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Cássios Silva - 07/01/2010

Os 100 Melhores Livros do Século XX - Folha de SP


Um júri composto por estudiosos da Literatura elegeu os 100 melhores livros do Século XX que
passamos a postar nesse tópico.

A Lista com os 100 Títulos


1°- Ulisses (1922), James Joyce (1882-1941).
2°- Em Busca do Tempo Perdido (1913-27), Marcel Proust (1871-1922).
3°- O Processo, Franz Kafka (1883-1924).
4°- Doutor Fausto (1947), Thomas Mann (1875-1955).
5°- Grande Sertão: Veredas (1956), Guimarães Rosa (1908-1967).
6°- O Castelo (1926), Kafka.
7°- A Montanha Mágica (1924), Thomas Mann.
8°- O Som e a Fúria (1929), William Faulkner (1897-1962).
9°- O Homem sem Qualidades (1930-43), Alfred Musil (1880-1942).
10°- Finnegans Wake (1939), James Joyce.
11° A Morte de Virgílio (1945), Herman Broch (1886-1951).
12° Coração das Trevas (1902), Joseph Conrad (1857-1924).
13° O Estrangeiro (1942), Albert Camus (1913-1960).
14° O Inominável (1953), Samuel Beckett (1906-1989).
15° Cem Anos de Solidão (1967), García Marquéz (1928).
16° Admirável Mundo Novo (1932), Aldous Huxley (1894-1963).
17° Mrs. Dolloway (1925), Virginia Woolf (1882-1941).
18° Ao Farol (1927), V. Woolf.
19° Os Embaixadores (1903), Henry James (1843-1916).
20° A Consciência do Zeno (1923), Italo Svevo (1861-1928).
21° Lolita (1958), Wladimir Nabokov (1899-1977).
22° Paraíso (1960), José Lezama Lima (1910-1976).
23° O Leopardo, Tomaso di Lampedusa (1910-1976).
24° 1984 (1949), George Orwell (1903-1950).
25° A Náusea (1938), Jean-Paul Sartre (1905-1980).
26° O Quarteto de Alexandria (1957-1960), Lawrence Durrell (1912-1990).
27° Os Moedeiros Falsos (1925), André Gide (1869-1951).
28° Malone Morre (1951), Samuel Beckett.
29° O Deserto dos Tártaros (1940), Dino Buzzati (1906-1972).
30° Lord Jim (1900), Joseph Conrad (1857-1924).
31° Orlando (1928), Virginia Woolf.
32° A Peste (1947), Albert Camus.
33° Grande Gatsby (1925), F. Scott Fitzgerald (1896-1940).
34° O Tambor (1959), Gunter Grass (1927).
35° Pedro Páramo (1955), Juan Rulfo (1918-1986).
36° Viagem ao Fim da Noite, (1932) Ferdinand Céline.
37° Berlin Alexanderplatz (1929), Alfred Döblin (1878-1957).
38° Doutor Jivago (1957), Boris Pasternak (1890-1960).
39° Molloy (1951), Samuel Beckett (1906-1989).
40° A Condição Humana (1933), André Malraux (1901-1976).
41° O Jogo da Amarelinha (1963), Julio Cortázar (1914-1984).
42° Retrato do Artista quando Jovem (1917), James Joyce.
43° A Cidade e as Serras (1901), Eça de Queirós (1845-1900).
44° Aquela Confusão Louca da Via Merulana (1957), Carlo Emilio Gadda (1893-1973).
45° Vinhas da Ira (1939), John Steinbeck (1902-1968).
46° Auto da Fé (1935), Elias Canetti (1905-1994).
47° À Sombra do Vulcão (1947), Malcolm Lowry (1909-1957).
48° O Visconde Partido ao Meio, Italo Calvino.
49° Macunaíma (1928), Mario de Andrade (1893-1945).
50° O Bosque das Ilusões Perdidas (1913), Alain Fournier (1886-1914).
51° Morte a Crédito (1936), Ferdinand Céline (1894-1961).
52° Amante de Lady Chatterley (1928), D.H. Lawrence (1885-1930).
53° O Século das Luzes (1962), Alejo Carpentier (1904-1980).
54° Uma Tragédia Americana (1925), Theodore Dreiser (1871-1945).
55° América (1927), Franz Kafka.
56° Fontamara (1930), Ignazio Silone (1900-1978).
57° Luz em Agosto (1932), William Faulkner.
58° Nostromo (1904), Joseph Conrad.
59° A Vida Modo de Usar (1978), Georges Perec (1936-1982).
60° José e seus Irmãos (1933-1943), Thomas Mann.
61° Os Thibault (1921-1940), Roger Martin du Gard (1881-1958).
62° Cidades Invisíveis (1972), Italo Calvino (1923-1985)
63° Paralelo 42 (1930), John dos Passos (1896-1970)
64° Memórias de Adriano (1951), Marguerite Yourcenar (1903-1987).
65° Passagem para a Índia (1924), E.M. Forster (1879-1970).
66° Trópico de Câncer (1934), Henry Miller (1891-1980).
67° Enquanto Agonizo (1930), James Faulkner.
68° As Asas da Pomba (1902), Henry James (1843-1916)
69° O Jovem Törless (1906), Alfred Musil.
70° A Modificação (1957), Michel Butor (1926).
71° A Colméia (1951), Camilo José Cela (1916).
72° Estrada de Flandres (1960), Claude Simon (1913)
73° A Sangue Frio (1966), Truman Capote (1924-1984).
74° A Laranja Mecânica (1962), Anthony Burgess (1916-1993).
75° O Apanhador no Campo de Centeio (1951), J.D. Salinger (1919).
76° Cavalaria Vermelha (1926), Isaac Babel (1894-1944).
77° Jean Christophe (1904-12), Romain Rolland (1866-1944).
78° Complexo de Portnoy (1969), Philip Roth (1933).
79° Nós (1924), Evgueni Ivanovitch Zamiatin (1884-1937).
80° O Ciúme (1957), Allain Robbe-Grillet (1922).
81° O Imoralista (1902), Andre Gide (1869-1951).
82° O Mestre e a Margarida (1940), Mikhail Afanasevitch (1891-1940)
83° O Senhor Presidente (1946), Miguel Ángel Asturias (1899-1974).
84° O Lobo da Estepe (1927), Herman Hesse (1877-1962).
85° Os Cadernos de Malte Laurids Bridge (1910), Rainer Maria Rilke (1875-1926).
86° Satã em Gorai (1934), Isaac Bashevis Singer (1904-1991)
87° Zazie no Metrô (1959), Raymond Queneau (1903-1976).
88° Revolução dos Bichos (1945), George Orwell.
89° O Anão (1944), Pär Lagerkvist (1891-1974).
90° The Golden Bowl (1904), Henry James.
91° Santuário (1931), William Faulkner.
92° Morte de Artemio Cruz (1962), Carlos Fuentes (1928).
93° Don Segundo Sombra (1926), Ricardo Guiraldes (1886-1927).
94° A Invenção de Morel (1940), Adolfo Bioy Casares (1914).
95° Absalão, Absalão (1936), William Faulkner.
96° Fogo Pálido (1962), Wladimir Nabokov (1899-1977).
97° Herzog (1964), Saul Bellow (1915).
98° Memorial do Convento (1982), José Saramago (1922).
99° Judeus sem Dinheiro (1930), Michael Gold (1893-1967).
100° Os Cus de Judas (1980), Antônio Lobo Antunes (1942).
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Ulysses é um épico do século XX. Um dia na vida de Leopold Bloom, exteriormente, um homem comum,
um bom pai de família, um marido dedicado; interiormente, um turbilhão de pensamentos e sentimentos.
Joyce recria a saga do legendário herói grego Odisseu (Ulisses no seu correspondente latino) na sua
tentativa de voltar para casa. Bloom é Ulisses; sua casa, Ítaca; sua esposa, Penélope. No entanto, os
valores são invertidos. Leopold não é nenhum herói do sentido exato da palavra; ele vaga pelas ruas de
sua cidade como faz todos os dias. Em dezoito capítulos, ele revive, do seu modo, as peripécias da
"Odisséia". Ele enfrenta os Cíclopes da ignorância, a tentação da calcinha da adolescente Nausícaa e a
magia e sedução de Circe, representada por um animado prostíbulo. Repleto de elementos
autobiográficos, o próprio Leopold pode ser identificado com o Joyce maduro, enquanto que Stephen
Dedalus (a mesma personagem de "O Retrato do Artista Quando Jovem”) com o impetuoso e prepotende
Joyce da juventude. Considerado por alguns críticos como a obra mais importante do século XX,
"Ulysses" é um monumento dos tempos modernos. Nela estão presentes todos os elementos, agradáveis
ou insossos, deste século entremeado por duas grandes guerras - o anti-semitismo, a erotização, o
racionalismo cientificista, o adultério, as falsidade das relações sociais. Para muitos, lê-la não é uma
tarefa fácil, mas é certamente recompensadora.

O Processo - Franz Kafka


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O romance conta a história de Josef K., bancário que é processado sem saber o motivo. A figura de Josef
K. é o paradigma do perseguido que desconhece as causas reais de sua perseguição, tendo que se ater
apenas às elucidações alegóricas e falaciosas advindas de variadas fontes. Embora Kafka tenha
retratado um autoritarismo da Justiça que se vê com o poder nas mãos para condenar alguém, sem lhe
oferecer meios de defesa, ou ao menos conhecimento das razões da punição, podemos levar a figura de
Josef K., bem como de seus acusadores, para vários campos da vida humana: trabalho (quem nunca se
viu cobrado ou perseguido, sem que seus acusadores lhe dissessem em que estaria sendo negligente),
religião (quem nunca se viu pego, de surpresa, como Josef K., por um fanático intransigente, dizendo que
teríamos ferido as leis divinas, sem que nos fossem apresentados os motivos), na escola (quem nunca se
viu como Josef K., ao ser criticado por seu desempenho, sem que soubesse em que havia falhado, com
críticas vagas, por vezes de colegas, por vezes dos próprios mestres). Muito embora se preste às mais
diversas interpretações, desde aquelas fundadas nos axiomas filosóficos até a mais profunda radiografia
feita pela Sociologia, de fato, O Processo fornece farto material àquele que se debruça sobre o estudo
para além da mera Dogmática Jurídica, de vez que, por meio de um conto que mais se assemelha a uma
parábola, Kafka reproduz a negação do Estado Democrático de Direito e, ao mesmo tempo, leva o leitor a
perceber que, mesmo vivendo sob a égide da Democracia "plena", há que se não perder de vista que as
instituições não guardam sua razão de ser na prestação de serviço público, mas na submissão ao poder e
às camadas dominantes.

Doutor Fausto - Thomas Mann


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Narrada pelo seu amigo, o professor Zeitblom , esta é a história do músico Adriam Leverkühn que , como
o Fausto da lenda, vende a alma ao Demônio a fim de viver o suficiente para realizar sua grande
obra.Publicado em 1947, este livro faz parte do período final da atividade criadora de Thomas Mann,
sendo tecnicamente o seu romance mais ousado, no qual música e política, realidade e símbolo, fato e
ficção combinam-se num grande panorama que, segundo Otto Maria Carpeaux, 'alcançou uma altura na
qual nenhum dos seus contemporâneos foi capaz de acompanhá-lo'.

Grande Sertão: Veredas - Guimarães Rosa


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Grande Sertão: Veredas é um livro de Guimarães Rosa escrito em 1956 e é um dos mais importantes
livros da literatura brasileira e da literatura lusófona. Pensado inicialmente como uma das novelas do livro
"Corpo de Baile", lançado nesse mesmo ano de 1956, cresceu, ganhou autonomia e tornou-se um dos
mais importantes livros da literatura de língua portuguesa. No mesmo ano, Rosa também lançou a quarta
edição revista de Sagarana. Em 2006, o Museu da Língua Portuguesa realizou uma exposição sobre a
obra no Salão de Exposições Temporárias, cujas fotos ilustram o artigo.

A Montanha Mágica - Thomas Mann


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A Montanha Mágica (no original em alemão Der Zauberberg) é um livro escrito por Thomas Mann em
1924. Um dos romances mais influentes da literatura alemã do século XX, foi importante para a conquista
do Prêmio Nobel de Literatura em 1929 por Mann. É um exemplo clássico da literatura que os alemães
classificam como Bildungsroman. Thomas Mann iniciou a escrita de "A montanha mágica" em 1912, o
mesmo ano em que sua mulher Katharina Mann (Katia) foi internada num sanatório de Davos na Suíça,
para se curar de uma tuberculose. O livro teria sido inspirado nesse episódio. Em 1915, Thomas Mann
interrompeu o seu trabalho no manuscrito, indeciso sobre o fim a dar ao romance. Nesta altura, Mann
encontra-se em conflito com o irmão Heinrich Mann, um apoiante da França e dos aliados, que
desprezava o espírito filisteu, provinciano, totalitário, acrítico dos alemães e de seu Kaiser Wilhelm II,
como tinha ficado bem patente no seu romance "Der Untertan" (o súdito), publicado pouco antes do início
da Guerra. Thomas Mann era, por contraponto ao irmão, nesta altura, (ainda) um espírito mais arreigado
às suas raízes culturais e à sua pátria.

O Homem sem Qualidades - Alfred Musil.


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Este romance-ensaio mostra a decadência dos valores vigentes até o início do século XX, marcando a
perda de posição da Europa na decisão dos rumos políticos e econômicos mundiais. Esse panorama é
obtido a partir do personagem Ulrich, em suas diversas experiências, no exterior e, às vésperas da
Primeira Guerra Mundial no seu retorno a Viena.

Coração das Trevas - Joseph Conrad


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Neste livro o grande escritor Joseph Conrad narra a viagem do capitão Marlow em busca do agente Kurtz,
um estranho homem que fundou nos confins do Congo uma micro-sociedade baseada no horror e no
medo. Refletindo sobre o caráter violento da alma humana, o romance está entre as mais importantes
obras literárias de todos os tempos, e inspirou o clássico do cinema Apocalypse Now.

O Estrangeiro - Albert Camus


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Obra que consagrou o autor francês de origem argelina (Nobel de 1957) ao tratar do absurdo da
existência. Aparentemente sem motivação – “por causa do sol”-, Mersault mata um árabe durante passeio
pela praia. Julgado e condenado à morte, resigna-se a seu destino.

Cem Anos de Solidão - Gabriel Garcia Márquez


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Colombiano, ganhou o Nobel em 1990. A saga de duas famílias no povoado fictício de Macondo é o
pretexto para o autor construir uma alegoria da situação da América Latina. Obra que projetou
internacionalmente o “realismo mágico”.

Admirável Mundo Novo - Aldous Huxley


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Alegoria sobre as sociedades administradas e sem liberdade. Em um futuro indefinido, todos os
nascimentos são “de proveta” e os cidadãos são vigiados. Nascido de uma mulher, John se torna uma
ameaça por sua diferença.

Mrs. Dalloway – Virginia Woolf (Em Inglês)


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A partir de um fato banal – a compra de flores para uma festa -, Mrs. Dalloway relembra sua vida – como
a relação com a filha e uma antiga paixão.

A Consciência de Zeno - Italo Svevo


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Após várias tentativas malogradas para deixar de fumar, Zeno Cosini segue o conselho de seu
psicanalista e decide escrever a história de sua vida, fazendo um retrato impiedoso da burguesia italiana.

1984 - George Orwell


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E a transformação da realidade é o tema principal de 1984. Disfarçada de democracia, a Oceania vive um
totalitarismo desde que o IngSoc (o Partido) chegou ao poder sob a batuta do onipresente Grande Irmão
(Big Brother). Narrado em terceira pessoa, o livro conta a história de Winston Smith, membro do partido
externo, funcionário do Ministério da Verdade. A função de Winston é reescrever e alterar dados de
acordo com o interesse do Partido. Nada muito diferente de um jornalista ou um historiador. Winston
questiona a opressão que o Partido exercia nos cidadãos. Se alguém pensasse diferente, cometia
crimidéia (crime de idéia em novilíngua) e fatalmente seria capturado pela Polícia do Pensamento e era
vaporizado. Desaparecia.

A náusea - Jean Paul Sartre


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Em "A Náusea", Sartre nos mostra Antoine Roquentin, um historiador letrado e viajado, que chega à
cidade de Bouville ("boul" indicando "lama" e metaforicamente "impureza") a fim de escrever a biografia
do marquês de Rollebon, figura pitoresca e de excentricidade fascinante, que vivera na cidade durante o
século XVIII. Ao iniciar seus trabalhos, logo se desencanta de forma irreversível não só pela biografia,
como também pela própria sociedade e condições humanas com as quais se depara em Bouville.
Roquentin é, então, acometido por uma (a priori) estranha sensação de aversão ao ser humano e sua
condição existencial - a "náusea". Cercada de um niilismo exacerbado e elucubrações de alta
profundidade intelectual, "A Náusea" nos mostra um protagonista despadronizado e repelido pelas
próprias contestações que faz a respeito da existência e sua falta de sentido, ou seja, a respeito da
gratuidade e ilogicidade da existência, por si só desprovida de essência. Trata-se, portanto, da saga de
um personagem conturbado e por vezes beirando a loucura, tal é a nudez existencial a que ele se expõe.
O deserto dos tártaros - Dino Buzatti
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"Numa belíssima manhã de setembro Drogo, o capitão Giovanni Drogo, mais uma vez sobe a cavalo a
íngreme estrada que conduz ao forte Bastiani. Teve um mês de licença, mas após vinte dias já está de
volta; a cidade agora se lhe tornou completamente estranha, os velhos amigos tomaram seu caminho,
ocupam posições importantes e o cumprimentam apressadamente como a um oficial qualquer" (pág.
207). O final do livro emociona os que acompanham toda a vida de Drogo dedicada ao forte. De uma
certa forma nos remete aos dias atuais em que muitos se dedicam obstinadamente a objetivos ilusórios,
passam sua juventude lutando por um sonho e deixam de viver a vida verdadeiramente. Depois da leitura
podemos nos questionar: o que ando fazendo da minha? Pelo quê ando lutando? Em pleno século XXI,
se ainda não temos respostas, pelo menos conseguir formular mais claramente nossas perguntas...

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