outros documentos necessários à transacção, deve o PQ
fazer aviso formal da situação ao proprietário previamente à emissão do certificado.
Segundo o que está previsto no ponto 3 da NT-SCE-01,os PQ devem recorrer sempre à melhor
informação ao seu dispor reflectindo a realidade construída.
Deste modo, e uma vez que estamos na presença de dois espaços com utilização distinta,
deveremos proceder à análise de cada um dos espaços de forma isolada e emitir dois CE.
Deveremos determinar o valor do Ntc que irá definir a respectiva classificação energética para
a parte da fracção que está a ser utilizada para fins de serviços (partindo do pressuposto que
se trata de um PESsC) e emitir um CE referente a uma fracção de serviços. De igual modo,
deveremos determinar o valor do Ntc que irá definir a respectiva classificação energética para a
parte da fracção destinada a habitação unifamiliar e emitir um CE referente a uma fracção
residencial.
Em qualquer dos casos a metodologia a adoptar será a definida na NT-SCE-01. Nesta e
noutras situações verificadas pelo PQ em que não exista coerência da sua análise com base
na situação real e os elementos que constam no registo da Conservatória de Registo Predial,
na caderneta predial ou em outros documentos necessários à transacção, deve o PQ fazer
aviso formal da situação ao proprietário previamente à emissão do certificado. Tais situações
deverão também ser explicitadas no campo de “pressupostos e observações” dos certificados
emitidos.
O Perito Qualificado deve, por princípio, emitir um certificado que reflicta a realidade da
utilização do imóvel. A coerência dessa utilização com os documentos de registo do imóvel é
da responsabilidade do proprietário.
Neste caso, e uma vez que a fracção, apesar de definida como residencial está a ser utilizada
como escritório, o tipo de certificado a emitir será o referente a uma fracção de serviços do tipo
A, caso o sistema de climatização tenha uma potência térmica inferior ou igual a 25 kW. Se o
PQ constatar que o sistema de climatização instalado tem uma potência superior a 25 kW,
tratando-se de uma fracção de serviços, deixará de poder aplicar a metodologia estabelecida
no RCCTE e terá de passar a aplicar a metodologia prevista no RSECE, sendo o modelo de
CE a adoptar o do Tipo B e terá de ser emitido por um perito RSECE-Energia.
Nesta e noutras situações verificadas pelo PQ em que não exista coerência da sua análise com
base na situação real e os elementos que constam nos registos ou outros documentos
necessários à transacção formais (como é este caso da caderneta predial), deve o PQ fazer
aviso formal da situação ao proprietário previamente à emissão do certificado. Tais situações
deverão também ser explicitadas no campo de “pressupostos e observações” dos certificados
emitidos. Recomenda-se que só após demonstração formal pelo proprietário do entendimento
deste aspecto, deve o PQ proceder ao registo (pagamento da taxa) do certificado.
Para emissão de um CE para uma fracção ou edifício considerado como ruína ou devoluto, o
PQ deverá no Passo 0, relativo à selecção do tipo de documento a emitir e registar, seleccionar
a opção “Ruína/Devoluto”. De seguida, deverá preencher os campos que constam nos Passos
1, 2 e 3, relativos à identificação da fracção autónoma ou edifício, identificação do
proprietário/promotor e caracterização da fracção autónoma ou edifício, respectivamente. Após
o preenchimento destes campos, o documento estará concluído para posterior registo no SCE.
Para o correcto enquadramento de uma fracção ou imóvel no conceito de ruína ou devoluto,
deverá o PQ atentar ao disposto nas questões A15 e A16, das Perguntas e Respostas do SCE.
B - Levantamento Dimensional
B1. Como deverá ser evidenciado pelo PQ o levantamento dimensional de uma
fracção autónoma?
Envolvente exterior
B2. No caso de não dispor de nenhum elemento que sirva de referência ao pé-
direito, como posso evidenciar a dimensão do mesmo em situação posterior de
fiscalização e no caso de não ser possível a visita ao local?
Uma vez que não existe nenhum elemento que evidencie esta dimensão, poderá recorrer a
uma fotografia com sobreposição de fita métrica ou de um testemunho que possibilite a
extrapolação visual para a dimensão total de pé-direito, conforme ilustrado nas figuras
seguintes. É aceitável o recurso a qualquer outra forma de evidência inequívoca para
demonstrar estas dimensões.
Este tipo de procedimento poderá ser adoptado para evidenciar as dimensões de outros
elementos construtivos conforme ilustrado nas figuras seguintes.
A orientação das fachadas poderá ser evidenciada com recurso a um qualquer software
disponível na internet, como por exemplo, Google Earth, Sapo Mapas, etc.
Na planta extraída deve ser identificada a fracção autónoma em análise e deve estar bem
patenteada a orientação Norte.
De notar que a utilização de imagens obtidas através da internet conforme acima indicado, não
é aceitável para efeitos de evidência de visita ao local ou para constar no CE.
Exemplo 1:
Efectuando as medições de forma global, como se ilustra a figura, terá de ser aplicada a redução de 10% (Ap
= somatório das áreas x 0.9).
Exemplo 2:
Efectuando as medições divisão a divisão, não será necessário aplicar a redução de 10%.
Ap = 5.05 x 5.04 + 3.40 x 2.70 + 0.8 x (5.05 – 3.40) + 1.70 x 5.99 + 1.75 x 2.45 + 1.75 x 1.75 +
3.65 x 3.39 + 1.75 x (4.35 – 3.39) + 2.84 x 4.35 + 2.2 x (5.55 – 4.01) + 2.80 x 4.01
= 94.51 m2
Exemplo 3:
Efectuando as medições ao longo do perímetro, terá de ser aplicada de qualquer forma a redução de 10%.
Por essa razão recomenda-se que ao fazer o cálculo se adicionem as espessuras das paredes divisórias
intersectadas, de forma a obter um valor mais próximo do real.
Ap = [(5.04 + 0.15 + 2.70) x (3.40 + 0.15 + 2.45 + 0.15 + 1.75 + 0.15 + 3.39) + (2.80 – 1.10) x 5.50)] x 0.9
= 89.65 m2
Note-se que, neste cálculo, foi ainda desprezada a existência da reentrância devida à caixa de elevador por
esta apresentar uma profundidade inferior a 1m.
Exemplo:
Considerando que se trata de um vão envidraçado com caixilharia metálica sem corte térmico, com vidro
duplo incolor e uma persiana de cor clara pelo exterior, deve ser feita a separação entre a parte fixa (à
esquerda) e a parte giratória (à direita), às quais correspondem os coeficientes de transmissão térmica de 2.8
W/(m2.ºC) e 3.0 W/(m2.ºC), respectivamente (valores retirados do ITE50).
Se estivéssemos perante uma situação de caixilharia metálica com corte térmico, com vidro duplo incolor,
poderíamos tratar o vão envidraçado como um todo e teríamos, considerando uma persiana de cor clara pelo
exterior, o coeficiente de transmissão térmica de 2.7 W/(m2.ºC) (valor retirado do ITE50).
Efectivamente em muitos dos casos correntes, e tendo em conta que os intervalos definidos no
RCCTE para os valores da relação Ai/Au são “de 0 a 1”, “de 1 a 10” e “maior que 10”, o cálculo
dessa relação não precisa de ser exaustivo, desde que expeditamente se identifique em que
intervalo se insere, em contexto de fiscalização o perito qualificado deve evidenciar este
aspecto.
Sempre que o PQ consiga identificar de forma clara os tipos de espaços não úteis em contacto
com o edifício ou FA que estiver a certificar, deverá investir algum do seu tempo na análise dos
mesmos, conseguindo desta forma, aplicar os valores dos coeficientes de redução de perdas
estabelecidos no RCCTE, em vez do valor previsto por defeito na NT-SCE-01, de 0.75, para
todos os espaços não úteis (o qual é, em parte dos casos, conservador).
Note-se que este valor por defeito, ao ser superior a 0.7, implica a contabilização de perdas
térmicas lineares em toda a envolvente vertical interior (paredes de separação com espaços
não úteis com superior a 0.7).
Exemplo 1:
Se estivermos a analisar uma FA inserida num edifício com três andares de habitação, que contacta com
uma caixa de elevador que em cada piso contacta em três faces com FA residenciais vizinhas e a outra com
a caixa de escadas (o valor de Ai será correspondente a três faces x três pisos).
Já o Au dependerá apenas do contacto da caixa de elevador com o exterior ao nível da cobertura. Ora,
mesmo que consideremos que a caixa de elevador se eleva um piso acima da cobertura, o valor de Ai (três
pisos x três faces) será sempre superior ao valor de Au (um piso x quatro faces + a cobertura da caixa de
elevador), logo a relação Ai/Au será superior a 1, por isso, considerando a situação mais desfavorável, que
corresponde ao intervalo de 1 a 10, poderemos considerar para efeito de cálculo, e assemelhando a caixa de
elevador a uma circulação comum, sem abertura permanente para o exterior, = 0.3. A alternativa proposta
na NT-SCE-01 aponta para um = 0.75.
Exemplo 2:
Se estivermos a analisar uma FA inserida no piso intermédio de um edifício com três andares destinados a
habitação, com desenvolvimentos semelhantes, que contacta com uma circulação horizontal comum que por
sua vez contacta em três faces com FA residenciais vizinhas e numa das faces com a caixa de escadas,
sendo separada desta última por uma barreira física contínua.
Tratando-se de um piso intermédio, e sendo os pisos semelhante, o valor de Au será igual a 0. Assim, por
muito reduzido que seja o Ai, a relação Ai/Au será ∞, o que significa que, caso se trate de uma circulação
comum, sem aberturas permanentes para o exterior, o a considerar para efeito de cálculo, previsto no
RCCTE, é 0.
A alternativa proposta na NT-SCE-01 aponta para um = 0.75.
Exemplo 3:
Consideremos agora que estamos a analisar uma FA que contacta com uma varanda que foi transformada
em marquise. O Ai corresponde apenas à parede de separação entre o espaço útil e a marquise, enquanto
que o Au corresponde às restantes cinco faces (todas elas em contacto com o exterior). Neste caso a relação
Ai/Au será claramente inferior a 1.
Assim sendo, de acordo com a Tabela IV.1 do RCCTE, o valor a considerar para o coeficiente de redução de
perdas desta marquise é de 0.8.
A alternativa proposta na NT-SCE-01 aponta para um = 0.75.
Exemplo 4:
Admita agora que uma FA tem em simultâneo as três situações anteriores. Aplicando a abordagem descrita
anteriormente, sem recurso a cálculo exaustivo, verificou-se que os coeficientes de redução de perdas
previstos no RCCTE seriam de = 0.3 para a caixa de elevador, = 0 para a circulação horizontal comum e
= 0.8 para a marquise.
A alternativa proposta na NT-SCE-01 seria considerar = 0.75 em simultâneo para os três espaços o que
obrigaria ainda à quantificação de pontes térmicas lineares associadas às ligações com paredes em contacto
com esses espaços.
C2. De que forma é que deverão ser contabilizadas as pontes térmicas lineares
para paredes de separação com espaços não úteis com >0.7?
C3. Em que situações poderei assumir que um pavimento térreo não está em
contacto com o solo?
Caso o PQ não consiga reunir evidências de que não existem espaços sob a fracção que
impeçam o contacto do pavimento desta com o solo, deverá considerar para efeito de cálculo
que o pavimento está em contacto com o solo.
Elemento de Projecto que evidência a existência de uma caixa de ar entre a laje térrea e o solo
Fotografias que evidenciam a existência de uma caixa-de-ar entre a laje térrea e o solo
Na definição de valores dos coeficientes de transmissão térmica superficial (U) dos elementos
da envolvente da FA a certificar, os PQ deverão agir de acordo com a seguinte ordem:
Recorrer à informação que melhor reflicta a realidade construída, nomeadamente peças
escritas e desenhadas do projecto e fichas técnicas. No caso especifico da ficha técnica
da habitação a mesma, deve estar devidamente assinada pelo Director de Obra e
Dono-de-Obra. Assim, a caracterização (através de cálculo ou consulta de tabelas)
poderá ser efectuada com base na informação que consta nesses elementos ou
poderão até ser considerados, caso existam, os coeficientes patentes nesses
documentos, desde que estes sejam coerentes com a realidade construída e verificada
no local;
Suportar-se em evidências recolhidas durante a visita ao local (como por exemplo,
fotografias e medições que revelem a composição das soluções construtivas e que
poderão ser utilizadas na respectiva caracterização térmica) e efectuar o cálculo do
coeficiente de transmissão térmica. De notar que não se prevê o recurso a ensaios
destrutivos para determinação ou confirmação da composição das soluções
construtivas;
À falta de outra informação, recorrer às publicações ITE 50 (Coeficientes de
Transmissão Térmica de Elementos da Envolvente de Edifícios) ou ITE 54 (Coeficientes
de Transmissão Térmica de Elementos Opacos da Envolvente dos Edifícios - Soluções
Construtivas de Edifícios Antigos e Soluções Construtivas das Regiões Autónomas), do
LNEC, devendo-se, para esse efeito, identificar os parâmetros necessários à consulta
das respectivas tabelas;
Em última instância, poderão os PQ recorrer à tabela dos valores por defeito publicadas
no Anexo II do ITE 54.
O PQ poderá recorrer a métodos de medição in-situ de determinação da resistência térmica.
Para este efeito, poderá ser utilizado o método do fluxímetro descrito na norma ISO 9869.
Esta norma recomenda a utilização da técnica de termografia para identificar as localizações
mais apropriadas para aplicar o equipamento de medição - fluxímetro de calor (HFM). O uso
da termografia é considerado útil enquanto método qualitativo de examinação das
envolventes dos edifícios, prevendo-se a sua aplicação em concordância com a norma de
ISO 6781. Esta norma estabelece como campo de aplicação da termografia a possibilidade
de identificar as possíveis heterogeneidades térmicas da envolvente e revela que a técnica
não será a mais adequada à determinação do nível de isolamento das soluções construtivas.
Relativamente ao método definido na norma ISO 9869, está previsto que a duração mínima
de teste seja de 3 dias, e que pode prolongar-se por mais do que 7 dias.
D2. Em que situações é que posso afirmar que se encontra garantida a ausência de
pontes térmicas planas na envolvente?
A espessura das paredes com requisitos, podem ser evidenciadas na vistoria ao local e essa
evidência deve ser documentada para constar do processo de certificação elaborado e mantido
pelo PQ. Tal evidência pode ser feita, por exemplo, com recurso a fotografia com sobreposição
de fita métrica, conforme ilustrado na figura seguinte.
D4. E no caso dos vãos envidraçados, como posso determinar a espessura dos
mesmos?
Também para a solução de vidro duplo, a espessura da caixa-de-ar poderá ser obtida após a
medição da espessura total do vidro com o recurso a instrumentos adequados para o efeito, tal
como o que se ilustra de seguida. A diferença entre a espessura total do envidraçado e as
espessuras dos vidros interior e exterior, corresponderá à espessura da caixa-de-ar.
E - Ventilação
E1. Que regras/critérios devo aplicar para definir se o edifício se encontra no
interior de uma zona urbana, periferia da mesma ou zona rural ou zona muito
exposta?
Exemplo 1:
Se estivermos a analisar uma FA inserida num edifício localizado na periferia de uma zona urbana, num local
com uma grande densidade de construção, deveremos considerar, para efeito de cálculo das perdas por
ventilação, que o edifício se encontra numa zona com grande densidade de obstáculos que atenuam o vento,
ou seja, Rugosidade I (correspondente a edifício no interior de uma zona urbana).
Exemplo 2:
Se o edifício em análise estiver no limite de uma zona urbana (no último alinhamento de edifícios de uma
determinada zona) em que se encontra exposto em apenas um dos lados poderá considerar-se Rugosidade
II.
Exemplo 1:
O PQ verifica, na visita à FA a certificar, a existência de ventilação mecânica, certificando-se que os
ventiladores se encontram em bom estado de conservação e em funcionamento contínuo. O volume interior
útil da FA é de 250m3. O PQ obtém, por parte do proprietário, o projecto de instalação do sistema de
ventilação com a descrição das respectivas características. Para efeitos de cálculo, o PQ deve proceder tal
como descrito na metodologia de cálculo definida pelo RCCTE, verificando a necessidade de contabilizar
infiltrações e efectuando o cálculo das mesmas.
Exemplo 2:
O PQ verifica, na visita à FA a certificar, a existência de ventiladores de extracção em duas das três
instalações sanitárias existentes, certificando-se que os ventiladores se encontram em bom estado de
conservação e em funcionamento contínuo. O volume interior útil da FA é de 250 m3. O PQ não obtém, por
parte do proprietário, qualquer projecto de instalação do respectivo sistema, nem fichas técnicas dos
equipamentos. Neste caso poderá o PQ aplicar a regra de simplificação proposta pelo Anexo IV. Assim:
Caudal 2 100
Rph 0,8h 1
Volume FA 250
Neste caso já não terá de fazer qualquer verificação relativamente à existência ou não de infiltrações.
NOTA: Se o volume interior útil da FA em causa fosse de 350 m3, então o valor de Rph obtido seria 0,57,
pelo que de acordo com o RCCTE o valor a aplicar no cálculo seria o de 0,6 h-1.
E3. Caso exista um sistema de ventilação comum cuja alimentação seja feita pelo
quadro de serviços comuns, como considerar no cálculo o valor da potência
dos ventiladores?
Neste caso, o PQ deve proceder à semelhança das situações em que os ventiladores são
alimentados a partir do quadro eléctrico da fracção.
O grau de obstrução provocado por elementos deste tipo, devido às suas dimensões,
assemelhar-se-á ao provocado por elementos de sombreamento de dimensão considerável,
pois cada elemento conduz a um ângulo de sombreamento claramente superior a 45º,
relativamente à porção do envidraçado que sombreia. Desta forma, se se aplicar a metodologia
simplificada, nesta situação, em envidraçados não orientados a Norte, poder-se-á considerar a
simplificação prevista para o cálculo do produto Fs.Fg.Fw para condições de sombreamento do
tipo “Fortemente sombreado” indicada no Anexo V da NT-SCE-01.
F4. Como é que posso verificar se uma caixilharia existente numa fracção ou
edifício a certificar possui corte térmico?
O corte térmico da caixilharia metálica consiste na separação entre a parte exterior e a parte
interior do caixilho através da colocação de elementos com condutibilidade térmica baixa,
usualmente em poliamida, de forma a minimizar a transmissão térmica global da caixilharia.
Elemento de corte
térmico em poliamida
Na prática, durante a visita a uma FA, a identificação visual dos elementos de corte térmico em
poliamida (normalmente de cor negra) pode ser feita, com maior facilidade nos envidraçados
do tipo giratório, sendo possível também nos envidraçados de correr. Em caixilharia fixa esta
identificação só é possível desmontando a caixilharia, implicando ainda a remoção do vidro.
Em caso de dúvida deve considerar-se a caixilharia desprovida de corte térmico.
Exemplo 1:
Na figura encontra-se uma representação de um vão giratório onde se pode observar facilmente os
elementos em poliamida. Mesmo depois do vão instalado estes elementos conseguem-se observar em 1, 2 e
3.
Exemplo 2:
Na figura seguinte encontra-se uma representação de um vão de correr onde se podem observar os
elementos em poliamida. Se o caixilho já se encontrar instalado, apenas se consegue identificar estes
elementos em 1. Em 2 existe uma calha, também em poliamida, que é colocada para fazer o remate em todo
o contorno do aro fixo e que não permite observar o elemento de corte térmico em poliamida. Antes de ser
colocado em obra, poderíamos também observar a poliamida em 3.
F5. Nas situações em que existe caixilharia dupla como é que deverão ser
calculados o coeficiente de transmissão térmica e os factores solares a utilizar
na estação de aquecimento e arrefecimento?
1
𝑈𝑤𝑠 =
1
𝑈𝑊 + ∆𝑅
Em que:
𝑈𝑤 - Coeficiente de transmissão térmica da janela dupla sem dispositivo de
protecção solar / oclusão nocturna na caixa-de-ar;
𝑈𝑒𝑛𝑣 _𝑖 - Coeficiente de transmissão térmica do vão envidraçado interior;
𝑅𝑠𝑖 - Resistência térmica superficial interior;
𝑅𝑠 - Resistência térmica da caixa-de-ar;
𝑅𝑠𝑒 - Resistência térmica superficial exterior;
𝑈𝑒𝑛𝑣 _𝑒 - Coeficiente de transmissão térmica do vão envidraçado exterior;
𝑈𝑤𝑠 - Coeficiente de transmissão térmica da janela dupla com dispositivo de
protecção/ oclusão nocturna na caixa-de-ar;
∆𝑅 - Resistência térmica adicional devida ao dispositivo de protecção solar/
oclusão nocturna, presente na caixa-de-ar.
∆𝑅
Tipo de protecção solar/ oclusão nocturna
[(m2.ºC)/W]
Persiana de réguas metálicas 0.12
Persiana de réguas em madeira ou
0.16
plástico sem enchimento de espuma
Persiana de réguas de plástico preenchida
0.19
com espuma
Portadas de madeira opacas 0.22
Relativamente à determinação dos factores solares do vão envidraçado duplo, esta deverá ser
feita considerando que a janela exterior se comporta como uma protecção exterior adicional
relativamente ao conjunto janela interior + dispositivo de protecção.
Quando o PQ não possua informação que lhe permita aplicar o método detalhado conforme
previsto no RCCTE, pode aplicar as simplificações previstas no Despacho nº 11020/2009, que
prevê apenas 3 graus de sombreamento: sem sombreamento, sombreamento normal/standard,
fortemente sombreado, sendo a diferença entre os últimos dois a existência de um obstáculo
que provoque um ângulo de sombreamento maior que 45º. Para efectuar esta análise, o PQ
pode recorrer a método expeditos, tais como:
Quando temos soalho ou revestimento de piso flutuante, este tipo de solução identifica-se caso
se verifique um ruído aéreo oco (“ruído de tambor”) quando se sujeita o revestimento de piso
ao impacto, por exemplo, de um objecto sólido denso. No caso de revestimentos compostos
por madeira ou mosaico cerâmico aplicado/colado directamente sobre a laje ou sobre uma
lajeta flutuante, não se obtém esse tipo de som oco.
A determinação da classe de inércia térmica Interior, de acordo com o Anexo VII do RCCTE,
depende da massa superficial útil (Msi) dos elementos que envolvem a FA e das características
do revestimento desses elementos (resistência térmica). A resistência térmica do revestimento
influencia a capacidade de armazenamento e restituição de calor dos elementos, ou seja,
influencia a inércia térmica.
Somando à resistência térmica da camada resiliente a do revestimento superficial deverá
avaliar-se se o total excede o valor de 0.14 m2.ºC/W. Se se ultrapassar esse valor, deverá
aplicar-se o factor de correcção (r) estabelecido no Anexo VII do RCCTE.
Caso a opção do PQ seja recorrer à metodologia definida na nota técnica NT-SCE01 para
determinação da classe de inércia térmica, a existência de um pavimento flutuante poderá ser
condição única para que não se possa admitir que a fracção/edifício possui inércia térmica
forte, embora se possa considerar a ressalva exposta na questão seguinte.
De acordo com o Anexo VI da NT-SCE-01, só poderá ser considerada a inércia forte se forem
verificadas cumulativamente, na generalidade do edifício ou FA que se esteja a analisar, todas
as condições descritas para o efeito.
Caso existam pequenas áreas da FA que não verifiquem qualquer uma das condições
estabelecidas, e seja entendimento do PQ que poderá estar na presença de uma FA com
inércia térmica forte, deverá recorrer à metodologia de cálculo preconizada no RCCTE para
confirmar esse facto. Caso contrário terá de considerar para efeito de cálculo Inércia Média.
Exemplo 1:
O PQ está a certificar uma FA com uma área útil de 100m2, em que se verificam todas as condições
descritas no Anexo VI da NT-SCE-01 para que a inércia térmica possa ser considerada forte, com
excepção dos halls, com uma pequena área com tecto falso.
Neste caso, uma vez que existe uma área de halls, os quais fazem parte integrante da área útil da fracção
em análise, que não cumpre uma das condições estabelecidas na NT-SCE-01 para que possa ser
considerada Inércia Térmica Forte, o PQ deverá considerar para efeito de cálculo Inércia Térmica Média.
Caso o PQ considere, uma vez que a área em incumprimento representa apenas uma pequena parte da área
útil de pavimento, que poderá estar na presença de uma FA com inércia térmica forte, deverá recorrer à
metodologia de cálculo preconizada no RCCTE para determinar a classe de inércia térmica.
De acordo com o ponto 18 do Despacho 11020/2008, uma vez que o colector solar térmico foi
instalado após a entrada em vigor do RCCTE, para que seja considerado o valor de Esolar,
deve cumprir cumulativamente com as condições enunciadas no ponto 4 do Anexo VI do
RCCTE. Neste caso, não é cumprida a garantia de manutenção do sistema em funcionamento
eficiente por um por um período mínimo de 6 anos, como tal não deve ser contabilizado o valor
de Esolar.
Caso o sistema solar tivesse sido instalado antes da entrada em vigor do RCCTE e uma vez
que possui um contrato de manutenção válido (mesmo que não tendo a validade de 6 anos),
então a sua contribuição poderia ser considerada. Uma vez que o colector é certificado, então
essa contribuição tem necessariamente de ser calculada usando o software SolTerm versão
5.0 ou superior.
H2. Caso esteja na presença de um painel solar térmico não certificado que foi
instalado antes de 3 de Julho de 2006 (data de entrada em vigor do RCCTE),
qual a regra expedita para verificar se o factor de redução de ganhos devido ao
sombreamento é inferior a 1, ou seja, para verificar se a parcela do Esolarref vai
ser afectada devido ao sombreamento?
Exemplo:
< 30º
A contribuição de outros sistemas que utilizem energias renováveis para além do solar térmico
poderá ser utilizada no cálculo do Nac, devendo respeitar o preconizado no RCCTE. Se nesse
cálculo, o valor de Eren for superior à parcela Qa/, em que Qa representa energia útil
despendida com sistemas convencionais de preparação de AQS e a a eficiência de conversão
desses sistemas de preparação de AQS, a parte excedente de energia (Eren_exc) poderá ser
utilizada no cálculo do Ntc, devendo ficar associada às parcelas relativas às necessidade de
aquecimento e de arrefecimento. No caso de sistemas fotovoltaicos recomenda-se que o
cálculo do Eren seja efectuado com recurso ao Solterm.
Deste modo, para efeitos de cálculo do Ntc, deverá proceder-se de acordo com o indicado
abaixo:
1) Calcular o Nac, considerando uma parcela de Eren até a um valor máximo de Qa/a;
2) Calcular o Ntc, efectuando uma repartição da parcela excedente do Eren (Eren_exc) nas
parcelas correspondentes às necessidades de aquecimento e arrefecimento, de acordo
com a seguinte expressão, tendo-se o cuidado de que o resultado de cada uma das
parcelas não pode tomar valores negativos:
No caso da FA ser servida por mais do que um sistema de climatização, o PQ deverá tentar
identificar as áreas servidas por cada um dos sistemas e dividir de forma ponderada, no cálculo
do Ntc, as respectivas necessidades nominais de climatização, pelos diversos sistemas
instalados.
Considerando por exemplo que temos dois sistemas distintos para aquecimento e apenas um
para arrefecimento, a fórmula de cálculo do Ntc passará a ter a seguinte configuração:
𝐴 𝐴
𝑁𝑖𝑐 × 𝐴1 𝑁𝑖𝑐 × 𝐴2
𝑝 𝑝 𝑁𝑣𝑐
𝑁𝑡𝑐 = 0.1 × × 𝐹𝑝𝑢𝑖 1 + × 𝐹𝑝𝑢𝑖 2 + 0.1 × × 𝐹𝑝𝑢𝑣 + 𝑁𝑎𝑐 × 𝐹𝑝𝑢𝑎
𝜂𝑖1 𝜂𝑖2 𝜂𝑣
Onde:
A1 – área que se encontra servida pelo sistema de climatização 1;
A2 – área que se encontra servida pelo sistema de climatização 2;
Ap – área útil de pavimento (Ap = A1 + A2);
i1 – eficiência nominal do sistema de climatização 1;
i2 – eficiência nominal do sistema de climatização 2;
Fpui1 – factor de conversão entre energia útil e energia primária do sistema de climatização 1;
Fpui2 – factor de conversão entre energia útil e energia primária do sistema de climatização 2.
Exemplo 1:
O PQ está a certificar uma FA com uma área útil de 100m2, em que todas as divisões dispõem de um
sistema de aquecimento central com recurso a radiadores apoiados por uma caldeira mural, à
excepção da sala, com uma área de 30 m2, que possui um sistema de climatização do tipo bomba de
calor.
Neste caso, o que o PQ deverá considerar é que, durante a estação de aquecimento, 70% da fracção é
servida por um sistema baseado em radiadores apoiados por cadeira e que 30% é servida pelo sistema do
tipo bomba de calor, ou seja:
70 30
𝑁𝑖𝑐 × 𝑁 ×
𝑁𝑡𝑐 = 0.1 × 100 × 0.086 + 𝑖𝑐 100 × 0.29 + 0.1 × 𝑁𝑣𝑐 × 𝐹 + 𝑁 × 𝐹
𝑝𝑢𝑣 𝑎𝑐 𝑝𝑢𝑎
𝜂𝑖1 𝜂𝑖2 𝜂𝑣
Exemplo 2:
O PQ está a certificar uma FA com uma área útil de 100 m2, em que todas as divisões dispõem em
simultâneo de aquecimento central com recurso a radiadores apoiados por uma caldeira mural ( =
0,87) e bombas de calor ( = 4.00).
No cálculo do Ntc para a respectiva fracção, deverá optar-se pelo sistema que origine a melhor classe
energética.
Essa avaliação poderá ser efectuada da seguinte forma:
𝐹𝑝𝑢𝑖 0,086
𝐶𝑎𝑙𝑑𝑒𝑖𝑟𝑎 𝑚𝑢𝑟𝑎𝑙 ⟹ = = 0,0989
𝜂𝑖1 0,87
𝐹𝑝𝑢𝑖 0,29
𝐵𝑜𝑚𝑏𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟 ⟹ = = 0,0725
𝜂𝑖2 4
Uma vez que quanto menor for esta relação melhor desempenho energético terá o sistema, deverá
considerar-se para efeito de cálculo a bomba de calor, ou seja,
𝑁𝑖𝑐 𝑁𝑣𝑐
𝑁𝑡𝑐 = 0,1 × × 0,29 + 0,1 × × 𝐹𝑝𝑢𝑣 + 𝑁𝑎𝑐 × 𝐹𝑝𝑢𝑎
4 𝜂𝑣
I3. Qual o procedimento recomendado caso a fracção disponha apenas de, por
exemplo, um sistema do tipo bomba de calor a servir a sala, não possuindo
nenhum outro sistema de climatização na restante fracção?
No caso de apenas parte da fracção autónoma ser servida por um sistema de climatização, o
PQ deverá tentar identificar a área servida por esse sistema e, no cálculo do Ntc, fazer uma
ponderação de áreas com vista à atribuição da percentagem das necessidades nominais de
energia útil adstritas a este sistema, sendo a restante parcela servida pelo sistema por defeito
aplicável, de acordo com o RCCTE.
O PQ nunca poderá deixar de considerar o sistema por defeito para fazer face à parcela das
necessidades de climatização que não são satisfeitas pelo sistema efectivamente instalado.
No caso da presença de um sistema de climatização durante a estação de aquecimento que
sirva apenas parte da fracção, a fórmula de cálculo do Ntc passa a ter a seguinte configuração:
𝐴 𝐴
𝑁𝑖𝑐 × 𝐴1 𝑁𝑖𝑐 × 𝐴2
𝑝 𝑝 𝑁𝑣𝑐
𝑁𝑡𝑐 = 0,1 × × 𝐹𝑝𝑢𝑖 + × 0,29 + 0,1 × × 𝐹𝑝𝑢𝑣 + 𝑁𝑎𝑐 × 𝐹𝑝𝑢𝑎
𝜂𝑖 1 𝜂𝑣
Onde:
A1 – área que se encontra servida pelo sistema de climatização 1;
A2 – área que não se encontra servida por nenhum sistema de climatização;
Ap – área útil de pavimento (Ap = A1 + A2);
i1 – eficiência nominal do sistema de climatização 1;
Fpui1 – factor de conversão entre energia útil e energia primária do sistema de climatização 1.
I5. E no caso de uma fracção de habitação que não disponha de rede (interna) de
distribuição de águas quentes sanitárias, que valores devo considerar para Na
e Nac no cálculo do desempenho energético?
I6. Fui efectuar uma visita técnica a uma fracção residencial em que se encontram
instalados sistemas de climatização e de AQS. Como devo proceder para
avaliar a eficiência dos equipamentos? Em que circunstâncias poderei recorrer
aos valores por defeito previstos no RCCTE e na NT-SCE-01?
Se considerarmos que a rede de distribuição de AQS não possui isolamento, obtemos uma
eficiência de 0,65.
Caso não seja possível obter a chapa identificativa do aparelho, ou obter outra fonte de
informação como por exemplo catálogos técnicos, mas é conhecida a marca do mesmo,
deverá o PQ tentar contactar o fabricante do equipamento, no sentido de obter os parâmetros
necessários à determinação da eficiência. Se após, estes procedimentos, que devem estar
devidamente evidenciados, continuar a existir ausência de informação, então o PQ poderá
utilizar as eficiências dos equipamentos de climatização e AQS previstas no Anexo VIII do
Despacho nº 11020/2009. Nesta situação e concretamente nos casos de sistemas de
preparação de AQS, os valores na tabela do Despacho já consideram que a tubagem não está
isolada. Se o PQ fizer evidência de que a referida tubagem está isolada (de acordo com o
definido para o efeito no RCCTE), este valor poderá ser acrescido de 0,10.
Durante a visita à fracção o PQ deverá averiguar como se realiza a distribuição de AQS a partir
dos diversos sistemas e que instalações sanitárias servem. Com base nessa análise e em
função da tipologia e consumos previstos, o PQ deverá fazer uma distribuição desses
consumos para cada um dos sistemas identificados.
Exemplo 1:
O PQ está a certificar uma FA com uma área útil de 250m2, de tipologia T5, que dispõe de 2 sistemas
de produção de AQS. O 1º sistema é constituído por uma caldeira a gás natural, com 50 a 100mm de
isolamento (η=0,82), cuja rede de distribuição se encontra isolada com pelo menos 10mm de
isolamento e o 2º sistema por um termoacumulador eléctrico, com 50 a 100mm de isolamento
(η=0,90), cuja rede não se encontra isolada. Foi possível identificar que a fracção dispõe de 4
instalações sanitárias, das quais 3 são servidas pelo 1º sistema e a última pelo 2º sistema. A fracção
não dispõe de painéis solares nem de sistemas de aproveitamento de energia renovável.
Neste caso, o que o PQ deverá fazer uma distribuição do consumo total (240 litros) ponderado por cada um
dos sistemas e instalações sanitárias servidas.
3438
0,82 − 0 − 0
𝑁𝑎𝑐1 = = 16,77𝑘𝑊ℎ/𝑚2 . 𝑎𝑛𝑜
250
1146
−0−0
0,80
𝑁𝑎𝑐2 = = 5,73𝑘𝑊ℎ/𝑚2 . 𝑎𝑛𝑜
250
𝑁𝑖𝑐 𝑁𝑣𝑐
𝑁𝑡𝑐 = 0.1 × × 𝐹𝑝𝑢𝑖 + 0.1 × × 𝐹𝑝𝑢𝑣 + 16,77 × 0,086 + 5,73 × 0,290
𝜂𝑖 𝜂𝑣
J - Medidas de melhoria
Sim, esta é uma obrigação do perito qualificado, conforme estipulado nos pontos 1 e 2 do
Anexo IX do Despacho 11020/2009 de 30 de Abril. O estudo de medidas é integrante parte das
metodologias do SCE, pelo que as situações de incumprimento desta obrigação enquadram-se
no previsto na alínea e), do nº1, do Art. 14º do SCE e são passíveis de coima num montante
entre €250 e €3740,98.
J3. Como proceder se o estudo de medidas realizado revelar que não faz sentido
incluir qualquer medida no certificado?
Preferencialmente, o estudo deve ser evidenciado na forma de um relatório, onde fique claro
que o perito analisou de forma sistemática e detalhada, as oportunidades de melhoria de
desempenho. O relatório deve:
comportamentais, etc. O relatório deve incluir um tópico específico para cada um destes
tipos de medidas;
2) Elencar todas as medidas estudadas em cada um dos tópicos, distinguindo aquelas que
não foram consideradas para inclusão no certificado (justificando a razão para tal) e
aquelas que foram integradas no certificado;
Em alternativa à elaboração do relatório, pode o PQ optar por incluir toda a informação acima
referida no próprio certificado. Nesta opção, o PQ deve ter particular atenção na verificação de
que todos os elementos requeridos estão efectivamente incluídos no certificado e que os
mesmos permitem uma verificação posterior detalhada em contexto de fiscalização.
O estudo de medidas de melhoria, em particular os pressupostos assumidos e as
características técnicas das soluções estudadas, será um dos elementos de verificação
obrigatória em contexto das acções de fiscalização realizadas no âmbito do artigo 12.º do D.L.
78/2006 de 4 de Abril.
Caso o perito opte pela elaboração de um relatório ou documento à parte com o estudo das
medidas, o mesmo deverá ser disponibilizado ao proprietário, juntamente com o certificado
energético emitido.
J6. Vou a proceder à certificação de uma fracção de um edifício que, embora seja
considerado existente, é muito recente e inclusive sei que cumpre com o D.L.
80/2006. Neste caso, necessito de me preocupar com o estudo de medidas de
melhoria?
Não existe um método único e fixo para o cálculo do período de retorno. Para este efeito, é
essencial o perito explicitar claramente, no estudo e no relatório, todos os pressupostos que
considerou, incluindo aspectos como:
tarifa / preço
conteúdo energético (p.e. PCI)
consumo evitado com a medida proposta
eventuais consumos adicionais por alteração da forma de energia utilizada (por
exemplo, consumo de gás em substituição do anterior consumo em electricidade).
Materiais
Mão de obra
Operação
Manutenção, etc.
O D.L. 79/2006 define uma fórmula de cálculo do período de retorno simples (PRS) que poderá
ser utilizada para este efeito e que considera que:
𝐶𝑎
𝑃𝑅𝑆 = 𝑃1
Ca – Custo adicional de investimento, calculado pela diferença entre o custo inicial da solução
base, isto é, sem alternativa de maior eficiência energética, e o da solução mais eficiente,
estimada aquando da construção do sistema, com base na melhor informação técnica e
orçamental ao dispor do projectista;
P1 – Poupança anual resultante da aplicação da alternativa mais eficiente, estimada com base
em simulações anuais, detalhadas ou simplificadas do funcionamento do edifício e seus
sistemas energéticos, conforme aplicável em função da tipologia e área útil do edifício, nos
termos do presente do presente Regulamento, da situação base e da situação com a solução
mais eficiente.
K - Regras práticas
Projecto de estruturas;
A informação fornecida verbalmente pelo proprietário que não possa ser constatada pelo PQ
no local (com recolha da respectiva evidência fotográfica ou de outro tipo sobre a mesma) não
constitui evidência válida.
K2. De que forma devo formalizar o acordo com o cliente para certificação do
respectivo imóvel?
O acordo entre o proprietário (ou seu representante) e o PQ deve ficar formalizado na forma de
um contrato que preveja os direitos e obrigações de ambas as partes no processo. Alguns
aspectos que podem estar previstos nesse contrato são:
Prazos para execução do trabalho pelo PQ e penalizações pelo atraso no cumprimento;
Preço acordado, forma e prazos de pagamento, incluindo agravantes ou penalizações
em caso de incumprimento;
Descrição sucinta das acções a realizar pelo perito, como por exemplo:
Visita/vistoria ao local
Levantamento dimensional
Caracterização das soluções construtivas e equipamentos instalados
Cálculo do desempenho energético
Estudo detalhado das medidas de melhoria
Elaboração de um relatório síntese da peritagem e estudos realizados;
Responsabilidade pelos custos acrescidos resultantes da necessidade de emissão de
novo certificado, em resultado da utilização de dados incorrectos fornecidos pelo
proprietário;
Documentação que deve ser fornecida pelo proprietário, autorizando o perito a manter
um cópia para fins exclusivos de constituição do processo de peritagem junto do SCE;
Documentação que será entregue (e em que formato) pelo PQ no final do trabalho e
que incluirá, necessariamente, o certificado, o relatório síntese e o estudo de medidas
de melhoria;
Aceitação, pelo proprietário, que o PQ aceda ao imóvel e que proceda à recolha de
imagens para evidência de todos os elementos necessários à realização da análise e
posterior justificação às entidades fiscalizadoras do SCE;
Disponibilidade do proprietário para, em caso de fiscalização do trabalho do perito no
imóvel em causa, ser um elemento facilitador no reunir das condições necessárias para
que se proceda a nova visita ao imóvel naquele âmbito.
Para além do certificado energético, o perito deve entregar também o estudo de medidas de
melhoria que realizou (ver questões J.1 e J.4) e o relatório síntese que elaborou sobre o
processo de peritagem. Para além destes elementos, o PQ deve devolver eventuais originais
de qualquer outra documentação que o proprietário lhe tenha facultado.
De notar que o certificado não deve ser emitido pelo PQ sem que o relatório síntese e o estudo
de melhorias estejam finalizados. Estes documentos serão utilizados para efeitos de verificação
do trabalho do perito e, em breve, o seu upload no Portal SCE será condição prévia a respeitar,
sem a qual o certificado não poderá ser emitido.
A ficha deverá estar assinada pelo Técnico Responsável da Obra e pelo Promotor Imobiliário e
os elementos nela constantes devem ser coerentes com a realidade construída e verificada no
local;
K5. A visita ao imóvel deve ser efectuada pelo PQ ou pode ser efectuada por outro
técnico que não seja o próprio PQ?
K6. Devo demonstrar que realizei a visita ao edifício ou fracção certificado? Como
fazê-lo?
Pode também ser utilizado qualquer outro documento ou solução que demonstre de forma
inequívoca a presença do PQ no local durante a visita.
A declaração deve ter como objectivo clarificar e salvaguardar alguns dos aspectos práticos
associados à presença do PQ no espaço privado, como por exemplo a necessidade de
recolha de imagens nesses espaços. O conteúdo da declaração deve incluir aspectos como
os indicados na minuta proposta em seguida:
Declaração
Observações:_________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
* indicar a qualidade na qual está a acompanhar ou a ceder o acesso ao perito para a visita ao imóvel, por exemplo:
proprietário, co-proprietário, familiar do proprietário, agente imobiliário, etc.. No caso de estar ao serviço de alguma
empresa ou entidade, deverá discriminar a mesma no quadro seguinte:
K8. O que acontece se, em contexto de fiscalização, não for possível realizar nova
visita ao imóvel?
O Despacho n.º 11020/2009 prevê explicitamente no ponto 23 que “…o perito deverá
diligenciar no sentido de que existam condições para a realização de uma visita futura ao
imóvel em contexto de uma eventual acção de fiscalização, na qual deverá acompanhar a
equipa fiscalizadora.”
Pode, no entanto, acontecer que, por razões que ultrapassem a vontade do perito (e que este
deve evidenciar junto da entidade fiscalizadora), não seja possível realizar a visita ao imóvel.
Para prevenir estas situações, o PQ deve sempre assegurar que, no seu processo de
peritagem, recolhe todas as evidências necessárias para cumprir com o requisito definido no
mesmo ponto do Despacho, onde consta que “deve o PQ, na sequência do processo de
certificação de qualquer fracção ou edifício, elaborar um relatório síntese do trabalho
desenvolvido, o qual deve ser sempre acompanhado das evidências que suportem todos os
elementos da análise efectuada.”.
Serão estas evidências que, nos casos em que ocorram constrangimentos à visita, a
fiscalização irá utilizar para replicar o trabalho do PQ. Este deve, por isso, recolher durante a
peritagem, todos os elementos necessários (como registos fotográficos e outros documentos)
para esse efeito. As situações em que os elementos pelo PQ à fiscalização não são adequados
e/ou suficientes para evidenciar o trabalho, poderão ser consideradas como incumprimento da
metodologia do SCE e puníveis com coima prevista na alínea e) do nº 1 do Art.º 14º do D.L.
78/2006.
Se o PQ verificar durante a visita que os dados fornecidos na ficha técnica da habitação não
correspondem ao edificado, não os poderá considerar para efeito de aplicação da metodologia
de determinação da classe energética nem utilizá-los no preenchimento do CE.
A título de exemplo, admita que o PQ mediu as espessuras das paredes e constatou que se
afastavam consideravelmente dos valores recolhidos a partir da descrição da ficha técnica de
habitação. Neste caso, o PQ deve ignorar essa informação e formular uma solução que este