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Modelagem de Sistemas Dinâmicos – Jun/2019

Modelagem de propagação de
Fake News no Brasil
Luis Gustavo Rufino de Souza
Luiz Filipe Oliveira Santos
Pedro Henrique Jacinto dos Santos
Pedro Henrique Monteiro da Silva Carvalho
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ – UNIFEI

RESUMO
A partir de trabalhos que estudam a dinâmica de doenças infecciosas em epidemiologia, especificamente a
partir do modelo SIR, propomos um modelo de sistema dinâmico visando analisar o espalhamento de Fake
News, levando em consideração o contato entre indivíduos e através de um meio de comunicação em massa,
a internet. Foi-se feito esse estudo em cima do nosso país, mais precisamente para cada uma das cinco regiões
do Brasil. Dados foram coletados com relação a escolaridade e acesso à internet nessas regiões. Através da
plataforma MatLab, foi analisado o comportamento do sistema de propagação de notícias, visando de forma
qualitativa a influência de cada parâmetro apresentado no trabalho.

_______________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO O sistema que melhor se assemelhava com


O modelo matemático proposto e desenvolvido nosso sistema de informação sobre Fake News, foi
pode ser usado para explicar o comportamento o Epidemiologia Matemática (SIR), que tem como
subjacente de sistemas reais, ou seja, esse sistema o propósito determinar de maneira matemática a
tenta traduzir na forma de equações diferenciais o epidemia de tais doenças ao longo de regiões e em
comportamento real do fenômeno que irá ser função do tempo como será o comportamento dessa
abordado. epidemia. Esse modelo, já foi aprimorado várias
Para esse sistema, as variáveis de entradas vezes e seu estudo começou entre 458-377 a.C.
escolhidas para o sistema, tem como o objetivo com Hipócrates, a qual ele demostrava interesse em
serem representativas e exercerem maior influência relacionar mortalidades humanas as doenças
no problema e assim poderemos determinar como infecciosas.
as variáveis se interagem entre si, e como o sistema Como nosso sistema de Fake News se relaciona
se comporta ao longo do tempo. com o espalhamento de doenças infecciosas, esse
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modelo foi adotado o adaptando a nosso problema • Felicidade: garante sua propagação
real. Partimos da lei de ação de das massas, a exatamente por transmitir a sensação de
incidência ( que para epidemia seria número de contentamento da notícia.
novos casos, mas para nosso sistema seria o • Medo: por constituir uma ameaça e fazer
crescimento do número de casos de Fake News) a com que o indivíduo o aceite como verdade por
qual é proporcional ao número de pessoas que são questão de segurança.
suscetíveis a receber a notícia (mesmo grau social, • Economia: leva em conta o poder de
familiares, quantidade de mídias sociais que a influência que pode ter sobre pessoas ou
pessoa frequenta) e pessoas que já receberam essa organizações que detém o controle e influenciam
notícia e poderiam repassar. o mecanismo econômico.
A intensidade com que ocorre o espalhamento • Conformidade e inovação: como no caso
da notícia é similar a gravidade da infecção de uma do apego ao tradicional e do repudio ao novo,
doença, que é definida como a taxa per capita com podem se replicar por serem simplesmente mais
que indivíduos suscetíveis adquirem a informação, aceitos socialmente.
por unidade de tempo. Ou seja, a força que a notícia
pode se espalhar depende somente do número de 2. OBJETIVOS
indivíduos que possuem a informação e está • Formular um modelo matemático que
diretamente relacionado com a taxa de contatos descreva a analogia existente entre o espalhamento
efetivos per capita. de informações de Fake News;
O risco de a pessoa adquirir a informação • Determinar as soluções analíticas do
depende do padrão de contatos entre os indivíduos sistema de equações diferenciais ordinárias;
e da presença das pessoas que já possuem a
• Analisar a dinâmica do espalhamento de
informação. Logo, temos um efeito sazonal e Fake News numa população por meio das
demográfico, que influenciam o número de
simulações numéricas;
contatos entre indivíduos, por unidade de tempo.
• Analisar os resultados numéricos e
Dentro desse processo de comunicação e
interpretar suas implicações com as soluções
consequentemente de transmissão de informação,
analíticas encontradas para o modelo;
foi classificado algumas características que podem
• Observar as conclusões obtidas e associar a
influenciar:
sua utilização no combate a propagação de Fake
• Experiência: correlaciona o universo de
News.
experiência dos indivíduos, com o objetivo de
facilitar sua crença e consequentemente sua
3. FORMULAÇÃO DO MODELO
propagação
Os modelos matemáticos que descrevem os
processos de contágio social possuem algumas

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características semelhantes aos modelos que matemática dividindo-se a população em


descrevem a transmissão de doenças em uma subpopulações, ou seja, os indivíduos estão
população (Dickinson&Pearce, 2003). presentes em compartimentos, classificados de
acordo com a susceptibilidade em relação à
Embora a dinâmica desses dois fenômenos
informação, e em condições específicas
apresente semelhanças, é importante ressaltar que
(Diekmann&Heesterbeek, 2000).
existem diferenças qualitativas e quantitativas entre
o espalhamento de ideias e a propagação de Neste trabalho, assumimos uma situação
doenças. O espalhamento de uma ideia é hipotética na qual a população total (N) é
geralmente consequência de um ato intencional da subdividida em classes de indivíduos
parte de quem a transmite ou de quem a adota “susceptíveis” (S), “infectados” (I) e “recuperados”
(Bettencurt et al., 2005; Kosfeld, 2005). De uma (R) pela inovação. Cada uma dessas classes será
forma geral, a aquisição de novas ideias é sempre ainda subdividida em dois grupos: um grupo é
vantajosa; fato que já não ocorre em relação à formado pelos indivíduos mais receptíveis a novas
“aquisição” de uma doença, que geralmente é um ideias, enquanto que no outro grupo, os indivíduos
ato involuntário de quem a transmite e de quem a têm um comportamento mais resistente às
adquire. novidades.

O ponto de partida deste estudo é a Assim, define-se a população total:


consideração que tanto a ideia/informação quanto a
𝑁 = 𝑆1 + 𝑆2 + 𝐼1 + 𝐼2 + 𝑅1 + 𝑅2
doença, têm a característica comum de serem
“transmitidas” na população e podem ser Com S1, I1 e R1 sendo os indivíduos mais

adquiridas por um indivíduo que esteja suscetível a receptíveis a inovação e S2, I2 e R2 sendo os

elas. E dentro deste contexto social e indivíduos mais resistentes à inovação.

epidemiológico, propomos um modelo matemático Também é importante ressaltar que, de


para descrever a dinâmica da transmissão de ideias, forma diferente ao que ocorre na maioria dos
e investigar o espalhamento delas na população. modelos de transmissão de doenças, aqui não
Para isso, são empregados não só os conceitos faremos distinção entre indivíduos infecciosos e
epidemiológicos que descrevem a dinâmica da infectados, ou seja, no momento que o indivíduo
transmissão de doenças, como também se avaliam aceita a novidade, ele torna-se “infectado” e,
a influência da Internet nesse processo, portanto, transmissor da informação. Além disso,
demonstrando o quão poderoso pode ser essa esses agentes transmissores da novidade mantêm
ferramenta. suas características, ou seja, o grupo I1 representa

Também apropriaremos a nomenclatura o conjunto dos indivíduos que são mais receptíveis

utilizada nos modelos em epidemiologia à novidade e também possuem maior capacidade de


comunicação. No grupo I2 estão aqueles indivíduos
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com características mais conservadoras em relação idéia. Sob o aspecto epidemiológico, tal situação
à aceitação de uma nova ideia, com menos representa os indivíduos infectados recuperando-se
capacidade ou interesse em difundi-las. da doença com imunidade permanente.

Portanto, assume-se que o contato entre os Como o modelo a ser simulado tomará
indivíduos “infectados” I1 e os “susceptíveis” S1, como amplitude o Brasil comparando como a
ocorre a uma taxa β1, e, entre os indivíduos I1 e S2, transmissão de uma Fake News nas diferentes
a uma taxa β2. Porém, os indivíduos “infectados” regiões do país (Norte, Nordeste, Centro-Oeste,
I2 influenciam os indivíduos S1, mais receptíveis à Sul e Sudeste) foi necessário adotar quais pessoas
inovação, a uma taxa β3 = σ.β3, e também da população de certa região pertencerá ao grupo
influenciam os indivíduos S2, menos receptíveis à S1 (Suscetíveis e receptíveis à inovação) e quais ao
inovação, a uma taxa β4 = σ.β2. O parâmetro σ grupo S2 ( Suscetíveis e resistentes à inovação ).
representa a eficiência dos indivíduos I2 na
Para isso, adotou-se como critério o nível de
transmissão da informação e se σ = 0 a transmissão
escolaridade:
não ocorre; se σ = 1 a transmissão é perfeita. Como
nenhum desses casos extremos é real, assumimos 0 - Indivíduos da população de cada região que

<σ < 1. possuem 1* ciclo fundamental completo (1* ao 5*


ano) ou mais e tenha mais de 15 anos fazem parte
Consideramos também a situação na qual
do grupo S1
uma vez adaptados à inovação, os indivíduos
“infectados” recuperam-se depois de certo período - Indivíduos da população de cada região que

de tempo. Desta forma, deixam de acreditar na possuem 2* ciclo fundamental completo (6* ao 9*

idéia ou simplesmente se esquecem da novidade ano) ou mais e tenha mais de 15 anos fazem parte

passando para o compartimento dos indivíduos do grupo S2

“recuperados”, R1 e R2, a uma “taxa de *Os dados utilizados na simulação foram retirados
esquecimento” γ1 e γ2 , respectivamente. Assim, o do Censo Demográfico do IBGE 2010
inverso de γ1 e γ2 representam os tempos nos quais
os indivíduos permanecem contaminados pela
Tabela 1 – Definição e associação das variáveis do sistema
indivíduos da população de cada região que possuem 1* ciclo fundamental
S1
completo (1* ao 5* ano) ou nenhuma instrução e tenha mais de 15 anos

indivíduos da população de cada região que possuem 2* ciclo fundamental


S2 completo (6* ao 9* ano) ou mais e tenha mais de 15 anos

I1 indivíduos infectados com interesse em difundir informações

I2 indivíduos infectados com baixo ou nenhum interesse em difundir informações

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R1 indivíduos recuperados proveniente do grupo I1

R2 indivíduos recuperados proveniente do grupo I2

β1 Coeficiente de transmissão de informação entre I1 e S1

β2 Coeficiente de transmissão de informação entre I1 e S2

β3 Coeficiente de transmissão de informação entre I2 e S1

β4 Coeficiente de transmissão de informação entre I2 e S2

γ1 Taxa de recuperação ou de "esquecimento" de I1

γ2 Taxa de recuperação ou de "esquecimento" de I2

p Proporção de indivíduos susceptíveis que entram no sistema 0 < p < 1

π Fluxo de entrada de indivíduos suscetíveis

µ Taxa de mortalidade natural

λ Taxa de transmissão da informação em massa

σ Eficiência da transmissão da informação 0 < σ < 1

Baseado nas suposições descritas


anteriormente, a dinâmica do modelo, pode ser
Para simplificação do problema foi adotado
então descrita pelo seguinte sistema de equações
que a quantidade de pessoas é constante, ou seja,
diferenciais ordinárias.
nenhum indivíduo migra ou entra no sistema e não
ocorre mortalidade no período simulado de 12
meses (1 ano) ( p= π = µ = 0).

4. COLETA DE DADOS

Para a realização da simulação do problema, foi


necessário coletar alguns dados com relação ao
censo demográfico do IBGE de 2010.
Primeiramente foi pesquisado, uma relação dos
indivíduos com primeiro ciclo fundamental
completo ou sem instrução e outra com segundo
ciclo fundamental completo ou mais de
escolaridade. Além disso, para análise de

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transmissão em massa, foi obtido o percentual de


indivíduos em cada região que apresenta acesso à
internet.

Gráfico 1 – Nível de escolaridade no Brasil segundo IBGE 2010

36.955.379
Até o Fundamental I completo Fundamental II em diante

40.000.000
Quantidade de Habitantes

20.014.627
35.000.000
17.547.948

17.544.303
30.000.000

11.871.859
25.000.000

7.277.234
20.000.000

5.991.503
5.307.544
4.381.414

3.569.703
15.000.000
10.000.000
5.000.000
0
Norte Nordeste Centro-Oeste Suldeste Sul

Gráfico 2 – Percentual de pessoas com acesso a internet segundo IBGE 2010

80,0% 71,8% 72,3%


67,6%
70,0%
60,0% 54,3% 52,3%
Porcentagem

50,0%
40,0%
30,0%
20,0%
10,0%
0,0%
Norte Nordeste Centro-Oeste Suldeste Sul
Estados

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste tópico, apresentaremos os resultados Fake News, nas cinco regiões do país por meio da
obtidos utilizando o software MATLAB, com internet e do contato de boca a boca entre os
objetivo de associá-los de forma qualitativa ao indivíduos.
modelo matemático desenvolvido nesse trabalho.
Para isso, foi desenvolvido uma função no
Os resultados encontrados simulam o software para a realização da solução do sistema de
comportamento da dinâmica de propagação de equações diferenciais.
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Figura 1 – Função implementada no MATLAB para solução do problema


Para a apresentação dos dados, foi utilizado o comando para a plotagem dos gráficos dos grupos S1,
S2, I1, I2, R1 e R2.

Figura 2 – Algoritmo para a apresentação dos dados

Com o objetivo de simular a análise de Os coeficientes de transmissão (𝛽) foram


propagação de Fake News por região, foi-se adotados arbitrariamente, levando em conta o
adotado alguns parâmetros em comum, para todos poder de convencimento (difundir informações) de
os estados que podem ser vistos a seguir: acordo com classificação dos indivíduos em grupo
1 e grupo 2 e com isso, referenciou- se os valorem
𝛽1 = 0,6 , 𝛽2 = 0,4 , 𝛽3 = 0,6𝜎 ,
0,6 e 0,4 respectivamente aos grupos. Já a taxa de
𝛽2 = 0,4𝜎
esquecimento (𝛾), foram escolhidas levando em
𝛾1 = 0,1666 , 𝛾2 = 0,3333 conta que os indivíduos do grupo 1 levam em torno

𝑝=𝜋=𝜇=0 de 6 meses para esquecer a informação e o

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indivíduo do grupo 2 levam aproximadamente 3 indivíduos que possuem 1° ciclo fundamental


meses. completo ou nenhuma instrução em relação a
população total de cada região. Na região do Brasil
Os coeficientes 𝜎 (eficiência na
que se atingiu o maior valor de indivíduos sem
transmissão) e 𝜆 (taxa de transmissão em massa)
instrução, foi-se parametrizado 𝜎 = 1, que no caso
foram adotados segundo a coleta de dados, então os
foi o Nordeste. As demais regiões através de uma
mesmos, variam para cada região do Brasil. A
simples regra de três, obtiveram sua eficiência na
escolha da taxa de transmissão em massa se deu
transmissão particular, tomando o Nordeste como
pelo percentual de indivíduos da população de certa
valor referencial. Abaixo seguem os valores
região que possui acesso à internet. Já a eficiência
adotados para cada região.
na transmissão foi adotada a partir da proporção de

Tabela 2 – Taxa de transmissão em massa e eficiência na transmissão

Taxa de Eficiência de
Região transmissão em transmissão
massa (𝜆) (𝜎)
Norte 0,543 0,86
Nordeste 0,523 1
Centro-Oeste 0,718 0,77
Sudeste 0,723 0,78
Sul 0,676 0,79

Considerou-se para todas as simulações que no Fake News, sendo o número de indivíduos
instante inicial, ou seja, t = 0, não se houve nenhum infectados nos dois grupos idênticos, ou seja, I1 =
indivíduo recuperado, ou seja, R1=R2=0. Já com I2 = 0,05.
relação aos infectados, levou-se em conta que
apenas 10% da população estaria infectada com a

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Gráfico 3 – Região Norte (𝑺𝟏 = 𝟎. 𝟒, 𝑺𝟐 = 𝟎. 𝟓 → 𝒕 = 𝟎)

Na região Norte, observou-se que os Percebemos também que nem toda


números de infectados do grupo I1 e grupo I2 população é infectada, isso advém do fato que
tiveram um crescimento parecido durante os 2 existem indivíduos que são mais resistentes a
meses após o espalhamento da fake news, isso se aceitação de uma fake news, por conta de uma
dá pelo fato que os números de indivíduos com formação mais completa e porque apenas 54% de
baixa e alta escolaridade nessa região tem números toda população da região norte tem acesso a
bem parecidos. internet que é um fator preponderante para
transmissão da informação.
No entanto , posterior aos 2 meses, os
números de infectados I1 tem seu decrescimento Comparando o gráfico dessa região com as
mais lento que o os números de infectados I2, isso demais regiões do país, vem à tona que a maior
acontece devido a taxa de esquecimento do grupo diferença na região Norte no comportamento de sua
I1 ser menor que do grupo I2 e consequentemente, curva se dá no equilíbrio de infectados durante os 2
existe uma recuperação de indivíduos I2 (R2) meses iniciais de simulação e que diferentemente,
maior que dos indivíduos I1 (R1) durante todo o da região Centro-Oeste, Sudeste e Sul o grupo
período de análise. suscetível mais infectado é S1.
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Gráfico 4 – Região Nordeste (𝑺𝟏 = 𝟎. 𝟒𝟓, 𝑺𝟐 = 𝟎. 𝟒𝟓 → 𝒕 = 𝟎)

Na região Nordeste, observou-se que os existem indivíduos que são mais resistentes a
números de infectados do grupo I1 é maior que do aceitação de uma fake news, por conta de uma
grupo I2 durante toda analise, isso se dá pelo fato formação mais completa e porque apenas 52% de
que a Região Nordeste possui mais indivíduos com toda população da região nordeste tem acesso a
baixa escolaridade (S1) do que com alta internet que é um fator preponderante para
escolaridade (S2), por consequência de uma transmissão da informação.
desigualdade social em relação as outras regiões do
Comparando o gráfico dessa região com as
país as quais são mais amparadas.
demais regiões do pais, vem à tona que a maior
Além disso, os números de infectados I1 diferença na região Nordeste no comportamento de
tem seu decrescimento mais lento que o os números sua curva é a presença de mais indivíduos
de infectados I2, isso acontece devido a taxa de infectados I1 do que I2, isso se dá devido a situação
esquecimento do grupo I1 ser menor que do grupo que existem bem mais pessoas com 1°Ciclo
I2 e consequentemente, existe uma recuperação de fundamental completo ou sem nenhuma instrução
indivíduos I2 (R2) maior que dos indivíduos I1 do que pessoas com 2°Ciclo Fundamental
(R1) durante todo o período de análise. completo ou mais no Nordeste, algo totalmente
diferente do encontrado na região Centro-Oeste,
Percebemos também que nem toda
população é infectada, isso advém do fato que
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Sudeste e Sul, onde o grupo suscetível mais


infectado é S1.

Gráfico 5 – Região Centro-Oeste ( (𝑺𝟏 = 𝟎. 𝟑𝟐, 𝑺𝟐 = 𝟎. 𝟓𝟖 → 𝒕 = 𝟎)

Na região Centro-oeste, observou-se que os indivíduos I1 (R1) durante todo o período de


números de infectados do grupo I2 é maior que do análise.
grupo I1 durante boa parte da análise, ao não ser a
Além disso, percebemos também que nem
partir do 5 mês de propagação da fake news que I2
toda população é infectada, isso advém do fato que
apresenta mais pessoas. Isso se dá pelo fato que a
existem indivíduos que são mais resistentes a
Região Centro-Oeste possui menos indivíduos com
aceitação de uma fake news, por conta de uma
baixa escolaridade (S1) do que com alta
formação mais completa e porque 71,8% % de toda
escolaridade (S2), por consequência de um melhor
população da região Centro-Oeste tem acesso a
amparo da região em relação as questões sociais. Já
internet que é um fator preponderante para
o revés relativo aos infectados acontece por conta
transmissão da informação.
taxa de esquecimento do grupo I2 ser maior que do
grupo I1 e consequentemente, existe uma Comparando o gráfico dessa região com as

recuperação de indivíduos I2 (R2) maior que dos demais regiões do pais, vem à tona que a maior
diferença na região Centro-Oeste no
comportamento de sua curva é a presença de mais
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indivíduos infectados I2 do que I1 durante os 5 Nordeste, onde o grupo suscetível mais infectado
primeiros meses de análise , isso se dá devido a é S2. Ademais, apesar das pessoas com mais
situação que existem bem menos pessoas com formação serem mais criteriosas em relação a
1°Ciclo fundamental completo ou sem nenhuma aceitação de uma fake news, o alto percentual de
instrução do que pessoas com 2°Ciclo Fundamental acesso à Internet na Região Centro-Oeste faz com
completo ou mais no Nordeste, algo totalmente que mesmo esses mais resistentes sejam infectados.
diferente do encontrado na região Norte e

Gráfico 6 – Região Sudeste (𝑺𝟏 = 𝟎. 𝟑, 𝑺𝟐 = 𝟎. 𝟔 → 𝒕 = 𝟎)

Na região Sudeste, observou-se que os taxa de esquecimento do grupo I2 ser maior que do
números de infectados do grupo I2 é maior que do grupo I1 e consequentemente, existe uma
grupo I1 durante parte da análise, ao não ser a partir recuperação de indivíduos I2 (R2) maior que dos
do 5 mês de propagação da fake news que I2 indivíduos I1 (R1) durante todo o período de
apresenta mais pessoas. Isso se dá pelo fato que a análise.
Região Sudeste possui menos indivíduos com
Além disso, percebemos também que nem
baixa escolaridade (S1) do que com alta
toda população é infectada, isso advém do fato que
escolaridade (S2), por consequência de um melhor
existem indivíduos que são mais resistentes a
amparo da região em relação as questões sociais. Já
aceitação de uma fake news, por conta de uma
o revés relativo aos infectados acontece por conta
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formação mais completa e porque 72,3 % de toda menos pessoas com 1°Ciclo fundamental completo
população da região Sudeste tem acesso a internet ou sem nenhuma instrução do que pessoas com
que é um fator preponderante para transmissão da 2°Ciclo Fundamental completo ou mais no
informação. Sudeste, algo totalmente diferente do encontrado
na região Norte e Nordeste, onde o grupo suscetível
Comparando o gráfico dessa região com as
mais infectado é S2. Ademais, apesar das pessoas
demais regiões do país, vem à tona que a maior
com mais formação serem mais criteriosas em
diferença na região Sudeste no comportamento de
relação a aceitação de uma fake news, o alto
sua curva é a presença de mais indivíduos
percentual de acesso a Internet na Região Sudeste
infectados I2 do que I1 durante os 5 primeiros
faz com que mesmo esses mais resistentes sejam
meses de análise. Isso se dá devido a existência de
infectados.

Gráfico 7 – Região Sul (𝑺𝟏 = 𝟎. 𝟑𝟑, 𝑺𝟐 = 𝟎. 𝟓𝟕 → 𝒕 = 𝟎)

Na região Sul, observou-se que os números de possui menos indivíduos com baixa escolaridade
infectados do grupo I2 é maior que do grupo I1 (S1) do que com alta escolaridade (S2), por
durante parte da análise, ao não ser a partir do 5 consequência de um melhor amparo da região em
mês de propagação da fake news que I2 apresenta relação as questões sociais. Já o revés relativo aos
mais pessoas. Isso se da pelo fato que a Região Sul infectados acontece por conta taxa de

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esquecimento do grupo I2 ser maior que do grupo é mais populosa que a Região Sul e Centro-Oeste.
I1 e consequentemente, existe uma recuperação de Assim como acontece, com as Região Nordeste e
indivíduos I2 (R2) maior que dos indivíduos I1 Norte que apresenta também um comportamento
(R1) durante todo o período de análise. muito parecido durante toda simulação. Por isso, é
possível simplificar todo sistema dinâmico em dois
Além disso, percebemos também que nem toda
grupos:
população é infectada, isso advém do fato que
existem indivíduos que são mais resistentes a (Região Sul, Sudeste e Centro-Oeste) X (Região
aceitação de uma fake news, por conta de uma Nordeste e Norte)
formação mais completa e porque 67,6 % de toda
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
população da região Sul tem acesso a internet que
é um fator preponderante para transmissão da O Fake News é uma notícia que possui um

informação. grande impacto seja com manchetes alarmistas,


conteúdos polêmicos e credibilidade duvidosa, a
Comparando o gráfico dessa região com as demais
qual está cada vez mais presente na internet e nas
regiões do país, vem a tona que a maior diferença
redes sociais. Essas informações são recorrentes e
na região Sudeste no comportamento de sua curva
preocupam porque, além de emitir informações
é a presença de mais indivíduos infectados I2 do
inexatas, elas podem ser usadas para aplicar golpes
que I1 durante os 5 primeiros meses de análise. Isso
e espalhar vírus.
se dá devido a existência de menos pessoas com
Com a modelagem de propagação de Fake
1°Ciclo fundamental completo ou sem nenhuma
News podemos determinar a disseminação de
instrução do que pessoas com 2°Ciclo Fundamental
desinformação deliberada, ou seja, o quão rápido
completo ou mais no Sul, algo totalmente diferente
uma notícia falsa chega nas pessoas e como isso
do encontrado na região Norte e Nordeste, onde o
pode afetar elas, pois essas notícias manipulam a
grupo suscetível mais infectado é S2. Ademais,
opinião pública. Como estamos vivendo um tempo
apesar das pessoas com mais formação serem mais
sem precedentes onde a desinformação, é
criteriosas em relação a aceitação de uma fake
alimentada por sua velocidade de disseminação na
news, o alto percentual de acesso a Internet na
internet, está se tornando um perigo real para os
Região Sul faz com que mesmo esses mais
processos democráticos. Nosso modelo pode guiar
resistentes sejam infectados.
o caminho para o planejamento estratégico no
Enfim, após análise da curva do gráfico de cada sentido de combater os impactos de notícias falsas.
região, é possível perceber que as regiões Sudeste, O nosso modelo também é capaz de
Sul e Centro-Oeste possuem um comportamento verificar como o nível de escolaridade de cada
muito similar tendo as suas diferenças na proporção região pode influenciar na propagação de uma Fake
de indivíduos, como por exemplo a Região Sudeste News ou até mesmo o nível de pessoas conectadas

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a internet podem acelerar a disseminação dessas and analysis. Mathematical and Computer
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