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APOSTILA DO CURSO

CRIADOR DE PEIXE EM TANQUES REDE


Na modalidade presencial
Eixo Tecnológico: RECURSOS NATURAIS

AUTORES:
Antônio Diogo Lustosa Neto
Ricardo Nogueira Campos Ferreira
João Henrique Cavalcante Bezerra
Cássia Rosane Silveira Pinto
Marcus Borges Leite
Carlos Henrique Profírio Marques
Gabriel de Mesquita Facundo
Jamile Mota da Costa

Fortaleza – CE
2016

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REALIZAÇÃO: EXECUÇÃO:

FUNECE-CE

APOIO:

PRONATEC / UECE

Reitor Coordenador Pronatec Campo


José Jackson Coelho Sampaio Antônio Amaury Oriá Fernandes

Vice Reitor Coordenadora Pedagógica


Hidelbrando dos Santos Sores Maria das Dores Alves Souza

Pró-Reitora de Extensão Coordenadores Adjuntos


Claudina Nogueira de Alencar Antônio Cruz Vasques
Luiz Carlos Mendes Dodt
Pró-Reitor de Administração Antônio Diogo Lustosa Neto
Carlos Heitor Sales Lima Ricardo Nogueira Campos Ferreira

Diretor da UNEP Articuladora Institucional


José Nelson Arruda Filho Rejane Gomes Léa Ramos

Coordenador Geral Pronatec Secretária Geral


Plácido Aderaldo Castelo Neto Marilde Silva Jorge

Coordenador Pronatec Pesca Assessor Jurídico


Fábio Perdigão Vasconcelos Thiago Barbosa Brito

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A UECE E O PRONATEC

José Jackson Coelho Sampaio


Reitor da UECE

A lógica de uma grande política pública de educação profissional foi testada no


Ceará, por Ariosto Holanda, na raiz do sistema CVT/CENTEC. Essa lógica ganhou outros
estados e o Brasil, pela construção do PRONATEC, pelo Ministério da Educação-MEC, em
seus três eixos: disciplinas técnicas e tecnológicas a serem incorporadas como optativas
no histórico escolar de alunos do Ensino Médio; cursos técnicos e tecnológicos, para for-
mação inicial e continuada, em modalidade extensionista; e cursos profissionais comple-
tos de Ensino Médio.

A UECE, desde sua criação em 1975, incorpora em sua grade a oferta de cursos
técnicos de nível médio, na área da saúde, como Técnico de Enfermagem, seguido pos-
teriormente do Técnico em Segurança do Trabalho. Há 10 anos criamos a Unidade de
Educação Profissional-UNEP, assumindo a complexidade que essa modalidade de ensino
oferece, além de sua extraordinária capacidade de inclusão social. A existência da UNEP
nos habilitou a obter o direito de sermos ofertantes do PRONATEC, quando a oportuni-
dade surgiu.

Somos a segunda universidade pública estadual do Brasil, a primeira foi a Univer-


sidade Estadual de Montes Claros-UNIMONTES, a poder oferecer a modalidade da forma-
ção inicial e continuada, e isto nos orgulha. Sobretudo, por termos obtido o direito em
meio à crise político-econômica que vem afetando a capacidade de investir do poder
público, em seus níveis federal, estadual e municipal.

A UECE oferta 1.600 do PRONATEC em 41 municípios, sendo 1.460 vagas do PRO-


NATEC Pesca e 140 vagas do PRONATEC Campo para somar-se ao Sistema “S”, à Secretaria
Estadual de Educação-SEDUC, ao Instituto Federal do Ceará-IFCE e ao Instituto CENTEC,
no esforço de qualificar o poder de trabalho, a criatividade e o empreendedorismo dos
cearenses, a fim de que uma sociedade talentosa e melhor informada supere as crises
político-econômicas e nossa árdua natureza semiárida.

Há também um grande esforço institucional, devido às condições de oferta, em


tão pouco tempo, na transição 2015/16, que, esperamos, geste resposta solidária, positi-
va, efetivamente parceira, dos municípios, dos professores e dos alunos. Sigamos, pois o
caminho é belo e uma boa luz nos orienta: Lumen ad Viam!

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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO A AQUICULTURA EM TANQUES REDE ...................................................................................12

2. PARÂMETROS ZOOTÉCNICOS DO CULTIVO DE PEIXES ...............................................................................15

3. ASPECTOS LEGAIS, SOCIAIS E AMBIENTAIS DA AQUICULTURA ..............................................................17

4. SISTEMAS DE CRIAÇÃO DE PEIXES EM TANQUES REDE ..............................................................................27

5. LIMNOCULTURA APLICADA A PISCICULTURA EM TANQUES REDE ........................................................28

6. CRITÉRIOS PARA A ESCOLHA DA ÁREA DE CULTIVO ....................................................................................36

7. ESPÉCIES DE PEIXES CULTIVADAS EM TANQUES REDE ...............................................................................38

8. MANEJO ALIMENTAR ................................................................................................................................................42

9. ENFERMIDADES ...........................................................................................................................................................48

10. PLANCTOLOGIA ........................................................................................................................................................51

11. MANEJO EM TANQUES REDE EM VIVEIROS ESCAVADOS .........................................................................63

12. MANEJO DE TANQUES REDE MARINHOS E CONTINENTAIS ....................................................................68

13. INTRODUÇÃO AO PROCESSAMENTO DO PESCADO .................................................................................77

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APRESENTAÇÃO DO CURSO

O curso voltado para formar o Criador de peixes em tanques rede, visa


trabalhar as competências básicas, específicas e de gestão necessárias à realiza-
ção, com proatividade, autonomia, segurança e qualidade, das atividades ineren-
tes ao exercício da profissão. Tais atividades dizem respeito à atuação do Criador
de peixes em tanques rede, aplicando a legislação vigente e fornecendo uma
alimentação sustentável de qualidade.
A programação deve abranger todas as principais competências da ocu-
pação possibilitando que o participante conjugue conhecimento e prática, mas
respeitar os limites de profundidade de conteúdo, uma vez que se trata de qualifi-
cação básica, que abre caminhos para ofertas formativas complementares.
Competências que deverão ser evidenciadas ao final da capacitação em or-
dem de prioridade:
• Competências técnicas
• Competências de educação permanente
• Competências sociais e interpessoais
• Valores humanísticos.

JUSTIFICATIVA

A importância do pescado como fonte de nutrientes de alta qualidade para


a dieta humana foi fortalecida nas últimas décadas. Contudo existe uma preocu-
pação com recursos pesqueiros naturais, haja vista que a atividade pesqueira está
em sobrexploração e desde os anos 2000 encontra-se estagnada em noventa mi-
lhões de toneladas. A redução dos estoques pesqueiros naturais, segundo Jiang
(2010), é um problema relacionado à segurança alimentar e ao bem-estar social
mundial.
Entretanto de acordo com as informações levantadas no Estado da Pesca e
Aquicultura publicado pela Organização das Nações Unidas de Alimentos e Agri-
cultura (FAO, 2014) a produção de pescado mundial tem crescido constantemen-
te nas últimas cinco décadas. Isso devido a produção aquícola que está em plena
expansão. Paro o ano de 2012 a produção aquícola mundial alcançou 66,6 milhões
de toneladas, excluindo as plantas aquáticas.

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A mesma instituição afirma que o pescado como fonte alimentar tem au-
mentando a uma taxa média anual de 3,2%, enquanto o crescimento populacio-
nal mundial está a 1,6%, sendo esse um dos fatores que contribuíram para o au-
mento do consumo per capito de 9,9 kg em 1960 para 19,2 kg em 2012 por pessoa
por ano, entretanto outros elementos como a ascensão da renda familiar, urbani-
zação, e pela forte expansão da produção de peixe e canais de distribuição mais
eficientes ajudaram a impulsionar este aumento do consumo.
No Brasil, estima-se que o volume de pescado produzido na pesca e aqui-
cultura gira em torno de 1,2 milhões. A produção aquícola brasileira segundo o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2013) foi de 476.522 toneladas,
desses sendo 392.493 toneladas provenientes da piscicultura, ou seja, 82,4%, ten-
do como os maiores produtores os estados de

Mato Grosso, Paraná e Ceará com os respectivos volumes produzidos 75.630,


51.143, 30.670 toneladas.
Diante do exposto, o curso de Criador de peixes em tanques rede de edu-
cação profissional de Formação Inicial e Continuada – FIC se justifica pela impor-
tância do tema na economia brasileira e como uma oportunidade de atualização e
formação de profissionais qualificados, favorecendo, dentre outros, os estudantes
do ensino médio da rede pública, os trabalhadores e beneficiários dos programas
federais de transferência de renda.
Nessa perspectiva, a UECE propõe-se a oferecer o curso Criador de peixes
em tanques rede por entender que contribuirá para a busca/aquisição do pri-
meiro emprego, a elevação da escolaridade e o empreendimento próprio dessas
pessoas, bem como para a formação humana integral e com o desenvolvimento
socioeconômico da região articulado à missão e objetivos da UECE.

OBJETIVO GERAL:

O Curso de Formação Inicial e Continuada - FIC em Criador em tanques


rede, na modalidade presencial, tem como objetivo geral:
• Instruir sobre a produção de peixes em tanques-rede, seguindo as nor-
mas técnicas vigentes.

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OBJETIVOS ESPECÍFICOS DO CURSO:

• Fazer uma introdução sobre o setor aquicultura, de modo que os alunos


assimilem o conteúdo;
• Estudar os parâmetros zootécnicos dos organismos cultivados
• Definir os aspectos legais da atividade, bem como sociais, preconizando os
preceitos ambientais.
• Descrever as principais formas de criação de peixes em tanques rede em
água doce e ambientes marinhos mais utilizadas, visando o conhecimento
das práticas técnicas;
• Descrever o ambiente e os principais parâmetros de água e solo adequa-
dos para a piscicultura em tanques rede, de modo que os participantes
compreendam a importância de cuidados ao cultivo;
• Definir os principais dados utilizados na escolha de área para o cultivo de
peixes em tanque rede
• Definir as principais espécies de peixes cultivadas, visando o entendimen-
to das espécies mais adequadas para cada ambiente de cultivo;
• Empregar tabelas de arraçoamento e manejos alimentares
• Detalhar sobre as enfermidades em organismos aquáticos cultivados
• Conceituar planctologia, de forma que os alunos compreendam sua im-
portância na aquicultura, principalmente para os alevinos (alimento vivo);
• Detalhar os manejos na piscicultura em tanque rede em viveiro escavado
• Detalhar os manejos na piscicultura em tanque-rede em água doce em
grandes reservatórios e em ambiente marinho
• Definir a introdução ao processamento de pescado

ORGANIZAÇÃO CURRICULAR:

A organização curricular do Curso de Formação Inicial e Continuada – FIC


em Criador de Peixe em Tanques Rede, na modalidade presencial – no PRONA-
TEC tem como eixo norteador o Projeto Pedagógico Nacional, tendo sua elabo-
ração conforme a realidade socioeconômica do Estado do Ceará e por sua vez,
trabalhar aspectos relacionados à realidade de cada Município e localidade onde
o mesmo está sendo aplicado. Sua constituição definiu-se através do Plano Instru-
cional, em anexo a este projeto pedagógico.

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Carga Horária Carga Horária


Conteúdo
Prática Teórica
Ensino Popular e Empreendedorismo 50
Introdução a Aquicultura 4
Parâmetros Zootécnicos 4
Aspectos legais, sociais e ambientais 4
Sistemas de Cultivo 8
Requerimento de água e solo para o cultivo 12 4
Seleção de área e Construção aquícola 4
Principais Espécies Cultivadas 8
Alimento e alimentação 4
Enfermidades e Biossegurança 8
Alimento vivo 8 8
Cultivo de Peixe em tanques-rede 12 20
Cultivo de peixe em tanque-rede em grandes
20 14
reservatórios e ambientes marinhos
Introdução ao Processamento de Pescado 4 4
Total: 200 Horas 56 144

1. INTRODUÇÃO A AQUICULTURA EM TANQUES REDE

A aquicultura, no Brasil e no Mundo, mesmo em tempos de crise econômi-


ca, tem sido um dos poucos setores que continuam a crescer com taxas médias
de 8,9% ao ano. Entende-se por aquicultura a ciência que estuda técnicas de pro-
dução ou cultivo de organismos com ciclo de vida total ou parcial em ambien-
te aquático, e pode ter algumas especialidades como continental (água doce) e
marinha (água salgada), também conhecida como maricultura. A aquicultura tem
sido praticada há milhares de anos pelos chineses e egípcios.
No ano de 2010 a China produziu aproximadamente 63,5 milhões de tone-
ladas de pescado (oriundos da pesca e aquicultura), a Indonésia com 11,7 milhões
de ton., a Índia com 9,3 milhões de ton., porém o Brasil produziu apenas 1,3 mi-
lhões de ton., ocupando o 19° lugar. Se compararmos com países da América do
Sul, ainda sim ficamos em 3° lugar, atrás de países como Peru, com uma produção
de 4,4 milhões de ton., e Chile, com 3,8 milhões de ton. (Tabela 1).

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Porém, o Brasil, possui um grande potencial de produção muito maior que


vários países que estão a sua frente na escala de produção, pois possui em torno
de 6 milhões de hectares de águas represadas nos açudes e grandes reservatórios,
construídos principalmente com a finalidade de geração de energia hidrelétrica,
mas que aos poucos estão sendo também utilizados para a criação de peixes em
tanques rede e ainda em torno de 7.367 km de costa que podem ser utilizados
para a implantação de mariculturas.

Tabela 1. Produção total de pescado (t) dos vinte e dois maiores produtores em 2009 e 2010

Fonte: Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA). Boletim Estatístico da Pesca e Aquicultura. 2011.

Devido à redução ou estagnação da quantidade de peixes, oriundos da


pesca, e o aumento no consumo de pescado, nos últimos anos, a aquicultura está
sendo vista como uma das melhores alternativas para suprir a demanda mundial
e garantir o aumento da produção com uma oferta de pescado com preço baixo

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e de boa qualidade, contribuindo com o aumento da oferta de proteína animal,


além de reduzir a pressão sobre os estoques pesqueiros naturais e os impactos
aos ecossistemas aquáticos.
De acordo com dados do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) os brasi-
leiros consomem cada vez mais pescado, a média de consumo por habitante ano
no País passou de 9,03 quilos em 2009 para 11,17 quilos em 2011, porém esses
valores foram alcançados não somente com a produção nacional más também
com o aumento das importações de pescado e em pouco tempo iremos atingir a
média mínima da Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 12 quilos por
habitante/ano.
Em 2011 o censo do IBGE relata que a população brasileira era de 192,4 mi-
lhões de habitantes, e para atingir esse valor de 11,17 quilos por habitante/ano, o
mínimo necessário de produção de pescado teria que ser de 2,2 milhões de ton.,
isso sem exportar nada, porém de acordo com a balança comercial de pescado
em 2011 temos um déficit de 0,31 milhões de ton. (Tabela 2). Como e como con-
sequência dessa falta de produção, o Brasil gastou em torno de US$ 1,3 bilhões só
em 2011 com a importação, pescado que vem principalmente do Chile.

Tabela 2. Histórico da balança comercial brasileira de pescado.

Fonte: Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA). Boletim Estatístico da Pesca e Aquicultura. 2011. For-
mulada pelo MDIC

Focando na questão da criação de peixes ou Piscicultura, um dos métodos


bastante utilizado é a produção de peixes em tanques rede, que basicamente é
a utilização de gaiolas no cultivo de peixes em corpos d’água de grandes dimen-
sões como em rios, lagos, açudes, no mar e até mesmo em viveiros escavados. O cultivo
de peixe em tanques rede tem sido considerado uma tendência de mercado bastante
promissora e tem se destacado entre as atividades de maior desenvolvimento em

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todo o mundo, pois é uma técnica relativamente simples e barata, se comparada à pis-
cicultura em viveiros escavados. Por não precisar de alagamento de áreas, pode
ser praticada em uma grande variedade de ambientes aquáticos e com custos
menores, sendo a forma mais prática de se implantar um empreendimento a um
curto prazo.
Nesse sentido, com o aperfeiçoamento e desenvolvimento da tecnologia
para produção de peixes em tanques rede, poderá haver um aumento da produ-
ção brasileira de pescado, o que consequentemente e com isso existirá condições
para a implantação de novas indústrias de beneficiamento de pescado, e com isso
contribuir para que o País se posicione cada vez mais entre os grandes produto-
res de peixe, pois o Brasil é um dos poucos países que tem condição de atender não só a
demanda interna como também a mundial.

É fundamental que exista interações técnico-científicas entre as Universi-


dades e os produtores, para que ambos possam adquiram conhecimento, e assim
possibilitar desenvolvimento da aquicultura dentro de todas as normas ambien-
tais. As recentes tendências mundiais, do agronegócio em geral, estão voltadas
para o desenvolvimento sustentável. Também é necessário compreender que a
sustentabilidade tem que ter desenvolvimento, ou seja, o lado sócio econômico
deve estar interligado com a conservação ambiental, pois os mais interessados na
preservação ambiental são os próprios produtores, pois os mesmos dependem
diretamente de fontes de água de boa qualidade.

2. PARÂMETROS ZOOTÉCNICOS DO CULTIVO DE PEIXES

• Taxa de Crescimento específico

TCE = [( ln Pf– ln Pi) ÷DC] × 100


Onde:
TCE – taxa de crescimento específico (%/dia)
Pf – peso corporal úmido (g) na hora da despesca
Pi - peso corporal úmido (g) no primeiro dia de cultivo
DC – número total de dias do cultivo

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• Crescimento Corporal Absoluto

GPD = (Pf - Pi) ÷ DC

Onde:
GPD – ganho de peso corporal diário (g/dia)
Pf – peso corporal úmido (g) na hora da despesca
Pi - peso corporal úmido (g) no primeiro dia de cultivo
DC – número total de dias do cultivo

• Sobrevivência Final

S = (POPf ÷ POPi) × 100

Onde:
S – sobrevivência final na despesca
POPf – número total de organismos no momento da despesca
POPi – número total de organismos no momento do povoamento

• Produtividade

PRD = ((POPf × Pf ) – (POPi × Pi)) ÷ VT

Onde:
PRD – produtividade de organismos por área de produção (g/m3, kg/m2, ton/ha
POPf – número total de organismos no momento da despesca
POPi – número total de organismos no momento do povoamento
Pf – peso corporal úmido (g) na hora da despesca
Pi - peso corporal úmido (g) no primeiro dia de cultivo
VT – volume por área de produção (m3, m2, há)

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• Fator de conversão alimentar

FCA = ∑ CAp ÷ BIO

Onde:
FCA – fator de conversão alimentar
CAp – consumo alimentar aparente (g, kg) por tanque ao longo do ciclo de cultivo
BIO – biomassa ganha por unidade de cultivo, ou seja,

Termos básicos utilizados


• Povoamento ou estocagem: a pratica de introduzir os organismos aquá-
ticos na unidade de cultivo
• Densidade de estocagem: número ou biomassa de organismos aquáti-
cos por área ou volume
• Biometria: Ato de mensurar o peso e/ou comprimento dos indivíduos
cultivados
• Arraçoamento: a prática de alimentar os organismos cultivados com ração

3. ASPECTOS LEGAIS, SOCIAIS E AMBIENTAIS DA AQUICULTURA

As diferentes características ecológicas e sociais e econômicas do Brasil


dificultam o desenvolvimento da piscicultura de forma plena no País, uma das
principais preocupações é com os efluentes provenientes da aquicultura. A sus-
tentabilidade ambiental e competitividade dos empreendimentos que utilizam
diretamente os recursos hídricos estão na pauta nas discussões entre o governo,
os produtores e os ambientalistas. Seguindo esse pensamento, os sistemas de
produção de peixes em tanques redes, devem ser manejados nas dentro dos li-
mites ecológicos e sócios econômicos, pois quando se fala em criar peixe, na ver-
dade estamos falando em criar água e em muitos casos, as mudanças ecológicas
podem se tornar um fator de risco para o próprio produtor.
A aquicultura moderna possui três pilares: a produção lucrativa, a preser-
vação do meio ambiente e o desenvolvimento social. Os três componentes são
essenciais e indissociáveis para que se possa ter uma atividade perene.

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• Questões de ordem legal

As leis podem regular:


• Espécie e locais permitidos para o cultivo
• Quantidade de agua a ser utilizada
• Qualidade dos efluentes
• Tipos de químicos e outras substancias empregadas
• Formas de cultivo, despesca, processamento e comercialização dos or-
ganismos aquáticos produzidos

Figura 01 – Influências das leis na aquicultura

Fonte: Modificado de Glenn & White, 2007. Prof Alberto

Na constituição brasileira de 1988 no CAPÍTULO VI é inteiramente dedicado


ao meio ambiente. Neste capítulo, no Artigo 225, fica assegurado que:

“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente


equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletivi-
dade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes
e futuras gerações”

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Como base para constituição 1988, a qual é considerada primeira constitui-


ção brasileira verde, utilizou-se como base a lei federal Nº 6.938/81, a qual dispõe
sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formula-
ção e aplicação, e dá outras providências. Está prevista na lei alguns instrumentos,
dentre ele o Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA.

Figura 02 – Organograma do SISNAMA em instância federal

Fonte: João Henrique Cavalcante Bezerra.

Conselho de Governo – Órgão superior do sistema, reúne todos os minis-


térios e a Casa Civil da Presidência da República na função de formular a política
nacional de desenvolvimento do País, levando em conta as diretrizes para o meio
ambiente. Entretanto na pratica não existe.
Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) – é o órgão consultivo
e deliberativo, formado por representantes dos diferentes setores do governo (em
âmbitos federal, estadual e municipal), do setor produtivo e da sociedade civil.
Assessora o Conselho de Governo e tem a função de deliberar sobre normas e
padrões ambientais, através de suas resoluções.
Ministério do Meio Ambiente (MMA) – órgão central, com a função de
planejar, supervisionar e controlar as ações referentes ao meio ambiente em âm-
bito nacional.
Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renová-
veis (IBAMA) – encarrega-se de executar e fazer executar as políticas e as diretri-
zes nacionais para o meio ambiente.

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CRIADOR DE PEIXE EM TANQUES REDE

Instituto Chico Mendes (ICMBio) - executar as ações do Sistema Nacional


de Unidades de Conservação, podendo propor, implantar, gerir, proteger, fiscali-
zar e monitorar as UCs instituídas pela União.
O licenciamento ambiental é outro integrante dos instrumentos da Política
Nacional do Meio Ambiente, o qual atesta a viabilidade ambiental através dos Es-
tudos de Impacto Ambiental (EIA) e do Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da
atividade proposta. O licenciamento Ambiental foi conceituado pela Resolução
CONAMA n.º 237, de 19 de dezembro de 1997, que diz:

“O licenciamento ambiental é um procedimento administrativo


pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação,
ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de
recursos ambientais, consideradas efetivas ou potencialmente poluidoras
ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação
ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as
normas aplicáveis ao caso”.

O documento gerado é a licença ambiental, que tem prazo de validade de-


finido, em que o órgão ambiental estabelece regras, condições, restrições e medi-
das de controle ambiental a serem seguidas por sua empresa. Possui três etapas:

Licença Prévia: Antes de dar início, a empresa precisa requerer a Licença


Prévia (LP), que atende aos requisitos básicos exigidos pelo órgão ambiental res-
ponsável. A licença é concedida na fase preliminar de planejamento, depois de
cumpridos esses requisitos durante a localização, instalação e operação. As leis de
uso do solo municipais, estaduais ou federais também devem ser observadas pelo
empreendedor.
Licença de Instalação: É concedida após o projeto executivo ser aprovado
com todos os requisitos atendidos. Por meio da Licença de Instalação (LI), o órgão
ambiental analisa a adequação do empreendimento ao local escolhido pelo em-
preendedor.
Licença de Operação: A licença de operação (LO) é necessária para a prá-
tica das atividades do empreendimento. Será concedida após as verificações do
cumprimento dos requisitos condicionantes, previstos na Licença de Instalação
por órgão responsável.

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Além das leis de proteção ambiental, temos a Política Nacional de Recursos


Hídricos (PNRH), instituída pela lei 9433/97, tem como um de seus fundamentos o
uso múltiplo das águas.
De modo garantir que todas as demandas de água do recurso hídrico como
irrigação, indústria, aquicultura, consumo humano e dessedentação animal, sen-
do estas duas últimas prioridades em caso de escassez, a Lei da Água faz-se uso
dos instrumentos como:

Art. 5º
III - a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos;
IV - a cobrança pelo uso de recursos hídricos;

A outorga é o ato administrativo mediante o qual o poder público outor-


gante faculta ao outorgado (requerente) o direito de uso de recurso hídrico, por
prazo determinado, nos termos e nas condições expressas no respectivo ato ad-
ministrativo.
A outorga de água permite ao administrador do recurso hídrico realizar o
controle qualitativo e quantitativo minimizando conflitos entre os diversos seto-
res usuários e evitar impactos ambientais negativos.
Estão sujeitos a pedido de outorga empreendimentos que necessitam de:

• Derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo de


água para consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo
de processo produtivo;
• Extração de água de aquífero subterrâneo para consumo final ou insu-
mo de processo produtivo;
• Lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos
ou gasosos, tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou
disposição final;
• Aproveitamento dos potenciais hidrelétricos;
• Outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água
existente em um corpo de água.

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Para regularização aquícola, o empreendedor deve verificar a dominialida-


de das águas onde se localiza o cultivo, ou seja, as águas públicas podem ter do-
mínio do Estado ou da União.
As águas da União são aquelas que banham mais de um Estado da Federação,
isto é, fazem fronteira entre estados nacionais e com outros países. Também estão
nesta condição as águas acumuladas em represas construídas com aporte de recur-
sos da União e o Mar Territorial brasileiro que se estende até as 200 milhas náuticas.
No Estado do Ceará em 10 de março de 2015, a Lei Nº15.773 que altera a
Lei Nº13.875, de 07 de fevereiro de 2007 e cria a Secretaria do Meio Ambiente
(SEMA). Vinculada ao SEMA, a Superintendência Estadual do Meio Ambiente – SE-
MACE tem a obrigação de executar a Política Ambiental do Estado do Ceará, ou
melhor, é responsável pela emissão da licença ambiental, independentemente da
dominialidade da água, conforme Lei Complementar nº 140/11 de 08 de dezem-
bro de 2011, e Moção nº 090, de 06 de junho de 2008, pois está previsto que as
OEMAs (organizações estaduais do meio ambiente) ou prefeituras municipais são
responsáveis pelo o processo de licenciamento ambiental.
A emissão da outorga de uso da água está encarregada da Companhia de
Gestão dos Recursos Hídricos – COGERH, também independentemente da domi-
nialidade da água, tendo em vista que até 2024, o Ceará poderá emitir outorgas
de direito de uso de recursos hídricos de domínio da União em território cearense.
Esta competência legal foi delegada pela Agência Nacional de Águas (ANA), por
meio da Resolução nº 1.047/2014.
Todavia, o Ceará não poderá outorgar aproveitamentos de potenciais hi-
drelétricos no estado, atribuição que permanece com a ANA. No caso das outor-
gas preventivas e de direito de uso de recursos hídricos do domínio da União com
a finalidade de aquicultura em tanques-rede, a Secretaria de Recursos Hídricos
do Ceará (SRH) terá que seguir os trâmites definidos entre a Agência Nacional de
Águas e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
Figura 03 – Organograma do SISNAMA em instância estadual

Fonte: João Henrique Cavalcante Bezerra.

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CRIADOR DE PEIXE EM TANQUES REDE

Os procedimentos de licenciamento ambiental são orientados principal-


mente pelas legislações:

CONAMA: COEMA:
Resolução nº 237/1997 Resolução n° 18/2013
Resolução nº 312/2002 Resolução nº 17/2013
Resolução nº 357/2005 Resolução n° 04/2012
Resolução nº 413/ 2009 Resolução n° 02/2002
Resolução nº 459/ 2013 Resolução n° 05/2001

A atividade aquícola desenvolve-se principalmente na zona rural, desta for-


ma sendo necessário conhecimento do novo código florestal, Lei 12.651 de 25 de
maio de 2012. Assim fica entendido sobre:

• Área de Preservação Permanente: Área protegida, coberta ou não por ve-


getação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a
paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico
de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações hu-
manas.
• Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural,
que no caso do bioma a qual o estado do Ceará está contido (Caatinga) e de
20% da propriedade rural.
• Área Rural Consolidada: Área de imóvel rural com ocupação antrópica
preexistente a 22 de julho de 2008, com edificações, benfeitorias ou atividades
agrossilvipastoris, admitida, neste último caso, a adoção do regime de pousio.
• Interesse Social: implantação de instalações necessárias à captação e condu-
ção de água e de efluentes tratados para projetos cujos recursos hídricos são
partes integrantes e essenciais da atividade.
• Atividades Eventuais ou de Baixo Impacto Ambiental: implantação de ins-
talações necessárias à captação e condução de água e efluentes tratados, des-
de que comprovada a outorga do direito de uso da água, quando coube.
• Leito regular: a calha por onde correm regularmente as águas do curso d’água
durante o ano

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CRIADOR DE PEIXE EM TANQUES REDE

• Manguezal: ecossistema litorâneo que ocorre em terrenos baixos, sujeitos à


ação das marés, formado por vasas lodosas recentes ou arenosas, às quais se
associa, predominantemente, a vegetação natural conhecida como mangue,
com influência fluviomarinha, típica de solos limosos de regiões estuarinas e
com dispersão descontínua ao longo da costa brasileira, entre os Estados do
Amapá e de Santa Catarina;
• Salgado ou marismas tropicais hipersalinas: áreas situadas em regiões com
frequências de inundações intermediárias entre marés de sizígias e de quadra-
tura, com solos cuja salinidade varia entre 100 (cem) e 150 (cento e cinquenta)
partes por 1.000 (mil), onde pode ocorrer a presença de vegetação herbácea
específica;
• Apicum: áreas de solos hipersalinos situadas nas regiões entre marés supe-
riores, inundadas apenas pelas marés de sizígias, que apresentam salinidade
superior a 150 (cento e cinquenta) partes por 1.000 (mil), desprovidas de vege-
tação vascular;

Figura 04 – Diferenças dos ambientes em áreas de Manguezal

Fonte: Prof. Marcio Bezerra

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CRIADOR DE PEIXE EM TANQUES REDE

Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou urba-


nas, para os efeitos desta Lei.  Os manguezais, em toda a sua extensão, margens
dos rios e corpos hídricos lênticos

Figura 05 – Diferenças dos ambientes no curso d’água

Fonte – Prof. Márcio Bezerra

Figura 06 – Diferenças dos ambientes em regiões lacustres e reservatórios hidrícos

Fonte – Prof. Márcio Bezerra

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CRIADOR DE PEIXE EM TANQUES REDE

• Questões de ordem social

Geração de emprego e renda, principalmente em regiões rurais com pouca


atividade econômica, necessita-se de elevada mão de obra por área cultivada. A
cadeia produtiva envolve, sementes (pós-larvas, alevinos), ração, corretivos agríco-
las, fertilizantes, equipamentos e maquinário como motobombas, tratores, aera-
dores e todo a linha de processamento e comercialização da espécie em questão.
A aquicultura requer uma infraestrutura composta de estradas para esco-
ar a produção, energia elétrica, incentiva a melhoria da educação local para for-
mação de mão de obra especializada, oferece novas oportunidades de emprego.
Além de promove a segurança alimentar, tendo em vista que a aquicultura gera
fonte proteica de alta qualidade.
Todavia pode gerar conflito de uso do solo com outros usuários locais, bem
como é uma atividade que faz uso direto da água superficiais ou subterrâneas
podem criar conflitos com outros usuários.

• Questões de ordem ambiental

A intensificação e expansão descontrolada da produção aquícola nos últi-


mos anos resultou em um aumento de impactos negativos sobre o meio ambien-
te, como por exemplo:
• Destruição de manguezais, áreas de inundação, e outros ambientes
aquáticos sensíveis.
• Conversão de terras agrícolas a tanques aquícolas.
• Poluição da água resultante dos efluentes dos tanques de engorda.
• Uso excessivo de drogas, antibióticos, e outros produtos químicos.
• Utilização ineficiente de rações
• Salinização de terras e águas por efluentes, esgotos, e sedimentos de
águas salobras provenientes de sistemas de engorda.
• Uso excessivo de água subterrânea e outras fontes de água doce para
abastecimento de tanques.
• Propagação de doenças animais da cultura de organismos para popu-
lações nativas.

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• Efeitos negativos sobre a biodiversidade causados pela fuga de espé-


cies exóticas introduzidas para produção, destruição de pássaros e ou-
tros predadores.
• Conflitos com outros usuários dos recursos hídricos e rompimento das
comunidades vizinhas.

Contudo estes impactos ocorrem devido:


• Falta de ordenamento das fazendas.
• Pouco ou nenhum controle sanitário.
• Tratamento inexistente dos efluentes.
• Fazendas não projetadas para reutilização da água.
• Inobservância de procedimentos regulares de biossegurança.
• Falta de planejamento ambiental.

4. SISTEMAS DE CRIAÇÃO DE PEIXES EM TANQUES REDE

Inicialmente é importante salientar que os valores de peso consideradas


nesses três sistemas de criação servem como exemplo, e não como uma regra
geral, pois os resultados de cada produtor estão diretamente ligados com as con-
dições gerais do corpo hídrico, das variáveis ambientais, do manejo e do tipo de
tanque-rede utilizado. Também utilizaremos o peixe Tilápia (Oreochromis niloti-
cus), como espécie norteadora.
O criador de peixes em tanques rede normalmente está inserido no sistema
de cultivo superintensivo. E as fases desse tipo de sistema de cultivo em gaiolas,
os seguintes sistemas podem ser adotados:
 SISTEMA DE UMA FASE OU MONOFÁSICO: os peixes são criados num só
tipo de estrutura, durante todo o ciclo de produção, neste caso deve-se
cultivar exemplares juvenis com peso médio entre 30 e 50 g em tanque-
-rede com malha de 15 a 19 mm ( alevino II ), onde ficam até atingirem
o peso comercial.

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CRIADOR DE PEIXE EM TANQUES REDE

 SISTEMA DE DUAS FASES OU BIFÁSICO: empregam-se a fase de berçário,


alevinagem ou cria, alevinos de 1g são criados em berçário/bolsão com
malha entre 5 a 8 mm, criando os alevinos de 1g até 30- 50g (fase I), e
depois são transferidos para outros tanques rede de recria, engorda ou
terminação (fase II), onde ficam até atingirem o peso comercial (fase II).
 SISTEMA DE TRÊS FASES OU TRIFÁSICO: empregam-se a fase de berçário,
alevinagem ou cria dividida em duas etapas, criação em berçário/bolsão
com malha entre 5 a 8 mm, criando os alevinos de 1g até 30- 50g (fase I),
logo após, são transferidos para outros tanques rede, até os peixes atin-
girem o peso médio de 200g (fase II), e posteriormente são transferidos
para outros tanques rede , a etapa de recria, engorda ou terminação,
onde ficam até atingirem o peso comercial (fase III).

Figura 7. Exemplo de Sistema com três fases ou trifásico

Fonte: Codevasf, 2013. Desenho: Alexandre Mulato

5. LIMNOCULTURA APLICADA A PISCICULTURA EM TANQUES REDE

A qualidade da água é um fator determinante para o sucesso ou o fracas-


so de um empreendimento aquícola. Vários compostos químicos dissolvidos na
água como também os atributos físicos e biológicos se combinam para formar a
qualidade da água.
A água com características, químicas e biológicas ideais para aquicultura
vai depender:
a. A espécie escolhida para o cultivo
b. O sistema de cultivo a ser adotado
c. O nível de intensificação a ser utilizado

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CRIADOR DE PEIXE EM TANQUES REDE

Para todos os parâmetros de qualidade de água os organismos aquáticos


possuem uma faixa de conforto que permite um máximo crescimento e sobre-
vivência, fora desta faixa, dependendo do tempo de exposição, o animal pode
sofrer efeitos deletérios como redução no consumo alimentar, maior vulnerabili-
dade a doenças e menor crescimento ou até mesmo ser letal.

As propriedades da água podem ser divididas em:

• Propriedades Químicas - Nitrito, nitrato, amônia, pH, alcalinidade, dió-


xido de carbono, oxigênio dissolvido, dureza
• Propriedades Físicas - Temperatura, turbidez, cor, odor, transparência,
sólidos em suspensão
• Propriedades Biológicas - Espécies e quantidades de plâncton
• Propriedades Microbiológicas - Espécies e quantidades de patógenos

5.1 Temperatura

Tem efeito biológico (fotossíntese, respiração e decomposição), devido os


organismos aquáticos em sua grande maioria serem organismos pecilotérmicos.
Quando a temperatura da água está fora da faixa ótima, ocorre uma depressão do
sistema-imune, aliado com o fato de que a temperatura inadequada para hospedei-
ro é a temperatura adequada para patógeno, podendo causar problemas ao cultivo.
Água dos ambientes de cultivo (viveiros, açudes, lagos) podem estratificar-
-se termicamente, o calor é absorvido mais rapidamente perto da superfície do
corpo d’água, e esta, eleva sua temperatura, tende a permanecer na superfície por
ser menos densa e a água de fundo com temperatura mais baixa fica mais densa,
desta forma formando camadas separadas.
A estratificação pode ser um problema sério principalmente para os culti-
vos em tanques-rede, pois quando ocorre a desestratificação térmica, isto é, uma
mistura brusca das camadas d’água, através de algum evento como o resfriamen-
to da atmosfera (noite/inverno), entrada de ventos fortes, ocorrência de intensas
chuvas, entrada de frentes frias. Pode acontecer da água de fundo conter compos-
tos tóxicos, caso a camada de fundo esteja em condição de anaerobiose, ou seja,
sem oxigenação.

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Figura 08 – Diferenças dos ambientes

Fonte: Prof Alberto Nunes

5.2 Oxigênio dissolvido (OD)

Considerado um parâmetro crítico para aquicultura, em partículas em sis-


temas mais intensivos. O aumento na produção de peixes ou camarões em con-
dições de confinamento depende da disponibilidade de oxigênio dissolvido na
água
Processos que afetam a disponibilidade de OD.

• Atividade fotossintética: Fitoplâncton e plantas aquáticas liberam oxi-


gênio durante o dia através da fotossíntese. Deve-se evitar floração de
fitoplâncton, tendo em vista que durante o período noturno as mesmas
deixam de produzir OD e passam apenas consumir podendo exaurir o
mesmo nas primeiras horas do dia. Dias nublados afeta diretamente na
atividade fotossintética, pois a mesma para acontecer necessita de luz.
• Respiração: Atividade respiratória de peixes e outros organismos vi-
vos (bactérias, zooplâncton) presentes no sistema de cultivo consumem
oxigênio dissolvido na água. Assim é importante que evite densidades
de estocagem em excesso

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• Troca de água e aeração mecânica: Renovação de água nos sistemas


de cultivo são capazes de aumentar a disponibilidade de oxigênio na
água. Há uma relação direta da renovação da água com a biomassa
estocada.

O oxigênio dissolvido na água é geralmente medido através de um oxíme-


tro digital. Os animais mostram sinal que a pode ter algum problema com OD,
como o aumento no batimento opercular (ventilação branquial), redução do nado
(letargia), subida para respirar água superficial.

Figura 9. Peixes buscando o oxigênio na superfície

Foto: Paulo Roberto de Freiras/VC no G1

Em caso no cultivo de camarões quando o OD é baixo os animais começam


a “boia”.

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Tabela 3: Concentração de OD e efeitos sobre camarões cultivados


Concentração de Oxigênio
Efeitos
dissolvido (mg/L)
0,0 – 1,0 Letal
1,0 – 1,5 Letal quando exposto a exposição prolongada
Conversão alimentar baixa, crescimento lento e
1,7 – 3,0
residência a enfermidades reduzidas
Fonte: Arquivo pessoal

5.3 pH

§ A faixa do pH é representada por uma escala que vai de 0 a 14, no qual o pH 7


indica a absoluta neutralidade.

Figura 10 – Escala de pH e os efeitos nos animais cultivados

Fonte: Copilado de Luis Vinatea Arana (2003)

Fatores que levam a uma variação no pH da água

• Tipos de solo: solos orgânicos ou ácidos sulfatados


• Alimentação: excesso de alimento ofertado
• Atividade fitoplanctônica: fitoplâncton em excesso pode levar a um
aumento no pH da água (absorve CO2 da água)
• Alcalinidade: baixo poder tampão da água resulta em variações no pH
da água

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5.4 Compostos nitrogenados

É o principal produto de excreção dos organismos aquáticos, resultante da


digestão das proteínas. Amônia é um gás extremamente solúvel em água e quan-
do se encontra em solução, apresenta a seguinte reação de equilíbrio

NH3 + H2O = NH4+ + OH-

O equilíbrio da equação dependente do pH, temperatura e salinidade da


água.
A forma não ionizada (NH3) é a mais tóxica para os organismos aquáticos,
devido ao seu tamanho molecular que a deixa permissível as membranas celulares.

• Em pH < 7, a fração de NH4+ será predominante


• Em pH > 7, a fração de NH3 aumenta, podendo atingir concentrações
tóxicas para os organismos aquáticos

Sinais clínicos de intoxicação CRÔNICA ou AGUDA por amônia:

1. Hiperatividade/convulsões;
2. Letargia;
3. Perda de equilíbrio;
4. Coma (não reage a estímulos externos)

Intoxicação aguda em poucas horas de exposição já levam ao aparecimen-


to de sinais clínicos [NH3] água ≥ 1 mg/L. Já a intoxicação crônica os sinais clínicos
somente irão aparecer após muitos dias ou semanas de exposição, antes disso,
estresse causa distúrbios osmorregulatórios e queda na eficiência respiratória re-
tardo no crescimento e menor imunidade. [NAT] ≥ 3 mg/L e pH água > 8,
Deve-se monitorar semanalmente [NAT] em sistemas de criação

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Amônia é oxidada em nitrato pela ação das bactérias quimioautotróficas


nitrosomonas e nitrobacter
O nitrito (NO2-) atravessa as brânquias pelo mesmo mecanismo de transpor-
te utilizado pelo Cl-. Para diminuir o efeito do nitrito basta adicionar NaCl à água
O excesso de nitrito pode causar a doença do sangue marrom, a hemoglo-
bina do sangue do peixe deixa de transportar OD para transportar nitrito na forma
de metahemoglobina, causando insuficiência respiratória.

5.5 Transparência da Água

Medida da penetração de luz na água ela é utilizada como indicativo de pro-


dutividade natural primária (fitoplâncton) e concentrações de oxigênio dissolvido.
A transparência é medida com um disco de Secchi onde o ideal se encontra
entre 30-40 cm, a baixa do limite inferior, poderá sofrer problemas com oxigênio
dissolvido, e alta transparência > 40cm, há necessidade de fertilizar a água.

Figura 11 – Leitura da transparência da água com disco de Secchi

Fonte – Google Imagens

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Turbidez é o oposto de transparência da água. A turbidez inorgânica pro-


vém da argila, humos e silte. E a turbidez orgânica é oriunda do fitoplâncton, de-
trito de algas, zooplâncton e material fecal de organismos cultivados.
A turbidez desejável e com plâncton (até certo limite; a depender das espé-
cies), quando a turbidez indesejável e composta por detritos orgânicos ( DBO na
coluna d’água + absorção de luz); e detritos inorgânicos (dificuldade respiratória +
absorção de luz + assoreamento de canais e viveiros). Deve-se monitorar a trans-
parência da água diariamente.

Figura 12. Parâmetros de qualidade de água e aparelhos de medição (adaptado de Boyd &Tu-
cker, 1998)

Fonte: CODEVASF (2013)

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Figura 13. Modelo de planilha para acompanhamento de qualidade de água

Fonte: CODEVASF (2013)

6. CRITÉRIOS PARA A ESCOLHA DA ÁREA DE CULTIVO

6.1 Seleção de área

Na avaliação para escolha de uma área para atividade aquícola, tem que le-
var em consideração diversos fatores. Existe aqueles de macro abrangência, como
aspectos políticos, sociais, econômicos, legais e os de micro abrangência, como
fatores físicos, hidrológicos e químicos.
Ações políticas são um pré-requisito importante para seleção de áreas, de-
vido a existência de incentivos ou dificuldades para implementação aquícola. Para
isso é necessária uma estabilidade política de modo assegurar que os acordos
serão mantidos.
Na visão econômica é importante avaliar o mercado consumidor:

a) Realizar um levantamento preliminar do mercado


• Locais de comercialização (mercado local, internacional)
• Preço e volume (sazonalidade)
• Requisitos de apresentação do produto (vivo, resfriado, congelado, inteiro,
esviscerado, filetado)

b) Caracterizar os canais de comercialização


• Consumidor direto
• Restaurante, supermercados, hotéis
• Distribuidores de pescado
• Exportadores

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O mercado disponível pode definir o tamanho do empreendimento e o sis-


tema a ser adotado.
A logística de produção é algo indispensável, tendo em vista que os custos
de produção estarão envolvidos. A ração corresponde por mais de 50% dos custos
as fazendas, com isso é fundamental que o local tenha disponibilidade acessível a
este insumo e com qualidade.
Outros insumos importantes são as sementes (pós-larvas e/ou alevinos),
mão-de-obra. Materiais de construções e locação de maquinário pesado para
construção. E não esquecer de verificar se na região tem a disponibilidade de
energia elétrica de boa qualidade, vias de acesso (estradas) para transporte de
insumos e escoamento da produção, plantas de beneficiamento e larvicultura,
serviços básicos como comunicação, transporte e acomodação.
No ponto de vista social tem-se de caracterizar mão-de-obra disponível. É
preferível regiões que possuam centros de treinamento. Feito a escolha definitiva
do local é importante estabelecer contato com a comunidade já nas fases inicias
de implementação do projeto para troca de informações, discussões e socialização.
Priorizar contratação de mão-de-obra local e não discriminar quanto a nível
de escolaridade do funcionário. A vantagem de poder absorver mão-de-obra
pouco qualificada permite a abertura de oportunidade de trabalho. Do ponto de
vista ambiental atentar a legislação no capítulo três.
Com relação os fatores de micro abrangência temos os físicos. O qual é pri-
mordial o estudo da climatologia da região, ou seja, pluviometria, evaporação,
pois o regime pluviométrico e taxas de evaporação na região determina as varia-
ções na salinidade da água e riscos de cheias ou secas.
Em caso de cultivos no mar é importante avaliar as ondas, a profundidade
do local, a velocidade dos ventos e das correntes pode demandar medidas adicio-
nais em ancoramento de infraestrutura.
Dos fatores hidrológicos é crucial o planejamento da atividade, devido a sa-
zonalidade dos períodos chuvoso e de seca, onde, no período de estiagem pode
ocorrer a redução da vazão nos locais de captação, assim inviabilizando o sistema
de produção.
Além da quantidade é importante avaliar os parâmetros de qualidade da
água para garantir a viabilidade do cultivo e sanidade dos peixes, por isso é es-
sencial que o empreendimento se localize longe de fontes poluentes como ma-

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nanciais sujeitos a despejos de indústrias químicas, ou de resíduos agrotóxicos,


utilizados em plantações
Quando a localização do empreendimento é para fazendas de tanques-
-rede é importante avaliar as áreas de proteção de ventos e ondas, profundidade,
isto é, distância do fundo do tanque-de ao substrato de no mínimo de 4 – 5 me-
tros. O substrato deve apresentar-se firme e plano, para que não necessite de
grandes poitas (ancoramento). Em áreas de pedras, ancoramento com platafor-
mas no continente desse ser utilizado. As correntes d’água auxiliam na renovação
do oxigênio dissolvido dentro da estrutura de cultivo e remoção de metabólicos,
sendo assim é preferível uma velocidade de água menos que 60cm/s, contudo é
tolerável até 100cm/s.

7. ESPÉCIES DE PEIXES CULTIVADAS EM TANQUES REDE

7.1 Tambaqui (Colossoma macropomum)

Nativo da bacia Amazônica e atualmente é a principal espécie de peixe cul-


tivada na Região Norte. Características que favorecem ao cultivo:
1. Fácil reprodução
2. Resistência ao manejo;
3. Bons índices zootécnicos;
4. Boa aceitação no mercado da região Norte

Figura 14. Exemplar de Tambaqui

Fonte: Codevasf, 2013 - Foto: Thiago D. Trombeta - IABS

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7.2 Pacu (Piaractus mesopotamicus)

Nativo da Bacia do Rio Prata e do Pantanal do Mato Grosso e é um dos


peixes mais estudados nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Características
que favorecem ao cultivo:

1. Fácil reprodução
2. Resistência ao manejo
3. Boa aceitação comercial.
4. Boas taxas de crescimento
5. Boa adaptação à ração.

Figura 15. Exemplar de Pacu

Fonte: Codevasf, 2013 - Foto: Rui D. Trombeta

7.3 Matrinxã (Brycon amazonicus)

Nativo da bacia amazônica. Características que favorecem ao cultivo:

1. Boas taxas de crescimento


2. Boa adaptação a ração

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Figura 16. Exemplar de Matrinxã

Fonte: Codevasf, 2013 - Foto: Bruno O. de Mattos

7.4 Surubim (Pseudoplatystoma spp.)

Nativo das bacias do Rio Paraná, São Francisco e Amazonas. Características


que favorecem ao cultivo:

1. Alto valor comercial


2. Boa adaptação a ração
3. Resistência ao manejo

Figura 17. Exemplar de Surubim

Fonte: Codevasf, 2013 - Foto: Altamiro de Pina

7.5 Pirarucu (Arapaima gigas)

Nativo das bacias Amazônica e Araguaia-Tocantins. É considerada a espécie


nativa mais promissora para o cultivo intensivo. Características que favorecem ao
cultivo:

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1. Grande resistência ao manejo


2. Altas taxas de crescimento
3. Respiração aérea
4. Alto rendimento de filé
5. Boa adaptação a ração
6. Possibilidade de cultivo em altas densidades

Figura 18. Exemplar de Pirarucu

Fonte: Codevasf, 2013 - Foto: Thiago D. Trombeta

7.6 Tilápia (Oreochromis niloticus)

Nativa da Bacia do Nilo na África. Começa a reproduzir-se muito cedo, atin-


gindo a maturidade sexual com cerca de três meses. Os machos crescem mais do
que as fêmeas em condições idênticas de criação. Possuem várias qualidades que
as tornam peixes com grande potencial de criação, como:

1. Boa adaptação a ração


2. Fácil reprodução
3. Possibilidade de cultivo em altas densidades
4. Resistência a doenças
5. Altas taxas de crescimento
6. Fácil reprodução
7. Boa aceitação no mercado

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Figura 19. Exemplar de Tilápia

Fonte: Codevasf, 2013 - Foto: Bruno O. de Mattos

8. MANEJO ALIMENTAR

O conhecimento do hábito alimentar dos organismos aquáticos, é essen-


cial para o desenvolvimento de rações e manejo da alimentação.

• Carnívoros: São organismos que se alimentam de proteína animal.


Tucunarés, pirarucu e surubim são exemplos.
• Herbívoros: Apresentam preferência por alimentos de origem vegetal,
ricos em fibras e geralmente baixa energia. A carpa capim e piapara.
• Onívoros: São organismos que se alimentam de proteína animal e ve-
getal. A maioria das espécies utilizadas na aquicultura possuem esse ha-
bito alimentar. Tilapia, Pau, Tambaqui.

• Planctófagos: Se alimentam do plâncton. Em quase todas as espécies


cultivadas passam por uma fase planctófoga nos estágios iniciais do ci-
clo de vida.
• Bentófagos/iliófagos/detritívoros: São organismos que se alimentam
de seres bentônicos e detritos orgânicos. A carpa comum e cascudos se
enquadram neste hábito

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As rações comerciais devem conter os teores energéticos, vitamínicos, pro-


teicos e de minerais balanceados, independentemente dos alimentos naturais.
O tamanho da boca do animal vai informar qual a granulometria (tamanho
dos grânulos) apropriado para cada fase de sua vida. De maneira geral existem,
basicamente, os seguintes tipos de rações comerciais:

• Para pós-larvas: ração em pó com teores de proteína bruta acima de


45%,)
• Para alevinos menores: ração extrusada farelada com teor de proteína
bruta entre 36% e 40%
• Para alevinos maiores e adultos: ração extrusada, com teor variando de
32% a 36% de proteína bruta
• Para peixes adultos em fase de terminação (engorda): ração extrusada
com valores de 28% a 32% de proteína bruta

A quantidade de alimento fornecido aos animais é determinada de acordo


com a variação do peso e o número de indivíduos no viveiro. Animais mais jovens
apresentam metabolismo acelerado e requerem mais energia e proteína, do os
adultos.

O manejo alimentar inadequado em tanques redes pode causar alguns


prejuízos para o produtor e para o meio ambiente, segue alguns exemplos;

a) acúmulo de nutrientes no corpo d’água (eutrofização)


b) alteração na biomassa de outras espécies animais ou plantas
c) redução do nível de oxigênio dissolvido;
d) desperdício de ração.
e) alteração na taxa de crescimento dos peixes

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8.1 Arraçoamento e calculo da ração

A quantidade de ração a ser lançada por dia pode variar de acordo com a
idade dos peixes, numero de alimentações diárias, qualidade da ração, do manejo
empregado no arraçoamento, da espécie utilizada e da qualidade da água e stres-
se dos animais.
Normalmente a cada duas semanas deve-se retirar amostras dos peixes
para se calcular a biomassa e a taxa de arraçoamento (biometria). Para que se pos-
sa saber a quantidade certa de alimento a ser ofertada, e diariamente deve-se
fazer analises da qualidade da água para fazer os ajustes necessários para o arra-
çoamento.
A ração deve ser ministrada de 4 a 6 vezes ao dia, quando os peixes são
menores, seu sistema digestório é menor, por isso ele precisa ser alimentado com
mais frequência, a medida que os animais vão crescendo pode-se diminuir a fre-
quência alimentar para diminuir os custos com manejo.

Tabela 4. Recomendação de fornecimento de rações para Tilápia do Nilo, em temperaturas de


25ºC a 26ºC (adaptado de GONTIJO et al., 2008)

Fonte: Codevasf, 2013.

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Figura 20. Correção da quantidade de ração de acordo com TºC. (adaptado de Braz Filho, 2003)

Fonte: Próprio autor

Não existe uma regra geral para fazer o arraçoamento, por isso o produtor
deve estar atento ao comportamento dos peixes no dia a dia da criação, obser-
vando visualmente e cronometrando o tempo em que os peixes levam para con-
sumir toda a ração. Pois se o peixe não está comendo ou se está comendo bem, o
manejo tem que ser reajustado, ou seja, não devemos seguir cegamente a tabela
de arraçoamento. O importante é que tudo seja registrado e assim o produtor
possa ter uma ideia do que está acontecendo. Uma dica é que se em até 10 mi-
nutos os peixes consumiram toda a ração, no dia seguinte a quantidade deve ser
aumentada em 10%, se precisaram de mais de 20 minutos a quantidade terá que
ser reduzida em 10%, o ideal é que em torno de 15 minutos os peixes consumam
toda a ração ofertada.

Tabela 5. Exemplo de tabela de arraçoamento

Fonte: Codevasf, 2013.

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8.2 Escolha dos ingredientes e formulação da ração

A alimentação dos peixes é um dos principais insumos na produção de pei-


xes em tanques rede, representa cerca de 70% dos gastos. Por isso o produtor
deve sempre analisar o custo beneficio quando for escolher a empresa que irá lhe
fornecer a ração.
Como o objetivo da criação dos peixes é a engorda no menor tempo possí-
vel para a rápida despesca e comercialização, por isso a ração terá que ser de alta
qualidade e estar bem balanceada com proteína, gordura, carboidratos, vitaminas
e minerais nas concentrações mais próximas do ideal.
Existe um tipo de ração recomendada para cada espécie, tamanho e peso
do individuo. Os peixes jovens requerem uma ração diferente dos adultos, tanta
na granulometria como nas concentrações de nutrientes. Os alevinos consomem
inicialmente uma ração em pó com até 56% % de PB e posteriormente uma ração
triturada. Nas fases de de recria, engorda e terminação utiliza-se uma ração flutu-
ante (extrusada), com granulometria variada de 2 mm a 8 mm, e o teor de prote-
ína vai diminuído de 42% a 32% a medida que os peixes vão crescendo.
Para a criação de peixes em tanques rede em águas continentais, já foram
realizados muitos estudos na área de nutrição, e existem diversas empresas que
comercializam ração. Porém, para peixes marinhos, poucas são as pesquisas exis-
tentes, e são raras as empresas que comercializam ração, por isso o produtor pode
pensar na possibilidade de melhorar nutricionalmente alguma ração comercial, e
‘’fabricar’’ sua própria ração.
Para a formulação de rações balanceadas alguns fatores críticos a serem
considerados:
–Exigências nutricionais;
–Qualidade física do pélete;
–Atratividade e palatabilidade;
–Condições de processamento e seleção de matérias-primas;
–Confiabilidade na composição química das matérias-primas.

Existem métodos manuais e computacionais para a formulação de ração,


e para formular uma ração será necessário um arranjo inteligente de várias ma-

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térias-primas, alimentos ou ingredientes para que se possa atender as exigências


nutricionais da espécie cultivada objetivando o máximo crescimento, alta sobre-
vivência e eficiência alimentar e com custo mínimo.
Não é algo simples produzir sua própria ração, antes de se iniciar deve-se
pensar se existem matérias-primas disponíveis para formulação e se a dieta for-
mulada irá atender as exigências nutricionais da espécie-alvo. Também existem
fatores relacionados à qualidade física e organoléptica do pélete, como o a flutu-
abilidade, palatabilidade, atratabilidade e digestibilidade.

Figura 21. Fabricação de ração para peixes marinhos

Fonte: Próprio autor

8.3 Armazenamento da ração

A própria legislação e o fabricante, informam sobre como deve ser arma-


zenada a ração, e de uma forma geral a mesma deve ficar em local seco, fresco e
arejado, apoiada sobre estrado, sem contato direto com o chão e protegida contra
animais. Sabe-se ainda que, com o passar do tempo, a ração vai perdendo valor
nutricional, por isso é importante verificar periodicamente se existe qualquer al-
teração de cor e/ou cheiro da ração, que pode indicar problemas de qualidade da
mesma.
È aconselhável a construção de um galpão para estocagem da ração. Exis-
tem vários cuidados que devem ser tomados para manter sua qualidade original,
desde a compra, até o transporte, armazenamento e manuseio, portanto algumas
recomendações básicas são importantes de serem relatadas e seguidas:

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- Adquirir a ração com menos de 01 mês de fabricação


- Adquirir quantidade para no máximo em 03 meses
- Evitar o contato com umidade e a incidência dos raios solares
- Eliminar ração deteriorada
- Manter separados tipos e lotes de rações diferentes
- Evitar a compra e uso de ração de má qualidade

Figura 22. Galpão de estocagem de ração

Fonte: Agropolos, 2012

9. ENFERMIDADES

O conhecimento mais amplo sobre os efeitos do estresse no desenvolvi-


mento de doenças, ampliará a utilização de métodos profiláticos mais efetivos
nos diversos sistemas de cultivo, em substituição ao uso indiscriminado de medi-
camentos.

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Doenças em peixes

Principais doenças causadas em peixes são por parasitas, bactérias e fun-


gos. Os parasitas, ectoparasitas, que ocorrem em sua superfície externa, ou por
endoparasitas, que ocorrem em seus órgãos internos, deixam os peixes suscetí-
veis a infecções secundárias.
Os sinais clínicos das enfermidades são similares. No geral peixes doentes
diminuem a ingestão de alimento, apresentam natação errática, hipersecreção de
muco, dentre outros

Doenças causadas por protozoários

Icthyophthirius multifilis

Este protozoário infecta as brânquias, também entre as camadas da pele,


formando pontos brancos causando, popularmente conhecida como “ictio”.

Tricodina

Atacam toda superfície do corpo, brânquias, fossas nasais e córneas dos


peixes. Em condição de excesso de matéria orgânica, associado à superpopulação
de peixes geralmente ocorre as infestações.

Quilodonelose

Causa descamação e feridas. Pode comprometer a respiração através de


lesões graves nas brânquias.

Doenças causadas por parasitas

As doenças provocadas pelos parasitas monogenéticos estão entre as mais


importantes para a piscicultura, resultando em elevadas taxas de mortalidade.

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Lerneose

Sua ocorrência é mais comum em ambientes quentes e de água parada. O


parasita mede cerca de um centímetro e pode ser diagnosticado a olho nu ou com
auxílio de uma lupa de mão.

Branquiúrus

Várias espécies do grupo dos branquiúrus parasitam peixes, sendo popularmente


conhecidos como “piolhos de peixes”.

Argulose

É parasita conhecido como piolho de peixe, causa lesões, e se alimenta do


sangue do animal.

Doenças causadas por bactérias

Bactérias são microrganismos que encontram-se vivendo em equilíbrio


com os animais, todavia qualquer desequilíbrio, provoca estresse nos peixes, afe-
tando o sistema imunológico e tornando-os muito susceptíveis às enfermidades
bacterianas.
A bactéria Flavobacterium columnare atua em elevadas temperaturas e
grande concentração de minerais em suspensão na coluna d’água (silte e argila)
devido a enxurradas em período chuvoso, provoca a doença da “coluna”.
As bactérias Aeromonas causadoras da Septicemia são abundantes em
águas contendo muita matéria orgânica e baixas concentrações de oxigênio dis-
solvido. São responsáveis por elevadas taxas de mortalidade.
A Estreptococose, ou seja, a infecção por Streptococcus é considerada a do-
ença de maior impacto econômico na tilapicultura mundial. No Brasil, a doença
apresenta distribuição em todos os polos de produção, principalmente durante os
meses mais quentes do ano. Atualmente ocorre o processo de vacinação contra
a Estreptococose quando a tilápia encontra-se em estágio de alevinão, em torno
de 30g.

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Psedomonas também podem atacar os peixes caso haja excesso de matéria


orgânica em decomposição.

Doenças causadas por fungos

Saprolegniose
A Saprolegniose é a micose mais comum em peixes de água doce. Apesar
de seu crescimento ocorrer com frequência em temperaturas mais amenas, entre
18ºC e 26ºC, pode manifestar-se em qualquer temperatura. A infestação por esse
fungo está relacionada à manejos inadequados.

10. PLANCTOLOGIA

A origem do nome plâncton vem do grego plankton que significa errante,


que vaga, flutua. A planctologia é o estudo dos organismos que nascem, vivem,
alimentam-se e reproduzem-se na água livre, sem necessidade de frequentar por
períodos prolongados o fundo da água, suas margens ou a vegetação, e cuja lo-
comoção não lhes permite independência dos movimentos da água. Atualmente
já existem muitas informações a respeito de organismos planctônicos ao redor do
mundo todo e estes estudos possibilitaram fazer a classificação do plâncton. O
plâncton é composto por organismos vegetais (fitoplâncton) e animais (zooplânc-
ton) e pelo bacterioplâncton.
Conceituar Planctologia é uma etapa importante na formação dos envolvi-
dos com o setor da Pesca e Aquicultura, e por se tratar de um conteúdo amplo, os
temas serão abordados de forma que os alunos compreendam principalmente a
importância do alimento vivo para os organismos aquáticos. Por isso a metodo-
logia de ensino é fundamental para que os alunos do curso tenham um melhor
entendimento em relação ao estudo do plâncton tanto sob o aspecto quantitati-
vo como qualitativo. As características dos ambientes aquáticos e das diferentes
espécies de Fitoplancton e Zooplancton, bem como, sua importância na consti-
tuição da cadeia trófica dos organismos aquáticos de interesse econômico tam-
bém serão discutidas, assim como as técnicas de produção e cultivo do plâncton
em geral.

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10.1 Importância do plâncton na aquicultura

As zonas de maior riqueza pesqueira do mundo são aquelas onde o plânc-


ton é abundante, porque é parte essencial da dieta de pelo menos uma fase de
vida de muitos peixes. A considerável ascensão da atividade aquícola no Brasil e
no mundo faz-se necessário cada vez mais obter larvas e/ou alevinos de quali-
dade para o sucesso das fases posteriores de cultivo. Este êxito está diretamente
relacionado ao fornecimento de uma alimentação de qualidade e em quantidade
suficientes às necessidades específicas de cada espécie.
Em termos de importância, o plâncton constitui uma unidade básica de
produção da matéria orgânica nos ecossistemas aquáticos. Na presença de nu-
trientes adequados e suficientes, os componentes vegetais do plâncton são ca-
pazes de acumular energia solar em forma de compostos químicos energéticos a
partir da fotossíntese.
A composição do plâncton em lagos e em outros corpos de água (rios de
longo curso, lagoas, poças, etc.) varia em qualidade não somente de uma água
para outra, mas também dentro de um mesmo corpo de água, durante as esta-
ções do ano, e, freqüentemente, de ano para ano. Essas variações são ininterrup-
tas, principalmente as quantitativas. Oscilações diurnas ocorrem e migrações do
plâncton em sentido vertical são comuns em todos os lagos. Sobre a existência de
migrações horizontais as opiniões divergem e, contrariamente a que se julga, não
parece haver muita evidência para tais migrações.
Os fatores que causam as migrações do plâncton podem ser mecânicos e
biológicos. Entre os fatores mecânicos está o peso específico do plâncton em rela-
ção ao da água, a luz e a temperatura. Talvez o fator mecânico mais importante é
a produção de correntes de convecção causadas por diferenças de densidade, em
conseqüência de diferenças de temperatura. A penetração da luz na água depen-
de de vários fatores, como a profundidade, quantidade e qualidade das partículas
em suspensão, teor de matéria orgânica, minerais, etc. As melhores condições lu-
minosas são sempre encontradas na camada superficial da água.
A composição química da água também é de grande importância na dis-
tribuição vertical do plâncton, principalmente o teor de oxigênio dissolvido que
é decisivo em muitos casos. Onde não há oxigênio, todo plâncton desaparece. De
acordo com algumas observações, abaixo de 10 m de profundidade não existe
mais oxigênio e o plâncton fica limitado às camadas acima dessa profundidade.
A alimentação interfere em alguns fatores biológicos, importantes na distribuição

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vertical de plâncton. A influência da alimentação, ou herbivoria, sobre a distribui-


ção do plâncton é pouco definida.
A escolha de alimento vivo para alimentar os primeiros estágios larvais, em
detrimento de dietas formuladas, está relacionada com o fato de as últimas ten-
derem a agregar, ao contrário do alimento vivo que está sempre disponível na
coluna de água. Além disso, as larvas de peixe são consideradas predadores vi-
suais, e estão adaptadas para atacarem presas em movimento como acontece na
natureza. Assim, a escolha de alimento vivo é importante para as larvas de peixe.
Nos ecossistemas aquáticos naturais a perpetuação das espécies depen-
de do equilíbrio estabelecido entre os diferentes níveis da cadeia trófica. Assim,
o desenvolvimento e sobrevivência de larvas e juvenis dependem da presença
de organismos microscópicos que constituem o fitoplâncton e o zooplâncton. Na
aqüicultura, os maiores problemas para o cultivo de animais marinhos a nível co-
mercial são a adequada disponibilidade e qualidade do alimento, bem como os
custos de produção deste alimento.

10,2 Métodos de coleta para captura de plânctons.

Qualquer tipo de estudo biológico inicia-se pela coleta de organismos e


observação em campo, e a metodologia depende do objetivo das pesquisas. Os
objetivos podem ser vários, tais como classificação sistemática, distribuição es-
pacial e sazonal, relação biota/biótopo, produtividade primária e total, migração,
hábito alimentar, reprodução, constituição populacional e outros.
Tradicionalmente, as amostras de plâncton são coletadas através de redes.
Existem vários tipos de redes que variam conforme os objetivos do estudo:
• HENSEN net: para análise quantitativa do fitoplâncton;
• NANSEN net: para análise quantitativa do zooplâncton;
• INTERNATIONAL STANDARD net: para análise quali-quantitativa do zoo e
fitoplâncton;
• KITAHARA net: para análise quantitativa do fitoplâncton.

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Figura 23. Exemplar de rede de coleta de plâncton

Fonte: http://meioambiente.culturamix.com/natureza/zooplancton-caracteristicas-gerais

Para os estudos quantitativos também podem ser empregadas as redes do


tipo “closing net”, cuja boca pode ser fechada de acordo com a necessidade, ou
ainda o tipo “flow meter”, que mede o volume filtrado. De acordo com os tama-
nhos de plâncton, são utilizadas diferentes malhas das:
• nº 20 – 25 (76-64N): microplâncton;
• nº 3 – 5 (333-282N): macroplâncton;
• nº 1 – 000 (417-102N): captura de larvas;
• PVC (sampler): é utilizado para nannoplâncton ou na coleta de plâncton
total para a avaliação da produtividade primária.

Avanços na eficiência das coletas surgiram com o desenvolvimento dos sis-


temas de redes múltiplas, BIONESS no Canadá e MOCNESS nos Estados Unidos. As
redes destes equipamentos abrem e fecham ao longo da coluna d’água, confor-
me desejado. Assim é possível realizar amostragens em diferentes profundidades
e correlacioná-las com os organismos encontrados.

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Outros aparatos utilizados para a coleta do plâncton são as garrafas e as


bombas. Entre as garrafas, a mais conhecida é a de Van Dorn, um recipiente ge-
ralmente cilíndrico que se introduz em posição vertical ou horizontal até a pro-
fundidade onde se deseja retirar a amostra. As bombas utilizadas para a coleta do
plâncton podem ser acionadas de forma mecânica ou elétrica.
Qualquer que seja o método de amostragem utilizado é necessário estimar
seu erro para tratar de minimizá-lo, sem que ele implique um investimento exa-
gerado de tempo e trabalho na análise da amostra. No entanto, nas amostras de
plâncton geralmente nunca são observadas distribuições comparáveis com uma
distribuição normal ou ao acaso.
Em meados de 1960, surgiu a primeira geração dos contadores eletrônicos
de plâncton, baseada nas propriedades de condutividade elétrica das células. E
no final da década de 80, surgiu a segunda geração de contadores eletrônicos
de plâncton. Usando luz para contar os organismos marinhos, o novo dispositivo
conhecido por OPC (Optical Plankton Counter) realizava medidas instantâneas de
abundância do zooplâncton ao longo do tempo e profundidade, nas quais as co-
letas eram realizadas.
Atualmente, no competitivo mundo das pescarias, a pesca vêm se tornan-
do cada vez mais uma ciência, onde equipamentos sofisticados têm um papel
crucial. Os pescadores de hoje utilizam ecossondas, radares e GPS para baratear
seus custos e otimizar as capturas e estes equipamentos também são utilizados
no estudo do plâncton.
Recentemente, para a análise do plâncton tem-se utilizado as fotografias
tiradas pelo satélite LAND-SAT na detecção da área e direção do deslocamento de
marés vermelhas ou áreas de poluição, por exemplo. No entanto, as informações
do LAND-SAT são limitadas extremamente à superfície da água.
Em estudos, após as coletas de plâncton, é necessário a utilização de algu-
ma técnica de preservação e conservação. Para o Fitoplâncton pode-se utilizar so-
lução de Lugol ou solução de Transeau e para o Zooplâncton pode-se utilizar For-
malina, Formalina neutralizada com bórax, Formalina neutralizada com hexamina.

10.3 Avaliação da biomassa planctônica

A avaliação da biomassa coletada, ou análise quantitativa do plâncton tem


sido uma das principais dificuldades no estudo desta comunidade. Os mais em-

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pregados são a contagem de organismos, filtração, contagem eletrônica, fluores-


cência, Câmara de Sedgwick-Rafter, sedimentação em câmaras, volume de orga-
nismos (bio-volume), composição química, peso seco e teor de matéria orgânica,
pigmentos e adenosina trifosfato (ATP).
Dentre essas técnicas para o estudo, a mais comum para o fitoplâncton é
com a utilização de microscópio e para o zooplâncton verdadeiro a observação é
realizada com lupa. Para os dois tipos de aparelhos, a iluminação artificial deve ser
feita com lâmpadas que emitem luz natural e com um filtro azul.

10.4 Fitoplâncton

As microalgas que constituem o fitoplâncton fazem parte da base da cadeia


trófica em ambientes aquáticos e, através do processo de fotossíntese, constituem
a principal fonte de oxigênio dissolvido na água. Além de sua importância ecoló-
gica no ecossistema aquático, o fitoplâncton é também uma excelente fonte de
biomoléculas e sua utilização pode variar de acordo com a finalidade, tais como o
uso na dieta de organismos aquáticos cultivados, tratamento de efluentes indus-
triais e domésticos, produção de fármacos, cosméticos e até mesmo biocombus-
tíveis.
Na presença de nutrientes adequados e suficientes (principalmente nitro-
gênio e fósforo) o fitoplâncton é capaz de acumular a radiação solar por meio da
fotossíntese, pela qual sintetiza a matéria orgânica. Com excesso de nutrientes, o
fitoplâncton se desenvolve rapidamente, até atingir uma biomassa crítica, entran-
do em senescência e morte parcial ou total (morte súbita ou die-offs).
O fitoplâncton é o grupo de algas mais estudado e amplamente distribu-
ído. Os organismos fitoplanctônicos são encontrados em praticamente todas as
coleções de água, onde vivem flutuando livremente. No entanto, ocorrem em
maior diversidade no ambiente lacustre do que no meio marinho. As algas fito-
planctônicas são na maioria unicelulares, no entanto também são encontradas
muitas formas coloniais e filamentosas, especialmente em água doce.
Em águas interiores podem ser encontrados representantes de praticamen-
te todos os grupos de algas. Os principais grupos com representantes no plâncton
de água doce são: Cyanophyta, Chlorophyta, Euglenophyta, Chrysophyta e Pyr-
rophyta. A predominância de um ou outro grupo em determinado ecossistema é
função, principalmente, das características predominantes do meio.

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As adaptações do fitoplâncton à flutuação possibilitaram a estes organis-


mos superar as desvantagens de sua alta densidade, como por exemplo, a bainha
mucilaginosa, densidade, formação de gotículas de óleo, aumento da superfí-
cie de contato, formação de vacúolos gasosos e regulação iônica. A tendência a
afundar e as adaptações para flutuar fazem que haja um deslocamento na coluna
d’água o que melhora a captação de nutrientes, evita a ação de predadores e a
ação nociva da elevada radiação solar na superfície da água.
A taxa de renovação da água é especialmente importante naqueles am-
bientes com entrada e saída de grandes volumes de água. Neste caso, a parte
superior do reservatório é fortemente afetada, apresentando, em conseqüência,
baixa densidade fitoplanctônica. Em represas, a alta taxa de renovação da água é
um dos principais fatores determinantes da distribuição vertical do fitoplâncton.
O fitoplâncton também recicla o CO2 e a amônia, porém o excesso de fito-
plâncton pode ainda, levar a um aumento na ocorrência de níveis críticos de oxi-
gênio dissolvido no período noturno e causar mortandade de organismos. Outra
complicação está na decomposição do fitoplâncton, que pode levar a uma gran-
de variação nos parâmetros físico-químicos e consequentemente, a uma queda
acentuada da qualidade da água. Quanto maior a disponibilidade de nutrientes
na água (eutrofização) maior será a densidade do plâncton, a produção de O2 e
supersaturação na camada com luminosidade, o consumo de O2 à noite, a mag-
nitude de variação da concentração de O2 entre o dia e a noite, a estabilidade da
estratificação química, a instabilidade ambiental, o risco de ocorrência da Síndro-
me do Baixo Oxigênio Dissolvido baixa concentração de oxigênio dissolvido (OD),
alto dióxido de carbono livre (CO2), baixo pH e alto nitrito (NO2). Classificação dos
ecossistemas lacustres tropicais, considerando a produtividade do fitoplâncton
• Euprodutivos – > 500 g C/m2/ano
• Mesoprodutivos – 200 a 500 g C/m2/ano
• Oligoprodutivos – < 200 g C/m2/ano

As microalgas são componentes essenciais na dieta de moluscos bivalves


marinhos como ostras, vieiras e mexilhões, sendo mundialmente empregadas na
alimentação de muitas espécies de camarões marinhos e de algumas espécies
de peixes como tilápia, carpa prateada e “milkfish”. Além de serem empregadas
diretamente (vivas, concentradas, criopreservadas, desidratadas ou liofilizadas).

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CRIADOR DE PEIXE EM TANQUES REDE

As microalgas também podem ser utilizadas de forma indireta, servindo de ali-


mento a fitoplanctofágos (artemia, rotíferos, copépodes, cladóceros etc.), os quais
são comumente utilizados como alimento em larviculturas de moluscos, peixes e
crustáceos.
Apesar da existência do alimento artificial (rações) para proporcionar os
nutrientes necessários às larvas, principalmente os ácidos graxos polinsaturados
(“HUFA”), a utilização de microalgas vivas continua sendo a base alimentar das lar-
viculturas comerciais. Pois a utilização exclusiva de alimento artificial, em larvicul-
turas comerciais, pode não suprir satisfatoriamente os requerimentos nutricionais
da espécie cultivada ou não ser nem mesmo aceito por algumas espécies.

10.4.1 Métodos de cultivo de fitoplâncton

Para um crescimento ótimo as microalgas têm necessidade de uma série


de nutrientes, sendo que a quantidade requerida depende do microrganismo em
estudo. Quanto aos macronutrientes, requerem carbono, nitrogênio, oxigênio,
hidrogênio e fósforo, além de cálcio, magnésio, enxofre e potássio. Como micro-
nutrientes, geralmente requerem ferro, manganês, cobre, molibdênio e cobalto,
enquanto algumas microalgas também necessitam baixas concentrações de vita-
minas no meio de cultura.
No Brasil, a produção da microalga em nível experimental tem se torna-
do freqüente devido à necessidade de pesquisas visando o desenvolvimento e o
aperfeiçoamento dos sistemas de produção. Ainda que exista uma grande quan-
tidade de espécies que podem ser utilizadas como alimento para as pós-larvas,
são poucas aquelas que se tem conseguido cultivar de maneira satisfatória, a fim
de serem utilizadas na produção comercial de pós-larvas de camarões marinhos.
A escolha de determinada espécie algal está baseada principalmente no valor nu-
tricional da microalga, nas facilidades que permitam seu cultivo em grande escala,
bem como o tempo de cultivo necessário até que esta seja atingida, além disso,
também são importantes os custos de produção, a manutenção de uma produção
estável e de elevada qualidade.
De uma maneira geral, os laboratórios de produção de fitoplâncton bus-
cam alcançar a maior densidade celular no menor tempo possível e com baixos
custos de produção. Atualmente, alguns laboratórios comerciais têm se preocu-
pado com a composição bioquímica e conseqüentemente o valor nutricional da
microalga para a espécie de animal cultivado.

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Nas larviculturas normalmente são utilizadas misturas de microalgas, já


que existe uma grande variação no conteúdo nutricional das células. A composi-
ção bioquímica das microalgas também varia de acordo com a fase de crescimen-
to, sendo mais completa na fase exponencial por ter maior quantidade de ácidos
graxos necessários para as pós-larvas de muitos organismos marinhos.
Sistemas e métodos de produção podem ser extensivo, semi-intensivo e
intensivo. E os métodos ou tipos de cultivo são o cultivo tipo “batch” ou estacioná-
rio, semi-contínuo e o cultivo contínuo. Os meios de cultivo são empregados para
promover o crescimento e a reprodução das microalgas de maneira intensiva. Tais
meios podem ser classificados em indefinidos, semi-definidos e definidos. As cul-
turas podem ser classificadas em cultura axênica, cultura xênica, cultura mista e
cultura polialgal.
Para a avaliação do crescimento e determinação da densidade celular di-
versos métodos podem ser empregados para a determinação do crescimento ce-
lular nas culturas. Os mais conhecidos são a contagem direta ao microscópio, o
emprego de contadores de partículas e a determinação de constituintes celulares
como proteínas, carboidratos e pigmentos, por meio de espectrofotometria. Devi-
do à simplicidade e ao custo reduzido, o primeiro método é o mais utilizado, uma
vez que além da determinação precisa da densidade celular, permite ainda uma
inspeção visual do estado das células e de uma possível contaminação da cultura.
A Curva de crescimento expressa o incremento da biomassa ou do número de
organismos (densidade celular) no decorrer do tempo. Num cultivo do tipo es-
tacionário o crescimento apresenta 5 fases ou etapas distintas a Fase de indução
ou Fase Lag, Fase exponencial ou Fase Log, Fase de diminuição do crescimento
relativo, Fase estacionária e Fase de morte da cultura.
Para a estrutura de um laboratório e produção, é importante a existência
de um cepário, um setor de produção intermediário e o local para produção em
grande escala pode ser realizada ao ar livre, em salas cobertas por um teto trans-
parente, ou ainda em ambiente fechados com iluminação artificial e temperatura
controlada.

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Figura 24. Modelo de laboratório para cultivo de fitoplâncton

Fonte: http://paginasustentavel.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2275:e
mbrapa-modifica-microalgas-para-produzir-enzimas-e-impulsionar-a-fabricacao-de-etanol-2g-no-
-brasil&catid=1:energia&Itemid=9

10.5 Zooplâncton

Zooplâncton é um termo genérico para um grupo de animais de diferentes


categorias taxonômicas, tendo como característica comum a coluna d’água como
seu hábitat principal.
A comunidade zooplanctônica tem sido reportada como organismos im-
portantes para a dinâmica e estruturação dos ambientes aquáticos. Estes grupos
constituem a principal fonte de alimentos para diferentes peixes. Servem de elo
entre produtores e consumidores de nível superior na cadeia trófica, também
exercem papel fundamental na reciclagem de nutrientes e decomposição da ma-
téria orgânica. Além disso, os organismos zooplactônicos desempenham um im-
portante papel na ecologia dos ambientes aquáticos enquanto componente da
manutenção da qualidade da água, através da filtragem do fitoplâncton

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No zooplâncton os Protozzoa, Rotifera e Crustacea (Cladocera, Copepoda,


Ostracoda ) consituem a massa principal. Além destes representantes do plâncton
verdadeiro, existem organismos que passam apenas parte de sua existência flu-
tuando na água e outros que são essencialmente sésseis ou habitam a vegetação
aquática. Assim, larvas e ninfas de certos insetos aquáticos (Ephemeroptera, Chi-
ronomidae, Odonata) podem ser encontradas entre os organismos planctônicos,
o mesmo acontece com a fase larval de muitos peixes (ictioplâncton) e larvas de
certos moluscos.
Os ciliados que são protozoários planctônicos alimentam-se principalmen-
te com bactérias e, por sua vez, servem de alimentação a micro-crustáceos. Na
piscicultura moderna, esse conhecimento é aplicado na criação de Daphnia, um
micro- crustáceo particularmente valioso na criação de alevinos de muitos peixes.
O náuplio de Artemia é o alimento básico utilizado no cultivo de larvas de
peixes e crustáceos. Este fato é devido ao seu alto valor nutricional e boa aceitação
por parte das pós-larvas cultivadas. Podem ser comercializadas sob a forma de
cistos, biomassa congelada e/ou liofilizada.
Os principais representantes da comunidade zooplânctonica de água doce
são:

• Protozoários (flagelados, sarcodinas e ciliados);


• Metazoários:
- Rotíferos (asquelmintos);
- Cladóceros (crustáceos);
- Copépodes (crustáceos);
- Larvas e ovos de peixes e moluscos;
- Larvas de insetos (dípteros);
- Alguns vermes (turbelários e trematódeos);
- Cnidários (medusa).

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Nos ecossistemas aquáticos continentais, o zooplâncton está representado


principalmente pelos:

• Copépodos;
• Cladóceros;
• Ostracodas;
• Rotíferos;
• Protozoários (radiolários, foraminíferos e tintinídios);
• Quetognatos;
• Larvas e ovos de peixes e moluscos;
• Cnidários (Hidromedusas).

10.4.1 Métodos de cultivo de zooplâncton

Em geral, os métodos cultivo de zooplâncton são os de retirada parcial, de


retirada total, de criação contínua e de eutrofização artificial. Deve-se observar a
qualidade da água para o cultivo de zooplâncton, os valores de salinidade, tempe-
ratura, pH, razão NH3/NH4 e oxigênio dissolvido.
O método mais empregado até o momento para a produção em grandes
quantidades é o sistema de retirada parcial em tanques, porque costuma propor-
cionar maior facilidade de manutenção e manejo, além de ser o mais tradicional.
E para a utilização de naúplios de artêmia, na grande maioria das empresas,
não tem sido realizado o cultivo, apenas a eclosão dos cistos. A descapsulação de
cistos abrange três passos principais: hidratação, oxidação do córion e lavagem.
Empresas e instituições ligadas ao setor, interessadas em aumentar suas produti-
vidades, investiram em pesquisas no cultivo intensivo e semi-intensivo deste mi-
crocrustáceo.

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11. MANEJO EM TANQUES REDE EM VIVEIROS ESCAVADOS

Quando não se adquire os alevinos para serem introduzidos diretos nos


berçários, pode-se fazer a utilização de tanques redes, mais conhecidos como ‘’ha-
pas’’ em viveiros. Mas para isso será necessário alguns conhecimentos básicos de
piscicultura em viveiros.

Viveiro

No dicionário, define-se viveiro como sendo o lugar onde se criam e se con-


servam animais vivos. Desta forma, tanques de qualquer natureza, seja de terra ou
de alvenaria, são viveiros, pois ambos são utilizados para a criação de organismos
aquáticos. Porém, na aquicultura, usualmente são chamados viveiros apenas os
construídos de terra, onde são destinados à criação, manutenção ou reprodução
de organismos aquáticos.
Os viveiros podem ser construídos sobre o solo natural, podem ser total-
mente escavados ou parcialmente escavados, também chamados semi-escava-
dos. Quanto a topografia, os viveiros podem ser de dois tipos, os de derivação e
em patamar.
Em relação às formas, os viveiros podem ser quadrados, retangulares, cir-
culares, trapezoidais ou irregulares. Vários fatores podem influenciar na forma do
viveiro. As características do local de construção geralmente são fatores funda-
mentais. Quando a topografia e a forma do local permitem, o ideal é que os vivei-
ros sejam retangulares, pela facilidade de manejo e principalmente pela possibili-
dade de renovação mais efetiva de água.
Os viveiros são constituídos de várias estruturas (Dique, taludes de mon-
tante e de jusante, Comporta, Caixa de coleta, Abastecimento de viveiros, Canal
de abastecimento, Drenagem de viveiros. Estas estruturas podem ser internas, ou
seja, no interior dos viveiros ou externas. Nem todas as estruturas estão presente
em um viveiro. Para se saber que estruturas possuem ou não em um viveiro, é im-
portante ter o conhecimento de qual organismo será cultivado.
Viveiros de peixes e camarões possuem algumas particularidades impor-
tantes quanto a realização de um projeto. Um exemplo é a presença de caixa de
coleta. Viveiros utilizados para cultivo de peixes quase sempre possuem, ao passo
de que viveiros semi-escavados ou os construídos sobre o solo usados para culti-

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vo de camarões não possuem. Nestes, a comportas de drenagem de água serve


também para a coleta dos camarões.

Noções de topografia

Este aspecto determina essencialmente a viabilidade econômica do inves-


timento no que se refere aos trabalhos de movimentação de terra. Evidentemen-
te, em terrenos de topografia praticamente plana (em torno até 2%, ou seja, um
desnível de 2m a cada 100m), tais trabalhos serão minimizados, ao passo que áre-
as acidentadas exigirão mais volume de terraplanagem onerando, consequente-
mente os custos do projeto final.
Existem, no entanto, terrenos ligeiramente acidentados (máximo de 5%)
que, por possuírem uma declividade mais ou menos constante, permite que al-
gum partido seja tomado de tais características, sugerindo a distribuição dos vi-
veiros em platôs, isto é, em níveis distintos, de modo a racionalizar e minimizar os
custos de construção.
Devem ser ainda observados quanto a este fator, à distância e a cota entre
o ponto de captação de água e o local dos viveiros, correlacionando-se essa cota
com o nível mais elevado da área dos tanques, de modo a propiciar o abasteci-
mento d’água pela ação da gravidade. É importante que na execução do levanta-
mento planialtimétrico sejam levadas em consideração não só a área de implan-
tação do projeto, mas também as margens do manancial hídrico a ser utilizado,
visando a melhor localização da tomada d’água (ou represa) que abastecerá os
viveiros. No estabelecimento do local propício para a construção de viveiro, ainda
antes deve-se estudar as particularidades relativas à tipologia do solo, devem a
princípio ser evitados locais onde o solo apresenta falhas, grandes formigueiros,
afloramento de rocha e raízes de árvores de grande porte.

Principais manejos de qualidade de água em aquicultura


1. Fertilização;
2. Calagem;
3. Aeração mecânica;
4. Troca de água;
5. Restrição alimentar;
6. Probióticos

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Monitoramento rotineiro da qualidade da água permite manejar a quali-


dade de água com eficiência, permite identificar os efeitos dos manejos de quali-
dade de água aplicados ao viveiro/tanque, permite identificar precocemente pro-
blemas de qualidade de água.

Alcalinidade Total

Capacidade da água para neutralizar ácidos e manter seu equilíbrio acido-


básico (poder tampão da água), os bicarbonatos (HCO3-) e carbonato (CO3-2) são
mais abundantes e representam a maior parte da alcalinidade da água. A unidade
expressa em (mg/L CaCO3).
Alcalinidade das águas naturais gira em torno de 5 - 500 mg/L CaCO3. Em
águas subterrâneas vai depender da geologia do local em aquíferos calcários terá
uma alta alcalinidade, quando os aquíferos basálticos terão baixa alcalinidade.
A água do mar tem uma alcalinidade próxima de 120 mg/L CaCO3, para
carcinicultura marinha o ideal de ≥ 80 mg/L CaCO3
É um parâmetro que devesse monitorar regularmente (semanal/quinze-
nal), pois possibilita a realizar calagens preventivas, evitando, com isso a queda no
pH da água, haja vista que a tendência é que a alcalinidade da água caia durante
o cultivo, devido ao acúmulo de matéria orgânica.
Benefícios para o meio da alcalinidade alta:

• Tamponamento do pH da água;
• Aumento na produtividade primária;
• Diminuição da toxicidade de metais do solo

Dureza

Dureza total = [Ca2+] + [Mg2+] expressa por (mg/L CaCO3), assim possuindo
a dureza cálcica e dureza magnesiana. Águas superficiais variam de 5 – 200 mg/L
CaCO3, os ecossistemas aquáticos continentais do semiárido podem apresentar
dureza > 200 mg/L CaCO3

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Para peixes eurihalinos cultivados em águas de baixa salinidade necessitam


de água dura. Em águas com alcalinidade muito maior que dureza podem apre-
sentar pH > 10 durante à tarde. A calagem com CaCO3 é melhor que com Na2CO

Principais manejos de qualidade de água em aquicultura

1. Fertilização;
2. Calagem;
3. Aeração mecânica;
4. Troca de água;
5. Restrição alimentar;
6. Probióticos

Monitoramento rotineiro da qualidade da água permite manejar a quali-


dade de água com eficiência, permite identificar os efeitos dos manejos de quali-
dade de água aplicados ao viveiro/tanque, permite identificar precocemente pro-
blemas de qualidade de água.

A qualidade do solo é composta por seguintes parâmetros:


• Composição da textura: classificação do solo em relação a sua granu-
lometria

Figura 25 – Classificação da textura do solo

Fonte: Prof. Alberto Nunes

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Índice de plasticidade

Propriedade do solo para se deixar moldar quando submetido a uma pres-


são permanecendo na nova forma ao ser cessada a ação da força.

Figura 26 – Classificação da textura do solo

Fonte – Apostila de cultivo de peixes cultivados em viveiros escavados

Taxa de permeabilidade

Capacidade do solo de deixar transpassar água ou ar em uma maior ou


menor intensidade

Classificação do solo de acordo com acidez

Tabela 6 . Classificação do solo quanto a acidez


Característica pH
Extremamente acido < 4,5
Fortemente acido 4,5 – 5,0
Muito acido 5,1 – 5,5
Moderadamente acido 5,6 – 6,0
Pouco acido 6,1 – 6,5
Neutro 6,6 – 7,5

A acidez do solo pode originar:


• Substâncias toxicas a base de Fe, Al e Mn.
• Sequestro do fosforo
• Redução da dureza total e alcalinidade total

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• Diminuição da nitrificação
• Aumento na quantidade de matéria orgânica não degradada
Teor de matéria orgânica na solo influência na produtividade.

Tabela 7. Classificação do solo quanto ao teor de matéria orgânica (MO)


Carbono Orgânico (%) Comentário
15 Solo orgânico
3,1 - 15 Solo mineral, com alta concentração de MO
1,0 - 3,0 Solo mineral, MO moderada (melhor para viveiro)
< 1,0 Solo mineral, baixa concentração de MO

12. MANEJO DE TANQUES REDE MARINHOS E CONTINENTAIS

12.1 MARINHOS

A piscicultura marinha em Mar Aberto (offshore) ou a Beira Mar (nearshore)


começou nos últimos anos a despertar grande interesse em várias partes do mun-
do. Como as estruturas para engorda são maiores, normalmente são chamadas de
jaulas ao invés de tanque rede ou gaiolas. As jaulas são preparadas parar suportar
condições adversas de mar, nomeadamente no que se refere à resistência a forte
ondulação e as correntes de velocidades significativas.
Para a pratica da piscicultura marinha existem diversos tipos jaulas com sig-
nificativas diferenças em termos de estruturas e materiais. A escolha do tipo de
jaula está relacionada com as condições do local onde serão instaladas, com a sua
dimensão (e facilidade de ampliação), com a facilidade de operação e com o seu
custo (inicial e de operação).
É, no entanto uma atividade de capital intensivo, com grandes investimentos
iniciais e exige um manejo mais acentuado.

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Figura 27. Exemplos de jaulas para piscicultura marinha

Fonte: http://www.panoramadaaquicultura.com.br/novosite/?p=1474

Condições ambientais necessárias à instalação:

São necessários dados - respeitantes a um período de alguns anos (pelo


menos 10 anos) - sobre a ondulação (altura significativa máxima e altura máxima
observada), as correntes (velocidade e direção predominante), o vento (velocida-
de máxima e direção predominante), tipo e topologia do fundo (rochoso, arenoso
ou vasoso e inclinação) e a profundidade (na maré mais baixa).
A sobrevivência dos peixes em condições climatéricas adversas, o número
de dias por ano em que se podem operar as jaulas (alimentar os peixes, pescar e
trabalhos de manutenção) e a escolha do tipo de embarcação de apoio são outros
fatores a ter em conta para o sucesso deste tipo de estruturas, que podem contri-
buir significativamente para um substancial aumento da produção de peixes.

12.2 CONTINENTAIS

Tanques-rede vantagens e desvantagens.

Vantagens:
• Menor custo por kg de peixe produzido;
• Rápida implantação e expansão do empreendimento;
• Uso racional dos recursos hídricos;
• Colheitas durante o ano todo
• Manejo simplificado

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Desvantagens:
• Dificuldade na legalização do empreendimento;
• Dependência absoluta de ração;
• Dificuldade no tratamento/controle de doenças;
• Riscos de roubos ou furtos

Estruturas dos tanques-rede

Escolha de materiais leves e não cortantes para facilitar o manejo e apre-


sentar resistência mecânica e à corrosão, como: Tela de aço galvanizado revestida
com PVC, aço inox entre outros, com malhas de diferentes tamanhos e estruturas
de sustentação.

Figura 28. Modelo de tanque rede

Fonte: Codevasf, 2013. Foto: Bruno O. de Matos

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O tanque-rede pode ser de formato quadrado, retangular, cilíndrico, hexa-


gonal ou circular, entre outros, sendo mais utilizados o quadrado e o circular.

Tanque-rede quadrado
• Volume: 4,8 m³ (2,0 x 2,0 x 1,20) – malha 17 ou 19 mm
• Volume: 6,0 m³ (2,0 x 2,0 x 1,5) – malha 13 ou 19 mm
• Volume: 13,5 m³ (3,0 x 3,0 x 1,5) – malha 19 mm
• Volume: 18 m³ (3,0 x 3,0 x 2,0) – malha 19 mm

Tanque-rede circular
• Volume: 25,0 m³ - malha 19 mm
• Volume: 200,0 m³ - malha 19 mm
• Volume: 300,0 m³ - malha 19 mm
• Volume: 400,0 m³ - malha 19 mm

Quanto menor for o tanque-rede, maior é a relação entre a sua área de


superfície lateral (ASL em m²) e seu volume (V em m³), portanto, quanto maior a
relação ASL:V, maior é o potencial de troca de água.
Tabela 8 Comparação do Potencial de Renovação de Água

Fonte: SCHIMITTOU (1995)

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Equipamentos e materiais

Estrutura de armação materiais como: tubos e cantoneiras em alumínio,


vergalhões soldados com pintura anti-corrosão, chapas de alumínio soldadas ou
parafusadas, barras de ferro soldadas e pintadas, aço galvanizado, bambu, madei-
ra, tubos de PVC, entre outros.
Os flutuadores podem ser de materiais simples como tambores plásticos
e tubos de PVC tampados, não utilizando tambores que continham substâncias
tóxicas.
As malhas podem ser confeccionadas de materiais flexíveis como: poliéster
revestido de PVC, nylon, alambrado de aço inox, abertura de 13 mm a 25 mm.
Tampas feitas com malhas de 25 mm e apresentam abertura total ou de 50%.
Para a fixação são utilizadas cordas de nylon com espessura entre 14 mm e
20 mm ou cabos de aço fixadas em poitas (âncoras) no fundo.
Sinalizar a poligonal/área dos projetos, para a segurança no tráfego de em-
barcações de acordo com NORMAN 11, expedida pela Marinha do Brasil.

Berçários/bolsões

Estrutura utilizada na fase de cria dos alevinos de 0,5 e 2,0 g até 30 g. O bol-
são fica dentro do tanque-rede e possui malha entre 5 a 8 mm. Necessário uma
limpeza constante (colmatação).

Comedouro

Esse equipamento previne a perda de alimento flutuante se constitui de


uma estrutura retangular ou quadrada posicionada até 40 cm abaixo e 20 cm aci-
ma do nível da água.

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Figura 29. Tipos de comedouro

Fonte: Codevasf, 2013.

Balsa e plataforma

Serve de plataforma para o manejo dos peixes e dos tanques-rede, tanto


no decorrer do ciclo de produção, como principalmente na despesca. Construídas
em formato de “U” e dotadas de guinchos (manuais ou motorizados) para o iça-
mento dos tanques-rede,

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Figura 30. Modelo de balsa

Fonte: Codevasf, 2013. Foto: Bruno R.B. de Souza

Plataforma

São construídas, de modo a permitir o acesso aos tanques-rede, facilitando


o manejo.

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Figura 31. Modelo de plataforma

Fonte: Codevasf, 2013. Foto: Thompson F.R. Neto - CODEVASF

Distancia e posicionamento dos tanques-rede

Para se ter uma boa renovação de água a corrente de água precisa passar
de maneira perpendicular aos tanques rede. Manter uma distância de 10 a 20 me-
tros entre linhas de gaiolas e e de duas vezes o comprimento dos tanques-rede
entre as gaiolas.

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Povoamento dos tanques-rede

Utilizando alevinos sexualmente revertidos para machos, com tamanho


entre 2 e 3 cm, peso médio de 0,5 a 0,6 gramas. É importante fazer a aclimatação
antes do povoamento.

Repicagem
Quando os peixes atingem 30- 50 gramas é realizada transferência dos pei-
xes berçários para os tanques-rede. Contabilizando todos os peixes.

Despesca
Após estabelecer os custos de produção e determinar o preço de venda e
um período de jejum de 24 horas, realiza-se a despesca parcial ou total, com o au-
xilio das balsas ou rebocadores. Os peixes podem ser vendidos vivos ou abatidos.

Biometria
Basicamente é a medida de comprimento dos peixes e que normalmen-
te é realizada a cada 15 ou 30 dias. Esta prática submete os peixes a estresse. É
aconselhável realizar em apenas 10% a 20% da quantidade total dos tanques-rede
e fazer a biometria em 3% a 5% dos peixes de cada tanque rede sorteado.

Figura 32. Modelo de planilha para biometria

Fonte: CODEVASF, 2013

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Peixes indesejáveis

Diversas espécies de peixes vão começar as regiões ao redor dos tanques


rede, por conta do acúmulo de restos de ração não consumida e dejetos dos pei-
xes. Alguns podem entrar nas gaiolas e competir por ração e até mesmo atacar
os peixes, por isso é interessante verificar existência de possíveis predadores e
competidores no local.

Limpeza dos tanques-rede

O manejo de limpeza é periódico, para evitar a colmatação melhorar a cir-


culação de água e também para verificar possíveis falhas nas estruturas. Pode-se
utilizar outras espécies de peixes que se alimentem do material aderido as gaiolas.
Sempre após a despesca é aconselhado um limpeza geral das gaiolas e estruturas.

Vigilância do empreendimento

Principalmente à noite é aconselhável a contração de vigias, utilizar ilumi-


nação e utilizar cadeados nas tampas dos tanques-rede.

13. INTRODUÇÃO AO PROCESSAMENTO DO PESCADO

É indiscutível o excelente valor nutritivo da carne de peixe, o que a torna


um dos melhores alimentos existentes. A carne é rica em proteínas, possuindo
quantidades mínimas de tecido conjuntivo, que se torna gelatinoso no processo de
cozimento, o que se traduz em maciez e alta digestibilidade. É também excelente
fonte de vitaminas do complexo B, de minerais e de ácidos graxos como ômega 3.
Conhecer a composição química dos peixes é de grande importância, quando se
pretende submetê-lo aos métodos de processamento e conservação.
O peixe é o dos alimentos mais perecíveis e, por isso, necessita de cuidados
adequados desde é capturado fresco até chegar ao consumidor ou a indústria
transformadora. A maneira de manipular os animais nesse intervalo de tempo de-
termina a intensidade com que se apresentam as alterações enzimáticas, oxidati-
vas e ou bacterianas. Ao se fazer o processamento , está agregando valor , que de
matéria- prima perecível , passa ser um produto de uma maior vida útil de prate-
leira e com novas opções de consumo.

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O beneficiamento do pescado possibilita a comercialização do produto de


forma higiênica, aumentando a vida útil e incrementando sua qualidade. Assim,
agrega-se valor ao produto in natura, obtém-se um produto diferenciado e com-
petitivo e oferecem novas opções ao consumidor. Além da conhecida produção
de filés, novas alternativas podem ser viabilizadas como, por exemplo, a utiliza-
ção de Carne Mecanicamente Separada (CMS) ou polpa de pescado. Com essas
matérias-primas semi-elaboradas, podem ser preparadas várias formulações de
alto valor nutricional de grande palatablidade.

COMPOSIÇÃO DA CARNE DE PEIXE:


• Água: 66-84% (a água influencia o desenvolvimento de microrganismos,
a textura, o sabor e a velocidade de reações bioquímicas);
• Proteínas: 15-24% (contêm os aminoácidos essenciais);
• Lipídeos: 0,1-22% (variável de acordo com a espécie);
• Sais minerais: 0,8-2% (principalmente fósforo, sódio, cálcio e magnésio);
• Vitaminas: A, D e Complexo B.

Microrganismos são seres vivos muito pequenos e só podem ser observa-


dos com o auxílio de um microscópio. Estão presentes em todos os lugares: na
água, no ar, nos objetos, no solo e nos alimentos. Fazem parte dos microrganis-
mos: bactérias, fungos, vírus e parasitas.
Existem microrganismos considerados benéficos ao homem, como as bac-
térias fermentadoras que auxiliam no processo de produção de alguns alimentos
como vinho, cerveja, iogurtes e queijos. Porém existem os microrganismos capa-
zes de colocar em risco a saúde humana, causando doenças e/ou alterando os
alimentos, o que chamamos deterioração.
Os micro-organismos estão presentes no ar, água, terra, pessoas, animais,
utensílios e no próprio alimento. Apesar dos micro-organismos estarem em todos
os lugares, encontram- se com mais facilidade em:
• Fezes;
• Água e solo;
• Ratos, insetos e outras pragas;
• Animais domésticos e marinhos (cães, peixes, vacas, galinhas, porcos etc.);
• Pessoas (intestinos, boca, nariz, mãos, unhas e pele).

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Os peixes possuem sua microbiota natural, é a contaminação de origem. Além


da contaminação de origem, existe a contaminação cruzada. Existem várias manei-
ras dos microrganismos chegarem aos alimentos, é a contaminação que acontece
quando micro-organismos são transferidos de um alimento ou superfície para ou-
tro alimento por meio de utensílios, equipamentos ou do próprio manipulador.
Os principais veículos de contaminação do pescado além de microbiológi-
ca (bactérias, fungos, vírus e parasitas), pode ser física (cabelo, prego, pedra) ou
química (produtos de limpeza, tinta). O nosso principal foco é a contaminação
microbiológica, porque podem surgir as principais doenças transmitidas através
dos alimentos. Para evitar a contaminação e a deterioração do pescado, o ambien-
te deve ser desfavorável à multiplicação bacteriana. Ações simples como higiene
pessoal, lavagem frequente das mãos e dos uniformes, higienização adequada
dos equipamentos, dos utensílios e do ambiente e a conservação do pescado em
temperatura adequada evitam ou controlam a contaminação. Um alimento se
torna inseguro quando os micro-organismos presentes nele atingem a dose in-
fectante, podendo causar doença na pessoa que o consome. Esta dose infectante
pode ser alcançada quando se permite a multiplicação dos micro-organismos no
alimento. Para que os micro organismos se multipliquem eles precisam encontrar
certas condições favoráveis.
A manipulação do pescado fresco durante o período compreendido entre
captura e processamento, é crucial para a qualidade do produto final (MACHA-
DO,1984). É necessário que após sua captura, o peixe passe por uma limpeza inicial,
abatido, eviscerado e em seguida resfriado. A limpeza inicial retira os resíduos que
por acaso vierem com o peixe, a evisceração (retirada das vísceras) reduz a carga
bacteriana, e o frio vai retardar o desenvolvimento de microrganismos. O termo
higiene e sanidade podem ser confundidos, porém, higiene significa asseio e
sanidade, a qualidade.

MÃOS DEVEM SER LAVADAS:


• ao chegar ao trabalho;
• antes e após manipular alimentos;
• após qualquer interrupção do serviço;
• após tocar materiais contaminados;
• após usar os sanitários;
• sempre que se fizer necessário.

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COMO LAVAR AS MÃOS:


• Molhar as mãos com bastante água;
• Usar sabonete líquido;
• Esfregar bem primeiro os antebraços, depois as mãos e por último as
unhas, que devem estar bem aparadas;
• Enxaguar adequadamente;
• Secar usando toalhas de papel não reciclado ou secadores a ar quente;
• Esfregar as mãos com um pouco de produto anti-séptico.

OUTRAS MEDIDAS MUITO IMPORTANTES:


• O uniforme deve ser de cor clara, estar limpo e não ter bolso acima da
cintura;
• Objetos pessoais (celulares, carteiras, chaves, etc.) devem ser deixados
no vestiário;
• Não é permitido o uso de adornos (brincos, pulseiras, anéis, correntes,
etc.);
• Utilizar touca cobrindo todo o cabelo (cobrir as orelhas);
• Devem ser usados sapatos fechados e antiderrapantes ou botas de bor-
racha;
• Utilizar os equipamentos de proteção individual adequados: capa tér-
mica, avental plástico, luvas;
• Os manipuladores com lesões e ou sintomas de enfermidades que pos-
sam comprometer a qualidade higiênico-sanitária dos alimentos de-
vem ser afastados da atividade de preparação de alimentos enquanto
persistirem essas condições de saúde.

Os peixes possuem sua microbiota natural, é a contaminação de origem.


Além da contaminação de origem, existe a contaminação cruzada. Existem várias
maneiras dos microrganismos chegarem aos alimentos, é a contaminação que
acontece quando micro-organismos são transferidos de um alimento ou superfí-
cie para outro alimento por meio de utensílios, equipamentos ou do próprio ma-
nipulador.

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13.1 Abate

No Brasil, para peixes de cultivo, estes são atualmente os métodos mais


utilizados para o abate são:

A ) Choque térmico e sangria


• Colocação dos peixes em água e gelo fundente; em seguida efetua-se uma
incisão na guelra ou uma incisão na espinha dorsal; após esta etapa coloca-se o
peixe em outro tanque contendo água e gelo para que ocorra a sangria..

B) Insensibilização por secção da medula


• O peixe é despescado e imediatamente efetua-se uma incisão (corte) na
medula com auxílio de uma faca ou bisturi.
• O instrumento irá variar de acordo com o tamanho do pescado. Após a
incisão, coloca-se o peixe em outro tanque contendo água e gelo para que ocorra
a sangria, pelo tempo necessário para a espécie em questão.
• Para peixes maiores, a sangria poderá ser feita verticalmente, com o ani-
mal pendurado de cabeça para baixo em um gancho de aço inox, assim como é
realizada a sangria para bovinos.

C) Atordoamento por golpe (percussão) na cabeça


• Golpe na cabeça pode ser um método apropriado para o abate de peixes
maiores.
• Este método deve ser seguido por secção da medula ou sangramento.
• Atordoamento por percussão é um método irreversível em mais de 99%
dos casos, se aplicado corretamente.
• O peixe deve permanecer fora d’água por no máximo 15 segundos até a
aplicação do golpe.
• Acerto rápido na cabeça com um martelo ou outro utensílio que promova
uma pressão mecânica. O golpe deve ser forte o suficiente sobre o cérebro ou a
área imediatamente adjacente para causar a perda imediata da sensibilidade.

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• Um peixe efetivamente atordoado por golpe na cabeça deve interromper


imediatamente o movimento rítimico do opérculo e a perda do reflexo vestíbulo
ocular.
• Vantagem: baixo custo além de não interferir na qualidade da carne.

13.2 Evisceração

A evisceração tem por objetivo retirar todas as vísceras, reduzindo a carga


bacteriológica e o evisceramento reduz a carga bacteriana. Algumas informações
devem ser levadas em consideração:

• Não deve permitir-se que o intestino do pescado contamine outro pes-


cado.
• Imediatamente depois de eviscerado, o pescado deve ser lavado com
água limpa ou água potável. São desaprovadas a evisceração e lavagem
do pescado próximo a margem dos açudes.
• Em alguns casos é bom sangrar o pescado antes de eviscerá-lo, em ou-
tras espécies a sangria é feita por ocasião da evisceração.
• A evisceração deve ser efetuada imediatamente após o abate ou a che-
gada do pescado a area de evisceração
• Proceder à evisceração e submeter o pescado a uma nova lavagem com
água potável.
• Para a limpeza de materiais de uso constante na planta de evisceração
utiliza-se água potável, escova e detergente.

13.3 Conservação do pescado

Os resultados de conservação são bastante numerosos e existem muitas


técnicas consideradas boas. No entanto, por mais perfeita que seja, o método não
restitui ao consumidor o peixe no estado no qual se achava antes do beneficia-
mento (conservação do pescado). O frio retarda o desenvolvimento de microrga-
nismos.

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Durante a estocagem do pescado em gelo, o produto deve ser manipula-


do o mínimo possível. A média de resistência em gelo fica em torno de sete dias,
sendo que certas espécies não resistem 48 h e outras, como a tilápia, podem re-
sistir um tempo maior que sete dias, desde que seja devidamente eviscerada. De
maneira geral, a vida útil média de um peixe a 0ºC é de 8 dias, a 22ºC de 1 dia e a
38°C de 1/2 dia.
Após a despesca, o pescado deve ser resfriado imediatamente, sendo o
gelo o método mais eficaz para baixar a sua temperatura. A temperatura de fu-
são do gelo é de 0ºC, considerada ideal porque diminui o desenvolvimento das
reações enzimáticas e microbiológicas. Ao sair da água, o único meio de atrasar
a deterioração é usar um agente que freie as reações enzimáticas e iniba a ação
bacteriana, mesmo que temporariamente. O frio é esse agente.
De acordo com o Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produ-
tos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, em seu Artigo 439, o pescado,
em natureza, pode ser:

• Fresco
• Resfriado
• Congelado

GELO E REFRIGERAÇÃO
O gelo deve ser produzido com água potável da melhor qualidade, com
registro em órgão competente, devendo seu transporte e manuseio ser efetuado
dentro de padrões sanitários.

• O gelo sujo, fabricado com água não potável, de procedência desco-


nhecida, e silos de gelo em condições higiênicas inadequadas não ser-
vem para conservar o pescado.
• O gelo não deve ser reutilizado, principalmente se teve contato anterior
com o pescado ou com superfícies contaminadas.
• A quantidade de gelo a ser utilizada dependerá da temperatura am-
biente e da quantidade de pescado a refrigerar. Recomenda-se utilizar
entre 50-100% de gelo com relação ao pescado.

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• Existem diversos tipos de gelo (em escama, moído, em barra, etc.),


sendo importante o contato íntimo com o pescado.

Os peixes que tenham boa comercialização “in natura” ou no estado fres-


co devem ser colocados no gelo imediatamente após a captura para aumentar o
tempo de prateleira. O armazenamento no gelo, se tardio, não restituirá a qualida-
de perdida após a captura. A refrigeração no gelo deve ser feita utilizando cubos
de gelo de 1 cm³, pedaços de tamanho maior podem durar mais, mas não devem
ser usados pois podem ferir os peixes e não deve haver espaços entre os peixes
e o gelo porque o ar é mau condutor de temperatura. A proporção deve ser 1:1,
gelo: peixe que podem baixar a temperatura de 20°C para 1°C, em 1 hora e meia.
Durante o armazenamento para posterior distribuição, o pescado deve ficar
em caixas de plástico rígido (PVC), com gelo intercalado com camadas de peixes
e se possível estocados em câmaras frias. Se estocarmos peixes inteiros com gelo
em câmaras de 0ºC até 5°C, pode-se prolongar ainda mais o tempo de prateleira
ou de espera para um posterior beneficiamento.

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ - UECE - AV. DR. SILAS MUNGUBA,
1700, CAMPUS DO ITAPERI, FORTALEZA-CE 
CEP: 60.714.903 - FONE/FAX: (85) 3101-9600 / 9601

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