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132 ESTUDOS HISTÓRICOS -1993111

história cultural da sociedade, sendo o do livro, ao dizer que "a Filosofia, como
social, em si mesmo, também uma re­ a História, é a batalha contra o enfeiti­
presentação dos homens. Talvez aqui çamento da nossa inteligência pela lin­
se altere também a missão do historia­ guagem".
dor: não mais aquela espécie de genea­
logista do passado, mas o desmistifica­
dor de todas as representações fantas­
máticBs dos homens... Talvez como s<r Elias Thomé Saliba é professor de His­
nhava Wittgenstein, citado na epígrafe tória da USP.

LES UElIX DE MEMOIRE,


DEZ ANOS DEPOIS

Armelle Enders

lançamento dos três volumes in­ duração do trabalho (dez anos), pela
titulados I.es France põe um pon­ qualidade e pela diversidade dos histo­
to final n a ambiciosa obra I.es lieux de riadores envolvidos, pelo conteúdo ino­
mémoil'e, cuja publicação foi iniciada há vador (não somente no que diz respeito
quase uma dêcada pela Gallirnard sob ao projeto global mas também a um bom
l
a direção de Pierre Nora. Participaram nllmero de artigos isoladamente), en­
na construção desse '5ogo de armar gi­ fim, pela reflexão que suscita sobre a
.2
gante' cerca de 130 historiadores Nação francesa. Por tudo isso, com­
oriundos dos mais diferentes planetas preende-se o quão dificil e redutora é a
da ga láxia institucional que alimenta a tarefa de dar oonta, em poucas páginas,
pesquisa histórica na França: College de tal edifício.
-

de France, universidades, Ecole des A primeira dificuldade reside na du­


plicidade de I.es lieux de mémoil'e: de
-

Hautes Etudes en Sciences Sociales -


E.H.E.S.S., institutos de estudos políti­ um lado há de fato um projeto global,
cos,Centre National de la Recherche apresentado e copiosamente comentado
Scientifique - C.N.R.S. e museus nacio­ por Piel'l'e Nora, o feliz criador da ex­
nais associaram suas competências pa­ pressão e arquiteto da obra. De outro,
ra dar à luz uma obra que desde o há ao menos uma centena de contribui­
lançamento foi considerada capital pe­ ções que podem ser lidas separada e
3
los círculos intelectuais franceses. I.es independentemente do todo, e um nú­
lieux de mémoire é importante sob todos mero igual de autores que podem muito
os aspectos: pela dimensão material da bem não se identificar com os esquemas
obra (em torno de 6.000 páginas), pela cada vez mais complexos fOl'lllulados
RESENHAS 133

por Pierra Nora. O perigo de se restrin­ motivaram a execução do projeto Les


gir Les lieu.x ele nuimoire à expressão do France, que em 1986 só existia como
ponto de vista do seu coordenador é real, algo muito incerto. Les Frarwe consti­
tendo em vista que poUOO8 leitores (so­ tuem assim uma fOrlna de reapropria­
bretudo fora da França) terão realmen­ ção da idéia <ie '1ugar de memória" por
te lido os artigos, contentando-se em seu próprio autor, em nome da comuni­
associar os textos da apresentação e da dade dos historiadores e em detrimento
conclusão com uma breve passada de

da vulgarização. Por isso mesmo o lan­
olhos sobre o sumário. E preciso, pois, çamento dos volumes foi acompanhado
insistir que Leslieu.x ele nuimoil'e é uma de um grande esforço de definição e de
coleção de traballios singulares que, ao teoriz.ação de modo a confinar a noção
mesmo tempo, servem de base à uma de "lugar de memória" dentro de um
tentativa de conceitualização por parte campo deteJ'lllinado.
de Pierre Nora. Parece portanto pertinente nos de­
Um segundo fator que torna difícil termos na flnalidade epistemológia
uma abordagem sintética de Les lieu.x que Pierre Nora atribui ao '1ugar de
ele nuimoire diz respeito à evolução so­ memória",já promovido por ele a "nova
frida pelo projeto entre 1984 e 1993, categoria de inteligibilidade histórica
5
bem como aos avanços da historiografla contemporânea", em seguida examiw
francesa durante esse período. O con­ narmos as variações sobre o tema dos
senso fonnado em torno de Les lieu.x ele "lugares de memória" a que se consa·
mémoire mostrou que a obra estava em graram diversos autores, para enflm
perfeita sintonia com a atmosfera inte­ avaliarlnos a contribuição de Les lieux
lectual do seu tempo, mas também a de mémoire à historiografia francesa e,
expôs ao risco de uma rápida banaliza­ em particular, o que os volumes de Les
ção, que de fato aconteceu. O sucesso da France vêm acrescentar aos de La Ré­
coleção ultrapassou os ljmites da comu­ publique e La Nation.
nidade científica. A expressão '1ugar de Para abordar a noção de '1ugar de
memória" tornou-se uma figura do dis­ memória", dispomos da inlpressionan­
curso político, um argumento turístico, te série de textos e declarações nos
enfim, um lugar comum. Em 1988,Jack quais Pierre Nora se esforça para pre­
Lang, então ministro da Cultura, che­ cisar o que quer dizer com isso. Ele
gou mesmo a integrar a categoria de afirma haver tomado emprestada a Cí­
"lugar de memória" à nomenclatura do cero, em seu De ora/ore, a figura retó­
Patrimônio Nacional, a fun de conser­ rica do locus memorire, na qual se as­
var edifícios ou paisagens desprovidos socia a um lugar, uma idéia, transfor­
de valor estético relevante mas carrega­ mando-o em um símbolo. Este locus
dos de forte valor sentimental. Assim,os pertence claramente ao domínio do
especuladores imobiliários de Paris ti­ ideal e por isso é errado reduzi-lo a um
veram que recuar diante da fachada passeio nostálgico entre monumentos
leprosa do Hôtel du Nord, que inspirara e vestígios materiais do passado. O
a Marcel Carné o cenário do fUme do "lugar de memória" pode ser concebido
mesmo nome e as réplicas mais famosas como um ponto em torno do qual se
dahistó'
. na do Cinema
' frances. 4p'leITe
- cristaliza uma parte da memória na­
Nora viu aí um desvio do sentido da cional. Na apresentação de Les France
expressão. que acabou, diluindo-.se, por Pierre Nora oferece uma definição: ulu_
servir para dizer tudo e no fundo náo gar de memória: toda unidade signifi­
dizer nada. Esta foi uma das razões que cativa, de ordem material ou ideal, da
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qual a vontade dos homens ou o traba­ ção linear e unitária dos professores do
lho do tempo fez um elemento simbóli­ tempo da Terceira República. Além do
co do patrimônio da memória de uma mais, os historiadores dos anos 1980
comunidade qualquer".6 Tratava-se, deram prova de sua iconoclastia com
então, desde 08 primeiros volumes, de relação aos velhos mestres colocando
proced er ao inventário simbólico da em pé de igualdade o anedótico, o mar­
França. Esta abo.rdagem sob o ângulo ginal e os temas "nobres", que seus
da memória parece convir, segundo predecess ores julgavam ser os ÚlÚCOS
Pierre Nora, à lenta e profunda muta­ dignos de ficar na memória. "Le 'lbur
ção do sentimento nacional no período de France"lO (Georges Vigarello), "La
que vai da Primeira Guerra Mundial à galanterie" (Noémi Hepp), ''La conver­
Guerra da Argélia.7 Para Nora, o na­ .ation" (Marc Fumaroli) se postam ao
cionalismo francês clássico, fosse ele de lado daqueles temas que dizem respei­
tradição jacobina ou reacionária, se ca­ to à simbologia do Estado. Os autores
racterizava por seu messianismo, seu de Les lieux de mémoire destruíram
universalismo e sua crença na potên­ enfim um dos pilares do credo da his­
cia do Estado. Mas desse período em tória republicana, a qual tinha por
diante ele pareceria revelar sua atra­ I1lÍ5são decriptar o destino nacional e
ção pelos particularismos e até por mostrar o caminho a ser seguido pela
uma fOI"ma de hedonismo: "Antes afir­ nação francesa em direção a um regi·
mativo, o sentimento nacional tornou­ me ideal: a República. As noções de
se interrogativo. Antes agressivo e mi­ "Nação", de "França" e de "República"
litar, tornou-se competitivo, inteira­ se confundiam em uma espécie de
mente investido no culto dos desempe­ Trindade laica. Pierre Nora fez ques­
nhos industriais e dos recordes espor­ táo de separá-las e de tratá-las em
tivos. Antes sacrificial, fúnebre e de­ volumes cuidadosamente distintos.
fensivo, fez-se prazeroso, curioso e, po­ E sem dúvida neste ponto que a obra
,

de-se até dizer, turistico.',s começa a perder em legibilidade. Se La


Piene Nora nos convida assim a République -limitada embora aos pri­
extrair as conseqüências historiográfi­ meiros anos da Terceira República -
cas da morte de uma certa idéia de não coloca nenhum problema maior de
França; a romper com o modelo de definição e fo°J"Ola um conjunto coeren·
narração da história nacional tal como te, as coisas se complicam quando se
fora definido por Ernest Lavisse no trata de desembaraçar o que diz res­
final do século XIX e mantido em suas peito a La Nation do que diz respeito a
linhas básicas até os nossos dias -no­ Les France . A Nação, segundo a defini­
te-se de passagem como se salta ale­ ção (impressionista) que escolhe Pierre
gremente sobre os Annal es. O parelelo Nora, presta."e de maneira ideal ao
entre Les lieux de mémoire coordenado exerício do "lugar de memória": "E que
-

por Nora e L'Histoire de France dirigi­ a Naçoo é inteiramente uma repre­


da por Lavisse9 é alternadamente rei- sentaçoo. Ela não é nem um regime,
vindicado e refutado pelo diretor de nem uma política, nem uma doutrina,

estudos da E.H.E.S.S. A intenção de nem uma cultura, mas sim o palco de


suceder ao grande mestre da história todas as expressões desses elementos,
republicana está explícita na estrutu­ uma forma pura, uma fórmula imutá­
ra geral de Les lieux de mémoire. Sua vel e mutável de nossa comunidade
construção cronológica estilhaçada e social, como, aliás, de todas as comuni­
desamal'l'sda se opõe contudo à narra- dades sociais modernas."l1 Piel"Ie N0-
RESENHAS 135

ra recorre a algumas pérolas da ima� Les lieux de mémoire obedece a uma


ginação para justificar, sete anos após necessidade imperiosa. Ficamos assim
a edição de LaNation, a pertinência de pouco convencidos de que o artigo "Le
,_ France. Julguemos por nós mes­ département" {Mareei Roncayolo)13
mos: "La Nation era o princípio reitor esteja melhor colocado em Les France
e diretor, o modelo e o padrão sobre o do que estaria em La Nation. Inversa­
qual se construíra a França, o motor de mente, podemos nos perguntar se os
sua continuidade. (...) Consultando o "lugares de memória" do exército fran­
sumário, vejo que nenhum dos assun­ cês, excelentemente analisados por Jé­
tos dos três volumes precedentes, ten­ rôme Hélie (UI.es atInes'') não tendem
do em vista a maneira como quisemos mais para o lado de La Nation do que
que fossem abordados, encontraria lu­ para o lado de Les France...
gar neste Les France. Eles eram ape­ A imprecisão que aureola a noção de
nas os instrumentos da construção da "lugar de memória" é ainda mais preo­
França, os fundamentos enterrados de cupante. O "lugar de memória", na pe­
sua edificação. A França se encontra na de Pierre Nora, possui geometria
inteiramente do lado da realidade sim­ variável e designa ora objetos, ora um
bólica; ela não tem outro sentido, atra,. método, ora a memória, ora o trabalho
vés das múltiplas peripécias de sua do historiador. Quando passa ao campo
história e de suas (ormas de existência, da prática, o historiador Pierre Nora
que não o simbólico. Trata-se de um não é mais límpido que o teórico Piel'l'e
princípio de pertencimento. Se "Na­ Nora. Ao que parece, a moral que de­
ção" e "França" puderam parecer sinô­ vemos guardar ao final de seu indiges­
nimos e pertencer ao domínio de uma to artigo sobre "geração" é que "a gera­
mesma abordagem unitária, isto não é ção" é um lugar de memória porque ela
senão uma das particularidades da produz lugares de memória!
França, a encarnação do modelo nacio­ Felizmente a maioria dos autores
nalj e uma das virtudes da fónnula dos não seguiu o mesmo caminho. Nos sete

"lugares de memória" consiste justa­ volumes da coleção, o '1ugar de memó­


mente em perxllitir distingui_las.n12 ria" é compreendido de maneira mais
Estes dois textos (o primeiro publi­ aberta como uma análise da constru­
cado em 1986, o segundo em 1993) não ção da memória. O conjunto das 130
contribuem para clarear as intenções contribuições pode ser dividido, grosso
de Pierre Nora. Eles são, além do mais, modo, segundo a seguinte tipologia:
totalmente discutíveis. A França é con­ Em primeiro lugar vêm 85 monogra­
siderada como o modelo do "Estado­ fias consagradas aos símbolos nacio­
Nação" e não como o "modelo nacional", nais e à sua fortuna crítica. Pode-se
fórmula que, por sinal, não tem ne­ citar nesta categoria "La mairie"
nhum sentido. Quem sabe teria sido (Mauriee Agulhon), "Reims, ville du
melhor distinguir a Nação do Estado sacre" (Jacques Le Gof1), "Les chã­
em vez de distingui-Ia da (ou das) teaux de la Loire" (Jean-Pierre Babe­
França(s)? Esta confusão, que se tra­ lon), entre muitos outros.
duz na arquitetura da obra sob a forma Em seguida há um grande número
de um trompe-l'ceil, pode ser explicada, de textos dedicados à história das ins­
e perdoada, pelo fato de que se decidiu tituições de memória. O primeiro volu­
tardiamente dar uma continuação aos me de LaNation é praticamente reser­
primeiros volumes. E inútil porém ten- vado à fabricação e à administração da

tar fazer-nos crer que o plano geral de memória (a historiografia, o patrimô-


136 ESTUDOS mSTÓRlCOS -1003111

nio). O último volume de Les France da retomar a trilha traçada por Henry
vem completá-lo, desenvolvendo te­ Rousso, autor de um livro exemplar
16
mas em torno das atividades de regis­ 50bre a memorlB
" e lC y. F'lea com-
dV'h
tro ("La généalogie" de André Burguià­ provado, portanto, que o '1ugar de me­
re, "Les archives" de Krzysztof Po­ mória" não é urna '1l0va categoria de
mian). inteligibilidade", e que um número
Por fim, há os estudos sobre o papel bastante grande de historiadores pra­
da memória na identidade e sobre a ticava e continua praticando o "lugar
perenidade dos grupos. Os artigos so­ de memória", da mesma maneira como
bre as minorias e as vítimas se inte­ Monsieur Jourdain fazia prosa, ou se­
gram nesta categoria: os judeus ("Gré­ ja, sem saber. Um outro trabalho de
goire, Dreyfus, Drancy et Copernic" de Philippe Burrin sobre o simbolismo
Pierre Birnbaum), os jansenistas dos gestos políticos nos anos 1930, pu­
l6
("Port-Royal" de Catherine Maire), os blicado na revista Vingtieme siecle,
protestantes ("l.e musée du Désert" de estaria mais em sintonia com o espíri­
PhilippeJoutard), os uendéens de 1793 to de Les France .
('�Vendée, région-mémoire" deJean­ Nada disso exclui o fato de que Les
Clément Martin), o movimento operá­ lieux ele mémoi.re manifesta a vitalida­
rio ("Le Mur des Fédérés" de Madelei­ de da disciplina histórica na França e
ne Rébérioux). testemunha o prestígio de que ela des­
Certos trabalhos combinam eviden­ fruta. Hoje pode-se contar às dezenas
temente estes trés aspectos. os artigos dos primeiros volumes que
Se Les France oferece um florilégio se tornaram referências clássicas. Não
daquilo que os historiadores franceses seria arriscado apostar que a reflexão
podem produzir de melhor, náo chega de Alain Corbin sobre a oposição "Pa­
no entanto a suscitar a mesma boa ris-province", ou a de MauriceAgulhon
surpresa dos volumes anteriores. De­ sobre "Le centre et la périphérie", e
pois de 1986, um grande número de ainda muitas outras, conhecerão em
publicações veio enriquecer nossos "lu­ breve o mesmo renome.
gares de memória". O primeiro volu­ O sucesso internacional de Les lieux
me de Les France, intitulado Conflils de mémoire prova uma vez mais que o
et partages (Conflitos e partilhas), náo mais singular e o mais especificamente
inova nada além do que foi escrito em cultural é o que mais carrega valores

L'Etai et les confils (O Estado e os universais. Dificilmente se poderia fa­


1 ,,17
conflitos, 1990) sobretudo por Jac­ zer algo mais "franco-francês do que
ques Julliard, PatrickFridenson e Em­ este trabalho coletivo de introspecçáo
manuel Le Roy Ladurie, que por sinal nacional, nascido do sentimento de que
colaboraram em Les lieux ele mémoire. uma página secular estava sendo vira­
Pierre Nora confiou a Philippe Burrin, da, do desejo de desmontar o mecanis­
aliás eminente historiador, a missão mo da identidade nacional, da vontade
inlp05sível de fornecer uma nova leitu­ de preservar uma memória que se tor­
ra do regime deVichy, tema sobre o nou consciente.
qual existe uma literatura abundante. No entanto, peI'lIlanece aberta a to­
Philippe Burrin náo procurou uma ori­ da comunidade de historiadores a pos­
ginalidade perigosa. De maneira ho­ sibilidade de explorar, com a mesma
nesta, limitou-se a fazer uma síntese mistura de lucidez científica e de emo­
historiográfica dos problemas levanta­ ção, a enciclopédia sem fim de suas
dos pelo Estado francês, para em segui- práticas sociais e culturais.
RESENHAS 137

mo francês, Raoul Girardet: "Após bastan­


Notas te refletir, parece-me que a hist6ria da
França parou na sublime e absurda aven­
1. O plano geral de Le. liewc de mémoi­ tura que foi a Primeira Guerra Mundial."
re, acompanhado da cronologia da publi­ Maurice Agulhon, La Rép'lbliqlle de 1880
cação, é o seguinte: à n.osjOlLrs, Paris, Hachette, 1990, p.491.
I - La République - 1984. 8. Pielle Nora, Les France, 1, p.30.

11 - La Nation -1986. Estava prevista 9. Emest Lavisse igualmente


l"eCOlleU

a publicação de dois volumes, mas acaba­ aos melhores especialistas de sua época :
ram saindo três: Vidal de La Blache, Coville, Mariéjols,
vol.1-Héritages, historiographie, paysages. Seignobos, Pariset, entre outl'oe. Vale tam­
vo1.2 - Le lerritoire, l'Etot, k patrimoú",. bém notar que Pierre Nora é o autor de dois
vol.3 -Lagloire, les n"ota. artigos sobre "Lavisse, instituteur natio­
O projeto devia terminar aí, mas deci­ nal" e "L'I1istoire de Frwu:e de Lavisse",
diu-se dar continuidade à seqüência ini­ em La Nation, L
cialmente (e vagamente) prevista. 10. Esta corrida ciclista, realizada pela
III - Les France - 1993. primeira vez em 1903, permanece um dos
vol.1 - Conflits et p01tages eventos esportivos mais populares da
vo1.2 - 'J}·adition.s França.
vol.3 - De l'oJ'chiue à l'emblême. 11. Pierre Nora,LaNation., I, p.x. Grifo
2. "Mereano géant": esta é a definição nosso.
dada por Pierre Nora nas primeiras li­ 12. Pierre Nora, Les Frcmce, I, p.22.
nhas de sua apresentação de Les Fl'aJJCe, Grifo nosso.
1, Paris, Gallimard, 1993, p.ll.
13. AFrança metropolitana foi dividida
3. Pierre Nora foi oonvidado a compare­ durante a Revolução Francesa em "dépar­
cer a todos os programas culturais da tele­ tements", que sáo hoje 95 e que permane­
visão e do rádio. Os grandes jornais abri­ cem unidades administrativas essenciais.
ram suas colunas e colegas cobriram a
As Editions du Seuil publicam, sob
os
,

14.
obra de elogios: Jean-Piene Rioux afirmou
a direção de André Burguiere e Jacques
na revista de vulgarização L'Histoire, ng
Revel, uma J-1istoil'e de la F'rcutce em qua­
165, abril 1993, que estávamos entrando
tro volumes temátioos (e cronológicos). O
na "era dos lugares de memória".
quarto está no prelo.
4. Era porém sabido que Hotel dlL NOl'd,
15. Henry Rousso, Le sy"drome de
filme cult dos anos 50 realizado pelo dire­
Vu:hy de 1944 à "osjOU1'S, Paris, Le SemI,
tor de Les en{{mts du parodis, não tinha
1987. o livro trabalha exatamente com
sido rodado no lugar verdadeiro, mas in­
esse problema da memória.
teiramente em estúdio!
16. Plúlippe Burrin, ''Poings levés et
5. Pierre Nora, Les France, 1, p.16.
bras tendus: la contagion des symboles au
6. Ibidem, p.20.
temps du Front populaire", Vingtiem.e sie­
7. Muitos historiadores, e não dos me­ ele, Paris, F.N.S.P., n" 11, juillet-septem­
nores, expressaram o mesmo ponto de vis­ bre 1986, p.5-20.
ta. Maurice Agulhon escreveu que "a
17. O pai desta expressão é o lústoria­
França de antes de 1914 era quase que
dor americano Stanley Horrmann.
t<>talmente patriótica ( ...) Este patriotis·
mo permitiu ganhar a guerra em 1918,
mas tudo se passa oomo se ele tivesse sido
ferido mortalmente por esta mesma vitó­
Arm elle Enders é doutora em história
ria e pelo horror provocado pelo sofrimen­ pela Universidade de Paris IV, Sorbonne,
to necessário para obtê-la", citando como e maUre de conféren.ces na mesma univer­
apoio o grande especialista do nacionalis- sidade.

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