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Capítulo 4.

Construa a pirâmide

“A forma como o usuário navega nas páginas da Web e a exigência de ajustar os


conteúdos a novos dispositivos e contextos em que eles são apresentados obrigam uma
reavaliação da forma como se escrevem os textos [...]” (p.89)
Ao longo do capítulo 4, o autor atenta para a necessidade de utilizarmos novas formas de
apresentar o texto no ambiente virtual. Regras já consagradas no meio impresso devem
ser deixadas de lado. As particularidades da internet, que inclui a forma como os leitores
navegam nas páginas e os padrões de leitura feitos pelos usuários, e já evidenciados nos
capítulos anteriores do livro, justificam a utilização de novas formas de estruturar e
apresentar o texto.
São elencadas algumas da recomendações mais importantes e que serão explicadas ao
longo do capítulo:
“Isto leva a uma apropriação da voz passiva; a propor a violação da ordem ‘lógica’ de
sujeito, verbo, objeto direto, objeto indireto e advérbio; a usar os dois pontos de novas
formas; a eliminar os artigos; a manejar siglas e números de forma diferente.” (p.89)

4.1 O conceito de pirâmide invertida horizontal

“Faça com que as duas primeiras palavras ou o primeiro terço do título (ou a primeira
frase do ‘lead’ diferenciada tipograficamente, segundo o modelo alternativo de titulação)
sejam portadoras de informação.” (p.90)
A recomendação de ouro apresentada é de que, no início do texto, lead, parágrafos,
intertítulos e outros itens, é necessário que se contenham informações importantes,
construídas através de “palavras-gancho” que prendam a atenção. E mais: com as partes
mais importantes sempre alinhadas no lado esquerdo do texto, usando um texto claro,
conciso e sem repetições de palavras ou informações anteriormente já conhecidas. Essas
ferramentas são usadas para melhorar a usabilidade, ou seja: tornar mais agradável e fácil
a experiência do usuário ao navegar pela matéria.
“É preciso reconhecer que este conceito pode soar estrambótico, mas o que ele busca
enfatizar é a importância de colocar do lado esquerdo os elementos que portem mais
informação.” (p.91)
Essa recomendação vem do conhecimento de que, de acordo com as pesquisas feitas por
Jakob Nielsen, um dos padrões de leitura mais verificados nos usuários é o em formato
da letra F, onde as informações que estão no lado esquerdo são mais visualizadas, pois os
leitores tendem a ver o primeiro terço dos títulos, da primeira frase dos parágrafos e dos
intertítulos. Esse método constrói uma pirâmide invertida em formato horizontal, o que
de acordo com o livro permite que os elementos mais relevantes do texto sejam
encontrados com maior facilidade.
Em seguida, o autor retoma conceitos já vistos nos capítulos anteriores do livro,
explicando mais uma vez o que é o padrão de leitura em F, em E, e no formato de L. O
uso da técnica anteriormente apresentada faz com o que o texto possa ser escrito na voz
passiva, que é outra recomendação que será esmiuçada ao longo do capítulo 4.
“A recomendação de iniciar a frase, em particular a do título (seja externo ou por
diferenciação tipográfica da primeira frase do ‘lead’), com palavras portadoras de
informação ou palavras-gancho, favorece a adoção da voz passiva [...]” (p.94)

4.1.1 Troque a ordem dos elementos da frase de forma a começar com as palavras
que, a seu juízo, tenham mais relevância e ‘gancho’.

As frase do texto devem ter sua ordem reorganizadas, de modo que no lado esquerdo
sejam colocadas as palavras de maior impacto e mais portadoras de informações para que
sirvam como modo de agarrar o leitor. Isso pode ser feito de várias formas, de acordo
com os elementos da notícia que estiver sendo reportada. Entre as formas estão:
transformar a voz ativa em passiva, transformar o complemento direto em sujeito, trocar
a posição de alguns elementos da frase, usar o complemento circunstancial no lugar do
sujeito, colocar

4.1.2 Use a voz passiva sempre que necessário

“Porém, no contexto da Internet, a voz passiva é uma forma de atrair para o lado esquerdo
da frase elementos que, na opinião do autor/editor, sejam mais relevantes.” (p. 97)
“Então, por que a Web a exige? Porque, ao colocar as palavras portadoras de informação
à esquerda nos títulos, nos parágrafos que seguem e nos leads, melhora a
‘escaneabilidade’ e, assim, a efetividade do SEO (Search Engine Optimization, ou
otimização para buscadores).” (p.98)
A recomendação de usar a voz passiva é uma das mais reiteradas ao longo do capítulo 4.
Ao modificar o conceito da ação em uma frase, esse método muda também a relação entre
os elementos e ressalta alguns dos aspectos da oração. O leitor verá o sujeito da ação
como elemento mais importante.
É relevante lembrar que deixar a oração na voz passiva, colocando o sujeito no início da
frase, é também uma forma de atrair para o lado esquerdo os elementos mais importantes.
Outro jeito de fazer isso é usando os dois pontos.
“Os dois pontos são um recurso válido para atrair ao lado esquerdo da frase os elementos
mais informativos, as palavras portadoras de informação.” (p.99)
“[...] na Web poderiamos dizer que os dois pontos podem significar: “Vamos fazer uma
afirmação sobre este assunto”. Isso significa que o autor/editor decidiu que o tema que
precede os dois pontos é a palavra mais portadora de informação, a que tem mais gancho,
a que retém a atenção do usuário.” (p.100)
Recurso muito usado no meio impresso, os dois pontos servem para chamar a atenção
para uma declaração ou informação que vem a seguir. É uma forma de anunciar ao leitor
o que é mais importante, sendo assim mais um dos elementos-gancho.

4.1.4 Palavras que não funcionam para iniciar títulos (ou parágrafos, intertítulos ou
itens de uma enumeração)

“Os artigos (o, a, os, as, um, um, uns, uma, umas…) estão na categoria das piores palavras
para começar frases, em especial títulos (sejam externos ou por diferenciação tipográfica),
intertítulos e itens em enumerações.” (p.103)
“Não começar com expressões de ligação, como: além disso, a saber, agora, ainda que,
aliás, ao menos, aparentemente, apesar disso, assim, até certo ponto, certamente, com
efeito, contudo, de fato, de toda forma, depois de tudo, dito isto, em troca, em
consequência, em uma palavra, enfim, em princípio, ou seja, isto é, finalmente, mais
ainda, mas, melhor dizendo, na verdade, não obstante, ou seja, por conseguinte, portanto,
por exemplo, por ora, por outro lado, por último, pois bem, porém, vale dizer.” (p.103)
Algumas das recomendações seguintes são as de evitar os artigos no início de títulos e
não começar com palavras que indiquem ligação de ideias. Esses são conselhos dados por
Roy Peter Clark, em um de seus livros e que, de acordo com o “Como Escrever Para a
Web” são aplicáveis aos textos do ambiente virtual. Deve-se colocar declarações
importantes no início e final dos parágrafos, o que faz com que as informações menos
fortes fiquem no meio do texto.

4.2 Minimize a pontuação, racionalize o número de ideias que coloca nas frases (e
controle seu tamanho)

“Sempre há uma relação direta entre o número de idéias que o autor/editor tenta colocar
na frase, a pontuação utilizada para criá-la e o tamanho do período. Ao reduzir o número
de idéias por frase, minimiza-se a pontuação e se reduz o tamanho da frase.” (p.106)
De acordo com o livro, o uso de frases longas obriga os usuários a estabelecer relações
complexas e difíceis de entender no texto. Entre os efeitos de natureza gramatical
causados pelas frases longas estão a virgulite, que trata-se da necessidade de usar muitas
vírgulas para separar as partes da oração; o queísmo, que é caracteriza-se pelo uso dos
relativos que, onde, etc.; e a concordância, que deixa muito distantes os elementos da
oração.
4.3 Revisão de recomendações de manuais de edições impressas que não se aplicam
às edições digitais

Nesta parte, o livro revisa recomendações do Manual de Redação do Jornal El Tiempo,


abordando quais pontos devem ser modificados quando escrevemos para a web. O
primeiro dele diz respeito a como usar siglas.
“A recomendação de usar o nome completo que dá lugar à sigla ou acrônimo poderia ser
levada ao extremo de sugerir fazê-lo até quando se divide o texto em blocos temáticos
dentro da mesma página, identificados com intertítulos, que permitem uma leitura não
linear. Recorde que a maioria dos usuários não lê palavra por palavra, e em vez disso –
diz Jakob Nielsen, guru da usabilidade – escaneiam ou folheiam o texto e escolhem
palavras-chave, orações e parágrafos de seu interesse, enquanto ‘brincam’ sobre aquelas
partes do texto que lhes importam menos.” (p.111)
Considerando que os usuários fazem uma leitura não linear, quando deixamos de explicar
o significado de uma sigla, pode-se fazer com que eles não a entendam ao longo do texto.
Também é preciso atentar que existem leitores de todo o mundo e que, portanto, podem
desconhecer o significado dos termos. Portanto, o autor aconselha que não se siga o
pressuposto de que o público em geral conhece todas as siglas usadas.
Quanto ao uso dos números, o recomendado é usar os numerais quando se quer
representar números, pois isso atrai a atenção dos leitores em meio ás muitas palavras do
texto, além de ocuparem menos espaço e ter uma força especial, por representar fatos.
“Não tema começar parágrafos, frases e itens de enumerações com números escritos em
numerais, sempre e quando se tratar de cifras simples e que ajudem a reforçar a segunda
palavra carregada de informação. Novamente, utilizar numerais facilita reduzir o número
de caracteres para ajustá-lo aos campos de um sistema de gerenciamento de conteúdos.
Esta recomendação difere da do Manual de Redação de ‘El Tiempo’, que ordena escrever
com letras os números no início de frases.” (p.113)

Outras recomendações dizem respeito ao uso do grifo e a referências temporais.


“O grifo, também conhecido como itálico, é difícil de ler em telas de computador, e por
isso recomendamos substituí-lo por aspas simples [...]” (p.116)
“Quando um texto permanece na Web indefinidamente, referências temporais como
ontem e hoje perdem o sentido. Embora não tenhamos uma resposta completa sobre como
elas devem ser usadas, faz mais sentido mencionar o dia da semana ou até a data
completa.” (p.116)
Outras dicas são de usar frases longas para descrever algo longo e alterná-las com de
tamanhos médios e curtos. Utilizar verbos fortes, preferencialmente no tempo presente e
que expliquem mais claramente o que se quer dizer, como ao usar “decidir” em vez de
“tomar uma decisão”, além de “pesquisar” no lugar de “fazer uma pesquisa”.
“Elimine as repetições de informação, especialmente as derivadas da forma como se
estruturam os textos na edição impressa do jornal. Os textos impressos estão estruturados
de tal forma que o título é um elemento externo. Quando estão estruturados segundo o
princípio da pirâmide invertida, o efeito líquido é a repetição de informação. O processo
de reedição para Internet deve iniciar com a eliminação dessas repetições.” (p.120)

Por fim, chama-se atenção para a importância em evitar informações repetidas. É


recomendado eliminar parágrafos que não apoiem o foco da matéria; aspas ou cenas que
tenham menos força; frases construídas com verbos como “tende a” e “tratar de” e
redundâncias.

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