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SAGRADO FEMININO

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

BRIGITH, A GRANDE DEUSA DA INSPIRAÇÃO

QUEM SÃO AS DEUSAS?

A palavra "Deusa"se refere ao Divino


Feminino. Durante milênios, no mundo
todo, nossos ancestrais veneraram uma
Divina e Poderosa Mãe-Deusa.
Ela foi honrada e celebrada como a Mãe de Toda a Vida. Mas de onde provêm

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a idéia de Deusa? Em tempos longínquos, o homem dependia da Terra para


todas as coisas: como o seu sustento, assim como para abrigo e proteção. Ela
era provedora de tudo que era necessário para perpetuar a vida e também
era a vida em si mesma.
Estes povos observavam que toda vida era concebida a partir dos corpos
femininos (tanto animais, quanto mulheres), de modo que era totalmente
natural que acreditassem que deveria existir uma Toda Poderosa Criadora
Feminina também.

Hoje apreciamos o ressurgir da cultura da Deusa que tem sido reverenciada


por homens e mulheres, que celebram e respeitam as energias femininas
dela emanadas.

A TRÍPLICE DEUSA CELTA

A água era considerada princípio e fonte de toda a vida para aqueles que
habitam a terra e dependiam de sua generosidade para conseguir seu
alimento. Isto se reflete no fato de os celtas terem dedicado os principais rios
da Europa Ocidental à deusa da fertilidade. O rio Marne deve seu nome às
Matronas, as três Mães Divinas e o Sena, a Sequana, deusa de seu manancial.
O nome do Reno é celta e seus afluentes também têm nomes celtas: Necjar,
Main, Ruhr e Lippe. Na Grã-Bretanha, o Severn deve-se a Sabrina e o Clyde, à
Deusa Clota, recordando a lenda da Divina Lavadeira, Bruxa do Rio e Deusa
da Morte que, conta-se, encontrava o guerreiro predestinado, que ficava

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sabendo que seu fim se aproximava ao vê-la lavar suas roupas de guerra
manchadas de sangue.
O rio ou o arroio são expressões vivas da Mãe-Terra, o que os santifica e os
dota de poderes curativos, que são emanados a certas horas do dia ou em
dados momentos da fase lunar. Todos os lugares sagrados , para os celtas,
tinham um espírito guardião, que podia transformar-se em gato, pássaro ou
peixe, segundo as preferências da deusa. Tais lugares eram considerados
partes do útero da Terra Mãe, a qual se invocava sob diversos vocativos e
aparências. Existem numerosas inscrições galo-romanas da Deusa
Matronae, a Mãe representada como uma tríade levando crianças,
cornucópias e cestas de frutas.
Outra conhecida manifestação era Epona, que em geral mostrava-se a cavalo,
por vezes com um potro, o que poderia ter dado origem à história da lady
Godiva e outras lendas populares relacionadas a cavalos.

A Deusa é generosa, mas também desapiedada. A Lua controladora das


marés e do fluxo menstrual, é o centro de um conjunto de símbolos
universais: ele preside os rituais noturnos relacionados com animais tais
como gato, a serpente e o lobo. Os emblemas de animais rodeando a Deusa e
seus santuários serviam para lembrar seus aspectos selvagens.
A característica representação da Deusa como Mãe-devoradora no
simbolismo celta, análoga à sanguinária Kali dos hindus ou Cihuateteo dos
astecas, tem sua encarnação nas esfinges de pedra conhecidas com o nome
de Sheela-na-gig, que se encontram em igrejas e castelos medievais. Ela
apresenta rosto horrível com faces cadavéricas, boca enorme de semblante
mau humorado, peito esquelético, um grande órgão genital à mostra e
braços e mãos dobrados.
Em dias bastantes primitivos, o instinto feminino era percebido como
intensamente animal. Com o avanço da civilização a deusa vai gradualmente
erigindo-se desta natureza.
A complexidade das Deusas Célticas é realmente explicada quando nós
entendemos que para ser uma Deusa nesta tradição antiga deve ser uma
Mãe, para ser uma Mãe, deve ser uma protetora e para ser uma protetora
deve ser preocupada com a soberania da sua tribo.

É, diferente das Deusas dos Romanos e Gregos, as Deusas dos Celtas são
todas as coisas: elas são a terra, a vida, a morte, o trigo que nós comemos e a
água que nós bebemos; a água que vem do céu.

BRIGHID, SANTA E DEUSA


O NOME

Brighid também conhecida por Brigit, Bríde, Briget, Briid é uma Deusa
muito popular na Irlanda, cultuada em todos os territórios onde os celtas se

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instalaram.

A palavra "Brig", em irlandês arcaico, significa força, poder. Segundo, alguns


filósofos, tal correlação pode estar por detrás da existência da existência de
guerreiros chamados Brigands ou "soldados de Brighid".
Os brigantes, uma confederação de tribos celtas que se instalou em pontos
tão diversos quanto a Armórica (França), a Grã-Bretanha e o sul da Irlanda,
derivam seu nome da Deusa Brigantia, aparentemente mais uma variação de
Brighid. Na Gália, a Deusa Brigindo é outra faceta desta deidade, enquanto
que Brigantia é o nome original das cidades de Bragança em Portugal e de La
Coruña na Galícia (Espanha). Mas é na Irlanda que encontraremos os
elementos dessa Deusa melhor preservados.

DEUSA TRÍPLICE

Brighid, que significa "luminosa"é uma Deusa tríplice do fogo da inspiração,


da ferraria, da poesia, da cura e da adivinhação. Isto é, as funções que lhe
atribuem são triplas, correspondentes às três classes da sociedade indo-
européia:

- Deusa da inspiração e da poesia - Classe Sacerdotal.


- Protetora dos reis e dos guerreiros - Classe Guerreira
- Deusa das técnicas - Classe de artesãos, pastores e agricultores.

BRIGID (BRIGIT) COMO DEUSA

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Brighid é filha de Dagda,o Bom Deus, pertencendo assim, aos Tuatha De


Danann. Dagda é o líder e o Grande Pai conhecido como o Poderoso do
Conhecimento. Um rei da sabedoria Dagda é a Boa Mão, um mestre da vida e
da morte, e aquele que traz prosperidade e abundância. Gêmeo de Sucellos
como o regente da luz durante a metade do ano. O poder e o conhecimento de
Dagda é dado por um sopro, chamado "AWEN" através de um beijo no
escolhido como sucessor para Chefe Trovador dos Duidas. O "AWEN" é o
sopro de Deus (Dagda) que guia e instrui, tornando um trovador diferente
dos outros.
Há lendas que alegam ser ela a esposa de Tuireann, com quem teve três
filhos (Brian, Iuchar e Iucharba), que posteriormente matam Cían, o pai de
Lugh.
Uma outra versão, nos diz que Brighid tinha como marido Bres, o malfadado
líder dos Tuatha De Danann. Dessa união nasce Rúadan, o qual morre em
combate na Segunda Batalha de Moytura. Ao encontrá-lo sem vida, lamenta
sua morte em uma tradição que viria a ser conhecida como "keening)
(irlandês-caoineach), e que ainda hoje é preservada nas áreas rurais da
Irlanda. os "keenings' eram lamentos emitidos por mulheres face ao
falecimento de um membro da família ou da comunidade. Se constituíam em
choros pungentes, quase bestiais, descritos por observadores como o som de
"um grande número de demônios infernais".

Como Deusa, Brigid, é uma entidade fortemente vinculada com a inspiração


e a criatividade, tanto que na tradição Britânica dos Druidas foi assimilada
como a "Deusa dos Bardos", por ser a "musa" que inspirava àqueles grandes
sacerdotes similares aos Brahamanes da Índia. Atualmente se diz que Brigid
é o veículo e guardiã do "Awen", o sopro de seu pai (Dagda), ou a
"consciência da inspiração", um estado muito variado de magnitude e cujos

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mistérios mais profundos parecem indicar um estado elevadíssimo de


consciência, parecido ao ao Shamadi ou transe Yóguico.

"AWEN" é a força mental que inspira à criatividade.

Brigit também foi uma Deusa muito vinculada à curas (com ervas) e lhe eram
atribuídos mágicos conhecimentos das propriedades curativas das plantas.
Como conhecedora desses mistérios é uma Divindade vinculada à Bruxaria,
já que as bruxas sempre foram, na antiguidade, mulheres de avançada idade
que possuíam um vasto conhecimento sobre as propriedades naturais e
intrínsecas das plantas para todo o tipo de uso medicinal.
A Deusa era ainda uma grande guerreira que afugentava as tropas inimigas
de qualquer exército quando era invocada, e também, infundia valor ao
exército que apadrinhava. Brigid apareci freqüentemente de maneira imensa
e feroz lançando gritos de raiva frente aos exércitos que pretendia afugentar.
Desse mesmo modo, os Celtas antes das batalhas lançavam gritos selvagens e
ininteligíveis com o único propósito de amedrontar à seus adversários.

Algumas vezes, Brigid é identificada com Danann (Deusa principal, Mãe dos
Deuses da Tradição Celta) e é considerada como a Mãe de todas as coisas.
Lady Gregogy, em "Gods an Fighting Men", diz dela:

" Brigit...era uma poetisa, e os poetas a adoravam, pois seu domínio era
muito grande e muito nobre. E, era assim mesmo, uma curadora, e realiza
trabalhos de ferreiro, fui ela quem deu o primeiro assobio para chamar-se
uns aos outros no meio da noite. E, um lado de seu rosto era feio, porém o
outro muito belo. E, o significado de seu nome era Breo-saighit, flecha de
fogo".

(Altar de Brigid)

Brigid assumiu inúmeros aspectos e atributos através dos tempos. Suas


cores sagradas são o vermelho, o laranja e o verde. Cada uma dessas cores
representa um atributo de Brigid. O vermelho simboliza o fogo da forja, da
lareira que aquece e alimenta. O laranja representa a luz solar, pois antes da
ascensão patriarcal de Deuses como Bel e Lugh o patamar de Deuses solares,
era a Brigid que o Sol era consagrado. O verde representa as fontes e ervas
que curam, no papel de Brigit como Curandeira.

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SEUS SÍMBOLOS

Seus símbolos são a haste e a roca de fiar, a chama sagrada, a espiral, o


triskle, o torc, o pote de fogo e seus sapatos de latão.

Dias: Segunda-feira, terça-feira e sexta-feira.

ANIMAIS SAGRADOS

BRIGID possui 4 animais sagrados: a cobra, a vaca, o lobo e o abutre.

A Cobra é a "Serpente Criadora" que era guardada em seus santuários onde


oráculos eram revelados aos homens.
O seu segundo animal é a Vaca Sagrada. Seu abundante leite nutre humanos
e crianças.
Ela é conectada com o Lobo,pois ele é um dos animais totem das Ilhas
britânicas.
E em seu aspecto de Deusa da Morte, ela está associada com o Abutre ou
outras aves de rapina.

Igualmente lhe é sagrado o cisne, tanto o branco quanto o negro. Os antigos


povos europeus acreditavam que o cisne era o resultado da união da
serpente com o pato, simbolizando o fogo e a água respectivamente, ambos
sagrados para Brigid.

BRIGID CRISTÃ

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A Nova Cristã e Antiga Pagã, Brighid, fundiram-se na figura de Santa Brígida


no ano de 450. Mas, Ela se converteu em Santa sem perder de todo sua
qualidade de Antiga Deusa. Sua transformação quase literalmente em
Drumeague, Country Cavan, em um lugar chamado "a montanha dos três
deuses". Ali uma cabeça de Brigid fui talhada em pedra como uma deidade
tripla. Porém, com a chegada do cristianismo, foi escondida em uma tumba
neolítica. Depois foi recuperada e exposta em uma igreja local, onde foi
canonizada popularmente como "Santa Bride de Knockbridge.
Em algumas histórias ou lendas, dizem que foi o próprio São Patrício que a
batizou e ela foi elevada à condição da figura galesa de Maria, sendo muitas
vezes considerada como a parteira de Maria ou até como a ama do Menino
Jesus.

Aqui reconhecemos a Deusa como protetora do parto. E, Brighid como santa,


possui até biografia, que é de autoria de Cogitosus. Segundo ele, ela teria
nascido em 452, no vilarejo de Faughart (próximo a Dundalk, Co. Lough), ao
romper da aurora, hora de máxima importância para a filosofia celta. Era
filha do nobre Dubhtach, chefe da Província de Leinster, e Broicsech, uma
escrava. Em uma das versões da lenda, conta-se que, ao nascer, a casa em
que estava ficou totalmente envolta por um fogo mágico, que assustou à
todos que presenciaram à cena. Entretanto, ninguém queimou-se. Vários
textos afirmam que tal fogo surgiu do centro da cabeça da criança, talvez
para identificá-la como uma santa portadora de um poder criador.
Brigid foi educada por um druida e desde muito cedo manifestou o dom da
profecia. Mas certo dia ela adoece gravemente e, o druida consegue salvá-la

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alimentando-a com o leite de uma vaca branca de orelhas vermelhas. Em


muitas lendas aparecem animais com essas cores, que são animais mágicos
pertencentes ao Outro Mundo.
Os cristãos, gerando uma estranha contradição, afirmam que apesar de
muito bela, Brigid permanece virgem. Contam, que para não casar, ela vazou
seu próprio olho, tornando-se desinteressante para seus pretendentes. E,
apesar de ter sido criada e instruída por um druida, Brigid escolhe se
converter à nova religião. Nessa época era comum as mulheres serem
ordenadas sacerdotisas, e até episcopisas. Esse, portanto, foi o caso de
Brigid, que, de acordo com a lenda, foi ordenada pelo próprio São Patrício, o
Padroeiro da Irlanda.
Cogitosus nos esclarece, que no ano de 490, ela funda um convento na
localidade de Kildare, local de peregrinação dos seguidores da religião celta
pré-cristã. O próprio nome Kildare, "Templo do Carvalho" (Cill Duir), já
explica sua origem pagã, pois essa árvore era associada ao druidas.

Neste convento havia uma chama sagrada que devia sempre arder. Dezenove
sacerdotisas-freiras guardavam a sua pira sagrada, alimentando o fogo. Conta-se
que, no vigésimo dia de cada mês, ela aparece e vigia o fogo pessoalmente. Aos
homens não eram permitida a entrada. Segundo as lendas, aqueles que tentassem
se aproximar da fogueira eram acometidos de estranhos surtos de loucura e podiam
até perder a vida.

Uma oração era entoada pelas freiras, também conhecidas com as Guardiãs da
Chama:

"Bride, Dama Superior,


Chama súbida;
Que o brilhante e luminoso sol,
Nos leve ao reino eterno."

Os vínculos com a tradição pagã são reforçados pelo fato de que a madeira
utilizada como lenha era o estrepeiro, uma árvore sagrada para os druidas.

Ainda na obra de Cogitosus, "Vita Brigitae", escrita no século VII, Santa


Brigida é descrita como uma santa generosa, sempre disposta a conceder
alimentos e hospitalidade aos necessitados. Devido à essas virtudes é a santa
mais relacionada com a produção de alimentos e proteção da vivenda
campesina. O dia de sua celebração está conectado com os trabalhos
agrícolas da semeação na primavera, quando começam a diminuir os rigores
do inverno e os dias se tornam mais claros e longos.
Em algumas regiões da Irlanda, como nos condados Munster, de Connaught
e algumas localidades fronteiriças de Ulter, uma das principais tradições que
se efetuavam no dia de Santa Brigida consistia em ir de casa em casa
disfarçados com vestes grotescas e transportando uma rústica representação
da Santa, que podia ser uma boneca adornada com palhas entrelaçadas e

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com cintas coloridas. Em muitas localidades do Sul do país, os homens se


vestiam do mesmo modo esfarrapado com roupas de mulher, e ocultavam os
rostos com máscaras de facções horríveis.
Quando se aproximava o dia da Santa Brigida, os camponeses irlandeses
saíam para dar uma volta qualquer em seus campos de lavoura. Com essa
ação consideravam que era favorecida a chegada do bom tempo, que
necessitavam para efetuar os trabalhos agrícolas da temporada.
Os pescadores irlandeses também esperavam uma melhoria no tempo
quando se aproximava a festa de Santa Brigida. Nesse dia era quando
reiniciava a temporada de pesca e os habitantes dos povoados costeiros
recolhiam algas para adubar os campos. Em Galway, se acreditava que a
pesca seria abundante si no dia dessa Santa se colocasse um caracol
(molusco marinho) nos quatro cantos da casa. (Danaher, 1972: 14)

Os irlandeses acreditavam que a Santa Brigida visitava suas casas na noite do


dia de sua festa para benzer o gado e seus donos. Como oferenda à santa, os
mais devotos deixavam na janela um pedaço de pão, um pouquinho de
manteiga ou alguns biscoitos, inclusive alguns deixavam um feixe de trigo
para servir de comida à vaca branca que sempre acompanhava à Santa.
Outros deixavam uma faixa, um pedaço de tecido ou qualquer outra prenda,
para que fosse tocado quando a Santa passasse. Esses objetos eram
guardados depois cuidadosamente, pois tinham a virtude de proteger em
qualquer situação de perigo à quem os transportasse.

Brigid era tão poderosa que São Patrício, arcebispo de toda a Irlanda,
concede a Kildare autonomia total. O fogo sagrado de Kildare foi mantido
aceso até 1220, quando o arcebispo Henry de Dublin ordena, para desespero
da população, que fosse extinto. Posteriormente a chama sagrada volta a
arder, até que Henrique VIII e a Reforma Protestante mandaram eliminar o
Kildare.

A "Vita Brigitae" afirma que a Santa Brigida morreu em 1 de fevereiro de 525,


dia de celebração da Deusa Brighid.

Durante a Idade Média o culto a Santa Brigida se estendeu por todas as Ilhas
Britânicas e grande parte da Europa. Inclusive na Espanha a veneravam em
pequenas capelas em Navarra e em Andalucia (Breeze, 1988).

A CRUZ DE BRIGID
As práticas e costumes referentes a Brigid ainda hoje são muito populares na
Irlanda e na Escócia, especialmente na zona rural. A cruz de Brigid é feita de
palha de trigo, um poderoso símbolo solar que é fixado nos telhados e no
interior das casas e nas portas dos estábulos para proteção dos lares e do
gado.

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Nas ilhas de Aran (Irlanda) essas cruzes se conservavam a vida toda, as quais
serviam de um dato importante para se poder deduzir a antiguidade da
vivenda, devido precisamente ao número de cruzes acumuladas. Para
confeccionar as cruzes deviam entrelaçar as palhas da esquerda para a
direita, seguindo o curso do sol.

Faça você mesmo sua Cruz de


Brighid
Esta cruz pode ser feita com galhos, junco ou material natural flexível.

Siga os passos de acordo com a figura:

1. Divida o material em dois conjuntos de galhos, colocando-os um sobre o


outro, perpendicularmente, exatamente na metade.
2. Dobre e trance o primeiro galho sobre o último (ficará paralelo ao
primeiro).
3. Dobre e trance o galho seguinte sobre o último seguinte (ficará paralelo ao
segundo galho).
4. Continue a dobrar e trançar os galhos até ficar satisfeito com a sua arte. O
centro da cruz apresentará uma tecedura de agradável apresentação.
5. Por fim, com lã ou fibras naturais, prenda o conjunto para que fique firme
e o trançado não se desfaça.

Outro costume bem popular é o de a invocar sempre que é colocado fogo na


lareira. Nas ilhas de Hébridas, dizem que Santa Brígida protege
especialmente as mulheres que vão dar à luz. Em Ulter, quando um a mulher
está para dar à luz, a parteira coloca um cruz da Santa Brigida nos quatro
cantos da casa e depois canta os seguintes versos:

Four corners to her bed,


four angels at her head.
Mark, Matthew, Luke and John;
God bless the bed that she lies on.
New moon, new moon, God bless me.
God bless this house and family (Dames, 1992: 257).

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OUTRAS ASSOCIAÇÕES
Além de estar diretamente ligada ao elemento fogo, associa-se também a
água e à cura. Muitas fontes da Irlanda são a ela dedicadas. A absorção deste
elemento pela fé cristã, só comprova a sobrevivência de Brighd, na forma de
Deusa e não tão somente como santa.
Suas vacas produziam um lago de leite e proporcionavam alimentos
inesgotáveis. Mas ela punia com muito rigor quem as roubasse, geralmente
através de afogamento ou escaldamento. Através da magia, Brigid
multiplicava anualmente a sua produção de manteiga.

Ela também estava ligada à produção e consumo da cerveja, bebida muito


apreciada pelos celtas.

Reza a lenda que, com uma só medida de malte, Brígida era capaz de
produzir cerveja a todos os que a pedissem. Um milagre associado à Cristo,
aqui vemos adaptado à realidade celta.

EPÍTETOS DA SANTA BRÍGIDA


Vejamos alguns deles: Brighid do Oeste; Do pequeno povo das fadas; da
Profecia; Da tribo do Manto Verde; Das Hostes Imortais; da Doce Melodia;
Da Harpa; Mãe das Canções e da Música; Do Amor Puro; Criadora das
Ondas; Senhora do Mar; Da Tríplice Chama.

DIA DE BRIGID - "IMBOLC"

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BRIGID também foi vista como uma Deusa ligada ao ciclo anual. Ela presidia
o começo da primavera, que, no ciclo dos antigos festivais do fogo, começava
na véspera de primeiro de fevereiro, Imbolc, ou o Dia de Brigid. A palavra
Imbolc significa literalmente "dentro do ventre" (da Mãe). A semente que foi
plantada no Solstício de Inverno está se desenvolvendo. Esta festa é chamada
de "Dia de Brigid" em honra a Deusa irlandesa Brigid. Suas festas eram
repletas de fogos sagrados, simbolizando o fogo do nascimento e da cura, o
fogo da força e o fogo da inspiração poética. Brigid é a noiva sagrada, e seu
templo é o santuário do fogo divino, o qual representa o fogo do sol.
Seguindo a tradição celta, deixe o fogo de sua lareira queimar
completamente na véspera do dia de Brigid. Na manhã seguinte, prepare
uma fogueira com cuidado especial. Pegue nove (ou sete) pequenos galhos,
tradicionalmente de tipos diferentes de árvores e os acenda. Então, prepare
a fogueira com os galhos acesos, enquanto declama três vezes:

Brigid, Brigid, Brigid, a chama mais brilhante! Brigid, Brigid, Brigid, nome sagrado!

Um outro costume do dia de Brigid é plantar uma árvore frutífera. A Igreja


incorporou este o dia de Brigid como sendo a Festa da Purificação da Virgem
Maria. No paganismo esta é a época em que a Grande Mãe volta a ser
novamente a Jovem Deusa Solteira. Uma lenda escocesa, relaciona Brigid
com Caileach. Esta última, era também conhecida como a Carline ou Mag-
Moullach e era o aspecto da Velha Deusa no ciclo anual. Estava ligada às
trevas e ao frio do inverno e assumia a direção no ciclo das estações em
Samhaim, a véspera do primeiro de novembro. Ela portava o bastão negro do
inverno e castigava a terra com frias forças contrativas que ressecavam a
vegetação. Com o fim do inverno, ela passava o bastão do poder para Brigid,

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em cujas mãos ele se tornava um bastão branco que estimulava a germinação


das sementes plantadas na terra negra. As forças expansivas da natureza
começavam então a se manifestar. Por vezes, essas duas deusas eram
retratadas em batalha pelo controle das forças da natureza. Dizia-se até que
Cailleach aprisionava Brigid sob as montanhas no inverno. Mas o melhor
modo de reconhecê-las é vê-las e considerá-las como duas facetas de uma
deusa tríplice das estações: a
Velha Cailleach do Inverno, a
Donzela Brigid da Primavera e a Mãe-Deusa do viço do
Verão e da frutificação do Outono. No Festival de Imbolc é
costume, no final da tarde de véspera, se colocar velas (laranja), em todas as
janelas da casa e deixá-las acesas até o amanhecer. Também deve anteceder
às festividades, um ritual de purificação e limpeza da casa. A celebração
também envolvia a feitura de uma Boneca Noiva com as últimas gavelas de
milho do ano anterior. Podemos conceber aqui a Deusa Brigid com atributos
da Deusa do milho. Por meio do ciclo dos Festivais do Fogo (Samhain,
Imbolc, Beltane e Lammas), os antigos povos celtas celebravam as diferentes
energias da roda do ano. Isso era vivido especialmente como o poder do fogo
manifestando-se em diferentes níveis. Brigid chega em nossas vidas
portando a chama da inspiração. Você está sem energia? Falta-lhe
motivação? Está tão perdido que não sabe que rumo tomar? Você sonha com
algo, mas não se sente com coragem de realizá-lo? Esta é a hora e a vez de
alimentar sua totalidade e interioridade com a centelha energética da Deusa
Brigid. Ela nos diz que uma vida sem o calor de sua chama de inspiração é
totalmente insípida. Abra seu coração e permita que a inspiração seja o
alimento de sua alma, para que você possa se tornar mais segura(o) e
energética. Ritual para Brigit e a família. Precisará de: Uma vela vermelha.
(Deve ser nova e feita de cera vermelha pura. Não use uma vela branca
coberta por cera vermelha. Use esta vela somente para Brigid) Quatro pães.
Um copo grande de leite. Um xale branco, feito de lã Dois copos. Um com o
leite, o outro vazio. Dois pratos. Um com os quatro pães. Fósforos. Este ritual
deve ser feito pela mulher da casa, mas pode ser feito por qualquer um que é
o "chefe" da sua casa. Se você sente-se confortável, tente falar as palavras em
Irlandês. Estas invocações e rezas foram escritas por Robert Kaucher mas
são baseadas em rezas e poemas tradicionais e fazem parte da tradição celta
desde a época pagã. Ajoelhe-se em frente a vela com suas mão abertas no
gesto de invocação. Imagine o espirito brilhante de Brigid em seu aspecto
triplo. A Brigid no centro é uma guerreira. Ela é a defensora da casa e a
lareira. Está escrito que na batalha de Allen (Irlanda - 772) ela apareceu
sobre os guerreiros de Linster como uma Deusa da Guerra e destruiu as
forças inimigas. Em sua mão esquerda ela está segurando uma lança, na
outra ela tem uma chama.

Fale:

Tógfaidh mé mo thinne inniu i láthair na nDéithe naofa neimhe, i láthair Bríd is áille cruth, i
láthair Lugh na n-uile scéimh, gan fuath, gan tnúth gan formad, gan eagla gan uamhan neach

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faoin ngréin, agus NaohmMháthair dom thearmann. A Dhéithe, adaígí féin i mo chroí istigh
aibhleog an ghrá Dom namhaid, do mo ghaol, dom chairde, don saoi, don daoi, don tráill, ón ní
ísle crannchuire go dtí an t-ainm is airde.

Tradução:

Eu construo meu fogo hoje na presença dos Deuses Sagrados do Céu. na presença de Brigid da
forma bonita na presença de Lugh de todas as belezas sem ódio, sem inveja, sem ciúmes, sem
medo ou horror de ninguém sob o sol porque meu refugio é a Mãe Sagrada. Ó Deuses,
acendam o fogo de amor dentro do meu coração, por meus inimigos, por meus parentes, por
meus amigos pelo sábio, o ignorante, e o escravo da coisa mais humilde até o nome mais alto.

(-Baseado num poema tradicional; é possível achar o original em An Duanaire)

Acenda o fogo, levante o fósforo, como se fosse o fogo divino dos Deuses,
baixe o fósforo e acenda a vela.

Invocação de Brigid:

O povo fala:

A Bhríd bheannaithe 's a Mháthair Déithe 's a Mháthair Daoine. Go sábhála tú mé ar gach uile
olc, Go sábhál tú mé idir anam is chorp.

Tradução:

Ó Brigid abençoada, Mãe de Deuses, Mãe dos Homens, Me salva de cada mal, Me salva, alma e
corpo.

A sacerdotisa coloca seu xale sobre a cabeça e fala:

A Bríd bhuach, Glaoim (Glaomaid) thú, a Bhandia Mhór, ó do áit leis na Tuatha Dé Dannan.
Banfhile na nDéithe, Cosantóir an Teallaigh, Banbhreitheamh na bheatha

Tradução:

Ó Brigid vitoriosa, Chamo (Chamamos) você, Grande Deusa, de seu lugar com as Tuatha Dé
Dannan. Poetisa dos Deuses Defensora da Lareira Juíza da Vida

A sacerdotisa oferece o leite, colocando-o no copo vazio perto da vela. Agora


ela coloca três pães no prato para o pão e coloca o prato perto da vela. Ela
fala uma simples reza pedindo à Deusa a aceitar a oferta do leite e pão.
Depois ela fala uma reza para abençoar o resto do pão e leite que os
participantes vão dividir.

Com seus braços cruzados sobre o peito ela fala:

Ó Deusa Brigid, Prepara nossas corações Para que amor possa viver. No mundo escuro Deixa-

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nos sempre ter tua Luz. Deixa tua capa cobrir essa família, No meio do inverno Deixa teu fogo
esquentar. Nossas vidas são uma vida Nossos sonhos, um sonho só. Deixa meu povo dividir na
vida e sempre conhecer tua bondade. (Ó Mãe de Deuses) Defenda-nos com teu escudo Vigia-
nos com teu olhos. Deixa meu povo ser teu povo, Seja no mar ou na terra. O cordeiro sempre
correrá para a ovelha, O passarinho sempre chorará por comida, O bezerro sempre procurará a
vaca, A Brigid sempre será conosco.

A sacerdote toma um pouco do leite e pão, e passa-o para os outros


participantes. Eles bebem e comem o pão. Deixe a vela acesa por algum
tempo. Depois, a sacerdotisa ajoelha-se em frente a vela com as mão abertas.
Ela faz uma reza de agradecimento para Brigid.

Depois fala assim:

Coiglím an tine seo leis na fearta a fuair na Draoithe. Na Déithe á conlach, nár spiúna aon
námhaid í. Go ndéana Bríd díon dár dtigh, dá bhfuil ann istigh, dá bhfuil as amuigh. Claímh
Nuadha ar an doras go dtí solas an lae amárach.

Eu apago este fogo com os poderes dos Druidas Os deuses guardam-no, nenhum inimigo
disperse-o. Brigid seja o teto sobre nossa casa Para todos dentro E para todos fora. A espada de
Nuadha na porta, Até a luz da manha.

Extinga o fogo.

Todos falam:

Slán leat, a Bhríd! O ritual acabou.

Todos se abraçam e falam:

na Déithe dhuit ou Beannacht na nDéithe ort.

Retirado de Creideamh- um caminho Celta

TEXTO PESQUISADO E DESENVOLVIDO POR


ROSANE VOLPATTO

IN: http://www.rosanevolpatto.trd.br/deusabrigid.htm

Helena Felix (Gaia Lil) às 09:35

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Que o Poder Infinito da Deusa e da Mãe Natureza


purifique seus caminhos.

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Helena Felix (Gaia Lil)


Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Uma pessoa comum que busca o sagrado e o encontra na forma da Grande Mãe...
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