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Determinação da Viscosidade EM 847 – Laboratórico Calor e Fluidos - DE/FEM

Faculdade de Engenharia Mecânica

Departamento de Energia

EM 847 - LABORATÓRIO DE CALOR E FLUIDOS

DETERMINAÇÃO DA VISCOSIDADE:
MÉTODOS DE STOKES E DO COPO FORD

Os modelos se constituem quando a


1. INTRODUÇÃO taxa de deformação ou a deformação são
especificadas. Considere o retângulo ABCD
A viscosidade é uma das variáveis que (elemento infinesimal) com lados x e y,
caracteriza reologicamente uma substância. representado na Fig. 2. Ao ser submetido a uma
Num sentido amplo, entende-se por propriedade tensão na face BC, o ponto B se desloca para B’
reológica aquela que especifica a deformação e o C para C’. A deformação, definida pelo
ou a taxa de deformação que uma substância ângulo , formado por BAB’, resulta do
apresenta quando sujeita a uma tensão. movimento relativo dos pontos B e B’ em
Dependendo do comportamento reológico relação ao ponto A, aqui tomado como
da substância pode-se classificá-la em referência.
puramente viscosa ou elástica. Esta Para x e y infinitesimais, a
classificação baseia-se em modelos lineares deformação, expressa em função dos
que relacionam a deformação à tensão aplicada segmentos, é:
no material. O modelo para líquidos deve-se a
Sir Isaac Newton (1642-1727), Eq. (1a), e o BB'
tan     . (2)
modelo para sólidos a Robert Hooke (1635- AB
1703) , Eq. (1b):
    taxa
  de
 deformação
 T
     (1a) V
Fluido Newtoniano

  G deformação
     ,
H
(1b)
Sólidos Hookeanos

Fig. 1a - Fluido escoando entre uma placa


Na primeira equação, a constante de
estacionária e outra que se desloca com
proporcionalidade  é denominada de
velocidade constante V devido à tensão
viscosidade dinâmica (unidade [Pa.s] ou
aplicada. O fluido se deforma continuamente
[kg/s/m]). Na segunda, G é a constante de Lamé
devido ao movimento relativo entre partículas.
(G. Lamé 1852) (unidade [Pa]). Estes dois
O perfil de velocidades é linear.
modelos expressam uma importante diferença
existente entre um fluido e um sólido: o fluido,
estando sujeito a uma tensão, se deforma
continuamente; o sólido, não. Em outras
V= 0 T
palavras, forças aplicadas em fluidos causam o
escoamento; forças aplicadas em sólidos
causam deformações. Resulta daí a H
necessidade de se expressar a tensão atuante
no líquido como proporcional à taxa temporal de
deformação (comportamento viscoso); em um
sólido ela é proporcional à deformação Fig. 1b - Sólido sujeito a uma tensão aplicada
(comportamento elástico). A Fig. 1a ilustra um em sua face superior. Diagrama ilustra as
fluido se deformando contínuamente sob ação deformações em função da tensão aplicada.
da tensão T. De forma análoga, a Fig. 1b mostra Em equilíbrio, não há movimento relativo
um sólido que exibe uma deformação fixa para entre as partículas.
cada tensão aplicada.

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ii) Aplicação Eq. (2) para Sólidos:


O segmento BB’ não se deforma
continuamente. Se u é o deslocamento
i) Aplicação Eq. (2) para Fluidos: observado em A, o deslocamento do ponto B em
O segmento BB’ se deforma relação ao ponto A é:
continuamente. Sendo u a velocidade do fluido
em A e t o intervalo de tempo, então:  du 
BB'   y  , (5)
 dy 
 du 
BB'   y   t , (3) substituindo-se Eq. (5) na Eq.(2) obtém-se a
 dy 
deformação do sólido:
Substituindo-se a Eq. (3) na Eq.(2)
du
obtém-se a taxa de deformação para o fluido:  (6)
dy
du
  (4)
dy

du
u y
y dy

B B’ C C’

y

u
A D

x
x

Fig. 2 – Deformação do elemento ABCD  AB’C’D

A extensão destes modelos para um eles impõem um comportamento isotrópico no


estado de tensão tri-dimensional é a equação tensor das tensões, isto é: ij = ji .
constitutiva do material. Ela, de fato, é um
modelo que relaciona deformação com tensão
para sólidos Hookenos ou fluidos Newtonianos.
Expressa em notação indicial, a equação  D xx D yx D zx 
 
constitutiva é dada por : D ij   D xy D yy D zy  
 ij    D ij   ij  2    D ij , D D yz D zz 
(7)  xz
onde ij é o delta de Kronecker; Dij é o tensor
das deformações definido na Eq. (8) (sólido ou  u  u v   u w  
      
fluido); u, v e w são vetores paralelos às x
  y x   z x  
direções x,y,z e representam velocidades ou
1   u v  v  v w  
deformações, dependendo se a matéria é um        
fluido ou um sólido. Finalmente,  e  são 2   y x  y  z y  
parâmetros que dependem da temperatura e  u w   v w  w 
      
expressam, tanto para fluidos como para  z x   z y  z 
sólidos, uma relação linear entre o tensor de
deformações e o campo de tensão. Além disto, (8)

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Os parâmetros  e  são conhecidos


por diferentes nomes quando a equação
constitutiva é aplicada para líquido ou sólido,
veja a tab. 1.

Tabela 1 – Nomes e unidades dos parâmetros  e .

FLUIDOS NEWTONIANOS

 Primeiro coef. de Pa.s ou


viscosidade ou Viscosidade dinâmica N.s/m2 Experimental
viscosidade dinâmica
 Segundo coef. de Pa.s ou  = (2/3)
viscosidade N.s/m2 modelo

SÓLIDOS HOOKEANOS

 G
E Pa ou
Coef. de Lamé, 21    N/m2 Experimental
conhecido por G
E - módulo Young
 - coef. de Poisson
 
E Pa ou Experimental
Coef. de Lamé 1     1  2  N/m2
  (1/4)
E - módulo Young
e=G
 - coef. de Poisson

Por razão puramente didática, as áreas Newtonianos. Paralelamente, os cursos de


de mecânica dos fluidos e de mecânica dos mecânica dos sólidos desenvolvem aplicações
sólidos são apresentadas como se derivassem para sólidos puramente elásticos. Entretanto,
de princípios fundamentais distintos. De fato isto existem fluidos e sólidos que têm
não ocorre, por estranho que possa parecer! comportamento não linear de tensão versus
Ambas as áreas estão fundamentadas em deformação. Mais ainda, há materiais que
conceitos de mecânica dos meios contínuos apresentam, simultaneamente, características
(Fung). Os coeficientes de Lamé são similares viscosas e elásticas: são os fluidos visco-
aos coeficientes de viscosidade: ambos elásticos. As características destes materiais
relacionam tensão com deformação, veja Eq. (7) ampliam a definição de sólidos e fluidos,
e Tab. 1. constituindo uma área de pesquisa ativa (Bird
Normalmente os cursos introdutórios em 1987), conhecida como Reologia, veja diagrama
mecânica dos fluidos desenvolvem seus abaixo.
conceitos principalmente para fluidos

tan = 
Mecânica dos Fluidos
Mecânica dos Sólidos
tan = G
Fluido Newtoniano,  Sólido Hookeano,
comportamento comportamento
puramente viscoso linear  puramente elástico linear

du/dy

REOLOGIA

Fluidos com comportamento 3 comportamento


Materiais com Sólidos com comportamento
não-linear de visco-elástico não-linear de
tensão x deformação tensão x deformação
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2. VISCOSÍMETROS & UNIDADES Os viscosímetros do grupo secundário


inferem a razão entre a tensão aplicada e a taxa
Viscosímetros são instrumentos de deformação por meios indiretos, isto é, sem
utilizados para medir a viscosidade (de líquidos. medir a tensão e deformação diretamente.
Eles podem ser classificados em dois grupos: Nesta categoria pode-se citar o viscosímetro
primário e secundário. capilar onde a viscosidade é obtida por meio da
No grupo primário enquadram-se os medida do gradiente de pressão e o
instrumentos que realizam uma medida direta viscosímetro de Stokes onde ela é determinada
da tensão e da taxa de deformação da amostra pelo tempo de queda livre de uma esfera, veja
de fluido. Instrumentos com diversos arranjos representações esquemáticas na Fig. 4.
podem ser concebidos para este fim: entre eles
há o de disco, de cone-disco e de cilindro D
rotativo. Os respectivos esquemas estão
mostrados na Fig. 3. O simbolo  refere-se a
rotação aplicada e T ao torque medido, que
resulta da tensão oriunda da deformação do
fluido. L V=L/t

D
P

  2B
B Fluido  Q
R 4
R   P  D 4 1 g  D 2  s   f 
 

128  L  Q 18 V
Fig. 4 – Representação esquemática do
 viscosímetro capilar e de Stokes.
B  Fluido 
2R 3 No viscosímetro capilar Q, L, P e D
R são, respectivamente, a vazão volumétrica, a
distância entre as tomadas de pressão, o
diferencial de pressão e o diâmetro do tubo
R0
capilar. Esta relação aplica-se para um
R1 escoamento de Poiseuille, isto é, um
escoamento em regime laminar e
hidrodinâmicamente desenvolvido.
No viscosímetro de Stokes as variáveis:
2 2
  B R1  R 0 g, D, s, f e V são, respectivamente, a
B   aceleração da gravidade, o diâmetro da esfera,
4 R 2  R 2
a densidade da esfera, a densidade do fluido e
1 0
a velocidade terminal de queda livre, isto é, a
razão entre a distância L e o intervalo de tempo
t. Esta relação aplica-se somente para esferas
 em queda livre em meio infinito com Reynolds
menores do que 1.
Fig. 3 – Representação esquemática dos Como os viscosímetros primários
viscosímetros rotativos: disco, cone-disco e realizam medidas diretas da taxa de
cilindro. deformação e da tensão eles podem ser
aplicados para ensaios tanto de fluidos
Newtonianos como de fluidos com

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comportamento tensão versus deformação não-


linear e/ou visco-elástico. Os viscosímetros  3 dV  dV
secundários, por outro lado, aplicam-se D s  3    D V  1  D3f
  2
principalmente a fluidos Newtonianos, por 6    dt
 Arrasto   6    dt

Acel Esfera Massa Virtual
medirem a viscosidade indiretamente. Esta é a
principal diferença entre eles. Outros aspectos
que os diferenciam podem ser citados:
t
3 2 dV d  3
a) O volume requerido de amostra nos  D f     D  s  f   g
viscosímetros de disco e cone-disco são os 2 d t   6      
menores;         0     Peso - Empuxo
Força de Basset
b) A faixa operacional nos viscosimetros de
disco e cone-disco é a maior; (9)
c) O custo do viscosímetro de Stokes é o
menor. Entretanto, é o que necessita de onde D é o diâmetro da esfera , dV/dt a
maior volume de fluido e só trabalha com aceleração da esfera e s e f as densidades da
líquidos translúcidos. esfera e do fluido, respectivamente. Uma
d) Pelo fato de requererem o menor volume de solução geral desta equação integral-diferencial
fluido, os viscosímetros de disco e cone- pode ser encontrada em Yih (1977).
disco são os que mais facilmente se Neste viscosímetro, a uma distância
adaptam para ensaios em temperaturas equivalente a 50 diâmetros do ponto de
diferentes da temperatura ambiente. lançamento da esfera, ela atinje a velocidade
terminal, isto é, dV/dt é nulo. A Eq. (9) se reduz
Unidades de Viscosidade então a um balanço entre a força de arrasto e a
diferença Peso – Empuxo, conforme ilustra a
Viscosidade Dinâmica  Fig. 5.
Para
converter para multiplique
de por:
Kg/(m.s) g/(cm.s) ou 10
Poise (P)
Kg/(m.s) cP 1000
Kg/(m.s) Lb.s/ft2 1
Kg/(m.s) Pa.s 1
ARRASTO
Viscosidade Cinemática  = /
Para
EMPUXO
converter para multiplique
de por:
m2/s cm2/s ou 104
Stoke (St)
m2/s cSt 106
m2/s ft2/s 10,76 PESO

3. VISCOSÍMETRO DE STOKES

O princípio operacional do viscosímetro


de Stokes baseia-se na determinação da
velocidade de queda livre de uma esfera através
do fluido do qual se deseja obter a viscosidade.
A Fig. 4 ilustra o processo.
A esfera, sendo lançada no fluido
Fig. 5 – Balanço de forças e visualização das
estacionário, estará sujeita a um conjunto de
linhas de corrente em uma esfera em queda
forças definidas pela equação denominada
livre. Referencial deslocando-se com a esfera
“BBO” (Bassin, Bousinesq & Ossen – Hinze
num fluido estacionário.
1959):
A força de arrasto pode ser expressa
em termos do coeficiente de arrasto, C D, (White,
1991)

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CD 
3DV

24 1 g  D 2  s  f 

 f V 2 D 2 Re D , (10) 18
V  1  2.1044 D 
 Dt 
2 4  (13)
DV
onde Re D  , 3.1 Metodologia Experimental

ficando o balanço de forças para o escoamento
permanente dado pela Eq. (11), Analisando-se a Eq. (13) chega se à
conclusão que, para determinar a viscosidade
1  D 2  D 3 do fluído, será necessário medir:
CD  f V 2 
 4


  s   f  g ,(11)
2   6
- o diâmetro e a densidade das esferas
Esta solução foi obtida analiticamente - a densidade do fluído
pela primeira vez em 1851, por Stokes. Ela é - a velocidade terminal das esferas
considerada um dos grandes sucessos na área - o diâmetro do tubo
de Mecânica do Fluidos pois prevê, com - a temperatura
precisão, o arrasto de uma esfera a partir de
fundamentos teóricos. Evidentemente a Diâmetro e densidade das esferas. O
validade da solução é restrita a escoamentos diâmetro da esfera deverá ser medido com um
com ausência de inércia, isto é, para regimes micrômetro. A densidade do material da esfera
com Reynolds inferiores à unidade. Uma utilizada em nosso experimento (aço) é
comparação entre a Eq. (10) e dados s  7850 kg/m3 .
experimentais é mostrada na Fig. 6.
Densidade do fluido. Há densímetros no
laboratório para se medir a densidade dos
fluidos utilizados. Muita atenção com a escala
do densímetro: observe que o maior valor da
densidade está no “pé” da escala.

Diâmetro do tubo. Há um paquímetro


para medição do diâmetro do tubo.

Velocidade terminal das esferas. Por


tratar-se de uma velocidade constante, pode ser
obtida medindo-se o intervalo de tempo que a
Fig. 6 – Coeficiente de arrasto para esfera. esfera demora para percorrer uma distância L
no fluido:
Deve-se ressaltar que a Eq. (11) aplica- L
se para um meio infinito. A presença das V (14)
t
paredes do viscosímetro causam um aumento
no coeficiente de arrasto e deve ser corrigido Nos tubos a serem utilizados existem
como proposto por Landenberg, em Brodkey pares de marcas, espaçadas entre sí de 1
1967: metro. O tempo pode ser medido com um
cronômetro. Deve-se prestar atenção ao fato de
que para que a Eq. (14) possa ser utilizada a
24  D 
CD  1  2.0144 , (12) velocidade limite deve ter sido atingida. Uma
Re D  Dt 
  das formas de verificar se a velocidade é a
terminal, é comparar os tempos obtidos entre o
primeiro e o último par de marcas no tubo. Eles
onde Dt é o diâmetro do tubo do viscosímetro. A deverão ser iguais se a velocidade é a terminal.
relação aplica-se somente para esferas
lançadas na linha de centro do tubo. Temperatura. A viscosidade varia com a
muito com a temperatura no caso dos óleos
Substituindo-se Eq. (12) na Eq. (11) e utilizados nos viscosímetros do laboratório.
resolvendo para , obtém-se a expressão de Então, não se esqueça de registrá-la e associá-
trabalho para o viscosímetro de Stokes, Eq. la à viscosidade medida.
(13), desde que ReD seja menor do que a
unidade. 3.2 Medições

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Serão determinadas as viscosidades de apenas uma vez, adote a menor divisão do


dois fluidos: glicerina e um óleo padrão SAE, instrumento como incerteza.
utilizado para lubrificação de motores. Ambos já
estão nos tubos.
Selecione dois conjuntos de 10 esferas, 4. VISCOSÍMETRO COPO FORD
cada conjunto com esferas de mesmo diâmetro
(aproximadamente). Meça cada esfera do Com o Copo Ford infere-se a
conjunto e calcule o diâmetro médio. Você terá viscosidade do fluido a partir da medida do
então dois diâmetros médios, um para cada tempo gasto para esvaziar o reservatório (o
conjunto de esfera. “copo”). É um método simples, rápido e que
Meça agora o diâmetro interno de cada requer um pequeno volume de amostra de
tubo, em várias posições angulares diferentes. fluido. Assim, ele é muito utilizado
Obtenha o diâmetro médio dos tubos. industrialmente. Apesar de medir somente a
Em cada tubo deverão ser então viscosidade do fluido à temperatura ambiente,
jogadas, uma a uma, as 10 esferas, medindo-se ele é bastante adequado para fluidos que
o tempo de queda. Jogue as esferas menores ‘sujam’ ou ‘aderem’, como tintas e vernizes dada
no óleo de menor viscosidade (lubrificante a facilidade de limpeza.
SAE). O outro conjunto de esferas, As dimensões do Copo Ford utilizado na
evidentemente, será jogado no tubo com experiência e detalhes do “giclê” (orifício) estão
glicerina. na Fig. 7.
Meça as densidades e temperaturas do O princípio de funcionamento baseia-se
óleo e da glicerina. na equação de Poiseuille. Assim, o princípio
Anote os valores da menor divisão de operacional do Copo Ford é similar ao do
cada um dos instrumentos utilizados: viscosímetro capilar. Em primeira aproximação
micrômetro, cronômetro, paquímetro, pode-se supor um regime de escoamento
densímetro e termômetro. Adote 0,1 segundo ‘quase-permanente’ durante o esvaziamento do
como a incerteza de medida de tempo (tempo copo e ainda desprezar qualquer perda no copo.
de resposta do operador do cronômetro). Assim, somente as perdas no escoamento
através do orifício, onde a velocidade é maior,
serão consideradas.
3.3 - Cálculos Ainda mais, se os efeitos de aceleração
devidos ao desenvolvimento do perfil
 Valores médios do diâmetro e do tempo de hidrodinâmico no orifício (L/D  2) são
queda das esferas e do diâmetro do tubo. desprezados, pode-se afirmar que a diferença
 Viscosidade dinâmica dos dois fluídos. de pressão do escoamento através do orifício é
 Número de Reynolds das esferas (gh), sendo h a altura do fluido no copo (o
correspondentes a cada fluído. orifício descarrega o fluido na atmosfera):
 Viscosidade cinemática dos dois fluídos.
P  gh . (15)

3.4 - Cálculo das Incertezas

O valor final das viscosidades


cinemática e dinâmica de cada fluído deverá ser
apresentado juntamente com o intervalo de
confiança correspondente à sua determinação,
na temperatura do ensaio.
Utilize o conceito de propagação de
incertezas para determinar a incerteza final da
viscosidade com 90% de confiabilidade.
Especifique a incerteza correspondente a cada
variável medida e indique qual delas contribui
com a maior parcela na incerteza de .
Calcule o intervalo de confiança das
variáveis medidas 10 vezes (utilize t-student,
90%), compare o intervalo obtido com o valor
correspondente à menor divisão do instrumento,
adote como erro correspondente a essa variável
o que for maior. No caso das variáveis medidas

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Há no laboratório dois fluídos diferentes


para ensaio com o Copo Ford. Recomenda-se a
leitura prévia da norma brasileira em anexo e
seguir, cuidadosamente, suas instruções.
Também:
- Meça o tempo de esvaziamento total do fluido
com o cronômetro, repetindo três vezes cada
Fig. 7 – Representação esquemática do Copo ensaio.
Ford e do “gliclê” (orifício). - Consulte a norma e verifique se o tempo
medido está dentro da faixa de trabalho do copo
Ford disponível no Laboratório (Copo Ford N o.
Assim, se p é a perda de pressão de 3).
um escoamento de Poiseuilli (veja Fig. 4), tem- - Meça a temperatura do óleo no copo que
se: armazenará o fluido esgotado.
- Meça, com o densímetro, a densidade do
QL
gh  128 fluído.
D 4 (16) - Anote a menor divisão de todos os
instrumentos utilizados: cronômetro, densímetro,
termômetro.
Então, se Q  A T dh dt , sendo AT a
4.2 Cálculos
área transversal do copo e dh/dt a variação do
nível do fluido no copo com o tempo, chega-se à Calcule o valor médio dos tempos de
Eq.(17): esvaziamento total do copo.
Calcule as duas viscosidades
dt dh 128  A T  L cinemáticas com a correlação correspondente
 
 h gD 4 (consulte a norma).
     Calcule as duas viscosidades
const.C , (17) dinâmicas.
Integrando-se Eq. (17) obtém-se uma
expressão aproximada para a viscosidade 4.3 Cálculo da Incerteza
cinemática em função do tempo é:
Calcule o intervalo de confiança dos
t tempos de esvaziamento, compare com a
 , (18)
C  ln h f h 0  menor divisão do cronômetro e com o tempo
médio de reação de uma pessoa: 0,1 s. Adote
onde h0 é a altura inicial e hf é a altura final do como erro na medida o que for maior.
fluido no copo. Logo, a Eq. (18) é uma Também neste caso será necessário
expressão analítica aproximada que utilizar o conceito de propagação de incertezas.
correlaciona o tempo de esvaziamento do copo Utilizando as equações correspondentes,
com a viscosidade. Ela é, então, a base da calcule o erro na determinação da viscosidade
equação proposta pelo fabricante do Copo Ford: cinemática e dinâmica. Nos parâmetros
  A  t  B . (19) medidos apenas uma vez, adote como incerteza
a menor divisão do instrumento. Considere
As constantes A e B são definidas desprezível a incerteza dos coeficientes da
experimentalmente pelo fabricante e “corrigem” correlação utilizada no cálculo da viscosidade.
todas as aproximações da análise: perdas no
escoamento no copo, efeitos de aceleração 5. RESULTADOS FINAIS & CONCLUSÕES
desprezados, o fato de que o copo é cônico na
base, que o intervalo de tempo é medido para o  Comente os valores obtidos para o número
esgotamento total do copo (até a interrupção do de Reynolds e para o tempo característico na
jato contínuo e surgir a primeira gota no orifício), determinação da viscosidade com o método
etc, etc. A Eq. (19) é, então, a curva de de Stokes.
conversão entre o tempo de esvaziamento total  Apresente seus resultados na forma de
do copo e a viscosidade cinemática do fluido. As tabelas indicando valores intermediários, o
constantes variam, evidentemente, com valor médio final e a incerteza associada.
diferentes orifícios. Compare seus resultados com dados de
outra fonte. Comente as semelhanças e
4.1 Medições diferenças.
 Compare os dois métodos: vantagens e
desvantagens de cada um, fontes de erro em

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cada um. O quê poderia ser melhorado nas


determinações?

6. REFERÊNCIAS.

- Bird, R.B.; Armstrong, R.C. and Hassager, O.;


“Dynamics of Polymeric Liquids”, John Willey,
1987.
- Brodkey, R.S.;”The Phenomena of Fluid
Motions”, Addison-Wesley, 1967.
- Fung, Y.C., “A first couse in Continuum
Mechanics”, Prentice-Hall, N.J.
- Hinze, J.O.; “Turbulence”, McGraw-Hill, 1959
- Yih, C.S.; “Fluid Mechanics”, West River, 1979
- White, F.M.;”Viscous Fluid Flow”, 2nd ed.
McGraw-Hill, 1991.

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