Você está na página 1de 6

Turma e Ano: Master B - 2015

Matéria /Aula: ECA – Direito à educação em conjunto com a lei de diretrizes e bases, direito ao trabalho em
comparação ao texto constitucional e consolidação das leis trabalhistas e prevenção geral e especial.
Professora: Angela Silveira
Monitora: Kathleen Feitosa
Aula 04

DIREITO À EDUCAÇÃO, CULTURA, ESPORTE E LAZER

O direito à educação é fundamental público subjetivo, de acordo com a Constituição


Federal, e possui alguns princípios básicos, como a igualdade entre todos os alunos, oportunidade
e garantia de acesso e permanência na escola. Nesse sentido, o direito à educação não se resume ao
acesso à escola, mas também todos os instrumentos necessários ao seu desenvolvimento.

Ressalta-se que o ECA não impediu a expulsão dos alunos do colégio. Na verdade, o
que é vedado é o afastamento da criança à educação, entretanto, caso o colégio julgue necessário, a
criança poderá sim ser desligada da instituição e inserida em outra. A escola apenas poderá se
recusar a permanecer com aluno diante de sua conduta, sendo vedado o desligamento por fatos
alheios ao aluno, como falta de pagamento de mensalidade, por exemplo1.

Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento
de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes:
I – igualdede de condições para acesso e permanência na escola;
II – direito de ser respeitado por seus educadores;
III – direito de constestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares
superiores;
IV – direito de organização e participação em entidades estudantis;
V – acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência.

Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem
como participar da definição das propostas educacionais.

De acordo com a lei de diretrizes e bases, cada escola formulará seu próprio
regulamento, elaborado em conjunto com os educadores que nela trabalham e a comunidade que
por ela é atendida.

1A escola pode se recusar a renovar a matrícula em caso de não pagamento, contudo, somente após o
encerramento daquele ano letivo, a fim de diminuir os prejuízos ao aluno.

Resumo elaborado pela equipe de monitores. Todos os direitos reservados ao Master Juris. São proibidas a
reprodução e quaisquer outras formas de compartilhamento.
O Estado não pode arguir reserva do possível para negas à crianças e adolescentes
acesso à educação, uma vez que se trata de direito público e subjetivo.

É importante destacar o princípio da municipalização, segundo o qual, em um


primeiro momento, o responsável pela garantia desse direito é o município.

Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente:


I – ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso
na idade própria;
II – progressiva extensão de obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio;
III – atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente
na rede regular de ensino;
IV – atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade;
V – acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a
capacidade de cada um;
VI – oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do adolescente trabalhador;
VII – atendimento no ensino fundamental, através de programas suplementares de material
didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.
§1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo.
§2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder público ou sua oferta irregular
importa responsabilidade da autoridade competente.
§3º Compete ao poder público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a
chamada e zelar, junto aos pais ou responsável, pela frequencia à escola.

Os pais e responsáveis têm a obrigação de matricular os menores na escola, sob pena


de incorrerem no art. 246/CP2 – abandono intelectual de incapaz.

Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental comunicarão ao Conselho


Tutelar os casos de:
I – maus-tratos envolvendo seus alunos;
II – reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, esgotados os recursos escolares;
III – elevados níveis de repetência.

A comunicação da escola ao Conselho Tutelar deve ser feita em tempo hábil a


possibilitar a reintegração da criança no ambiente escolar, sem prejuízo do seu ano letivo, bem
como permitir que o Conselho proceda com as atitudes necessárias ao suporte e acompanhamento
dessa família. Essa comunicação, ainda, não é condição objetiva de procedibilidade porque é
possível ingressar com ação de representação por descumprimento dos deveres do poder familiar

2Art. 246/CP – Deixar, sem justa causa, de prover à instrução primária de filho em idade escolar:
Pena – detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.

Resumo elaborado pela equipe de monitores. Todos os direitos reservados ao Master Juris. São proibidas a
reprodução e quaisquer outras formas de compartilhamento.
sem necessidade de comunicação prévia ao Conselho Tutelar, uma vez que não é ela quem
caracteriza a omissão dos pais e sim os fatos.

A educação inclui o ensinamento de valores culturais, artísticos e históricos da


comunidade em que a criança está inserida, bem como o estímulo à cultura, ao esporte e ao lazer.

DO DIREITO À PROFISSIONALIZAÇÃO E À PROTEÇÃO NO TRABALHO

Só é permitido o trabalho do menor a partir de 16 anos e, expecionalmente, na condição


de aprendiz a partir de 14 anos, sendo vedado qualquer tipo de trabalho a adolescentes menores
que essa idade.

O aprendiz para esses fins é entendido como aprendizado vinculado a curso técnico,
de modo que a prática do aprendiz serve de complemento ao estudo teórico do curso
profissionalizante.

O trabalho dos menores de idade é regido pela CLT e não pelo ECA, como bem
esclarece o art. 61: a proteção ao trabalho dos adolescentes é regulada por legislação especial, sem prejuízo
do disposto nesta Lei.

Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é assegurada bolsa de aprendizagem.

Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze anos, são assegurados os direitos
trabalhistas e previdenciários.

A bolsa de apredizagem, a que se refere o art. 64, é o equivalente ao salário do menor


que, uma vez que não é trabalhador, não faz jus ao salário nesses termos, sendo o nome técnico
correto bolsa. Já os direitos previdenciários citados no art. 65 dizem respeito a todos aqueles que
não se referirem à aposentadoria!

Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é assegurado trabalho protegido.

Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime familiar de trabalho, aluno de escola
técnica, assistido em entidade governamental ou não-governamental, é vedado trabalho:
I – noturno, realizado entre as vinte e duas horar de um dia e as cinco horas do dia seguinte 3;

3Importante destacar que esse período abrange o deslocamento do menor até o local de trabalho e o regresso
para casa.

Resumo elaborado pela equipe de monitores. Todos os direitos reservados ao Master Juris. São proibidas a
reprodução e quaisquer outras formas de compartilhamento.
II –perigoso, insalubre ou penoso;
III – realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu desenvolvimento físico,
psíquico, moral e social4;
IV – realizado em horários e locais que não permitam a frequência à escola.

No caso específico dos atores mirins, menores de 14 anos, é ponto pacífico que não se
trata de trabalho e sim de participação em peças teatrais e programas, contudo, depende de
autorização judicial através de alvará. Não há contrato de trabalho. Isso porque a arte imita fatos
da vida, fazendo necessária a participação de crianças, desde que tomadas as devidas cautelas.

O alvará é concedido por juiz da Vara da Infância e Juventude, mas há projetos de lei
que propõem que a competência passe a ser do juiz do trabalho, o que a professora concorda, uma
vez que esse magistrado está mais integrado com as relações de trabalho e seus possíveis abusos.

DA PREVENÇÃO

Prevenção Geral5: obrigação solidária de todos os indivíduos e instituições da


sociedade.

Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e
do adolescente.

A Lei 13.010/14 (“lei da palmada”) visa estabelecer o que é excessivo no


comportamento social de educação dos filhos. Fato é que a referida lei não revogou o art. 136/CP6,
mas sim estabeleceu o que é considerado excesso; apenas complementou o dispositivo que dava
margem a interpretações subjetivas.

Atenção: o parágrafo único do art. 18-B do ECA estabelece que “as medidas previstas neste artigo
serão aplicadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de outras providências legais”, todavia, o Conselho
não pode aplicar qualquer punição sem o devido processo legal.

Art. 70-A, parágrafo único. As famílias com crianças e adolescentes com deficiência terão
prioridade de atendimento nas ações e políticas públicas de prevenção e proteção.

4 Tais locais prejudiciais são determinados pela CLT.


5 Importante ler os artigos 70-A e 70-B, assim como os demais artigos do capítulo.
6 Art. 136/CP – Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para

fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados


indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de
correção ou disciplina.

Resumo elaborado pela equipe de monitores. Todos os direitos reservados ao Master Juris. São proibidas a
reprodução e quaisquer outras formas de compartilhamento.
As regras de prevenção não são taxativas, mas sim exemplificativas, pois, visando
atender o melhor interesse das crianças, é possível flexibilizar e importar outras regras que não as
presentes no Estatuto.

Art. 73. A inobservância das normas de prevenção importará em responsabilidade da pessoa


física ou jurídica, nos termos desta Lei.

Prevenção Especial7

A entrada da criança desacompanhada em estabelecimentos só é permitida no limite


da classificação indicativa8 do mesmo. No que se refere a eventos com classificação indicativa
superior a do menor, é possível o ingresso desde que acompanhadas pelos responsáveis, haja vista
que o poder familiar deixa a cargo dos pais o entendimento sobre o que é deve ser adequando ou
não aos filhos. A proibição de entrada só permanece nos locais classificados para maiores de 18
anos, onde nem mesmo a presença dos responsáveis pode suprir a ausência de idade.

Art. 75, parágrafo único. As crianças menores de dez anos somente poderão ingressar e
permanecer nos locais de apresentação ou exibição quando acompanhadas dos pais ou responsável.

Enquanto responsável, entende-se tanto a família natural quanto a família extensa, ou


seja, adultos com quem a criança tem afinidade e é estabelecida uma relação de cuidado, ainda que
momentâneo.

Art. 78, parágrafo único. As editoras cuidarão para que as capas que contenham mensagens
pornográficas ou obscenas sejam protegidas com embalagem opaca.

O TJ/RJ entende que, em que pese a equiparação feita pelo Código de Defesa do
Consumidor, o distribuidor não pode ser responsabilizado em caso de desrespeito a essa
determinação.

7 Importante ler os artigos do capítulo.


8 A portaria 368/2014 trata sobre as classificações indicativas.

Resumo elaborado pela equipe de monitores. Todos os direitos reservados ao Master Juris. São proibidas a
reprodução e quaisquer outras formas de compartilhamento.
Resumo elaborado pela equipe de monitores. Todos os direitos reservados ao Master Juris. São proibidas a
reprodução e quaisquer outras formas de compartilhamento.

Você também pode gostar