A Região Metropolitana de Campinas faz parte da a maior e mais
complexa rede urbana do Estado de São Paulo. Se trata de um grande conjunto urbano conectado por uma ampla rede viária, concentrando um importante e diversificado parque industrial e ampla oferta de serviços, entre os quais universidades, centros de pesquisa e outros de alta tecnologia. Este complexo urbano, denominado Macrometrópole Paulista, integra as regiões metropolitanas de São Paulo, Baixada Santista, Campinas, Sorocaba, Vale do Paraíba e Litoral Norte, as aglomerações urbanas de Jundiaí e Piracicaba e a microrregião da Bragantina.
A Região Metropolitana de Campinas é constituída hoje por 20
municípios, com o acréscimo da cidade de Morungaba em 2014. Os municípios pertencentes à Região Metropolitana são Americana, Artur Nogueira, Campinas, Cosmópolis, Engenheiro Coelho, Holambra, Hortolândia, Indaiatuba, Itatiba, Jaguariúna, Monte Mor, Morungaba, Nova Odessa, Paulínia, Pedreira, Santa Bárbara d'Oeste, Santo Antônio de Posse, Sumaré, Valinhos e Vinhedo. A conformação da região metropolitana surgiu a partir de estímulos exógenos que geraram um dinamismo econômico e uma forte urbanização nas áreas localizadas ao longo da Rodovia Anhanguera. O papel dinâmico da indústria trouxe grandes encadeamentos e forte interdependência setorial que estabeleceram novas relações entre as atividades econômicas da localidade e fluxos que necessariamente precisavam ser enfocados sob uma perspectiva supramunicipal.
HISTÓRICO E LEIS QUE INSTITUIRAM A RMC
As raízes históricas da formação da metrópole situam-se no
período cafeeiro. Foi, entretanto, na década de 1970, que ocorreu o período de crescimento industrial mais intenso em Campinas e, também, em outros municípios da região, tais como Americana, Paulínia, Valinhos, Sumaré, Indaiatuba e Vinhedo. A RMC (Região Metropolitana de Campinas) foi palco privilegiado do processo de interiorização do desenvolvimento econômico do Estado de São Paulo que, além da intensificação da industrialização, implicou na modernização das atividades agropecuárias articulada com as atividades industriais e terciárias.
Nos anos 70 e 80, a localização de indústrias, comércio e
serviços ao longo dos eixos rodoviários interliga mais estreitamente a economia das várias cidades, impulsionando a unificação do mercado de trabalho local e estimulando fortemente os fluxos de pessoas e produtos entre eles, configurando simultaneamente a modernização da função de centralidade de Campinas e iniciando o processo de metropolização.
A expansão urbana observada na região a partir dos anos 70 foi
marcada pela crescente horizontalização e periferização dos espaços urbanizados, intensificando o processo de articulação urbana de Campinas com os municípios limítrofes. Esse padrão de ocupação urbana consolidou-se principalmente na região sudoeste de expansão da cidade, na direção dos municípios de Sumaré, Hortolândia, Monte-Mor e Indaiatuba.
O padrão de urbanização da região resultou numa realidade
territorial complexa. Trata-se de uma urbanização seletiva e excludente que engendrou e/ou expandiu a verticalização em diferentes municípios, favoreceu o surgimento de condomínios fechados horizontais, para as faixas de renda média e alta e, ao mesmo tempo, aumentou o contingente de população pobre em bairros periféricos, com precária infraestrutura urbana, e de favelas em quase todas as cidades.
Assim, a Região Metropolitana de Campinas, nasceu desse
processo de urbanização iniciado nos anos 50 e acelerado na década de 70, com o aprofundamento da industrialização tardia no país, sendo concretizada em 19 de junho de 2000 pela Lei Complementar Estadual nº 870, e é atualmente uma das regiões metropolitanas mais dinâmicas no cenário econômico brasileiro. É importante destacar também que em 13 de março de 2014, por meio da Lei estadual nº 1.234, Morungaba passou a integrar o território metropolitano.
A Região Metropolitana deu uma nova realidade de
gerenciamento de políticas públicas para os municípios pertencentes à essa consolidação. Nesta nova realidade, todas as questões que forem de interesse de todos os municípios, serão levantadas e estudadas conjuntamente, isto é, num âmbito metropolitano.
Dinâmica Territorial
A Região Metropolitana de Campinas centraliza a maioria de
suas atividades na própria cidade de Campinas que é o município com maior número de habitantes e onde estão as maiores oportunidades de emprego. Esta centralidade metropolitana, que é circundada pelo anel viário Magalhães Teixeira, é seccionada por quatro grandes rodovias que formam três importantes eixos de ocupação nos quais se desenvolvem as áreas urbanas dos municípios mais expressivos da região. Este anel faz a conexão destas grandes rodovias e, consequentemente, desafoga o centro urbano campineiro, como verificamos na imagem abaixo.
O principal eixo é formado pelas rodovias Anhanguera e dos
Bandeirantes, que estão paralelas no sentido sudeste-noroeste, ou seja, na ligação do litoral ao interior – em azul. Ao longo do eixo encontram-se os municípios de Vinhedo, Valinhos, Sumaré, Hortolândia, Nova Odessa e os municípios conurbados de Americana e Santa Bárbara d’Oeste ─ mancha urbana com maior densidade populacional depois de Campinas. O segundo eixo mais importante ─ que está marcado em verde no mapa ─ é formado pelas rodovias Santos Dumont (SP 75) e Adhemar de Barros (SP 340) ou Campinas-Mogi Mirim. Ele liga Campinas à Região Metropolitana de Sorocaba, bem como, na outra extremidade, aos municípios de Mogi Mirim e Mogi Guaçu.
O terceiro eixo rodoviário – destacado em roxo – é formado pela
Rodovia Dom Pedro I. Essa rodovia tem grande importância na logística regional, especialmente no transporte de cargas, pois escoa a produção da RMC para a Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte, onde localiza-se o Porto de São Sebastião. Na parte da rodovia que está inserida no município de Campinas, a Dom Pedro I assume um perfil urbano, pois conecta importantes equipamentos da cidade, como os campus universitários da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), PUC Campinas e os Shoppings Dom Pedro I, Galeria e Iguatemi.
É possível ainda observar que o território da RMC encontra-se
delimitado à leste pela APA de Campinas e APA Piracicaba – Juqueri Mirim e à sul pela APA Cabreúva. Área
Como é possível observar na tabela abaixo, o maior município
da região (em área) é o próprio município sede – Campinas – seguido por Itatiba e Indaiatuba respectivamente. É interessante analisar como a área rural do município de Campinas, hoje, é maior que a área urbana do mesmo. Isso também acontece com a maioria dos outros municípios, gerando muita área disponível de crescimento e expansão para a Região Metropolitana, que possui atualmente 2.395,70 Km² de área rural contra apenas 1.396,13 Km² de área urbana. EXPANSÃO URBANA
A partir do mapa a cima verifica-se que a mancha urbana que
até 1965 ocupava apenas os centros urbanos dos municípios passa a se estender a partir da década de 70 para o exterior dos centros e a partir da década de 80 algumas manchas já começam a encontrar a malha urbana de municípios vizinhos com uma tendência para ao longo do eixo da via Anhanguera.
É possível perceber ainda que as malhas urbanas das cidades
ao longo da via Anhanguera já estão se juntando e atualmente, neste eixo praticamente já não existe descontinuidades na ocupação, configurando uma mancha urbana quase contínua, que se estende de Vinhedo até Americana, articulando fortemente a economia, o mercado de trabalho e a vida urbana deste conjunto de municípios.
Apesar de mais recente, também já é possível perceber uma
tendência de evolução urbana seguindo outro eixo viário, o da rodovia Santos Dumont, principalmente entre Campinas e Indaiatuba, seguindo em direção à Sorocaba. ANÁLISE DA EXPANSÃO URBANA
A concentração de atividades industriais foi fator importante no
processo de metropolização da região de Campinas. Esse processo, começou a se acentuar em meados da década de 70, devido à migração das atividades da Região Metropolitana de São Paulo, em razão de crescentes deseconomias presentes na Grande São Paulo, e se fortificou sobretudo a partir dos anos 90, com a migração das atividades de produção para o interior próximo, seguindo os principais eixos viários radiais como analisado no mapa abaixo.
A população urbana da RMC mais que dobrou entre 1970 e 1980
e dobrou novamente entre 1980 e 2000, sendo fortemente concentrada nos núcleos urbanos dos municípios situados ao longo da via Anhanguera, formando uma grande área com urbanização praticamente contínua de Vinhedo a Santa Bárbara d’Oeste, processo que mais recentemente tem se manifestado na direção de Indaiatuba.
Acredita-se que expansão urbana ao longo da via Anhanguera
se deu principalmente em função do padrão de instalação industrial do processo de interiorização do desenvolvimento, que privilegiou os grandes eixos rodoviários regionais, como já mencionado ao longo deste trabalho. A Anhanguera foi o principal eixo de localização industrial nesse processo, sendo que a maior concentração de industrias ocorreu na Região Metropolitana de Campinas. Contudo, a industrialização expandiu-se também ao longo de outros eixos rodoviários que cortam o município, com destaque para a Santos Dumont, em cujas margens está o Distrito Industrial de Campinas. Pode-se dizer assim, que o que puxou a urbanização foi exatamente o sentido desses eixos viários.
Na região a sudoeste e noroeste do município de Campinas, em
direção aos municípios vizinhos de Hortolândia e Monte Mor, consolidou-se um padrão de urbanização caracterizado pela precariedade dos assentamentos urbanos a partir da década de 80, se caracterizando por loteamentos populares que formam bairros dormitórios. Conclui-se assim que essa expansão urbana foi portanto induzida pela localização desses conjuntos habitacionais e pela implantação de indústrias e equipamentos de grande porte, resultando em uma conturbação entre Hortolândia e a cidade de Campinas. Essa expansão ganhou força devido à proximidade com a cidade sede, pois as melhores oportunidades de emprego estão em campinas, mas o preço urbano do solo, levou as pessoas a migrarem para as periferias. Já Monte Mor é um município com características ainda rurais e um núcleo urbano isolado, porém observa-se uma tendência a dar continuidade à expansão vinda de Hortolândia com loteamentos populares.
Nas direções do distrito de Paulínia, de Jaguariúna/Mogi Mirim,
e de Itatiba (vetores 3, 4 e 5 no mapa de vetores de expansão urbana), a ocupação urbana apresenta características com predomínio de habitações das camadas de renda média e alta, com a localização de grandes centros de consumo de porte regional (shopping centers, hipermercados, entre outros), além da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e outras instituições de pesquisa.
O mais recente grande vetor de expansão urbana é o vetor de
número 7 no mapa acima, caracterizado pelo Eixo da Rodovia Santos Dumont (SP 075), que liga Campinas a Sorocaba, passando pelo Aeroporto de Viracopos e Indaiatuba. Trata-se de um eixo com forte concentração de indústrias e atividades de logística. Expandiram-se nesse eixo, na porção pertencente ao município de Campinas, vários loteamentos precários, muitos deles localizados nos arredores de Viracopos, desapropriados posteriormente para ampliação do Aeroporto. Ainda assim, esses loteamentos foram gradativamente ocupados sem a adequada provisão de infraestrutura, o que resultou em ocupações precárias, inclusive favelas. Percebe-se ainda que Campinas não desempenhou uma expansão urbana no sentido nordeste, limitando seu crescimento apenas aos eixos viários Anhanguera e Santos Dumont. Se analisarmos o mapa de vetores de expansão aos mapas de relevo e vegetação, percebe que esta porção da cidade é caracterizada por cadeias montanhosas e unidades de conservação ambiental, podendo justificar à não-ocupação dessa região do município.