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Cada pessoa deve ter uma tábua de valores, cada tábua deve ser organizada mediante os nossos critérios

e preferências. E a polaridade
permite-nos distinguir as coisas valiosas das não valiosas, ajudando na organização hierárquica. Cada valor é bipolar, sendo assim se um valor
está no topo da tábua hierárquica então o seu contravalor estará na base.

Definir axiologia: A axiologia é uma disciplina filosófica que se ocupa do estudo dos valores, analisando a sua natureza e definindo-os através
da sua relação com o ser humano.

Distinguir juízos de valor de juízos de facto: Juízos de facto correspondem a afirmações que tendem a ser descritivas e objectivas. Descrevem a
realidade, são objectivos e claros, ou seja não dependem da preferência ou apreciação do sujeito, são verificáveis, são neutros, impessoais e
imparciais, podem ser verdadeiros ou falsos, e quando verdadeiros é possível o seu reconhecimento por todos.

Juízos de valor são enunciados, exprimem as preferências do sujeito. Pretendem avaliar a realidade, são subjectivos (resultam da apreciação e
valoração do sujeito), não são empiricamente verificáveis, não são falsos nem verdadeiros e muitas vezes não são consensuais. Por isso, factos
e valores são faces distintas da realidade humana. Se os factos e os valores se confundissem estaríamos a assumir que os valores eram
objectivos e a esperar que toda a gente os entendesse da mesma maneira.

Caracterizar os valores: Os valores definem-se como sendo entidades virtuais, que não existem na realidade. Os valores não são propriedade
dos objectos, são atribuídos às coisas por um sujeito. Valor implica sempre uma relação de um sujeito com um objecto. As características
fundamentais dos valores são a hierarquia e a polaridade. Os valores orientam as nossas preferências. O valor que confere sentido à vida,
serve para a nossa orientação pessoal.

Explicar em que consiste valorar: Valorar algo é o acto de atribuir um valor ao objecto. Para valorar algo de forma sentida temos de ter em
conta a nossa experiencia e as nossas preferências.

Enunciar a tábua de valores de Max Scheler: Max Scheler apresentou uma classificação de valores, organizando do mais importante para o
menos importante, segundo as suas ideias: valores religiosos (divino/demoníaco), valores éticos (bom/mau), valores estéticos (bonito/feio),
valores lógicos (verdade/falsidade), valores vitais (fraco/forte) e por fim valores úteis (caro/barato). Esta interpretação de valores feita por
Max Scheler não deve ser exclusiva e definitiva! Cada indivíduo, tem a sua “tábua de valores”, sendo que está poderá ser reajustada em função
das suas experiências e necessidades.

Distinguir objectivismo axiológico de subjectivismo axiológico: O objectivismo axiológico consiste na objectividade, absolutividade e
perenidade (eternidade), defendendo assim que os valores são como factos que se encontram na relação com os objectos, que não dependem
de nada e valem por si mesmos e que não sofrem alterações nem acompanham a história dos homens. O subjectivismo axiológico consiste na
subjectividade, relatividade e historicidade, defendendo assim que os valores dependem do sujeito para se mostrarem, dependem da
valoração do sujeito, quer em termos pessoais, quer tendo em conta o contexto social cultural em que se encontra e que os valores sofrem
alterações em função da história da humanidade. Sendo assim o objectivismo axiológico defende que os valores são objectivos, absolutos e
intemporais e o subjectivismo axiológico defende que os valores são subjectivos, relativos e temporal.

Enunciar os pressupostos do psicologismo, do naturalismo e do ontologismo: O psicologismo encara o valor como uma vivência pessoal, ou
seja, que o valor resulta de um estado psicológico. Enuncia que o valor é subjectivo e que os objectos não valem porque tem qualidades mas
sim porque os desejamos. Segundo o psicologismo, os juízos de valor correspondem a realidade tal como o sujeito a vê, e portanto, são validos
e legítimos. O psicologismo encara também algumas dificuldades como por exemplo a impossibilidade de explicar a permanência de valores
na vida do homem. O naturalismo defende a existência se valores como qualidades das coisas, estando ligado ao objectivismo axiológico. O
naturalismo define valores como propriedades objectivas das coisas. Também o naturalismo enfrenta algumas dificuldades: se os valores
pertencem às coisas então porquê a existência de desentendimentos entre indivíduos acerca dos valores dos objectos. O ontologismo afirma
que os valores são independentes dos objectos reais, do espaço e do tempo em que nos encontramos. Esta teoria defende que os objectos
dependem dos valores para se tornarem valiosos, mas os valores não dependem dos objectos. Assim, os valores são imateriais, intemporais e
imutáveis (fixos). Como defendia Platão, defensor do ontologismo, os valores são perfeitos e absolutos. As ideias do Belo e do Bem não se
alteram ao contrário dos objectos e das acções que se podem classificar.

Definir cultura: Cultura é um conjunto de manifestações materiais e imateriais que reflectem a especificidade de um grupo de indivíduos na
sua maneira de pensar, sentir e agir. É um conjunto de valores e padrões de comportamento e também uma forma de adaptação.

Clarificar os critérios de variabilidade dos valores: Existem critérios pessoais, colectivos e universais. Os critérios pessoais dizem respeito ao
sujeito, baseiam-se nas suas características pessoais (os seus gostos, interesses, …). Os critérios colectivos são de dimensão social e cultural
(costumes, ideias e formas de estar em grupo). Os critérios universais dizem respeito a toda a humanidade e reconhecem o sujeito como ser
sensível aos outros que coabitam o planeta. Clarificar a necessidade de se estabelecerem critérios transubjectivos de valoração. Critérios
transubjectivos são critérios que ultrapassam a barreira do individual e do colectivo, mas que ainda não são universais. Estes critérios são
necessários serem estabelecidos para garantir o enriquecimento da realidade humana na sua relação com os outros e com o planeta. A
humanidade, o diálogo e a vida do planeta são exemplos de critérios transubjectivos.

Criticar o etnocentrismo e o relativismo cultural: O etnocentrismo é uma visão egocêntrica que promove a assimilação. As culturas
dominantes tendem a impor os seus valores e padrões de comportamento às culturas minoritárias dando origem a racismo, xenofobia,
patriotismo e nacionalismo exagerado. O etnocentrismo acaba por ser uma visão dogmática cheia de princípios e valores absolutos e
inquestionáveis. Se entendermos que os nossos costumes são os únicos aceitáveis, ficaremos impedidos de reconhecer a existência de outros
igualmente aceitáveis. O relativismo cultural aceita e respeita as diferenças culturais mas acaba por promover a separação, pois há diferentes
culturas que se toleram, mas que vivem sem contacto entre si, isto leva ao isolamento de culturas. O relativismo impede-nos, assim, de
procurar o progresso da própria humanidade. Além de que a tolerância (conviver pacificamente com os outros respeitando as suas
diferenças) exigida pelo relativismo acaba por tornar-se contraditória, pois se tudo é aceitável, não há nada a tolerar, então a tolerância poderá
transformar-se em indiferença. Ao propor uma tolerância indiferente o relativismo afasta a hipótese de entendimento entre as culturas e a
possibilidade de enriquecermos com elas.
Argumentar a favor da atitude intercultural: A interculturalidade ao reconhecer a natureza plural e diversificada da cultura humana, promover
o contacto entre as diferentes culturas, defender a partilha de valores, assumir a universalidade dos direitos humanos e ao exigir a prevenção
de conflitos, está a promover a integração e a interacção. Se a humanidade ganha com a diversidade cultural, propõe-se o contacto e o diálogo
entre diferentes culturas no sentido de enriquecerem mutuamente.

Outras notas: - Os emotivistas (teoria do emotivismo, parecida com a do psicologismo) dizem que os enunciados que exprimem os juízos de
valor não são mais do que expressões das nossas emoções, sentimentos e atitudes, não sendo possível observá-las com verdade ou falsidade,
legitimidade ou ilegitimidade.

- O diálogo é uma discussão séria e racional entre humanos, que quando usado permite estabelecer normas ou regras universais.

- O conceito de identidade é inseparável do de cultura.

- Garantir o respeito pelas diferenças e preservar a igualdade dos direitos para todos não são tarefas fáceis, continuam a existir conflitos de
valores, acompanhados muitas vezes de injustiças sociais.

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