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DIREITO CONSTITUCIONAL

Hermenêutica Constitucional
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HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL

Pegadinha da banca
As bancas costumam trocar o nome de um método por outro. Por isso, esse
assunto deve ser revisitado perto da prova.
Os métodos são seis e os princípios são oito.

Métodos de Interpretação
“A interpretação das normas constitucionais é um conjunto de métodos,
desenvolvidos pela doutrina e pela jurisprudência com base em critérios ou pre-
missas (filosóficas, metodológicas, epistemológicas) diferentes, mas, em geral,
reciprocamente complementares.” Canotilho

1. Método jurídico ou hermenêutico clássico


A Constituição deve ser encarada como uma lei. Em consequência, deve
o intérprete seguir diferentes elementos (genético, gramático ou filológico,
lógico, sistemático, histórico, teleológico ou sociológico, popular, doutrinário e
evolutivo) para descobrir o verdadeiro significado e sentido da norma.

2. Método tópico problemático


O intérprete deve partir de um problema concreto para a norma. Procura-
-se dar à interpretação um caráter prático, facilitando a solução dos problemas.

3. Método hermenêutico concretizador


Ao contrário do método tópico problemático, que parte do caso concreto para
a norma, aqui o intérprete parte da Constituição para o problema, valendo-se
de diferentes pressupostos interpretativos.

4. Método científico espiritual


Aqui, a análise da norma constitucional não se fixa na literalidade da norma,
mas parte da realidade social e dos valores subjacentes do texto da Constituição.
ANOTAÇÕES

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Nas palavras de Pedro Lenza, “a Constituição deve ser interpretada como


algo dinâmico e que se renova constantemente, no compasso das modifica-
ções da vida em sociedade”.

5. Método normativo estruturante


Segundo seus defensores, não haveria identidade entre a norma jurídica
e o texto normativo.
Como defendem Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino, “a norma constitucio-
nal abrange um ‘pedaço da realidade social’; ela é conformada não só pela
atividade legislativa, mas também pela jurisdicional e pela administrativa”.

6. Método da comparação constitucional


Aqui, a interpretação deve partir da comparação de institutos jurídicos,
normas e conceitos nos vários ordenamentos jurídicos.
A partir dessa comparação, seriam alcançados diferentes critérios aplicáveis
na busca da melhor solução para problemas concretos.

Princípios de Interpretação

1. Princípio da unidade da Constituição


Eros Grau: “A constituição não pode ser interpretada em tiras.”
De acordo com essa regra, as normas constitucionais devem ser vistas
não de maneira isolada, mas como preceitos integrados num sistema unitário
de regras e princípios.
Deve-se, assim, afastar as aparentes antinomias. Leciona Canotilho que “o
princípio da unidade obriga o intérprete a considerar a constituição na sua globa-
lidade e a procurar harmonizar os espaços de tensão”.

2. Princípio do efeito integrador (ou eficácia integradora)


Significa que, para resolver os problemas jurídico-constitucionais, deve o
intérprete dar primazia aos critérios ou pontos de vista que favoreçam a
integração política e social e o reforço da unidade política.
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3. Princípio da máxima efetividade (ou interpretação efetiva ou eficiência)


Está ligado ao princípio da força normativa da Constituição. Aqui, os
aplicadores do direito são orientados a interpretar as normas constitucionais de
maneira que elas tenham a mais ampla efetividade social, sem alterar o con-
teúdo.
Nasceu junto às normas programáticas, mas hoje é também aplicado a todas
as outras.

4. Princípio da justeza (ou conformidade funcional ou correção funcional)


Estabelece que o órgão encarregado de interpretar a Constituição não
pode chegar a um resultado que subverta ou perturbe o esquema organi-
zatório-funcional estabelecido pelo constituinte originário.
Classifica a Constituição como um sistema coerente e previamente pon-
derado de repartição de competências.

5. Princípio da concordância prática (ou da harmonização)


Está ligado ao princípio da unidade. Exige que os bens jurídicos consti-
tucionalmente protegidos possam coexistir de maneira harmoniosa, sem
predomínio de uns sobre os outros. Tem por fundamento a inexistência de hie-
rarquia entre os princípios.
Seria uma recomendação para que o aplicador das normas constitucionais,
ao se deparar com situações de concorrência entre bens constitucionalmente
protegidos, adote a solução que otimize a realização de todos eles, sem que isso
acarrete a negação de nenhum.

6. Princípio da força normativa da Constituição


Seria uma imposição (ou conselho) para que os intérpretes da Constitui-
ção, na solução dos problemas jurídico-constitucionais, procurem dar prefe-
rência aos pontos de vista que, ajustando historicamente o sentido das suas
normas, confiram-lhes maior eficácia.
Não pode o intérprete reduzir a eficácia do texto constitucional, devendo, em
verdade, conferir-lhe a máxima aplicabilidade.
ANOTAÇÕES

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Atenção!
Quando o examinador pergunta a diferença entre duas coisas, é necessário
focar primeiros nas semelhanças.
Exemplo: Qual a diferença entre tênis e sapato?
Ambos são calçados que podem ser masculinos ou femininos. (semelhanças)
Um é usado de forma casual e outro de modo formal. (diferenças)

7. Princípio da interpretação conforme a Constituição


No caso de normas plurissignificativas ou polissêmicas (as que admitem
mais de uma interpretação), deve-se dar preferência à interpretação que lhes
compatibilize o sentido com o conteúdo da Constituição.
Pela presunção de constitucionalidade das leis, deve o intérprete buscar a
conservação da norma, porém não lhe é dado atuar como legislador positivo.
A declaração parcial de inconstitucionalidade sem redução de texto é
próxima à interpretação conforme, possuindo as seguintes semelhanças:
podem ser utilizados tanto no controle difuso quanto no concentrado (art. 28,
parágrafo único, da Lei n. 9.868/1999); em ambos o texto permanece intocado;
há uma redução do âmbito de aplicação da norma.
Mas há diferenças: a principal delas é que a interpretação conforme corres-
ponde a um juízo positivo de constitucionalidade; a declaração de inconstitucio-
nalidade corresponde a um juízo de inconstitucionalidade, devendo respeitar a
cláusula de reserva de plenário (artigo 97 da Constituição).

8. Princípio da proporcionalidade (ou da razoabilidade)


A proporcionalidade vem do direito alemão e a razoabilidade vem dos EUA.
É comumente utilizado para se aferir a legitimidade das restrições de direi-
tos, embora também possa ser aplicado na busca do equilíbrio na concessão de
poderes, privilégios ou benefícios.
Possui três subprincípios: adequação, necessidade e proporcionalidade em
sentido estrito. ANP. A razoabilidade seria um subprincípio da proporcionalidade
(proporcionalidade em sentido estrito). Em outras palavras, a proporcionalidade
seria mais ampla.
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A proporcionalidade pode ser encarada como uma moeda de duas faces: de


um lado, está a proibição de excesso (desproporcional para mais); de outro lado, a
proibição de proteção insuficiente ou deficiente (desproporcional para menos).

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a
aula preparada e ministrada pelo professor Aragonê Fernandes.

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