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GESTÃO DE MATERIAIS: ALMOXARIFADO HOSPITALAR

José Neto Aristides da Silva


Graduando em Logística pelo Centro Universitário Augusto Motta (UNISUAM), Rio de Janeiro, RJ, Brasil
jneto12@gmail.com

José Claudio de Souza Lima


Mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Niterói, RJ, Brasil
Coordenador do Curso de Logística do Centro Universitário Augusto Motta (UNISUAM), Rio de Janeiro, RJ, Brasil
logística@unisuam.edu.com.br

RESUMO

Este artigo científico tem como objetivo identificar como um almoxarifado hospitalar deve se
manter de forma que não haja excesso e nem falta de materiais. Reposição de materiais por
meio de políticas de suprimento de estoque baseada em consumo, diário, semanal e mensal,
são preocupações relevantes para o fluxo logístico, mantendo o estoque o mais baixo possível
com menor custo, sem deixar de atender à demanda. Busca também apresentar as normas e as
leis vigentes para recebimento, armazenagem e distribuição de materiais, e com isso relacionar a
noção de falta e excesso de materiais, além de identificar em que consiste fluxo logístico e como
um estoque dever ser organizado.

Palavras-chaves: Estoque. Recebimento. Armazenagem. Distribuição.

1 INTRODUÇÃO

A gestão de materiais tem como objetivo melhorar o fluxo logístico do material,


apresentando um conjunto de práticas e de políticas que se aplicam para o melhor controle de
compra e reposição do material; também podemos incluir os inventários, que são o controle do
que há realmente em estoque.
De acordo com Ballou (2010, p. 215), “técnicas para previsão de curto prazo estão
disponíveis. São métodos como média móvel, média com suavização exponencial, regressão
múltipla, séries temporais e análises espectrais”. Segundo o autor, na gestão de estoques existem
técnicas para prever o consumo (demanda) do estoque e ajudar na hora de realizar a compra
para repô-lo. Tem como finalidade melhorar os investimentos em estoques, pois os custos que
a empresa possui para funcionar nada mais são do que o capital empregado em mercadorias ou
em produtos que estão sujeitos à degradação, depreciação ou vencimento.
Segundo Ballou (2010, p. 208), “o controle de estoques exerce influência muito grande
na rentabilidade da empresa. Absorve Capital [...]. Aumentar a rotatividade do estoque auxilia
a liberar ativos”. A influência que o controle de estoque tem na rentabilidade da empresa é
evidente, visto que diminui o capital investido. O autor afirma que o controle de estoque é
fundamental para minimizar despesas, diminuindo o capital parado, e esta questão merece ser
aprofundada com outras leituras sobre o tema.
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2 DESENVOLVIMENTO

A utilização correta e eficiente dos meios de planejamento e de controle são um dos


principais objetivos desta atividade e, com isso, é possível contribuir para aumentar o lucro
sobre o valor de compra.

Colocar os produtos ou serviços certos no lugar certo, no momento certo, e nas


condições desejadas, dando ao mesmo tempo a melhor contribuição possível para
a empresa. [...] Empresas de varejo estão obtendo sucesso no compartilhamento de
informação com os fornecedores, [...] e gerenciar estoques nas estantes [...]. Estoque
no canal e falta de produtos são menores. (BALLOU, 2006, p. 27-28).

Na gestão de matérias, a função de compras tem muita importância, pois o início do lucro
ou do prejuízo começa no momento em que a compra é realizada; se a compra for bem sucedida
auxiliará na economia, aumentando o lucro sobre o preço de venda.

Gerenciar estoques é também equilibrar a disponibilidade dos produtos ou serviços


ao consumidor, por um lado, com custos de abastecimento que, por outro lado são
necessários para um determinado grau dessa disponibilidade. (BALLOU, 2006, p. 277).

No almoxarifado hospitalar, existem produtos que são imprescindíveis para o atendimento


ao cliente (paciente), o grau de disponibilidade deve ser imediato, tendo a necessidade da
existência de um estoque mesmo que não exista a movimentação do material; por esse motivo
pagamos um preço pela disponibilidade do produto que não é consumido e essas particularidades
dificultam, assim, o bom gerenciamento do estoque com relação a custos.
As falhas nos processos geram muitos problemas para uma empresa. Problemas
relacionados à compra de materiais, gerando excesso quando comprado a mais e a falta quando
comprado a menos, lembrando que excesso de material é aumento de despesa e falta de material
é perda de lucro e ruptura no atendimento ao cliente.
No recebimento e na armazenagem de materiais, quando ocorre o recebimento e
lançamento errados no sistema gera divergência de estoque. Se o material é armazenado de
forma errada, gera avarias e pode ocorrer perda de validade devido ao lote que está vencendo
estar saindo por último. Segundo Bowersox e Closs (2001, p. 349), “o objetivo é movimentar de
modo eficiente grandes quantidades de mercadorias para dentro do depósito, além de expedir
produtos”. O autor expressa com clareza o objetivo da movimentação do estoque, tanto na
entrada de materiais quanto na saída para o cliente.
Na expedição do material, o produto transferido erroneamente gera divergência no
estoque de origem e no setor de destino. Problemas relacionados ao inventário, como contagem
errada, geram divergência ao estoque inventariado.
A solução para os problemas é manter um fluxo de compra correto dentro da política de
cada item, tais como respeitar os processos e práticas de recebimento, expedição e inventário
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rotativo, como o melhor controle de materiais mantendo o menor custo possível com a mesma
qualidade e sem prejudicar o atendimento ao cliente, minimizando perdas e falhas operacionais.
O processo logístico deve ocorrer de forma que haja um bom planejamento, implantação e
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controle de fluxo eficiente e eficaz de mercadorias, serviços e das informações relativas desde

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o ponto de origem até o ponto de consumo, sempre atendendo às exigências dos clientes,
“excelente definição, uma vez que abrange a noção de que o fluxo das mercadorias deve ser
acompanhado desde o ponto em que existem como matérias-primas até aquele em que são
descartados” (BALLOU, 2006, p. 27).

3 LOCUS DA PESQUISA

Assim, este trabalho será baseado na gestão de materiais de um almoxarifado hospitalar,


especificamente, que ocorre no Hospital “X”. A pesquisa tem como objetivo melhorar o fluxo
logístico e implantar um método de gestão de estoque que visa ao lucro por meio de políticas de
redução de custo, mantendo o menor estoque possível sem deixar de atender à demanda, além
de apresentar a correta utilização dos meios de planejamento e controle de estoque. Segundo
Ballou (2010 p. 208), “a influência que o controle de estoque tem na rentabilidade da empresa é
evidente, visto que diminui o capital investido”. O autor afirma ainda que o controle de estoque
é fundamental para minimizar despesas diminuindo o capital parado, questão que merece ser
aprofundada com outras leituras sobre o tema.
Os processos do almoxarifado são recebimento, armazenagem e expedição, que estão
agregados ao planejamento de estoque. Inventário e controle de validade são ferramentas
importantíssimas no planejamento, com este temos a certeza de que os estoques estão
corretos. Ballou (2010, p. 134) apresenta os principais elementos existentes nas instalações
de um armazém, porém nem todos necessariamente precisam ser usados. No caso do
almoxarifado hospitalar existem: entrada, estocagem, gerenciamento de estoques e
processamentos de pedidos.
Para iniciar as operações é necessário realizar a correta elaboração do layout que determina
o fluxo correto do almoxarifado de acordo com a entrada e a saída do material; após a definição
do layout é feita a cubagem dos materiais de acordo com seu volume, já se baseando na política
de estoque de cada material, ou seja, o máximo de espaço necessário para cada material, isto é,
estoque inicial.

O layout de depósitos depende do sistema de manuseio de materiais escolhido e


exige um plano de uso da área útil, a fim de facilitar a movimentação de produtos.
(BOWERSOX; CLOSS, 2001, p. 339).

O procedimento ideal para compor o estoque inicial do depósito é fazê-lo com uma
lista completa de produtos, antes de iniciar as operações. (BOWERSOX; CLOSS, 2001,
p.309-342).

O inventário realizado é rotativo, ou seja, feito todos os dias da semana. Encontrada


divergência, ela é corrigida. O controle de validade é realizado em todo estoque uma vez a
cada mês, coloca-se identificação nos materiais que estão vencendo e os que venceram são
retirados do estoque, em seguida corrigidos no sistema e descartados, conforme podemos
verificar na tabela 1:
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Tabela 1: Tarefa do controle de lote e validade de produtos.


ETAPAS PERIGOS BARREIRAS
* Realizado cronograma pela * Falha na conferência * Treinamento e capacitação
plataforma contendo datas pré- * Falha no registro * SESMT
definidas; * Quebra dos materiais e * Escala, dimensionamento de
* A conferência é realizada medicamentos pessoal e Plano de Contingência
mensalmente para medicamentos e * Incapacitação da equipe * Duplo check
trimestral para materiais; * Falta de pessoal * Comunicação entre os setores
* Etiquetagem dos medicamentos * Riscos ocupacionais * Registro seguro
com validade até 150 dias, etiqueta * Comunicação entre as equipes
amarela para sinalização e até 60 * Dispensação de medicamentos e/
dias etiqueta vermelha; ou materiais fora da validade
* Os produtos com validade até
30 dias são retirados do estoque e
segregados em quarentena;
* Estocagem dos materiais e
medicamentos no setor em até
15 dias de seu vencimento para
que haja a reposição de um novo
produto;
* Realizado o descarte dos produtos
após o término de sua validade;
* Atualizado todo o fluxo de
conferência em planilha.
Fonte: Os autores.

É extremamente importante que os processos da cadeia logística se correlacionem,


pois desta forma, as organizações conseguem obter satisfatórias vantagens competitivas e
consequentemente o aumento dos níveis de serviço perante o cliente e redução dos custos de
estoques e armazenagens, principalmente por meio dos canais de distribuição. O processo de
recebimento é feito quando o fornecedor entrega o material, a partir das seguintes etapas: O
auxiliar de almoxarifado pega a nota fiscal que verifica no sistema (Sistema de gestão de estoque
hospitalar WPD), caso exista ordem de compra. Em caso seja afirmativo, deve-se verificar se
está de acordo com a nota fiscal e se todas as informações estão corretas, depois se realiza a
conferência do material com a própria. Quando é negativo, é necessário que se entre em contato
com setor de compras e verifique o porquê da entrada sem ordem de compra.
Após o recebimento do material, ele é separado aguardando que seja dada a entrada
da compra; após o lançamento da nota fiscal é feita a segunda conferência do material, este é
etiquetado e armazenado no endereçamento específico.

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Tabelas 2: Tarefa do recebimento e lançamento de nota fiscal


TAREFA ETAPAS PERIGOS BARREIRAS
* Visualizado por meio de * Incapacitação da equipe * Protocolo de Registro Seguro
ordens de compras(oc) os * Falta de registro * Treinamento e Capacitação
fornecedores, os materiais, a * Extravio de documentos * Rota de Fuga
quantidade, os valores, prazo * Comunicação entre equipes * Controle do SESMT
de pagamento da nota fiscal e * Riscos Ocupacionais * Escala, dimensionamento de
prazo de entrega; * Incêndio pessoal e Plano de Contingência
* Realizada a conferência da * Falha no recebimento * Check List de recebimento
RECEBIMENTO

nota fiscal com a ordem de * Falta de pessoal * Livro de protocolo de notas


compra (oc) do hospital; * Quebra de material fiscais
* Realizada a conferência dos
materiais junto a nota fiscal;
* Realizado contato com
compras, uma vez que venha a
nota divergente do pedido, para
os devidos ajustes da oc, caso
contrário, devolução da nota;
* Realizado registro de entrada
de materiais por nota.
TAREFA ETAPAS PERIGOS BARREIRAS
* Realizada entrega pelo * Incapacitação da equipe * Protocolo de Registro Seguro
recebimento da nota fiscal * Falta de registro * Treinamento e Capacitação
devidamente conferida para o * Falha no lançamento de nota * Rota de Fuga
assistente administrativo; fiscal * Controle do SESMT
* Realizado o lançamento da * Extravio de documentos * Escala, dimensionamento de
LANÇAMENTO DE NOTA FISCAL

nota fiscal no ESTHOS; * Comunicação entre equipes pessoal e Plano de Contingência


* Solicitado coleta de assinatura * Riscos Ocupacionais * Relatório do ESTHOS (listagem
ao coordenador de almoxarifado * Incêndio de compras)
e enviado a Direção para * Falta de pessoal
validação da nota original e após
é enviada ao financeiro;
* Enviada uma cópia para o
recebimento, para segunda
conferência do material e
posteriormente armazenagem;
após, a cópia da nota fiscal será
arquivada no almoxarifado por
um período de 6 meses.
Fonte: Os autores.

A armazenagem é feita na localização disponibilizada no sistema para cada item, como


podemos comprovar nos itens relacionados na tabela 3, pois como afirma Ballou.

A mais óbvia das finalidades das instalações de estocagem é proporcionar proteção CADERNOS
e manutenção ordenadas dos estoques [...] a manutenção de estoques produz a de Pesquisa e Extensão
necessidade da estocagem e igualmente a necessidade do manuseio dos materiais.
(BALLOU, 2006, p.373-376).
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Tabela 3: Tarefa armazenagem de produtos


TAREFA ETAPAS PERIGOS BARREIRAS
* Realizada a conferência dos * Incapacitação da equipe * Treinamento e Capacitação
materiais junto à cópia da nota * Extravio de documentos * Rota de Fuga
ARMAZENAGEM

fiscal; * Comunicação entre equipes * Controle do SESMT


* Realizada a consulta da * Riscos Ocupacionais * Escala, dimensionamento de
localização dos materiais no * Incêndio pessoal e Plano de Contingência
ESTHOS; * Falta de pessoal * Consulta de localização no
* Realizado a armazenagem dos * Falha na armazenagem ESTHOS
materiais nos locais corretos.
Fonte: Os autores.

Segundo Bowersox e Closs (2001, p. 226), “o estoque consiste em substancial


investimento em ativos e, portanto, deve proporcionar pelo menos algum retorno de capital.”
O estoque é um investimento que deve proporcionar sempre um lucro para o investidor. Não
há porque manter um estoque se ele não pode gerar um lucro; melhor seria realizar aplicações
financeiras, que teriam certamente algum lucro, mesmo que seja mínimo, comparado à venda
de mercadorias.
A expedição é realizada por meio de um procedimento que consiste na entrega dos materiais
por grupo, formando pequenos estoques, de forma que o atendimento seja realizado em cada
andar do hospital para atendimento ao cliente (paciente). Esta ação é realizada duas ou três vezes
ao dia, isto é, 24h por dia de acordo com o cronograma estabelecido entre os coordenadores.
A expedição, também, realiza atendimento a pedidos de setores que dão suporte (administração,
faturamento, higiene); são materiais não faturáveis (canetas, lápis, borracha, impressos interno,
folhas A4). Estes pedidos também possuem um cronograma de realização até 12h, de segunda a
sexta feira, com previsão e atendimento em 24 h, conforme as etapas na tabela 4:

Tabela 4: Tarefa expedição de produtos


TAREFA ETAPAS PERIGOS BARREIRAS
* Realizado cronograma pela * Falha na contagem * Treinamento e capacitação
plataforma contendo horários e * Falha no registro * SESMT
datas pré-definidos; * Quebra dos materiais e * Controle de Inventário
EXPEDIÇÃO

* Realizada confirmação junto medicamentos * Escala, dimensionamento de


ao sistema; * Incapacitação da equipe pessoal e Plano de Contingência
* Posteriormente é realizada a * Falta de pessoal * Duplo check
entrega. * Riscos Ocupacionais * Comunicação entre os setores
* Comunicação entre as equipes * Registro seguro
* Atraso na dispensação
Fonte: Os autores.

Para que esse processo aconteça corretamente é realizado com base no consumo de cada
material um novo lote de compra que satisfaça a política de cada item, ou seja, se a política é
CADERNOS
de Pesquisa e Extensão manter 20 dias de estoque para todos os produtos, é verificado o consumo do mês anterior e
comprado um lote equivalente a 20 dias de consumo.
De acordo com o autor, definir a política correta de cada item é a questão mais difícil
40 do gerenciamento de estoque, pois não há base inicial de consumo, apenas especulações.

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Para manter o estoque sempre com disponibilidade e não haver faltas o planejamento utiliza o
controle de estoque puxado como podemos ver a seguir:

O controle avançado de puxar estoques significa que reconhecemos a impossibilidade de


determinar com exatidão a demanda e os prazos de entrega. [...] além do estoque regular,
mantido para suprir a demanda média dos prazos de entrega, uma quantidade extra é
adicionada ao estoque (estoque de segurança ou pulmão). (BALLOU, 2006, p. 286).

Esse estoque de segurança é utilizado no caso de algum imprevisto na disponibilidade


do produto pelo fornecedor, que em algumas situações atrasa a entrega dos pedidos, de
acordo com Ballou (2006, p. 286) “Existem dois métodos de controle de estoque representam
os fundamentos [...] de gestão de estoque puxado [...]. São eles, o método de ponto pedido
e o método de revisão periódica”. A política de cada item é definida de acordo com lead time
do fornecedor e o custo do produto, pois muitos fornecedores possuem um valor mínimo de
compra, obrigando a aumento do lote de compra, conforme processos apresentados na tabela 5:

Tabela 5: Tarefa do planejamento


TAREFA ETAPAS PERIGOS BARREIRAS
* Planejamento e controle * Incapacitação da equipe * Impossibilidade de acesso ao
contínuo dos níveis de * Falta de registro sistema (todas as atividades do
inventário, conforme a política * Extravio de documentos Planejamento são dependentes
da companhia; * Comunicação entre equipes das informações registradas
* Identificação e controle de * Riscos Ocupacionais no sistema ERP – WPD módulo
produtos críticos à operação * Incêndio Estos)
hospitalar; * Falha no recebimento
* Emissão da requisição de * Falta nas análises;
compra e acompanhamento * Vulnerabilidade no manuseio
da disponibilização dos das planilhas eletrônicas;
PLANEJAMENTO DE ESTOQUE

produtos geridos pelo setor * Divergência de Informações


de planejamento até o seu físico x sistema;
efetivo consumo nos setores * Impossibilidade de acesso a
hospitalares; rede, sistema, queda de link,
* Manutenção dos indicadores etc.
de performance do setor de
planejamento e controle de
suprimentos;
* Análise crítica dos indicadores
de performance;
* Atendimento às solicitações
não-padrão;
* Controle D.O.S.(Days of
Supply) e giro de inventário;
* Análise e controle de produtos
SEM movimentação últimos 6
meses; CADERNOS
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* Elaboração, monitoramento e
controle do plano de ação.
Fonte: Os autores.
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Conforme supracitado na tabela 5, as etapas são seguidas a fim de evitar a ruptura no


atendimento, todo o estoque é analisado e verificado periodicamente de acordo com os padrões
pré-estabelecidos pela gerência de planejamento de estoque.

Estoque de segurança. Uma parte do estoque médio é composta pelo estoque de


segurança, destinado a armazenar o impacto de incertezas. O princípio básico do estoque
de segurança é que uma parte do estoque médico deve ser destinada a cobrir variações
de curto prazo de demanda e de tempo de ressuprimento. (BALLOU, 2001 p. 229).

O autor expressa que o uso de um estoque de segurança é utilizado para garantir que
não falte material no caso de falha do fornecedor ao atrasar as entregas e até mesmo em uma
variação de demanda, consumo além do previsto.
Além da movimentação exposta há também ações que se referem à área dos materiais
consignados. Os materiais consignados são materiais descartáveis de procedimentos cirúrgicos,
o responsável pela área de consignados é um analista de suprimentos e um auxiliar, que realizam
o controle de entrada, saída e faturamento destes materiais.
A necessidade da consignação é analisada pela área técnica, médicos e diretores, depois
de verificada a necessidade o consignado realiza o contato com o setor de compras solicitando
a consignação dos materiais para os fornecedores já cadastrados. Se for um fornecedor que não
é cadastrado, ou seja, não possui acordo de valores e queira consignar produtos no hospital,
apresenta primeiramente à diretoria do hospital, onde são acordados valores e quantidade; caso
seja aceito o setor de compras é informado para realizar o cadastramento.
O recebimento de materiais é realizado por nota fiscal de natureza de operação remessa de
consignação, que são conferidos e lançados no sistema (WPD) como empréstimo (movimento),
etiquetados com etiqueta específica do consignado e guardados no endereçamento específico
(Na área do consignados). O material é dispensado por meio de solicitações em nome do
paciente, que são feitas pelo auxiliar administrativo de cada andar (controla o estoque do
andar). Visto que o material foi utilizado, é solicitado o seu faturamento e reposição; todos os
dias é enviada ao setor de compras uma listagem com a cotação dos produtos utilizados do
estoque consignado. O setor de compras é responsável por solicitar a reposição e a nota fiscal
de faturamento, mediante cotação enviada pelo consignado.
Materiais transitórios são os materiais que não estão na consignação, porém são solicitados
pelo setor consignado para uma cirurgia eletiva (pré-agendada).
O setor de autorizações solicita ao consignado via e-mail os materiais necessários para
cirurgia, informando o nome do paciente, médico, data e hora da cirurgia; estas informações são
repassadas para o setor de compra para que solicite o envio do material.
Caso o material seja utilizado o setor de consignados envia uma cotação ao setor de
compras solicitando o faturamento, se não for utilizado o fornecedor retira o material.
Para os materiais consignados, também, é realizado o inventário rotativo, que é realizado
conforme informado anteriormente, e o controle de validade é verificado mensalmente para os
CADERNOS
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materiais que estão vencendo. O fornecedor que consignou tem obrigação de trocar o material
sem nenhum custo para o hospital, cujas etapas estão na tabela 6:

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Tabela 6: Tarefa da área de consignados


ETAPAS PERIGOS BARREIRAS
* Realizado o controle dos materiais * Incapacitação da equipe * Protocolo de Registro Seguro
consignados por meio de reposição * Falta de registro * Treinamento e Capacitação
e faturamento de materiais * Extravio de documentos * Rota de Fuga
utilizados; * Comunicação entre equipes * Controle do SESMT
* Realizar cotações diárias de * Riscos Ocupacionais * Escala, dimensionamento de
reposição e de apenas faturamento; * Incêndio pessoal e Plano de Contingência
* Realizar recebimento de materiais * Falha no recebimento * Duplo Check
que são entregues como remessa de * Falta de pessoal * Conferência pelo vale
reposição de estoque consignado; * Falha na reposição e faturamento * Confirmação de entrega através
* Realizar recebimento de notas * Falha na etiquetagem do envio de pendências
que são apenas faturamento, * Falha na comunicação de * Relatório de reposição de
protocolar e encaminhar para o pendências de materiais consignados.
assistente administrativo realizar o * Falha na contagem
lançamento; * Atraso na entrega de matérias
* Realizar etiquetagem do material
com identificação do consignado;
* Realizar preenchimento da lista de
pendências de materiais do mapa
cirúrgico;
* Realizar transferência de materiais
para atender o mapa cirúrgico, um
dia antes da cirurgia;
* Realizar solicitação de materiais
não padrão para atender às cirurgias
eletivas (solicitado via setor de
compras);
* Recebimento de material por
meio de vale do fornecedor para os
procedimentos eletivos;
* Gerar saldo de materiais que
foram entregues por vale para o
setor que realizou o procedimento;
* Solicitação de cadastro e
desbloqueio de materiais;
* Realizar controle de lote e
validade dos materiais consignados;
* Realizar inventário dos materiais
consignados;
* Realizar devolução de sobra de
materiais aos fornecedores.
Fonte: Os autores.

Dessa forma, a pesquisa abordada tem como enfoque um estudo de caso a partir da
metodologia quantitativa por meio de uma análise minuciosa a respeito de planilhas, notasCADERNOSde Pesquisa e Extensão
fiscais, relatórios e outros. Após esta investigação, faz-se necessário, também, uma análise
qualitativa no que diz respeito à relação entre a teoria especializada e a prática que ocorre no
almoxarifado em questão. 43

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4 CONCLUSÃO

Atualmente na gestão de materiais as empresas estão exigindo redução de tempo, custos


e que acompanhe o tempo de vida dos materiais. Exige, também, que o profissional tenha uma
visão global e domine o mercado, tenha noções de economia para indicar o melhor tempo de
adquirir materiais. Com isso, podemos aumentar o lucro da empresa no que se refere a estoque
de materiais e manter o melhor controle deles, minimizando as perdas e falhas operacionais.
Sabemos que quando falamos de estoque estamos realizando investimento, pois temos
material disponível para manter a operação em funcionamento e a própria venda dos materiais
com captação de lucros. O modelo ideal de estoque é fazer com que ele gire o máximo possível, a
fim de não deixar capital parado; claro que é impossível o estoque zero quando falamos da área
hospitalar, que precisa manter seu estoque, ainda mais quando temos uma demanda instável
que exige atenção e cuidado, que são os pacientes que utilizam os materiais e medicamentos.
Este artigo apresentou o fluxo logístico do hospital “X” desde a entrada de materiais até o
seu consumo final, ou seja, recebimento, armazenagem, controle de estoque, planejamento de
materiais e expedição. Podem ocorrer rupturas no atendimento em qualquer uma das etapas se
não existir um processo “amarrado” e alinhado a fim de minimizar as falhas humanas como, por
exemplo, uma validação no final de cada processo realizado.

REFERÊNCIAS

BALLOU, R. H. Logística empresarial. São Paulo: Atlas, 2003.

BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: logística empresarial. 5. ed. Porto


Alegre: Bookman, 2006.

BALLOU, R. H. Logística empresarial: transportes, administração de materiais, distribuição


física. São Paulo: Atlas, 2010.

BOWERSOX, D. J.; CLOSS, D. J. Logística empresarial: o processo de integração da cadeia de


suprimento. São Paulo: Atlas, 2001.

CAMELO, M. G. Administração: a importância da gestão de materiais. [S.l.: s.n.], 2012.


Disponível em: <http://www.portaleducacao.com.br/educacao/busca/artigos/gestao-de-
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GASNIER, D. Gestão de materiais: a finalidade dos estoques. [S.l.: s.n.], 2014. Disponível em:
<http://www.portalpeg.eb.mil.br/artigos/materiais.pdf>. Acesso em: 17 mar. 2014.
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PEREIRA, B. J. C. A logística na administração de materiais. São Paulo: Universidade Nove de


Julho, 2012.
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YASUDA, A. M. Administração de materiais e logística. Anápolis: Anhanguera Educacional,


2011. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/producao-academica/
administracao-de-materiais-e-logistica/4179/>. Acesso em: 26 abr. 2014.

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