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Resumo
INTRODUÇÃO
Nesse sentido Santos (apud Luchiari, 1996, p.217) afirma que o espaço é um
“condicionante condicionado”, pois pela sua organização, sugere ou muitas vezes
impõe certos comportamentos. Porém também é condicionado, visto que pode ser
apropriado de diferentes formas além daquela para que foi planejado. Ainda de
acordo com o autor “o espaço não é um pano de fundo impassível e neutro. Assim
este não é apenas um reflexo da sociedade nem um fato social apenas”.(idem)
Dando continuidade a reflexão sobre a categoria espaço Pellegrin (2005, p.
74) corrobora com Santos (apud Luchiari, 1996) e complementa sobre as diferentes
correlações entre as forças econômicas e políticas, e que o espaço em que vivemos
“... é social, é político, é econômico, uma vez que as relações de poder e de controle
que se estabelecem sobre ele acabam determinando não apenas o desempenho,
mas também o uso que se faz dele.”
Com essas afirmações, pode-se refletir sobre a apropriação dos espaços
públicos, sabendo que esta apropriação “só se mantém e, portanto, depende do
significado que a comunidade lhes atribui.” (RECHIA E FRANÇA, 2006, p. 67),
sendo assim é resultado de uma teia de relações que envolve comunidade-espaço e
comunidade-comunidade, isto é são estabelecidas ligações entre as pessoas e o
espaços vividos.
Sendo assim, será abordado neste artigo esta relação da comunidade com
ela própria, mostrando a importância das relações sociais na apropriação dos
espaços públicos.
Para tanto utilizou-se dos instrumentos metodológicos propostos por Geertz
para a análise cultural. Sendo estes, observações sistemáticas com descrição
densa em diário de campo, análise de registros fotográficos e vídeos, e entrevistas
abertas com os participantes.
O PRINCÍPIO DA INÉRCIA
“Na ausência de forças todo corpo fica como está, parado se estiver parado e
em movimento se estiver em movimento” (GASPAR, 2007, p. 80), o princípio da
inércia formulado por Isaac Newton é utilizado para descrever uma característica de
corpos físicos, porém pode-se interpretá-lo para um fato que ocorre na sociedade.
Na ausência de forças sociais todo espaço que está desapropriado fica
desapropriado e todo espaço que está apropriado permanece apropriado.
Nesse sentido, num espaço vazio se nenhuma pessoa se dispuser a estar lá,
ele continuará vazio, porém a presença de algumas pessoas pode atrair outras e a
apropriação se torna mais fácil. Sendo assim as forças sociais estão sempre
presentes, e o espaço que outrora estava vazio pode ser alterado se uma força
social mais forte atrair as pessoas, nesse caso elas irão , num movimento continuo
de espaços vazios e cheios.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Seja num evento do PELC, numa loja cheia de consumidores ou numa rua
movimentada o fato é que o movimento gera movimento. Isso acontece desde uma
realidade local até perspectivas globais. Para desvelar mais alguns dos motivos
porque isso acontece seria necessário uma pesquisa mais complexa, indo além do
olhar exploratório deste artigo. Nesse momento é possível inferir que o fluxo de
pessoas num determinado local ou atividade é em geral atrativo para mais pessoas
se apropriarem.
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Levando seus alunos até os espaços públicos nos eventos e nas oficinas a fim de realizar atividades
educativas, tais como Jogos coletivos e individuais com temas como cidadania, respeito,
solidariedade, convivência entre outros,
Corrobora-se com Jacobs ao dizer que “A própria diversidade humana
permite e estimula mais diversidade.” (2000, p.159). Sendo assim é interessante
para o desenvolvimento de políticas de esporte e lazer que haja diversidade de
pessoas e de atividades em suas ações. Além da necessidade do apoio das
lideranças locais. Estes fatores podem vir a contribuir no âmbito da apropriação dos
espaços públicos de lazer presentes na comunidade.
Para Jacobs (2000, p.499) “as cidades monótonas, inertes, contém, na
verdade as sementes de sua própria destruição e um pouco mais. Mas as cidades
vivas, diversificadas e intensas contêm as sementes de sua própria regeneração”,
desse modo a região pesquisada possui espaços vivos e outros inertes, que para
serem (re)apropriados necessitam de forças contínuas que os impulsionem, essa
força não pode vir de outro lugar a não ser da própria comunidade, que conta com
ações como as do PELC na busca dessa emancipação.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Titulo II, Capítulo II, Artigo 6º. Dos direitos sociais. Constituição da
República Federativa do Brasil. Brasília. 2007
JACOBS, J. Morte e vida de grandes cidades. 1ª ed. São Paulo: Martins Fontes,
2000.