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Análise Psicológica (2003), 1 (XXI): 53-57

Abordagens familiares face ao autismo

PAULA RONCON (*)

Todo o comportamento é comunicação! É im- O esforço dispensado pela mãe de uma crian-
possível deixar de comunicar! Tal como não se ça com esta perturbação ao tentar descobrir a
pode deixar de ter comportamentos, também mensagem que esta lhe dirige, traduz-se em in-
não é possível deixar de comunicar. Esta é a li- sistentes tentativas de se aproximar do seu filho,
nha de pensamento dos teóricos da comunicação acabando por mergulhar no «buraco autístico»
da escola de Palo Alto (Wittezaele & Garcia, do seu bebé, para logo dele querer sair pela an-
1994). gústia que lhe provoca aí poder afundar-se; ou
O silêncio, a recusa, o prestar atenção a outro, acaba por nele mergulhar, numa tentativa deses-
o cortar a palavra contém em si o valor de uma perada de conseguir compreendê-lo.
mensagem. «Ele não nos olha nos olhos, não nos parece
Difícil se torna por vezes compreender a men- reconhecer, não dá pelo nome», queixam-se os
sagem, atribuindo-lhe um significado interactivo pais, tal como nos invoca o poema de Sophia de
entre os vários componentes do sistema de co- Mello Breyner (1985):
municação. Mais difícil ainda é descodificá-la
num contexto relacional, que garanta a transmis- No mar, passa de onda em onda repetido
são e retransmissão desta mesma mensagem. O meu nome fantástico e secreto
Que só os anjos do vento reconhecem
Quando os encontro e perco de repente
1. O MERGULHO NO «BURACO AUTÍSTICO» É a onda que vai e no embate com um resis-
tente coral, é a onda que vem sem resposta. É a
Se para qualquer díade mãe-criança este fluxo onda que de novo vai, se espraia e se dilui sem
interactivo requer um permanente ajustamento trazer consigo qualquer resposta.
até se criar uma sincronia entre ambos, para os O que pode esperar uma mãe quando sente
pais de uma criança com perturbação do espectro que o seu olhar em nenhum momento se cruza
autista, este sistema de comunicação está perma- com o do seu filho, quando o seu sorriso em vão
nentemente desintonizado, provocando graves tenta despertar qualquer sorriso no seu bebé?
distorções da comunicação na díade, arriscando- O que pode esperar uma mãe quando o seu
se a não ser portador de qualquer mensagem per- bebé grita em vez de chorar, se enfurece em vez
ceptível.
de se deixar aconchegar e acalmar? «Não fala –
só grita, não chora – passa o dia a gritar, não sei
se ouve bem ou não», são expressões habituais
dos pais.
(*) Técnica de Serviço Social. Como pode uma mãe oferecer-se como espe-

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lho ao seu bebé, se este a olha mas não a vê força de um «SIM». Tentamos por um lado re-
(Paul, 1991), escuta sem a ouvir, toca-a mas não cuperar na personalidade da mãe o seu núcleo
a sente? mais são, porventura encoberto pela própria de-
«Ele nega que eu existo!» refere-nos a mãe de pressão, ao mesmo tempo que lhe restituímos um
um rapaz de 2 anos e 6 meses, com uma pertur- bebé com quem poderá vir a restabelecer uma
bação da comunicação e da relação que no pri- vinculação onde surjam traços por ténues que se-
meiro dia em que veio à Unidade da Primeira In- jam, que apontem para uma comunicação mais
fância, em 1989, acompanhado dos pais, passou positiva e desculpabilizante.
o tempo a querer lamber as sandálias vermelhas Ao recordar a mãe deste menino, tenho bem
que eu então calçava. presente o interesse com que se aproximava de
Mergulhar no buraco autístico do seu bebé outras mães que participavam no «atelier», en-
significa então uma comunicação fusional, em quanto decorria a sessão de «maternage» para o
que a mãe e o pai procuram adaptar-se a todas as filho, realizada pela Enfermeira da equipa.
estereotipias e bizarrias do seu filho, desde o ro- Sugeri-lhe que se integrasse naquele grupo de
dar a cabeça repetida e persistentemente, até ao mães e escolhesse o boneco que gostaria de fazer
olhar ininterruptamente a máquina da roupa a para o seu filho. O seu olhar adquiriu brilho, e
trabalhar. muito embora com alguma hesitação pegou nos
Se há mães para quem sobreviver ao buraco moldes de um «gato» e encetou o trabalho. Po-
autístico do seu bebé é criarem elas próprias uma rém, inicialmente as sessões de «maternage»
carapaça com defesas muito bem organizadas, decorriam em tempo demasiado curto, não per-
acabando por investir com qualidade e compe- mitindo que a mãe se sentasse mais de 10 minu-
tência na vida profissional e social, outras há pa- tos. Chegava o filho e tudo ficava de pernas para
ra quem comunicar fusionalmente com o seu be- o ar – alfinetes, linhas, tesouras, que a mãe e eu
bé, é o único vínculo existencial com alguma acabávamos por apanhar da alcatifa, juntando al-
significação materna. finete por alfinete na caixa da costura.
A sucessão de «nãos» que irrompe no discurso Sugeri-lhe então que levasse para casa o ma-
dos pais, aos quais poderíamos acrescentar os terial de que necessitava e tentasse realizar o tra-
referidos pela educadora da creche ou mesmo pela balho durante a sesta do filho. Concluído o «ga-
terapeuta da criança, revela-nos bem a perturbação to», fez um pequeno painel para o quarto de seu
deste complexo sistema de comunicação. bebé; a seu pedido levou mais material para um
Estaremos frente a um vazio, a uma ausência segundo painel que tencionava oferecer a uma
da comunicação, ou antes em face de uma oposi- sobrinha pelo Natal. A este, seguiram-se os corti-
ção, a uma recusa? nados para a casa dos cunhados e por fim comu-
Para vários autores, trata-se de um desarranjo nica-nos com grande satisfação que o quarto do
da comunicação com outrem, desarranjo que filho já tem cortinas e que está mesmo bonito...
visto de fora, é provocado por uma angústia es- Diz-nos também que volta e meia ele se agar-
magadora que pode surgir de perigos reais ou ra ao «gato» e acrescenta: «gostou mesmo do
imaginários ou ainda de processos psíquicos in- que lhe fiz!».
ternos. Contudo estávamos longe de atribuir a este
gesto do bebé, qualquer significado atribuível ao
objecto transitivo descrito por Winnicott (1975).
2. O CONFRONTO COM A SUA PRÓPRIA Além da procura do «gato» ser fugaz, o bebé dis-
DEPRESSÃO pensava-o para dormir, não lhe servindo de
aconchego e muito menos de invocação da mãe
Sempre que nos é possível realizar uma inter- na sua ausência.
venção precoce na díade mãe-criança, muito Um dia, um pouco a medo da resposta, ousei
embora partindo desta comunicação pela nega- perguntar-lhe como conseguia ela realizar todos
tiva entre ambos, que não poucas vezes desenca- aqueles trabalhos de costura com tanta perfeição.
deia sentimentos agressivos de raiva, ódio até ao A mãe responde-me tranquilamente que ao acor-
receio de morte iminente do seu próprio filho, dar, o filho passa uma parte do tempo a movi-
procuramos introduzir algo que contenha em si a mentar-se entre a sala e o quarto e brinca com os

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botões enquanto ela costura: «deita-os ao chão, os dentes, dá o iogurte ao pai, o pai dá-lhe a ele.
apanha-os e volta a arrumá-los todos.» Ele já brinca, por pouco tempo, mas brinca.»
Tal como se mostrou mais capaz de regular os Muitas vezes interrogámo-nos se aquilo que
movimentos do filho, esta mãe regulava com pe- nos trazia para as sessões de grupo seria real ou
rícia os seus próprios movimentos de proximi- um sonho. Hoje interrogo-me se algum dia o fi-
dade-distância na relação com a Pedopsiquiatra lho teria capacidade de manipular objectos esbo-
que a acompanhava individualmente. çando um jogo interactivo, sem a capacidade que
Quando lhe foi sugerido integrar-se no grupo esta mãe demonstrou em sonhar e de se antecipar
terapêutico de mães, aceitou sem qualquer resis- ao seu bebé, emprestando significado aos seus
tência. Porém, quando na primeira sessão uma movimentos.
das mães se apresenta dizendo que o grupo foi
um grande apoio para ela, não só por falarem dos
filhos mas também de si próprias, a mãe inquie- 3. O CONFRONTO COM O VAZIO
ta-se na cadeira e diz: «Isso é que é o pior!» Du- INSTITUCIONAL
rante esse mês não compareceu a uma única ses-
são de grupo. Quando verificamos alguma melhoria na cri-
Respeitar estes movimentos tão carregados de ança e uma alteração significativa na comunica-
significado como contraditórios foi a chave para ção da díade estamos em face de uma nova eta-
entrarmos em comunicação com esta mãe; a ali- pa; qual o percurso institucional a propor para a
ança então estabelecida entre a equipa terapêu- criança?
tica e a mãe, permitiu evitar que uma depressão É o momento da passagem de uma instituição
mais profunda se instalasse no seu interior. terapêutica para uma instituição pedagógica! Este
Para Michel Soulé (1978) é a depressão de ti- novo confronto com um vazio institucional aliado
po psicótico da mãe que corta definitivamente o à separação desta vez brutal na intimidade
vínculo com o seu bebé, tornando-o ainda mais existente entre a mãe e a criança, coloca-nos uma
autista, tal como acontece sempre que as defesas vez mais perante o risco de uma depressão pro-
de tipo «carapaça» referidas no início, se insta- funda da mãe com efeitos nefastos para a criança.
lam na personalidade da mãe. Para esta mãe foi possível um apoio institu-
Com a mãe daquele menino que veio à con- cional numa creche na zona, onde o filho podia
sulta, o percurso foi bem diferente: progressiva- ficar integrado uma hora por dia, a fim de a mãe
mente foi-se adaptando a lidar com as dificulda- poder ir à praça fazer as suas compras. Na reu-
des do filho e a encontrar meios de comunicação nião de avaliação do fim do ano, a Educadora
com o filho real. Mais surpreendente ainda foi a transmitiu-nos em tom desanimado que nada
sua capacidade de construir mentalmente as pre- tinha conseguido fazer com ele. Considerava
missas de um projecto antecipador para o seu que tinha chegado ao fim sem que ele tivesse fei-
bebé, ou seja pensar que alguma vez, a criança to qualquer aquisição. E acrescentava: «apenas
irá tornar-se autónoma. há um mês chora quando se separa da mãe para
Autonomia construída sempre que uma mãe é ficar comigo na sala.» Interrogo-a deveras sur-
capaz de emprestar significado aos movimentos preendida: «acha que fez pouco?» À minha per-
interactivos do seu bebé, conferindo-lhe a capa- gunta sobre o que a levara a fazer todo aquele
cidade dele próprio realizar um jogo antecipató- trabalho tão árduo com aquela criança, a Edu-
rio e intencional dentro da comunicação da díade cadora responde-nos: «fui atrás de uma luzinha
(Cordeiro, 1990). que ele tem, ora se apaga, ora se acende, mas ela
Sessão a sessão trazia para o grupo algumas está lá.»
novidades do filho: «ele vai ao frigorífico e
quer pôr leite no copo, pega na minha mão para
lhe dar o que ele quer.» Mais tarde diz-nos: «ele 4. QUANDO DO AUTISMO EMERGE UMA
já toca na minha cara, encosta bem a sua carita à CRIANÇA MAIS AUTÓNOMA E FELIZ
minha, com muita força para me sentir.» E acres-
centa: «está muito gostoso o meu filho!» Noutra Quando por fim encontrámos um Colégio de
sessão conta: «quer imitar tudo, finge que lava Educação Especial capaz de integrar esta criança

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que finalmente pôs a cabeça fora do buraco au- gue por si própria reorganizar-se. Após 6 meses
tístico, foi necessário preparar a mãe para esta de integração do HELDER no colégio, a mãe re-
separação vivida como um luto do seu filho. Re- começa a sua vida profissional trabalhando num
petidas vezes me avisava que iria tirar o filho do «atelier» de costura e quando necessário já o
colégio logo no dia seguinte, caso não gostasse confia a uma vizinha ou a outros familiares.
de o lá ver. «Está a tirar o seu filho do colégio, Por sua vez para o filho, o renascimento da
antes mesmo de o lá pôr» dizia-lhe eu. De facto, mãe como uma figura simultaneamente mais in-
a tomada da consciência de existência do filho teriorizada e mais distante, irrompe no preciso
enquanto ser autónomo, não pôde deixar de ser momento em que esta consegue voltar a sonhar.
vivida como uma perda de alguém que a breve
trecho irá deixar de fazer parte de si própria.
A este sentimento de perda, a instituição res- 5. REDES SOCIAIS DE SUPORTE FAMILIAR
pondeu com uma extrema tolerância aceitando
dar notícias pelo telefone várias vezes por dia, A par da evolução que o próprio conceito de
durante a primeira semana, como se o filho se autismo em crianças pequenas sofreu na última
encontrasse num estado limite entre a vida e a década, considerando-se hoje como uma pertur-
morte. Gradualmente é o próprio filho que se bação multissistémica, foram múltiplas as abor-
transforma em motor da melhoria dos pais, dagens familiares desenvolvidas neste campo.
quando estes descobrem nele uma criança que Entre outras, as terapias de rede com base na
pode viver menos angustiada, mais feliz, e cada teoria sistémica (Speck, 1987).
vez mais aberta ao meio ambiente. A experiência de trabalho com pais e fami-
«É o menino bonito daquele colégio: brinca, liares destas crianças, fortemente caracterizada
salta, ri e também chora.» por processos dissociativos e fragmentados, em
Este novo estado de ânimo do filho mereceu que frequentemente os próprios técnicos são ex-
por parte do pai um comentário singular: «Acho postos a situações de clivagem intra e interinsti-
que o meu filho está melhor. Quando se aproxi- tucional, confrontou-nos com a necessidade de
ma a carrinha do colégio ele fica muito contente. introduzir na abordagem a estas famílias uma
Agora já mostra alguma emoção. Para mim isto visão sistémica (Goutal, 1985).
é estar melhor!» A família é entendida como um sistema com-
Este pai que como tantos outros em situações posto por vários subsistemas interrelacionados
semelhantes tinha renunciado a introduzir-se na entre si, inserida por sua vez num ecossistema
díade mãe-criança e ao seu papel de parceiro se- mais vasto, formado pelas distintas malhas do
xual da mãe, readquiriu um estatuto particular tecido social em que se circunscreve (Desmai-
junto do próprio filho. O reencontro com os pais rais, 1994).
ao fim da tarde transformou-se numa efusão de Neste sentido, a intervenção social junto des-
alegria, pois já os identifica, já os diferencia e tas famílias e instituições implica construir uma
para mais auto-designa-se, apontando para si rede (Campanini & Lupi, 1991) que reuna num
próprio, dizendo: HEL.... DE... R.... mesmo espaço e à volta de uma mesa, os pais, as
Perante as novas aquisições que o HELDER equipas terapêutica e pedagógica assim como
vai realizando, o «menino que queria lamber as pessoas influentes que fazem parte do contexto
sandálias» cairá no esquecimento; o HELDER, familiar.
esse já se veste, gosta de se ver ao espelho, come É na creche, jardim de infância, público ou
por si próprio, vai à casa-de-banho dizendo privado ou ainda na escola que a criança fre-
chichi e cocó. Já vai chamando a Educadora pelo quenta que damos início a este processo em que
nome e desafia a vigilante da sala com um ar interactuam os vários parceiros sociais e comuni-
maroto. Sem cerimónia, empurra os meninos tários nele envolvidos. Os saberes e os esforços
que querem subir para a carrinha antes dele: desenvolvidos pelos distintos técnicos e outros
«NÃO», diz, apontando para si e sendo ele o pri- parceiros sociais, até aí dispersos e descoordena-
meiro a subir. dos, passam a convergir num único processo de
A mãe, ao aceitar partilhar a relação simbióti- apoio, mais centrado na família do que na crian-
ca que então estabelecera com o seu filho, conse- ça com esta perturbação.

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É nesta troca de saberes e de poderes, expres- Goutal, M. (1985). Du fantasme au systéme. Paris: Edi-
sa na própria linguagem utilizada, que se produz tions ESF.
um nivelamento entre todos os interventores da Malvy, J., Adrien, J. L., Rouby, P., Roux, S., & Sauva-
rede em que os pais ascendem ao estatuto de par- ge, D. (1996). Signes précoces de l’autisme et re-
tard mental. Devenir, 8 (3), 39-58.
ceiros sociais entre os pares.
Mello Breyner, S. (1985). No tempo dividido e mar no-
Quando interrogados sobre a reunião em que vo. Lisboa: Edições Salamandra.
participaram, frequentemente comentam com Paul, C. (1991). Le bebé que voit , mais ne regard pas.
grande satisfação: «A reunião foi muito impor- Devenir, 3 (1), 62-78.
tante para o nosso filho, mas nós também nos Soulé, M. (1978). Essai de compréhension de la mére
sentimos importantes. Muito importantes.» d´un enfant autistique. In M. Soulé (Ed.), Mère
A intervenção social em rede que temos pri- mortifère, mère meurtrière, mère mortifière (pp.
vilegiado e desenvolvido no âmbito da UPI nos 79-109). Paris: Éditions ESF.
últimos dez anos, permite-nos concluir que uma Speck, R. (1987). L´intervention en réseau social, Les
vez envolvidos na rede, também os pais e fami- thérapies de réseau, théorie et développement. Pa-
ris: Édtions ESF.
liares conseguem participar de forma empenhada
Winnicott, D. (1975). Jeu et realité. Paris: Gallimard.
em toda a trajectória do seu filho e assumem eles Wittezaele, J. J., & Garcia, I. (1994). La escuela de Pa-
próprios um papel mais activo nas tomadas de lo Alto. Barcelona: Editorial Herder.
decisão em momentos críticos, de conflito ou de
transição, de todo este processo.
O face a face terapêutico em que tantas vezes RESUMO
estes pais se nos afiguram inabordáveis, vai
dando lugar a interpelações dirigidas aos técni- Este trabalho resulta de uma perspectiva psicodinâ-
cos em que nos é revelada com maior autentici- mica na abordagem das atitudes maternas face à crian-
dade toda a carga emocional que a situação sus- ça com perturbação do spectrum autista.
cita e as interrogações face ao futuro do filho No caso clínico apresentado, uma mãe recebeu su-
que tão dolorosa e profundamente os afecta. porte psico-social e integração num grupo terapêutico
Para finalizar, dou comigo a reflectir: uma cri- na Unidade da Primeira Infância. A abordagem fami-
ança que emerge do autismo, ainda que possa liar foi complementada com um trabalho social em re-
evoluir para um estado deficitário (Malvy et al., de, através do qual os pais participaram como parcei-
ros no processo terapêutico.
1996), é uma criança mais feliz, mais adaptada,
Palavras-chave: Abordagem familiar, autismo, rede
graças a todos aqueles que tentaram compreen- social.
der uma e outra vez, perscrutando até aos limites
mais ocultos o sentido da mensagem que então
lhes era dirigida; à semelhança daquela pequena ABSTRACT
luz, que ora se acendia, ora se apagava, de forma
intermitente, à espera que alguém a recebesse This paper stems from a comprehensive dynamic
como se fosse um archote. approach of maternal attitudes towards a child with an
autistic spectrum disorder.
In the case presented, the mother received psycho-
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS social support and joined a therapeutic group, in the
context of a diadic therapy program in UPI. Family
Campanini, A., & Luppi, F. (1991). Servício social y approach was complemented with a ‘social network
modelo sistémico. Barcelona: Paidós. approach’ through which parents participate as part-
Desmairais, D. et al. (1994). Patient, identifié, réseau ners in the therapeutic process.
primaire et idéologie dominante: Le champ d´in- Key words: Family approaches, autism, social net-
tervention en santé mentale. Paris: Editions ESF. work.

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