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PORTUGUÊS Claudia Kozlowski Aula 0 Turma Regular Teórica Ortografia
PORTUGUÊS Claudia Kozlowski Aula 0 Turma Regular Teórica Ortografia
Assim, ainda que o trema tenha sido abolido pelo Acordo, “linguiça"
continua a ser pronunciada com o U átono (*güi) e “enguiça”, com o U
mudo.
As questões apresentadas têm apenas a função de fixar o conceito
ensinado. Por isso, decidimos manter a grafia original da prova (se
aplicada antes de 2009, não sofrerá as alterações provenientes do
Acordo Ortográfico). No comentário, citaremos o que porventura tenha
sido alterado.
Quem acha que estudar Português é “besteira”, que dá pra fazer a
prova só com o que já sabe, se esquece que, além do conhecimento, o
que a banca busca no candidato é agilidade em resolver a prova.
Recebo muitas mensagens com dúvidas sobre como se preparar para
um concurso público, especialmente os da área fiscal. Minha resposta
costuma ser a mesma. São dois os elementos fundamentais para a
preparação de qualquer candidato a concursos públicos: DEDICAÇÃO e
HUMILDADE.
Normalmente, aquele que chega de “salto alto”, achando que não é
preciso estudar a disciplina X ou Y, certamente terá dificuldades
exatamente nessa matéria.
Quem já está nessa estrada sabe que não são poucos os exemplos de
candidato que, na hora da prova, não consegue tempo suficiente para
resolver todas as questões e acaba tendo de contar com a sorte. Ou,
então, erra questões fáceis simplesmente porque perdeu tempo
tentando resolver uma questão mais complicada.
Quando se trata de prova de Língua Portuguesa, então, textos longos e
questões de interpretação complexas são suficientes para arruinar
qualquer cronograma de prova e aniquilar a estabilidade emocional do
sujeito. A ESAF, por exemplo, procura eliminar o candidato pelo
cansaço, com textos longos e complexos. Já a Fundação Carlos Chagas
até há pouco tempo, seguia um padrão de prova constante,
apresentando, como principal dificuldade, a falta de indicação de linhas
dos longos textos, o que acabava fazendo com que o candidato perdesse
muito tempo brincando de “caça-palavras”, ao procurar a passagem ou
palavra mencionada na questão. Recentemente, vem mostrando que
também sabe inovar. Vem apresentando questões que, de certa forma,
seguem o “padrão-ESAF”, inclusive com indicação de linhas no texto.
Saber o conteúdo é fundamental, sem dúvida. Mas também o é saber
fazer prova. Candidato bem preparado é o que conhece a banca que irá
realizar a prova.
seja, DEDIQUE-SE, mesmo que você ache que já sabe tudo. Pode ter
certeza de que alguma coisinha você sempre acaba aproveitando. Mais
adiante, esse conhecimento pode ser fundamental para aprender outro
assunto.
Por fim, vire um chato – corrija (mentalmente, se não quiser acumular
inimigos) o que escuta e lê por aí, traga para o seu cotidiano as lições
que veremos aqui, procure incorporar os conhecimentos de Português
ao seu dia a dia. Afinal, não é assim que se faz quando se aprende uma
língua estrangeira?
Desarme-se, livre-se dos traumas que carrega até hoje e receba as
lições de coração aberto. Ouça a voz da experiência (a minha...rs...),
pois já trilhei esse caminho, que não foi fácil, e obtive sucesso, graças a
Deus!
Serão 15 encontros, em que estudaremos os principais pontos da
disciplina explorados em concursos públicos, inclusive um assunto que
tem sido incluído nos certames: REDAÇÃO OFICIAL.
Em nosso encontro de hoje, daremos uma demonstração do que
teremos a partir da primeira aula – apresentação de conceitos e
resolução de questões de prova para fixação do conteúdo.
Como sempre, começamos com ORTOGRAFIA, assunto que será
abordado já na próxima aula.
ORTOGRAFIA E SEMÂNTICA
Ortografia é a parte da gramática que estabelece normas para a correta
grafia das palavras.
Nas palavras de Pasquale Cipro Neto, “não há quem, vez ou outra, não
depare com uma dúvida de grafia. É bem verdade que precisamos, em
boa parte dos casos, conhecer a etimologia das palavras, mas existe um
número considerável de situações em que há sistematização”. O
professor afirma também que “quanto mais se lê e quanto mais se
escreve, mais se obtém familiaridade com as palavras e sua grafia”.
É preciso, também, aceitar de peito aberto que não é demérito
desconhecer a grafia de vocábulos pouco usados. Nessas horas, basta
consultar um dicionário.
Como primeira regra, devemos ter em mente que uma palavra derivada
mantém a grafia da palavra primitiva, como acontece com a palavra
moçada, derivada de moço, e princesinha, derivada de princesa.
Parece simples, não é? Então, por que tanta gente tem dificuldade em
escrever o nome do profissional que cuida do cabelo das pessoas?
Alguém arrisca um palpite aí? Vamos seguir o raciocínio de PALAVRA
ORIGINÁRIA / PALAVRA DERIVADA. A partir da palavra originária
cabelo, formam-se as demais.
Por exemplo: o conjunto de cabelos da cabeça é chamado de cabeleira
(CABEL + -EIRA, sufixo latino que indica, dentre outras coisas, o
conjunto ou acúmulo de elementos).
Assim, o profissional que cuida da cabeleira de alguém é cabeleireiro
(CABELEIR + o mesmo sufixo “EIRO”, desta vez indicando o praticante
de certo ofício, profissão ou atividade). Agora, dê uma volta no seu
bairro e perceba a quantidade de “cabelereiro” ou “cabeleleiro” que há
por aí. Um profissional zeloso, na dúvida, escreve “salão de beleza”. Só
não deve cometer o deslize de colocar na porta de seu estabelecimento
uma placa com os seguintes dizeres (como já vi, eu juro!!!...rs...):
“Corto cabelo e pinto”. Esse texto possui uma ambiguidade capaz de
afastar eventuais clientes.
Algumas regras ajudam a entender o processo de formação de algumas
palavras, mas o que ajuda mesmo a fixar a grafia é a memória visual.
Quem tem filho pequeno já percebeu como faz uma criança que acabou
de ser alfabetizada: ela tem sede de ler tudo o que passa na sua frente,
de out-door a embalagem de biscoito. Vai juntando sílaba por sílaba até
identificar a palavra e a ela liga o significado. Com o tempo, nos
acostumamos a ler “o conjunto”, a “figura” que a palavra forma.
Identificamos a grafia de uma palavra em seu todo, não lemos mais
letra por letra, sílaba por sílaba, a não ser que a palavra seja totalmente
desconhecida para nós.
Você é capaz de ler rapidamente as palavras que já conhece, ao passo
que, as demais, precisa ler com mais cuidado. Agora, com as novas
regras de ortografia, a dificuldade se tornou ainda maior, já que temos
uma forte tendência a não reconhecer a palavra escrita de forma
“diferente”. Para mim, a “pior” de todas é ideia. Sem o acento, parece
que fica faltando alguma coisa. E a sua, qual seria? Em breve,
saberemos o que mudou, calma!
Mais um desafio: leia INEXPUGNABILIDADE. Confesse: você leu “de
primeira” ou teve de juntar as letrinhas? Mais outra:
INEXTINGUIBILIDADE - essa tive de digitar aos poucos pra não
errar... e você, ao ler, pronunciou ou não o u do dígrafo gui ? Pois saiba
que o verbo EXTINGUIR sempre apresentou um dígrafo, ou seja, mesmo
antes de o trema “morrer”, esse vocábulo nunca o recebeu, por isso
(ESAF)
No texto abaixo, foram introduzidos erros. Para saná-los, foram
propostas algumas substituições. Julgue as substituições e depois
assinale a opção que contém a seqüência das alterações necessárias
para adequar o texto ao padrão culto formal do idioma.
“O conceito de tributo, face sua interpretação nos conformes à
Constituição, tem essa peculiaridade: deve obedecer ao princípio da
legalidade estrita. Cumpre ressaltar mais uma vez: não há possibilidade
de discricionariedade na definição legislativa do tributo, mas só teremos
tributo se o dever de pagar uma importância ao Estado for vinculado à
previsão de ter riqueza.”
(Nina T. D. Rodrigues, com adaptações)
- substituir “discricionariedade”(l .5 e 6) por “discricionaridade”
Comentário.
Se houvesse dúvida com relação à grafia, o candidato poderia buscar
uma outra palavra parecida (ou seja, um paradigma) que tivesse
passado pelo mesmo processo:
SÉRIO -> SERIEDADE
SOLIDÁRIO -> SOLIDARIEDADE
SÓCIO -> SOCIEDADE
SÓBRIO -> SOBRIEDADE
(FCC)
Está correta a grafia de todas as palavras na frase:
(A) Não constitui uma primasia dos animais a satisfação dos impulsos
instintivos: também o homem regozija-se em atender a muitos deles.
(B) As situações de impunidade infligem sérios danos à organização das
sociedades que tenham a pretenção da exemplaridade.
(C) É difícil atingir uma relação de complementaridade entre a
premênsia dos instintos naturais e a força da razão.
(D) Se é impossível chegarmos à abstensão completa da satisfação dos
instintos, devemos, ao menos, procurar constringir seu poder sobre nós.
(E) A dissuasão dos contraventores se faz pela exemplaridade das
sanções, de modo que a cada delito corresponda uma justa punição.
Comentário.
(FCC)
Quanto à ortografia, há INCORREÇÕES na frase:
(A) O crescimento da classe C tem tido uma importância incomensurável
para o comércio, mas vem ocasionando também uma elevação na taxa
de inadimplência, o que é perturbador.
(B) Milhões de pessoas têm sido beneficiadas com o crescimento
econômico que se vê no país, saltando da classe D para a C, algo que há
poucos anos não pareceria factível.
(C) Alguns especialistas vêm disseminando a teoria de que, a partir da
distribuição de riqueza por meio da geração de milhões de novos
empregos, a classe E deixe de existir.
(D) Os “consumidores emergentes”, como vêm sendo chamados os
novos integrantes da classe C, ainda têm dificuldade em poupar e
adquirem grande parcela de produtos a crédito.
(E) Sabe-se que a ascenção da classe D tem proporcionado um aumento
expresivo do consumo de bens duráveis, o que pode acelerar
sobremaneira esse mercado.
Comentário.
A primeira palavra com problemas de ortografia foi "ascenção". Como
vimos na questão anterior, seguindo a regra do paradigma, essa palavra
provém de "ascender".
Então, vamos pensar em uma palavra que também termine da mesma
forma e sofra o mesmo processo de transformação.
COMPREENDER => COMPREENSÃO
ASCENDER => ASCENSÃO
Em seguida, um erro que não sabemos se foi mesmo proposital ou de
digitação (seria fácil demais para uma prova para analista judiciário!):
(FCC)
A frase correta do ponto de vista da grafia é:
a) Era grande a insidência de casos de enjoo quando era servido aquele
alimento, por isso o episódio não foi tratado como exceção, atitude que
garantiu o êxito das providências.
b) Em meio a tanta opulência da mansão leiloada, encontrou a
geringonça que, tratada criativamente por ele, garantiu por anos seu
apoio a entidades beneficientes.
c) Seus gestos desarmônicos às vezes eram mal compreendidos, mas
seu jeito afável de falar, sem resquícios de mágoa, revelava sua
intenção de restabelecer a paz entre os familiares.
d) Defendeu-se dizendo que nunca pretendeu axincalhar ninguém, mas
as suas caçoadas realmente humilhavam e incitavam à malediscência.
e) Sempre ansiosos, desenrolaram no saguão apinhado a faixa com que
brindavam os recém-formados, com os seguintes dizeres: “Viagem
bastante e divirtam-se, nobres doutores”.
Comentário.
A única opção inteiramente correta é a C.
Vejamos os erros das demais.
a) O verbo INCIDIR dá origem ao substantivo INCIDÊNCIA, sempre com
a letra C. A palavra ENJOO, por sua vez, sofreu alteração com o advento
do Acordo Ortográfico. De acordo com as novas regras ortográficas, os
encontros “ee” e “oo” não recebem mais o acento circunflexo, antes
empregado apenas por questões de clareza textual (não havia
justificativa gramatical, já que não acentuamos as paroxítonas
terminadas em “o”, como “bolo”, por isso passamos a não acentuar
também “enjoo”). A palavra “exceção” está corretamente grafada.
b) Essa deve ter sido a mais difícil opção para alguns. O erro está no
registro de “beneficIENTE”. A palavra correta é “benefiCENTE” (assim
como ocorre em BENEFICÊNCIA), resultado da junção do radical
“benefic-” (de “benéfico”) com o sufixo “ente”. Imagino que a
aproximação com palavras como “deficiente” leve a esse desvio, que
deve ser evitado. Repetindo: o correto é BENEFICENTE, sem um
segundo “i”.
d) Há dois erros de ortografia: achincalhar e maledicência.
Justificativa: o primeiro vocábulo deriva de “chinquilho” (também
chamado de “Malha”), um jogo muito antigo (em algumas pesquisas,
remontam à Roma antiga), provavelmente trazido ao Brasil pelos
portugueses. Houaiss informa que o verbo se formou em decorrência
das vaias e troças muito comuns nesse jogo. Já o segundo
(maledicência) provém do latim maledicentia, que significa “dizer mal”,
também sendo válida a forma “maldizência” (maledicente =
maldizente).
e) Nesta opção, o erro está no emprego de “viagem” (substantivo), no
lugar de “viajem”, forma flexionada do verbo VIAJAR no presente do
subjuntivo.
Gabarito: C
(Cesgranrio)
O substantivo derivado do verbo está grafado INCORRETAMENTE em
a) ascender: ascensão.
b) proteger: proteção.
c) catequizar: catequeze.
d) progredir: progressão
e) paralisar: paralisia.
Comentário.
Muito comuns são as questões que envolvem o emprego de –ISAR e –
IZAR.
Caso a palavra primitiva apresente a forma “is” (aviso, paralisia), o
verbo correspondente é grafado com “S” (-ISAR): aviso ➔ avisar /
paralisia ➔ paralisar.
Note, contudo, que é preciso haver “IS” na palavra primitiva, o que não
acontece com a palavra “catequese” (possui “ES”, e não “IS”), por isso o
verbo correspondente é “catequizar”, com Z.
Veja, agora, os paradigmas das demais formações:
a) COMPREENDER ➔ COMPREENSÃO / ASCENDER ➔ ASCENSÃO
b) ELEGER ➔ ELEIÇÃO / PROTEGER ➔ PROTEÇÃO
d) AGREDIR ➔ AGRESSÃO / PROGREDIR ➔ PROGRESSÃO
Gabarito: C
(Cesgranrio)
O grupo em que todas as palavras estão grafadas corretamente, de
acordo com a norma-padrão da Língua Portuguesa é
a) admissão, climatização, repercussão, cooperação
b) adaptação, reverção, presunção, transgressão
c) invensão, obsessão, transmissão, omissão
d) presunção, comissão, proteção, excessão
e) detenção, captação, extenção, demolição
Comentário.
Nesse caso, é mais fácil citar o que está errado nas opções,
considerando que todas as palavras estão corretas em A.
b) Aplicando a técnica do paradigma, lembramos que CONVERTER ->
CONVERSÃO, logo REVERTER -> REVERSÃO.
c) O mesmo acontece com INVERTER -> INVERSÃO.
d) A palavra "exceção" se escreve com Ç.
e) A palavra "extensão" (com S, já adianto..rs...) é um caso à parte (e
lá vem você reclamar das exceções do Português...rs...).
Isso porque o verbo relacionado é escrito com S (estender). Ora, então
"fura" a técnica da palavra primitiva x palavra derivada, não é? Sim,
mas por questões etimológicas, e isso acontece não só com essa
palavra, mas também com algumas outras, como herbívoro, que, apesar
de derivar de "ERVA" (sem H), busca essa consoante de sua "bisavó"
herba...rs...
(Cesgranrio)
No trecho do Texto II “pelas exigências de infraestrutura e de serviços
públicos.” (L. 4-5), a palavra destacada não apresenta o emprego do
hífen, segundo as regras ortográficas da Língua Portuguesa.
Da mesma forma, o hífen não deve ser empregado na combinação dos
seguintes elementos:
a) mal + educado
b) supra + atmosférico
c) anti + higiênico
d) anti + aéreo
e) vice + reitor
Comentário.
Como veremos na próxima aula, uma das regras atuais do emprego do
hífen é haver separação entre os elementos se houver “coincidência”
entre as letras (vogal ou consoante) do fim do primeiro termo e o início
do segundo, o que ocorre na opção B (supra-atmosférico).
Também usamos o hífen se o segundo elemento começar por H, como
na sugestão da opção C: anti-higiênico.
Já o (falso)prefixo “mal” exige o hífen se o segundo elemento começar
por vogal ou H. Nos demais casos, fica “juntinho” (mal-educado, mal-
humorado, mas malfeito).
Por fim, alguns prefixos nunca se agregam ao segundo elemento e,
assim, irão exigir o sinal, como “vice” (vice-reitor).
Dessa forma, a resposta certa será antiaéreo, sem hífen, uma vez que
não ocorre a tal coincidência: o prefixo termina com I e o segundo
elemento começa por A, ocorrendo a aglutinação. Não se preocupe –
falaremos (bastante!) sobre o emprego do hífen na aula 1.
Gabarito: D
(Aroeira)
O Texto 3 apresenta marcas das transformações recentes na
padronização da língua portuguesa, como se vê na grafia das palavras:
a) tragédias; filósofo.
b) herói; papéis.
c) ideológicas; compactuam.
d) idéia, freqüentemente.
Comentário.
Não é necessário ler o tal "Texto 3", pois o que o candidato deve saber é
o que mudou a partir da entrada em vigor do Acordo Ortográfico.
Já vimos que, a partir de janeiro de 2016, o trema será abolido, por isso
"frequentemente" não receberá mais esse sinal. O mesmo acontecerá
com o acento agudo em "ideia" (lembramos que as duas grafias
coexistirão nesse período de "adaptação", que já foi prorrogado para até
dezembro de 2015).
Gabarito: D
Mais sobre esse assunto será estudado na próxima aula.
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Ficou com gostinho de “quero mais”? Que ótimo! Então, conto com sua
presença na próxima aula.
Lembramos que esse curso é um relançamento e que as questões
apresentadas, repito, têm a função de fixar o conceito estudado. Até o
próximo encontro.