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O PROFESSOR - Não.

Eu não vejo nisso nenhuma vergonha


Os TRÊS ESTUDANTES - Então nós queremos voltar. Não
ser a zombaria e não vai ser o desprezo que vão nos
u .-.:';•• •.
oU
pedir de fazer o que é de bom senso, c não vai ser um
antigo costume que vai nos impedir de aceitar uma idéia
justa.
Encoste a cabeça em nossos braços.
Não faça força.
Nós levamos você com cuidado.
O GRANDE CORO - Assim os amigos levaram o amigo
E eles criaram um novo costume,
E uma nova lei,
E levaram o menino de volta.
Lado a lado, caminharam juntos
Ao encontro do desprezo)
Ao encontro da zombaria, de olhos abertos,
Nenhum mais covarde que o outro.
A decisão
Peç a did át ica

Die Massnahrne
Lehrstück

Escrito em 1929/30
Estréia: 13.12.1930 em Berlim

'Tradução: Ingrid Dormien Koudela

2 _')
) ...
PERSONAGENS:
Os QUATRO AGITADOR.ES, um após o outro como:
O J OVEM
O DIRETOR DA CASA DO PAR TIDO
OS DOIS CULES
O INSPETOR
OS DOIS TRABALHADORES TÊXTEIS
O POLICIAL
O COMERCIANTE
Colaboradores: S.Dudow, H. Eisler () CORO DE CONTROLE
o C O R O DE C O N T RO L E - Adiantem-se ! Seu trabalho foi bem-
sucedido, também nesse paí s a revolução está em ITIa r-
cha , c as fileiras de combate ntes estão o rga ni zad as. Es-
tamos de acordo com v oc ês.
OS Q UATRO AG IT ADO RE S - A lto, t emos algo a d iz er ! Q uere-
mos COlTIUnÍcar a morte de um c am ar ad a.
O CORO DE CONTR.OLE - Quem o matou?
OS Nós o m atarnos. Atiramos nele c
QUATRO AGITADORES -
o jogamos numa mina de cal.
O CORO DE CONTROLE - O que ele fez para que vocês o ma -
tassem?
OS QUATRO AGITADOR E S - Muitas v ez es fe z o que era cer to,
alg u mas vezes o que e ra er ra do, mas po r últ im o co locou
em r isco o movimento. El e q ueria o certo e f ez o er ra do.
Exigimos su a sentença.
() C O R O DE C O N T R O L E - M ostrem- nos c orno e por q ue
teceu e ouv ir ão n ossa serr .en ça.
0 5 Q UA TRO AGI T ADORE S - A ceitaremos sua sentença.

OS ENSINAMENTOS DOS CLÁSSICOS

OS QUATRO AGITADORES - Viemos de Moscou como agitado-


res, devíamos ir à cidade de Muk den para fazer propa-
ganda e apoiar os movimentos do Partido Chinês na s
fábricas. Devíamos n os apresentar na Casa do Part ido ,
que era a última antes da fronteira , c soli citar UITI gui a.
Aí veio ao nosso encontro, na sala de espera , um jovem
camarada e lhe explicamos a natureza de nossa missão.
Repetimos a conversa.

Eles se colocam , três contra um . U m dos quatro repre-


senta o jOl/t'111 camarada.

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,J
o JO VEM CAMARADA - SOU O secretário da Casa do Partido , OS T R f.: S AG IT A DO RES - Não.
que é a última antes d a fronteir a. M eu coração bate pela O Não trocamos de roupa dia e n oite,
J OV E M CAM A R A D A -
revolução. O espetáculo da injustiça fez com que eu rne lutando contra as investidas da fome, da decadênci a e da
enfileirasse entre os combatentes. O homem deve ajudar contra-revolu ção. E vocês não nos trazem nada.
o homem. Sou pela liberdade. Acred ito na humanidade.
Os T R Ê S AGI TADORES - Assim é: nad a lhes t razemos. IY1as,
E SOu a f avor das medidas cornadas pelo Partido C omu-
at rav essan do a front eira p ara M uk d en, levamos aos ope-
n ista , que luta Contra a exploração, a ignorância e pela
soci ed ad e sem classes.
rários chineses os ensinamentos d os clássicos e dos pro-
pagandistas: o ABC do comunismo. Levamos aos igno-
O s T RÊS AGITADORES - N ós viem os de M oscou. rantes ensinamentos so b re a su a sit u aç ão ; aos oprimidos,
O JO VEM. CAMARADA - Esperávamos por vo c ês. a consciência de classe; e aos conscientizados, a experiên-
Os TR Ê S AG ITADORES - Por quê? cia d a revolução. De vocês, no
entan t o, d evemos solic it a r
O JOVEM CAMA RA 01\ - N ão pod em os p rossegu ir. P or todo um a u to m ó v el e um gu ia .
lado há desor dem e penúria, pouco pão e m ui ta luta . O J O VE M CA M A RAD A - Então fi z u m a pe r g u nt a im pr ópri a?
M u itos est ão che ios de coragem, m as poucos sabem ler. Os TRÊ S AG IT ADORE S - N ão. A u ma b oa pe rgu n ta seg u e-se
H á pou cas máqu in as e ni ng u ém entende dela s. Nossas uma resposta ai n d a melhor. E stamos vend o qu e d e vo c ês
locomot iv as estão quebradas. Voc ês t rouxeram Íocomo - já foi ex igid o o máximo, mas se ex ig ir á ainda m ais ; um
rivas? de vocês dois deverá nos guiar até Mukden ,
Os TRÊ S AGITADOR ES - Nã o. O JOVEM CA }"l A RA D A - Neste caso, deixo meu post o j á ex -
() J OVEM C A?\·1ARA DA - Vocês trouxeram tratores ? trernamerrte d ifícil p ara dois c p ara o qual um apenas
OS TRI:'S AGIT ADORES - Nã o . deve bastar agora. Ire i COHl vocês. M ar cha n d o em frent e,
d ifundindo os ensin amentos dos cl ássicos comun ist as : a
O N osso s c am poneses ain da se a t re lam
] O VE .M C A M A RA DA -
revolução mundial.
a si mesmos d iante d os velhos a rados de madeira . E nad a
ternos para sem ear c a l nossos campos. Vocês trouxeram
sem en t es? O C O R O DE CO N T RO L E

Os TRÊS AGITADORES - N ão.


O JO VEM C A!vl ARA DA - Vocês trouxeram ao menos rnu n ição
ELOGIO À URSS
e metralhadoras?
Os TRÊS AGITADORES - Não. Já o mundo comentava
Nosso declínio,
O JOVEM CAbfARADA - Aqui somos dois em defesa da revo-
Mas à nossa mesa parca
lução. Então certamente trouxeram urna carta do co-
Ainda se sentava a esperança
mitê central com inst ru ções sobre o que devemos faze r.
De todos os oprimidos
Os TRÊS AGITADORES - Não. Que se contenta com água.
o JOV EM CAMARADA - Então vocês mesmos querem nos E atrás da porta ruinosa
a ju d ar ? O saber ensinava
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Os hóspedes com voz clara. o DIRETOF. D A C ASA D O PAR TIDO - Se u m de você s fo r fe r ido,
Qu ando a p orta tiver ruído não de ve se r encont rad o.
C o ntinuaremos sen tados apenas 111aÍs vis i vers :
Os DOIS AGITADORES - Não será encontrado.
Aqueles a quem nern a geada nem a tome diz imam,
Incansavelmente deliberando () DIRE'rO R DA CASA DO PARTIDO - Então v ocês estã o prontos
Sobre os dest inos do m undo. para m o rrer c esconder o morto ?
( )S QUATRO AGITADORES - Assim o jovem c am a rad a da fron- OS DOIS A G IT A DO RE S - Sim.
teira estava de acordo com a nossamaneÍra de trabalhar () DIRETOR DA CASA DO PARTIDO - Agora v ocês não são ma is
e nós fornos, quatro homen s e uma mu lher, falar com o vocês mesmos. Você não é maisKarl Schmir t , de Be rlim ,
diretor da Casa do Partido. você não é mais Anna Kjersk, de Casan, e você não é
mais Pcter Sawitsch. de Moscou . Vocês não têm nome
nem 111ãe, sã o f olhas em branco sob re as q uais a revo -
2 lução esc reve as suas ins truções.
Os DO IS AGITADORES - Sim.
A ANULAÇAO ( ) DI RE T O R DA C ASA DO PA RTI DO dá-lhes as máscara s c eles as
()S QUATRO AGITADORES - Mas o traba lh o em M u kden era coloc am - A part ir d este momen rov ocês nã o são mais
ilegal, por isso precisamos, antes de atravessar a fronteira. ninguém, a partir deste momento, e talvez até o seu de-
anular nossos rostos. Nosso jovem cama rad a estava de saparecimenro, vocês são operários desconhecidos, corn -
acordo com isso. Repetimos o acorrtecirnenro. batentes, chi nes es, nascidos de mães ch in esas, pele ama-
rel a , f al ando ap en as chinês, no sono e n o deli rio.
Um dos agitadores Te pres en ta o diretor d a Casa elo Par- O S DO IS AG ITADORES - Sim.
tido.
() DI RE TO R DA CA SA DO P ARTI DO - Pelo interesse do COll1 U -
O DIRETOR DA CASA DO PARTIDO - Eu sou o diretor da úlri rna nisrno, pelo avanço das massas proletárias de t odos os
Casa do Partido. Estou de acordo que o camarada d o países, afirmando a revolução mundial.
meu posto acompanhe vocês como guia. Mas há agitações Os DOIS AGITADORES - Sim. T arnbérn o jovem camarada dis se
nas fábricas de Mukden, e ne sses d ias o mundo inteiro sÍln.Desta forma ele se mostrou de acordo com a an L1-
est á voltado para essa cidade, para v er se um de nós fre- laçâo de se u r osto.
qüenta as cabanas dos operários chineses. E ouvi dizer
O CORO DE CONTROLE - Quen1 luta pelo c omun ism o
que nos rios há canhoneiras ancoradas. e comboios blin-
Deve saber lutar e não lutar;
dados se encontram estacionados nas >ferrovias prontos
Dizer a verdade e não dizer a verdade;
para atacar-nos imediatamente, caso um de nós seja avis-
Prestar serviços e negar-se a prestar serviços;
tado. Determino, p ortanto, que os camaradas atravessem
Cun1prÍr promessas e não cumprir promessas;
a fronteira corno chineses. Para os agitadores: Vocês não
Enfrentar o perigo e evitar o perigo;
devem ser vistos.
Identificar-se e não ser identificado.
Os DOIS AGITADORES - Não seremos vistos. Quem luta pelo comunismo
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Só possui uma única virtude : Pelos autores do grande feito.
Lutar pelo comunismo. Adiantem-se
()S QUATRO AGITADORES - Fornos corno chineses para Muk- Por um rnomenro,
den, quatro homens e urna mulher. Desconhecidos, de rosto velado, e recebam
O JOVE!vi - Fazer propaganda e apoiar os traba- A nossa gratidão!
lhadores chineses com os ensinamentos dos clássicos e dos OS QUATRO AGITADORES - Na c idade de Mukden , ajudamos
propagandistas: o ABC do comunismo. Levar aos igno- os camaradas chineses e f iz emos propaganda en t re os ope-
rantes sobre a sua situação; aos oprimidos, rários. Não tínhamos pão para os famintos. Apenas saber
a ,e o n sc lcn c la de classe; e aos conscientizados, a experiên . para os ignorantes. Por isso falamos da o r igem da miséria.
CIa da revolução. N <10 erradicamos a miséria mas falamos da erradicaçã o
de sua origem.
o CORO DE C O N T R O L E

ELC)GIO A() TRABALH() ILEGAL A PED RA

É belo Os QUATROS AGrrADOR E 5 - Prime iro forno s p ara a cid ade


ba ixa. Ali, os cules puxa v am urna canoa p ela c ord a n .i
Tomar a palavra ern prol da luta de classes.
margem do rio. Mas o chão era escorregadio. Quando um
Conclarnar as massas para a luta,
deles escorregou e o inspetor bateu nele, dissemos ao jo-
os opressores, libertar os oprimidos.
vem camarada: Siga-os e faça propaganda entre eles.
Ardua e necessária é a labuta cotidiana;
Diga-lhes que você viu sapatos para puxadores de C l -
Atar no sigilo e com pertinácia
nos em T'ienrsin, com travas de madeira para não es-
A rede do Partido dian te dos
carregar. Procure fazer com que eles exijam sapatos
Canos dos fuzis dos empresários:
Falar, porém iguais a essesv Mas não tenha pena deles! E nós pergun -
Ocultando o falante. ramos: Você está de acordo? E ele estava de acordo e f 01
Vencer, porém depressa, mas logo ficou penalizado. Mostr arnos con10
Ocultando o vencedor. foi.
Morrer, porém Dois agitadores rep resentam cul es, amarrando uma corda
Ocul tando a morte. a u ma estaca e fazendo passar a corda sob re os ombros.
Quem não faria muito pela glóriavmas quem Um deles representa () ;01. '011 camarada i' o outro, o iJls -
O faz pelo silêncio? pctor.
O pobre convida à sua mesa a honra O INSPETOR - Eu sou o inspetor. Devo levar o arroz até à
Da cabana apertada, e em ruínas surge noite para a cidade de Mukden.
Irreprimível a grandeza. ()S DOIS COLES - Somos cules e puxamos a canoa com o arroz
E a glória pergunta em vão no acrrna.
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C ANT O DOS PUXADORES DA C ANC}A O C A MA.R ADA - É d ifícil olhar p a r a esses ho mens sem
COl\'1 O ARROZ se com pa dece r. Para () insp etor: Você não está vendo q ue
o ch ão escorrega demais?
N a c idade que f ic a r io ac im a
Há u m bo cado de arroz p ar a nós, O INS PET OR - O c hão o quê?
Mas a ca noa que deve subir o rio é p esa da, O J OVEM CA M ARADA - E scor rega dem ais!
E a água co rre rio aba ixo. O I NSPETOR - O qu ê? Você está querendo d ize r q ue a mar -
Nunca c heg aremos lá em cima. gem é escorregad ia dem ais para que se possa pu xar urna
Puxem mais rápido, as bocas c ano a cheia de ar roz ?
E speram pela comida, O CA.\lARADA - Sim.
Puxem compassadamente. Não em p u r r em () IN SPETOR - Então você acha que a cid ad e de Mukden não
O com pan heiro ao lad o. precisa de arroz?
() JOVEM CAMAR A DA - Trist e é ouvir a be leza da ca nção O JO VEt\l CA;\lARAD A - Se os homen s caem , eles não podem
com que esses hom en s en cobrem o to rmen to d e seu tra - pu xar a canoa.
balho.
O I N SP E T O R - Q u er que eu co lo que uma pedra para c ada
O I NS PET OR - Puxem m ais rápido. um daq ui at é a c idade de M u kden?
OS CU LE S - 1\ n oit e se aproxima. O acampamento, O laVEM C A M A R A D A - N ã o sei o que você deve fazer ) ITIa S
P equen o demais até p ara a som b ra d e U111 cão, . sei o que eles d evem. Precisam se d efende r. Não ac re -
Cust a um bocado de arroz. ditem q ue aqu ilo que d uran t e d ois mil anos foi impo ssi-
N ão conseg uimos avan ç ar, ve l con tinuará impossível par a sem pre. Em T ientsi n v í
Por q ue a m argem é muito escor regadi a. sapatos para p uxadores de canoas, com trava s de m ad eir a
Puxem ma is rá p ido, as bocas para não escorr eg a r.
Esperam pela comida. Lá eles conseguiram esses sapatos f azen d o urna re ivin di -
Puxem compassadamente. Não empurrem cação coletiva. Portanto exijam sa pa tos iguais a esses!
O companheiro ao lado.
()S C U L ES - Na verdade, n ão podemo s mais puxar essa ca no a
UM DOS C U L E S escorrega - Não posso continua r. sem sapatos iguais a esses.
Os C U LE S, enqu an t o são chicoteados, até que aquele que eSCOr- O I N SP E T OR - Mas o arro z t ern q u e c hega r à ci dade ainda
regou consiga Íet/an.tar - Mais do que nós. hoje à noite.
Durará a corda que ra sga no sso ombro.
O chicote do inspetor Ele os chicoteia , eles puxa m.
J á resistiu a quatro g er açõe s ; ()S CLJLES - N ossos pa is p ux ava rn a canoa n o ac ima
N ão seremos a última.
Desde a embocadura.
Puxem mais rápido, as bocas N ossos filhos chegarão a t é a n asc eu t e
Esperam pela comida. N ós estamos no meio.
Puxem compassadamente. Não ern p u r rern Puxem m ais rápido, as bocas
() com pa nhe iro ao lado. Esperam pela comida.
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........-..---- -L...
Puxem compassadamente. Não empurrem Puxem cornp assada menr e. Não ern purrcrn
O companheiro ao lado. O companheiro ao lado.
o cule cai novamente. A comidavem lá debaixo
Para os que a comerão lá ern cirn a.
O CULE - Me ajudem!
Aqueles que a trazem
O JOVEM CA .MARADA para () inspetor - Você não é um ser Não comeram.
humano?
Vou pegar uma pedra e colocá-la na lama - para () U 111 dos cules escorrega, o ioue m camarada coroca a jJC-
cule - e agora pise! dra, O cule se Iei-anta.
O INSPETOR. - Certo. De que nos adiantam sapatos de Tienc- O JOVEM Não agüento mais. Vocês têm que
-
sin? Prefiro deixar que o seu piedoso camarada nos acorri- exigir outros sapatos.
panhe colocando uma pedra para aquele que escorregar. O CULE - É U!TI idiota digno de r iso.
OS CULES - N a canoa há arroz. O camponês que O INSPETOR - Não, é um daqueles que agitanl nossa gente.
Fez a colheita recebeu Ei) peguem-no!
Um punhado de moedasvN ós
OS QUATRO AGITADORES - E ele foi logo identificado !Per-
Recebemos menos ainda. Um boi seguiram-no durante dois dias até que nos encontrou.
Sairia mais caro. Somos mu iros. Nós fomos perseguidos com ele durante urna
cidade de Mukden e não pudemos mais pôr os pés na CI-
Um dos culcs escorrega, o [ouem camarada coloca a pcd ra
(' o cu/e se levanta. dade baixa.

Puxem mais rá pido. As bocas


Esperam pela comida. DISCUSSÃO
Puxem compassadamente. Não empurrem
O companheiro ao lado. O CORO DE CONTROLE - Mas não é correto apoiar o fraco
Onde quer que se encontre? Ajudar
Quando o arroz chegar à cidade O explorado) no seu sofrimento cotidiano?
E as crianças pergunrarem
Os QUATRO AGITADORES - Ele não o ajudou e acabou nos im-
Quem puxou a canoa pesada, dirão:
pedindo de fazer propaganda na cidade baixa.
Ela foi puxada.
O CORO DE CONTROLE - Estamos de acordo.
U 111 dos cules escorrega, () iooem camarada coloca a pe- OS QU ATRO AGITADORES - O jovem camarada reconheceu
ti ra, o cule se leva 11ta. que separara o sentimento da razão. Mas nós o consola-
mos citando-lhe as palavras do camarada Lênin.
Puxem mais rápido. As bocas O CORO DE CONTROLE - Sábio não é quem não comete erros,
Esperam pela comida. Sábio é quem sabe corrigi-los imediatamente.
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4 E o emprego que perderá arnan hâ !
Saia para a rua! Lute!
A PEQUENA r A GIZ:, NDE INJUSTiÇA É tarde demais para esperar!
Ajude a si mesmo, ajudando a nós:
()S QUATRO AGITADORES - Fundamos as pri.meiras células n;15
Pratique a solidariedade.
fábricas c formamos os p r imeiros quadros) organizamos
uma escola do Partido e lhes ensinamos a produzir clan- O JOVEM. Ci\,.\fARADA-- . A rrisque o que tem, camarada!
destinarnenre a literatura proibida. Depois conseguimos Você não tem nada.
ter influência nas fábricas têxteis e quando o salário foi O CORO DE CONTROLE - \Tenha camaradaven f rente os fuzis
reduzido, uma parte dos operários entrou em greve. Mas E exija o seu salário!
COlHO a outra parte continuou trabalhando, a greve ficou Quando você souber que nada tem a perder,
ameaçadav Dissemos ao jovem camarada: fique no por- Os policiais deles não terão arrnas o basr an te!
tão da fábrica e distribua os panfletos. Ele estava de Saia para a rua! Lute!
acordo. Repetimos a conversa. É tarde demais para esperar!
Os TRÊS AGITADORES _.- Você falhouiunto aos puxadores Ajude a si mesmo, ajudando a nós:
canoa de arroz. Pratique a solidariedade.
O CAMARADA . - Sim. OS DOIS OPERÁRIOS TÊXTEIS - De manhã cedo vamos à fá-
Os TRÊS AG·.fTADOR
t
rr c
L.:l
- Você <'ap <> rde
\ rd
"",,- eu algurna
! COIsa corn brica.
isso? Nossos salários foram reduzidos. N <lo sabemos o que
O JOVEM - Sim, zer e continuamos a trabalhar.

()S TRÊS AGITADORES - Você vai se comportar melhor na O ]OVE!vt CAMARADA entrega u.m panfleto para um deles, o
distribuição dos panfletos? ouéro permanece parado ao seu ltulo-- Leia c passe adi-
ante. Quando tiver lido, vai saber o que fazer.
O JOVEM CA:\-1ARADA - - Sim.
Os TRÊS AGITADORES - Mostramos agora o comporramento o primeiro pega o panfleto e segue O seu cantinho.
do jovem camarada na distribuição dos panfletos. O POLICIAL tira o panjleto do primeiro - Quen1 lhe deu esse
Dois agitadores representem trabalhadores téxt eis c o panfleto?
ou tro, u.m policial, O PRL\fEIRO - Não sei, alguém me deu quando eu vinha
passando.
OS DOIS OPERÁRIOS TÊXTEIS - - Nós somos operários na fá-
brica de tecidos. O POLICIAL se aproxima do segundo - Foi você QUClTI deu o
panfleto para ele. Nós da polícia procuramos aqueles
O POLICIAL - Eu sou policial e recebo meu pão dos domina-
dores para reprimir a insatisfação.
que distribuem panfletos como este.

O CORO DE CONTROLE - Venha, camarada! Arrisque O SEGUNDO - Não dei panfletos para ninguém.
O centavo, que já não é mais centavo, O JOVEM CAMARADA - É crime instruir os ignorantes sobre
A cama debaixo da goteira a sua situação?

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I
....................... _._--_......
() POLICIAL - ensinamentos de vocês levam a coisas ter-
()S o PRIMEIRO agride () polidal - Seu cachorro vendido!
ri veis. Se vocês dout rinarern U01;l fábrica corno essa, ela
() policial puxa o ret'óh'cr.
não mais reconhecerá nem o seu próprio dono. Esse pe-
queno panfleto é mais perigoso do que dez canhões. O JOVEM CA!\IARADA grita - Socorro! Camaradas! Socorro!
O JOVEM CA:\íAflADA - () que está escrito aí? Estão matando inocentes!
O POLICIAL - Isso eu não sei. Para o segundo: O que está () jaz/em camarada agarra o pescoço do policiai por trás.
escrito aí? () primeiro operário cur ua le ntamen ie o seu braço par..l
O SEGUNDO - Não conheço o panfleto. Não fui eu quem Irás. O tiro dispara, o policial é desarmado e 'lba/ido.
o distribuiu. O SEGU NDO OPERARIO, le uan tando-se para o primeiro - Ma-
O JOVEM CAMARADi\ - Eu sei que não foi ele. ramos policial e não podemos mais ir à fábrica. Para
UOl
o [ouem cam arada: E você é o culpado.
() POLICIAL para o jOl'cm camarada -Foí você quem deu o
panfleto para ele? OS QUATRO AGITADORES - - E ele teve que se pôr a salvo em
vez de distribuir panfletos, pois o policiamento foi re-
O JOVEM CA}.1ARAOA ._- N âo.
forçado.
() POLICIAL para o segu n d o - Então foi você.
() JOVE.M CA).,lARADA para o [Jrimeíro - C) que vai acontecer
com ele? . DISCUSSÃO
() PRIMEIRO - Ele pode ser preso. () CORO DE CONTROLE - Mas não é correto evitar a injustiça
O JOVEM CAMARADA - Por que você quer que ele seja preso? onde quer que ocorra?
Você não é proletário também, seu guarda? ()S QUATRO AGITADORES - Ele evitou uma pequena injustiça,
() POLICIAL par« o segundo - Venha cornigo. Bate-lhe IUi mas a grande injustiça) o furo da greve) continuou.
cabeça. O CORO DE CONTROLE - Nós estamos de acordo.
O JOVEM im-pedindo-o - Não foi ele.
O POLICIAL - Então foi você mesrno l
O SEGU NDO - N ão foi ele. 5
() POLICIAL - Então foram vocês dois.
o QUE É AFINAL?
O PRt:MEIRO - Corre, homem, corre. Você está COIn o bolso
cheio de panfletos. OS QUATRO AGITADORES - Lutávamos diariamente contra as
antigas associações, a desesperança e a submissão: ensiná-
O policial derruba o segundo. vamos os operários a transformar a luta por melhores
O JOVEM CAMARADA aponta para o policial, [alando para o salários em luta pelo poder. Ensinávamos o uso de armas
In/melro - Ele acaba de abater um inocente, você é e a arte de fazer manifestações. Depois ouvimos que os
testernurrha. comerciantes estavam brigando com os ingleses, que do-

251
.250
m ina varn a cidade por m eio da alfândega . Para tirar pro- O C O MERC IAN TE - Pois e u di go: nã o. Se os são rna rs
veito da briga entre os dominadores ern favor d os d orni , baratos d o qu e o arroz , ent ão po sso ar ran ja r u m n ov o
nados, enviamos o jovem camarada com urna carta para cu]e. Isto não está mais certo ainda?
o comerciante mais rico. Nela estava escrito: Armem os O C A 1\1ARA D A - Sim, está mais certo ainda. Aliás ,
cules! Dissemos ao jovem carnar ada : Comporte- se de f or- , quando o sen h or v ai envia r as primeiras a r mas pa ra a
111 <1 a conseguir as a rn1415. M as quando a com id a chegou cidade b ai xa?
à mesa, ele não soube calar. Mostrarnos COrno foi. O C O M E RC IA N T E - Logo, logo. V oc ê deveria ver co rno 0 5
cules, que carregam o meu couro, corn pram n1CU ar ro z
U 'm agitador como co me r cian te ,
na cantina.
O COMERCIANTE - Eu sou o comerciante. Estou aguardando O CAMARADA - Eu deveria ver.
urna carta da assoc iação dos cules so bre urna aç ão con- e) CO M E RC IA N T E - ( ) que voc ê ac ha , est ou paga ndo muito
ju n t a contra os ingleses.
pelo trabalho ?
O J O VEM - A q ui está a carta da associaç ão dos O .lOVEIvl CAMARADA - Não, mas o seu ar:oz .é caro c o tra-
cules. balho de ve ser bom, m as o seu ar r oz e r u irn.
O - Está conv idado a almo çar comigo. . O C O.M E R C IAN TE -
Vocês são pessoas espertas.
O JOV E !vl CAlvlARADA - É urna honra almo çar com o senhor. O JOVEp.:t - E quando o sen h or vai armar os cules
O COM ERCIANTE - Enquanto a comida preparada ) quero
é
contra os ingleses?
dizer-lhe minha opi nião so b re os cules, P or fa v or, sen - O COMERC IANT E - Depois de comer p odemos v isita r os de-
te- se aqui. pósitos d e arma s. Ago r a vo u cantar para você a rni n h a
O JOVEM C A]\.{AKADA - Estou mu ito in te res sad o em su a canç ão p r ed ilet a.
opiniã o.
O COMERCIANTE - Por que recebo tudo m ais barato do qu e
qualquer outro? E por que um cule trabalha para mim CANÇÃ() DA
quase de graça?
Tem arroz lá, rio abaixo.
O JO VEM CAMARADA - Não sei. , . . acima
,
Nas prOVlnC13S no as p essoas preC ISaITI de arroz..
O COMERCIANTE - Porque sou uni h omem esperto. Voc ês Se deixarmos o arroz rios depósitos,
também são espertos porque sabem corno receber salá- O arroz ficará mais caro para elas.
rios dos cules. Aqueles que puxam a canoa receberão ainda ar roz,
O JOVE!v! CAMARADA - Nós sabemos - aliás, o sen ho r vai Então o arroz ficará ainda mais barato para rrnrn,
armar os cuIes contra os ingleses? O que é o arroz, afinal?
O COMERCIANTE - Talvez, talvez. Sei c orno trat ar com UII1 E eu lá sei o que é o arroz?
cule. Deve dar-lhe arroz o bastante para que não morra , E eu lá sei, quem sabe diss o?
sen ão como é que ele vai trabalhar para você? Está certo? Não sei o que é o arroz,
O .JOVEM - Sim, está certo. Eu só conheço o seu preço.
253

..
Chega o inverno, as pessoas precisam de roupa. Os QUATRO AGITADORES - Não.
Então é preciso comprar algodão
E não liberar o algodão. O CORO DE CONTROLE
Quando chega o frio, as roupas ficam mais caras.
As fiações pagam salários altos demais. TRANSFOR:NIE o I\fUNDO: ELE PRECISA !)ISS()
O problema é que existe algodão demais.
O que é o algodão, afinal? Com quem o justo não sentaria
E eu lá sei o que é o algodão? Para promover a justiça?
E cu lá sei, quem sabe disso? Que remédio é tão ruim
N ão sei o que é o algodão, Para quem está moribundo?
Eu só conheço o seu preço. Que baixeza você não cometeria
Para extirpar a baixeza?
() homem precisa de muita ração, Se você, finalmente, pudesse rransformar o mundo ,
Com isso o homem fica mais caro. Para que se julgaria bom demais?
Para arrumar ração, precisa-se de homens. Quem é você?
Os cozinheiros tornam a comida mais barata, mas Afunde na sujeira,
Aqueles que comem a tornam mais cara. Abrace o carniceiro, mas
O problema é que existem homens de menos. Transforme o mundo: ele precisa disso!
O que é um homem, afinal? Con tinuern a narrar!
E eu lá sei a que é um homem? Há muito já não os escutamos como juízes,
E eu lá sei, quem sabe disso? Mas desde já corno aprendizes.
N ão sei o que é um homem, Os QtJ ATRO AGITADORES - Mal chegou à escadaria, o jovem
Eu só conheço o seu preço. camarada reconheceu o seu erro. N'os disse que podería -
Para o [oue n: camarada: E agora vamos comer o meu mos mandá-lo de volta através da fronteira. Vimos cla-
arroz de boa qualidade. ramente a sua fraqueza, mas precisávamos dele, pois
tinha muitos adeptos entre os desempregados, e ele nQS
o JOVEM CAMARADA leuan ta-se - Não posso comer com o ajudou muito, nesses dias, a tecer a rede do Partido, di-
senhor. ante dos canos dos fuzis dos empresários.
OS QUATRO AGITADORES - Foi o que ele disse e não houve
zombaria nem ameaça que o levassem a comer com aque-
6
le a quem desprezava; e o comerciante o expulsou e 05
cules não foram armados.
A TRAIÇAO

DISCUSSÃO Os QUATRO AGITADORES - Naquela semana as perseguições


aumentaram consideravelmente. Tínhamos apenas urn
o CORO DE CONTROLE - Mas não é correto colocar a honra quarto secreto para a máquina impressora e os panfletos.
acima de tudo? Mas certa manhã houve distúrbios por causa da fome
254 21)
na cidade, c t amb ém da plan íc ie chegaram n oticias sobre ( ) JOVEM CA!'.l A R A DA - Ent ão, vo cês o co n hec em?
re volta s violentas. Na noite do terceiro dia , tendo alcan- O P R lt-.1EIRO AGITADO R - Eu o co nheço. El e é age n te d os co -
çado nosso esconderijo debaixo de perigo, encontramos mercian teso
na porta o jovem camarada. E havia sacos diante da
O jOVE:\-1 N ão acred ito n isso.
casa, na chuva. Repetimos a conversa .
O s T RÊS AG IT ADO RES - No cam inho para c á vi m os soldados
Os TRÊS AGITADORES - Que sacos são esses?
com c anhões d iri gindo-se à Câ ma r a Mu n ic ip al . A Cârna -
O JOVEM - É nosso material de propaganda. ra Municipal é uma cilada , e o n ovo líder d os desernpre-
Os TRÊS AGITADORES - E o que se fará? gados é um provocador.
O JOVEN[ - Devo comunicar-lhes algo: ent re 05 O JOVEM CAM ARADA - Não) ele é U111 desempregado e sente
desempregados re in a grande agi t ação. O novo líde r dos corn os desernpreg ad os. Os desempregados n ao poden:
de sempregados da cidade alta veio hoje aqui e me con- 111o. i5 esperar, e e u t ambém não p osso ma is esperar. H a
venceu a dar in ic io irnediatamenre à ação. Devemos d is- mi ser -á veis demais.
tribuir os panfletos e, como fi n al da revolta, ocupar a
Os 'rRLs AG ITADOR ES - Mas ai nd a h á 'po uc os combatentes.
Câmara Mun icipa l, Ele sabe c om seg u r a n ç a que a Câ -
m ara Muriicipa] está sem policiamento. Desta f o r m a ba s- O JOVEM CAM A RADA - Seus sof r imen tos são inco rne nsur á -

tam uns poucos homens pa ra ocupá- la . E qu an d o a ve is.


Câmara Municipal estiver em nosso poder, as massas ve- O s TRÊ s AGIT A DO RES - N ão basta sofrer.
rão que o governo está fraco. Ele disse que a re volta O J OVE ?>.i CA:\-lARADA - El es sabem: a n ão, $-C
será possível hoje à noite, e eu acred it o nel e. ala st r a a lepra n o pe it o; a pobreza n ao ca l d os telhados
Os TRÊS AGITADORES - Então diga-nos as razões pelas quais como a telha; infelicidade e pobreza são obra d o ho-
a revolta é possível. mern ; a indigência é cozida para ele s, mas seu s lamen-
O ]OVE).,! CA!vtARADA - 1\ mis éria aumenta. e a desordem tos lhes servem de refeição. Ele s sa bem d e tudo.
cresce na cidade. ' Os TRÊS AGITADORES - Eles sabem quantos regimentos o go -
()S T RÊ S AGITADORES - Os ignorantes começam a reconhecer verno tem?
a sua situação. O JOVEM CAMARADA - Não.
O JOVEM CAMARADA - Os desempregados aceitaram a nos- Os TRÊS AGITADORES - Então sabem muito pouco. Onde es-
sa ins t rução. tão as armas de vocês?
Os TRÊS AGITADORES - Os oprimidos adq uirem consciência O JOVE.!'.1. C A M A R A DA mostra as mãos - Vamos lutar C0 I11
de classe. unhas e dentes.
O JOVEM - O novo líder dos desempregados é Os TRÊS AGITADORES - Isso não basta. Você vê apenas a rni -
um verdadeiro socialista. Ele não conhece limites às suas séria dos desempregados e não a m iséria dos t rabalhado-
exigências revolucionárias, e o poder de seu di scurso é res . Você vê apenas a cidade e não os camponeses na pia .
arrebatador. ni cie. Você vê os soldados apenas como opressore s c
O AGITADOR- Ele tem uma cicatriz embaixo da não como opressores miser áveis de uniforme. V á, por-
orelha direita? tanto, até os desempregados, desmascare o agente dos

256 217
ccrnercian res e o seu conselho de in vadir a Câmara u- A nossa revolução começa amanhã.
nicipal e convença-os a participar, hoje à noite, da ma- Vence e t ransforrna o mundo.
nifestação dos trabalhadores das fábricas. Nós procura- A sua revolução acaba quando você acaba.
remos convencer os soldados insatisfeitos, reunidos e!11 Quando você tiver acabado,
volta da Câmara Municipal, a participar conosco, uni- A nossa revolução continuará.
formizados, da manifestação,
o JOVEM CAMARADA - Ouçam o .esto:l dizendo: vejo
() JOVEM CAMARADA - Lembrei aos desempregados quantas com os meus dois olhos que a rruserra n ao
vezes os soldadas a ti raram neles. E agora tenho que di- Por isso me oponho à sua decisão de esperar. Ainda hoje
zer-lhes que devem participar de urna manifestação jun- à noite vou ocupar a Câmara Municipal à frente dos
to com os assassinos?
desernpregados.
Os TRÊS AGITADORES - Sim, porq ue os soldados podem reco- Os TRÊS AGITADORES - SabClTIOS que a Câmara
nhecer que estava errado atirar em rnisera vei s da sua pró- está repleta de soldados. Mas ainda que não estlvess..e po-
pria classe. Lembre-se do conselho do camarada Lênin liciada, de que nos adiantaria a ". estaçoes _de.
de que não se devem considerar todos os camponeses trem) as estações telegráficas e os qU<lrtels,estao nas mao:
como inimigos de classe, mas sirn conquistar a miséria do governo? Você não nas convenceu. Va: portanto, ate
do campo como aliada. os desempregados e convença-os de que nao podem ata-
() JOVEM CAMARADA - Então eu pergunto: os clássicos role- car sozinhos. Exigimos isso de você agora em nome do
ram que a miséria espere? Partido.
()S TRÊS AGITADORES - Eles f alam de métodos que abrangem O J OVEl\l CAMARADA - Mas quem é o Partido?
a miséria em toda a sua dimensão. Ele está sentado em uma casa corn ,
Seus pensamentos são secretos) suas decisões desconheCi-
() JOVEM CAMARADA - Então os clássicos não são a favor de
que se dê ajuda imediata a todo miser áve]? das?
Quern é ele?
()S TRÊS AGITADORES - N ão.
Os TRÊS AGITADORES - Nós somos ele.
O JOVEM CA!\-lARADA - Então os clássicos são uma merda Você e eu e vocês - nós todos.
e eu os rasgarei; pois o homem, como ser vivo, berra, e Ele está na sua vestimenta, camarada. e pensa co:r1 •a sua
a sua miséria rompe todos os diques do ensinamenro. Por cabeça. Onde, eu moro, é a sua casa, e onde voce e ata-
isso darei início agora à ação, agora e já, pois eu berro e cado ele luta.
rompo os diques do ensinamen to. Mostre-rios o caminho que devemos percorrer
Ele rasga os escritos. E o percorreremos com você, mas
°
Não percorra sem nós caminho correto,
Os Não os rasgue! Precisamos deles,
'l' R Ê S AGITADORES - Sem nós ele seria
De cada um deles. Veja a realidade! Ornais errado.
A sua revolução é feita rapidamente Não se separe d e nos
't

E dura apenas um dia, Podemos estar errados e você ter razão, portanto
Amanhã estará sufocado. Não se separe de nós!
258 259
() J OV E M C A M A RA DA - Aqu i h á op ressão . Sou a fav or da lí-
Que o caminho ma is curto é melhor d o que o mais longo
berdade !
Ninguém nega
Mas se alguém o conhece ()S TRÊS AGITADORES - Cale-s e! Você está nos expondo.
E não é capaz de mostrá-lo a nós, de que nos adianta a O JOVE1\1 - Nã o posso ca lar - ru e, porque estou
su a co m a razão.
Sabedoria?
Os T R Ê S AGITADORES - E stej a o u não c om a raz ão - se você
Esteja sabi am en t e conosco!
falar, estamos perdidos! - C ale- se!
Não se separe de nós!
O JOVEM CAMARADA - Já vi demais,
() JOVE:1\l CAMARADA - Porque tenho razão, não posso ceder.
Não me calarei por mais tempo.
Vejo com os meus dois olhos que a miséria não pode Por que calar-me ainda?
esperar. Se eles não sabem que têm am igos ,
Corno se levantarão?
() C O R O DE C O N T R OLE Por isso coloco-me à sua fr ente,
C 0 0 10 aquele que sou e diz o que é.

ELOGIO AO PARTII)() Ele tira a máscara e grita :


Viemos ajudá-los,
o indivíduo tem dois olhos ,
V iem os de Moscou,
O Partido tem milhares de olhos.
O Partido vê sete países Ele rasga a m áscara.
O indivíduo vê uma cidade. OS Q UATRO AGITADORES - E olhamos, e no c re p úsc ulo
O indivíduo tem a Sua hora, Vimo s seu rosto desvelad o,
Mas o Partido tem muitas horas. Humano, aberto e sincero. Ele ha via
O indivíduo pode ser aniquilado, Rasgado a máscara.
Mas o Partido não pode ser aniquilado, E das casas
Pois ele é a tropa avançada das massas Os oprimidos gritavam: Quem
E lidera a sua luta °
Incomoda sono daqueles que estão exaustos?
Com os métodos dos clássicos, que foram criados E uma janela se abriu, c uma voz gritou:
A partir do conhecimento da realidade. Aqui há elementos estranhos! Peguem os provocadores!
O JOVEM CAMARADA - Tudo isso não vale mai s; ern vista Assim fomos descobertos!
da luta, nego tudo o que ainda on tern era v álido. E faço E já ouvimos os canhões
apenas o que é humano. Aqui está a ação. A ssumo a sua No centro da cidade, e os ignorantes falavam:
liderança. Agora ou nunca! E os desarmados gritavam:
Meu coração bate pela revolução. Ela está aqui . Saiam de suas casas!
Mas ele náo parava de berrar
Os TRÊ S AG1TAOORES - Cale-se!
261
260
Ern plena rua , Onde quer que o f am inro
E o abatemos , Gema e se re volte ,
() erguemos e deixJIT10S rapidamente a cidade. Seus carrascos gritam:
Nós lhe pagamos
Para que gema e se revolte.
7 Está escrito em nossa testa
Que somos contra a exploraç ào .
:\ F UCjA Está escrito em nosso mandato de captu r a ;
São a favor dos oprimidos!
O CORO DE CONTROLE - Eles deixaram a cidade! Quenl ajuda aos desesperados
A desord em cresce na cidade) É considerado corno a escória do rnu ndo ,
NÍJ.s a liderança bate em retirada atravessando os Íirni tes Nós 50 11105 a escória d o mundo .
da cidade ! Nã o po d emos se r v istos.
A Su a decisã o !
OS QUATRO AG1TAD OR E 5 - Esperem ! O C O R O D E CONTROLE - A sua deci sã o !
É fácil saber o que é certo
Longe do tiro,
Quando se tem meses à disposição,
Mas nós 8
Tínhamos cinco m in u tos e
Refletimos d iante d os c anos do s f u zis . r\ DEC 1S AO

Quando ern nossa fuga chegamos perto das mi nas d e O S Q UA TRO AG IT ADO RES - Nós dec idimos:
Então, ele tem que desaparecer, c omple camen te.
cal fora da c idade, ouvimos nossos perseguidores ern n osso
encalço. Nosso jovem camarada ouviu, ao acordar, o tro- Pois nós precisamos voltar ao noss?
vejar dos canhões, que vinha da direção da Câmara Mu - E não podemos levá-lo nem deixa-lo aqui..
nicipal. Reconheceu o que fizera c disse: nossa causa está Portanto temos que matá -lo e jogá-lo na mma de cal ,
perdida. E nós dissemos: nossa causa não está perdida. Pois a calo queimará.
Mas ele foi reconhec ido e não pode escapar. E nos rios há O C O RO DE CONTROLE - Não encontraram outra saída?
canhoeiras ancoradas, c comboios bl indados se encontram Os QUATRO AGITADORES - Corno o tempo era pouco, não en-
estacionados nas ferrovias, prontos para atacar-nos irnc- contramos outra saída.
diat arnenre, caso um de nós seja avistado. Ele não pode Assim como o animal ajuda o animal,
ser v isto. Também nós desejávamos ajudá-lo, àquele que
O CORO DE CONTROLE - Se nos encon trarern, seja onde for, Lutara conosco pela nossa causa.
Sa berão: os poderosos Distante cinco minutos dos perseguidores
Devem ser aniquilados! Pensamos numa
E os canhões dispararã o. Alternativa melhor.

162

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_------------------------------ -- _._ _ _-- _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __.... .....
T arnbé rn vocês ago ra cs t áo pensando Os TRÊS :\GIL\ DORE S - pe r g u ntarnos : vo c ê está d e
N l H TLl altern ativa m elh o r. aco r d o ?

Pausa. Pausa.
Portanto dec idi m os sep a r a r () . I O V E i\l CA\1i\ R i\ D :\ - S im . V e jo qu e se m p re ag i errada-
A gora o n osso pró p r io p é d o co r po. men t e.
Ê t err í v el m a r a r . Os AG ITA DORE S - N ão sempre .
Mas não so me n t e os o u t ro s, t arnbcrn nos m a rar ia rnos, ( ) J O VE !\'t CArvl i\ R AD A - Eu que que r ia t an t o se r ú t il, apenas
c aso fosse n ec essár io , troux e p rejuí z o.
Já que só c om violê n cia é p ossí vel transf orma r Os T RÊ S A GITADORES - Não a pe nas.
Esse mundo assassin o,
() J OVE ,\l CA:'\1ARAD :\ - M as ago r a se r ra mel h o r se cu não
Co rno sabe todo ser vivo.
exi stisse.
A ind a n ão n os fo i dad o , dissem os,
Nã o m atar. U nicarncn te Os T RÊS AG f L>\DO R E S - Sim. Quer f azê -lo sozin ho ?
Pela von t ade in abalá vel d e t ra n sfo rm a r o m u ndo é que O J O VE.M C 1\ \ l A RADA - A ju dem -me.
just if ic amos ()S TR ÊS AG I TADORES - E ncoste a sua ca beç a em noss o br aç o .
A dec isão. F eche os olhos.
O COR O DE CO N T R OLE - C o n t in ue m con t a n d o. Pod em estar O J O VE M C A M AR A D A in uisli.cl - El e ainda d isse : No intcres-
cer tos se d o com u n ismo,
D e n o ssa si m p a t ia. D e aco rdo c om o avanç o das m assas proletá r ias
Nã o foi f ác il f azer o qu e era correto, D e t od os os pa ís es,
Nã o foram voc ês q ue p ro nu n ciaram a su a se n t e n ç a, Af ir m and o a revoluçã o rn und ial.
m as sim ( ) S Q UATR O A G ITA DORE S - E nt ão a ti r amos ne le
A realidade. E o jo g am os n a mina de ca l.
Os QUA TRO AGITADORES - Repetimos nossa ult irna conversa. E , quando a calo ha via en go lido)
() PRI MEIRO AG ITADO R - V an105 perguntar se el e está d e V ol tarnos ao n osso t rab alho.
ac o rdo , p oi s f oi um l utador co ra joso . () C O R O D E CO NTROLE - O seu tra balh o f oi be m -su ced ido ,
( ) SE GU NDO AG IT A DO R - M as m esmo que n ã o es tej a d e aco r - \ To c ês propaga ranl
do, ele terá que desaparecer c ompletamente. Os ensin ament os d os clássicos,
() ABC d o cornun ismo.
O PRIMEIRO AGITADOR para o ioi-e m cama rada - Se f or cap- Aos ign orantes ens in am en t o s sobr e a sua sit u aç ão ;
turad o eles at ira r ão em v o c ê , e, corno vão reconhecê-lo , Aos o p r irn id os , a consciênci a de cl asse,
n osso trabalho será descobert o. P ortanto t emo s que ati- E aos con scient izados, a experiê nc ia da re vol u ç ão.
r a r ern voc ê e jogá-lo na min a de cal para que a calo E t amb ém lá a r evoluç ão está em marcha,
queime. M as perguntamo s: voc ê vê urn a sa íd a ? E as fileira s d e co m ba t en t es estã o o rga n iz ad as t amb ém l á.
O J OV E 1\'1 CA M A RA D A - N ã o. E stamos d e ac ordo com você s.

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Seu re lat o nos mostra o quanto
É n ecessário p ara se t r ansforrna r o rn u n do :
R aiva e pertinácia , saber e revolt a,
Intervenção rápida, profunda ponderação,
Fria tolerância , infinita perseverança .
Compreens ão da parte c compreensão do tod o:
Só ensin ados pela realidade é que p odemos
T ransforrn ar a realidade.

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