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200 anos de nascimento de Louis

Braille
01:10 / 27 de Março de 2009
METRO

Um café da manhã realizado na Biblioteca Pública Menezes Pimentel abriu as


comemorações do bicentenário de Braille

O poder da leitura nas pontas dos dedos. O sistema braille, para os cegos, é a porta
aberta para os estudos e uma forma de ganhar autonomia num mundo tão despreparado
para dar suporte aos que têm necessidades especiais. Para marcar os 200 anos de
nascimento de Louis Braille, criador desse sistema de escrita e leitura, um café da
manhã foi realizado ontem, na Biblioteca Pública Governador Menezes Pimentel.

O evento abriu as comemorações, organizadas pela Comissão Estadual para o


bicentenário de Louis Braille, presidida por Francisco Ferreira da Silva juntamente com
as demais entidades e segmentos da sociedade civil organizada. A homenagem, que se
estenderá até janeiro de 2010, pretende envolver todos os segmentos da sociedade e
propiciar uma ampla reflexão sobre o uso do Sistema Braille como instrumento
indispensável às pessoas com deficiência visual.

Criado em 1837, o braille foi um marco para os estudantes cegos e mudou o


aprendizado dos deficientes visuais. “o sistema braille ajuda os alunos a abrirem seus
horizontes, além de interferir diretamente no desenvolvimento deles”, afirma a
professora da Sociedade de Assistência aos Cegos, Idalina Soares.

Apesar dos avanços trazidos pelo sistema braille, a educação dos cegos ainda é uma
dificuldade nas escolas regulares, especificamente por conta da dificuldade em
conseguir o material didático e pela falta de estrutura adequada nas escolas. De acordo
com a coordenadora da equipe de educação inclusiva da Secretaria Municipal de
Educação, Rejane Araruna, das mais de 400 escolas de Fortaleza, somente 92 contam
com uma sala de atendimento especializado. Mas ela diz que estão sendo implantadas,
em 26 escolas, salas multifuncionais, dentro dos padrões do MEC, para trabalhar todas
as deficiências, que contarão com professores especializados.

Segundo Rejane, os alunos cegos das escolas municipais também recebem suporte dos
Centro de Atendimento Psicossociais, que fornecem o material necessário. “Quando o
aluno não recebe o livro, o CAPS faz a tradução do nosso material. O aluno também vai
desenvolver junto com a escola regular, a alfabetização em braille. Nossas condições
ainda são limitadas, mas a inclusão é uma aposta desta gestão”.

OPINIÃO DO ESPECIALISTA
Inclusão na escola

ELINALVA ALVES DE OLIVEIRA


elinalvaalves@yahoo.com.br
Mestre em Educação Especial e professora da Rede Pública
Em se falando de inclusão escolar e social, é premente que sejam oferecidas diversas
ferramentas e se estabeleçam outras perspectivas capazes de quebrar barreiras físicas,
afetivas e sociais para que ´todas as pessoas com deficiência´ possam se desenvolver, ir
à escola, participar efetivamente da vida social que é possibilitada aos demais.

As deficiências são construções sociais, então para que os anseios desse segmento sejam
alcançados, necessário se faz que as políticas públicas sejam voltadas para atender a
esse grupo ora excluído, diante de suas necessidades trazidas pela dinâmica social.
Ainda se vislumbram políticas de inclusão segmentadas, pensadas de modo isolado.

O poder público deverá permitir a participação setorial para que haja uma concretização
do objetivo traçado na Declaração de Salamanca e outros instrumentos legais, uma vez
que não se pode pensar em políticas de inclusão escolar ou social de forma isolada. O
que se evidencia hoje ainda é a forte exclusão social. As especificidades e as
singularidades de cada grupo minoritário não estão contempladas de forma efetiva.

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