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RESUMO
A utilização das técnicas de sensoriamento remoto com ênfase na aplicação de índices de vegetação tem
apresentado eficiência no monitoramento da dinâmica fluvial. Neste contexto, este estudo teve como
objetivo analisar o potencial do índice de vegetação NDVI para o monitoramento da dinâmica fluvial
de um trecho do rio Vermelho nos anos de 1988, 1998, 2008 e 2018. Para tal, foram utilizadas quatro
imagens dos satélites Landsat 5 e 8 entre os meses de maio e junho. Foi gerado o produto NDVI e
classificado por fatiamento linear em seis classes para destacar a superfície de água, barras fluviais e
diferentes densidades de vegetação. Também foi gerado um mapa da dinâmica do canal fluvial nos 30
anos analisados com análise de alguns segmentos. O NDVI mostrou ser eficiente para monitorar a
dinâmica do canal fluvial meandrante e das unidades geomorfológicas geradas, como de meandros
abandonados, lagos em ferradura, barras de pontal e ilhas fluviais. A análise temporal do índice de
vegetação revelou elevada dinâmica fluvial do rio Vermelho. Tal dinâmica foi principalmente expressa
por formações de barras fluviais, abandonos e reativações de canais meandrantes. Este estudo destacou
o desempenho do índice de vegetação NDVI para o monitoramento da dinâmica fluvial de um rio
meandrante.
PALAVRAS-CHAVE: Processamento Digital de Imagens, NDVI, Rio Meandrante.
ABSTRACT
The use of remote sensing techniques with emphasis on the application of vegetation indexes has shown
efficiency in the monitoring of river dynamics. The aim of this study was to analyze the potential of the
NDVI vegetation index to monitoring the river dynamics of a section of the Vermelho River in the years
1988, 1998, 2008 and 2018. We used four images of the Landsat 5 and 8 satellites between the months
of May and June. The NDVI product was generated and classified by linear slicing in six classes to
highlight the water surface, river bars and different densities of vegetation. Also, we analyzed a river
dynamics map was generated in the last 30 years with analysis of some segments. The NDVI proved to
be efficient to monitoring the dynamics of the meandering channel and the generated geomorphic units,
such as abandoned meanders, oxbow lakes, point bars and islands. The temporal analysis of the
vegetation index revealed high river dynamics of the Vermel River. Such dynamics was mainly
expressed by river bar formations, abandonment and reactivation of meandering channels. This study
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highlighted the performance of the NDVI vegetation index for monitoring the river dynamics of a
meandering river.
KEYWORDS: Digital image processing, NDVI, Meandering River.
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1. INTRODUÇÃO
Os canais e as planícies de inundação compreendem a paisagem fluvial e preservam
a morfologia herdada da dinâmica hidro-climática. A construção e a manutenção da planície de
inundação estão associadas às condições hidrossedimentológicas do canal. Assim, a dinâmica
do escoamento na bacia hidrográfica dá origem aos processos de erosão, transporte e deposição
de sedimentos que são responsáveis pela esculturação da paisagem fluvial
(CHRISTOFOLLETI, 1981; STEVAUX; LATRUBESSE, 2017).
O padrão de canal meandrante é encontrado em diversas regiões do mundo e
frequentemente está relacionado à intensa dinâmica fluvial. O canal fluvial deste tipo de padrão
é caracterizado, principalmente, pela sinuosidade elevada (>1,5). Como resposta à dinâmica
hidrológica, as planícies associadas são caracterizadas pela constante erosão na margem
côncava e deposição na margem convexa. A remobilização dos sedimentos constituintes das
margens dos canais provoca a migração dos meandros na planície aluvial que são passíveis de
serem acompanhadas por meio das técnicas de sensoriamento remoto (CHARLTON, 2008).
Para realizar o monitoramento da dinâmica do canal uma excelente alternativa é o
uso de imagens de satélite, por cobrir um extenso espaço ao longo de uma série histórica
(FLORENZANO, 2002). Assim, a utilização de imagens da série de satélites Landsat é
adequada por ter resolução espacial moderada (30 m) e extensa resolução temporal (mais de 30
anos). Além disso, o Processamento Digital de Imagens (PDI), vinculado ao Sistema de
Informação Geográfica (SIG) têm possibilitado o uso de técnicas para monitorar questões da
dinâmica fluvial com certa eficiência (HENSHAW et al., 2013). Neste contexto, índices de
vegetação, como o Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI, em inglês) tem
potencial à ser explorado para o monitoramento da dinâmica fluvial de rios meandrantes.
O objetivo desse trabalho foi analisar o potencial do índice de vegetação NDVI para
monitorar a dinâmica fluvial de um trecho da planície aluvial do rio Vermelho para os anos de
1988, 1998, 2008 e 2018.
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2. METODOLOGIA
Onde: NDVI é Índice de Vegetação por Diferença Normalizada; pNIR é reflectância na banda do infravermelho
próximo e pRED é a reflectância na banda vermelha.
Para verificar as mudanças do canal fluvial foram geradas máscaras binárias para
cada ano analisado pelo produto NDVI, sendo (1) superfície de água (água no rio Vermelho) e
(0) sem água (outros objetos fora do canal). Em cada máscara o valor (1) foi substituído pelo
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ano do produto NDVI. Essas máscaras foram sobrespostas para representar as mudanças
morfológicas no canal entre os períodos de 1988 a 2018.
A partir do produto NDVI de 2018 foram mapeadas por meio do fatiamento linear
espectral, as unidades geomorfológicas derivadas da dinâmica da planície aluvial do rio
Vermelho, que apresentaram maiores realces em relação aos outros objetos. Além disso, através
das classes de NDVI geradas para os anos analisados, foram produzidos mapas para verificar o
potencial do índice de vegetação no monitoramento da dinâmica fluvial.
4. RESULTADOS
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Figura 2. Dinâmica fluvial do trecho do rio Vermelho a partir dos produtos de NDVI dos anos de
1988 (A), 1998 (B), 2008 (C) e 2018 (D)
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calculado com base em imagens de junho (período seco). Desse modo, a planície aluvial do rio
Vermelho dos anos de 1988, 1998 e 2008 está influenciada por uma condição mais úmida em
relação ao ano de 2018. Isto pode ser comprovado pela exposição da superfície de água no setor
norte do segmento 2, em que na Figura 2 A, B e C tem-se a presença de água e na Figura 2 D
ausência de água. O produto NDVI tem sensibilidade às diferentes condições de umidades da
planície aluvial, uma vez que em condição mais seca, eleva-se o valor do índice e vice-versa
(PONZONI; SHIMABUKURO, 2007).
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sedimentação, e posteriormente seguem sendo colonizados pela vegetação ripária. As ilhas
fluviais foram encontradas junto ao canal fluvial em pequenos números e dimensões, que estão
recobertas por vegetação em diferentes estágios de sucessão vegetal. As bacias de inundação
remetem-se principalmente aos antigos paleocanais que são afetados pelas oscilações do nível
da água e possuem, atualmente, morfologia oblitera.
Em relação as barras fluviais, foram encontradas predominantemente barras do tipo
lateral e pontal (Figura 3). Esta última desenvolve-se nas margens convexas de rios
meandrantes. Nessas barras fluviais emersas não há presença da vegetação. Indicando a
existência de uma intensa dinâmica da planície aluvial, devido aos processos ativos de erosão
e sedimentação das barras, que não permitem o estabelecimento da vegetação riparia. Enfatiza-
se a existência das barras fluviais no decorrer de todo o trecho do rio Vermelho, indicando alta
quantidade de carga sedimentar transportada pelo canal.
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Figura 4: Dinâmica do rio Vermelho nos anos de 1988, 1998, 2008 e 2018
Figura 5: Dinâmica fluvial de trechos do rio Vermelho nos anos de 1988, 1998, 2008 e 2018
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O segmento 2 da Figura 5 no ano de 1988 destacou o meandro em processo inicial
de abandono que ainda mantém conectividade com o canal principal. A partir de 1998 notou-
se a formação de lago em ferradura. Adiante, no ano de 2008 verificou-se que um processo de
avulsão ocasionou a formação de um canal com sentido de fluxo contrário ao canal principal.
O canal oriundo da avulsão conecta-se ao lago e no ano de 2018 apresenta-se conectado ao
canal principal formando uma nova bifurcação no rio Vermelho. Atualmente, as imagens
sugerem que a maior quantidade do fluxo concentra-se no novo canal, assim como acontecido
no segmento 1.
As mudanças na morfologia do canal no segmento 3 da Figura 5 foi diferenciado
em relação aos demais trechos. Entre os anos de 1988 e 1998 houve o predomínio da erosão na
margem côncava e deposição desses sedimentos na margem convexa, causando o aumento da
sinuosidade dos meandros. Em 2008 foi verificado o lago em ferradura em detrimento do corte
de pedúnculo. Assim como nos demais trechos o segmento 3 registrou a bifurcação do fluxo no
rio Vermelho, entretanto, a análise multitemporal indica que entre os anos de 2008 e 2018 a
divisão do fluxo tenha sido causada pelo corte de pedúnculo do meandro.
5. CONCLUSÕES
A utilização do produto NDVI foi eficiente para a análise de formas e processos
fluviais de um trecho do rio Vermelho durante um período de 30 anos. As principais feições
geomorfológicas geradas na planície de inundação pelos processos de erosão e sedimentação
foram realçadas, monitoradas e mapeadas com o uso do NDVI. A análise multitemporal
permitiu identificar significativas mudanças na morfologia do canal, com maiores
transformações entre os anos de 1998 e 2008. Este produto é recomendado para o mapeamento
da dinâmica do canal fluvial e feições resultantes, como meandros em diferentes estágios de
abandono e conectividade, preenchidos por água, sedimentos ou recobertos pela vegetação
ripária.
6. REFERÊNCIAS
ALVARES, C. A.; STAPE, J. L.; SENTELHAS, P. C.; GONÇALVEZ, J. L. M;
SPAROVEK, G. Ko¨ppen’s climate classification map for Brazil. Meteorologische
Zeitschrift, v. 22, n. 6, p. 711-728, 2014.
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CHRISTOFOLETTI, A. Geomorfologia Fluvial. São Paulo: Edgard Blucher, 1981. 297 p.
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