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Iniciativa da CNI - Confederação

Nacional da Indústria
Iniciativa da CNI • Confederação
Nacional da Indústria

SÉRIE ENERGIA- GERAÇÃO, TRANSMISSÃO EDISTRIBUIÇÃO

,
ELETRICA
PREDIAL E
INDUSTRIAL
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA - CNI
Robson Braga de Andrade
Presidente

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA - DIRET

Rafael Esmera/do Lucchesi Ramacciotti


Diretor de Educação e Tecnologia

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL - SENAI

Conselho Nacional

Robson Braga de Andrade


Presidente

SENAI - Departamento Nacional

Rafael Esmera/do Lucchesi Ramacciotti


Diretor Geral

Gustavo Leal Sales Filho


Diretor de Operações
Iniciativa da CNI - Confederação
Nacional da Indústria
© 2018. SENAI - Departamento Nacional

© 2018. SENAI - Departamento Regional da Bahia

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Esta publicação foi elaborada pela Equipe de Inovação e Tecnologias Educacionais do


SENAI da Bahia, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada
por todos os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância .

SENAI Departamento Nacional


Unidade de Educação Profissional e Tecnológica - UNIEP

SENAI Departamento Regional da Bahia


1novação e Tecnologias Educacionais - ITED

FICHA CATALOGRÁFICA

S491m
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional.
Manutenção elétrica predial e industrial I Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial, Departamento Nacional, Departamento Regional
da Bahia - Brasília: SENAl/DN, 2018.
126 p.: il. - (Série Energia - Geração , Transmissão e Distribuição) .

ISBN 978-855050296-0

1. lnstaJações elétricas. 2. Manutenção predial. 3. Manuterção industrial.


4. Manutenção elétrea. 1. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.
li. Departamento Nacional. Ili. Departamento Regional da Bahia IV. Manutenção
elétrica predial e industrial. V. Série Energia- Geração, Transmissão e Distribuição.

CDU: 621. 3191

SENAI Sede
Serviço Nacional de Setor Bancário Norte · Quadra 1 · Bloco C • Edifício Roberto
Aprendizagem 1ndustrial Simonsen • 70040-903 · Brasília - DF • Tel.: (Oxx61 ) 3317-9001
Departamento Nacional Fax: (Oxx61 ) 3317-9190 • http:/ / www.senai.br
Lis a de i1ustrações
Figura 1 - Planejamento e controle da manutenção ........................................................................................... 18
Figura 2 - FI uxo das atividadles do PCM ........................................................................... 0 ...................................... 19
Figura 3 - Fluxo das atividades do planejamento da manutenção ................................................................20
Figura 4 - Fluxo das atividades da programação da manutenção ..................................................................21
Figura 5 - FI uxo das atividades de controle da manutenção ...........................................................................22
Figura 6 - Inspeção visual em painéis elétricos ...................................................................................................... 25
Figura 7 - Verificando o nível de tensão das instalações ..................................................................................... 26
Figura 8 - Evolução da manutenção ...........................................................................................................................32
Figura 9 - Ferramentas estratégicas ...................................................................................,.......................................33
Figura 1O - Benchmarking ............................................................................................................................................33
Figura 11 - Ciclo PDCA.............................................................................................................,........................................34
Figura 1 2 - Princípio de Pa reto .............................................................................................,.. .....................................35
Figura 13- Os pilares da TPM ................................................................................................,.................................,...... 36
Figura 14 - Tipos de manutenção ........................................................................................,............................... u ...... 37
Figura 15 - Manutenção corretiva não planej ada .................................................................................................38
Figura 16 - Manutenção _
p reventiva ...................................................................................,........................................39
Figura 17 - Manutenção preventiva em painéis elétricos ...................................................................................40
Figura 18 - Conceito da manutenção preditiva .............................................................................................. H ••••• 41
Figura 19 - Manutenção preditiva em motores elétricos ...........................................,........................................42
Figura 20 - Conceito da manutenção detectiva .............................................................,.. ......................................44
Figura 21 - Painel com lâmpadas de sinalização ...........................................................,.......................................44
Figura 22 - Custo dos tipos de manutenção vs resultados ...............................................................................46
Figura 23 - Instrumentos de controle da manutenção .......................................................................................47
Figura 24 - Modelo de SSM ...........................................................................................................................................48
Figura 25 - Modelo de Ordem de Serviço ...............................................................................................................48
Figura 26 - Técnico preenchendo relatório de inspeção .............................................,.......................................49
Figura 27 - Software ERP ........................................................................................................,. ................................,......49
Figura 28 - Confiabilidade ......................................................................................................,.................................,......50
Figura 29- Ciclo da manutenção baseado na confiabilidade ...........................................................................55
Figura 30 - Técnico fazendo testes em painel elétrico ......................................................................................... 61
Figura 31 - Corrente elétrica nominal ................................................................................,.......................................62
Figura 3 2 - Sobrecorrente ......................................................................................................,.. ..................................... 63
Figura 33 - Sobrecarga ............................................................................................................,.................................,...... 64
Figura 34 - Extensões e filtro de linha para tomadas ...................................................,............................... u •••••• 64
Figura 35 - Fluxo de atividades para identificar sobrecarga ......................................,........................................65
Figura 36 - Lei de Joule ...........................................................................................................,. ................................,...... 68
Figura 37 - Sobreaquecimento em painel elétrico .......................................................,........................................69
Figura 38 - Inspeção termográfica em instalações elétricas ......................................,.................................,...... 72
Figura 39 ·- Termômetro infravermelho ..............................................................................................................,...... 72
Figura 40 - Centelhamento/ arco elétrico ................................................................................................................73
Figura 41 - Centelhamento durante a abertura dos contatos de um relé ...................................................74
·Figura 42 - Condutor isolado .......................................................................................................................................75
Figura 43 - Falha na isolação por emenda malfeita .............................................................................................75
Figura 44 - Medição dia resistência de isolamento em condutores ...............................................................77
Figura 45 - Testando a isolação de um motor ........................................................................................................79
Figura 46 - Resistência de isolação do motor por um período de tempo ...................................................79
Figura 47 - Danos físicos e materiais provocados por um curto-circuito ....................................................80
Figura 48 - Princípio de incêndio provocado por um curto-circuito .............................................................81
Figura 49 - Diagrama unifilar - Painel elétrico .......................................................................................................82
Figura 50 - Diagrama unifilar - Seletividade .........................................................................................................83
Figura 51 - Seletividade por níveis de corrente ......................................,.............................................................84
Figura 52 - Seletividade por tempo ..........................................................................................................................84
Figura 53 - Seletividade por níveis de corrente e tempo ...................................................................................85
Figura 54- Escada rolante ............................................................................................................................................88
Figura 55 - Fasímetro e sequencímetro ...................................................................................................................89
Figura 56 - Análise de vibração ..................................................................................................................................90
Figura 57 - Análise de ruídos ........................................................................................................................................91
Figura 58 - Dependência do homem com os instrumentos de medição ....................................................95
Figura 59- Medição de temperatura com termômetro i nfravermelho ........................................................97
Figura 60 - Imagem real vs imagem térmica ..........................................................................................................98
Figura 61 - Inspeção com termovisor em painéis elétricos ..............................................................................99
Figura 62 - Medição com analisador de energia ............................................................................................... 100
Figura 63 - Megôhmetro analógico ........................................................................................................................ 102
Figura 64 - Megôhmetro digital ............................................................................................................................... 103
Figura 65 - Meio ambiente ......................................................................................................................................... 107
Figura 66 - Poluição na praia de Bali, Indonésia ................................................................................................. 108
Figura 67 - Lixeira para coleta seletiva .................................................................................................................. 11 O

Gráfico 1 - Manutenção preditiva ..............................................................................................................................41

Quadro 1 - Competência das pessoas .......................................................................................................................24


Quadro 2 - Comparação entre as manutenções corretiva não planejada, preventiva e preditiva ......43
Quadro 3 - FMEA - Ponto da falha .............................................................................................................................52
Quad.ro 4 - FMEA - Aná.lise da falha .............................................................................................................................. 52
Quadro 5 - Componentes NPR .....................................................................................................................................53
Quadro 6 - FMEA - Ação da manutenção .................................................................................................................54
Quadro 7 - FMEA ................................................................................................................................................................54
Quadro 8 - Instrumentos de medição ........................................................................................................................67
Quadro 9 - Megôhmetros ...............................................................................................................................................78
Quadro 1O - Tipos de materiais recicláveis ............................................................................................................ 109
Quadro 11 - Descarte adequado .............................................................................................................................. 111
Tabela 1 - FMEA - Avaliação de risco ................................................ ...................................,............................. .. u • •••• • 53
Tabela 2 - Temperaturas características dos cabos em função do material da isolação .......................... 70
Tabela 3 - Valores mínimos de resistência de isolamento .......................................... H . . . .. . . . . . . ........... . . . . . . . . . . .. . . . . 77
Tabela 4 - Pontos de conexão em Tensão Nominal igual ou inferior a 1 kV (220/ 127) ............................. 86
Tabela 5 - Pontos de conexão em Tensão Nominal igual ou inferior a 1 kV (380/ 220) .......................,......86
Tabela 6 - Pontos de conexão em Tensão Nominal superior a 1 kV e inferior a 69 kV ....................... .,...... 87
Tabela 7 - Limites para os desequilíbrios de tensão ..................... u ..................... . ... . ..... . ........................ . ..... .... . . . . 87
Sumário
1 lntrodução ........................................................................................................................................................................13

2 Elementos de manutenção elétrica ........................................................................................................................ 17


2.1 Planejamento, programação e controle da manutenção ............................................................. 18
2.1.1 Planejamento da manutenção ............................................................................................20
2.1.2 Programação da manutenção .............................................................................................21
2.1.3 Controle da manutenção .......................................................................................................22
2.2 Aplicação conforme norma da ABNT de instalações elétricas em baixa tensão
(ABNT N BR 541 O) ...................................................................................................... .......................... ······l··· ... 24

3 Manutenç,ão .....................................................................................................................................................................31
3.1 Conhecimento de gestão ........................................................................................................................33
3.2 Manutenção produtiva total ...........................................................................".......................................35
3.3 Tipos de manutenção ...............................................................................................................................37
3.3.1 Manutenção corretiva ..................................................................................................... u ...... 37
3.3.2 Manutenção preventiva ........................................................................................................... 38
3.3.3 Manutenção preditiva ..............................................................................................................40
3.3.4 Manutenção detectiva ..................................................................................................... 0 ...... 43
3.3.5 Engenharia de manutenção ...................................................................................................46
3.4 Instrumentos de controle da manutenção .........................................................................................47
3.5 Confiabilidade: análise de falhas e defeitos, falha humana, análise de riscos, prevenção e
correção de fa 1has .......................................................................................................................................50
3.5.1 Análise do modo e efeito de falha - FMEA ........................................................................51
3.5.2 Falha h.umana ........................................................................................................................ ., ...... 55
3.6 Técnicas de desmontagem de equipamentos das instalações elétricas ..................................56

4 Técnicas de análise de falhas em instalações elétricas ....................................................................................61


4.1 Identificação de sobrecargas em circuitos ................................................"........................................ 62
4.1 .1 Co.rrente nominal ........................... ···················19 ······· .........................1
.................................,...... 62
4.1 .2 Sobrecorrente ····················································-································. ································1······63
4.1 .3 Sobrecarga ..................................................................................................................................63
4.1.4 Instrumentos de medição .......................................................................................................67
4.2 Identificação de sobreaquecimento em componentes e circuitos ..........................................68
4.2.1 Temperatura ................................................................................................................................. 69
4.2.2 Sobretemperatura .....................................................................................................................71
4.2.3 Instrumento de medição ......................................................................................................... 71
4.3 Verificação de centelhamento ................................................................................................................. 73
4.4 Ealha de isolação (fuga de corrente) ........................................................................................... 75 u ......

4.4.1 Identificação da falha de isolação ........................................................................................ 76


4.5 Resistência de isolamento ...................................................................................................................,...... 78
4.6 Falhas elétricas (curto-circuito franco/ por impedância) ................................................................ 80
4.6.1 Tipos de curto-circuito .............................................................................................................. 81
4.7 Seletividade dos dispositivos de proteção dos circuitos elétricos ............................................82
4.8 Condições e valores nominais de trabalho (sub/sobre/ desequilíbrio/tensão) .....................86
4.9 Sequência de fase (inversão) ...................................................................................................................88
4.1 O Análise de vibrações ................................................................................................................................89
4. 11 An á 1i se d e ruíd os .......................................................................................................................................90

5 1nstrumentos de medição ...........................................................................................................................................95


5.1 Temperatura: pirômetros .........................................................................................................................96
5. 1.1 Termômetro infravermelho ····················································· ····························~··················96
5 .1.2 Termo vi so r .............................................•.....................................................................................9 7
5.2 Energia: analisador de energ,ia ...............................................................................................................99
5.3 Megôhmetro .............................................................................................................................................. 102

6 Meio ambiente ............................................................................................................................................................. 107


6.1 Tipos de materiais reciclados 108
6.2 Descarte adequado ................................................................................................................................. 111

Referências ........................................................................................................................................................................ 115

Minicur·r ículo do autor.................................................................................................................................................. 121

Índice .................................................................................................................................................................................. 123


Prezado aluno,

t com grande satisfação que o Serviço Nacional de Aprendizagem lndustriial (SENAI) traz o
livro didático de Manutenção Elétrica Predial e Industrial.

Este livro tem como objetivo levar o aluno a desenvolver capacidades técnicas relativas à
manutenção de sistemas elétricos prediais e industriais, bem como capacidades sociais, orga-
n·izativas e metodológicas, de acordo com a atuação do técnico no mundo do trabalho.

Nos capítulos a seguir, veremos conceitos, procedimentos e normas voltadas à área de ma-
nutenção com o intuito de instruir o aluno sobre os elementos que englobam a manutenção
elétrica e elucidar as técnicas para análise de algumas falhas em instalações elétricas, utilizan-
do instrumentos de medição e conhecimentos técnicos que irão auxiliar no dia a dia da manu-
tenção. Será apresentado também como a manutenção pode auxiliar o meio ambiente através
da identificação dos tipos de materiais recicláveis e o descarte adequado.

Este livro visa proporcionar ao aluno conteúdo técnico necessário que permita planejar e,
executar manutenções em equipamentos e i nstalações elétricas, bem como identificar falhas
através de técnicas e instrumentos adequados para evitar danos ou prejuízos às instalações
elétricas.

Por fim, esta unidade curricular servirá para despertar suas capacidades sociais, organizati-
vas, metodológicas e técnicas. Queremos que você esteja preparado e capacitado para execu-
tar a manutenção elétrica predial e industrial. Os estudos desta unidade curricular lhe permiti-
rão desenvolver:

CAPACIDADES SOCIAIS, ORGANIZATIVAS E METODOLÓGICAS

a) Cumprir normas e procedimentos;

b) Identificar diferentes alternativas de solução nas situações propostas;

c) Manter-se atualizado tecnicamente;

d) Ter capacidade de análise;


• MANUTENÇilo ELÉTRICA PREDIAL EINDUSTRIAL

e) Ter senso crítico;

f) Ter senso investigativo;

g) Ter visão sistêmica;

h) Aplicar procedimentos técnicos;

i) Demonstrar organização;

j) Estabelecer prioridades;

k) Ter responsabilidade socioambiental;

1) Comunicar-se com clareza;

m) Demonstrar atitudes éticas;

n) Ter proatividade;

o) Ter responsabilidade;

p) Trabalhar em equipe.

CAPACIDADES TÉCNICAS

a) Aplicar estratégias para a execução da manutenção, considerando as diferenças individuais da


equipe;

b) Aplicar normas técnicas, de qualidade, de saúde e segurança no trabalho, e de preservação am-


biental;

c) Aplicar novas tecnologias;

d) Aplicar técnicas de manutenção conforme procedimentos;

e) Aplicar técnicas de negociação tendo em vista a realização da manutenção;

f) Cumprir plano de manutenção preditiva;

g) Cumprir procedimento de controle de sistemas elétricos prediais e industriais;

h) Fazer as correções necessárias;

i) Fazer ensaios de conformidade e funcionalidade de acordo com as normas;

j) Fazer inspeção visual em sistemas elétricos;

k) Identificar e interpretar grandezas elétricas;

1) Identificar e interpretar sistemas elétricos;

m) Identificar materiais, componentes, instrumentos, ferramentas e equipamentos;

n) Identificar normas regulamentadoras e técnicas;

o) Identificar os defeitos;
1 INTRODUÇAO •

p) Identificar os riscos;

q) Identificar sequência de operação;

r) Indicar, no projeto, as alterações para atualização dos documentos técnicos, inclusive por meio
de croqui;

s) Interpretar diagramas elétricos;

t) Preparar a área de trabalho para a manutenção de sistemas elétricos prediais e industriais, de


acordo com os procedimentos estabelecidos;

u) Programar o reparo com os setores envolvidos;

v) Reconhecer princípios de eletricidade;

w) Reconhecer princípios de funcionamento do sistema elétrico;

x) Reconhecer princípios de qualidade, segurança, saúde e meio ambiente;

y) Reparar componentes danificados dos sistemas elétricos prediais e industriais;

z) Reparar os circuitos elétricos prediais e industriais;

aa) Substituir componentes danificad,os dos sistemas elétricos;

ab) Utilizar software específico de monitoramento dos sistemas elétricos prediais e industriais;

ac) Verificar o funcionamento dos componentes.

Lembre-se de que você é o principal responsável por sua formação e isso inclui ações proativas, como:

a) Consultar seu professor-tutor sempre que tiver dúvida;

b) Não deixar as dúvidas para depois;

c) Estabelecer um cronograma de estudo que você cumpra realmente;

d) Reservar um intervalo para quando o estudo se prolongar um pouco mais.

Bons estudos!
Elementos de manutenção elétrica

O técnico em eletrotécnica pode atuar em diversos seguimentos da energia elétrica, inclu-


sive na área de manutenção, que cada vez mais tem se modernizado e utilizado a tecnologia
para inovar técnicas e instrumentos capazes de auxiliar na rotina de trabalho.

Deste modo, a manutenção tem motivado diversos profissionais a se atualizar. Por isso,
convido-o a fazer o mesmo através da leitura deste livro.

A manutenção surgiu quando houve as primeiras necessidades de reparos a partir da me-


canização da indústria.

Segundo Vianna (2002), a manutenção industrial surge efe -

0
tivamente como função do organismo produtivo no século
XVI, com a aparição dos primeiros teares mecânicos, época
1 CURIOSIDADES que indica o abandono da produção artesanal e do sistema
econômico feudal.
(Fonte: VIANA, 2002).

Inicialmente, os reparos eram executados pelos próprios operadores. Depois, os gestores


das indústrias visualizaram que era preciso uma alternativa para manter o crescimento da pro-
dução, tendo sempre equipamentos disponíveis para executar o trabalho.

Foi neste momento que surgiu o setor de manutenção.

Desde o surgimento do setor dedicado apenas à manutenção até os dias atuais, a indústria
vem passando por diversas mudanças influenciadas diretamente pelo avanço da tecnologia.

A manutenção acompanha esta evolução tecnológica e conquista cada vez mais importân-
cia motivada pela necessidade das indústrias em melhorar a qualidade dos produtos, diminuir
custos, aumie ntar a disponib~ lidade e confiabilidade dos equipamentos.

A figura a seguir ilustra o setor de planejamento e controle da manutenção moderna, o


PCM.
• MANUTENÇilo ELÉTRICA PREDIAL EINDUSTRIAL

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Figu ra 1 - Planejamento e controle da manutenção
Fonte : SENAI DR BA, 2018.

Nesse sentido, diante da importância da manutenção e com a utilização crescente de energia elétrica
para funcionamento dos equipamentos, houve a necessidade das indústrias em organizar o setor de ma-
nutenção elétrica e ter profissionais qualificados para realizar atividades específicas, para manter os equi-
pamentos funcionando adequadamente e com segurança.

No cenário atual da manutenção, é importante que o profissional tenha, além do conhecimento téc-
nico, noções organizacionais do setor. Assim, serão abordados neste capítulo procedimentos para o pla-
nejamento, programação e controle da manutenção das instalações elétricas, como também, aplicações
conforme a norma ABNT NBR 541 Opara as instalações elétricas de baixa tensão.

2.1 PLANEJAMENTO, PROGRAMAÇÃO ECONTROLE DA MANUTENÇÃO

O setor de manutenção tem uma área específica para planejamento, programação e contro,le da manu-
tenção conhecido como PCM (Planejamento e Controle da Manutenção).

O PCM g erencia as atividades da manutenção determinando as prioridades, recursos, procedimentos,


1

custos e indicadores dos serviços com o propósito de garantir a confi abilidad e e disponibilidade dos equi-
pamentos.

A demanda de serviços da manutenção é proveniente de solicjtações de serviço de manutenção (SSM),


planos de manutenção, inspeções e emergências que surgem na operação.

Por exemplo, no início da sua jornada de trabalho, o técn,ico encontra no setor de manutenção soli-
citações de operadores para reparar equipamentos que não estão funcionando perfeitamente, além de
atender chamados de operadores ou usuários de equipamentos que apresentam defeito e pararam de
2 ELEMENTOS OE MANUTENÇÃO ELÉTRICA •

funcionar repentinamente, interferindo na produção da fábrica ou no desenvolvimento de alguma ativi-


dade, e fazer as inspeções programadas que constam no plano de manutenção para realizar naquele dia .

O PCM deve avaliar todas as demandas solicitadas e executar os serviços de maneira planejada, progra-
mada, analisando os custos envolvidos e principalmente os impactos na produtividade.

O PCM atua resumidamente conforme o fluxograma a seguir para execução dos serviços:

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MMU'1N~
8 ~ _(Sol_!_~_.r_._,,d:_._Sll'ltpa
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[ e.......... Hnipli l
Figu ra 2 - Fluxo das atividades do PCM
Fonte: SENAI DR BA, 2018.

As demandas iniciais do setor de PCM são as solicitações de manutenção da operação e os planos de


manutenção da engenharia. Desta forma, o PCM inicia suas atividades realizando a programação dos ser-
viços de acordo com a criticidade e, em seguida, realiza a programação conforme disponibilidade dos
, .
recursos necessanos.

Durante a execução dos serviços, é feito o gerenciamento e, ao término., o setor faz o controle do serviço
1

realizado.

1 ~ SAIBA Para ter mais informações sobre a organização da manutenção, consulte: VIANA, Her-
~' MAIS bert. PCM: planejamento e controle da manutenção. Rio de Janeiro: Qua litymark, 2002.

A atuação do PCM é fundamenta l para o bom desempenho e organização da manutenção, tendo cada
etapa a sua devida importância. Desta maneira, a seguir serão detalhados os procedimentos realizados
durante as etapas de planejamento, programação e controle.
• MANUTENÇilo ELÉTRICA PREDIAL EINDUSTRIAL

2.1.1 PLANEJAMENTO DA MANUTENÇÃO

O planejamento da manutenção das instalações elétricas é um processo administrativo executado pelo


PCM com o objetivo de analisar a viabilidade técnica e econômica, a criticidade e a prioridade dos serviços.

Desta maneira, é possível organizar as ações, entender as necessidades e criar uma estratégia eficiente
para minimizar os custos com a manutenção e aumentar a disponibilidade dos equipamentos.

O fluxograma a seguir exemplifica as etapas para o planejamento de um serviço que surgiu a partir de
uma solicitação de serviço de manutenção por um operador:

1 UM&~c:.O 1
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~ A-...çÃO
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<.,....--- tRirNOA1 -·-·~> --+ EKJ••Mc:JMãlM
......... /

Fig ura 3 - Fluxo das atividades do planejamento da manutenção


Fonte: SENAI DR BA~ 2017.

O planejamento da manutenção inicia a partir de uma solicitação de serviço de manutenção (SSM) que
é enviada ao setor relatando algum problema nas instalações.
A manutenção avalia a SSM e caso seja procedente inicia uma ordem de serviço (0.S.) para investigar,
organizar as atividades e, por fim , avaliar se há urgência na execução do serviço.
2 ELEMENTOS OE MANUTENÇÃO ELÉTRICA •

Caso haja urgência, a manutenção pode ser iniciada. Caso contrário, o PCM classifica e programa a exe-
1

cução das atividades de acordo com a criticidade do serviço.


O planejamento dos serviços que serão executados pela manutenção é fundamental para garantir a
execução das atividades de forma organizada e priorizando os serviços mais críticos, objetivando maior
disponibilidade dos equipamentos e segurança dos técnicos durante a realização da manutenção.

- -
2.1 .2 PROGRAMAÇAO DA MANUTENÇAO

A programação da manutenção das instalações elétricas refere-se à análise da disponibilidade dos re-
cursos, como: mão de obra, ferramentas, máquinas e materiais necessários para execução da manutenção.
O fluxograma a seguir ilustra as etapas que compreendem a programação da manutenção:

M.UMCllllCtOAOE
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MNl.J1EllÇMl
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Figu ra 4 - Fluxo d as atividades da programação da manutenção


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

Após a fase de planejamento, o PCM inicia a programação dos serviços analisando a disponibilidade
dos recursos.
Caso haja recursos, a manutenção é iniciada, caso contrár1io, o PCM deve acompanhar os procedimen-
tos de compra de materiais, disponibilidade de equipamentos, ferramentas e/ou recursos humanos para
programar e iniciar o serviço.
• MANUTENÇilo ELÉTRICA PREDIAL EINDUSTRIAL

Durante ,a execução dos serviços, o PCM gerencia as atividades e dá suporte aos executantes, anteci-
pando possíveis demandas que surjam durante o processo, garantindo a execução do serviço no prazo e
com os recursos previstos.

-
2.1 .3 CONTROLE DA MANUTENÇAO

O PCM realiza o controle da manutenção das instalações elétricas através da análise crítica do serviço
executado, ou seja, o setor avalia se o serviço foi realizado conforme planejado e programado, identifican-
do possíveis desvios que ocorreram durante a sua execução.
Desta forma, são obtidos indicadores confiáveis que possibilitem a gestão das práticas de manutenção
e uma melhoria contínua dos processos de trabalho.
O fluxogrrama a seguir ilustra as etapas de controle da manutenção das instalações elétricas.

5EIOODE
W.....u.J5AA Qi.E
IWIJIEIQO 'DlllU.MflMr.UI
<' *I ilO' ç osmcos

Figura 5 - Fluxo das atividades de controle da manutenção


Fo nte: SENAJ DR BA; 2018.

Mesmo após a execução da manutenção, o PCM continua analisando o serviço que foi executado com
a intenção de levantar informações para avaliar o desempenho da manutenção e poder intervir nos pro-
cedimentos, caso necessário, para melhorar os principais indicadores e, consequentemente, aumentar a
produtividade.
Por exemplo, nesta etapa, o setor verifica se o serviço foi executado no tempo planejado, se cumpriu a
programação, o tempo médio para realizar o reparo, se houve retrabalho, qual foi o tempo médio entre a
falha anterior deste mesmo equipamento e outros.
2 ELEMENTOS OE MANUTENÇÃO ELÉTRICA •

CASOS E RELATOS

Profissionalizar e organizar a manutenção

Uma fábrica de confecção de roupas operava há 1O anos sem nenhuma prática de manutenção nas
instalações e equipamentos.

Frequentemente, ocorriam paradas na produção da fábrica por falta de manutenção nas máquinas
de costura, máquina de estampa e por queda na energia elétrica. Desta forma, a fábrica já estava ten-
do prejuízos devido à queda da produção. Foi neste momento que o proprietário da fábrica resolveu
contratar uma empresa especializada em manutenção.

Durante o período em que a empresa de manutenção realizou as inspeções e investigações iniciais


para conhecer as instalações, constatou que não haviam registros de manutenção dos equipamen-
tos e que a única prática de manutenção que existia na fábrica era a do "quebra-conserta", ou seja,
apenas manutenção corretiva, o que elevava os custos, devido à perda da produção, profissionais
ociosos e gasto para conserto dos equipamentos.

A empresa de manutenção inicialmente criou o setor de PCM na fábrica com a contratação de um


profissional que iria planejar, programar e controlar todas as atividades necessárias para manuten-
ção. Posteriormente, a empresa de manutenção fez inspeções visuais e ensaios em toda a instalação
elétrica para identificar todos os problemas.

Após identificados os problemas nas instalações elétricas a empresa de manutenção fez as i nterven-
ções necessárias e passou a fazer manutenção periodicamente, inclusive, nas máquinas de costura e
de estampa seguindo as recomendações dos fabricantes.

Desde então, a fábrica passou a ter lucros, pois aumentou a produção, reduziu consideravelmente os
custos com manutenção corretiva e parada da produção.

A atuação do PCM é fundamental para garantir a eficiência da manutenção através do planejamento,


programação e controle dos serviços utilizando profissionais capacitados, padrões e procedimentos de
trabalho.

Em instalações elétricas de baixa tensão, o PCM tem que seguir os critérios mínimos estabe,lecidos pela
norma ABNT NBR 541 O para as atividades de manutenção, como: qualificação das pessoas, periodicidade
e rotinas de manutenção conforme será apresentado a seguir.
• MANUTENÇilo ELÉTRICA PREDIAL EINDUSTRIAL

2.2 APLICAÇÃO CONFORME NORMA DA ABNT DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS EM BAIXA TENSÃO


(ABNT NBR 5410)

As instalações elétricas, por utilizar diversos equipamentos e elementos que são necessários para ga-
rantir o forniecimento de energia, são muito complexas.

Por isso, existem normas que estabelecem uma série de critérios e condições que as instalações devem
satisfazer e a NBR 541 Oé uma delas.

A NBR 541 Oé a norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que estabelece as condições
que devem seguir as instalações elétricas de baixa tensão. Conforme definido na referida norma, caracte-
riza-se como baixa tensão os circuitos elétricos alimentados sob tensão nominal igual ou inferior a 1000
Volts em corrente alternada, com frequências inferiores a 400 Hz, ou a 1SOO Volts em corrente contínua.

Com relação à manutenção, a norma da ABNT NBR 541 O estabelece os seguintes itens:

a) Periodicidade: a periodicidade da manutenção é específica a cada ti po de instalação. Neste caso,


1

o intervalo entre as manutenções deverá levar em consideração a importância do equipamento


para a instalação, a severidade das influências externas a que é submetido e as recomendações
do fabricante. Por exemplo, em equipamentos de subestações devem ser realizadas inspeções
termográficas a cada 6 meses no máximo;

b) Qualificação do pessoal: as instalações elétricas deverão ser inspecionadas e sofrer interven-


ções apenas por pessoas advertidas (BA4) ou qualificadas (BA5)1, conforme o quadro a seguir:

Pessoas sufi dentemente informadas ou supervi-


Locais de serviço
sionadas por pessoas qualificadas, de tal forma
BA4 Advertidas elétrico
que lhes permite evitar os perigos da eletricida-

de (pessoal de manutenção e/ou operação)

Pessoas com conhecimento

técnico ou experiência tal que lhes Locais de serviço

BAS Qualificadas permite evitar os perigos da elét rico fechados

elet ricidade (engenheiros e

t écnicos)

Quadro 1 - Competência das pessoas


Fonte: ABNT NBR 5410, 2004, 2008.

1 BA4 e BAS: é um código que representa a compet ência das pessoas que irão utilizar as instalações elét ricas, onde a primeira
letra indica a categoria geral, a segunda let ra indica a nat ureza e o número indica a classe.
2 ELEMENTOS OE MANUTENÇÃO ELÉTRICA •

c) Verificação de rotina: faz parte da manutenção preventiva a verificação das instalações elétricas
através de inspeções visuais, conforme a figura seguinte, para identificar se os equipamentos e
componentes apresentam danos aparentes que comprometam o funcionamento adequado e
a segurança. As verificações de rotina são feitas em dois momentos. No primeiro momento será
inspecionado visual mente os seguintes itens:

- Condutores: deve ser verificada a isolação dos condutores para identificar sinais de aqueci-
mento excessivo, rachaduras e ressecamento; e seus elementos de conexão, fixação e suporte
para verificar folga nas conexões gerando mau contato, o estado de conservação e limpeza;

- Quadros de dist ribuição e painéis: deve ser verificada a integridade da estrutura mecânica
dos quadros de distribuição e painéis observando se há algum dano físico, corrosão e se seus
elementos estão em perfeito funcionamento. Internamente, todos os elementos devem ser
inspecionados avaliando o estado dos contatos, ajustes, calibrações, fixação e limpeza. t im-
portante verificar se há sinais de aquecimento excessivo em algum componente;

Equipamentos móveis: deve ser inspecionado verificando o estado geral, limpeza e se há


sinais de aqueci mento excessivo. Deverá verificar, principalmente, o estado dos condutores
que alimentam o equipamento móvel.

Figura 6 - 1nspeçãovisual em painéis elétricos


Fonte: SENAI DR BA 2018.

A inspeção visual é uma atividade simples, mas extremamente importante para identificar falhas ou
quaisquer anomalias visíveis nas instalações elétricas e devem ser feitas com muita atenção para evitar que
estas falhas se transformem em defeitos ou danos mais graves.
• MANUTENÇilo ELÉTRICA PREDIAL EINDUSTRIAL

,='.~FIQUE Sempre que possível, as verificações devem ser feitas com as instalações elétricas
desenergizadas, garantindo uma maior segurança aos profissionais envolvidos na
~·~ALERTA manutenção.

Após a inspeção visual, deverão ser realizados, no segundo momento, os ensaios nas instalações elétri-
cas. Os ensaios são testes feitos, normalmente, com auxílio de instrumentos de medição para verificar se as
instalações estão aptas a funcionar. Deste modo, deverão ser realizados, no mínimo, os seguintes ensaios:

- Continuidade dos condutores de proteção e das equipotencializações principal e suplementares;

- Resistência de isolamento da instalação elétrica;

- Resistência de isolamento das partes dai instalação objeto de SELV 2, PELV 3 ou separação elétrica 4;

- Ensaios de funcionamento.

Caso seja identificada alguma irregularidade durante os ensaios, o ensaio deverá ser repetido após a
correção do problema, inclusive, os ensaios predecessores que tenham sido influenciados.

Após realizar a inspeção visual e os ensaios, chega o momento de ser feito o ensaio geral de funciona-
mento das instalações elétricas, pelo menos, das situações de maior perigo.

Nesta etapa da verificação é importante também avaliar se os níveis de tensão estão adequados à ins-
talação, conforme ilustra a figura seguinte.

Fig ura 7 - Verificando o nível de te nsão d as Instalações


Fo nte: Shutte r.stock, 2018.

2 SELV: sistema de extrabaixa tensão que é elet ricamente separad o da t erra, de outros sistemas e de tal modo que a ocorrência
de uma única falta não resulta em risco de choque elét rico.
3 PELV: sistema de extrabaixa tensão que não é elet ricamente separado da terra, mas que preenche, de modo eq uivalentel todos
os requisitos de um SELV.
4 Separação elétrica: é uma prot eção supletiva contra choques elét ricos quando massas ou partes condutivas acessíveis tornam-
se acidentalment e vivas.
2 ELEMENTOS OE MANUTENÇÃO ELÉTRICA •

As inspeções e ensaios em instalações elétricas são importantíssimos para evitar possíveis falhas ou
irregularidades que ocorram no sistema elétrico durante a sua vida útil, prevenindo que equipamentos
elétricos operem fora dos seus parâmetros nominais ou que possíveis falhas ocorram provocando danos
físicos às instalações ou acidentes com pessoas.

~ SAIBA Para ter mais informações em relação aos ensaios em instalações elétricas consulte o
~' MAIS item 7.3 da Norma ABNT NBR 5410.

d) Manutenção corretiva: caso seja identificada alguma anormalidade durante as inspeções e en-
saios nas instalações elétricas, toda a instalação ou apenas a parte afetada deverá ser desenergi-
zada e a falha deverá ser corrigida por pessoas advertidas (BA4) ou qualificadas (BAS).

Aaplicação da norma ABNT NBR 541 Ona manutenção elétrica predial e industrial é generalista, deven-
do ser utilizada apenas como uma referência do mínimo que deve ser feito nas instalações elétricas.
t importante destacar que o técnico deve observar as particularidades de cada componente da insta-
lação elétrica e seguir as orientações do fabricante no que diz respeito à manutenção. Contudo, as reco-
mendações da referida norma garantem um funcionamento adequado e com segurança das instalações
elétricas de baixa tensão.
• MANUTENÇilo ELÉTRICA PREDIAL EINDUSTRIAL

RECAPITULANDO

Aprendemos neste capítulo que o sucesso da manutenção depende da organização do setor através
da área de PCM que é responsável pelo planejamento, programação e controle dos serviços. Cada
atividade deve ser analisada cuidadosamente e assim o sucesso do setor é traduzido em uma maior
disponibilidade dos equipamentos, menor custo e consequentemente maior produtividade.

Aprendemos que o PCM é responsável por organizar todos serviços executados na manutenção e ao
término dessas atividades o PCM analisa os procedimentos executados para avaliar o desempenho
da manutenção através de indicadores que irão ajudar no acompanhamento de desempenho e me-
lhoria contínua da manutenção.

Para manutenção em instalações elétricas de baixa tensão vimos que devemos seguir, no mínimo,
as orientações da norma ABNT NBR 541 O que estabelece alguns critérios para manutenção, como:
periodicidade da manutenção, qualificação das pessoas envolvidas na manutenção, as verificações
de rotina e a manutenção corretiva que devem ser executadas nas instalações.
2 ELEMENTOS OE MANUTENÇÃO ELÉTRICA •
Manutenção, conceitualmente, significa o ato de conservar equipamentos com as caracte-
rísticas originais, de modo que estejam aptos para funcionar quando necessário ou, em caso
de defeito, sejam reparados no menor tempo possível, concil ~ ando soluções técnicas e econô-
micas.

Porém, apenas a conservação dos equipamentos não é suficiente para garantir o sucesso,
da manutenção.

Atualmente, a gestão da manutenção e aplicação de ferramentas estratégicas como a TPM 5·


são alternativas mais curtas para garantir a eficiência da manutenção.

A manutenção, que inicialmente era predominantemente corretiva, através do reparo dos


equipamentos após a quebra dos mesmos, representava um alto custo operacional por ser
uma ação não planejada.

Por este motivo, acabava influenciando diretamente nos parâmetros de produtividade,


confiabilidade e qualidade do produto final.

Observou-se, então, que a solução era planejar, modernizar e atualizar a manutenção com
novas técnicas como, por exemplo, as técnicas de manutenção preventiva, preditiva, detectiva
e engenharia de manutenção.

Nesse contexto de modernização os profissionais, como o técnico em eletrotécnica, que,


atuam na manutenção precisaram e precisam se atualizar frequentemente para conseguir apli-
car novas técnicas e aprimorá-las buscando sempre a melhonia contínua da manutenção.

5 TPM: Termo proveniente da palavra em inglês Total Productive Maintenance que significa Manutenção Produtiva
Total.
• MANUTENÇilo ELÉTRICA PREDIAL EINDUSTRIAL

1~Ge ra ção 2" Geração 3.: Geração IJ " Geraçao

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Fig ura 8 - Evolução da manutenção


Fo nte: SENAI DR BA, 2018.

Normalmente, os instrumentos utilizados para controlar as atividades da manutenção são documentos


e softwares que, além de controlar e registrar todas as ações, são utilizados para transformar a rotina da
manutenção em indicadores de desempenho que norteiam o PCM e fundamentam as ações do setor.

Um dos indicadores de desempenho mais utilizado na manutenção é a contiabilidade que analisa, atra-
vés da aplicação de técnicas de análises de falhas, a probabilidade de ocorrer falhas em um equipamento
ou sistema.

Assim, a manutenção é peça fundamental para execução das técnicas de análises de falhas, pois é ne-
cessário conhecer os equipamentos, investigar as causas das falhas para que o resultado deste processo
seja transformado em ações no plano de manutenção.

O termo confiabilidade na manutenção, do inglês Reliability, teve origem


01
1 CURIOSIDADES
nas análises de falha de equipamentos eletrônicos para uso militar, du-
rante a década de 50, nos Estados Unidos.
(Fonte: PINTO; NASCIF, 2009).

Agora, convido você a saber mais sobre manutenção.

Nas páginas a seguir serão abordados aspectos como gestão da manutenção, tipos de manutenção,
TPM, instrumentos de controle da manutenção e contiabilidade. Além das técnicas de desmontagem de
equipamentos das instalações elétricas.

Vamos nessa!
3 MANUTENÇAO •

3.1 CONHECIMENTO DE GESTÃO

A gestão da manutenção é o processo coordenado de atividades que visam integrar a manutenção ao


processo produtivo para alcançar, através de ferramentas estratégicas, metas preestabelecidas na visão da
empresa.

Figura 9 - Ferramentas estraté9icas


Fonte: SHUTTERSTOCK, 20 18.

As ferramentas estratégicas são instrumentos gerenciais utilizados para conduzir as ações de uma em-
presa, para que esta alcance suas metas. Algumas ferramentas estratégicas utilizadas na gestão da manu-
tenção, são:
a) Benchmarking: é um processo de comparação dos principais indicadores de performance com
uma empresa do mesmo seguimento de negócio que já possui um nível de excelência. No caso
da manutenção, a aplicação desta ferramenta assume um foco estratégico para que a empresa
melhore seus indicadores e se torne mais competitiva no seu ramo de atuação;

Nossa
empresa
Figura 10 - Benchmarklng
Fonte: SENAJ DR BA, 2018.
• MANUTENÇilo ELÉTRICA PREDIAL EINDUSTRIAL

b) PDCA: conhecido como cicJo PDCA, é uma metodologia com ampla aplicação em diversos pro-
cessos com o objetivo de solução de problemas, controle e melhoria contínua. PDCA é assim cha-
mado devido aos nomes das suas etapas que são representadas pela sua letra inicial em inglês:

- P: do verbo em inglês Plan, que significa planejar em português;

- D: do verbo em inglês Do, que significa executar em português;

- C: do verbo em inglês Check, que significa verificar em português;

- A: do verbo em inglês Action, que significa agir em português, mas no contexto da metodolo-
gia significa corrigir.

Ciclo PDCA

Localizar problemas; Executar


Planos de ação; planos d e ação
Metas.

Treinar; Acompanlhar
Corrigir erros; desempenho;
Padronizar. Verificar meta s.

Figura 11 - Ciclo PIXA


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

c) Diagrama de Pareto: é um gráfico de barras que ordena as frequências das ocorrêncÍJas, da maior
para a menor, facilitando a identificação dos problemas que ocorrem com maior frequência, com
o objetivo de focar os esforços nos problemas mais importantes. O Princípio de Pareto apresenta
o conceito de que, na maioria das situações, 80ºA> das consequências são resultado de 20º/Ó das
causas. Ou seja, são poucas causas que originam a maioria dos problemas.
3 MANUTENÇAO •

PRINCÍPIO DE PARETO

20o/o 80%
ESFORÇO RESULTADOS

20%

-
20o/o
Figura 12 - Princípio de Pa reto
Fonte: SENAI DR BA, 2018.

Atualmente, as empresas têm exigido a profissionalização da gestão da manutenção, onde engenhei-


ros com esp ecialização na área ou, em alguns casos, técnicos com muita experiência são responsáveis pela
1

gestão.
No entanto, algumas ferramentas estratégicas como PDCA fazem parte do dia a dia dos técnicos, pois a
sua apl icação resulta em uma maior eficiência do seu desempenho no trabalho.
São inúmeras ferramentas estratégicas que podem ser aplicadas para permitir que a gestão da ma-
nutenção alcance suas metas e faça parte das estratégias das empresas para tornar-se mais competitiva.
No entanto, existem algumas ferramentas estratégicas que acabam se tornando uma filosofia estratégica,
como é o caso da TPM que veremos a seguir.

3.2 MANUTENÇÃO PRODUTIVA TOTAL

A manutenção produtiva total (TPM) é uma metodologia de gerenciamento da manutenção de equi-


pamentos que engloba a participação de todos os funcionários e os setores de uma empresa, para uma
mudança de postura organizacional.
Visa a melhoria das pessoas e dos equipamentos com o objetivo de manter o ambiente produtivo e
com qualidade.
Na prática, a TPM tem três objetivos básicos: "quebra zero", "defeito zero" e "acidente zero".
Além disso, a manutenção produtiva total é baseada em 8 pilares com o objetivo de eliminar as causas
dos defeitos, garantindo a manutenção planejada para alcançar a disponibilidade total do equipamento
para a produção, conforme rnustrados na figura seguinte.
• MANUTENÇilo ELÉTRICA PREDIAL EINDUSTRIAL

Ag ura 13 - Os pilares da TPM


Fo nte: SHUTTERSTOCK, 2018.

Os pilares da TPM são:


a) Manutenção autônoma: é a capacitação do operador para que ele se envolva nas rotinas de
manutenção do equipamento em busca do aumento da eficiência do equipamento;
b) Manutenção planejada: foca no planejamento das manutenções preventivas e preditivas obje-
tivando a "quebra zero";
c) Manutenção da qu alidade: busca o controle do equipamento e dos processos, objetivando o
"defeito zero" e a qualidade dos produtos;
d) Melhorias específicas: implantar melhorias específicas para eliminar as perdas e aumentar a
eficiência do equipamento;
e) Controle inicial: conjunto de atividades que visam reduzir o tempo de introdução do produto e
processo;
f) Treinamento e educação: busca elevar o nível de capacitação da mão de obra;

g) Segurança, saúde e meio ambiente: garantir segurança e saúde aos funcionários e evitar im-
pactos ambientais;
h) Areas administrativas: aprimorar o trabalho administrativo, reduzindo as perdas e aumentando
a eficiência dos processos administrativos.

Alguns pilares da TPM buscam a manutenção planejada e melhorias específicas. Desta forma, é ne-
cessário conhecer e aplicar corretamente os tipos de manutenção para cria'r um plano de manutenção
adequado e eficaz às instalações.
3 MANUTENÇAO •

3.3 TIPOS DE MANUTENÇÃO

Compõe a manutenção um conjunto de atividades planejadas ou não planejadas que são realizadas
com o objetivo de manter ou recuperar as características funcionais de U1
m equipamento ou sistema.

A manutenção não planejada ocorre de forma inesperada, quando há a fallha 6 de um equipamento ou


sistema, necessitando de intervenções corretivas para que o equipamento volte às suas condições normais
de funcionamento. Desta forma, dizemos que a manutenção é corretiva.

A manutenção planejada depende de uma organização prévia de atividades e métodos que serão apli-
cados, além de ferramentas e mão de obra que serão necessários para evitar que ocorram falhas nos equi-
pamentos.
Neste caso, existem algumas técnicas para realizar e programar a manutenção, como as mianutenções
preventiva, preditiva, corretiva planejada e d1etectiva.

MANUTENÇÃO

NÃO PLANEJADA PLANEJADA

,, ,, , r ,, ,,
r - 1
MANUTENÇÃO MANUTENÇÃO MANUTENÇÃO MANUTENÇÃO MANUTENÇÃO 1
1 CORRETIVA CORRETIVA PREVENTIVA PREDITIVA DETECTIVA

1 ENGENHARIA DE MANUTENÇÃO 1
L-----------------------------------------~
Figu ra 14 - Tipos de manutenção
Fo nte : SENAI DR BA, 2018.

Atualmente, está havendo uma mudança de conceito na manutenção. Essa mudança consiste em dei-
xar de ficar consertando para implantar um conjunto de atividades para aumentar a confiabil idade e, as-
sim, garantir a disponibilidade dos equipamentos através da engenharia da manutenção.

Nesse sentido, convido vocês para aprender um pouco mais sobre os tipos de manutençã10, suas van-
tagens e desvantagens.

3.3.1 MANUTENÇÃO CORRETIVA

A manutenção corretiva é um conjunto de atividades que tem como objetivo restaurar ou corrigir as
condições de funcionamento de um equipamento para que retorne próximo às condições originais.

6 Falha: é o término da capacidade de um item desempenhar a função requerida {ABNT NBR 5462, 1994).
• MANUTENÇilo ELÉTRICA PREDIAL EINDUSTRIAL

A manutenção corretiva é aplicada em dois momentos: no momento da manutenção não planejada,


que acontece quando ocorre a falha do equipamento e no momento da manutenção planejada, que acon-
tece quando há a diminuição do desempenho de funcionamento dos equipamentos, observado através
do monitoramento de um parâmetro até um limite preestabelecido.
No entanto, quando a manutenção ocorre de maneira não planejada, ou seja, após a falha do equipa-
mento, interrompendo a produção sem uma programação, como ilustra a figura seguinte, causa prejuízos
enormes às empresas e perda da qualidade do produto.

Figura 15 - Manutenção corretiva não planejada


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

As principais características da manutenção corretiva quando ocorre de maneira não planejada, são:
a) Redução da disponibilidade dos equipamentos;
b) Diminuição da vida útil dos equipamentos;
c) Paradas em momentos indesejados e inesperados causando prejuízos à empresa;
d) Perda da qualidade do produto;
e) Aumento no custo da manutenção.

Apesar do avanço das técnicas e métodos na manutenção~ é impossível eliminar completamente a ma-
nutenção corretiva não programada, pois em muitos casos ainda não é possível prever o momento exato
que uma falha irá ocorrer nos equipamentos. Entretanto, a aplicação da manutenção preventiva evita as
ações não planejadas, conforme será abordado a seguir.

3.3.2 MANUTENÇÃO PREVENTIVA


3 MANUTENÇAO •

A manutenção preventiva tem o objetivo de prevenir defeitos que possam ocasionar a falha ou dimi-
nuir o desempenho de funcionamento dos equipamentos em operação.

Esta é uma manutenção que atua de maneira programada, através de um plano de manutenção elabo-
rado previamente, baseado em intervalos de tempo definidos, estudos estatísticos, orientação do fabrican-
te, local de instalação e outros fatores que interfiram diretamente no funcionamento dos equipamentos.

Figura 16 - Manutenção preventiva


Fonte : SENAI DR BA, 2018.

Para que a manutenção preventiva seja produtiva e eficaz, é necessário criar um plano de manutenção
com uma equipe de profissionais capacitados, para realizar o planejamento e controle de todas as ações.

Além disso, é necessário criar um mapa de rotinas e organizar uma biblioteca com a documentação dos
equipamentos, como: manuais, catálogos, desenhos atualizados e histórico de intervenções.

A manutenção preventiva, quando bem executada, garante a integridade dos equipamentos e tem
como principais benefícios:

a) Redução do número de intervenções corretivas não planejadas;

b) Redução do custo da manutenção corretiva;

c) Maior disponibilidade dos equipamentos;

d) Conservação da vida útil do equipamento.


• MANUTENÇilo ELÉTRICA PREDIAL EINDUSTRIAL

.,
Agura 1 7 - Ma n utenção preventiva em painéis elétricos
Fo nte: SHUTTERSTOCK, 2018.

Entretanto, quando há intervenção em equipamentos que estão funcionando bem, existe o risco de in-
troduzir defeitos através da falha humana, falha das peças sobressalentes ou procedimentos inadequados.
Portanto, as desvantagens da manutenção preventiva são:

a) Inserção de defeitos nos equipamentos;

b) Gasto na substituição de um componente que está funcionando bem.

Apesar das desvantagens a manutenção preventiva é muito aplicada nas rotinas das manutenções e
quando bem aplicada tem resultados extremamente eficientes.

3.3.3 MANUTENÇÃO PREDITIVA

A manutenção preditiva, assim como a manutenção preventiva, tem o olb jetivo de prevenir defeitos
que possam ocasionar a falha dos equipamentos em operação.

Porém, a manutenção preditiva atua através do monitoramento de parâmetros, permitindo a operação


dos equipamentos continuamente por um maior período possível.

A prática da manutenção preditiva é aplicada em equipamentos que permitem o monitoramento de


parâmetros e que os custos envolvidos justificam a aplicação deste tipo de manutenção.

Esta manutenção permite monitorar o equipamento em pleno funcionamento através de medições de


parâmetros (vibração, corrosão, temperatura e outros) que podem ter sua progressão acompanhada.

A partir da determinação de um limite seguro para o estado ou condição operacional do parâmetro


monitorado, é planejada a intervenção no equipamento, ou seja, uma manutenção corretiva planejada.
3 MANUTENÇAO •

A figura a seguir ilustra a execução da manutenção preditiva através do monitoramento de temperatura


utilizando a análise termográfica.

Fig ura 18 - Conceito da manutenção preditiva


Fonte: SH UTTERSTOCK 1 2018.

A determinação de um limite seguro para o parâmetro monitorado é crucial para impedir a ocorrência
de falhas aleatórias e paradas indesejáveis na produção, ao mesmo tempo, permite planejar a manutenção
corretiva no equipamento.

o - - - 19-- Tempo de planejamento da intervenção


.r:.
e
QJ
o.. performance esperada
E
QJ
r--~ - -- ---------
Vl
OJ
"'O
nível de alarme
- -
nível admissível
------ - -
1
-
-procurado
1
1 •-acompanhamento
preditivo
1
1

t, + t2 t3 tempo
- - - - - Manutenção corretiva planejada

Manutenção preditiva

Gráfico 1 - Manutenção pred ltiva


Fonte: SENAI DR BA, 2018.
• MANUTENÇilo ELÉTRICA PREDIAL EINDUSTRIAL

A manutenção preditiva tem como principais benefícios em relação à manutenção preventiva:

a) Operação contínua do equipamento por maior tempo possível;

b) Maior disponibilidade dos equipamentos;

c) Maior intervalo entre as manutenções;

d) Menor custo com sobressalentes.

Fig ura 19- Manutenção predltiva em motores e létricos


Fonte: SHUTTERSTOCK, 20 18.

Entretanto, em comparação com a manutenção preventiva, a manutenção preditiva tem um custo para
a implantaç,ão do sistema de medição e monitoramento. Desta forma, os custos devem ser avaliados e
justificados para a sua implantação.

- Redução da disponibi-

lidade dos equipamen-

tos;

- Diminuição da vida

útil dos equipamentos;


Intervenção/
- Paradas em momen-
Corretiva não Correção das substituição
Aleatórios tos indesejados e ines-
planejada falhas sem progra-
perados causando pre-
mação
juízos à empresa;

- Perda da qualidade do
produto;

- Aumento no custo da

manutenção.
3 MANUTENÇAO •

- Redução do número

de intervenções corre- - Inserção de defeitos


- Horas de
tivas não planejadas; nos equipamentos;
operação; Intervenção/
- Redução do custo da - Gasto na substituição
Evitar ocorrên- - N° de opera- substituição
Preventiva manutenção corretiva; de um componente
eia de falhas ções; em intervalos
- Maior disponibmda- que está funcionando
-Tempo decor- programados
de dos equipamentos; bem.
rido (dias).
- Conservação da vida

útil do equipamento.

- Operação continua

Intervenção/ do equipamento por

Determinado substituição maior tempo possível;


- Custo para implanta-
pelo estado determinada - Maior disponibilida-
Evitar ocorrên- ção do sistema de me-
Preditiva ou condição pelo estado de dos equipamentos;
eia de falhas dição e monitoramento
do parâmetro ou condição - Maior intervalo entre
dos parâmetros.
monitorado. do parâmetro as manutenções;

monitorado. - Menor custo com

sobressalentes.

Quadro 2 - Comparação entre as manutenções corretiva não planejada, preventiva e predltiva


Fonte SENAI DR BA, 2018.

Atualmente, o plano de manutenção aplicado em instalações elétricas é essencialmente manutenção


preventiva com a inserção das técnicas preditivas gradativamente, principalmente através da utilização de
análise termográfica.

-
3.3 .4 MANUTENÇAO DETECTIVA

Manutenção detectiva é aplicada, exclusivamente, em sistemas de proteção, comando e controle etem


o objetivo de detectar falhas ocultas que não são perceptíveis ao pessoal de operação e manutenção.
Este tipo de manutenção vem sendo muito utilizado em função da inclusão da instrumentação de co-
mando, controle e automação em diversos processos prediais e industriais.
A manut enção detectiva funciona através da verificação dos itens de sistemas que foram projetados
1

para funcionar automaticamente e que, em caso de falhas, podem comprometer a segurança e a produção.
Na prática, a manutenção é realizada com os equipamentos em operação e após detectar uma falha
oculta é realizada uma manutenção corretiva programada para corrigir a falha .
• MANUTENÇilo ELÉTRICA PREDIAL EINDUSTRIAL

Rgura 20 - Conceito da manutençãodetectlva


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

Um exemplo simples da manutenção detectiva são os botões de teste de lâmpadas de sinalização e


alarmes em painéis, a exemplo da figura seguinte.

Figura 21 - Painel com lãmpadasde sinalização


Fonte~ SHUTTERSTOCK, 2018.

A sinalização nas portas dos painéis é um indicativo do status dos equipamentos e normalmente indica
se o equipamento está em operação e se há algum defeito. Caso todo o circuito de comando esteja funcio-
nando perfeitamente, mas a lâmpada de sinalização esteja com algum defeito, a sinalização ou o alarme
deixa de ser executado.
3 MANUTENÇAO •

CASOS E RELATOS

A inclusão da manutenção detectiva

Uma empresa de logística realizava uma festa para todos os funcionários e seus respectivos fami-
liares, no espaço de eventos de um edifício, para comemorar o aniversário de 1Oanos da empresa.

Durante la organização da festa, o responsável pelo evento tomou o cuidado de verificar com a ad-
ministração do prédio se o local possuía gerador de energia para, em caso de falta de energia da
concessionária, não prejudicar a comemoração dos funcionários. O administrador prontamente
respondeu que existia gerador e que o mesmo havia passado por uma manutenção preventiva há
pouco tempo.

Eis que durante a festa, um problema na rede de distribuição de energia elétrica na região interrom-
peu a festa e o gerador de energia, que estava programado para entrar em operação automatica-
mente, não funcionou, deixando todos no escuro.

O organizador da festa se deslocou até a administração do prédio para resolver o problema,, que na-
quele momento já duravam 1Ominutos, até que o gerador entrou em funcionamento manualmente
com o auxílio de um técnico da manutenção que trabalhava no prédio.

No dia seguinte, após a festa, o administrador do prédio entrou em contato com o organizador do
evento para se desculpar e informar que o gerador, como ele havia informado, estava funcionando,
mas que o problema ocorreu no circuito que comanda a entrada do gerador automaticamente e por
isso teve que ser acionado manualmente.

A partir daquele dia, o setor de manutenção do prédio passou a incorporar a manutenção detectiva
no seu plano de manutenção para evitar a ocorrência de falhas ocultas em suas instalações.

Perceberam como atitudes simples ajudam na manutenção dos equipamentos, evitando danos maio-
res? Por isso, é importante a implementação da manutenção detectiva nos planos de manutenção em
sistemas de proteção, controle e comando.
• MANUTENÇilo ELÉTRICA PREDIAL EINDUSTRIAL

-
3.3.5 ENGENHAR IA DE MANUTENÇAO

Engenharia de manutenção é a evolução da manutenção, uma cultura de mudanças que consiste em


deixar de ficar consertando continuamente para consolidar a rotina e implantar melhorias através da apli-
cação de técnicas modernas.

Pinto e Nascif (2009), destacam as principais atribuições da engenharia de manutenção:

a) Aumentar a confiabilidade;

b) Aumentar a disponibilidade;

e) Melhorar a manutenibilidade;

d) Aumentar a segurança;

e) Eliminar problemas crônicos;

f) Solucionar problemas tecnológicos;

g) Melhorar a capacitação do pessoal;

h) Gerir materiais e sobressalentes;

i) Participar de novos projetos (interface com a engenharia);

j) Dar suporte à execução;

k) Fazer análise de falhas e estudos;

1) Elaborar planos de manutenção e de inspeção e fazer sua análise crítica;

m) Acompanhar os indicadores;

n) Zelar pela documentação técnica.

A figura a seguir representa a evolução da manutenção e compara os resultados obtidos em cada tipo
da manutenção com os custos envolvidos.

PREDITIVA + ENG. DE
CORRETIVA PREVENTIVA CORR. PLANEJADA MANUTENÇÃO

EVOLUÇÃO

RESULTADOS: Dlsponlbll ldade, Connabllldade, S~uranÇc\ Melo Ambiente

Figura 22 - Custo d os tipos d e manutenção vs resultad os


Fonte: SENAJ DR BA, 2018.
3 MANUTENÇAO •

t possível perceber através da figura anterior a necessidade de evitar ao máximo a manutenção corre-
tiva não planejada, como também, a necessidade de buscar evoluir até a engenharia de manutenção para
obter melhores resultados.

l~ 1 SAIBA Para saber mais sobre os tipos de manutenção, consulte: PINTO, Alan Kardec; NASCIF,
~J MAIS Júlio. Manutenção: função estratégica. 3. ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2009.

Visualizaram o quanto é vantajosa a engenharia de manutenção para ter melhores resultados com cus-
tos menores? Então, é importante estudar a implementação deste tipo de manutenção para ter um setor
eficiente.

3.4 INSTRUMENTOS DE CONTROLE DA MANUTENÇÃO

A implantação do plano de manutenção depende das informações que estão presentes nas rotinas das
empresas. Desta forma, o setor de manutenção precisa ter instrumentos de controle para poder coletar
esses dados.

t ntra da de dados

Entrada de dados
- Software ERP;
- 0 .S.
- SSM

Banco de dados
de manutenção

Figura 23 - Instrumentos de contro le da manute nção


Fo nte : SENA! DR BA, 2018.
• MANUTENÇilo ELÉTRICA PREDIAL EINDUSTRIAL

Os principais instrumentos uti lizados para controle da manutenção são documentos e software ERP,
conforme a lista seguinte:

a) Solidtação de serviço de manutenção (SSM): documento utilizado pela operação com a finali-
dade de informar ao setor de manutenção alguma falha nas instalações;

SOLICITAÇÃO DE SERVIÇO OE MAN UTENÇÃO (SSM )

EMPRESA DATA

IDENTIFICAÇÃO

DESCRIÇÃO

NÍVEL DE URG~NCIA

ASSINATURA

Rgura 24 - Modelo de SSM


Fo nte : SENAI DR B~ 2018.

b) Ordem de serviço (O.S.): documento utilizado para descrever, individualmente, os serviços exe-
cutados pela manutenção, para qu,e seja possível gerir o setor baseado em informações como
materiais utilizados, funcionários envolvidos, duração da manutenção, atividades, causa da fa lha
e outros;

ORDEM OE SERVIÇO OE MANUTENÇÃO (0.S)


--
EMPRESA REFERtNCIA

MATERIAIS
INSTRUMENTOS
EPI
RISCOS

Figura 25 - Modelo de Ordem de Serviço


Fo nte : SENA! DR B~ 2018.
3 MANUTENÇAO •

c) Relatórios de inspeção: documento utilizado pelo profissional do setor de manutenção para


descrever as informações das inspeções realizadas nos equipamentos ou instalações;

Fig ura 26 - Técnico preenchendo relatório d e inspeção


Fonte: SH UTTERSTOCK, 2018.

d) Software ERP 7: é um sistema integrado de gestão utilizado para integrar diversos setores de uma
empresa com um banco de dados único. Atualmente, muito utilizado nas empresas de médio e
grande porte devido à eficiência e facilidade de acesso às informações.

•••••
PRODUCTIOH
INVEtlTORY
~~~ SERVICE

HUMAN RESOURCES

__
-,

-\.Si_
-••
PURCHASINO

Figu ra 27 - Software ERP


Fonte: SHUTTERSTOCK, 20 18.

7 ERP: significa Planejament o dos Recursos da Empresa é uma sigla proveniente do termo em Inglês Enterprise Resource Planning.
• MANUTENÇilo ELÉTRICA PREDIAL EINDUSTRIAL

Os instrumentos de controle de manutenção, além de conter informações relevantes que auxiliam a


elaboração do plano de manutenção, também são úteis para gerar os indicadores de manutenção, como:
TMEF8, TMPR9, disponibilidade 10, custo da manutenção e outros.
Estes indicadores são importantes para o setor de manutenção, pois são valores que servem de referên-
cia para que o setor busque a melhoria contínua e competitividade do setor da manutenção.

3.5 CONFIABILIDADE: ANÁLISE DE FALHAS E DEFEITOS, FALHA HUMANA, ANÁLISE DE


RISCOS, PREVENÇÃO E CORREÇÃO DE FALHAS

Confiabilidade é a capacidade de um item desempenhar uma função requerida sob condições especifi-
cadas, durante um dado intervalo de tempo (NBR 5462-1 994). t um índice (número) utilizado para controle
da manutenção, que representa um estudo de todos os fatores que contribuem para a falha de um equipa-
mento, instalações ou processo.
Para aumentar a confiabilidade de um equipamento ou instalação são necessárias diversas ações que
se baseiam na identificação das falhas potenciais e determinação das ações necessárias para evitar a sua
A
ocorrenc1a. •

Figura 28 - Confiabllidade
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

8 TMEF: é um indicador da manutenção que significa Tempo Médio Entre Falhas e é proveniente do termo em inglês, MTBF, Mean
Time Between Failures.
9 TMPR: é um indicador da manut enção que significa Tempo Médio Para Reparo e é proveniente do termo em inglês MTTR,
Mean time to Repair.
1ODisponibilidade: é a capacidade de um item estar em condições de executar uma certa função em um dado instante ou
durante um intervalo de tempo determinado (ABNT NBR 5462, 1994).
3 MANUTENÇAO •

Uma dessas ações é a Análise do Modo e Efeito de Falha (FMEA), muito utilizada em diversos setores, in-
clusive, na manutenção. Assim, sabendo que a FMEA implica no aumento da confiabilidade, que tal apren-
dermos sobre esta ferramenta e como aplicá -la na manutenção? Vamos lá!

3.5 .1 ANÁLISE DO MODO E EFEITO DE FALHA - FMEA

FMEA, do inglês Failure Modes and Effects Analysis, é uma ferramenta que tem como objetivo identificar
modos potenciais de falha, classificá-los de acordo com a sua importância e indicar ações corretivas, pre-
ventivas, preditivas ou detectivas que evitem a sua ocorrência.

Os principais beneficias da aplicação da FMEA para a manutenção são:

a) Analisar de forma estruturada e conceituai as falhas vivenciadas ou potenciais falhas nas instala-
ções ou equipamentos;

b) Garantir o controle das principais causas identificadas em cada modo de falha e minimizar o im-
pacto sobre a disponibilidade dos equipamentos;

c) Melhorar continuamente o plano de manutenção das instalações, através de recomendações


para evitar falhas;

d) Melhorar a eficiência da manutenção, aumentando TMEF e reduzindo o TMPR;

e) Redução dos custos da manutenção;

f) Aumento da confiabilidade e segurança das instalações e equipamentos.

A aplicação da FMEA na manutenção, normalmente, utiliza dados históricos e informações de proble-


mas que já ocorreram nos equipamentos, registrados nos instrumentos de controle da manutenção, para
auxiliar na investigação das falhas e garantir qualidade na execução deste procedimento.

A FMEA é documentada em um formulário que auxilia na análise e permite que haja revisões futuras em
busca da melhoria contínua desta ferramenta.

Além disso, a FMEA deve ser executada por um grupo de especialistas da manutenção e operação que
devem se reunir para discutir o ponto da falha (equipamento), realizar a análise da falha, avaliar os ricos e
propor ações para o plano de manutenção.

A lista seguinte detalha as 4 etapas que devem constar no formulário FMEA, tomando como exemplo
parte de uma análise para um transformador de potência:

a) Ponto da falha: identificar e listar os equipamentos que têm importância t écnica e/ ou financeira
para o sistema ou instalações, compreendendo as seguintes informações:

- Equipamento: identificar o equipamento com nome e TAG (se houver);

- Função: informar a função que o equipamento desempenha para o sistema que ele faz parte;

- Componente: identificar os componentes que podem sofrer potencja is falhas.


• MANUTENÇilo ELÉTRICA PREDIAL EINDUSTRIAL

Ponto da falha

Equipamento Componente Função

Transformador TF-01 Transformar o nível


Enrolamentos
(Parte Ativa) de tensão

Quadro 3 - FMEA - Ponto d a falha


Fonte: SENAJ DR BA, 2018.

b) Análise da falha: identificar as possíveis falhas que podem ocorrer nos componentes listados,
considerando os seguintes itens:
- Modos de falhas: informar como é observado o dano causado ao componente;

- Efeitos da falha: identificar as consequências que a falha provoca no componente;

- Causa da falha: identificar as possíveis causas da falha.

Análise da falha
1

Modos de Efeitos de Caus.a da


Falha Falha Falha

Elevar a temperatura Sobrecarga ou fatores


Sobreaquecimento
do Trafo externos

Falha na isola ção Curto-circuito Rupt ura dielétri ca


nas espiras do isolamento

Contaminação Ruptura dielétrica


Cu rto-ci rcu ito
por partículas do isolamento

Resistência de Degradação
Perda de potência
isolamento do isolamento

Quadro 4 -FMEA - Análise da falh a


Fonte: SENAI DR BA. 2018.

c) Avaliar os ri cos: analisar os riscos inerentes a cada falha, compreendendo os seguintes itens:
- Frequência: é a probabilidade de ocorrer a falha, conforme o quadro anterior;

- Severidade: é a gravidade da fa lha, conforme o quadro anterior;

- Detecção: indica o grau de facilidade para detectar a falha, conforme o quadro anterior;
3 MANUTENÇAO •

- NPR: é um índice que indica o Número da Prioridade do Risco, através do produto da Frequên-
cia x Severidade x Detecção, ou seja, NPR = F x S x D.

COMPONENTE DO NPR CLASSIFICAÇÃO PESO

Improvável 1
Muito pequena 2a3
Frequência (F) Pequena 4a6
Média 7a8
Alta 9a10
Apenas perceptível 1
Pouca importância 2a3
Severidade (S) Moderadamente grave 4a6
Grave 7a8
Extremamente grave 9a10
Alta 1
Moderada 2a5
Detecção (D} Pequena 6a8
Muito pequena 9
Improvável 10
Baixo 1a50
Médio 50a100
NPR
Alto 100a 200
Muito alto 200a 1000

Quadros- Componentes NPR


Fonte: PINTO; NASCIF, 2009.

Ainda tendo como base o exemplo do transformador de potência, tem-se os seguintes índices NPR:

Avaliação de Risco

Frequência Severidade Detecção

4 6 , 24

2 10 3 60

2 10 3 60

2 10 3 60

Tabela 1 - FMEA - Avaliação de risco


Fonte: SENAJ DR BA, 20 18.
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d) Ações para o plano de manutenção: neste item são indicadas as ações que devem ser imple-
mentadas no plano de manutenção para evitar a ocorrência da respectiva falha.

AÇÃO DA MANUTENÇÃO

Manutenção Predrtiva - Instalação de sensore s+ relé de sobretemperatura


Manutenção Preventiva - Realizar ensaios de resistência de isolamento, rigidez dielétrica e
análise do óleo
Manutenção Preventiva - Realizar ensaios de resistência de isolamento, rigidez dielétrica e
análise do óleo
Manutenção Preventiva - Realizar ensaiosde resistência de isolamento

Quad ro6 - FMEA - Ação da manutenção


Fonte: PINTO; NASCIF, 2009.

Com base nas etapas descritas, o formulá rio FMEA resultante para o exemplo do transformador deverá
ter a seguinte estrutura:

FMEA -Transformador Elétrico de Potência a Óleo

Ponto da Falha Análise da Falha Avaliação de Risco

!O <U
·o 'O o Ação da manute ncão
Equipa- Compo- Modos Efeitos Causa e
<QJ ~
!'O
...<U '"'""'° a:
a.
mento nente Função de Falha da Falha da Falha :l
CT
<U
~ z
...
QJ
1.11.
>
cu
<U
e
"'
El evar a M anutenção Preditiva - Instalação
Sobreaque - Sobre-
cimento tem peratura 4 6 1 24 de sensores + relé de sobretempera-
carga
do Trafo t ura

Fal ha de Rup tu ra Manutenção Preventiva - Realizar


Curto-
Transfor- isolação nas d ielétrica do 2 10 3 60 ensaios de resistência de isolamento,
circuito
espiras isolamento rigidez dielétrica e anállise do ó leo
mador
Enrola- Transfor-
TF-01
mentos mar o nfvel
(Parte Contamina- Ruptura Manutenção Preventiva - Realizar
de tensão Curto-
Ativa) ção po r d ielétrica do 2 10 3 60 ensaios de resl stênci a de isolamento,
ci rcuito
partículas isolamento rigidez dielétrica e anállise do ó leo

Falha de Perda de Degra- Manutenção Preventiva - Realizar


isolação nas potência ou dação do 2 10 3 60 ensaios de resistência de isolamento
espiras curto-ci ll'cuito isolamento

Quadro 7 - FMEA
Fonte: SENAI DR BA, 20 18.
3 MANUTENÇAO •

Na prática, a aplicação da FMEA na rotina da manutenção irá ocorrer conforme ciclo a seguir:

CORRIGIR O
PLANO DE
MANUTENÇÃO

Figura 29 - Ciclo da man ute nção baseado na conflabllidade


Fo nte : SENAJ DR BA, 2018.

O plano de manutenção das instalações elétricas deverá ser ajustado continuamente à medida que
ocorram falhas. Essas falhas devem ser analisadas através da FMEA com o intuito de aumentar a confiabili-
dade e embasar as correções do plano de manutenção.

3.5.2 FALHA HUMANA

Falha humana na manutenção é um item impossível de se prever ou medir e não faz parte do cálculo
da confiabilidade. A confiabilidade avalia as falhas funcionais que ocorrem nos equipamentos, que podem
ser provocadas por erros de execução durante a manutenção.

Desta forma, a capacitação e envolvimento dos profissionais no desenvolvimento das atividades e pro-
cedimentos da manutenção são fundamentais para minimizar as falhas humanas e alcançar a "falha zero".

A ocorrência de falha humana é imprevisível, no entanto, ser identificada e controlada através de avalia-
ções de riscos antes da realização das atividades, principalmente, em atividades críticas.

Em caso de ocorrência da falha humana, deve ser investigada a causa da falha para evitar ocorrências
futuras.

Em atividades relacionadas a instalações elétricas, é necessário que o profissional seja capacitado con-
tinuamente com procedimentos de segurança e conhecimentos técnicos sobre os equipamentos, pois um
erro pode ocasionar um acidente e pôr em risco a sua vida.

Depois de conhecermos os aspectos da talha humana, vamos aprender as técnicas de desmontagem


de equipamentos das instalações elétricas que é uma ação que depende essencialmente do técnico em
eletrotécnica e que requer máxima atenção, segurança e conhecimento técnico.
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3.6 TÉCNICAS DE DESMONTAGEM DE EQUIPAMENTOS DAS INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

A desmontagem dos equipamentos das instalações elétricas requer uma atenção especial e deve se-
guir alguns procedimentos que visam, principalmente, a segurança dos profissionais que trabalham com
insta lações elétricas:
a) Medidas de controle: durante as atividades em instalações elétricas, devem ser adotadas medi-
das de controle dos riscos elétricos e riscos adicionais, através de técnicas de análise de riscos com
o objetivo de garantir a segurança do profissional;
b) Medidas de proteção coletiva: durante todos os serviços em instalações elétricas, devem ser
adotadas medidas de proteção coletiva, prioritariamente, a desenergização elétrica. Caso não
seja possível, devem ser adotadas outras medidas de proteção, como: utilização de tensão de
segurança, a isolação das partes vivas, obstáculos, sinalização e outros;
c) Medidas de controle individual: durante todos os serviços em instalações elétricas em que as
medidas de proteção coletivas forem inviáveis ou insuficientes, o profissional deve adotar medi-
das de controle individual com a utilização de EPl 11 específico e adequado à atividade que está
sendo realizada;
d) Utilização de ferramentas adequadas: nos trabalhos executados em instalações elétricas de-
vem ser utilizados equipamentos, ferramentas e utensílios compatíveis com a instalação elétrica
existente. Os equipamentos e ferramentas com isolação elétrica devem estar adequados ao nível
de tensão.

Sempre que possível, as intervenções devem ocorrer em instalações elétricas desenergizadas, seguindo
os seguintes passos que constam na NR 1O- Segurança em instalações e serviços em eletricidade:
a) Seccionamento através do desligamento do dispositivo de seccionamento (disjuntor ou inter-
ruptor ou chave seccionadora) de toda a instalação ou apenas da parte que sofrerá intervenção;
b) Impedimento de reenergização, através de travamento mecânico (cadeado ou fechaduras) que
impeça que o dispositivo seja reenergizado sem autorização;

c) Constatação de ausência de energia elétrica, através de instrumentos de medição como multí-


metro ou detectores;
d) Instalação de aterramento temporário com equipotencialização dos condutores dos circuitos;
e) Proteção dos elementos energizados existentes na zona controlada 12;
f) Instalação da sinalização de impedimento de reenergização, através de placas, etiquetas e avisos.

Após a intervenção nas instalações elétricas e autorização dos profissionais envolvidos na atividade, as
instalações devem ser reenergizadas de acordo com a sequência estabelecida pela NR 1O:

11 EPI: é a sigla utilizada para Equipamento de Proteção Individual.


12 Zona controlada: é o entorno de parte condutora energizada, não segregada, acessível, de dimensões estabelecidas de acordo
com o nível de tensão, cuja aproximação só é permitida a profissionais autorizados.
3 MANUTENÇAO •

a) Retirada das ferramentas, utensílios e equipamentos;

b) Retirada da zona controlada de todos os trabalhadores não envolvidos no processo de reenergi-


zação;

c) Remoção do aterramento temporário, da equipotencialização e das proteções adicionais;

d) Remoção da sinalização de impedimento de reenergização;

e) Destravamento, se houver, e religação dos dispositivos de seccionamento.

Jml SAIBA Para saber mais sobre segurança em instalações e serviços em eletricidade, consulte a
1
MAIS NR 10.
- -

Ao final dos procedimentos de segurança, os equipamentos podem ser desmontados seguindo as


orientações e utilizando as ferramentas indicadas pelo fabricante.

(1\ FIQUE Os trabalhadores autorizados a intervir em instalações elétricas devem possuir trei -
namento específico sobre os riscos decorrentes do emprego da energia elétrica e as
·\ !)ALERTA principais medidas de prevenção de acidentes em instalações elétricas.

t importante que o técnico em eletrotécnica siga as recomendações da NR 1O para trabalhar em insta-


lações elétricas e que a segurança seja sempre prioridade em sua rotina de trabalho para evitar acidentes.
• MANUTENÇilo ELÉTRICA PREDIAL EINDUSTRIAL

RECAPITULANDO

Neste capítulo, abordamos conceitos importantíssimos para garantir uma manutenção eficiente e
com estratégias bem definidas. Percebemos que é fundamental desenvolver uma boa gestão atra-
vés de ferramentas estratégicas para integrar a manutenção à operação e desta forma alcançar me-
tas estabelecidas na visão da empresa.

Verificamos nos tipos de manutenção que a manutenção corretiva não planejada é indesejada e tem
diversos aspectos negativos que prejudicam o desempenho do setor e da empresa. A aplicação da
manutenção planejada através de técnicas preventivas, preditivas e detectivas devem fazer parte
do plano de manutenção das empresas para garantir uma maior disponibilidade dos equipamentos
e instalações. t importante destacar que, atualmente, os tipos de manutenção têm evoluído para a
engenharia de manutenção, com o objetivo de consolidar a rotina e implantar melhorias através da
aplicação de técnicas modernas de manutenção.

Vimos ainda que a utilização de instrumentos de controle é indispensável no dia a dia do setor de
manutenção, pois organiza, planeja e mantém o histórico das intervenções realizadas nos equipa-
mentos, além de transformar as informações em indicadores. Por fim, apresentamos a FMEA como
ferramenta para melhoria da confiabilidade e os procedimentos de segurança para a desmontagem
de equipamentos elétricos.
3 MANUTENÇAO •

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