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AO JUÍZO DA ª VARA DO TRABALHO DA COMARCA DE PETROLINA – PE.

PAULA EDILENE, brasileira, casada, desempregada, inscrita no CPF sob o n.


XXXXXXXXXXX e no RG sob o n. XXXXXXXXXXX, domiciliada e residente na rua
XXXXXXXXXX, n. XX, bairro: XXXXXXXXXX, na cidade de Petrolina – PE, endereço
eletrônico: paulaedi@gmail.com, vem à presença de Vossa Excelência, por sua
patrona que subscreve in fine, conforme demonstra a procuração anexada aos autos,
propor a presente RECLAMAÇÃO TRABALHISTA em face de SAMARA E SANDRA
E SHEILANE Ltda., pessoa jurídica de direito privado, CNPJ de nº XXXXX, com sede
na rua XXXXXXXXXXXXXXX, n. XXX, bairro: XXXXX, CEP: XXXXXXXXXX, na cidade de
Petrolina – PE, pelas razões de fato e de direito a seguir declinadas:

i. Da síntese do contrato de trabalho

A Reclamante foi contratada pela Reclamada em 01/10/12, para trabalhar como


coordenadora de caixa, tendo que laborar de segunda a sexta-feira, das 22h às 07h,
com uma hora de intervalo intrajornada.
Mensalmente, percebia o importe de R$ 1.400,00, equivalente ao piso da categoria,
mais adicional de periculosidade, legalmente previsto. No entanto, em 26/02/18, ela
foi imotivadamente demitida, sem aviso prévio. A Reclamante usufruiu férias pelos
primeiros anos 2013 a 2016, e acusou recebimento de décimos terceiros salários
relativos de 2012 a 2017.
As verbas rescisórias não foram pagas, embora a CTPS tenha sido devidamente
anotada no ato de sua admissão e demissão.
Além disso, o posto está fechado desde 01/06/2018, e seus proprietários estão em
local incerto e não sabido.
Como é possível vislumbrar, a Reclamada não observou diversos direitos da
Reclamante, razão pela qual propõe a presente ação trabalhista.

ii. Dos direitos


a) Do saldo de salário

A Reclamante trabalhou até 26/02/18, quando lhe informaram da demissão, nada


recebendo a título de saldo de salários.
De acordo com o art. 4º da CLT, considera-se como tempo de serviço o tempo
efetivamente trabalhado pelo empregado, integrando-se os dias trabalhados antes
de sua dispensa injusta a seu patrimônio jurídico, consubstanciando-se direito
adquirido de acordo com o inciso IV do art. 7º e inciso XXXVI do art. 5º, ambos da
CF/88, de modo que faz a Reclamante jus ao saldo salarial.

b) Do adicional noturno

Como dito anteriormente, a Reclamante laborava de segunda a sexta-feira, das 22h


às 07h, com uma hora de intervalo intrajornada. Considera-se horário noturno, nas
atividades urbanas, o trabalho realizado entre as 22:00 horas de um dia às 5:00
horas do dia seguinte, conforme artigo 7º, inciso IX, da CF.
Com base no art. 73, da CLT, nos casos de prorrogação do trabalho noturno, aplica-
se acréscimo na remuneração de, no mínimo, 20% sobre a hora diurna. O trabalho
noturno terá remuneração superior à do diurno e, para esse efeito, sua remuneração
terá um acréscimo de 20% (vinte por cento), pelo menos, sobre a hora diurna.
Este entendimento está consubstanciado, inclusive, na Súmula 60 do TST, que
dispõe que o adicional noturno será também devido quando houver a prorrogação
da jornada noturna. Ou seja: o empregado tem direito ao adicional noturno ainda
que o horário de trabalho ultrapasse às 05:00h da manhã.

c) Do aviso prévio indenizado

Tendo em vista a inexistência de justa causa para a rescisão do contrato de trabalho,


surge para a Reclamante o direito ao Aviso Prévio indenizado, uma vez que o § 1ºdo
art. 487, da CLT, estabelece que a não concessão de aviso prévio pelo empregador
dá direito ao pagamento dos salários do respectivo período, integrando-se ao seu
tempo de serviço para todos os fins legais.
Dessa forma, o período de aviso prévio indenizado corresponde a mais 30 dias de
tempo de serviço para efeitos de cálculo do 13º salário, férias + 40%.
A reclamante faz jus, portanto, ao recebimento do Aviso Prévio indenizado, no valor
de R$ XXXX,XX.

d) Das férias vencidas e proporcionais + 1/3 constitucional

A reclamante tem direito a receber o período incompleto de férias, acrescido do


terço constitucional, em conformidade com o art. 146, parágrafo único da CLT e art.
7º, XVII da CF/88.
O parágrafo único do art. 146 da CLT, prevê o direito do empregado ao período de
férias na proporção de 1/12 por mês trabalhado ou fração superior a 14 dias.
Sendo assim, tendo o contrato iniciado no mês de outubro de 2012 e terminado no
mês de fevereiro de 2018, a reclamante faz jus as férias vencidas e proporcionais
acrescidas do terço constitucional. Aquelas se referem ao ano de 2017; estas, a 2/12
de 2018

e) Do 13º salário proporcional

As leis 4090/62 e 4749/65 preceituam que o décimo terceiro salário será pago até
o dia 20 de dezembro de cada ano, sendo ainda certo que a fração igual ou superior
a 15 dias de trabalho será havida como mês integral para efeitos do cálculo do 13%
salário.
A reclamante foi dispensada em 26/02/2018, mas como fazia jus ao aviso prévio –
que não foi concedido pela Reclamada –, a rescisão só deveria ter se tornado efetiva
após expirado o prazo do aviso, conforme art. 489 da CLT e OJ 82.

Assim, tendo iniciado o contrato da reclamante no mês outubro de 2012 e terminado


em 26 de fevereiro de 2018, a Reclamante tem direito a 2/12 em relação à
remuneração atinente ao ano de 2018.

f) Do FGTS + multa de 40%


Diz o art. 15 da lei 8036/90 que todo empregador deverá depositar até o dia 7 de
cada mês na conta vinculada do empregado a importância correspondente a 8% de
sua remuneração devida no mês anterior.
Sendo assim, Vossa Exa. deverá condenar a Reclamada a efetuar os depósitos não
realizados até a data de 26 de fevereiro de 2018.
Além disso, por conta da rescisão indireta do contrato de trabalho, deverá ser paga
uma multa de 40% sobre o valor total a ser depositado a título de FGTS, de acordo
com § 1º do art. 18 da lei 8036/90 c/c art. 7º, I, CF/88.

g) Da multa do art. 477, CLT

O art. 477, no parágrafo 8º, da CLT, estabelece multa quando não ocorre o
pagamento da rescisão, patente a violação do prazo legal para o pagamento dos
títulos rescisórios, deve haver o pagamento da multa à base de um salário normal.
Segundo o art. 477 § 8º o empregado tem direito a receber da empresa uma multa
equivalente ao seu salário, quando for constatado que a causa pelo atraso no
pagamento da rescisão contratual foi da empresa e não do empregado.
Assim, a Reclamante faz jus à multa do art. 477.

h) Da multa do art. 467, CLT

A Reclamada deverá pagar a Reclamante, no ato da audiência, todas as verbas


incontroversas, sob pena de acréscimo de 50%, conforme art. 467 da CLT, transcrito
a seguir:

Art. 467. Em caso de rescisão de contrato de trabalho, havendo


controvérsia sobre o montante das verbas rescisórias, o empregador é
obrigado a pagar ao trabalhador, à data do comparecimento a Justiça do
Trabalho, a parte incontroversa dessas verbas, sob pena de pagá-las
acrescidas de cinquenta por cento.

Dessa forma, protesta a Reclamante pelo pagamento de todas as parcelas


incontroversas na primeira audiência.

i) Da indenização por danos morais


Não bastasse todo o exposto, as Reclamadas ofenderam a Reclamante, aos berros,
sem qualquer motivo, na presença de diversos colegas de trabalho e clientes, o que
fez com que a Reclamante se sentisse constrangida, pois nunca havia passado por
tamanha vergonha e humilhação. Cabe consignar que não fora a primeira vez que a
Reclamada recebera tratamento degradante da Reclamada, embora tenha sido a
primeira vez que tenha sido publicamente.
Nesse diapasão, vejamos entendimento do TRT-4 - RO:

RECURSO ORDINÁRIO DA AUTORA. ASSÉDIO MORAL. HUMILHAÇÕES NO


AMBIENTE DE TRABALHO. DANO MORAL IN RE IPSA. INDENIZAÇÃO
DEVIDA. O tratamento humilhante e vexatório por parte do superior
hierárquico, com violação da honra e imagem do trabalhador, de
forma reiterada, durante a jornada de trabalho e no exercício de suas
funções, configura o assédio moral, cuja responsabilização prescinde
da prova de efetivo dano suportado pela vítima, bastando que se
prove tão somente a prática do ilícito do qual ele emergiu (dano in
re ipsa). (TRT-4 - RO: 00011754120115040023 RS 0001175-
41.2011.5.04.0023, Relator: MARCELO JOSÉ FERLIN D AMBROSO, Data de
Julgamento: 15/05/2014, 23ª Vara do Trabalho de Porto Alegre).

Diante do exposto, considerando o caráter punitivo e pedagógico que deve ter a


indenização por danos morais, requer seja fixada no montante equivalente a 10
vezes o valor da última remuneração da Reclamante ou, alternativamente, requer
seja o quantum arbitrado pelo Juízo.

iii. Da gratuidade da justiça

Nos termos do artigo 5º, LXXIV da Carta Magna, àqueles que comprovarem a
insuficiência de recursos terá assistência jurídica integral e gratuita.
Neste sentido dispõe o artigo 98 e seguintes do Novo Código de Processo Civil, bem
como dispõe o artigo 99 § 4º do mesmo Diploma Legal que “a assistência do
requerente por advogado particular não impede a concessão de gratuidade da
justiça”.
Pode-se observar, também pelo todo já dito no decorrer da presente peça, que a
Reclamante não possui emprego atualmente; logo, é indubitável a impossibilidade
de arcar com as despesas processuais aqui demandadas.
Requer a Reclamante que seja julgado procedente o pedido de Gratuidade da Justiça,
abstendo-a de toda e qualquer despesa advinda desta lide, nos termos dos artigos
supracitados.

iv. Dos pedidos

Ex positis, requer:

1. Que seja preliminarmente deferido o benefício da assistência judiciária gratuita,


devido à reclamante encontrar-se desempregada e não possuir condições de custear
o processo, sem prejuízo próprio.

2. A notificação da Reclamada para comparecer à audiência a ser designada para,


querendo, apresentar defesa a presente reclamação, sob pena de serem tidos como
verdadeiros os fatos alegados.

3. Reconhecimento e aplicação do artigo 483 da Consolidação das Leis do Trabalho


– CLT, para reconhecer a demissão indireta por justa causa, tendo em vista o real
descumprimento das obrigações do contrato de trabalho;

4. Julgar ao final TOTALMENTE PROCEDENTE a presente Reclamação, declarando o


vínculo empregatício existente entre as partes, condenando o Reclamado a:

a) Ao pagamento do adicional noturno, que é devido durante as 22hrs às 5hrs, bem


como na prorrogação, o que perfaz o valor de R$ XXXX,XX, com seu posterior reflexo
nas demais verbas rescisórias.
b) A pagar o aviso prévio indenizado, que perfaz o valor de R$ XXXX,XX.
c) A pagar as férias vencidas e proporcionais acrescidas do terço constitucional.
Aquelas se referem ao ano de 2017; estas, a 2/12 de 2018, perfazendo o valor de R$
XXXXX, XX, já com reflexos nas demais verbas rescisórias.
d) Ao pagamento do décimo terceiro salário proporcional no valor de R$ 00000,00.
e) A pagar o saldo de salário, no valor de R$ XXXXX,XX.
f) Condenar o Reclamado ao pagamento de R$ XXXX,XX, a título de danos morais,
devidamente corrigidos;
g) A liberar as guias do seguro-desemprego ou indenização correspondente;
h) A liberação do FGTS, mais a multa de 40%, em virtude da rescisão sem justa causa.
i) A condenação da reclamada a multa do art. 467 da CLT, caso as parcelas
incontroversas não sejam pagas na primeira audiência, tudo acrescido de correção
monetária e juros moratórios.
j) A condenação da reclamada a multa do art. 477 da CLT, no valor de R$ XXXX,XX;
k) Que todas as verbas sejam pagas acrescidas de correção monetária e juros
moratórios.
Ademais, requer a produção de todas as provas em direito admitidas, na amplitude
dos artigos 369 e seguintes do NCPC, como a prova documental, a prova pericial, a
testemunhal e o depoimento pessoal do Réu.

Atribui à causa o valor de R$ XX.XXX,XX.

Termos em que pede e espera deferimento.

Petrolina/PE, 10 de maio de 2019.

Narah Soares
OAB/PE nº. XX.XXX

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