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um data center
Wagner Luiz Zucchi
RESUMO ABSTRACT
Palavras-chave: data center, projeto de Keywords: data center, data center project,
data center, projeto modular, infraestrutura modular project, data center infrastructure.
para data center.
O
termo data center, data center pode-se ter centenas ou milhares WAGNER LUIZ
ZUCCHI é professor
que pode ser tradu- de computadores, ao invés de um único, ou do Departamento
zido como “centro alguns poucos computadores, em um CPD. A de Sistemas Eletrônicos
da Escola Politécnica
de dados”, aparece segunda diferença é consequência do avan- da USP e coordenador
com f re quência ço tecnológico da informática: a capacidade do curso Data
Centers na Era da
crescente na litera- de processamento e de armazenagem de um Sustentabilidade do
tura especializada centro moderno é muito maior que a do am- Programa de Educação
Continuada (Pece)
ou não. A importância das informações ar- biente legado. Uma terceira diferença ainda da Escola Politécnica
mazenadas nos seus equipamentos e a quan- deve ser apontada: um CPD clássico é essen- da USP.
tidade de dinheiro que se gasta na construção cialmente um produto, adquirido de um úni- ANDERSON BARRETO
de um data center explicam que eles sejam co fornecedor, que atua como projetista, inte- AMÂNCIO é professor
do curso Data
notícia na grande imprensa e chamem a aten- grador e implementador de todo o ambiente. Centers na Era da
ção do público, quase como novos templos da Em um moderno data center a convivência Sustentabilidade do
Programa de Educação
moderna civilização. de equipamentos de dezenas de fornecedores Continuada (Pece)
É justificável, portanto, que o não espe- é quase sempre inevitável. da Escola Politécnica
da USP.
cialista se pergunte: o que exatamente é um A Figura 1 tenta ilustrar visualmente a
data center? Quais suas principais funções? diferença entre um CPD clássico e um data
Como ele deve ser projetado e construído? center moderno.
Por que são tão caros? Que considerações A consideração dessas diferenças, ou me-
devem ser feitas para a preservação dos in- lhor, dessas características de um moderno
vestimentos realizados? Quais são seus im- data center, faz surdirem algumas questões
pactos ambientais? Qual a importância da de modo quase inevitável.
cloud computing (computação em nuvem) Antes de tudo, um data center precisa ser
para um data center moderno? Neste artigo bem planejado, ou melhor, precisa ser proje-
dois professores do curso de projeto de data tado. O aumento da quantidade de compu-
centers do programa de Educação Continua- tadores faz aumentar o número de conexões
da da Escola Politécnica tentam responder a de forma geométrica. As pessoas se surpre-
essas perguntas para o público em geral, sem enderiam se soubessem a frequência com
os detalhes de um curso para engenheiros. que se encontram situações semelhantes à
Um data center é o sucessor dos centros da Figura 2.
de processamento de dados dos anos 70 e É claro que ninguém inauguraria um
80. Uma diferença importante é que em um data center na situação mostrada nessa fi-
FIGURA 1
FIGURA 3
Espaço Conectividade
físico
Capacidade
funcional
Potência
Peso
Resfriamento
um mesmo ambiente, é possível ter vários munications Infrastructure Standard for Data
tipos de RLUs. Centers). Esse padrão prevê vários níveis
A partir da definição do módulo de equi- de confiabilidade em data centers, classifi-
pamentos, são dimensionados os elementos cando-os de acordo com o tempo em que o
de infraestrutura, que são representados na ambiente possa estar inoperante. A Tabela 1
Figura 3. Esses elementos devem ser recalcu- mostra as características funcionais de cada
lados em cada nível da hierarquia de agrupa- categoria de ambiente.
mento, pois sempre há equipamentos extras A abordagem usada nessa norma consiste
a serem acrescentados, novas conexões, e em definir uma série de elementos funcionais
assim por diante. que se conectam hierarquicamente. Os data
É claro que, se as demandas forem sem- centers de menor porte e de menor confia-
pre crescentes, um dia a capacidade de aloca- bilidade possuem um subconjunto menor
ção de novos módulos, em qualquer uma das de elementos funcionais, mas os padrões de
hierarquias do data center, estará esgotada. construção permanecem sempre os mesmos.
Espera-se que isso possa ocorrer em um pra- Assim, qualquer que seja o tamanho do
zo semelhante ao da própria obsolescência data center sempre teremos elementos como
dos equipamentos. uma área de distribuição horizontal e uma
Pode-se perguntar se essa abordagem área de distribuição principal. À medida que
de modularidade é aplicável a data centers o número de módulos de equipamentos se
de diferentes tamanhos, com requisitos bem amplia, outros desses centros de distribuição
diferentes de confiabilidade e de tempos de podem ser agregados ao ambiente, mantendo
parada. Aqui, entra o terceiro elemento im- a estrutura modular, que é a base do projeto.
portante do projeto: a normalização. A Figura 4, baseada em um modelo da
A principal referência técnica disponí- norma citada, mostra os elementos funcio-
vel no momento para o projeto de um data nais em um típico data center de nível 1.
center é a norma EIA/TIA-942 (Telecom- Como mostra essa figura, um data center
FIGURA 4
Sala de Distribuição
telecom. principal
Cabeamento de backbone
Cabeamento horizontal
pode começar bem pequeno, com um único de calor. O custo da energia é cada vez mais
módulo de equipamentos, mas pode crescer um componente importante nos custos ope-
sem perder sua organização. racionais na construção de um IDC. Nesse
As características de atualização tecno- sentido, todos os esforços possíveis devem
lógica, modularidade e padronização apare- ser feitos para conter gastos desnecessários.
cem também na infraestrutura de energia, Deve ser observado que as perdas por
refrigeração e outros aspectos ambientais calor geradas em um cabo caminham lado a
do data center, como se verá a seguir. lado com uma redução na tensão disponível
na extremidade junto à carga. Desse modo,
ASPECTOS AMBIENTAIS é de bom senso supor que se devam adotar
DE UM DATA CENTER projetos de distribuição que visem reduzir,
na prática, as perdas de energia.
O desafio dos novos projetos de data cen- Teoricamente, seria possível reduzir a
ter é conseguir maior eficiência dos diver- perda de energia a valores insignificantes,
sos elementos construtivos e de instalação, aumentando-se a seção do condutor. No en-
o que se traduz em menor consumo. Entre tanto, como isso significa aumentar o custo
os vários elementos a serem considerados, do cabo, tende-se a anular a economia con-
pode-se citar: seguida pela melhoria da eficiência na distri-
buição, sendo necessário encontrar-se então
n e nergia para alimentação dos equipamen- um compromisso entre essas duas variáveis.
tos de rede e servidores; A melhor ocasião para incorporar uma
n ar condicionado; distribuição de alta eficiência é na etapa de
n geração e manutenção da energia; projeto, quando custos adicionais são margi-
n e lementos de detecção e combate a incên- nais. É fácil compreender que, após a insta-
dio que não agridam a natureza e que não lação, é muito mais difícil e caro incorporar
coloquem em risco a continuidade das ati- melhorias a um circuito.
vidades; O problema central é o de identificar
n s egurança e controle de acesso uma vez que uma seção de condutor que reduza o custo
os dados armazenados podem ser de extre- da energia desperdiçada, sem incorrer em
ma importância para quem os armazena. custos iniciais excessivos de compra e insta-
lação de um cabo. Cabe ao projetista, durante
A energia para o IDC (internet data cen- a fase de planejamento, estudar a melhor for-
ter) é o elemento sensível, uma vez que é ma para que, no tempo, um correto dimensio-
fundamental não só para a alimentação dos namento da distribuição do sistema elétrico
servidores e equipamentos de rede como tam- se torne eficiente e retorne em benefícios
bém para o ar-condicionado, que é conside- para a instalação.
rado o vilão do consumo de energia elétrica. Outro ponto que deve ser levado em con-
Quando se projeta a distribuição de ener- sideração e que também afeta o cálculo dos
gia, deve-se ter em mente os seguintes crité- condutores elétricos é a utilização de cabos
rios de projeto: com capa externa do tipo livre de halogênios
e baixa emissão de fumaça, mantendo, des-
n queda de tensão; sa forma, maior tempo para que os usuários
n fator de agrupamento; possam deixar o local de forma adequada no
n temperatura; caso de um princípio de incêndio.
n proteção. Também deve ser considerada, no projeto,
a maneira de se instalar o cabo, ou seja, por
Vale lembrar que toda a distribuição, por meio de piso elevado com eletrocalhas, tubu-
meio de cabos, também é uma resistência lações metálicas rígidas, flexíveis, canaletas
que consome energia e a dissipa em forma de parede, espaços de construção, eletrocalhas
FIGURA 5
Sem proteção
I2t > K2S2 K2S2
Im
FIGURA 6
FIGURA 7
FIGURA 8
FIGURA 9
Geração de energia
Biogás
Modelo Pot. elétrica Versão aberta open set Eficiência Rot. do
contínua Motor elétrica Emissão NOx motor
Compr. Larg. Peso
kW** Tipo (m) (m) (t) (%)* (g/hp-h) rpm
C1750N6C LBTU 1570 QSV91G 7,4 2,1 21,1 36,3 a 37,1 1,2 1500
C2000N6C LBTU 2000 QSV91G 7,1 2,2 20,7 37,1 0,5 1514
FIGURA 10 FIGURA 11
FIGURA 12 FIGURA 13
(teto)
H H
H H
C
CRAC
CRAC
H H
(piso)
(plenum/câmara de distribuição)
FIGURA 14
Adaptador T de fim
macho NPT Atuador Atuador de linha
(CP 1118625) manual da pneumático de atuação
válvula da válvula
(CP 1117001) (CP1117019) piloto
Válvula de (CP 1118611)
retenção do
tubo coletor
de 3˝ (80 mm) Válvula
(CP 1118538) de alívio
(CP 1110173)
Atuador
elétrico
da válvula
(CP 1118481)
Válvula de
retenção de
atuação piloto
(CP 1118560)
Cilindro primário Cilindro escravo Cilindro escravo Cilindro escravo Cilindro escravo
Configuração típica de cilindros primário e escravos
FIGURA 15
CAN-BUS
Detector óptico invisível
Acionador manual
endereçável
Módulo de
2 entradas
Detector de fumaça/calor
Módulo dispositivo de campo
Detector
Detector óptico/térmico
óptico/térmico
Finalmente, entre os itens que se consi- grados a ponto de ativar ou desativar servido-
deram importantes no projeto de data center, res em momentos críticos, acionar um sistema
não se pode esquecer o controle de acesso a de combate a incêndio, geração de energia,
esse ambiente que é tão importante e vital. UPS, detectar intrusão e avisar os gestores
Existem hoje diversos sistemas de autenti- por meio de e-mail, SMS, ou outras formas
cação, sendo os mais sofisticados os biométri- sobre os eventos ocorridos no data center.
cos. Sistemas sofisticados de identificação pela
íris, palma da mão, reconhecimento da face e COMPUTAÇÃO
até pelo odor podem ser encontrados. A Figura EM NUVEM
16 apresenta uma ilustração desses sistemas.
Todos esses sistemas podem e devem ser As pessoas por vezes têm a impressão de
monitorados por softwares de gerenciamento que, com a disseminação da computação em
da infraestrutura baseado em rede de dados nuvem, os data centers tendem a diminuir
por meio de protocolos tipo SNMP ou geren- em tamanho e em importância. É pouco pro-
ciamentos baseados na Web. Sem um sistema vável que tal ocorra.
efetivo de gerenciamento, as falhas demoram A computação em nuvem significa que
a ser detectadas e o são, muitas vezes, quan- a capacidade de processamento pode ser
do seus efeitos já se tornaram irreversíveis. alocada de forma dinâmica, independente
A Figura 17 ilustra a operação do sistema de localização física, mas é exatamente nos
de gerenciamento de ambiente. data centers que essa capacidade computa-
Esses sistemas de gerenciamento são inte- cional reside.
FIGURA 17
H Temp
Ar-condicionado
Detector de água
Temperatura
Contato
de porta
Temperatura
S
NM
W
Detector AC W
W
S
SM
Internet E-Mail
Em outros tempos, uma aplicação execu- como seu ambiente operacional, passam a ser
tava em uma máquina com específicas carac- virtuais e também podem ser mudados de
terísticas físicas e de sistema. De uma forma um equipamento físico para outro.
ou de outra acabavam por aparecer depen- É óbvio que isso aumenta muito a impor-
dências entre a aplicação e o seu ambiente, tância da normalização. Ao invés de se ter
de modo que ficava difícil encontrar um am- um módulo de processamento físico, compa-
biente equivalente quando se queria migrar a tível com algumas aplicações, mas não com
aplicação de uma máquina para outra. outras, ele passa a ser virtual e compatível
Com a virtualização tudo mudou. As ca- com um número muito maior de aplicações
racterísticas físicas de um computador, bem de potenciais clientes.