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Parte 1

O PROCESSO
PSICODIAGNÓSTICO
1
CONCEITUAÇÃO DE
PSICODIAGNÓSTICO
NA ATUALIDADE
Jefferson Silva Krug
Clarissa Marceli Trentini
Denise Ruschel Bandeira

A
avaliação psicológica clínica com fins Cunha (2000, p. 23, grifo nosso), em con-
diagnósticos é uma prática muito comum cordância, preconiza que ­ “psicodiagnóstico”
no Brasil. Há décadas, ­muitos profissio- é um termo que designa um tipo de avalia-
nais habituaram-se a chamar essa atividade de ção psicológica com propósitos clínicos, em que
“psicodiagnóstico”. No entanto, constatamos que “. . . há a utilização de testes e de outras estraté-
o uso do termo é mais comum quando, durante o gias, para avaliar um sujeito de forma sistemáti-
seu desenvolvimento, o profissional se vale de tes- ca, científica, orientada para a resolução de pro-
tes psicológicos para coletar informações sobre o blemas”. A autora segue afirmando que:
consultante. Nas avaliações em que esses testes
não são empregados ou inexistem para os objeti- Psicodiagnóstico é um processo científico, li-
vos do exame, outros termos se destacam, como mitado no tempo, que utiliza técnicas e testes
avaliação clínica, avaliação psicológica, entre- psicológicos (input), em nível in­di­v idual ou
vistas preliminares, diagnóstico psicológico, etc. não, seja para entender proble­má­ticas à luz
(Krug, 2014). Essa constatação nos levou a ques- de pressupostos teóricos, identificar e avaliar
tionar o concei­to clássico de psicodiagnóstico e a aspectos específicos, seja para classificar o
examinar se a compreensão desses profissionais caso e prever seu curso possível, comunican-
quanto à associação direta do termo “psicodiag- do os resultados (output), na base dos quais
nóstico” com a administração de testes também é são propostas soluções, se for o caso. (Cunha,
compartilhada pela literatura da área. 2000, p. 26, grifo nosso).

O PSICODIAGNÓSTICO EXIGE A Observamos que, em todas as definições


APLICAÇÃO DE TESTES PSICOLÓGICOS? de Cunha (2000), o uso da expressão “e” suge-
re a obrigatoriedade do uso de testes para que
Ao consultar a literatura, identificamos conver­ o processo de avaliação psicológica clínica seja
gências conceituais. Arzeno (1995, p. 5) diz, por chamado de “psicodiagnóstico”. Aparentemen-
exemplo, que “. . . fazer um diagnóstico psicoló­ te, Castro, Campezatto e Saraiva (2009) também
gi­co não significa necessariamente o m
­ esmo que entendem dessa forma, diferenciando “período de
fazer um psicodiagnóstico. Este termo implica avaliação” de “psicodiagnóstico”. Para as au­toras,
automaticamente a administração de testes e es- durante o “período de avaliação” que precede a
tes nem sempre são necessários ou con­venientes”. psicoterapia, o psicólogo poderá reali­zar um “psi-
Portanto, parece claro o entendimento da autora codiagnóstico” ou fazer o encaminhamento para
de que toda avaliação psicológica que não utilize outro psicólogo que o realize, quando ocorrer a
testes não deva ser nomeada de “psicodiagnóstico”. aplicação de testes psicológicos: “. . . a aplicação
PSICODIAGNÓSTICO 17
de testes pode ser realizada pelo próprio psicote- especialmente, a avaliação psicológi­ca refere-
rapeuta, se esse dominar as técnicas necessárias -se à coleta e interpretação de da­dos, obtidos
e se sentir confortável para tal, ou por um cole- por meio de um conjunto de procedimentos
ga especializado em psicodiagnóstico” (Castro et confiáveis, entendidos co­mo aqueles reco-
al., 2009, p. 100). nhecidos pela ciência psicológica.
Em Ocampo e Arzeno (1979/2009), também
encontramos a ideia de que o processo psico- Quanto à diferença entre “avaliação psico­
diagnóstico inclui, obrigatoriamente, uma etapa ló­gica” e “testagem psicológica”, a Cartilha (CFP,
de aplicação de testes e técnicas projetivas. Para 2013, p. 13) diz:
explicar seu posicionamento, as autoras diferen-
ciam a prática avaliativa que chamam de “psi­ A avaliação psicológica é um processo amplo
codiagnóstico” da prática avaliativa de psicana- que envolve a integração de informações
listas em suas primeiras consultas, referindo que, provenientes de diversas fontes, dentre elas,
nestas últimas, se tem a possibilidade do uso de testes, entrevistas, observações e análise de
entrevistas livres ou totalmente ­abertas, algo não documentos, enquanto a testagem psico-
viável no psicodiagnóstico devido à limitação do lógica pode ser considerada um processo
tempo. diferente, cuja principal fonte de informação
Neste debate sobre a terminologia adotada são os testes psicológicos de diferentes tipos.
para a atividade avaliativa clínica, observamos
que, excluindo-se a necessidade de aplicação de Na Cartilha sobre Avaliação Psicológica,
testes, as descrições do processo psicodiagnósti­ editada em 2007 pelo CFP (2007), não há referên-
co contidas nos manuais citados relatam exata­ cia ao termo “psicodiagnóstico”. Já na Cartilha de
mente o que é feito pelos profissionais que di­zem 2013 (CFP, 2013, p. 34), há apenas uma menção ao
não realizar psicodiagnóstico. Dito de outra termo, descrito como uma modalidade de avalia-
forma, o que diferencia a avaliação clínica fei- ção psicológica, sem a especifica­ção da necessida-
ta por psicólogos que nomeiam sua prática de de ou não do uso de testes: “. . . no âmbito da inter-
“psi­codiagnóstico” da daqueles que não a cha- venção profissional, os processos de investigação
mam assim é, apenas, o uso de testes psicológi- psicológica são denomina­dos de avaliação psico-
cos (Krug, 2014). lógica, descritos em ­termos de suas modalidades
Parece-nos infrutífera essa distinção termi­ – psicodiagnóstico, exame psicológico, psicotécni-
nológica, uma vez que, para nós, o que ­define co ou perícia” (CFP, 2013, p. 34, grifo nosso).
um psicodiagnóstico relaciona-se mais ao caráter Portanto, a partir da reflexão sobre o uso
investigativo e ao diagnóstico do que à necessi- do termo “psicodiagnóstico”, podemos fazer
dade do uso de determinado tipo de instrumento os seguintes questionamentos: as chamadas
de coleta de dados. Diferentemente dos trabalhos “en­trevistas preliminares”, “entrevistas de avalia-
citados, encontramos outros ­autores que defen- ção” ou “entrevistas iniciais”, conduzidas por psi-
dem a ideia de que o uso de testes pode não ser cólogos de diferentes abordagens teóricas antes
necessário em um psicodiagnóstico. Conforme de indicar ao paciente uma análise, uma psico-
Trinca (1983), por exemplo, o uso ou não de testes terapia ou qualquer modalidade de tratamento
depende do psicólogo e de seu pensamento clíni- psicológico ou de outra área, não poderiam ser
co em relação a cada paciente. consideradas uma prática de avaliação psicológi-
Tomemos como referência para essa reflexão ca? A avaliação clínica inicial feita pelo psicólogo
as definições feitas pelo Conselho Federal de Psi- com o objetivo de conhecer aspectos psíquicos do
cologia (CFP) para alguns termos comumente uti- paciente à luz da teoria psicanalíti­ca ou de qual-
lizados na área. A definição de “avaliação psicoló- quer outra teoria não se c­ onfigura como uma prá-
gica” do CFP (2013, p. 11), por exemplo, engloba tica de avaliação psicológica? Ou o mais apropria-
qualquer atividade, com ou sem o uso de testes: do seria chamar essa prática psicológica orientada
pela teoria psicanalítica de “avaliação psicanalí-
A avaliação psicológica é compreendida tica” e a prática de profissionais orientados pelo
como um amplo processo de investigação, no comportamentalismo de “avaliação comporta-
qual se conhece o avaliado e sua demanda, mental”? Somente quando um psicanalista, um
com o intuito de programar a tomada de gestaltista ou um comportamentalista aplica tes-
decisão mais apropriada do psicólogo. Mais tes psicológicos durante o período de entrevistas
18 HUTZ, BANDEIRA, TRENTINI & KRUG (ORGS.)

preliminares diagnósticas é que poderíamos cha- obrigatoriedade de aplicação de testes psicoló-


mar essa prática avaliativa de “psicodiagnóstico”? gicos, está em desacordo com a compreensão de
E, ainda, não poderemos chamar de “psicodiag- muitos profissionais da área da avaliação psico­ló­
nóstico” os processos de avaliação psicológica clí- gica sobre o que é um psicodiagnóstico na atua­
nica com pacientes para os quais não dispomos de lidade. Defendemos a ideia de que a prática reali-
testes psicológicos aprovados pelo CFP? Por fim, zada por psicólogos, tanto aqueles que nunca se
sabendo que o profissional, durante uma avalia- valem de testes psicológicos quanto aqueles que
ção clínica, tem o dever e a liberdade de optar os usam ocasionalmente, independentemente de
pelas estratégias mais indicadas para realizar o sua teoria de base, também possa ser nomeada de
procedimento, caso deseje realizar um psicodiag- “psicodiagnóstico”. Portanto, em nosso entendi-
nóstico, terá ele de, obrigatoriamente, aplicar tes- mento, há a necessidade de se rever a definição do
tes psicológicos? termo na atualidade, de maneira a abranger va-
Essa confusão conceitual é descrita pela riadas formas de realização desse procedimento
li­teratura (Wainstein, 2011; Wainstein & Ban- investigativo clínico, a partir de diferentes teorias
deira, 2013). Nesses estudos, investigou-se o que psicológicas.
profissionais da saúde e da educação e­ ntendem e Compreendemos que o p ­sicodiagnóstico
esperam de um processo psicodiagnóstico para é um procedimento científico de investigação
crianças e adolescentes, assim como de que forma e intervenção clínica, limitado no tempo, que
encaminham seus pacientes para esse tipo de ava- emprega técnicas e/ou testes com o propósito de
liação. Os resultados indicaram que o conceito de avaliar uma ou mais características psicológi­cas,
“psicodiagnóstico” é associado ao uso de algum visando um diagnóstico psicológico (descritivo e/ou
instrumento psicológico, mais es­ pecificamente dinâmico), construído à luz de uma orientação
testes que avaliam as capacida­des cognitivas, e teórica que subsidia a compreensão da situa­ção
sugeriram que os profissionais que encaminham avaliada, gerando uma ou mais indicações tera-
seus pacientes não sabem ao certo a nomenclatu- pêuticas e encaminhamentos.
ra que deve ser utilizada, usando “psicodiagnós- Assim, o psicodiagnóstico pressupõe a ado-
tico”, “avaliação diagnóstica”, “psicoavaliação”, ção de um ponto de vista científico sobre o fenô-
“testagem”, conforme o tipo de interesse (aspec- meno avaliado. Em psicologia, acreditamos que
tos cognitivos, a­spectos sociais e outros). Essa esse caráter científico é adquirido por meio de
pesquisa apontou que todas as nomenclaturas métodos e técnicas de intervenção, com base em
usadas representam a avaliação psicológica clíni- teorias psicológicas.
ca, mas o termo que aparenta ser o melhor para
esses casos é “psico­diagnóstico”, que tem uma O PSICODIAGNÓSTICO NECESSITA
definição clara de to­do o processo. Para as auto- DE UMA TEORIA PSICOLÓGICA
ras, não é o uso ou não de testes, ou de determi- QUE O FUNDAMENTE
nados tipos de testes, que configura a realização
de um psicodiagnóstico, uma vez que, em alguns Felizmente, nas últimas décadas, a área da ava-
casos, o psicólogo abrirá mão do uso de testes, liação psicológica no Brasil tem investido m ­ uito
especialmente quando não houver testes valida- no desenvolvimento de instrumentos mais con­
dos no mercado. Lembram que, para a avaliação fiáveis, construídos a partir da nossa realidade
de c­ rianças pré-escolares (0 a 6 anos), a obser- cultural. É perceptível o aumento da o ­ ferta e da
vação do de­senvolvimento infantil, baseada em qualidade dos testes em nosso país, o que propor-
critérios, tem sido muito usada entre os profis- cionou maior qualificação dos serviços prestados
sionais que costumam trabalhar com essa fai- à população. Sem dúvida, o estudo desses instru-
xa etária. Por fim, concluem dizendo que parece mentais qualificou os testes, mas não o processo
não haver um consenso a respeito da nomencla- psicodiagnóstico.
tura utilizada para designar o encaminhamento Observamos, na atualidade, uma superva­
de um indivíduo para avaliação psicológica. lo­rização dos instrumentos psicométricos e pro­
jetivos em detrimento da escuta e da tarefa de
DEFINIÇÃO DE PSICODIAGNÓSTICO síntese compreensiva que deve ser realizada pe­lo
psicólogo a partir de todas as informações coleta-
A definição encontrada nos manuais c­ onsultados, das durante a avaliação. Em alguns casos, a teo-
que associam a prática de psicodiagnóstico à ria psicológica tem cada vez menos in­­fluência no
PSICODIAGNÓSTICO 19
processo, seja por não orientar o pró­prio proces- O PSICODIAGNÓSTICO
so avaliativo, seja por não estar contemplada na É UMA INTERVENÇÃO
construção dos i­nstrumentos que são utilizados
de forma indiscriminada. Veem-se verdadeiros O afastamento, percebido na atualidade, entre a
frankensteins técnicos e teóricos quando psicólo- área da avaliação psicológica e as teorias psicoló-
gos adotam em seus processos avaliativos técnicas gicas pode ser compreendido, também, pelas re-
que se estruturam em diferentes teorias (muitas flexões de Barbieri (2008, p. 583). Para ela,
vezes com concepções teóricas e epistemológi-
cas conflitantes). Assim, como avaliar a perso- . . . o predomínio do pensamento positivista
nalidade de um paciente utilizando, ao mesmo nas Ciências Sociais e Humanas trouxe consi-
tempo, instrumentos que se alicerçam na psica- go, ao longo da história, uma dissocia­ção en-
nálise, na psicologia positi­va, na gestalt e na neu- tre pesquisa acadêmica e prática profissional.
ropsicologia? O resultado é uma total dependên- Essa situação ocasionou um empobrecimento
cia do profissional ao resultado do teste, fazendo na produção de conheci­mentos oriundos
com que ele construa a conclusão de sua avaliação do trato direto com as pessoas ou a ele des-
desconsiderando os aspectos específicos de cada tinados, promovendo um distanciamento
­disciplina teórica e montando seu diagnóstico de daquilo que deveria se constituir na meta
forma ateórica. principal do nosso tra­ba­l­ho como psicólogos.
Entendemos que não é possível descuidar da
formação teórica do profissional que deve esco- É perigoso considerar as práticas avaliativas
lher, administrar, interpretar e integrar os resul- apenas em sua dimensão investigativa, excluin-
tados desses instrumentos em um procedimen- do os aspectos interventivos e ­terapêuticos que
to clínico como o psicodiagnóstico, sob pena de lhes são inerentes. Para Barbieri (2008), a sepa-
ficarmos reféns dos testes para a reali­za­ção de ração entre as atividades de investigação e de
qualquer avaliação. Compreendemos que o aper- intervenção é resultado do olhar positivista, que
feiçoamento dos testes, tornando-os mais válidos e busca atingir um ideal de objetividade para a pes-
fidedignos para o que se propõem examinar, deve quisa científica. A autora entende que um psi­
ser acompanhado por uma formação teórica que codiagnóstico isento de intervenções pode trazer
também possibilite um “psicólogo válido” (Ban- ao paciente muitos malefícios. As entrevistas ini-
deira, 2015), capaz de compreender os resultados ciais empregadas sem intervenção, além de não
de um teste ou de uma entrevista com base em atingirem seus objetivos de formular o diagnós-
uma teoria psicológica que fundamente o trabalho tico e iniciar o tratamento, desperdiçam a chance
de qualquer psicólogo. de o paciente estabelecer conta­to com outra pes-
Por esse motivo, defendemos que o ­ensino da soa, o que pode resultar em uma experiência tera-
avaliação psicológica não pode se abster do apro- pêutica negativa.
fundado estudo das teorias psicológicas que fun- Assim, entende-se que usar o termo “psico-
damentam a técnica de coleta e análise de infor- diagnóstico” apenas para as situações em que os
mações adotada em processos avaliati­vos. Não testes psicológicos são utilizados com a intenção
compactuamos com uma ­ proposta de avalia- de tornar mais objetiva a avaliação parece estar
ção ateórica e não interventiva por entender- em consonância com a visão positivista. Pode-se
mos que qualquer leitura e intervenção sobre o pensar que a rejeição, por parte de alguns profis-
comportamento humano, seja com instrumen- sionais que realizam avaliações clínicas, ao uso
tos ­objetivos, como testes psicométricos, seja com tradicional do termo “psicodiagnóstico” para a
técnicas me­nos diretivas, como testes projetivos e descrição das práticas avaliativas é uma forma
entrevistas clínicas, está embasada em paradigmas de manter-se distante da perspecti­va positivista
teóricos e produz modificação no objeto analisa- de investigação do objeto totalmente separada do
do. Assim, não existe a possibilidade de o psicólo- observador. Além disso, essa noção está em desa-
go trabalhar sem uma teoria de base, uma vez que cordo com as muitas propostas contemporâneas
os fenômenos são observados e analisados à luz de que debatem a complexidade humana e a inter-
pressupostos teóricos, em um processo interativo. subjetividade.
20 HUTZ, BANDEIRA, TRENTINI & KRUG (ORGS.)

Portanto, ao considerarmos as caracterís­ REFERÊNCIAS


ticas da pesquisa qualitativa e quantitativa pós-
-moderna associadas à prática avaliativa, pode- Arzeno, M. E. G. (1995). Psicodiagnóstico clínico: Novas contribuições.
-se pensar que o uso do termo “psicodiagnóstico” Porto Alegre: Artmed.
deva incluir a preocupação clínica não apenas Bandeira, D. R. (2015). Prefácio. In S. M. Barroso, F. Scorsolini-Comin,
& E. Nascimento (Eds.), Avaliação Psicológica: Da teoria às aplicações.
com a objetividade diagnóstica, mas também Rio de Janeiro: Vozes.
com o processo avaliativo. Por meio de relatos,
Barbieri, V. (2008). Por uma ciência-profissão: O psicodiagnóstico
produzidos em entrevistas e/ou com o uso de interventivo com o método de investigação científica. Psicologia em
outras técnicas, o sujeito conta sua histó­ria, suas Estudo, 13(3), 575-584.
experiências, as revive no relacionamento com o Barbieri, V. (2010). Psicodiagnóstico tradicional e interventivo: Con-
psicólogo, fazendo com que, como afirma Barbie- fronto de paradigmas? Psicologia: Teoria e Pesquisa, 26(3), 505-513.
ri (2010), possa modificar-se com o auxílio das Castro, E. K. de, Campezatto, P. V. M., & Saraiva, L. A. (2009). As etapas
devoluções. da psicoterapia com crianças. In M. G. K. Castro, & A. Stürmer (Eds.),
Crianças e adolescentes em psicoterapia: A abordagem psicanalítica.
Porto Alegre: Artmed.
CONSIDERAÇÕES FINAIS Conselho Federal de Psicologia (CFP). (2007). Cartilha sobre avalia-
ção psicológica. Brasília: CFP. Recuperado de: http://site.cfp.org.br/
O psicodiagnóstico abrange qualquer tipo de ava­ wp-content/uploads/2013/05/Cartilha-Avalia%C3%A7%C3%A3o-
liação psicológica de caráter clínico que se apoie -Psicol%C3%B3gica.pdf.
em uma teoria psicológica de base e que ado- Conselho Federal de Psicologia (CFP). (2013). Cartilha avaliação
psicológica – 2013. Brasília: CFP. Recuperado de: http://satepsi.cfp.
te uma ou mais técnicas (observação, entre­v ista, org.br/docs/cartilha.pdf.
testes projetivos, testes psicométricos, etc.) reco-
Cunha, J. A. (2000). Fundamentos do psicodiagnóstico. In J. A. Cunha
nhecidas pela ciência psicológica. Não sugerimos (Ed.), Psicodiagnóstico V (5. ed.). Porto Alegre: Artmed.
a adoção do termo para situações avaliati­vas em Krug, J. S. (2014). Entrevista lúdica diagnóstica psicanalítica: Funda-
contextos jurídicos ou organizacionais, uma vez mentos teóricos, procedimentos técnicos e critérios de análise do brincar
que, nessas situações, estão presentes outras va- infantil. (Tese de doutorado não publicada, Universidade Federal do
Rio Grande do Sul, Porto Alegre).
riáveis geralmente não encontradas no contexto
clínico, como a simulação e a dissimulação cons- Ocampo, M. L. S., & Arzeno, M. E. G. (2009). O processo psicodiag-
nóstico. In M. L. S. Ocampo, M. E. G. Arzeno, & E. G. Piccolo (Eds.),
cientes. Também não com­preendemos que o psi- O processo psicodiagnóstico e as técnicas projetivas. São Paulo: Martins
codiagnóstico se limite, em todos os casos, a uma Fontes. Publicado originalmente em 1979.
avaliação de sinais e sintomas, tendo com resul- Trinca, W. (1983). O pensamento clínico em diagnóstico da personali-
tado apenas um diagnóstico nosológico, o que dade. Petrópolis: Vozes.
se aproximaria m ­ uito de uma avaliação psiquiá­ Wainstein, E. A. Z. (2011). Um estudo sobre as formas de encaminha-
trica. Tampouco entendemos que uma simples mento, descrição e esclarecimentos do processo psicodiagnóstico para
as crianças e adolescentes. (Trabalho de Conclusão de Curso de Espe-
aplicação de um teste, por mais complexo que ele cialização, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre).
possa ser, deva ser entendida como psicodiagnós-
Wainstein, E. A. Z., & Bandeira, D. R. (2013). Psicodiagnóstico:
tico. Reservamos o termo para descrever um pro- A contribuição da avaliação psicológica no trabalho com crianças. In
cedimento complexo, interventivo, baseado na J. Outeiral, & J. Treiguer (Eds.), Psicanálise de crianças e adolescentes.
coleta de múltiplas informações, que possibilite a Curitiba: Maresfield Gardens.
elaboração de uma hipótese diagnóstica alicerça-
da em uma compreensão teórica.

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