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Korea Trade-Investment Promotion Agency – KOTRA

Desafios para a economia brasileira: a complexidade tributária e os


investimentos no país.
Nelson Naibert
Marize Schons

O ano de 2018 é apontado como “o ano da recuperação da economia


brasileira” depois de um período de quase três anos que a economia encolheu mais de
8%. A primeira reação apareceu em 2017, com o aumento nos investimentos,
recuperação modesta do PIB (cerca de 1% segundo o Banco Central), controle da
inflação, diminuição das taxas de desemprego, diminuição da taxa básica de juro (que
chegou ao nível histórico de 6,75% em fevereiro desse ano) e aumento do consumo
das famílias que havia recuado nos últimos anos por conta dos juros, inflação e
diminuição da renda.

Contudo, ainda muito precisa ser feito. Mesmo com o modesto crescimento de
2017 que constrói o caminho para uma recuperação mais expressiva em 2018 - que
tem alta projetada de 2,6% - seria preciso que a economia avançasse expressivos 4,3%
em 2019 para voltar ao nível pré-crise.

Dois caminhos são essenciais para o desafio de retomar o rumo econômico do


país: a atração dos investimentos e o aumento do consumo; ambos indicadores
impulsionados pelo duplo efeito positivo que a baixa taxa de juro proporciona, que
consiste em baratear novas concessões de crédito e aliviar endividamentos antigos.
Entretanto, quando se faz uma consulta para investir no Brasil as empresas
estrangeiras “assustam-se” da complexidade e alta carga tributária. De qualquer
forma, essa é uma variável importante para viabilizar projetos e ganhar
competitividade no país.
Mesmo possuindo um mercado robusto e promissor para o consumo (país
muito populoso com renda média), a produtividade das indústrias locais é baixa e há
pouco investimento em novas tecnologias. Logo, a economia tributária é um caminho
para melhorar a performance das empresas.
Desta forma, sempre surge a pergunta “Como ser competitivo neste ambiente
tributário?”.

1. Incentivos Fiscais como intrumento de atração de


investimentos

O sistema tributário brasileiro tem 3(três) esferas de cobrança de tributos que


incide da renda ao consumo. A tributação é independente, ou seja cada um dos três
entes da federação (União, Estados e Municípios) apuram seus tributos de formas
diferentes, o que gera a grande complexidade do sistema tributário. Neste cenário as
indústrias vivem um ambiente tributário com 7(sete) grandes tributos: a) Âmbito
Federal: PIS1, COFINS2, IPI3, IR4 e CSSL5; b) Âmbito Estadual: ICMS6; c) Âmbito
Municipal: ISS/ISSQN7.
Em relação a tributos da esfera federal (União) o país oferta de forma mais
uniforme seus programas de incentivos fiscais para novos investimentos, expansão,
modernização ou realocação das indústrias. Estes incentivos fiscais são determinados
por setor de atividade e suas especificidades e valem para todas as empresas que se
habilitarem a usufruir dos incentivos.
Podemos usar como exemplo o “INOVAR AUTO” programa que visa atrair
novos investimentos e dar competitividade a cadeia automomobilistica já instalada no
país, tinha como carro chefe a redução do Imposto sobre produtos industrializados –
IPI entre outros. É importante ressaltar que estes incentivos fiscais alcançam toda
cadeia produtiva o que melhora a relação de custos de produção. Alguns Programas
de incentivos fiscais Federais:
 Incentivos do Programa de Apoio ao Desenvolvimento
Tecnológico da Indústria de Equipamentos para a TV Digital –PATVD;
 Isenção e redução de imposto no Programa de Apoio
ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores – PADIS;

1 Programas de Integração Social


2 Contribuição para Financiamento da Seguridade Social
3 Imposto sobre Produtos Industrializados
4 Imposto de Renda
5 Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
6 Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços
7 Imposto Sobre Serviços/ O Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza
 Incentivos às indústrias de equipamentos para TV Digital e de
componentes eletrônicos semicondutores, e sobre a proteção à propriedade
intelectual das topografias de circuitos integrados (mais informações);
 Incentivos fiscais da lei de informática
 Incentivos à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no
ambiente produtivo
 Incentivos fiscais para a capacitação tecnológica da indústria e
da agropecuária.

Dentro deste escopo de incentivos fiscais federais, ainda podemos verificar


que a Constituição prevê incentivos fiscais e financeiros para regiões de baixa
atratividade de investimento, os chamados fundos constitucionais que são
determinados por regiões: 1) Fundo Constitucional do Nordeste – FNE; 2) Fundo
Constitucional Norte – FNO e, Fundo Constitucional do Centro-este – FCO. Estes
fundos preveem redução de carga tributária e também financiamentos a taxas mais
baixas do país.
No âmbito dos 26 estados da federação, os incentivos fiscais são direcionados
ao Imposto Sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS, que incide em
toda a circulação de mercadoria e serviços produzidos no país ou importado.
Durante algumas décadas estes incentivos fiscais ofertados pelos estados
foram considerados inconstitucionais, pois não tinham previsão legal na Constituição
e regulamentação por Lei Complementar. Neste período, muitos investimentos
produtivos vindo do exterior não utilizavam em seus projetos esses incentivos, pois
as bancas de advocacia do país não recomendavam sua utilização, tendo em vista que
criavam um passivo tributário grande e que teriam que um dia ser recolhido aos
cofres públicos. Assim, foram inúmeros os projetos que não ficaram no país, pois sem
a utilização destes incentivos fiscais tornavam-se inviáveis.
Diante deste cenário de incerteza para os Estados, que se utilizavam desta
ferramenta para atrair investimentos internos e externos, a Câmara Federal aprovou
em 2017 a Lei Complementar 160, que convalidariam todos os incentivos fiscais no
decorrer do ano de 2018. A lei determinou que, estando estes incentivos dentro da
previsão constitucional, todos os investimentos que se utilizaram de antigos
beneficios fiscais que estavam em desacordo, receberiam anistia e remissão. Essa
aprovação também concedeu um prazo de 15 anos para a transição de todos os
incentivos fiscais já em vigor para as novas regras.
Os incentivos fiscais estaduais tem um reflexo expressivo na carga tributária
das empresas, pois representa, dependendo do setor, entre 5% e 12% do valor do
produto. Diante desta convalidação, já existe um movimento grande de revisão dos
projetos de investimento no país, principalmente por empresas estrangeiras, pois
podem utilizar este modelo sem o medo de criar passivo tributário.
Todos os novos investimentos produtivos estão utilizando em seus projetos
esta variável, tendo em vista que pode tornar viável um projeto e melhorar sua
rentabilidade. O formato de incentivos fiscais estaduais variam, mais a maioria é de
redução de base de cálculo, diferimento na compra de insumos, créditos presumidos e
isenções.
O setor industrial é o mais privilegiado neste contexto de incentivos fiscais,
pois tanto a nível federal quanto estadual, é constantemente incitado, dado que este
tipo de investimento gera uma maior contrapartida aos estados com a geração de
emprego e renda, bem como, inserem novas tecnologias.

2. Potencial não explorado: o setor fotovoltaico.


A tecnologia fotovoltaica para a geração de energia elétrica tem sido cada vez
mais incentivada em vários países do mundo – seja por programas governamentais ou
incentivos fiscais e/ou financeiros - por ser considerada uma excelente alternativa
para a redução dos impactos ambientais.
No Brasil, apesar do grande potencial solar, ainda muito pode ser feito. É
expressivo que, ao longo dos últimos anos, o país vem tentando estimular o aumento
da participação da fonte de energia solar fotovoltaica na matriz energética nacional.
Entretanto, essas iniciativas ainda não foram suficientes, principalmente se levarmos
em consideração o potencial de expansão do mercado consumidor dessa fonte de
energia no país.
O mercado global de energia solar cresceu de forma exponencial nos últimos
anos. E a partir do começo do século XXI, a indústria fotovoltaica consolidou-se nos
mercados desenvolvidos pelo aumento da demanda e da escala de produção.
Paralelamente, a inovação tecnológica aumentaram a produtividade, viabilizaram a
redução de preços e permitiram a expansão no mercados internacionais do Japão,
EUA e Alemanha (os três maiores do mundo).
O mercado brasileiro é visto por investidores internacionais como um dos
maiores mercados potenciais por três principais fatores: condições naturais de
intensas irradiações, recente regulamentação do net metering 8 pela Aneel e a
proximidade pela paridade de rede em todo o território nacional.
Segundo estudos do Instituto Ideal de Santa Catarina, o menor nível de
irradiação solar no Brasil é 40% superior ao maior nível de irradiação solar na
Alemanha (que detém o maior mercado consumidor de energia solar do mundo e
possui território equivalente ao estado de São Paulo). Hipoteticamente, se fossem
instalados painéis fotovoltaicos sobre o lago da Usina Hidrelétrica de Itaipu (uma área
que corresponde à 1.350 km2), a energia elétrica gerada seria equivalente à metade da
demanda nacional.
O alto custo da energia elétrica no país, as inovações tecnológicas, os avanços
quanto a regulamentação em sistemas de compensação de energia elétrica (net
metering) e os indicadores econômicos da nossa economia (maior PIB da América do
Sul e uma população de 207,7 milhões de habitantes) demonstram que o potencial
para investimentos em energia solar no Brasil também expressivo para o consumo
doméstico.
Os dados apontam que a compra anual de sistemas solares teve alta expressiva
em 2017. Esse movimento de expansão pode ser visto pela evolução da quantidade de
sistemas fotovoltaicos conectados à rede (SFCR) no Brasil. Em 2009 existiam
somente 35 SFCRs no Brasil 9 , em 2014 passou para 127 10 (número maior, porém
ainda pouco expressivo). Em 2017 a quantidade de SFCRs ficou em mais de 20 mil, e
a maioria dos sistemas foram instalados no próprio ano de 2017 como demonstram os
dados da Aneel11.
Essa recente explosão de instalações ocorre não só pelo aumento de
rentabilidade, promovido pelo desenvolvimento tecnológico, que o investimento em
energia solar teve nos últimos anos, mas também pelos a) incentivos do governo para

8 Procedimentos no qual o consumidor de energia elétrica instala, por exemplo, seus painéis solares e a
energia gerada é usada para seu próprio consumo.
9 (Benedito 2009, p.38). Tese disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/86/86131/tde-

12082010-142848/pt-br.php. Acesso: Março 2018


10 (Bittencourt, 2014, p. 47). Tese disponível em:

https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/129645. Acesso: Março 2018


11 Agência Nacional de Energia Elétrica, tabela com dados sobre Unidades consumidoras com

geração distribuída com Tipo de Geração. Disponível em:


http://www2.aneel.gov.br/scg/gd/gd_fonte_detalhe.asp?tipo=12&pagina=5. Acesso: Março de
2018
autoprodução de energia; b) o aumento vertiginoso da tarifa de energia elétrica em
2017 (que chegou aos índices de aumento de 30% como no Rio Grande do Sul) e c) a
baixa taxa de juros que também contribuiu para o aumento da rentabilidade
econômica dos investimentos em SFCR.
Quanto a dimensão da oferta, o Programa de Apoio ao Desenvolvimento
Tecnológico da Indústria de Semicondutores (PADIS) possibilita incentivos diretos
aos produtores de painéis 12 ; e o Programa de Desenvolvimento da Geração
Distribuída de Energia Elétrica (ProGD) – que pode movimentar cerca de R$ 100
bilhões em investimentos até 2030 – é dedicado a ampliar as ações de estímulo à
geração de energia pelos próprios consumidores
Não obstante, para garantir a qualidade e segurança dos equipamentos, é
necessário que esses também cumpram uma série de normas internacionais, incluindo
IEC 61215, IEC 61646, IEC 61730-1/2, ISO 9000 e ISO 14001. Testes de
qualificação como IEC 61215 certificam que o produto atende aos requisitos
considerados internacionalmente necessários para um painel ter a durabilidade,
desempenho e segurança. Essas certificações também são requisitos para que esses
equipamentos sejam comercializados nos mercados da Europa, Japão, China, EUA e
outros.
Entretanto, no Brasil, os Requisitos de Avaliação da Conformidade para
Sistemas e Equipamentos para Energia Fotovoltaica estipulado pela portaria
INMETRO 004/2011 – a qual avalia os equipamentos nas condições nominais e
extremas de funcionamento para garantir que os mesmos tenham uma qualidade
mínima – não correspondem aos parâmetros internacionais e são obrigatórios. Desta
maneira, as certificações nacionais são indispensáveis para permitir a comercialização
de painéis no país e para a empresa estar apta a participar dos programas de incentivo.
Mesmo que o módulo fotovoltaico já tenha certificação IEC, TUV, UL ou
qualquer outra certificação internacional, é necessário realizar os testes no Brasil, pois
o INMETRO não aceita relatório do exterior. Para ser aceito, o equipamento precisa
passar nos nos testes de isolamento elétrico e a potência medida estar entre -5% e
+10% da potência nominal do módulo. Com o valor da potência e com a medida da
12
São concedidas reduções a 0% de alíquotas do II, do IPI, do PIS-COFINS e do PIS-COFINS-
Importação para máquinas/equipamentos/insumos/softwares específicos destinados à produção
daqueles produtos, conforme regulamento. Além disso, há incentivo do IPI e do PIS-COFINS na
comercialização da produção, bem como do IRPJ e da CIDE. As reduções valem até 22/01/2022, ou
por 12 ou 16 anos a contar da aprovação do projeto, conforme o tributo e o nível de agregação local.
área externa dos módulos calcula-se a eficiência, após isso é emitido a etiqueta
INMETRO com a letra (A, B, C, D, E) correspondente à eficiência do painel solar,
sendo “A” (mais eficiente) a “E” (menos eficiente).
O Programa Brasileiro de Etiquetagem foi implementado em caráter
compulsório por meio dessa portaria INMETRO 004/2011 e suas complementares. O
objetivo dessa legislação é o estabelecimento de regras para os equipamentos de
geração de energia fotovoltaica.
O programa abrange os módulos (painéis fotovoltaicos); os controladores de
carga; os inversores para sistemas autônomos com potência nominal entre 5 W e 10
kW; os Inversores para sistemas conectados à rede com potência nominal de até 10
kW e as baterias estacionarias de baixa intensidade de descarga para aplicaçaõ
fotovoltaica.
Outra informação importante é que o registro do produto no INMETRO possui
validade de apenas um ano. Portanto, para manter a etiqueta de certificação de um
determinado modelo, a empresa deve realizar, a cada ano, novos ensaios no
laboratório da INMETRO. Isso pode significar mais custos ao investidor tanto de
recursos financeiros quanto de tempo.
Dessa forma, o setor fotovoltaico é um dos cenários possíveis para a retomada
de investimento e desenvolvimento tecnológico. Entretanto, para que isso seja
possível será necessário alinhar o cenário macroeconômico com a política de
incentivos fiscais, sem desconsiderar os custos operacionais dos processos de
certificação que no Brasil são muito específicos e pouco articulado com as
certificações internacionais.

Considerações Finais

Os dados sobre a economia brasileira no ano de 2017 demonstraram que,


finalmente, estamos saindo da rota da crise e retomando o crescimento para todos os
setores econômicos do país. Aumento do PIB, redução da inflação, aumento do
consumo, diminuição do desemprego e dos juros foram apenas alguns dos resultados
obtidos no ano anterior. Para 2018, mais avanços são esperados. O PIB, que já havia
alçado um saldo positivo em 2017 comparado às retrações dos anos anteriores, pode
chegar a um aumento de 2,5% a 2,7%.
O contexto macroeconômico mostra-se positivo para a retomada dos
investimentos no Brasil e o setor de tecnologia fotovoltaica para a geração de energia
elétrica é um entre outros caminhos possíveis. Por esse motivo, a política fiscal
precisa acompanhar os movimentos do mercado para contribuir na superação da crise,
contemplando o setor produtivo com os incentivos fiscais e reduzindo a complexidade
tributária para não limitar o desenvolvimento tecnológico do país.

Referências
Aneel – Agência Nacional de Energia Elétrica. Acesso em: Março de 2018.
http://www2.aneel.gov.br/scg/gd/gd_fonte_detalhe.asp?tipo=12&pagina=5
http://www.mme.gov.br/web/guest/pagina-inicial/outras-noticas/-
/asset_publisher/32hLrOzMKwWb/content/programa-de-geracao-distribuida-preve-
movimentar-r-100-bi-em-investimentos-ate-2030
Banco Central. Acesso: Março de 2018. http://www.bcb.gov.br
BENEDITO, Ricardo da Silva Benedito. Caracterização da geração distribuída
de eletricidade por meio de sistemas fotovoltaicos conectados à rede, no Brasil, sob os
aspectos técnico, econômico e regulatório. Dissertação de Mestrado. Unidade da USP.
São Paulo, 2009.
BITTENCOURT, Alice Helena. Estratégia para o gerenciamento do balanço
da geração fotovoltaica de energia elétrica integrada à edificação e veículos elétricos
em rede inteligente. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina,
Centro Tecnológico, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, Florianópolis,
2014.
Instituto de Geografia e Estatítica. Acesso: Março de 2018.
https://www.ibge.gov.br/
ESPOSITO, Alexandre Siciliano; FUCHS, Paulo Gustavo. Desenvolvimento
tecnológico e a inserção da energia solar no Brasil. Biblioteca BNDS.
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Portaria nº
004, de 04 de janeiro de 2011. Acesso em: Março de 2018.
http://www.iee.usp.br/lsf/sites/default/files/RTAC001652%20-%202014.pdf
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Equipamentos
para geração de energia fotovoltaica. Acesso: Março de 2018
http://www2.inmetro.gov.br/pbe/pdf/guia_de_orientacoes_PBE_fotovoltaico.pdf
Receita Federal. Acesso: Março de 2018. http://idg.receita.fazenda.gov.br/
VARELLA, Fabiana Karla de Oliveira Martins; CAVALIERO, Carla Kazue
Nakao; SILVA, Ennio Peres. Energia Solar Fotovoltaica no Brasil: Incentivos
Regulatórios. Revista Brasileira de Energia. Volume 14. No. 1. 2008. pp. 9-22.

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