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UNVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO

GRADUAÇÃO EM LICENCIATURA PLENA EM HISTÓRIA

RELATÓRIO DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO DE HISTÓRIA

MARIA CRISTINA DOS SANTOS

RECIFE-PE

Março-2017
MARIA CRISTINA DOS SANTOS

RELATÓRIO DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO

Relatório de estágio apresentado ao Curso de


Licenciatura Plena em História como parte da
exigência da disciplina Prática de Ensino II-
Estágio Supervisionado de História, sob a
orientação da Prof. Lucas Victor.

RECIFE-PE

Março-2017
SUMÁRIO

1- Introdução........................................................................................ 4
2- A Escola.................................................................................................. 5

2.1- A Escola como campo de estágio.................................................... 5

2.2- Estrutura física da escola................................................................ 6

2.3- De seu funcionamento administrativo............................................. 8

2.4- Da escola, alunos, família dos alunos e comunidade..................... 10

3- Observação da prática docente na sala de aula............................... 12

3.1- Da formação do docente............................................................... 12

3.2- Interação entre professor e aluno na sala de aula....................... 13

3.3- Da autoridade do professor:(in) disciplina no espaço da sala de aula. 17.

4- O ensino de História na escola campo de estágio................................. 20

4.1- A História como disciplina.................................................................... .20

4.2- A História ensinada no ensino fundamental......................................... .23

5- Planejamento de ensino....................................................................... .27

5.1- Plano de ensino semestral............................................................... 27

5.2- Plano de aulas................................................................................ 30

6- A regência............................................................................................. 38

6.1- A turma........................................................................................... 38

6.2 - Relação estagiário-alunos............................................................. 39

6.3 - Seleção dos conteúdos ensinados................................................. 39

6.4- Do material didático........................................................................ 40

6.5- Minha experiência como regente................................................... 40

7- Projeto de intervenção........................................................................ 41

8- Considerações finais.......................................................................... 42

9- Referências Bibliográficas................................................................. 43

10- Anexos............................................................................................... 44
1- INTRODUÇÃO

O presente relatório tem como objetivo fazer uma analise reflexível do


meu estágio supervisionado a partir das experiências vividas na escola campo
de estágio, o mesmo foi realizado na Escola Dom Bosco, que fica situada na
estrada do Arraial, N° 3208, Casa Amarela, Recife-PE, a turma foi o 9° ano do
ensino fundamental II, e tendo como supervisor o professor de História Aurino
Bezerra. Durante meu estágio pude perceber o quanto esse primeiro contato
com a escola é importante para o futuro docente.

Salientando que a prática de ensino é entendida como uma prática


formadora processual, coletiva e interdisciplinar, que passa a exigir princípios,
organização, conteúdos e abordagens diferentes (SANTIAGO;, NETO, 2006, p.
29), do que as que circulavam pelas formações de professores no século XX.

É com base nesses princípios e através de minhas observações, que


mostrarei no texto, como a educação em nosso pais ainda é deficiente, escola
com problemas de infraestrutura, sem recursos didáticos de qualidades,
professores que ainda estão presos em uma pedagogia tradicional, etc.

Tentei dividir o trabalho, de uma maneira que pudesse ser abordado os


vários elementos que compõe a estrutura escolar como um todo: a escola
campo de estágio; a parte física, divisão do prédio e problemas na estrutura;
parte administrativa, quem são e o que fazem na administração da escola; o
corpo docente e seus diferentes olhares sobre a educação; os alunos suas
necessidades e desempenhos, como também a qualidade do ensino de
História em sala de aula e como abordar essa disciplina sem torna-la uma parte
chata do currículo escolar. Por fim tentarei mostrar de forma sucinta os
problemas encontrados dentro e fora da sala de aula e as possíveis soluções,
para uma educação de qualidade.
2- A ESCOLA

2.1- A escola como campo de estágio.

Conforme o Projeto Político Pedagógico da escola Dom Bosco, seu


funcionamento se iniciado em 01 de Abril de 1967, com código do MEC
26.126.125 e pelo DECRETO LEI- 1341- D.O. 02/12/1966, a mesma está
localizada no bairro de Casa amarela, precisamente na parte mais nobre do
bairro, porém seu alunado é formado pela classe mais pobre vinda das
váarias comunidades adjacentes.

Ainda de acordo com o PPP, a filosofia da escola tem como princípio a


integração do aluno no contexto social, zelando pela sua participação e
permanência na escola, garantindo a todos o acesso ao saber sistematizado,
proporcionando igualdade de condições para o exercício da cidadania
promovendo um convívio social baseado na solidariedade, fraternidade e na
humanização do individuo, interagindo com a família e a comunidade, sempre
procurando conhecer as necessidades de seus alunos.

Como pude perceber a escola adota uma pedagogia renovada, que é


marcada pela concepção humanista moderna, a qual passa a valorizar o
desenvolvimento pleno do individuo, partindo dos interesses e experiência dos
alunos (HONÓRIO, p. 38), porém ela é considerada uma teoria não crítica, pois
não avalia as características do contexto social mais amplo, do qual a escola
faz parte (Honório, p. 38).

Historicamente o insucesso escolar é motivo de


reflexões e discussões por parte dos educadores,
principalmente, no tocante às inter-relações que se
estabelecem entre escola como instituição e seu contexto
sócio-politico-econôomico.1

Pude perceber no campo de estágio ao qual estou inserida como futura


docente, como essas reflexões tem sentido, sabemos bem que no atual
contexto escolar, não há homogeneidade entre os discentes, os alunos vem
culturalmente falando de espaços diversificados, porém ao chegarem na

11
HONÓORIO, Teresa Christina T.S. A função social da escola: entre o consenso e o conflito. p. 37-45
escola, lhe são impostas culturas de um grupo dominante, talvez por isso que
hoje vemos um fracasso escolar..

Nas minhas observações pude perceber que alguns professores da


escola Dom Bosco ainda estão muito presos a uma pedagogia que não levam
em consideração o contexto social ao qual o aluno está inserido, outros ainda,
adotam o ensino tradicional, aquele que se perdeu teoricamente no século XX.
Essa postura existente nas escolas, nos levam a refletir, que professores estão
sendo formado hoje, e qual a verdadeira função desse profissional.

Hoje a literatura faz circular denominações como: professor critico,


professor critico reflexívoel, professor intelectual, professor intelectual
transformador, professor pesquisador .(SANTIAGO, 2006, p.113). Mmas qual
seria a melhor denominação e a melhor postura de um docente diante dos
questionamentos e das necessidades da escola e dos alunos?.

Segundo Santiago esse professor tem que ter uma atitude critica, pois
a criticidade é uma capacidade inerente à pessoas e um atributo indispensável
ao professor (SANTIAGO, 2006, p. 116), isso articulado a noção de como seus
alunos aprende a pensar e a desenvolver suas capacidades intelectuais, porém
levando em conta as características individuas de cada um, perceber qual a
relação dele com o saber, conhecer o modo de vida que eles levam, no seu
grupo de convívio, na sua cidade, levando sempre em conta as característica
do contexto em que os alunos vivem. Podemos assim então construir uma
escola futurista de qualidade.

2.2 Estrutura física da Escola

A Escola Dom Bosco está localizada na estrada do Arraial, 3208 na


comunidade de Casa Amarela, o prédio da Unidade Educacional
aparentemente está bem conservado, sua estrutura é dividida em dois
pavimentos, um inferior e outro superior, neste ultimo podemos ter acesso tanto
pela escada como pela rampa. No interior da Escola encontramos uma divisão
estrutural bem definida, porém alguns setores ou estão inativos ou são poucos
utilizados.
A instituição tem um Laboratório de informática para os estudantes (
LIE), o mesmo se encontra fechado, comporta em seu interior vários materiais
que pertencem a própria escola. O Laboratório de Química/Biologia e o
Laboratório de Física/Matemática poucos são usados pelos alunos, às vezes
que percebi que estavam ativos, era por que os pibidianos que lá atuam,
estavam fazendo experimentos ou analisando materiais que fazem parte de
suas intervenções.

O Teatro é muito amplo, um lugar que pode ser usado com mais
frequência, precisa de uma boa reforma as janelas estão quebradas e não há
ventiladores, isso torna o local bastante quente. A biblioteca também precisa
ser reorganizada, há uma necessidade de novos livros de literaturas e de
limpeza no ambiente, conforme a professora Ana Dornellaes (Português) já
existe um projeto para melhorar o espaço.

A escola também tem uma Central de Tecnologia Educacional, e um


Núcleo de Línguas – Inglês e Espanhol que está aberto tanto para os alunos
como para a comunidade. Quatorze são as salas de aulas, as mesmas estão
em péssimas condições, cada uma tem três ventiladores que foram instalados
a menos de um ano, porém em muitas dessas salas só está funcionando um,
outro problema e que muitas delas não tem portas, isso interfere no ambiente
pois muitas vezes o barulho que os alunos fazem nos corredores é
extremamente inconveniente.

A Cozinha é pequena, fica na parte inferior do prédio, próximo a


quadra de esporte. Já secretaria é ampla e arejada, bem organizada, não tive
dificuldade em coletar dados nesse espaço. Houve também lugares que não
pude ter acesso por estarem interditados, como, o almoxarifado, a sala da
Banda Marcial e o arquivo.

A sala dos professores, da Coordenação e da Direção Escolar, estão


em bom estado, além da organização e da limpeza são os únicos lugares que
possuem ar-condicionado. Na parte externa temos uma quadra Poliesportiva
onde os alunos praticam educação física, a mesma também serve para
promover alguns eventos da escola, ao seu lado temos uma quadra de Futebol
de areia (inativa) e do outro fica um estacionamento, que é bastante pequeno.
Outro problema que percebi, são os banheiros, que apesar de estarem
em local acessível aos alunos, estão em péssimas condições, nos femininos as
portas não fecham e sempre esta faltando água nas descargas, isso dificulta
muito para a higienização do local, nas pias encontramos água, porém as
torneiras estão sempre vasando. No banheiro masculino não tive acesso, mas
segundo os alunos as condições são idênticas as do feminino. Os bebedouros
também estão em locais acessíveis, porém muitas vezes não tem água, e
quando tem, num deles existe um vazamento que deixa o corredor sempre
alagado, correndo o risco de acontecer algum acidente com alguém.

A escola também sofre com infiltrações e com problemas na parte


elétrica de suas dependências, conforme o Gestor estão sendo tomadas
providencias cabíveis para a melhoria da instituição.

2.3 De seu funcionamento administrativo

HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO
Turno – Manhã 7:30h às 12:00h
Turno – Tarde 13:30h às 18:00h
Turno - Noite 18:40h às 22:00h

Modalidade de Ensino oferecida a Comunidade

Ensino Fundamental - (7° ao 9º ano)

Ensino Médio – 1º ao 3º ano


Projeto Travessia/ EJA

Distribuídos em:

TURNO 7° 8° 9° 1° 2° 3° Travessia EJA


MANHÃ 1 2 2 3 4 2 0 0
TARDE 1 1 2 5 3 2 0 0
NOITE 0 0 0 3 3 3 3 1
TOTAL 2 3 4 11 10 7 3 1

É oferecida a nossos alunos cinco aulas diárias de cinquenta minutos


nos turnos manhã e tarde e no final da 3ª aula é oferecido um intervalo de vinte
minutos (20minutos) destinado à merenda escolar, no turno da noite são
ministradas cinco aulas de quarenta e cinco minutos sem intervalo.
A administração da escola é formada por um Gestor na pessoa do Sr.
Joel de Carvalho Filho, conforme o PPP o mesmo tem o direito e o dever de
zelar pela integridade pedagógica, moral e física da escola, e de todos os
educandos devidamente matriculados, educadores e funcionários que
trabalham na escola, assim como prestar conta a comunidade e ao Conselho
Escolar de toda e quaisquer verba oriunda da Secretária de Educação, MEC ou
outro Convênio, como também saber administrar os recursos priorizando as
necessidades da escola e prestar conta em tempo estabelecido pela Secretaria
de Educação e Departamento Financeiro. A Escola também possui um adjunto
o Sr. José Maria, a ele cabe as mesmas obrigações, principalmente se o
Gestor estiver ausente.
A secretaária tem quatro funcionários, um secretário e dois atendentes
todos efetivos, e um estagiário, eles são responsáveis sobre a orientação do
secretario de emitirem aos alunos, aqueles que terminaram o ensino ou
aqueles que foram transferidos, seus respectivos documentos, seja eles
transferência provisória ou definitiva, declaração de conclusão do ensino
fundamental ou médio. Cabe ao secretário organizar e arquivar por ordem
alfabética e série toda a documentação dos alunos, verificando se estão
devidamente regularizadas e completas, deve também divulgar as listagens
dos alunos aprovados, reprovados, desistentes ou transferidos, como também
divulgar verbal e por escrito todo e qualquer assunto referente a projetos,
programas ou avaliação que venha beneficiar o aluno.
A escola ainda conta com uma coordenadora, que tem o dever de no
espaço escolar interagir com os envolvidos no processo ensino-aprendizagem,
mantendo as relações interpessoais de forma saudável, valorizando o trabalho
do professor e o seu, desenvolvendo habilidades para lidar com as diferenças
com o objetivo de ajudar efetivamente na construção de uma educação de
qualidade social nos vários setores da escola.
Em relação aos professores são num total de 51, distribuídos pelos
três turnos, sendo 23 pela manhã, 14 à tarde e 14 à noite, todos os
professores têm graduação em suas respectivas disciplinas.
Bimestralmente os professores, coordenadores, e gestores da escola
se reúnem em conselho de classe, com o intuito de discutirem a aprendizagem,
o comportamento e a evasão de cada aluno tendo como objetivo único avaliar
o aluno em seus aspectos psico-pedagógicos, e procurar chegar a um
consenso. É de responsabilidade também do professor avaliar o aluno em no
mínimo três oportunidades de aprendizagem como trabalho, pesquisas,
trabalhos em grupo, apresentação de seminários, tarefas realizadas em sala de
aula, realizações de projetos planejados pelo professor etc.
Ao professor cabe também documentar no Sistema de informações da
educação de Pernambuco (SIEPE) todas as ações relacionadas com os
alunos, como notas, frequência, etc. Como também fornecer para o gestor e
equipe técnica toda e qualquer especulação da vida escolar de cada aluno,
mantendo em dia sua frequência, notas, planejamento e outras anotações.
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As merendeiras, vigilantes e profissionais de limpezas pertencem a


uma empresa terceirizada. O cardápio da escola é elaborado e produzido na
própria escola sempre supervisionado por um profissional da área, é servido
aos alunos um cardápio variado por semana, frutas, cuscuz, macarrão,
sanduiche, entre outros. Apesar da diversificação dos alimentos, percebemos
que essa não é uma boa dieta, já que os alunos em sua maioria estão em fase
de crescimento.

2.4 Da escola, alunos, família dos alunos e comunidade.

A Escola Dom Bosco comporta atualmente 1480 alunos devidamente


matriculados, e sua distribuição por turnos está apresentada no quadro abaixo:

TURNO Ensino Fundamental Ensino Projeto Travessia EJA


Medio
MANHÃ 227 393 0 0

TARDE 163 313 0 0

NOITE 0 223 111 50


TOTAL 390 929 111 50

Conforme norma da escola o aluno deverá obedecer ao horário de


entrada, com tolerância de quinze minutos para assistir a primeira aula, para
assistir a 2ª aula o aluno deverá entrar até 8/h, no turno da manhã e 14/h, no
turno da tarde. É obrigatório que o estudante venha decentemente vestido com
o fardamento conforme o acordo pré-estabelecido. Os alunos que estão
matriculados à noite deverão obedecer às mesmas normas estabelecidas.
O aluno tem o direito de saber durante o ano letivo como está o
desempenho de sua aprendizagem, assim como concursos, projetos e
programas de seu interesse, de receber por empréstimo os livros didáticos, se
comprometendo devolve-los no final do ano letivo.
A Escola mantem um relacionamento com a família dos alunos através
de reuniões realizadas ao termino de cada unidade, buscando sempre informar
o desempenho escolar do mesmo, assim como o comportamento dele dentro
da instituição.

No PPP da escola ainda tem um item com procedimentos em relação ao


comportamento dos alunos, o texto diz que a escola tem o direito e o dever de
conscientizar os professores, alunos e comunidade sobre o conceito de
“bullyng”, e fazer cumprir a Lei 13995/09. Essa conscientização se faz
necessária, para que aja medidas preventivas contra atos de violência física
ou psicológica de modo intencional e repetitivo, exercido por indivíduos ou
grupos de indivíduos, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de
constranger, intimidar, agredir, causar dor, angustia ou humilhação à vítima
(Art. 2º) da Lei 13995 de 22/12/2009. Porem pelo que pude perceber não
existia nenhuma politicas ou eventos que conscientizasse os alunos dessa lei.

A parceria com a comunidade esta sempre presente nos projetos e


programas oferecido pela Escola, são eles: feiras de conhecimentos, onde os
alunos podem mostra habilidades construídas na sala de aula, nos cursos de
idiomas, oferecido tanto para os alunos e funcionários da instituição, como para
as pessoas da própria comunidade, do programa escola aberta onde existe um
trabalho com a comunidade para diminuir a violência e aumentar a inclusão
social.
Apesar das dificuldades existentes na educação, podemos dizer que a
Escola Dom Bosco vem tentando fazer o melhor para estabelecer uma relação
de parceria com os alunos, suas famílias e a comunidade, buscando sempre
melhores soluções para os problemas existente no contexto social, politico e
econômico da comunidade.

3-OBSERVAÇÃO DA PRATICA DOCENTE NA SALA DE AULA

3.1 Da Formação do docente.

Aurino Bezerra Ferreira é o professor (História) que acompanhei na


Escola Dom Bosco no período do meu estágio supervisionado, o mesmo é
formado em Licenciatura Plena em História pela Universidade Federal Rural de
Pernambuco, no ano de 2002, para ele, o nível do curso naquele período
(1997-2002) era muito bom. Iniciou sua vida profissional na Escola pública Dom
Bosco em 2005, da qual hoje, ainda faz parte do quadro funcional. O professor
Aurino me informou que em princípio queria fazer direito ou letras, porém
acabou optando por História, e que não teve influência de ninguém para seguir
essa profissão. O professor me relata que veio de uma família humilde, e que,
tanto os seus pais quanto os irmãos só fizeram até o ensino médio

Na escola, além da disciplina de História, o professor ainda leciona,


Geografia, Sociologia, Filosofia, Artes e História da cultura pernambucana,
mesmo tendo tantas funções educacionais o mesmo afirma que não se
arrepende da escolha que fez, só acha que a profissão de docente deveria ser
mais valorizada, já que ser professor vai muito além da transmissão de
conhecimento, conforme o mesmo, “o professor é agente responsável de
conscientizar os alunos para serem pessoas criticas e conhecedoras dos seu
direitos e deveres como cidadão”.

O professor reclama das condições precárias das salas, faltam


janelas, ventiladores, portas, lixeiras, recursos financeiros para a escola,
indisciplina dos alunos, alunos com problemas familiares que refletem no
rendimento escolar, irresponsabilidade de alguns gestores etc. Os meninos
muitas vezes chegam cedo para poder sentar num lugar na sala, que fique
perto dos ventiladores, fora as condições dos banheiros e bebedores. Outro
problema que o professor citou na intervista foi a falta de um sindicato que
representasse somente os professores. Apesar das dificuldades e da
desvalorização da profissão, o professor, Aurino me fala que quer permanecer
na docência, porém desejaria conciliar com outras atividades, como
empreendedor talvez.

3.2 Interação entre professor e aluno (a) em sala de aula.

Nesta parte do relatório irei relatar minhas observações sobre a relação


professor e aluno(a) dentro da sala de aula. No período do meu estágio
supervisionado pude perceber que o professor tem um bom relacionamento
com os alunos, quando passávamos pelos corredores da escola, tinha sempre
um ou outro que paravam pra lhe cumprimentar , ou até mesmo para falar
sobre assunto relacionado com a disciplina a qual ele rege.

Sempre que chegava a sala de aula o professor saudava os alunos


com um bom dia, alguns até respondiam, outros devido as conversas, nem se
quer escutavam o cumprimento do professor. O mesmo levava cerca de 10
minutos tentando acalmar os ânimos de alguns alunos e mais 5 minutos para
acordar outros, para só então começar a aula.

Comecei minha observação junto ao professor na turma do 7°ano do


ensino fundamental, a sala tem 48 alunos com idade entre 12 a 17 anos.
Percebi que alguns meninos estão fora da faixa etária adequada a turma, e
perguntei ao professor se isso não interferia no comportamento da sala,
conforme sua resposta o mesmo diz que sim, que alguns deles vem repetindo
de ano, e que os motivos são vários, vai da falta de interesse pelos estudos até
problemas familiares. Conforme o professor não existe nem o projeto travessia
nem o EJA pela manhã, e não podemos transferir esses meninos para o turno
da noite devido os pais não aceitarem por causa da violência que cerca as
comunidades em torno da escola, temos que deixa-lo aqui mesmo.

Voltando a nossa observação, depois de organizar a turma o professor


pergunta se eles lembram do assunto anterior, alguns respondem que sim,
outros dizem não, e outros nem se quer respondem, então o professor faz uma
pequena revisão do assunto anterior. Como já dito no capitulo anterior, não
existem muitos recursos didático disponíveis para serem utilizados nas aulas,
isso faz com que o professor muitas vezes se utilize de aulas expositivas. Outro
problema observado por mim, é que não tem livros didáticos suficientes para os
alunos, principalmente para os do ensino fundamental.

Sabemos que o livro didático é um dos principais veiculadores de


conhecimento sistematizado, o produto cultural de maior divulgação entre os
brasileiros com acesso a educação escolar básica na rede publica de ensino
(FONSECA, 2015, pP.91). Perguntei ao professor como ele administra essa
falta de livros? Ele me responde que sempre faz as atividades na sala de aula
e sempre em dupla. Já que levar o livro pra casa esta fora de cogitação, isso
faria com que alguns alunos se beneficiassem e outros não.

Percebi também que isso não acontece com todas as turmas, outro dia
de minha observação, acompanhei o professor numa turma do 3° ano do
ensino médio, e pude perceber que todos os alunos tinham o livro didático,
indaguei o porquê daquilo esta ocorrendo, ele me disse que a gestão anterior
não solicitou livros suficiente para algumas turmas.(no período de minha
observação o gestor Joel tinha menos de 3 meses na escola), mas também por
que a Escola esta para ser uma Escola de Referencia no Ensino Médio (Erem),
não tendo mais a oferecer o ensino fundamental a comunidade.

Voltando mais uma vez as minhas observações, e sabendo que a


relação professor-aluno é, de toda evidencia um elemento central da relação
pedagógica que constitui a instituição escolar (BATISTA NETO, 2006, p. 166),
procuro adentrar no espaço da sala de aula, e acompanhar esse elemento (a
relação professor-aluno), que com certeza, é um eixo fundamental para a
construção do conhecimento.

À medida que o assunto é exposto para os alunos, o professor começa


a incentiva-los a questionar o tema, buscando sempre a produção do debate,
percebo nesta hora que muitos alunos não estão nem um pouco interessado
em participar, alguns até estão escutando múusica do celular, só retirando o
fone de ouvido quando o professor ameaça entregar o celular ao gestor. Mais
por que isso acontece?

Em uma entrevista que fiz a um aluno, perguntei a ele por que ele
falava que a aula do professor era chata, ele me respondeu que não gostava
do vídeo de bonecos que ele utilizava, então fiz outra pergunta. Como ele
gostaria que fosse a aula? Ele respondeu que só estuda porque a mãe
obrigava-o a ir pra escola, pra ele a aula pode ser de qualquer maneira que não
faz diferença.

Não é fácil você escutar isso de um aluno, muitas vezes ficamos sem
chão, querendo procurar respostas para esse descontentamento, e muitas
vezes não achamos, ou fingimos que não achamos. Podemos perceber neste
momento que a criança ou o adolescente não se sente parte daquele espaço,
esses meninos estão distante da sala de aula, não se sentem integrantes
dessa socialização. Commented [LS1]: É triste mesmo

Esses meninos não participam da aula, e aqueles que participam o


fazem mais por obrigação, ou para mostrar que sabem mais do que os outros,
ou até mesmo para agradar o professor, eles não se sentem membros dessa
interação dentro da sala de aula.

Sabemos bem, que a participação do aluno na sala de aula é de


suma importância na construção do conhecimento, tanto os professores quanto
os alunos devem ser sabedores de para que, e do por que dessa importância.
O professor tem o papel de instigar constantemente o desejo no aluno pelas
praticas participativas, o aluno tem que se sentir sabedor das implicações que
essa participação vai contribuir para sua vida, tanto na vida educacional, social
e familiar. Essa prática vai ajuda-lo a construir o conhecimento e construir sua
própria cidadania.

Mais como se daria essa participação? Pude perceber que o professor


que acompanhei, estava muito preso ao livro didático, suas atividades
realizadas na sala de aula eram do próprio livro. No período de minha
observação não presenciei nenhuma atividade, que teria sido construída de
uma maneira que o cotidiano do aluno fosse inserido ou abordado, que tivesse
a participação desses alunos no processo de construção dessas atividades.
Isso me fez lembrar de um tempo não tão distante, onde a escola era vista
como:

Lugar de transmissão de conhecimento erudito, tinha na figura do


professor entendido como o detentor do conhecimento, o centro do
processo educativo. A ele caberia ensinar os mesmos conteúdos
indistintamente a todos que supõe que os alunos pudessem aprende-
los num mesmo momento da mesma forma.2 Commented [LS2]: Porque usar nota de rodapé se vc usa o
sistema autor data em todo o trabalho?

Tal pensamento começa a ser desconstruído a partir das novas


pedagogias conhecidas como renovadas, ideias difundidas pelos teóricos da
escola Nova e da não- diretividade, os primeiros a criticar as práaticas
pedagógicas sobre uma base de homogeneidade, por conseguinte são aqueles
que lançaram as bases daquilo que nós chamamos de diversidade (NETO,
2006, p.169). Esses teóricos tinham como ponto inicial o ensino humanista de
promover a cultura como desenvolvimento das aptidões individuais, enfim da
educação como um processo que emerge dos interesses individuais à
adaptação ao meio social (NETO, 2006, p.170).

Trazendo essas teorias para a escola observada por mim, podemos


perceber que os métodos utilizados pelo professor, ainda tem algumas
características do ensino tradicional, não se tem a preocupação de

Buscar considerar o ambiente imediato do aluno da escola, enfim do


meio em que vive o aluno, de se levar em conta o conhecimento das
características do grupo de alunos envolvidos na aprendizagem e de
se procurar dar atenção à tematica com temporânea, pertinente a
vida dos educandos.3

Segundo João Batista Neto (2006), na práatica isso levaria a busca da


inter-relação entre as atividades escolares e as necessidades e interesse dos
educandos e das comunidades. Mas para que isso tudo seja efetivado na sala

2
NETO, José Batista. A relação professor-aluno na perspectiva da diversidade: dimensão didático-
metodológica. In: NETO, J.B.; SANTIAGO, E (Org.). Formação de professores e prática pedagógica. Recife:
Massangana, 2006. p. 169
3
NETO, José Batista. A relação professor-aluno na perspectiva da diversidade: dimensão didático-
metodológica. In: NETO, J.B.; SANTIAGO, E (Org.). Formação de professores e prática pedagógica. Recife:
Massangana, 2006. p. 170
de aula o professor tem que fazer com que aja uma compreensão rigorosa do
mundo por meio da pesquisa, do debate e do estudo de situações problema.

Portanto para que aja um resultado satisfatório, além da participação


ativa do aluno e da diversidade das atividades onde seu cotidiano seja inserido,
o professor tem que manter a harmonia dentro da sala de aula, deve existir um
certo respeito entre os envolvidos no processo de construção do ensino e
aprendizagem. Ao professor cabe utilizar do poder e da autoridade que lhe foi
instituído para que essa disciplina seja garantida, contribuindo assim para a
segurança de todos. Lembrando que essa disciplina não pode ser pela feita
através da violência.

3-3 Da autoridade do professor: (in) disciplina no espaço da sala de aula.

O que é autoridade? Segundo Arendt (1972/2001) citado por Novais


(2004, p. 17) autoridade é tudo que faz com que as pessoas obedeçam. Assim
na instituição escolar, uma pessoa, investida da função de professor, adquire o
poder de determinar as ações dos alunos (NOVAIS, 2004, p. 17) entendemos
neste sentido que existe um poder assimétrico entre os envolvidos no processo
de aprendizagem, onde a figura do docente tem autoridade sobre a figura do
aluno. Essa autoridade advém do papel social do professor e também do
domínio que este possui do conteúdo com o qual está trabalhando.

Segundo Elaine Novais (2004, p.19), a autoridade pode ser exercida


de duas formas: pelo domínio ou pelo poder institucionalizado, como ocorre na
instituição escolar, ou pelo prestígio daquele que demonstra possuir
competência em determinado assunto. Neste sentido podemos perceber que
existem dois tipos de autoridade. A autoridade (autoritária) que usa de violência
para obter obediência, ou a autoridade por competência onde os seus
subalternos tem admiração pela sua capacidade e habilidade.

Conforme sabemos a instituição escolar é revestida de normas e


regras que devem ser seguida pelos seus alunos, visando a disciplina no
espaço educacional, e cabe ao professor exercer o poder ao qual lhe foi
atribuído, para que as regras sejam cumpridas.
Em minhas observações pude perceber que o professor o qual
acompanhei no meu estágio, não se enquadrava na categoria de docente
autoritário, nem liberal, acho que ele é um meio termo, dependendo da turma
que ele estivesse, poderia utilizar de uma autoridade ou de outra. Percebi certa
vez que, na turma em que estávamos, um aluno escutava musica do celular,
através do fone de ouvido, então o professor pediu para que ele guardasse, ele
continuou escutando, o professor então tomou o aparelho dele e disse que só
entregava no final da aula, o aluno resmungou um pouco, mas no final terminou
aceitando a atitude do docente.

Portanto já houve caso, em que o professor teve que colocar o aluno


pra fora da sala, pois o mesmo não parava de conversar na sala, a conversa
era tão alta que ele chegava a gritar. Certa vez perguntei a uns alunos sobre a
autoridade do professor na sala de aula, e as respostas que tive foram as
seguintes:

- O professor é limpeza, ele ameaça, ameaça, mas no fim não faz nada .(aluno
do 1° do ensino médio).

- Nem ligo pra o que ele diz, gosto dele, só não gosto de Historia acho uma
disciplina chata, e ele não pode me obrigar a nada ( aluna da 8° serie do ensino
fundamental).

- O professor até que se impõem, alguns alunos até entende e aceitam suas
reclamações, mais outros não estão nem ai tiram onda mesmo na sala e pronto
( aluno do 2° ano do ensino médio).

O que pude perceber é que não existe um acordo ou contrato entre o


professor e o aluno para manter um nível de disciplina na sala. Senti falta de
uma democracia entre as parte envolvidas, uma boa parte dos alunos não
respeitam o professor, e a outra parte é indiferente a sua autoridade.

Como falei anteriormente o professor poderia usar um contrato com os


alunos, estipulando normas e regras, esse contrato seria construído conforme
as necessidades tanto do professor como dos alunos, no regime de
democracia, portanto a autoridade do professor deve visar, amparar e apoiar os
discente, para que eles se tornem capazes de controlar eles mesmos suas
atividades e vontades, se tornando adultos independentes.

Tive a oportunidade de acompanhar professores de outras disciplinas


no período do meu estágio supervisionado, e tive a oportunidade de reviver
alguns assuntos que dei no meu tempo de ensino básico. Minha primeira
observação foi com o professor de matemática, onde pude percebem perceber
que o mesmo tem um bom relacionamento com os alunos dentro da sala de
aula. No período de minha observação percebi que ele não usava o livro
didático, mas um outro livro, bastante pequeno, perguntei o porque? Então ele
me respondeu que seguia os conteúdos curriculares, porém os exemplos e as
atividades ele utilizava daquele outro livro.

Perguntei aos alunos o que eles achavam do professor, eles me


responderam que gostavam muito do jeito que o professor ensinava, que
daquele jeito era mais fácil aprender matemática. Outra coisa que percebi, é
que nas resoluções dos problemas ele sempre articulava com algum aluno,
como, o mesmo correndo, ou comprando algo e etc. Desse jeito ele fazia com
que os alunos participassem da aula. Em relação à indisciplina dos alunos, ele
me respondeu que alguns não querem nada com a vida, mais a maioria tem
interesse de aprender, e que nunca teve problemas sérios com eles, nos
tratamos sempre com respeito.

No caso do professor de matemática não existe um contrato firmado, Commented [LS3]: Como não existe? A autoridade liberal é
fundada em um contrato meritocrático.
mas podemos perceber que ele usa sua autoridade liberal e consegue controlar
os ânimos dos meninos na sala de aula.

Outra observação que fiz foi com o um professor de Português, esse


se utiliza de sua autoridade (autoritária) para disciplinar seus alunos. Assim que
entro na sala, percebo uma organização nas carteiras, todas enfileiradas
corretamente, todos os alunos estavam com seus livros aberto na pagina que
ele indicou. Em cima da mesa tinha uma campainha, que ao menor sinal de
barulho era acionada, e o mais incrível era que os meninos estavam
completamente calados, parecendo estatuas.
Os alunos não participavam das aulas o professor ficava de pé diante
deles lendo os poemas do livro, e os alunos só faziam acompanha-lo. Bem,
conforme minha entrevista, o professor adotou um modelo de disciplina
chamado “ficha limpa”, onde tudo que os meninos fizessem iria para aquela
ficha, então o aluno que sujasse a ficha uma única vez, só entraria na aula dele
com o responsável, não importando se a indisciplina fosse grave ou não.

Conversando com os alunos, perguntei o que eles achavam do modo


como o professor conduzia a aula, e a resposta foi unanime, eles disseram que
detestavam a aula dele, que ele não deixava nem eles respirarem.
Conversando com o professor sobre seu modo de ensinar, ele me respondeu,
esses meninos tem que ser tratados assim, alguém tem que ensina-los a ter
disciplina. Mas não sou tão autoritário assim, se tiver a ficha limpa, e precisar
de ponto pra passar eu dou.

Essas características nos levam aos ensinos que eram ministrados na


educação religiosa ou na militar, onde a obediência era fundamental, e onde os
alunos ao obedecerem, não o fazem por acreditar na autoridade docente, mas
sim porque são obrigados, não têm escolha, ou seja, obedecem, mas não
respeitam (Novais, 2004, p. 21). Assim, o professor autoritário deixa claro ao
aluno que, se não fizer o que é mandado sofrerá sanções.

Para finalizar essa parte, percebo a variedades de formas de


autoridade encontrada na escola, é preciso que alguns professores revisem a
autoridade exercida na sala de aula, por que dela, depende a boa convivência
dos elementos envolvidos na construção do ensino.

4- O ENSINO DE HISTÓRIA NA ESCOLA- CAMPO DE ESTÁGIO

4.1 A História como disciplina:

Foi só no século XIX que a História passou a ser tida como ciência, e se Formatted: Space Before: 0 pt

torna disciplina escolar. Desde então, localizamos debates sobre diferentes


maneiras de interpretar, escrever e ensinar a História. Concepções
historiográficas foram construídas, desconstruídas revistas e atualizadas
(FONSECA, 2012, p.42). Podemos assim entender que:

Os conceitos, as teorias e os conhecimentos não são verdades


prontas, acabadas, eternas, estáticas, absolutas, imutáveis e
incontestáveis. O conhecimento histórico é temporal, parcial, limitado.
Não está pronto e acabado. Mas em construção em movimento. É um
conhecimento aberto a múltiplas leituras e interpretações. 4

A História passou por muitas mudanças ao longo do tempo. Ela saiu da


Historia dita tradicional ou positivista, que teve no século XIX um domínio
completo no ensino de Historia, para a Nova Historia que nasceu no século XX.
Essa História dita tradicional ou positivista. Segundo Selva Guimarães

[...]Privilegiava como fontes os documentos escritos, oficiais e não


oficiais (leis, livros), e também os sítios arqueológicos, as edificações
e os objetos de coleções e museus, como moedas e selos. O sujeito
da Historia tradicional era as grandes personalidades politicas,
religiosas e militares: reis, lideres religiosos, generais, grandes
proprietários. Eram atores individuais, heróis que geralmente
apareciam como construtores da Historia.5

Essa Historia era tida como uma verdade absoluta inquestionável. Só


a partir do século XX a historia tradicional começa a ser criticada e
questionada, posições foram abandonadas e outra incorporadas, com isso
houve uma mudança na forma de pesquisar e estudar a História. Foi também
no século XX que a Historia começou a dialogar com outras disciplinas:
Antropologia, Sociologia, Psicologia, Geografia etc. começando assim um
movimento interdisciplinar que foi crescente até os dias de hoje (FONSECA,
2012, p.44).

Isso se deu a partir de mudança de concepção de documentos,


histórias e pesquisas ,(FONSECA,2012,p.44), trazido pela Escola dos Annales.
Como fica explicito no texto a baixo:
4
FONSECA, Selva Guimarães. Didática e Prático de Ensino de História: Experiências, reflexões e
aprendizados. 13°edição revisada e ampliada. Campinas-SP. Papirus, 2012. p. 42-43

5
FONSECA, Selva Guimarães. Didática e Prático de Ensino de História: Experiências, reflexões e
aprendizados. 13°edição revisada e ampliada. Campinas-SP. Papirus, 2012. p. 43-44
Assim, houve no século XX uma ampliação do conceito de fontes de
estudo e pesquisa. Passaram a ser consideradas fontes históricas
todas as manifestações e evidências das experiências humanas,
como as fontes escritas, orais (entrevistas, depoimentos, narrativas),
audiovisuais (fotografias, discos, filmes, programas de televisão)
obras de artes, como pinturas e esculturas, objetos e materiais
diversos.6

Houve uma grande mudança na forma de se fazer e ensinar historia,


agora não existiam só alguns sujeitos. A Historia não era feita com atores
individuais, mas por movimentos sociais pela classe trabalhadora, pelos
militantes (GUIMARÃES, 2012, p.45). Na Historia nova também foi inserido o
cotidiano dos indivíduos, abordavam-se festas, famílias e etc.

No Brasil, durante a ditadura militar de 1964, o ensino de historia teve


grandes interferências em vários segmentos, um deles foi que, a disciplina
História e Geografia do ensino fundamental, foram substituída pela disciplina
de Estudos Sociais, nesse período o professor de história teria que dar aula de
geografia mesmo sem saber. O importante era privilegiar o conteúdo voltado
para a formação moral e cívica e o ajustamento ideológico dos jovens aos
objetivos e interesses do Estado (FONSECA, 2012, p.145)

Durante muito tempo, a História ensinada nas Escolas, tinha como


fundamento teórico a historiografia tradicional positivista, europocêntrica e
linear (FONSECA, 2012,p.145). Tinha na base do seu currículo marcos / fatos
da politica institucional numa sequência cronológica casual (FONSECA, 2012,
p. 145). Estudava-se a Idade Antiga, Média, Moderna e Contemporânea,
enfatizando a evolução das sociedades agrárias rumo ao mundo industrial e
tecnológico, sinônimo de paz e equilíbrio mundial (FONSECA, 2012, p.145).
Com isso podemos dizer que:

As noções de Historia do Brasil, nesse conjunto, privilegiavam mitos


nacionais sobre a formação da sociedade e da cultura brasileiras,
bem como a crença na integração nacional e no desenvolvimento
econômico. Tratava-se de um conteúdo que tinha como logica

6
FONSECA, Selva Guimarães. Didática e Prático de Ensino de História: Experiências, reflexões e
aprendizados. 13°edição revisada e ampliada. Campinas-SP. Papirus, 2012. p. 45
constitutiva a ideia de progresso como algo global, positivo e
inevitável. A História da humanidade, nessa concepção tem um
início, um meio e um fim determinados não há brechas para
contigênciascontingências e descontinuidades.7

Essa História que era ensinada nas instituições escolares tinha como
principal característica a exclusão: dos sujeitos, ações e lutas sociais e
politicas são excluídos.[..] A História é feita por e para alguns, que não somos
nós; são outros e são poucos(Fonseca, 2012, p.145).. Desta maneira o aluno Commented [LS4]: Cadê as aspas?

não se sente parte da construção dessa História. Assim o status fundamental


atribuído ao individuo não é o de cidadão, mas sim o de trabalhador, produtor e
consumidor (Fonseca, 2012, p.146).

A partir dos anos 90 o ensino de História começa a tomar novos rumos


e reformulações são tomadas

Durante os anos 1990, as disciplinas História e Geografia foram


desmembradas no ensino fundamental e os Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCNs), implementados pelo Ministério da Educação
(MEC), a partir de 1997, indicam o estudo da História e da Geografia,
desde os anos iniciais, em todo o território nacional8

No século XXI a Historia ganha novas perspectivas, e se torna um


saber escolar fundamental na formação da cidadania do aluno. Contribuindo
assim para a construção da identidade do sujeito, que passa de simples
espectador e se torna participante de sua construção.

4.2 A História ensinada no Ensino Fundamental

Em minhas observações nas aulas de História do ensino fundamental


na escola Dom Bosco, pude perceber que a História Ensinada ensinada pelo
professor era a dos livros didáticos, que ao meu vê ver ainda estar muito ligado
ao europocentrismo, a uma história tradicional. Perguntei a ele se ele utilizava
outras fontes? O mesmo me respondeu que usa alguns documentários (de
curta duração), isso vai depender do assunto que ele está tratando com os

7
FONSECA, Selva Guimarães. Didática e Prático de Ensino de História: Experiências, reflexões e
aprendizados. 13°edição revisada e ampliada. Campinas-SP. Papirus, 2012. p. 145
8
Parâmetros para a educação Básica do Estado Pernambuco. Secretaria de Educação .2013. p. 15
alunos, ainda na sua fala, ele me diz que não utiliza filmes por que perderia
muito tempo, reclama que a quantidade de aulas de História por turma, são
duas por semana, cada uma de 50 minutos, se passasse filmes, com certeza
isso implicaria no cronograma educacional da Escola. Que tem que ser
cumprido.

Referi-me sobre o livro didático que traz algumas imagens que podem
ser trabalhadas, ele me fala que tem algumas boas, mas como não tem livros
suficientes para os alunos fica difícil trabalha-las, e tirar xerox é uma situação
inviável, a escola não nos proporcionas condições de tira-la. Reclama o
professor, que muitas vezes tem que tirar dinheiro do próprio bolso para tirar
xerox das provas dos alunos, fala em tom desanimado.

Sabemos das desigualdades do ensino no Brasil, muitas Escolas


estão carentes de condições materiais para proporcionar um bom ensino para
os alunos, mais isso não é motivo de desanimo, sei que muito esta sendo feito
para mudar essa realidade. As politicas públicas educacionais se consolidam e
a cada dia surgem novas possibilidades educacionais (FONSECA, 2012, p
259).

Para ministrar suas aulas o professor me falou que segue os


paramentos curriculares do Estado de Pernambuco, que segundo ele, esta de
acordo com os PCNs Nacionais. Conforme esses parâmetros:

O estudo da História possibilita a compreensão da experiência


humana pelos sujeitos, cidadãos capazes de pensar e agir sobre a
realidade. Nessa perspectiva, a cidadania não é algo abstrato, nem é
algo apenas herdado via nacionalidade, nem se liga a um único
caminho de transformação política. Tampouco se deve restringir a
condição de cidadão à de mero trabalhador, eleitor e consumidor. A
cidadania possui um caráter humano e construtivo, em condições
concretas de existência.9

Portanto, a história ocupa um lugar estratégico, no currículo da


educação básica, pois, como conhecimento e prática social, pressupõe

9
Parâmetros para a educação Básica do Estado Pernambuco. Secretaria de Educação .2013. p. 24
movimento, contradição, um processo de permanente re/construção, um
campo de lutas .(PCNs do Estado de Pernambuco, 2013, p.25)., Com isso
podemos dizer que a História nos ajuda a entender a ação do homem em
sociedade, e a tomarmos posição diante dela, e principalmente nos ensina a
viver.

Conforme minhas observações, percebi através de alguns atitudes do


professor que o mesmo segue a corrente historiográfica da Nova História
baseada na Escola dos Annales, ou pelo menos tenta. Ele acredita nas
utilizações de outras fontes para ensinar História, do dialogo da História com
outras disciplinas. Acredita também na utilização do cotidiano dos sujeitos
simples, como participante desses saberes históricos, podemos então dizer
que seus pensamentos vão ao contrário do que o Positivismo dizia, que [...] só
tem valor para a História os fatos retirados dos documentos, os únicos
testemunhos do real”, logo, se não há documentos, não há história (Fonseca,
2012, p.50).

Anteriormente mencionei que o professor estava muito preso ao livro


didático. Suas atividades são todas tiradas do livro, como o mesmo falou ele
tem 23 turmas na escola e não tem condições de elaborar atividades
diversificadas para todos.

O único recurso que o professor usa para ministrar sua aula, além do
quadro, é um aparelho de multimídia, e isso quando traz algum documentário
para a sala de aula. Algumas vezes consegue levar os meninos para algum
passeio, com o intuito de fazer uma atividade extra-classe, mais isso acontece
raramente, pois é preciso de transporte, como Escola não tem recursos, temos
que pedir aos alunos, como o aluguel do ônibus é muito caro, os alunos se
queixam do preço do passeio.

Bem, continuando minhas observações o professor pouco se utilizava


do cotidiano do aluno para debates ou resoluções de problemas na sala. Na
maioria das vezes que os alunos interagem através de seus conhecimentos
prévios, vividos no seu cotidiano, eles são sempre irônicos, utilizam de palavras
de baixo calão, isso faz com que o professor muitas vezes nem pergunte nada
sobre suas experiências vividas. Quero que fique claro, que não quis dizer que
ele não dialogue nem debata o assunto, ele só não utiliza experiências vividas
pelos educandos. Commented [LS5]: Boa observação

O professor observado costuma fazer tarefas que valem pontos, que


será somado com a nota da prova ou do seminário, dividido por dois e no final
ele tem a media do aluno. Para a avaliação da unidade, o professor destaca
alguns assuntos, pelo menos tudo que foi dado até aquele momento e faz uma
prova, ou destaca alguns temas que ainda não foram discutidos na sala (mas
que estão no livro didático) para realizar seminários. Ex:

Atividades valem de 1 a 10

Prova vale de 1 a 10

Suponhamos que o aluno tire nota 2 na prova e nota 10 nas


atividades(que muitas vezes são feitas em sala de aula e com consulta ao
livro), a media dele será 6,0 então necessariamente esse aluno passa por
média. Por tanto esse método de avaliação não lhe garante que o principal
objetivo da Historia esteja sendo construído, conforme os PCNs o principal
objetivo do ensino de História é a formação do cidadão, da valorização do
direito de cidadania dos indivíduos, dos grupos e dos povos como condição de
efetivo fortalecimento da democracia, mantendo-se o respeito às diferenças e a
luta contra as desigualdades” (PCNs, 2013, p.43), é construir sua própria
identidade.

Não podemos dizer, que com essa avaliação esses objetivos estejam
sendo construído, já que os alunos estão sempre demonstrando indiferença em
relação ao ensino de História do professor. Segundo Selva Guimarães [...]
ensinar e aprender História constitui um processo construtivo, dinâmico, aberto
e reflexivo. A avaliação é parte integrante desse processo. Não está localizada
no fim, tampouco no início, mas no decorrer, na trajetória.

E pra finalizar, quando se faz necessário uma recuperação de


aprendizagem, o aluno faz sempre uma prova sobre alguns assuntos pré-
estabelecido pelo professor, dependendo da turma posso até fazer um
trabalho, diz ele. Essa prova é sempre feita no final do ano, antes das férias
escolares.

5- PLANEJAMENTO DE ENSINO

O planejamento é muito importante em qualquer área da vida do ser


humano, e não é diferente na instituição educacional. Esse planejamento de
ensino foi elaborado para a o 9° ano do ensino fundamental II, a partir das
necessidades dos elementos envolvidos, visando sempre a relação do ensino
e aprendizagem do aluno. A sua importância implicará nos resultados
esperados e nos objetivos alcançados.

5.1-PLANO DE ENSINO SEMESTRAL

Disciplina: História

Série: 9 ano

Ano: 2016

Números de aulas: 20

Regente: Maria Cristina dos Santos

Justificativa

A História como disciplina surge da necessidade do individuo de poder


entender o presente a partir de estudos do passado, da busca da construção
do cidadão e de sua cidadania, porém sabemos que isso só não basta, o aluno
tem que esta preparado para compreender todo contexto politico do país, seus
embates, projetos, problemas e dificuldades nas relações entre Estado e
sociedade, na construção da cidadania e da democracia (Fonseca,2012,
p.144). Esse projeto visa também, atender as propostas curriculares da Escola,
e as necessidades do aluno e do estagiário.

Objetivo Geral:
-Identificar relações sociais no seu próprio grupo de convívio, na localidade, na
região e no país, e outras manifestações estabelecidas em outros tempos e
espaços;

-Situar acontecimentos históricos e localizá-los em uma multiplicidade de


tempos;

-Reconhecer que o conhecimento histórico é parte de um conhecimento


interdisciplinar.

-Compreender que as histórias individuais são partes integrantes de histórias


coletivas;

-Conhecer e respeitar o modo de vida de diferentes grupos, em diversos


tempos e espaços, em suas manifestações culturais, econômicas, políticas e
sociais, reconhecendo semelhanças e diferenças entre eles, continuidades e
descontinuidades, conflitos e contradições sociais;

-Questionar sua realidade, identificando problemas e possíveis soluções,


conhecendo formas político-institucionais e organizações da sociedade civil
que possibilitem modos de atuação;

-Dominar procedimentos de pesquisa escolar e de produção de texto,


aprendendo a observar e colher informações de diferentes paisagens e
registros escritos, iconográficos, sonoros e materiais;

-Valorizar o patrimônio sociocultural e respeitar a diversidade social,


considerando critérios éticos;

-Valorizar o direito de cidadania dos indivíduos, dos grupos e dos povos como
condição de efetivo fortalecimento da democracia, mantendo-se o respeito às
diferenças e a luta contra as desigualdades.

-Compreender o processo de urbanização como parte das transformações nas


formas de produção e organização social do trabalho,

Objetivos específicos:

-Identificar por que esse período é chamado de anos dourados


- Analisar os benefícios e consequência do consumismo de bens(duráveis) na
vida da população
-Analisar as questões sociais e econômicas do mundo e suas influências no
Brasil.

-Conhecer a vida cotidiana e cultural dos brasileiros na época (Bossa Nova)

- Entender a importância de alianças politicas para a durabilidade de um


Governo

- Analisar aspecto políticos que levaram a renuncia do Presidente Jânio


Quadros.

-Identificar em nossos dias, aspectos da politica no Governo de Jânio Quadros


- Conhecer como eventos externos(guerra fria) influenciaram na preparação do
golpe militar de 1964..

- Analisar de forma reflexiva e crítica a posse do presidente João Goulart


- Compreender as principais características do governo de João Goulart
- Entender o contexto mundial e como se deu o Golpe militar de 1964 no Brasil
- Perceber a influência da Igreja, mídia e da população no Golpe de 1964

- Conhecer a forma politica dos governos militares


- Apontar quais foram às consequências do golpe na vida dos brasileiros
- Conhecer como os atos institucionais impactaram no cotidiano dos brasileiros
- Entender como as manifestações artísticas se tornaram base para a
resistência à ditadura militar

- Entender como se deu o processo de abertura da democratização no Brasil


durante a ditadura militar.
-Analisar a participação da população nos movimentos sociais.
-Compreender a importância da democracia na vida do individuo como cidadão
- Comparar as lutas e movimentos sociais do tempo presente com a época da
abertura da democratização.

Conteúdos: Commented [LS6]: Cadê os conteúdos procedimentais e


atitudinais!

- Os anos dourados
- Jânio Quadros, um presidente excêntrico.
- O governo João Goulart e o golpe de 1964
- O fim das liberdades democráticas
- O processo de abertura

Tempo estimado: 20 horas aulas


Desenvolvimento metodológico:

Visando a produção de conhecimentos históricos pelos alunos e sua


participação nessa construção, irei utilizar aulas expositivas e dialogadas,
debates dos textos do livro didático, analise análise de imagens (charge), de
musicas, como também de vídeos, buscando uma maior interação do aluno
irei também abordar acontecimentos da vida cotidiana do mesmo.

Avaliação:
A avaliação será feita a partir da participação e desempenho do aluno no
decorrer das aulas., assim como seu comportamento e comprometimento
individual e coletivo com os estudos.

5.2 Planos de aulas

PLANO DE AULA N° 1
Dados de identificação da aula
Turma do 9° Ano
Disciplina de História
Professor(a): Maria Cristina dos Santos
Tema da aula: Os ”anos dourados”
Tempo da aula: 2 horas/aula
Objetivo Geral: - Reconhecer que o conhecimento histórico é parte de um
conhecimento interdisciplinar.
Objetivos específicos:
- Identificar por que esse período é chamado de anos dourados
- Analisar os benefícios e consequência do consumismo de bens na vida da
população
- Analisar as questões sociais e econômicas do mundo e suas influências no
Brasil.
- Conhecer a vida cotidiana e cultural dos brasileiros (Bossa Nova)
Analisar de forma reflexiva e critica a construção e urbanização de Brasília

Conteúdos programáticos:
-“Cinquenta anos em cinco”, slogan de campanha de Juscelino Kubitschek
- Desenvolvimento regional
- O crescimento econômico
- A construção de Brasília
Trabalhamos os conceitos de: Governo populista, migração e candango.
Metodologia:
Aula expositiva e dialogada
Fazer uma breve sondagem do assunto dado anteriormente.
Apresentar o novo assunto, e qual o objetivo maior da aula.
Procurar saber o que os alunos conhecem do assunto novo
Os alunos puderam conhecer musica da época, assim como, analisar uma
charge de Juscelino, e posteriormente comenta-la. .
Recursos didáticos:
Lápis, quadro, livro didático.
Avaliação:
Analise de uma charge e debate tendo as resposta dos alunos como base.
Bibliografia:
-PROJETO ARARIBÁ. História (9° ano). Componente curricular. Editora
Moderna.
https://www.google.com.br/search?q=charge+de+juscelino+kubitschek&sa=X&
espv=2&biw=1366&bih=662&tbm=isch&tbo=u&source=univ&ved=0ahUKEwja1
e7txK7SAhXBkZAKHfe1D4EQsAQIGQ&dpr=1#imgrc=r7KKtoN_NmuREM:
acessado em 14/10/2016 as 15:00hs
CARVALHO, Leandro. "Governo Juscelino Kubitschek"; Brasil Escola.
Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/historiab/juscelino-
kubitschek.htm>. Acesso em 14/10/2016 as 16:00hs
https://www.espacoacademico.com.br/076/76borges.htm acessado em
14/10/2016 as 18:00hs.
https://www.youtube.com/watch?v=_uBYgnrchxA acessado em 14/10/2016 as
19:00hs

PLANO DE AULA N° 2
Dados de identificação da aula
Turma do 9° Ano
Disciplina de História
Professor(a): Maria Cristina dos Santos
Tema da aula: Um presidente excêntrico: Jânio Quadros
Tempo da aula: 2 horas/aula
Objetivo Geral: Situar acontecimentos históricos e localizá-los em uma
multiplicidade de tempos.
Objetivos específicos:
- Entender alianças politicas dentro de um governo para a sua durabilidade
- Analisar aspecto políticos que levaram a renuncia do Presidente Jânio
Quadros, que foi tida como uma “encenação teatral”.
-Identificar em nossos dias, aspectos da politica no Governo de Jânio
Quadros.
- Conhecer como eventos externos (guerra fria) influenciaram na preparação
do golpe militar de 1964.
Conteúdos programáticos:
-Como era a eleição para Presidente e vice Presidente no período.
-Como foi a politica interna e externa de Jânio Quadros
-Como se deu a condução da economia do País.
Trabalhamos o conceito de Guerra fria, capitalismo e comunismo.
Metodologia:
Aula expositiva e dialogada
Fazer um breve resumo do assunto dado anteriormente.
Apresentar o novo assunto, e qual o objetivo maior da aula.
Procurar saber o que os alunos conhecem do assunto novo
Selecionar os pontos mais importantes desse governo, debatendo com os
alunos semelhanças com outros presidentes e com a atualidade.
Recursos didáticos:
Lápis, quadro, livro didático.
Avaliação:
Será observado participação ativa dos alunos nos debates.
Bibliografia:
-PROJETO ARARIBÁ. História (9° ano). Componente curricular. Editora
Moderna.

PLANO DE AULA N° 3
Dados de identificação da aula
Turma do 9° Ano
Disciplina de História
Professor(a): Maria Cristina dos Santos
Tema da aula: O governo João Goulart e o golpe de 1964
Tempo da aula: 2 horas/aula
Objetivo Geral:
-Identificar relações sociais no seu próprio grupo de convívio, na localidade, na
região e no país, e outras manifestações estabelecidas em outros tempos e
espaços.
Objetivos específicos:
- Analisar de forma reflexiva e crítica a posse do presidente João Goulart
- Compreender as principais características do governo de João Goulart
- Entender o contexto mundial e como se deu o Golpe militar de 1964 no
Brasil
- Perceber a influência da Igreja, mídia e da população no Golpe de 1964
Conteúdos programáticos:
- A batalha pela posse de Jango
- Reformas sociais no campo
-As reformas de Base
- O golpe militar
Trabalhamos o conceito de: Golpe, Revolução, Parlamentarismo e
Presidencialismo.

Metodologia:
Aula expositiva e dialogada
Fazer um breve resumo do assunto dado anteriormente.
Apresentar o novo assunto, e qual o objetivo maior da aula.
Procurar saber o que os alunos conhecem do assunto novo
Mostra aos alunos trechos do comício de João Goulart na central do Brasil e
da Marcha da Família com Deus pela Liberdade fazer uma analise nos dois
eventos
Recursos didáticos: Lápis, quadro, livro didático, aparelho de multimídia.
Avaliação:
Será observada a participação ativa dos alunos nos debates.
Bibliografia:
-PROJETO ARARIBÁ. História (9° ano). Componente curricular. Editora
Moderna.
-https://www.youtube.com/watch?v=1oQ3tbIBu18 acessado em 28/10/2016 as
18:30
https://www.youtube.com/watch?v=dzOENN8WiJY acessado em 28/10;2016
as 20:00hs

PLANO DE AULA N° 4
Dados de identificação da aula
Turma do 9° Ano
Disciplina de História
Professor(a): Maria Cristina dos Santos
Tema da aula: O fim das liberdades democráticas
Tempo da aula: 2 horas/aula
Objetivo Geral:
-Questionar sua realidade, identificando problemas e possíveis soluções,
conhecendo formas político-institucionais e organizações da sociedade civil
que possibilitem modos de atuação.

Objetivos específicos:

-- Conhecer a forma politica dos governos militares


- Apontar quais foram às consequências do golpe na vida dos brasileiros
- Conhecer como os atos institucionais impactaram no cotidiano dos
brasileiros
- Entender como as manifestações artísticas se tornaram base para a
resistência à ditadura militar

Conteúdos programáticos:
-Um regime apoiado na repressão
-O Governo de castelo Branco
-Os anos de Chumbo
-O governo Médici.
Foram trabalhados com os alunos conceitos de: autoritarismo, Atos
Institucionais (AI), assim como as siglas- CLT, FGTS, Oban e DOI-Codi
Metodologia:
Aula expositiva e dialogada
Fazer um breve resumo do assunto dado anteriormente.
Apresentar o novo assunto, e qual o objetivo maior da aula.
Procurar saber o que os alunos conhecem do assunto novo
Trabalhou-se com os alunos texto sobre métodos de tortura, músicas
censuradas pela ditadura militar, assim como imagem de presos da época.
Recursos didáticos: Lápis, quadro, livro didático, aparelho de multimídia.
Avaliação:
Será observada a participação ativa dos alunos nos debates e no trato das
fontes trabalhadas. Atividade do livro didático ( pág. 214 da 1° ao 4°questão).
Bibliografia:
-PROJETO ARARIBÁ. História (9° ano). Componente curricular. Editora
Moderna.
-http://jornalggn.com.br/noticia/a-tortura-e-os-mortos-na-ditadura-militar
acessado em 02/11/2016 às 15:00hs.
https://www.youtube.com/watch?v=A_2Gtz-zAzM acessado em 02/11/2016 às
16:00
http://mestresdahistoria.blogspot.com.br/2009/08/analise-critica-da-musica-
pra-nao-dizer.htmlacessado em02/11/2016 as1700
https://www.google.com.br/webhp?sourceid=chrome-
instant&ion=1&espv=2&ie=UTF-8#q=youtube+calice+chico+buarque&*
acessado em 02/11/2016
https://www.google.com.br/search?q=fotos+de+presos+politicos+da+ditadura+
militar&espv=2&biw=1366&bih=662&tbm=isch&imgil=hpKrmBMD9nTJfM%253
A%253B3xgO4rn5iVrgWM%253Bhttp%25253A%25252F%25252Frevistasera.
info%25252Fpreso-
politico%25252F&source=iu&pf=m&fir=hpKrmBMD9nTJfM%253A%252C3xgO
4rn5iVrgWM%252C_&usg=___5p2QOe-
DfDTonXK4uyxhYvQSVE%3D&ved=0ahUKEwiqss6g6bzSAhVIh5AKHQGBA
wcQyjcIOQ&ei=N6-6WOq6CsiOwgSBgo44#imgrc=_ acessado em 02/11/2016
as 19:00

PLANO DE AULA N° 5
Dados de identificação da aula:
Turma do 9° Ano
Disciplina de História
Professor(a): Maria Cristina dos Santos
Tema da aula: O processo de abertura
Tempo da aula: 2 horas/aula
Objetivo Geral:
--Valorizar o direito de cidadania dos indivíduos, dos grupos e dos povos como
condição de efetivo fortalecimento da democracia, mantendo-se o respeito às
diferenças e a luta contra as desigualdades.
Objetivos específicos:
-- Entender como se deu o processo de abertura da democratização no Brasil
durante a ditadura militar.
-Analisar a participação da população nos movimentos sociais.
-Compreender a importância da democracia na vida do individuo como
cidadão
- Comparar as lutas e movimentos sociais do tempo presente com a época da
abertura da democratização.
Conteúdos programáticos:
-Os descaminhos da abertura
-Trabalhadores e estudantes
-A caminho da democracia
-A campanha da diretas
-O governo José Sarney
-Uma nova constituinte
Foi trabalhado o conceito de: constituição e democratização
Metodologia:
Aula expositiva e dialogada
Fazer um breve resumo do assunto dado anteriormente.
Apresentar o novo assunto, e qual o objetivo maior da aula.
Procurar saber o que os alunos conhecem do assunto novo
Foi levado para sala de aula imagens das diretas já, para que os alunos,
fizessem uma analise apontando diferenças e igualdades com movimentos
realizados na ditadura militar..
Recursos didáticos: Lápis, quadro, livro didático, aparelho de multimídia.
Avaliação:
Será observada a participação ativa dos alunos nos debates
Bibliografia:
-PROJETO ARARIBÁ. História (9° ano). Componente curricular. Editora
Moderna.
http://oglobo.globo.com/brasil/em-imagens-campanha-das-diretas-ja-pelo-pais-
12246722 acessado em 19/11/2016 à 15:00hs

6 - A regência

O estagio é parte fundamental para a conclusão do curso de


professores, faz parte do currículo obrigatório das Universidades., Porém
durante muito tempo era caracterizado como simplesmente, colocar em
“prática” tudo o que você aprendeu na “teoria”, este é um pensamento um tanto
que ultrapassado para o século XXI, hoje podemos entender que o estágio se
constitui como um campo de conhecimento, o que significa atribuir-lhe um
estatuto epistemológico que supera sua tradicional redução à prática
instrumental (PIMENTA; E LIMA, 2005/2006, p. 06)

Foi desta maneira que vi o meu estagio, como campo de


conhecimento, que se produz na interação dos cursos de formação com o
campo social no qual se desenvolvem as práticas educativas. Nesse sentido, o
estágio poderá se constituir em atividade de pesquisa (Pimenta e Lima,
2005/2006, p. 06). Commented [LS7]: Porque duas datas???

Como parte do estágio a regência é de suma importância para a


formação do docente, é através dela que buscamos uma maior interação com o
espaço educativo, com os discentes e suas necessidades, nesse contexto,
tentei organizar meu planejamento semestral e meus planos de aulas de
acordo com essa realidade. Tentarei de maneira sucinta relatar nas próximas
linhas minha experiência como regente.

6.1- A turma

Escolhi reger aulas em duas turmas do 9° ano do ensino fundamental,


todas no período vespertino, uma era constituída por 39 alunos e a outra por 36
que estão devidamente matriculados, isso não quer dizer que todos
frequentavam a sala de aula, isso fica claro nas fichas de avaliações que o
professor supervisor da escola, fez de minhas regências, pois os alunos que
compareciam as aulas era em torno de 27 a 30 alunos.
A turma é bastante heterogenia, com idade entre 14 e 19 anos, como
pude perceber alguns alunos estão fora da faixa de escolaridade, isso me
preocupou, pois existia uma grande chance de alguns serem repetentes, como
pude confirmar mais tarde com o professor supervisor. Porém meus temores
não tinham razão de existir, no decorrer das regências os alunos mais velhos
se mostraram os mais participativos nas aulas.

6.2 Relação estagiários-alunos

Como já tenho experiência em sala de aula adquirida através do


Programa institucional de bolsas de iniciação a docência (PIBID), o qual
participo, não tive muita dificuldade em me relacionar com os alunos, apesar de
não ter trabalhado com essas turmas pelo PIBID. Sugeri com a aprovação
deles que fizéssemos um contrato oralmente, para que esse período se
tornasse bem proveitoso e agradável por eles e por mim. No contrato tinha
basicamente isso:

Enquanto eu escrevia no quadro ou organizava a instalação do


multimídia, eles podiam conversar, mas quando eu estivesse explicando o
assunto eu desejaria que eles participassem ativamente, para isso teriam que
deixar as conversas paralelas para depois e os celulares também. Eles
compreenderam as necessidades, e a maioria cumpriram, participando dos
debates com perguntas e questionamentos. Commented [LS8]: Que excelente!!!

6.3 Seleção dos conteúdos de Ensino

Os conteúdos que fizeram parte da minha regência já estavam


prescritos no planejamento pedagógico da disciplina de História para o 9° ano,
seria o conteúdo do semestre que serviria para a avaliação da quarta unidade,
se tratava da História do Brasil no período do governo do Presidente Juscelino
Kubitschek até as diretas já. Período de grande importância para a formação
critica, politica e ideológica dos discentes como cidadão e da construção de
sua cidadania.

Durante as aulas, percebi que alguns alunos não têm muito interesse
pela disciplina de História e principalmente pela época em que estávamos
estudando, então comecei a questiona-los sobre como seria a vida deles sem a
História, como conseguiriam evitar erros do passado no presente ou repetir
acertos, se não fosse às narrativas históricas, consegui mudar alguns
pensamentos em relação à disciplina, mostrando como ela é importante para o
futuro deles e seu crescimento, e como as escolhas feitas hoje podem impactar
no amanhã. Mais nem todos pensam da mesma forma, e muitos ainda
acreditam que a História não tem muita serventia.

6.4- O material didático

Tentei trabalhar com os alunos os temas da melhor maneira para que


a aula não se tornasse chata, levei para a sala aula durante o período da
regência, charge (Juscelino Kubitschek e o povo) vídeos, (comício na central
do Brasil, Marcha da família com Deus pela liberdade) músicas ( cálice e Pra
não dizer que não falei da flores), textos (sobre torturas na ditadura militar)
slides (fotos de presos políticos e das diretas Diretas Já) além do livro didático,
diversificando assim a maneira de se estudar História, porém mostrando
sempre que eles também fazem parte dessa construção histórica.

Durante as aulas que trabalhei com musicas vi que eles eram mais
participativos, cantavam juntos e faziam analise das letras, comparações com a
as musicas músicas atuais, mesmo dizendo que as musicas de MC Troia e
eram melhores do que as de Chico Buarque, enfim essas aulas foram de
maiores sucesso e também de maior aproveitamento.

6.5 Minha experiência como regente.

Eu sempre achei que o único meio das pessoas terem uma vida digna
socialmente culturalmente e politicamente, seria através da educação, isso é
inquestionável. Como regente percebi como é grande a necessidade de boas
escolas e bons professores para a construção de uma educação que dê
suporte para que o individuo construa sua própria historia.

As aulas de um modo geral transcorreram bem, tive algumas


dificuldades em relação aos atrasos de alguns alunos do 9°D, pois essas aulas
eram no primeiro horário, os alunos sempre alegavam que trabalhavam e que
por isso chegavam atrasados, com isso eu sempre tinha que interromper a
aula, até que eles se acomodassem, isso fazia com que outros perdessem um
pouco o foco na aula.

Outro fato que dificultava o andamento das aulas é que não existiam
livros suficiente para todos os alunos, assim como as xerox xeróx as quais
trabalhei na sala foram todas tiradas com meus recursos, a escola não
disponibiliza de copiadora para xeroxxeróx, isso fez com que reduzisse o
material trabalhado.

Foi uma experiência única até por que, não pretendo fazer outra
graduação, porém desejo me efetivar na profissão, quero fazer a diferença para
meus alunos, sei que é possível ter escolas e professores bons que busquem
melhorar a qualidade do ensino em nosso país, mas sei também que isso
não será fácil, vai ter muito choro e muita luta.

Por fim só tenho a agradecer aos alunos por terem contribuído com
meu crescimento como docente, me ensinado quais caminhos podemos trilhar
para a melhoria de nossa educação, por que não estamos na escola só para
ensinar ou ser intermediário entre o ensino e aprendizagem, estamos prontos
para aprendendo também..

Ao final da regência distribui com os alunos um questionário (em


anexo) com cinco questões, onde solicitei que eles me avaliassem como
professora, o resultado pra mim foi muito satisfatório, sei que nem tudo é
perfeito, mas que pode ser melhorado, como sei também que estou aberta a
elogios e criticas. Para finalizar, sei hoje que escolhi a melhor profissão do
mundo.

7- Projeto de intervenção

Por orientação do professor da disciplina de estágio supervisionado,


planejamos uma intervenção na escola para finalizar nossa estadia durante o
processo do estágio. Essa intervenção deveria ser de acordo com as
necessidades da escola e dos alunos, como a biblioteca estava sendo
revitalizada, resolvi intervir nesse ambiente, que por sinal é muito agradável.
Numa das paredes da biblioteca tinha um quadro de madeira (acredito
que em outros tempos foi usado para ensinar os alunos, pois anterior a
biblioteca esse espaço era uma sala de aula) que estava em péssimas
condições, resolvi então com a autorização da professora responsável pela
biblioteca, cobrir com emborrachado o quadro, pintar as bordas, e fazer dele
um mural, onde os alunos poderão expor seu trabalhos, assim como avisos de
possíveis eventos. O mural ficou muito bom e está disponível para todos os
professores e alunos. (foto em anexo).

8- Considerações finais

A experiência no campo do estágio além de me permitir produzir


conhecimentos teóricos e práticos na amplitude de seu conjunto, me levou
também a perceber como se faz necessário uma mudança nesse espaço que é
a escola, sei através de pesquisas que a educação mesmo em meio a tantas
mudanças ainda está carente de atitudes que faça a diferença dentro dessa
instituição. Um exemplo disso é livro didático, que ainda é a principal fonte
para a produção do conhecimento dentro da sala de aula, não que o livro não
seja importante, mais podemos utiliza-lo de uma forma que o mesmo não seja
indispensável. A carência do aluno de ter acesso a outras fontes é muito
grande, uma aula de campo, um jogo didático, a utilização de musicas dentre
outros, pode sim estimular o aluno a ser mais participativo nas aulas.

O professor regente de classe, me deixou livre para as escolhas de


fontes e recursos didático para preparação das aulas, não tive nenhum
problema durante a regência, pelo contrário a medida que precisava, ele estava
sempre lá para me orientar.

Durante minha regência, pude perceber qual grande é a distancia do


campo de estágio com a Universidade, me vi naquele momento o único elo
entre as duas instituições educativa, a falta de uma presença maior das
universidades dentro do campo de estagio é visível. Os senhores educadores
da academia poderiam proporcionar palestras para levar novos conhecimentos
para antigos educadores nas escolas, isso faria com que as Universidades
estivessem mais presente na realidade educacional. Como futura professora
de História me sinto orgulhosa de participar da construção educacional dessa
nova juventude espero proporcionar a eles o mesmo prazer que eles me
proporcionam.

9- Referências Bibliográficas:

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental.


Parâmetros Curriculares Nacionais: História (3º e 4º ciclos do ensino
fundamental). v. 3. Brasília: MEC, 1998

FONSECA, Selva Guimarães. Didática e Prática de Ensino. 13°edição.


Campinas-SP, Editora Papirus, 2015. p. 446.

HONÓRIO, Teresa Christina T. S. A função social da Escola: entre o consenso


e o conflito. p.37 – 45.

LIBÂNEO, José Carlos. Didática. 2°edição. São Paulo. Editora Cortez, 2014. p
288.

LIMA, Maria Socorro Lucena; PIMENTA, Selma Garrido. Estágio e docência:


diferentes concepções. Revista poieses, v. 3, n. 3 e 4, p. 5-24, 2005/2006

NETO, José Batista. A relação professor-aluno na perspectiva da diversidade:


dimensão didático-metodológica. In: NETO, J.B.; SANTIAGO, E (Org.).
Formação de professores e prática pedagógica. Recife: Massangana, 2006. p.
165 – 174

NETO, J. B. ; SANTIAGO, E. A prática de ensino como eixo estruturador da


formação docente. . In:_____. ; ______. (Org.). Formação de professores e
prática pedagógica. Recife: Massangana, 2006. p. 29 – 35

NOVAIS, Elaine Lopes. "É possível ter autoridade em sala de aula sem ser
autoritário?." Revista Linguagem & Ensino 7.1 (2012): 15-51.

Parâmetros para a educação Básica do Estado Pernambuco. Secretaria de


Educação .2013. p. 15
SANTIAGO, Eliete. Perfil do educador/educadora para a atualidade. In: NETO,
J.B.; SANTIAGO, E (Org.). Formação de professores e prática pedagógica.
Recife: Massangana, 2006. p. 113 – 119.

ANEXOS
FOTOS DA INTERVENÇÃO
CHEGA DE SAUDADE ( Tom Jobim e Vinicius de Moraes)

Vai minha tristeza


E diz a ela que sem ela não pode ser
Diz-lhe numa prece
Que ela regresse
Porque eu não posso mais sofrer

Chega de saudade
A realidade é que sem ela
Não há paz não há beleza
É só tristeza e a melancolia
Que não sai de mim
Não sai de mim
Não sai

Mas, se ela voltar


Se ela voltar que coisa linda!
Que coisa louca!
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos
Que eu darei na sua boca
Dentro dos meus braços, os abraços
Hão de ser milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calado assim,
Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim

Que é pra acabar


Com esse negócio
De você viver sem mim
Não quero mais esse negócio
De você longe de mim
Vamos deixar desse negócio
De você viver sem mim

Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores


Geraldo Vandré

Caminhando e cantando e seguindo a canção


Somos todos iguais braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas, campos, construções
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer
Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer
Pelos campos há fome em grandes plantações
Pelas ruas marchando indecisos cordões
Ainda fazem da flor seu mais forte refrão
E acreditam nas flores vencendo o canhão
Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.
Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.
Há soldados armados, amados ou não
Quase todos perdidos de armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição
De morrer pela pátria e viver sem razão
Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.
Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.
Nas escolas, nas ruas, campos, construções
Somos todos soldados, armados ou não
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais braços dados ou não
Os amores na mente, as flores no chão
A certeza na frente, a história na mão
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Aprendendo e ensinando uma nova lição
Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.

Vem, vamos embora, que esperar não é saber,


Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.

Cálice
Chico Buarque
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
De muito gorda a porca já não anda
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, pai, abrir a porta
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade
Mesmo calado o peito, resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Talvez o mundo não seja pequeno
Nem seja a vida um fato consumado
Quero inventar o meu próprio pecado
Quero morrer do meu próprio veneno
Quero perder de vez tua cabeça
Minha cabeça perder teu juízo
Quero cheirar fumaça de óleo diesel
Me embriagar até que alguém me esqueça

ESCOLA DOM BOSCO


DISCIPLINA: HISTÓRIA
LICENCIANDO (A): MARIA CRISTINA DOS SANTOS

AVALIAÇÃO DO LICENCIANDO PELOS ALUNOS

1)Estimula o aluno a participar das aulas?

a)Sempre b)As vezes c)Raramente d)Nunca

2) Qual o grau de domínio do conteúdo ensinando?

a)ótimo b)bom c)regular d)ruim


3) Sobre o relacionamento do licenciando com os alunos, você considera?

a)ótimo b)bom c)regular d)ruim

4)Demonstra interesse na construção da aprendizagem do aluno?

a)Sempre b)As vezes c)Raramente d)Nunca

5)Esta sempre disposto para tirar dúvidas do aluno?

a)Sempre b)As vezes c)Raramente d)Nunca

AULA 9°c e d

Governo Jânio quadros:

Como símbolo da campanha usou uma vassoura, pois dizia que ia varrer tudo
que havia de errado no Brasil (principalmente a corrupção).Foi eleito presidente
em 3 de outubro de 1960, pela coligação PTN-PDC-UDN-PR-PL

Na eleição presidencial de 1960, a vitória coube a Jânio Quadros. Naquela


época, as regras eleitorais estabeleciam chapas independentes para a
candidatura a vice-presidente, por esse motivo, João Goulart, do Partido
Trabalhista Brasileiro (PTB) foi reeleito.

A gestão de Jânio Quadros na presidência da República foi breve, durou sete


meses e encerrou-se com a renúncia. Nesse curto período, Jânio Quadros
praticou uma política econômica e uma política externa que desagradou
profundamente os políticos que o apoiavam, setores das Forças Armadas e
outros segmentos sociais.

A renúncia de Jânio Quadros desencadeou uma crise institucional sem


precedentes na história republicana do país, porque a posse do vice-presidente
João Goulart não foi aceita pelos ministros militares e pelas classes
dominantes.

A crise política

O governo de Jânio Quadros perdeu sua base de apoio político e social a partir
do momento em que adotou uma política econômica austera e uma política
externa independente. Na área econômica, o governo se deparou com uma
crise financeira aguda causada por intensa inflação, déficit da balança
comercial e crescimento da dívida externa. O governo adotou medidas
drásticas, restringindo o crédito, congelando os salários e incentivando as
exportações.

Mas foi na área da política externa que o presidente Jânio Quadros acirrou os
ânimos da oposição ao seu governo. Jânio nomeou para o ministério das
Relações Exteriores Afonso Arinos, que se encarregou de alterar radicalmente
os rumos da política externa brasileira. O Brasil começou a se aproximar dos
países socialistas. O governo brasileiro restabeleceu relações diplomáticas
com a União Soviética (URSS).

Atitudes de menor importância também tiveram grande impacto, como as


condecorações oferecidas pessoalmente por Jânio ao guerrilheiro
revolucionário Ernesto "Che" Guevara (condecorado com a Ordem do Cruzeiro
do Sul) e ao cosmonauta soviético Yuri Gagarin, além da vinda ao Brasil do
ditador cubano Fidel Castro.

Independência e isolamento

De acordo com estudiosos do período, o presidente Jânio Quadros esperava


que a política externa de seu governo se traduzisse na ampliação do mercado
consumidor externo dos produtos brasileiros, por meio de acordos diplomáticos
e comerciais

Porém, a condução da política externa independente desagradou o governo


norte-americano e, internamente, recebeu pesadas críticas do partido a que
Jânio estava vinculado, a UDN, sofrendo também veemente oposição das
elites conservadoras e dos militares. Ao completar sete meses de mandato
presidencial, o governo de Jânio Quadros ficou isolado política e socialmente.
Jânio Quadros renunciou em 25 de agosto de 1961.

Política teatral

Especula-se que a renúncia foi mais um dos atos espetaculares característicos


do estilo de Jânio. Com ela, o presidente pretenderia causar uma grande
comoção popular e o Congresso seria forçado a pedir seu retorno ao governo,
o que lhe daria grandes poderes sobre o Legislativo. Não foi o que aconteceu,
porém. A renúncia foi aceita e a população se manteve indiferente.
Vale lembrar que as atitudes teatrais eram usadas politicamente por Jânio
antes mesmo de chegar à presidência. Em comícios, ele jogava pó sobre os
ombros para simular caspa, de modo a parecer um "homem do povo". Também
tirava do bolso sanduíches de mortadela e os comia em público. No poder,
proibiu as brigas de galo e o uso de lança-perfume, criando polêmicas com
questões menores, que o mantinham sempre em evidência, como um
presidente preocupado com o dia a dia do brasileiro.

Jânio Quadros pode ser visto como um dos maiores expoentes do período
populista no Brasil. Sua carreira política meteórica foi sustentada por aparições
públicas apelativas onde sempre fazia questão de se mostrar como um líder
carismático das massas. Em menos de uma década, conseguiu eleger-se
vereador, prefeito, governador e deputado federal pelo Estado de São Paulo.
Em 1960, lançou sua candidatura à presidente prometendo superar as mazelas
deixadas pelo governo JK.

Utilizando a vassoura como símbolo de sua campanha presidencial, insistia em


moralizar o cenário político nacional e “varrer” a corrupção do país. Contando
com essas premissas, Jânio conseguiu uma expressiva votação, indicando a
consolidação do regime democrático no país. No entanto, as contradições e a
falta de um claro posicionamento político fizeram com que o mandato de Jânio
Quadros fosse tomado por situações nebulosas.

Para superar o problema da inflação e o visível déficit público, Jânio procurou


reduzir a concessão de crédito e congelou o valor do salário mínimo. Além
disso, aprovou uma reforma da política cambial que atendia as demandas dos
credores internacionais. Tais medidas pareciam sinalizar um conservadorismo
político que aproximou o governo de Jânio Quadros aos interesses do bloco
capitalista. No entanto, sua política internacional provou o contrário.

Em tempo de Guerra Fria, o presidente ignorou os rígidos ditames da ordem


bipolar defendendo um posicionamento político autônomo. A partir de então,
decidiu retomar as relações com a União Soviética e negou-se a comparecer a
um encontro marcado com John Kennedy, então presidente dos Estados
Unidos. Além disso, o vice-presidente João Goulart foi enviado em missão
diplomática para a China com o propósito de estabelecer acordos de
cooperação comercial.
Em meio essa polêmica, Jânio Quadros perdia sua popularidade com a adoção
de medidas de pouca importância. Entre outras ações tomadas pelo seu
governo, Jânio proibiu a realização de desfiles de biquíni, a realização de
rinhas de galo, limitou as corridas de cavalo para os fins de semana e proibiu o
uso de lança-perfume. Tais medidas o colocaram como uma liderança
desprovida de um projeto político capaz de superar os problemas que
assolavam o país.

Em agosto de 1961, um grande alvoroço tomou conta do governo de Jânio


quando o mesmo decidiu condecorar o líder revolucionário cubano Ernesto Che
Guevara. O gesto político, considerado um claro alinhamento com o bloco
socialista, causou uma série de críticas ao seu governo. Alguns dias depois,
repentinamente, Jânio Quadros anunciou a sua renúncia alegando que “forças
terríveis” tramavam contra seu mandato.

Segundo alguns historiadores, essa manobra foi planejada com o intuito de


voltar ao poder com amplos poderes, pois as alas políticas mais conservadoras
e os militares não desejavam que João Goulart se tornasse presidente do país.
No entanto, nenhuma outra reação mais expressiva foi tomada em seu favor.
Desse modo, Jânio perdeu seus poderes com a mesma rapidez que ingressou
na política.

João Goulart e o golpe de 1964

Após a renúncia de Jânio Quadros, os militares tentaram vetar a chegada do


vice-presidente João Goulart ao posto presidencial. Tendo sérias
desconfianças sobre a trajetória política de Jango, alguns membros das Forças
Armadas alegavam que a passagem do cargo colocava em risco a segurança
nacional. De fato, vários grupos políticos conservadores associavam o então
vice-presidente à ameaçadora hipótese de instalação do comunismo no Brasil.

Com isso, diversas autoridades militares ofereceram uma carta ao Congresso


Nacional reivindicando a extensão do mandato de Ranieiri Mazzilli, presidente
da Câmara que assumiu o poder enquanto Jango estava em viagem à China.
Inicialmente, esses militares se manifestavam a favor da realização de novas
eleições para que a possibilidade de ascensão de Jango fosse completamente
vetada. No entanto, outros políticos e militares, como o Marechal Lott, eram a
favor do cumprimento das regras políticas.

Foi nesse contexto que várias figuras políticas da época organizaram chamada
“Campanha da Legalidade”, em que utilizavam os meios de comunicação para
obter apoio à posse de João Goulart. Entre outros políticos destacamos Leonel
Brizola, cunhado do vice-presidente, que participou efetivamente do
movimento. Paralelamente, sabendo das pressões que o cercavam, Jango
estendeu sua viagem realizando uma visita estratégica aos EUA, como sinal de
sua proximidade ao bloco capitalista.

Com a possibilidade do golpe militar enfraquecida por essas duas ações, o


Congresso Nacional aprovou arbitrariamente a mudança do regime político
nacional para o parlamentarismo. Dessa maneira, os conservadores buscavam
limitar significativamente as ações do Poder Executivo e, consequentemente,
diminuir os poderes dados para Jango. Foi dessa forma que, em 7 de setembro
de 1961, João Goulart assumiu a vaga deixada por Jânio Quadros.

A instalação do parlamentarismo fez com que João Goulart não tivesse meios
para aprovar suas propostas políticas. Mesmo assim, elaborou um plano de
governo voltado para três pontos fundamentais: o desenvolvimento econômico,
o combate à inflação e a diminuição do déficit público. No entanto, o regime
parlamentarista impedia que as questões nacionais fossem resolvidas por meio
de uma consistente coalizão política.

O insucesso do parlamentarismo acabou forçando a antecipação do plebiscito


que decidiria qual sistema político seria adotado no país. Em 1963, a
população brasileira apoiou o retorno do sistema presidencialista, o que acabou
dando maiores poderes para João Goulart. Com a volta do antigo sistema,
João Goulart defendeu a realização de reformas que poderiam promover a
distribuição de renda por meio das chamadas Reformas de Base.

Em março de 1964, o presidente organizou um grande comício na Central do


Brasil (Rio de Janeiro), no qual defendeu a urgência dessas reformas políticas.
Nesse evento, foi presenciada a manifestação de representações e
movimentos populares que apoiavam incondicionalmente a proposta
presidencial. Entre outras entidades aliadas de Jango, estavam a União
Nacional dos Estudantes (UNE), as Ligas Camponesas (defensoras da
Reforma Agrária) e o Comando Geral dos Trabalhadores (CGT).

O conjunto de ações oferecidas por João Goulart desprestigiava claramente os


interesses dos grandes proprietários, o grande empresariado e as classes
médias. Com isso, membros das Forças Armadas, com o apoio das elites
nacionais e o apoio estratégico norte-americano, começaram a arquitetar o
golpe contra João Goulart. Ao mesmo tempo, os grupos conservadores
realizaram um grande protesto público com a realização da “Marcha da Família
com Deus pela Liberdade”.

A tensão política causada por manifestações de caráter tão antagônico foi


seguida pela rebelião de militares que apoiavam o golpe imediato. Sob a
liderança do general Olympio de Mourão filho, tropas de Juiz de Fora (MG)
marcharam para o Rio de Janeiro com o claro objetivo de realizar a deposição
de Jango. Logo em seguida, outras unidades militares e os principais
governadores estaduais do Brasil endossaram o golpe militar.

Dessa maneira, o presidente voltou para o Rio Grande do Sul tentando


mobilizar forças políticas que poderiam deter a ameaça golpista. Entretanto, a
eficácia do plano engendrado pelos militares acabou aniquilando qualquer
possibilidade de reação por parte de João Goulart. No dia 4 de abril de 1964, o
Senado Federal anunciou a vacância do posto presidencial e a posse
provisória de Rainieri Mazzilli como presidente da República. Foram dados os
primeiros passos para a ditadura militar no Brasil.

Marcha da Família com Deus pela Liberdade foi o nome comum de uma série
de manifestações públicas ocorridas entre 19 de março e 8 de junho de 1964[1]
no Brasil em resposta a uma suposta ameaça comunista representada pelo
discurso em comício realizado pelo então presidente João Goulart em 13 de
março daquele mesmo ano.[2][3]

O Comício

O evento, que estava sendo anunciado pelo governo desde janeiro de 1964,
reuniu cerca de 200 mil pessoas e foi transmitido ao vivo por rádio e TV para
todo o país. Por volta das 14h daquele dia 13 de março, cerca de 5 mil pessoas
já se concentravam para o comício do presidente João Goulart na Praça
Cristiano Ottoni, Rio de Janeiro, nas imediações da Central do Brasil e do
Ministério da Guerra.

Antes de seguir para o palanque, João Goulart assinou, no Palácio das


Laranjeiras, o decreto da Supra (Superintendência de Reforma Agrária) – que
autorizava a desapropriação de áreas ao longo das ferrovias, das rodovias, das
zonas de irrigação e dos açudes – e o decreto que encampava as refinarias
particulares de petróleo.

O comício teve início às 18h. Jango subiu ao palanque às 19h45 e começou


seu discurso exatamente às 20h46 após a fala do então presidente da UNE,
José Serra, do governador de Pernambuco na época, Miguel Arraes, e do
deputado Leonel Brizola. Tendo ao seu lado direito a esposa Maria Thereza,
Jango falou de improviso durante pouco mais de uma hora. Ele fazia algumas
pausas no discurso para passar um lenço no rosto. Eram nesses momentos em
que o ministro da Casa Civil, Darcy Ribeiro, aproveitava para sussurrar
observações e orientações como, por exemplo, “fale mais devagar, presidente”.

Comício fazia parte de nova estratégia

Após tentar implementar sem sucesso as reformas por meio de um acordo


entre o seu partido Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e o Partido Social
Democrático (PSD), de Juscelino Kubitschek – de quem foi vice-presidente –
Jango decidiu se aliar às esquerdas em uma estratégia de mobilização popular
que teria início com o comício da Central no dia 13. Três dias antes do comício,
o PSD havia rompido formalmente com o governo.

A nova estratégia consistia na mobilização popular por meio de uma série de


comícios que seriam realizados em diferentes regiões do país e que
culminariam em uma greve geral no dia 1º de maio, como forma de pressionar
o Congresso pela aprovação do projeto de reformas anunciado durante o
comício e encaminhado formalmente ao Legislativo dois dias depois.

Para isso, Jango contava com as forças que apoiavam as reformas; o CGT o
PCB (Partido Comunista Brasileiro e a Frente de Mobilização Popular (FMP),
formando a Frente Única de Mobilização.
OS ANOS DOURADO JUSCELINO KUBITSCHEK.(PSD)

Juscelino Kubitschek foi eleito presidente da República em 1955, juntamente


com o vice-presidente João Goulart. Nos primeiros anos do pleito, após a
situação política ter tomado seus caminhos (tentativa de golpe da UDN (União
Democrática Nacional) e dos militares), rapidamente JK colocou em ação o
Plano de Metas e a construção de Brasília, transferindo a capital do Brasil da
cidade do Rio de Janeiro para o Planalto Central. Sendo assim, abordaremos
os principais feitos realizados por JK durante o seu governo como presidente
(1955-1960).

O Plano ou Programa de Metas (31 metas) tinha como principal objetivo o


desenvolvimento econômico do Brasil, ou seja, pautava-se em um conjunto de
medidas que atingiria o desenvolvimento econômico de vários setores,
priorizando a dinamização do processo de industrialização do Brasil.

O desenvolvimentismo econômico que o Brasil viveu durante o mandato de JK


priorizou o investimento nos setores de transportes e energia, na indústria de
base (bens de consumos duráveis e não duráveis), na substituição de
importações, destacando a ascensão da indústria automobilística, e na
Educação. Para JK e seu governo, o Brasil iria diminuir a desigualdade social
gerando riquezas e desenvolvendo a industrialização e consequentemente
fortalecendo a economia. Sendo assim, estava lançado seu Plano de Metas: “o
Brasil iria desenvolver 50 anos em 5”.

Para ampliar o desenvolvimentismo econômico brasileiro, JK considerava


impossível o progresso da economia sem a participação do capital estrangeiro.
Para alcançar os objetivos do Plano de Metas era necessária uma intervenção
maior do Estado na economia, priorizando, então, a entrada de capitais
estrangeiros no país, principalmente pela indústria automobilística. Ressalta-se
que nesse período o Brasil iniciou o processo de endividamento externo.
Os setores de energia e transporte foram considerados fundamentais para o
desenvolvimentismo econômico, ressalta-se a importância do governo Vargas
neste processo, com a criação da Companhia Siderúrgica Nacional em Volta
Redonda-RJ no ano de 1946 e da Petrobras no ano de 1953. Outros setores
que ganharam relevância foram o agropecuário; JK procurou aumentar a
produção de alimentos e o setor energético, construindo as usinas Hidrelétricas
de Paulo Afonso no rio São Francisco e as barragens de Furnas e Três Marias.

Contudo, tais mudanças empreendidas por JK ocasionou a acentuação da


industrialização do país com um aumento do Produto Interno Bruto (PIB) anual
em 7%, mas não superando a inflação da dívida externa. A industrialização do
país se efetivou basicamente na região sudeste, destacando neste momento a
grande migração nordestina para esta região.

Após analisarmos alguns pontos do Plano de Metas, focaremos a outra


promessa de campanha efetivada por JK: a construção de Brasília e a
transferência da capital federal. Em fins de 1956, depois de o Congresso
Nacional ter aprovado a transferência da capital, iniciaram-se as obras da
construção de Brasília. A nova capital do Brasil teria um moderno e arrojado
conjunto arquitetônico realizado pelo arquiteto Oscar Niemeyer. O Plano Piloto
da cidade foi desenvolvido pelo urbanista Lúcio Costa.

Juscelino Kubitschek não foi o primeiro a falar sobre a possiblidade da


transferência da capital do Brasil, desde 1891 a Constituição Federal, no seu
artigo 3º, já almejava a transferência. Na última década do século XIX, mas
precisamente no ano de 1894, foi nomeada uma comissão que visitou e
demarcou a área do futuro Distrito Federal no Planalto Central. Essa comissão
ficou conhecida como Missão Cruls em referência ao astrônomo belga Luiz
Cruls que a chefiava.

A interiorização da capital federal já era um sonho de muitos brasileiros


anteriores a JK, mas foi Juscelino que efetivou a transferência da capital.
Acostumado a lidar com projetos arrojados, JK deu a ordem para o início da
construção de Brasília, os trabalhos tiveram início no final de 1956. A nova
capital foi inaugurada no ano de 1960.
A construção da nova capital se configurou como uma grande meta a ser
cumprida. Brasília somente pôde ser efetivada a partir da grande vontade de
JK, e também pelo empenho dos trabalhadores que a construíram, grande
parte se constituía de migrantes da região nordeste do Brasil. Os trabalhadores
que a construíram tornaram seus primeiros moradores, ficando conhecidos
como “Candangos”.

Com Juscelino Kubitschek, o interior do Brasil passou a ser visto como espaço
de possibilidades, como parte integrante da civilização brasileira.

Referendo

Referendo é uma consulta popular sobre assunto de grande


relevância, no qual o povo manifesta-se sobre uma lei já constituída,
ou seja, é uma votação convocada após a aprovação do ato, cabendo
ao povo ratificar ou rejeitar a proposta. O referendo é um
importantíssimo instrumento de participação popular direta, útil na
decisão sobre a formulação de políticas nacionais.

Plebiscito
Plebiscito é uma manifestação popular expressa através de voto,
próprio para a solução de algum assunto de interesse político ou
social. Foi inicialmente concebido como um instrumento para o
exercício da democracia direta, e sua origem remonta à Lex Hortensia
(287 a.C.). A finalidade do plebiscito é a legitimação política, ou seja,
através deste é pedida a ratificação da confiança da população numa
determinada atuação política do governo.

REFERENCIAS:

http://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil/governo-janio-
quadros-1961-mandato-polemico-de-sete-meses.htm

SOUSA, Rainer Gonçalves. "Governo Jânio Quadros"; Brasil Escola.


Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/historiab/governo-
janio-quadros.htm>. Acesso em 16 de outubro de 2016.

SOUSA, Rainer Gonçalves. "João Goulart"; Brasil Escola. Disponível


em <http://brasilescola.uol.com.br/historiab/joao-goulart.htm>.
Acesso em 16 de outubro de 2016.
http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/discurso-que-acelerou-
golpe-contra-joao-goulart-completa-50-anos/

CARVALHO, Leandro. "Governo Juscelino Kubitschek"; Brasil Escola.


Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/historiab/juscelino-
kubitschek.htm>. Acesso em 16 de outubro de 2016.

ATIVIDADE SOBRE O GOVERNO

DE JUSCELINO KUBITSCHEK

ALUNO:____________________________________________TURMA:______

1) Identifique a crítica presente na charge explicitando o contexto


histórico dela.
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O FIM DAS LIBERDADES

* Um regime apoiado na repressão

- Regime autoritário (1964-1985) 21 anos

-Governantes escolhidos pelos chefes militares


* Presidente Castelo Branco 15/04/1964 a 15/03/1967 eleito pelo congresso
nacional

-Reformar e desenvolver o capitalismo brasileiro/Conter a ameaça


comunista/Reduzir a inflação/ recebe ajuda econômica e técnica dos EUA com
objetivo de evitar a implantação do socialismo no país

Acaba com a estabilidade no emprego após 10 anos e a substitui pela


implantação do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Revoga o
decreto que restringia a remessa de lucros para o exterior.

AI- 01

- Determinava eleições indiretas para a presidência da República no dia 11 de


abril, estipulando que fosse terminado o mandato do presidente em 31 de
janeiro de 1966, quando expiraria a vigência do ato.

-Dava plenos direitos ao governo militar de cassar mandatos e suspender


direitos políticos

Nas eleições de 1965 para Governadores, a oposição conquistou vitorias em


Minas Gerais e no Estado da Guanabara (município do Rio de Janeiro), isso
fez com que o presidente decretasse o AI-02, que restringia mais a democracia

AI-02 27/10/1965

- O ato instituiu a eleição indireta para presidente da República

- Dissolveu todos os partidos políticos existentes

- Criou o bipartidarismo ARENA e MDB

- O presidente poderia decretar estado de sítio por 180

- Intervir nos estados

Em 1968 na cidade do Rio de Janeiro 100mil pessoas se reúnem contra a


ditadura e pela morte do estudante Edson Luis. No começo de setembro do
mesmo ano o deputado Marcio Moreira num comício conclamava o povo a
boicotar as festividades do 7 de setembro,, com isso o presidente Instaura o AI-
05

* Arthur da Costa e Silva 15/3/1967 a 31/8/1969

- política econômica voltada para o combate da inflação e expansão do


comércio exterior.

- investimentos nos setores de transporte e comunicações

- reforma administrativa

AI-05 13/12/1968

Concedia ao Presidente da República, dentre outros, os poderes de

- cassar mandatos,

-intervir em estados e municípios,

-suspender direitos políticos de qualquer pessoa e, o mais importante, decretar


recesso do Congresso e assumir suas funções legislativas no ínterim.

O AI-5 também suspendeu o Habeas Corpus para crimes políticos. Por


consequência, jornais oposicionistas ao regime militar foram censurados, livros
e obras "subversivas" foram retiradas de circulação e vários artistas e
intelectuais tiveram que se exilar no estrangeiro. Criação do Oban(Operação
Bandeirantes) atuava no Sudeste.

Emílio Garrastazu Médici 30/10/1969 a 15/3/1974

Governo (realizações, acontecimentos, atos):

- repressão política; "Anos de Chumbo" - exílios, tortura, prisões,


desaparecimento de pessoas, combate aos movimentos sociais e censura.

- "Milagre Econômico" - forte crescimento do PIB

- propaganda patriótica

DOI-CODI, sigla de Destacamento de Operações de Informações do Centro de


Operações de Defesa Interna, foi um órgão repressor criado pelo Regime
Militar brasileiro (1964-1985) para prender e torturar aqueles que fossem
contrários ao regime.

Departamento de Ordem Política e Social (DOPS)

Slogan: “Brasil ame-o ou deixe-o”, o Governo alertava: aqueles que estivessem


insatisfeitos deveriam sair do pais.

O PROCESSO DE ABERTURA

Os descaminhos da abertura
- 1974 - O então presidente o general Ernesto Geisel assumi o poder, sua
principal missão era: Conduzir o retorno a democracia.
- Descontentamento com as torturas e assassinatos políticos (povo, igreja,
políticos, etc)
- 1974 Nas eleições parlamentares, a oposição teve importante vitória, das 22
cadeiras de senadores 16 ficou com o MDB. Obs. Eleições diretas só para:
vereadores, deputados, senadores e algumas prefeituras.
- 1975 - Militares contrários a abertura politica reagiram, assassinaram o
jornalista Vladimir Herzog, nas dependências do DOI-CODI em são Paulo
-1976 Lei falcão, proibia a livre propaganda politica no radio e na televisão, os
partidos só poderiam apresentar o numero e o nome. Apesar da medida nesse
ano a oposição teve grande vitória nos municípios.
Investimento de infraestrutura
- Na década de 1970 Os militares procuram garantir a autossuficiência do
Brasil na produção de petróleo, aço, equipamento industriais e geração de
energia elétrica.
-Investiu-se na Eletrobras e na Petrobras e criou-se a Embratel. Os
investimentos para essas obras foram adquiridos através de empréstimos
contraídos com o exterior.
- Uma crise internacional gerada pelo aumento do preço do petróleo, elevou a
taxas de juros praticadas nos países credores multiplicando a divida externa
brasileira.
Trabalhadores e estudantes
Já aproximando o final da década de 1970 crescia o números de sindicatos de
trabalhadores urbanos ( principalmente na região do ABC paulista), o sindicato
dos metalúrgicos da indústria automobilística em São Bernardo do Campo. Em
1978 e 1979 aumenta o numero de greves por percas salariais. Destacamos
nesse contexto a figura do presidente do sindicato Luiz Inácio da Silva
conhecido como Lula.
Os estudantes também entraram na luta pela democracia, os movimentos
estudantil ressurgi com toda força, concentrado na PUC, na USP e na
Unicamp. Eles também participaram nas greves dos trabalhadores do ABC em
1978.
A caminho da democracia
-Endividamento externo e alta inflação torna cada vez mais difícil a manutenção
da ditadura
1979 o então presidente João Batista de Figueredo que sucedeu ao general
Ernesto Geisel, decreta a lei da anistia, que permitiu o retorno dos exilados
políticos ao Brasil, essa Lei foi estendida também aos torturadores contra
presos políticos.
- Nova lei eleitoral traz de volta o pluripartidarismo:
ARENA- passa a ser Partido Democrático Social (PDS)
MDB- passa a ser o Partido do Movimento Democrático brasileiro (PMDB)
Criação de novos partidos:
PDT-Partido Democratico Trabalhista
PT- Partido dos trabalhadores
PP- Partido popular entre outros.
1982 - primeira eleição direta para Governadores, a oposição venceu em 10
estados brasileiro
Campanha das diretas
1983- o desejo da população era que as eleições para presidente fosse diretas,
ciente disso o PT organiza a primeira manifestação pelas eleições diretas, esse
movimento ficou conhecido como “Diretas já”.
- Manifestação que teve grande repercussão em São Paulo (governado por
Franco Motoro(PMDB) e Rio de Janeiro (Governado por Leonel Brizola(PDT)
-1984 em São Paulo grande comício pelas diretas já, que teve mais de 1
milhão de pessoas.
- A lei pela eleição direta para presidente não passou pelo congresso, ficou
faltando 22 votos para que a ementa fosse aprovada, com isso vai a esperança
do povo reverter o quadro econômico e social do Brasil.
1985- a eleição para presidente da republica ainda foi decidida pelo colégio
eleitoral, concorria pelo PDS Paulo Maluf. Pela aliança do PMDB com
PFL(esse criado pela dissidência do PDS) apresentaram Tancredo Neves e
seu vice José Sarney;
1985- depois de 21 anos os militares se retiram da cena politica do Brasil e
Tancredo Neves se torna o presidente da republica, o mesmo não chega a
tomar posse, foi acometido de uma doença até hoje não esclarecida. Faleceu
em 21 de abril de 1985
O Governo José Sarney
-1986 lançou o plano cruzado- previa o congelamento dos preços e dos
alugueis; reajustes dos salários mínimos, reajustes automáticos sempre que a
inflação atingisse 20%
- Com preços congelados, e ganhos reais nos salários, houve um aumento de
consumo, com isso falta produtos para o consumo, isso faz com que os
industriais e os comerciantes começaram a violar o congelamento, cobrando
valores acima da tabela e provocando o retorno da inflação. Ao final do
governo Sarney, os preços eram reajustados em 85%.
Uma nova Constituinte

1988- Nova Constituição, ficou conhecida como a “constituição cidadã”

- votos estendidos aos analfabetos/ Todos os partidos foram legalizados/


trabalhador demitido sem justa causa receberia seu FGTS e mais 40% de
acréscimo/ horas extras seriam acrescidas de 50% de seu valor, jornada de
trabalho de44 horas por semana/ direito a greve/ licença maternidade de 120
meses/ a eleição para os cargos executivos passaram para 2 turnos, caso o
candidato mais votado do primeiro turno não obtivessem mais de 50% dos
votos válidos/ direitos de votos facultativos para eleitores entre 16 e 18 anos e
e com mais de 70 anos de idade. A constituinte de 1988 ainda prevê leis de
proteção ambiental, fim das censuras às produções culturais e o direito dos
povos indígenas às terras que ocupam.

Os Métodos de Tortura nos Porões Militares

Quanto mais tempo durava o regime militar, mais pessoas faziam oposição às
atrocidades por ele cometidas. Estudantes, padres, intelectuais e vários setores
da sociedade passaram a contestar o regime. Aumentava a contestação, a
resposta era a intensificação da tortura, conseqüentemente, a sofisticação dos
métodos ocasionava um grande número de mortos.
Métodos científicos de tortura foram desenvolvidos. Monstros torturadores
escreveriam o seu nome em letras gigantes nas páginas pungentes da história
do Brasil. Nomes como o de Sérgio Fleury, uma espécie de Torqueimada da
ditadura militar. Fleury levou a tortura para as celas do DOPS de São Paulo,
situado na Luz, no prédio que é hoje a Pinacoteca do Estado. Outro lugar de
tortura em São Paulo era o DOI-CODI do Paraíso, conhecido como a Casa da
Vovó. Os prisioneiros chegavam às mãos de Fleury e dos seus homens já
espancados e feridos, sangrando e muitos vezes, já agonizantes. Ali eram
pendurados no pau-de-arara, recebendo descargas elétricas. Furadeiras
elétricas eram usadas para perfurar corpos, navalhas rasgavam a carne,
cigarros queimavam órgãos genitais, mulheres sofriam abusos sexuais. Socos,
pontapés, afogamentos, eram complementos às torturas, que ficavam cada vez
mais elaboradas.

Os métodos de tortura engendrados recebiam diversos nomes simbólicos,


entre eles, os mais comuns registrados e confirmados por aqueles que os
sofreu, são:

Pau-de-Arara – O preso era posto nu, abraçando os joelhos e com os pés e as


mãos amarradas. Uma barra de ferro era atravessada entre os punhos e os
joelhos. Nesta posição a vítima era pendurada entre dois cavaletes, ficando a
alguns centímetros do chão. A posição causava dores e atrozes no corpo. O
preso ainda sofria choques elétricos, pancadas e queimaduras com cigarro.
Este método de tortura já existia na época da escravidão, sendo utilizado em

várias fases sombrias da história do Brasil.


Cadeira do Dragão – Os presos eram sentados nus em uma cadeira elétrica,
revestida de zinco, ligada a terminais elétricos. Uma vez ligado, o zinco do
aparelho transmitia choques a todo o corpo do supliciado. Os torturadores
complementavam o mecanismo sinistro enfiando um balde de metal na cabeça
da vítima, aplicando-lhe choques mais intensos.
Choques Elétricos – O torturador usava um magneto de telefone, acionado
por uma manivela, conforme a velocidade imprimida, a descarga elétrica podia
ser de maior ou menor intensidade. Os choques elétricos eram deferidos na
cabeça, nos membros superiores e inferiores e nos órgãos genitais, causando
queimaduras e convulsões, fazendo muitas vezes, o preso morder a própria
língua. As máquinas usadas nesse método de tortura eram chamadas de
“maricota” ou “pimentinha”.
Balé no Pedregulho – O preso era posto nu e descalço em local com
temperatura abaixo de zero, sob um chuveiro gelado, tendo no piso
pedregulhos com pontas agudas, que perfuravam os pés da vítima. A
tendência do torturado era pular sobre os pedregulhos, como se dançasse,
tentando aliviar a dor. Quando ele “bailava”, os torturadores usavam da
palmatória para ferir as partes mais sensíveis do seu corpo.
Telefone – Entre as várias formas de agressões que eram usadas, uma das
mais cruéis era o vulgarmente conhecido como “telefone”. Com as duas mãos
em posição côncava, o torturador, a um só tempo, aplicava um golpe violento
nos ouvidos da vítima. O impacto era tão violento, que rompia os tímpanos do
torturado, fazendo-o perder a audição.
Afogamento na Calda da Verdade – A cabeça do torturado era mergulhada
em um tambor, balde ou tanque cheio de água, urina, fezes e outros detritos. A
nuca do preso era forçada para baixo, até o limite do afogamento na “calda da
verdade”. Após o mergulho, a vítima ficava sem tomar banho vários dias, até
que o seu cheiro ficasse insuportável. O método consistia em destruir toda a
auto-estima do torturado.
Afogamento com Capuz – A cabeça do preso era encapuzada e afundada em
córregos ou tambores de águas paradas e apodrecidas. O prisioneiro ao tentar
respirar, tinha o capuz molhado a introduzir-se nas suas narinas, levando-o a
perder o fôlego, produzindo um terrível mal-estar. Outra forma de afogamento
consistia nos torturadores fecharem as narinas do preso, pondo-lhe, ao mesmo
tempo, uma mangueira ou um tubo de borracha dentro da boca, obrigando-o a
engolir água.
Mamadeira de Subversivo – Era introduzido na boca do preso um gargalo de
garrafa, cheia de urina quente, normalmente quando o preso estava pendurado
no pau-de-arara. Usando uma estopa, os torturadores comprimiam a boca do
preso, obrigando-o a engolir a urina.
Soro da Verdade – Era injetado no preso pentotal sódico, uma droga que
produz sonolência e reduz as inibições. Sob os efeitos do “soro da verdade”, o
preso contava coisas que sóbrio não falaria. De efeito duvidoso, a droga pode
matar.
Massagem – O preso era encapuzado e algemado, o torturador fazia-lhe uma
violenta massagem nos nervos mais sensíveis do corpo, deixando-o totalmente
paralisado por alguns minutos. Violentas dores levavam o preso ao desespero.
Geladeira – O preso era posto nu em cela pequena e baixa, sendo impedidos
de ficar de pé. Os torturadores alternavam o sistema de refrigeração, que ia do
frio extremo ao calor exacerbado, enquanto alto-falantes emitiam sons
irritantes. A tortura na “geladeira” prolongava-se por vários dias, ficando ali o
preso sem água ou comida.
As mulheres, além de sofrer as mesmas torturas, eram estupradas e
submetidas a realizar as fantasias sexuais dos torturadores. Poucos relatos
apontaram para os estupros em homens, se houveram, muitos por vergonha,
esconderam esta terrível verdade.

O Que Fazer aos Corpos dos Mortos Pela Tortura

Para que se desenvolvessem métodos tão sofisticados de tortura, praticados


com grandes requintes, era preciso que o governo militar desenvolvesse a
propaganda do culpado, cada torturado era culpado, era o temível comunista
que assaltava bancos, o terrorista que comia criancinhas, que ameaçava a
família, assim, era criado o preconceito contra os torturados, que eram
culpados e merecedores de todos os suplícios que se lhe eram impostos em
uma sala de tortura.

Os recrutados para exercer a tortura eram indivíduos que recebiam


favorecimentos dos seus superiores, gratificações e reconhecimento de heróis,
pois ajudavam a livrar o país dos terroristas comunistas. Eram pessoas
intimamente agressivas, com desvio de personalidade, que legitimadas em
seus atos sem limites, tornavam-se incapazes de ter sentimentos por quem
torturava.

Se por um lado a tortura coibia, causava medo e terror em quem se deixara


apanhar e, principalmente, em quem ainda estava livre, militando na
clandestinidade, por outro lado ela causava um grande problema, como
esconder os torturados mortos. O que fazer com os corpos, uma vez que o
regime militar negava veementemente a existência da tortura nos seus
calabouços?

Para resolver o problema dos torturados mortos, médicos legistas passaram a


fornecer laudos falsos, que escondiam as marcas da tortura, justificando a
morte da vítima como sendo de causas naturais. Muitos dos mortos pela
repressão tinham no laudo médico o suicídio como a causa mais comum,
vários foram os “suicidas” da ditadura. Outras causas que ocultavam a tortura
nos laudos eram a dissimulação de atropelamentos, acidentes automobilísticos
ou que tinham sido mortos em tiroteios com a polícia, jamais eram reveladas as
torturas.

Muitos legistas chegavam a apresentar laudos de torturados mortos como se


desfrutassem da mais perfeita saúde. Quando não se podia ocultar as
evidências da tortura, muitos cadáveres eram enterrados como anônimos, sem
que os familiares jamais soubessem o que aconteceu aos corpos dos seus
mortos. As valas clandestinas dos mortos da ditadura ocultavam dos familiares
a marca das torturas neles praticadas. Entre os médicos legistas que
assinaram laudos falsos para encobrir a tortura, tornaram-se notórios Harry
Shibata, Isaac Abramovitch e Paulo Augusto Queiroz Rocha.

Mas nem sempre os falsos laudos conseguiram esconder a tortura. Em


novembro de 1969, Chael Charles Schreier, militante da Vanguarda Armada
Revolucionária Palmares (VAR-Palmares), foi preso, torturado e morto. O seu
corpo foi enviado para um hospital, portanto ele já estava morto quando lá deu
entrada. No relatório do exército, foi
dito que Chael Charles Schreier ao ser preso com dois outros companheiros,
reagira violentamente com disparos de revólver. Na troca de tiros, os três
terroristas saíram feridos, sendo Chael o que estava em estado mais grave,
sendo medicado no hospital, entretanto Chael sofreu um ataque cardíaco,
vindo a falecer. O que os militares não sabiam é que Chael era judeu, e que
para ser sepultado nas tradições da sua família, era realizado o ritual da
lavagem do corpo. Durante o ritual, constatou-se que Chael não tinha morrido
por um ataque cardíaco, muito menos por ferimentos de balas, mas sim por
tortura. O caso veio à tona, tornando-se matéria da revista “Veja” em dezembro
daquele ano, a revista trazia na capa o título “Tortura”. Esta exposição
constrangeu profundamente o governo do presidente Médici, apesar da
reportagem da “Veja” isentá-lo da culpa da tortura e da morte de Chael,
responsabilizando os que cercavam o presidente, sem citar nomes ou
culpados.
Outro laudo falso, assinado por Harry Shibata, foi o que dizia que a causa da
morte do jornalista Vladimir Herzog, ocorrida nos porões da ditadura, em 1975,
tinha sido suicídio. Desmascarada a farsa, o assassínio de Herzog por tortura
teve grande repercussão, fazendo com que o então presidente, general
Ernesto Geisel, admitisse que havia tortura nos porões da ditadura, iniciando
um processo para desmantelar a máquina científica da institucionalização de
tão vergonhosa e sanguinária prática. Também o caso da morte do operário
Manoel Fiel Filho alcançou repercussão nacional, provando que a ditadura
torturava e matava os seus opositores.

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