Parecer sobre o Projeto de Lei nº 20, de 2003, de autoria do
Deputado Federal Roberto Gouveia, que estabelece o Código Nacional de Direitos dos Usuários das Ações e dos Serviços de Saúde. Considerando que o Projeto de Lei nº 20/2003 visa estabelecer o Código Nacional de Direitos dos Usuários das Ações e dos Serviços de Saúde, abrangendo os setores público e privado, em todo o território nacional. Parte dos princípios e diretrizes da Constituição Federal de 1988 e das Leis nº 8.080 e 8.142 de 1990, que prevêem o acesso universal e igualitário à saúde; Considerando que o Projeto de Lei visa um conjunto de Direitos Básicos que apontam para a garantia de acesso a serviços de saúde de qualidade, e segue a tendência mundial de reconhecimento da autodeterminação das pessoas, ampliando o campo para o exercício da autonomia. Segue os preceitos da Declaração Universal dos Direitos Humanos ao considerar que a vida é mais do que um simples fato de sobrevivência, é também vida com dignidade, vida com valor ético; Considerando que é dever do Estado a garantia do Direito à Saúde, através da formulação e execução de políticas econômicas e sociais que visem à redução de riscos de doenças e de outros agravos e no estabelecimento de condições que assegurem acesso universal e igualitário às ações e aos serviços de saúde para a sua promoção, proteção e recuperação. O Projeto tem por objetivo garantir atendimento digno, eqüânime, respeitoso e de qualidade aos usuários. Considerações Gerais O Projeto de Lei nº 20/2003 necessita esclarecer quais são as instâncias de controle, acompanhamento e fiscalização para a sua efetiva implementação. Sugerimos incluir o papel dos Conselhos municipais, estaduais e nacional de Saúde, enquanto órgãos formuladores de estratégias e de controle da execução da política de saúde na instância correspondente; os Conselhos Profissionais, enquanto órgãos de fiscalização do exercício profissional; e o Ministério Público, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis; O Projeto de Lei nº 20/2003 necessita esclarecer a hierarquização dos serviços de saúde, a capacidade de atendimento dos serviços e a responsabilidade pelo atendimento das ações e serviços de saúde, pois se não houver clareza por parte dos usuários, pode suscitar mal informação e, conseqüentemente, acarretar situações de conflito; No Art. 1º, que trata sobre “a prestação das ações e dos serviços de saúde aos usuários de qualquer natureza ou condição, em todo o território nacional será universal, igualitária, nos termos da Lei 8.080 de 1990”, sugerimos incluir o princípio da integralidade da assistência, entendida como um conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema; MINISTÉRIO DA SAÚDE Conselho Nacional de Saúde
O Art. 8º, que trata sobre o descumprimento da lei,
considera falta grave “o servidor público que cometer infração”, estando sujeito “a penalidade e processo administrativo, previsto na legislação vigente”. Observa-se o caráter restrito das punições aos servidores públicos. No entanto, o Código abrange os setores público e privado, conveniados ou contratados pelo poder público. Desse modo, ao se prever punições, estas devem incluir os gestores hierarquicamente e os prestadores de serviços. Ainda no que se refere aos trabalhadores de saúde, tem que se levar em consideração os aspectos referentes às condições de trabalho. EMITE PARECER FAVORÁVEL ao Projeto de Lei nº 20/2003, que estabelece o Código Nacional de Direitos dos Usuários das Ações e dos Serviços de Saúde, com a ressalva de que sejam incorporadas as contribuições do Conselho Nacional de Saúde. Parecer aprovado na Centésima Quadragésima Primeira Reunião Ordinária do Conselho Nacional de Saúde, no dia 14 de abril de 2004.