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Manfred Georg Kratzenberg

Mestre em Metrologia Científica e Industrial

Matriculado regularmente no programa de pós-graduação


em engenharia mecânica da UFSC -
Área de atuação: Metrologia e Instrumentação

Qualificação de sistemas de aquecimento solar através da simulação do desempenho

Monografia apresentada ao Eco_Lógicas: Concurso


Nacional de Monografias sobre Energias
Renováveis e Eficiência Energética, promovido
pelo Instituto IDEAL.

UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina


CGC: 83.899.526/0001-82
A/C: Manfred Kratzenberg
Bairro: Trindade, Campus Universitário
CTC- Centro tecnológico,
Laboratórios de Engenharia de Processos de Conversão e Tecnologia de Energia
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EMAIL : manfred@labsolar.ufsc.br

Florianópolis, 2009

1
RESUMO

O presente trabalho apresenta dois diferentes métodos utilizados para a qualificação de


sistemas de aquecimento solar através da caracterização do seu desempenho a partir de uma
simulação. O método INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial é comparado com um outro método normatizado pela norma
ISO9459-4. Neste segundo método uma simulação permite prever a economia da energia
elétrica e a fração de utilização da energia solar antes que um sistema de aquecimento solar
seja instalado em um determinado local. A simulação é baseada nas características
climáticas típicas do local de instalação. A redução da corrente de pico do sistema elétrico e
o tratamento térmico para extinção da bactéria legionella são obtidos adicionalmente
através da simulação. Em um estudo de caso são comparados três sistemas de aquecimento
solar utilizando coletores distintos. O comportamento do sistema é acessado através de uma
simulação considerando a sua instalação em distintas regiões climáticas no Brasil. É
demonstrado como um coletor pode melhorar o desempenho do sistema a partir de uma
medida simples, o melhoramento do seu isolamento térmico. Nos primeiros dois sistemas é
utilizado um coletor com características de construção mais utilizadas mundialmente e
também no Brasil e no segundo é utilizado um dispositivo que é vulgarmente denominado
como coletor solar de garrafa PET e é recentemente utilizado Brasil. A importância da
qualificação para os consumidores e para os fabricantes de sistemas é discutida.

PALAVRAS CHAVE: Sistemas de aquecimento solar, qualificação, simulação.

ABSTRACT

In the present work two different methods are presented comparing the qualification of
domestic hot water systems - DHWS utilizing the simulation of its performance. The
method adopted of the INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial is compared with another method standardized by ISO9459-4. With
the second method a simulation is predicting the reduction of the electric energy
consumption and the solar fraction of the SDHWS-solar domestic hot water system, before
the system is installed at a determined location. The simulation is based on the typical
climatic conditions of the chosen installation location. The reduction of the peak power of
the electric power supply system and the extinction of the bacteria legionella by thermal
treatment are obtained as additional results of the simulation. In a case study three SDHWS
which are only distinct by the utilization of different solar collectors are compared. The
characteristics of its operation are simulated for the installation at different installation
locations in Brazil. It is demonstrated how a collector can improve the performance of the
system by a simple method, the improvement of its thermal insulation. For the first two
systems is used a flat plate collector, the collector type at present most utilized all over the
world as well as in Brazil. For the third system an device commonly denominated as solar
collector constructed based on recycled PET bottles, recently utilized in Brazil is used for
the simulation. The importance of the qualification for the consumers and the industrial
sector is discussed.

2
KEY WORDS: Domestic hot water systems, qualification, simulation

SUMÁRIO

Resumo/Abstract ..................................................................................................................II
1. Introdução ........................................................................................................................IV
2. sistemas de aquecimento solar..........................................................................................IV
3. Qualificação de coletores solares ....................................................................................V
4. Metodologia - qualificação a partir da simulação...........................................................IIX
5. Coletores utilizados para a simulação...............................................................................X
6. Configurações para simulação de sistema de aquecimento solar......................................X
7. Resultados.......................................................................................................................XV
8. Conclusões ......................................................................................................................XV
9. Referências Bibliográficas ...............................................................................................VI
Notas ................................................................................................................................XVII

1. INTRODUÇÃO

Na geração de calor os sistemas de aquecimento solar variam o seu desempenho


térmico ao longo do ano e em diferentes locais de instalação em decorrência de diferentes
condições climáticas e mais especificamente, da radiação solar e da temperatura ambiente.
A variação decorre do comportamento térmico do coletor, quando este é sujeito às
diferentes condições climáticas. É desejável de quantificar esta variação sem ser necessária
de realizar ensaios ao longo do ano e em locais com distintas condições climáticas. O
desempenho do sistema completo de aquecimento solar pode ser ensaiado com um método
de ensaio simplificado sob condições de ambiente externa (ISO/DIS9459-2). Neste ensaio,
é caracterizado matematicamente o comportamento de desempenho térmico do sistema,
composto de coletor e reservatório. Utilizando o modelo matemático obtido deste ensaio,
pode ser acessado o desempenho térmico do sistema ao longo do ano e para diferentes
locais de instalação através de uma simulação (ISO/DIS9459-2) utilizando-se dados
meteorológicos típicos TMY – typical meteorologic year do local de instalação. Outro
método, de menor incerteza, utiliza o modelo matemático do coletor, o TMY do local de
instalação e o perfil de consumo de água para o banho separadamente para a simulação
(ISO/DIS 9459-4). Esta simulação tem a vantagem de escolher a configuração do sistema
sem restrições. O comportamento de desempenho térmico do coletor solar é caracterizado a

3
partir dos resultados de um ensaio térmico com o coletor, no qual os parâmetros do seu
modelo matemático são obtidos (EN 12975, ISO 9806). Os reservatórios são ensaiados
separadamente, seguindo a norma EN12977. No presente trabalho dois modelos de
coletores com absorvedor de cobre e um coletor PET são utilizados para comparar dois
distintos métodos de simulação de desempenho térmico do coletor. O objetivo principal é
de comparar o método utilizado em (INMETRO, 2007) com o método de simulação com
base na norma ISO/DIS 9459-4. São simuladas diferentes configurações de um sistema de
aquecimento solar e dados referentes da redução da corrente do sistema elétrico residencial
e do tratamento térmico da água para a sua higienização são visualizados.

2. SISTEMAS DE AQUECIMENTO SOLAR

Coletores solares são dispositivos que devem ser concebidos para converter com
alta eficiência a radiação solar para o calor. Através de um fluido este é armazenado e
transportado para um processo a uma temperatura demandada. Um sistema de aquecimento
solar para uso doméstico é constituído principalmente de dois componentes, um coletor
solar e um reservatório. O coletor aquece a água que ele contém através da radiação solar e
o reservatório armazena a água aquecida pelo coletor a uma temperatura limite Tl de
aproximadamente 90°C. Esta temperatura permite a maior conservação de calor por
unidade de volume do reservatório e a temperatura de banho de aproximadamente 40°C é
obtida através de um misturador. Através de uma bomba ou pelo efeito de termosifão a
água aquecida é transportada para o reservatório. Na maioria dos sistemas instalados no
Brasil se utiliza o efeito de termosifão, dispensando a necessidade da bomba e do seu
controlador. A potência térmica que um coletor converte é função de principalmente quatro
fenômenos. A intensidade da radiação solar, a transmissão da radiação pela cobertura
transparente, a conversão da radiação pelo absorvedor do coletor solar e a perda de calor do
absorvedor para o ambiente. Um sistema de aquecimento solar tem perdas térmicas
adicionais no reservatório de água quente e nas tubulações que conectam o coletor com o
reservatório. Os isolamentos térmicos do coletor, do reservatório e das tubulações reduzem
as perdas de calor para o ambiente.

3. QUALIFICAÇÃO DE COLETORES SOLARES

A eficiência do coletor solar é função da concepção da construção do coletor e mais


especificamente das suas características radiativas e térmicas. Na pior situação o coletor
consegue somente converter uma parte pequena da radiação solar para aquecer a água nas

4
suas tubulações que pode decorrer da opacidade da cobertura, de uma baixa taxa de
transferência de calor entre o absorvedor e as tubulações do coletor e de um isolamento
térmico insuficiente entre absorvedor e o ambiente. Pode ocorrer que o fluido não seja
aquecido acima da temperatura do reservatório e assim a energia convertida pelo
absorvedor do coletor não possa ser armazenada no reservatório. Coletores de alto
desempenho podem ser utilizados mesmo em regiões climáticas consideradas como frias
para converter a energia solar e armazená-la a em um reservatório a temperatura até Tl. A
quantificação da conversão da radiação solar em calor é imprescindível para cada modelo
de coletor em linha de fabricação. A eficiência térmica do coletor obtém-se através dos
resultados do seu ensaio térmico no qual o seu comportamento é caracterizado. Os
procedimentos para se avaliar o comportamento térmico e também a resistência mecânica
dos coletores são especificados em normas aqui citadas. Existem dois tipos de ensaios: os
de regime permanente SST - Steady State Test (EN12975, ISO9806, ABNTCB55,
ABNT10184, ASHRAE93) e o ensaio de regime quase-dinâmico QDT - Quasi Dynamic
Test (EN12975). O ensaio em regime quase-dinâmico, o qual foi normatizado mais recente
(1997), e tem a vantagem de caracterizar o coletor com um modelo mais completo. Em
relação aos demais, o ensaio em regime quase-dinâmico é capaz de especificar melhor o
comportamento do coletor em função das mais variadas condições da radiação solar
(EN12975, Kratzenberg, 2005). Também não necessita em todos os dias céu sem nuvens
como é demandada pelo ensaio em regime permanente. Quando o modelo do ensaio em
regime e quase dinâmico e o do ensaio em regime permanente são utilizados para
quantificar a energia convertida, os resultados obtidos com os dois modelos são
estatisticamente equivalentes para coletores planos (Kratzenberg, 2005, Kratzenberg &
Colle, 2007).

3.1 Curva padronizada de eficiência de coletores

O principal resultado dos ensaios térmicos de coletores solares é a curva


padronizada de eficiência de coletores (figura 1) e seu modelo matemático (equação 1).

0 SST k1 T / G

(1)

5
Onde [sem unidade] é a eficiência do coletor e 0 determina a eficiência quando a
temperatura média do coletor é igual à temperatura ambiente. Neste caso o coletor não tem
perdas térmicas e o valor de corresponde à intersecção com a ordenada ( 0) na figura 1.

0,90
0,80
0,70
0,60
0,50
eta

0,40
eta_PET
0,30 eta_cs
0,20 eta_b
0,10
0,00
0,000 0,020 0,040 0,060 0,080 0,100
delta T / G

Figura 1 - Curva padronizada de eficiência para três diferentes coletores: cs –


coletor que utiliza uma camada seletiva no seu absorvedor, b – coletor utilizado por um
fabricante brasileiro, PET – coletor PET

Coletores com uma camada seletiva depositada no seu absorvedor têm uma eficiência de
0 superior (ITW, 2000). A radiação global G [W/m²] é composta da soma da radiação
difusa Gd e direta Gb e T representa a diferença entre a temperatura do coletor e a
temperatura ambiente.O coeficiente k1 [W/m²K] determina as perdas e corresponde ao
gradiente da curva de ( PET) na figura 1. Coletores com um melhor isolamento térmico
podem converter a energia solar em calor com temperaturas maiores. Nesses coletores,
aparecem afora a condução de calor, efeitos de convecção e da radiação térmica em maior
proporção. Estes efeitos geram uma variação no gradiente da curva padronizada ( cs e ts

da figura 1) e são aproximadas com o terceiro termo da equação (2).

0 SST k1 T / G k2 T 2 /G

(2)

6
Onde k1 e k2 [W/m²K²] são coeficientes de um polinômio, utilizados para a
aproximação das perdas decorrentes da condução, da convecção e da radiação. k2 é
determinado através do teste de significância estatística, aplicado na obtenção do modelo de
coletor através da avaliação das medições do ensaio térmico mediante uma regressão
(EN12975). A curva padronizada consolida de forma resumida todos os processos ópticos e
térmicos do coletor solar. O modelo matemático associado (equações 1 e 2) pode ser
utilizado em uma simulação para quantificar a energia convertida. Três abordagens distintas
podem ser tomadas. Enquanto na primeira é utilizada a temperatura média Tm (EN12975,
Duffie Beckman, 1991) do coletor em relação à temperatura ambiente para calcular T, na
segunda e terceira são utilizadas a temperatura de entrada Te e saída Ts (ASHRAE 1986,
Duffie Beckman, 1991) que são próximas à Tm . As substituições de Tm com Te e Ts ,
representam uma simplificação do modelo que tem a vantagem de que programas que
utilizam modelos matemáticos simples e não necessitam calcular Tm podem ser utilizados
para a simulação do sistema de aquecimento. Para um modelo que considera apenas perdas
térmicas lineares (equação 1), os coeficientes 0(Te) e k1(Te) disponibilizados através do
ensaio podem se convertidos em 0(Tm) e k1(Tm) (Duffie Beckman, 1991). Outro método de
conversão necessita as medições do ensaio e pode incluir também o coeficiente k 3. Neste
método as variáveis de regressão T e T2 são calculadas em uma primeira regressão com
(Tm - Ta) e em uma segunda com (Te – Ta). Se a radiação é dividida nos dois lados das
equações (1) e (2), obtém se as equações (3) e (4) que determinam a potência térmica do
coletor.

Q mo G k1 T
0 SST
(3)

Q mo G k1 T k2 T 2
0 SST
(4)

No presente artigo são também utilizados resultados de ensaios quase-dinâmico


QDT (EN12975), que permite discernir a eficiência do coletor com efeitos da radiação
difusa Gd e direta Gb e, assim, o seu modelo matemático do coletor pode ser considerado
como mais completo (equações 5 e 6) [1].

7

Q b1
Q b2
 Q d Q p
  1     
Q mo 0 QDT Gb b
0 QDT 0 Gb 0 QDT K d G d k1 T (5)
cos


Q b1
Q b2
 Q d Q p
  1   

Q m o 0 Q D T Gb 0 Q D T b0 Gb 0 Q D T K d Gd k1 T k2 T 2
cos
(6)

Onde é o ângulo de incidência de Gb em relação à normal da superfície do coletor.


Q b 2
Com b0 calcula-se a potência , que define as perdas decorrentes do aumento da
refletância relativo a Gb em função de . Com o coeficiente K d acessa-se a conversão
Q d
que decorre especificamente da radiação difusa e com k1 e k2 obtêm-se as perdas
térmicas do coletor.

4. METODOLOGIA - QUALIFICAÇÃO A PARTIR DA SIMULAÇÃO

Devido principalmente as limitações do seu isolamento térmico, a eficiência


do coletor solar pode variar bastante expondo o a diferentes condições climáticas. Se, por
exemplo, o coletor tem um isolamento térmico não suficiente, representado por coeficientes
k1 e k2 altos, ele perde mais calor em regiões climáticas com baixas temperaturas
ambientes. Também perde mais calor no inverno do que no verão. Necessita-se de realizar
uma simulação, para saber do comportamento do coletor e da sua conversão de energia ao
longo do ano. A simulação permite quantificar a energia convertida pelo coletor na região
onde é instalado. Para a simulação são utilizados os coeficientes do seu modelo matemático
das equações 5 e 6. Como exemplos de simulação são utilizados três diferentes modelos de
coletores solares (item 5). Simula-se a conversão de energia solar de distintos coletores para
locais com distintas situações climáticas no Brasil. Para a simulação são utilizados:

• Modelo matemático do coletor,


• Os dados da radiação solar e da temperatura ambiente Ta , (item 4.1)

8
• O perfil de consumo de água aquecida.

O resultado da simulação representa uma informação importante para o dono de


casa e para os projetistas de sistemas de aquecimento solar e pode ser utilizado para
calcular o tempo do retorno de investimento e o custo de ciclo de vida do sistema (Duffie &
Beckman 1991). Também é utilizado para verificar se um modelo de coletor cumpre a
especificação mínima em termos de energia anualmente convertida. Na Alemanha, por
exemplo, a energia convertida do coletor é medida e deve ser superior a 525 kWh/m² em
um ano e o sistema deve ter uma fração solar superior a 0,4 para que este seja subsidiado
por um programa governamental [3]. O resultado da simulação acessa também a economia
de energia elétrica obtida através do aquecimento solar. Esta informação é importante não
só para o consumidor, mas também para as concessionárias da energia elétrica. O resultado
da simulação pode representar um argumento decisivo no momento da aquisição de um
sistema de aquecimento solar selecionando um modelo de coletor. É possível avaliar a
redução na produção de gás carbônico com objetivo de obter subsídios de
aproximadamente 10 % do valor do sistema através de créditos de carbono (DASOL -
Departamento Nacional de Aquecimento Solar da ABRAVA).

4.1 Ano com condições meteorológicas típicas

As radiações difusa Gd, direta Gb e global G incidente em superfície horizontal, e a


temperatura ambiente Ta , que tipicamente ou com maior probabilidade aparecem em uma
região climática, compõem um ano típico de dados climáticos, denominado em inglês,
TMY – Typical Meteorologic Year.
A partir de observações meteorológicas durante vários anos são selecionados os
meses mais representativos de anos distintos para se compor um TMY. Por exemplo, é
selecionado o mês de Janeiro cujo comportamento é mais representativo para a média de
Janeiros obtidos de observações de 30 anos. A seleção é realizada através de um método
padronizado (NREL, 1996). O TMY poder ser considerado como representativo para uma
região de menor extensão com características de clima semelhante, mesmo que as
observações meteorológicas foram obtidas através de um único local. O clima da
Alemanha, por exemplo, é caracterizado na avaliação dos resultados de ensaio térmico de

9
coletores através de três TMY (IWT, 2002) representando assim três regiões climáticas de
menor extensão. Como o clima na extensão do Brasil apresenta maiores variações que na
Alemanha, a simulação para diferentes regiões climáticas é ainda de maior importância. Os
TMY utilizados no presente trabalho são constituídos a partir de observações de trinta anos
[4]
. As radiações Gd e Gb de âmbito horizontal são convertidas para a inclinação do coletor
orientado para o norte de acordo com o modelo de HDKR (Duffi& Beckman, 1991).

4.2 Perfil de consumo


O perfil de consumo de energia para o banho o qual é uma função da vazão,
temperatura e duração do banho, pode ser distinto em diferentes países e estados. Também
depende da temperatura da água da rede de distribuição Taf , que é na presente simulação
calculada a partir da temperatura ambiente utilizando o modelo do programa de simulação
TRNSYS – Type 77 (SEL, 2006). Como difusividade térmica do solo é escolhido o valor α
= 3,244 x 10-3 m²/h. Este é utilizado no TRNSY como valor default, e é calculada com a
condutividade térmica k [kJ/hmK] dividida pela densidade ρ [kg/m³] e o calor específico c p
[kJ/kgK] do solo. Na presente simulação é utilizado um perfil médio de vazão de água
m
 b [kg/h] para o banho que foi elaborado a partir de sessenta residências populares, com

média de 50 [kg/dia/pessoa] para uma casa popular com três pessoas em Florianópolis
(Salazar, 2004). A temperatura de banho Tb é considerada como 40°C. A potência térmica
do consumo de água aquecida é calculada como segue

Q b Taf Tb m
 b c p (Tb ) ; Tb > Taf (7)

Onde cp [J/kg K] é o calor especifico da água. Se a temperatura do reservatório Tr é inferior


que Tb , necessita-se do pós-aquecimento elétrico com um chuveiro de ajuste proporcional
de potência. A potência elétrica Pch deste chuveiro é calculada como segue

Pch Tr Tb m b c p (Tb ) ; Tr < Tb (8)

A redução média da demanda na ponta RDP [W] para o horário entre 18 e 21 horas é
calculada como segue, onde n = 365 é a soma dos dias de um ano.

10
3n 3n
RDP = 100% i 1
Q b _ i Pch _ i / i 1
Q b _ i (18 ...21) horas (9)

4.3 Etiqueta de coletores INMETRO


Atualmente é adotado no Brasil um método do INMETRO para qualificar coletores de
aquecimento solar como a de aparelhos eletrodomésticos pela etiqueta PROCEL -
Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica. Para a qualificação da eficiência, é
utilizado um único ponto da curva de eficiência padronizada (figura 1) para aproximar
através da multiplicação pelas médias horárias da radiação global de um dia denominado
como dia padrão a potencia térmica. Através da integração, é obtida a energia que o coletor
converte (INMETRO, 2007) mensalmente. Aqui, também a temperatura ambiente e a
radiação solar deste dia são utilizados para calcular através do modelo do coletor (equação
3) esta energia. O método do dia padrão é baseado em um método utilizado pelo FSEC –
Florida Energy Center. A norma ISO/DIS 9459-5 recomenda a utilização de um dia padrão
apenas para o uso em cálculos estimativos de energia com validade para um único local
geográfico. Portanto, se (INMETRO, 2007) é aplicado para o Brasil inteiro, as incertezas
deste método devem ser altas em relação à simulação, que decorre das altas variações
climáticas em distintas locais de instalação. Para tomar conhecimento sobre estas
incertezas, o método (INMETRO, 2007) é comparado com o método da simulação (item 5).
A simulação e o método (INMETRO, 2007) formam implementados no programa ExcelTM.
Em comparação com o TRNSYS (SEL, 2006), a simulação na planilha tem a vantagem de
necessitar um tempo de simulação desprezível. Porém é aplicada no presente caso apenas
para sistemas de circulação forçada e não considera uma estratificação no reservatório.

5 COLETORES UTILIZADOS PARA A SIMULAÇÃO


Para a simulação de desempenho são utilizados dois modelos de coletor que têm um
absorvedor de cobre, isolamento térmico e cobertura transparente de vidro. Para fins de
comparação é utilizado o dispositivo popularmente denominado como coletor de garrafa
PET (compare figura 1).

5.1 Coletores planos com absorvedor de cobre e cobertura de vidro

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Coletores solares cujo absorvedor é construído a partir de metais com menor
degradação e alta condução de calor, como cobre e alumínio, são mundialmente (SPF,
2002), e inclusive no Brasil (INMETRO, 2009), os modelos mais utilizados para o
aquecimento de água para banho no setor residencial, e podem ser consideradas com um
padrão habilitado para cumprir as exigências estabilizadas nas normas ISO9806 e
EN12975. A cobertura destes coletores é constituída de um vidro de alta transparência. Em
função dos materiais utilizados, estes coletores possuem uma degradação de sua eficiência
desprezível possibilitando a conversão da energia solar durante uma vida útil entre 10 e 30
anos (Duffie Beckman, 1991). É utilizado um modelo de coletor de uma empresa Alemã
(ITW, 2000) e um outro modelo de uma empresa brasileira (ITW, 2002).

5.2 Coletores de plástico


No aquecimento de piscinas aparecem temperaturas abaixo de aproximadamente
26...28 °C na entrada do coletor (INMETRO, 2007). Nesta temperatura os coletores de
plástico sem cobertura são apenas sujeitos a degradação em decorrência da radiação solar e
não são sujeitos a efeitos de termo-degradação. Estes coletores utilizam absorvedores de
plástico, nos quais uma pigmentação é inserida na sua fundição que estabiliza o material,
reduzindo os efeitos de degradação a partir da radiação solar. Devido ao seu baixo custo, os
coletores de plástico são utilizados em vários países para o aquecimento de piscinas (IEA,
2008).

Coletor PET
Recentemente no Brasil tem sido utilizado um dispositivo denominado como coletor de
garrafa PET para uso de banho. Este é construído de garrafas recicladas de PET -
Politereftalato de etileno e tubos de PVC - cloreto de polivinila. A deteriorização da
tubulação pode aparecer decorrente de efeitos da temperatura e da radiação solar. (Köhl et.
al, 2005) observa uma degradação com o aumento da opacidade de diferentes materiais de
plástico entre estes o material PET com a exposição ao sol. O autor não recomenda o uso
do material PET para a aplicação em coberturas de coletores de aquecimento solar. Como
[5]
no Brasil os coletores PET são recentemente utilizadas em maior escala é importante
quantificar a energia convertida por estes coletores antes e depois dos efeitos de sua
degradação. (Randemberg Gomes dos Santos, 2007) constrói diferentes coletores de garrafa

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PET e em um estudo comparativo, observa pequenas variações na conversão de calor
utilizando estes coletores. A construção de um coletor PET foi realizada por alunos do
grupo PET – MA - Programa de Educação Tutorial em Metrologia seguindo um manual de
configuração (Alano, sem data). No laboratório LABSOLAR do LEPTEN o ensaio térmico
deste coletor foi realizado pelos alunos sob orientação do autor deste artigo (PET, 2009).

6 CONFIGURAÇÕES PARA SIMULAÇÃO


A presente simulação é configurada para um sistema de aquecimento solar com
circulação forçada. No dimensionamento do sistema as relações entre consumo volume do
reservatório e área de coletor são semelhantes ao do sistema de termosifão popular (Salazar,
2004) no qual o custo de ciclo de vida do sistema e a redução do pico da demanda foram
otimizados. Foram adotadas as seguintes configurações:

• Temperatura de água da rede (calculada como em TRNSYS - TYPE77),


• Perfil de vazão mássica para o banho: como elaborada em (Salazar, 2004),
• Coeficientes do coletor PET: 0 = 0,233; b0 = - 0,179; k1 = 6,402 (PET, 2009)[6],
• Coeficientes do coletor com pintura seletiva:
0 = 0,591; b0 = -0,131; k1 =5,408; k2 =0,028, (Kratzenberg, 2005),
• Coeficientes do coletor com camada seletiva:
0 =0,726; b0 = -0,131; k1 = 2,927; k2 =0,009 [7] (ITW, 2000),
• Inclinação do coletor = - + 10°, onde é o ângulo de latitude (Salazar, 2004),
• Diâmetro e comprimento da tubulação entre coletor e reservatório: 19 mm, 2 m, e
condutividade térmica e espessura do seu isolamento: 0,03 W/mK, 30 mm, obtendo
perdas ≤ 0,31 kWh/mês/l (INMETRO, 2007).

Reservatório:
• Volume: V = 100 l, Razão Ab/V [m²/100 l] = 1,5, (semelhante Salazar, 2004),
• Razão m
 /V [kg/dia l] = 1,5, (para três pessoas)[8],
• Isolamento térmico: 9 cm, com condutividade térmica de 0,03 W/mK,
• Instalação em ambiente externa,
• Estratificação: é considerada distribuição homogênea de temperatura,

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• Temperatura máxima do reservatório: 90 °C
• Potência da resistência para o caso de preaquecimento: 0 W / 1500 W

Segundo (Duffie Beckman, 1991) a fração solar de um sistema de aquecimento solar FSs é
definida como segue
FSs = (Qb - Qe) / Qb (10)

Onde Qb é a energia necessária para aquecer a água, com temperatura de solo, para a
temperatura do banho, Qe é energia elétrica auxiliar, que é a soma de QCh e QR onde QCh é
a energia do chuveiro elétrico utilizado para pós-aquecimento e QR é a energia da
resistência elétrica no reservatório.

6.1 Bactéria Legionella


A bactéria legionella foi isolada primeiramente em 1977 em um surto de pneumonia
ocorrido no ano anterior na convenção da Legião Americana (Viera, 2005, citando
Stetzenbach e Buttner, 2000). A enfermidade que as bactérias causam é também conhecida
como a doença do Legionário. Estas bactérias podem colonizar os sistemas artificiais de
abastecimento de água, favoravelmente se multiplicam na água estagnada a uma
temperatura de 20 a 43 °C e podem provocar pneumonia (Viera, 2007). Podem aparecer em
caixas d’água em residências e nos reservatórios de sistemas de aquecimento solar. No
banho as bactérias legionellas podem entrar nas vias respiratórias. A extinção destas
bactérias pode ser realizada através de um tratamento térmico da água (IEA, 2001). O
tempo de sobrevivência destas bactérias é de oito segundos em 70 °C, três minutos em
60°C e duas horas em 50°C (Viera, 2007). Para garantir a extinção destes microorganismos
existem normas em diferentes países (IEA, 2001) nas quais é manifestado que o
reservatório dos sistemas de aquecimento solar deve ser aquecido pelo menos uma vez por
dia acima de 50° C ou 60 °C seja pelo aquecimento solar ou pelo aquecimento elétrico. O
sistema de aquecimento solar popular (Salazar, 2004) e também o sistema que utiliza o
coletor PET (Alano e família, sem data) não possuem resistências elétricas para o
aquecimento no reservatório. Nas presentes simulações são utilizadas as seguintes
temperaturas para o ajuste do controle termostático da resistência elétrica e intervalos de

14
tempo para liberar este aquecimento: 1) sem resistência elétrica no reservatório; 2.) 50°C
entre 23:00 e 04:00 tempo padrão; 3.) 60°C entre 1:00 e 4:00. É verificado se a legionella
possa ser extinta (tabela 1).

6.2 Sistema elétrico


O chuveiro elétrico é o consumidor de maior potência na área residencial. A carga
maior decorrente dos chuveiros aparece no horário da ponta entre 18 e 21 horas (Salazar,
2004). Se o aquecimento pelo sol durante o dia não é suficiente para elevar a temperatura
do reservatório acima da temperatura do banho de 40°C, necessita-se de um pós-
aquecimento (equação 8) durante o horário da ponta que é habilitado nas três diferentes
configurações de simulação.

7 RESULTADOS
A tabela 1 mostra os resultados da simulação exemplaria para Florianópolis e Fortaleza.
Tabela1: Resultados da simulação para Florianópolis e Fortaleza: Coletor A: coletor de
camada seletiva, Coletor B: coletor de fabricante brasileiro, Coletor C: coletor PET

sem resistência configurações


Fração solar FSs

conversão com
enegia coletor
pico max por

[Wh/m²/mês]
dias com T >

dias com T >


sistema [W]

INMETRO

dia padrão
conversão
RDP [%]
Data Set

coletor

60°C

50°C

FLN 1 A -433,80 74,15 0,72 192 228 73,60 99,48 97,91


FLN 2 B -433,85 * 51,53 0,51 28 108 62,91 72,04 68,69
FLN 3 C -433,86 3,24 0,09 0 1 37,01 16,55 14,13
FOL 4 A -4,05 99,72 1,00 360 364 64,08 99,48 97,91
FOL 5 B -216,85 96,67 0,95 192 307 54,73 72,04 68,69
FOL 6 C -273,72 21,56 0,29 0 1 37,13 16,55 14,13
FLN 7 A -18,42 99,80 0,57 365 365 57,10 99,48 97,91
50°C (20 h)
Termostato

FLN 8 B -28,17 99,76 0,14 357 365 24,60 72,04 68,69


FLN 9 C -25,45 99,75 -0,20 365 365 0,55 16,55 14,13
FOL 10 A 0,00 99,72 0,95 365 365 62,44 99,48 97,91
FOL 11 B 0,00 99,72 0,53 359 365 37,59 72,04 68,69
FOL 12 C 0,00 99,72 -0,22 364 365 2,18 16,55 14,13
FLN 13 A -238,12 97,18 0,58 327 364 58,25 99,48 97,91
Termostato

FLN 14 B -316,20 91,17 0,14 228 358 28,13 72,04 68,69


60°C (3h)

FLN 15 C -328,54 70,45 -0,33 125 323 2,33 16,55 14,13


FOL 16 A 0,00 99,72 0,96 365 365 62,68 99,48 97,91
FOL 17 B -39,21 99,69 0,57 338 365 38,90 72,04 68,69
FOL 18 C -129,74 96,11 -0,17 115 365 3,97 16,55 14,13
* com 60 sistemas do tipo termosifão (Salazar ,2004) mediu para RDP e FSs valores de 60% e 0,5

15
A coluna pico_max por sistema [W] mostra o valor máximo ocorrido ao longo do ano da
potência média do sistema elétrico em decorrência dos chuveiros elétricos no horário da
ponta, RDP [%] documenta a média anual da redução do pico da demanda. A coluna dias
> 60°C especifica em quantos dias ao longo do ano o sistema é aquecida acima de 60°C e
coluna dias > 50°C mostra o número de dias no qual o sistema é aquecido acima de 50°C
em intervalo superior a 3 h que garante a extinção da bactéria legionella. Nas últimas três
colunas é comparada a conversão de energia solar utilizando três diferentes métodos. Nas
últimas duas colunas é utilizado o dia padrão para o cálculo. A coluna conversão
INMETRO utiliza a eficiência térmica média (INMETRO, 2007) e a última coluna utiliza
o modelo do coletor os dois aplicados aos dados do dia padrão.

7.1 Discussão dos resultados


Além da menor conversão de energia, os coletores PET não proporcionam o tratamento
térmico da água, podendo extinguir as bactérias do tipo legionella apenas em um dia do ano
(linhas 3 e 6). Melhoria é obtida com aquecimento através de uma resistência elétrica no
reservatório, mas sob utilização desta, a fração solar do coletor PET é negativa (linhas 9,
12, 15, e 18), significando que o coletor não consegue converter energia solar.
Pela classificação de coletores utilizando o método descrito em (INMETRO, 2007) a
produção mensal da energia convertida pelos coletores é superestimada em todos os casos.
Este efeito é mais significante para coletores de menor eficiência, quando são instalados em
locais com temperaturas ambientes menores e é utilizado um aquecimento no reservatório
para a higienização da água (linhas 8, 11,14 e 17).
Em Fortaleza a corrente no horário da ponta do sistema elétrico pode ser reduzida para
99,7 % utilizando os coletores A e B sem necessitar uma resistência no reservatório (linhas
4 e 5). O aquecimento com a resistência no reservatório favorece nos dois locais a extinção
preventiva da bactéria legionella (linhas 7 a 18). Também a corrente no horário da ponta
pode ser reduzido por 96,31 % a 99,8 % utilizando os coletores A e B (coluna RDP), mas o
coletor B tem baixas frações solares quando é utilizado em Florianópolis (linha 8 e 14).
Para verificar se é possível melhorar a fração solar através de um melhor isolamento
térmico do coletor, os coeficientes k1 e k2 utilizados no coletor B, foram substituídos com

16
os do coletor A. Obteve se nesta configuração um melhoramento da fração solar de 0,14
para 0,41 na linha 8.

8 CONCLUSÕES E DISCUSSÃO

Simulação
A simulação utilizando o TMY, perfil de consumo, e modelo de coletor considera
condições mais características na utilização dos coletores em sistemas de aquecimento
solar. Para alguns locais de instalação no sul do Brasil obtêm-se grandes diferenças na
conversão da energia solar comparando-se os resultados da simulação com os resultados
obtidos utilizando um dia padrão. A alta eficiência ajuda nos dois, na redução do pico da
demanda e na extinção da bactéria legionella (linhas 4, 7, 10, 13 16, tabela 1). Com o
objetivo de desenvolver coletores melhores, podem ser explorados dois diferentes métodos.
O primeiro método, o mais caro, consiste no melhoramento das características ópticas do
coletor, aumentando a eficiência 0 (por exemplo, ITW, 2000). Outro método, de menor
custo, consiste no melhoramento do isolamento térmico reduzindo os coeficientes k1 e k2. O
segundo método não está sendo explorado pelos fabricantes no Brasil (compare k1 = FRUL
em INMETRO, 2009) e uma razão disto pode ser procurada na abordagem atualmente
utilizada para a avaliação dos resultados do ensaio térmico (INMETRO, 2007). Este não
sensibiliza os fabricantes em melhorar o isolamento térmico dos coletores, porque
considera apenas condições climáticas com temperatura ambiente entre 20,3 e 27°C
aparecendo durante o dia padrão utilizado. Não considerando temperaturas menores, um
bom isolamento térmico não ocasiona o melhoramento na conversão média mensal de
energia estipulada pelo método de cálculo. Se o INMETRO adotasse a simulação poder-se-
ia classificar os modelos de coletores especificamente por local de instalação. Neste caso
aqueles fabricantes que utilizam um isolamento mais espesso nos seus modelos de coletores
são recompensados de forma mais adequada pela classificação. Assim pode se criar um
ambiente propício para que os fabricantes se empenhem em aperfeiçoar a eficiência dos
coletores no mercado brasileiro, não somente através da sua eficiência ótica, mas também
através de um isolamento térmico otimizado. Os coletores de garrafas PET poderiam
representar uma alternativa para o setor de aquecimento solar, se forem mais eficientes,

17
sem degradação das suas características ópticas, sem efeitos de degradação decorrente de
temperatura, com vida útil e intervalo de manutenção semelhante aos coletores comuns.
Necessita-se realizar o ensaio da resistência mecânica do coletor PET seguindo as normas
EN12975 ou ISO9806 e do reservatório seguindo EN12977. Uma longa vida útil deve ser
sempre colocada na proposta de projetos de aquecimento solar, valorizando assim a mão de
obra utilizada para a fabricação, instalação e sua manutenção. Segundo experiências
próprias o coletor PET exige uma manutenção mais freqüente em comparação com
coletores construídos de materiais de menor degradação.
O coletor construído de cobre e alumínio também possui as características da reciclagem
das matérias utilizadas para a sua construção. A maior eficiência e resistência mecânica de
coletores de cobre e alumínio, com cobertura de vidro correspondem a um custo maior,
decorrente do custo das materiais utilizados. Por outro lado, corresponde a um custo menor,
decorrente da maior conversão de calor por unidade de área do coletor e da sua vida útil
superior. Estes coletores possam ser operados com alta eficiência em temperaturas acima de
60°C, que são necessários para o tratamento térmico preventivo da bactéria Legionella.

Visão para o futuro no mercado brasileiro


Se os coletores fabricados pela indústria brasileira obtivessem subsídios, o coletor PET não
seria necessário para reduzir o preço do sistema de aquecimento solar, e poderia se obter
um aquecimento solar seguro sem que os usuários fossem sujeitos à exposição da bactéria
legionella através deste coletor. Como a maioria das pessoas não possui conhecimento
técnico suficiente para julgar sobre as vantagens e desvantagens dos diferentes sistemas
disponíveis no mercado, a utilização de equipamento com menor qualidade pode desvirtuar
o conceito popular formado sobre a eficiência e segurança dos sistemas de energia solar. A
utilização dos sistemas de aquecimento solar tem várias vantagens entre outras o aumento
da confiabilidade do sistema elétrico pela limitação da corrente máxima no horário da
ponta. A política de subsídios parciais (Roulleaua, 2008) representa um instrumento
importante para encorajar investimentos do setor privado e industrial proporcionando uma
ambiente favorável de comércio para o uso desta tecnologia. Para popularizar o
aquecimento solar, a alta qualidade dos coletores e o preço do sistema de aquecimento solar

18
podem e devem ser influenciados diretamente através de subsídios, determinando
exigências sobre o ensaio, a instalação, o desempenho e o preço deste produto.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Performance test methods for solar water heater stores, 4-Performance test
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19
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Universidade Federal do Paraná, 2007

NOTAS
1
Como o ensaio em (ITW, 2000) foi realizado em regime permanente, era necessário de converter os
coeficientes dos coletores obtidos pelo ensaio quase dinâmico em coeficientes do modelo em regime
permanente. A conversão foi realizada pelo método de normalização descrito em (EN12975 e Kratzenberg,
2005) sob utilização das equações (5) e (6) com radiação difusa de direta normalizada.
2
(Kratzenberg, 2005) registro perdas de 1,27 % durante o ensaio quase dinâmico do coletor brasileiro
decorrente do modelo Q b 2 . Como o coeficiente b0 não foi disponibilizado pelo ensaio (ITW, 2000), o sub-
modelo Q b 2 não foi considerado pelos modelos dos coletores utilizados na presente simulação.
3
http://www.oliver-voll.com/igu-rimpar/bundesfoerderung.htm
4
Os TMY para vinte diferentes capitais no Brasil são disponíveis na página: http://swera.unep.net
5
http://portal.celesc.com.br/portal/home/index.php?option=com_content&task=view&id=183&Itemid=34
6
Como a área do absorvedor do coletor PET é difícil de ser medida, os coeficientes do coletor PET se referem
à área bruta Ab do coletor, como também esta sendo considerada em ensaios segundo (ASHRAE, 1986). Nos
outros dois coletores os coeficientes se referem à área de abertura Aa do coletor (EN12975). Para obter uma
comparação adequada dos coletores se converteu todos os coeficientes que se referem à Aa em coeficientes
que se referem à Ab utilizando as equações em (ISO9806 – 8.8.4 Thermal performance test caracteristics
conversation).
7
http://www.itw.uni-stuttgart.de/abteilungen/tzs/PDF-Pruefberichte/99col170.pdf
Observação: Nesta referência do ITW são apenas disponibilizados os coeficientes relativos à temperatura
média Tm do coletor. Coeficientes referentes à temperatura de entrada Te não são disponibilizados. Obteve se
os seguintes coeficientes através de cálculos intermediários da conversão:

8
Os resultados das simulações são representativos se apenas o volume V do reservatório é aumentado para o
dimensionamento de um sistema maior, enquanto as razões A/V e m
 /V são mantidos constante.

22

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