Você está na página 1de 3

MINISTÉRIO DA SAÚDE

Conselho Nacional de Saúde

PARECER Nº 002/2004

Parecer sobre o Projeto de Lei nº 20, de 2003, de autoria do


Deputado Federal Roberto Gouveia, que estabelece o Código Nacional de
Direitos dos Usuários das Ações e dos Serviços de Saúde.
 Considerando que o Projeto de Lei nº 20/2003 visa
estabelecer o Código Nacional de Direitos dos Usuários das Ações e
dos Serviços de Saúde, abrangendo os setores público e privado, em
todo o território nacional. Parte dos princípios e diretrizes da
Constituição Federal de 1988 e das Leis nº 8.080 e 8.142 de 1990,
que prevêem o acesso universal e igualitário à saúde;
 Considerando que o Projeto de Lei visa um conjunto de
Direitos Básicos que apontam para a garantia de acesso a serviços de
saúde de qualidade, e segue a tendência mundial de reconhecimento
da autodeterminação das pessoas, ampliando o campo para o
exercício da autonomia. Segue os preceitos da Declaração Universal
dos Direitos Humanos ao considerar que a vida é mais do que um
simples fato de sobrevivência, é também vida com dignidade, vida
com valor ético;
 Considerando que é dever do Estado a garantia do
Direito à Saúde, através da formulação e execução de políticas
econômicas e sociais que visem à redução de riscos de doenças e de
outros agravos e no estabelecimento de condições que assegurem
acesso universal e igualitário às ações e aos serviços de saúde para a
sua promoção, proteção e recuperação. O Projeto tem por objetivo
garantir atendimento digno, eqüânime, respeitoso e de qualidade aos
usuários.
Considerações Gerais
 O Projeto de Lei nº 20/2003 necessita esclarecer quais
são as instâncias de controle, acompanhamento e fiscalização para a
sua efetiva implementação. Sugerimos incluir o papel dos Conselhos
municipais, estaduais e nacional de Saúde, enquanto órgãos
formuladores de estratégias e de controle da execução da política de
saúde na instância correspondente; os Conselhos Profissionais,
enquanto órgãos de fiscalização do exercício profissional; e o
Ministério Público, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do
regime democrático e dos interesses sociais e individuais
indisponíveis;
 O Projeto de Lei nº 20/2003 necessita esclarecer a
hierarquização dos serviços de saúde, a capacidade de atendimento
dos serviços e a responsabilidade pelo atendimento das ações e
serviços de saúde, pois se não houver clareza por parte dos usuários,
pode suscitar mal informação e, conseqüentemente, acarretar
situações de conflito;
 No Art. 1º, que trata sobre “a prestação das ações e dos
serviços de saúde aos usuários de qualquer natureza ou condição, em
todo o território nacional será universal, igualitária, nos termos da Lei
8.080 de 1990”, sugerimos incluir o princípio da integralidade da
assistência, entendida como um conjunto articulado e contínuo das
ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos,
exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do
sistema;
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Conselho Nacional de Saúde

 O Art. 8º, que trata sobre o descumprimento da lei,


considera falta grave “o servidor público que cometer infração”,
estando sujeito “a penalidade e processo administrativo, previsto na
legislação vigente”. Observa-se o caráter restrito das punições aos
servidores públicos. No entanto, o Código abrange os setores público
e privado, conveniados ou contratados pelo poder público. Desse
modo, ao se prever punições, estas devem incluir os gestores
hierarquicamente e os prestadores de serviços. Ainda no que se refere
aos trabalhadores de saúde, tem que se levar em consideração os
aspectos referentes às condições de trabalho.
EMITE PARECER FAVORÁVEL ao Projeto de Lei nº
20/2003, que estabelece o Código Nacional de Direitos dos
Usuários das Ações e dos Serviços de Saúde, com a ressalva
de que sejam incorporadas as contribuições do Conselho
Nacional de Saúde.
Parecer aprovado na Centésima Quadragésima Primeira Reunião
Ordinária do Conselho Nacional de Saúde, no dia 14 de abril de 2004.

Brasília, 14 de abril de 2004.

Você também pode gostar