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DISCIPLINA: PRÉ-HISTÓRIA
Nazaré da mata
2017
Nazaré da mata
2017
SUMÁRIO
1. RESUMO...........................................................................................04
2. INTRODUÇÃO...................................................................................04
3. O PENSAMENTO MÁGICO..............................................................05
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................10
REFERÊNCIAS......................................................................................11
AS IDEIAS RELIGIOSAS E OS RITUAIS NA ERA PRÉ-HISTÓRICA
Abstract: This textual production presents surveys on the religious manifestations and the
cults or rituals that arose in the early days. The purpose of this analysis is to show how the
called religion manifested itself among the archaic since they did not have neither written
resources, nor developed speech to facilitate communication between beings. In this research,
historians and archaeologists seek the origin of religions and cults by means of written and
drawn sources, since oral sources have been extinguished due to the long time that has passed.
O pensamento mágico
Segundo o arqueólogo inglês, Steven Mithen, tudo começou a mudar a partir de uns 70 mil
anos atrás, sem que acontecesse nenhuma mudança física nos Homo sapiens antigos. A partir
do desenvolvimento do pensamento, os primitivos foram se tornando escultores bastante
caprichosos e começaram também, de certa forma, a questionar coisas. Eles também passaram
a sepultar seus mortos, que era tratado, empiricamente, de forma diferente. O homem pré-
histórico levava o morto para uma caverna (local mais quente da região), enterrava-o numa
cova rasa, e, quando já conhecia o fogo, acendia fogueiras sobre a cova para trazê-lo de volta
á vida. Mithen também tenta explicar a estranheza das pinturas no interior das cavernas. Por
muitas vezes, eram retratados, junto com animais da era do gelo, coisas como um homem com
cabeça de elefante, ou animais com mãos de gente, chifre de veado e perna de cavalo, por
exemplo. Para ele, essas mudanças têm a ver com alterações no funcionamento básico do
cérebro humano, produzindo a fluidez cognitiva, já tratada no parágrafo anterior.
O pensamento mágico foi uma das primeiras manifestações religiosas naquela época. Steven
Mithen retrata em seu livro que durante o período de “surgimento” do pensamento mágico,
houve uma explosão de criatividade tão grande que os nossos ancestrais passaram a enxergar
o mundo como um lugar povoado de criaturas com poderes e intenções muitas vezes
invisíveis, o que pode ser interpretado como a origem da crença em seres sobrenaturais ou,
como chamamos atualmente de Deus. Outros arqueólogos concordam com a tese apresentada
por Steven como, por exemplo, o arqueólogo alemão Nicholas Conard, da Universidade de
Tübingen,
Apesar de tudo, não se sabe ao certo quando a racionalidade humana começou a fluir. Trata-se
de um mistério que ainda não foi desvendado, porém, ter o conhecimento da existência do
pensamento mágico já é considerado um grande avanço para os pesquisadores da área. As
mudanças que passaram a ocorrer na caixa craniana dos primitivos também era um ponto que
ajudou a despertar certo senso criativo nesses seres, fazendo com que estes começassem a
ficar mais atentos com tudo que acontecia aos seus arredores. Esses fatores, junto com o
desenvolvimento da racionalidade e a base empírica, colaboraram bastante com o surgimento
de manifestações, considerados naquela época, religiosas.
Um dos primeiros indícios religiosos da época foi o sepultamento, descoberto por uma das
fontes históricas mais antigas, as ossadas. A prática do “enterro” revela a crença na
sobrevivência humana depois da morte corporal ou a preocupação com o que vem após a
morte do corpo, por isso é considerada um ato religioso; O Professor Cécile Lestienne
escreveu a respeito da finalidade do sepultamento no artigo “Funérailles d’antan” na revista
“Science et Avenir”, nº 480, fevereiro 1987, pp. 54-59, onde tece as seguintes considerações,
Com efeito, sepultando seus mortos, os antigos julgavam que eles sobrevivam, o que está
ligado à crença em Deus ou na Divindade, que assegura ao homem a vida póstuma. Isso é
bastante ressaltado nos detalhes de preparação e acessórios encontrados em inúmeras
sepulturas. Todos os esqueletos aparecem deitados sobre o lado direito ou o esquerdo,
acanhados ou em posição fetal, o que simbolizava o útero materno, em busca de um
renascimento. Não foram lançados à terra de qualquer jeito, mas mereceram carinho e
gentileza da parte dos sobreviventes. Junto ao cadáver colocavam acessórios diversos: armas,
estatuetas de Vênus (que significava o símbolo da Vida e da fecundidade), joias (como
conchas perfuradas, braceletes, espinhas de peixe, colares…). Ao ser sepultado, o cadáver era
salpicado de ocre vermelho (ou minério de ferro) ou era deitado em leito de ocre; este, por sua
cor, seria símbolo do sangue e, por conseguinte, da vida. Às vezes, o ocre era colocado
evidentemente diante da boca e das fossas nasais, como símbolo do sopro de vida.
A dança também estava presente na pré-história como forma de religiosidade. Ela simbolizava
uma aproximação, ou uma forma de entrar em contato com o sobrenatural. Geralmente,
apareciam em rituais de pedidos ou de agradecimentos ou de adoração de animais. Estavam
representadas nas figuras rupestres, muitas vezes com algo centralizado e as pessoas rodando
em volta desse objeto.
Geralmente, era retratada a partir dessas figuras, a figura de homens em volta de algo
centralizado, simbolizando os rituais de dança. Ou até a demonstração da caça, pois, durante
as eras que marcaram o período pré-histórico, o homem era forçado a buscar na caça, o seu
alimento, já que não havia plantas. No período inicial da sociedade humana, o primitivo
competia com animais ferozes como o urso e o leão, pelas cavernas. Podem-se citar como
exemplo, as informações achadas nas cavernas dos Alpes, a partir de pesquisas arqueológicas.
Ursos representados através de pinturas no teto que sugerem rituais de culto ao urso. Nessas
cavernas dos Alpes, também foram encontrados ossos de ursos ritualmente dispostos. Formas
em círculos e uma simetria que sugere algum processo ritualístico. Também era frequente a
caça e o culto da rena e ao Arouche nesse período. A importância dos arouches nas
comunidades primitivas foi tão forte, que ele chegou a ser posto como divindade, o que era
normal, tendo em vista que esses povos acreditaram por milênios, que o touro era o Deus da
Fertilidade e do poder dos reis. Os primeiros Deuses totêmicos da "pré-história" eram
originados no culto do touro e do javali, principalmente nas tribos Neolíticas.
A principal divindade é a deusa, apresentada sob três aspectos: mulher jovem, mãe
dando à luz um filho (ou um touro), e velha (acompanhadas às vezes de uma ave de
rapina). A divindade masculina aparece sob a forma de um rapaz adolescente – o
filho ou o amante da deusa – e de um adulto barbudo, ocasionalmente montado
sobre um animal sagrado, o touro. (ELIADE, 2010, p.55).
Essas grutas estavam presentes em quase todos os sítios arqueológicos do neolítico;
poderíamos encontrar a religião centrada no culto à Deusa em lugares, como por exemplo, em
Catal Huyuk.
- Estátua da “Deusa mãe”, encontrada em Çatal Huyuk, com idade estimada de sete mil anos.
Considerações finais
A partir de várias pesquisas, inclusive das citações e amostras apresentadas neste artigo, é
possível afirmar que existia sim o sentimento da religiosidade e espirito na pré-história. Por
mais que seja um trabalho difícil, pela escassez de fontes, é realizável. Com o avanço do
chamado pensamento mágico e ajuda da base empírica, é possível entender os mecanismos
que levaram o ser primitivo a entender mais sobre o universo que habitava e a plantar as
sementes da religião.
Talvez seja um pouco chocante saber que a religião era muitas vezes expressa por ações
desumanizadas, como o canibalismo e sacrifícios, mas que, a partir do sentimentalismo
envolvido nos rituais funerários, é possível saber que nem tudo era demarcado por essa
“agressividade”. Muitos desses ritos continuaram a acontecer em diversas civilizações em
determinados tempos históricos, e isso mostra que realmente, a atuação ritualística construiu
sua importância, principalmente na base da cultura, sendo de tanta importância que continuou
a ser utilizada.
Então, é importante lembrar que devemos compreender as religiões. Cada qual produto do
seu meio, com suas diversas verdades, que atendem seus diversos fieis e para isso, é
importante recorrer aos meios de estudo para compreensão da mesma ou fontes históricas, que
na época, poderiam ser utilizadas as ossadas e, principalmente a arte rupestre, que não servia
apenas para comunicação. Além da forma de informação mencionada acima, a arte rupestre
possui o caráter de fonte de informação de estruturas ritualísticas e cognitivas, como é
demonstrado nos trabalhos de Eliade (2010), Lévi-Strauss (2008) e de Mithem (2002).
Referências:
- MITHEN, STEVEN. Pré-história da mente: uma busca das origens da arte, da religião e da ciência. Tradução
Laura Cardellini Barbosa de Oliveira; revisão técnica Max Blum Ratis e Silva. São Paulo: Editora UNESP,
2002.
- ELIADE, Mircea. História das crenças e das idéias religiosas, volume I: da idade da pedra aos mistérios de
Elêusis. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2010.
- PROUS, André. O Brasil antes dos brasileiros: a pré-história do nosso país; 2º edição revista.