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Novas linhas de trabalho e o preconceito

Muita Polemica existe sobre a chegada de novas linhas de trabalho e de divisões de linhas
antigas. Linha dos Piratas, Linha dos Cangaceiros, Linha dos Mendigos, etc.

Proponho aqui uma reflexão

Sabemos que a Umbanda foi fundada com a Tríade: Caboclo - Preto Velho - Criança. E que logo
após foi acrescentada as Sete Linhas de Umbanda. Na qual alinha de marinheiro já se incluía
como Povo D'agua.

Com o passar dos anos pela Umbanda ser uma religião de natureza agregadora, como se vê na
mistura de elementos em sua criação e liturgia, tendo contato e absorvendo, portanto
características de outras linhas de trabalho com a mediunidade de incorporação, ela foi
agregando elementos que não eram tradicionais.

Como por exemplo, o Atabaque, as roupas coloridas, entre outros que não inviabilizaram a
prática das casas que agregaram esses elementos continuarem a serem chamadas de
Umbanda as casas que professavam essa doutrina.

Da mesma forma foi acrescentado pelo contato e pela absorção de membros, o sacrifício
ritual, algumas obrigações, etc.

Esse texto não visa debater o que é válido na Umbanda ou não. Essa é só uma explicação das
atuais "misturas" que muitas vezes de forma hipócrita são tão mal faladas.

Conforme a Umbanda foi se "misturando" ela foi tendo contato com outras linhas.

As linhas de Mestres da Jurema, a Linha de Boiadeiro, presente em varias vertentes religiosas


como na Jurema, e no candomblé de caboclo. A linha dos Exús (já aglomerados na linha de
Santo) de forma mais expressiva como na Macumba Carioca, entre outros.

Dai podemos dizer que as Linhas da Umbanda já não eram as originais: As 7 Linhas Básicas dos
Orixás + Caboclo - Preto Velho - Criança.

Surge a Linha da Esquerda separadamente e o conceito de sub linha com os Caboclos de


Couro.

Mais tarde surge a linha dos Baianos. Como sub linha dos Pretos Velhos.

E houve em algumas partes do país uma separação da linha dos marinheiros.

Ora até aqui temos: As 7 Linhas Básicas dos Orixás + Caboclo com a sub linha de Boiadeiro +
Preto Velho com a sub linha de Baiano + Criança + Marinheiro + à esquerda.
Até aqui não se tem registro de que alguém dizia que isso não era UMBANDA. Ou que eram
inválidos essas linhas ou entidades. Se havia alguém que dissesse essa voz não tinha força
suficiente.

Com o tempo bem recente até, entidades de arquétipo Cigano começaram a se manifestar na
Umbanda. De inicio na Esquerda e após isso, pelas formas diferentes de trabalho começaram a
pedir a separação e agrupamento de sua linha de trabalho surgindo então a Linha dos Ciganos.

ATÉ AQUI TUDO BEM. TEMOS AS 7 LINHAS DOS ORIXÁS QUE COM TEMPO PASSAM EM
MUITAS CASAS A + 9 ou mais.

E as linhas de Trabalho. As fundadoras: Caboclo - Preto Velho - Criança. As novas linhas:


Boiadeiro + Baiano + Marinheiro +

Ciganos + a Esquerda.

Aí da mesma forma uma entidade oriunda dos cultos de Jurema, Mestre Seo José Pelintra
passa a se manifestar com seus enviados novamente NA LINHA DE EXÚ e forma também o seu
agrupamento astral, Os Malandros e com o tempo Dona Maria Navalha reúne as Malandras.

E de um tempo pra cá alguns malandros pedem a separação da linha.

E deu a primeira confusão. Algumas pessoas insistem em manter os malandros como um exú.
Por mais que o arquétipo assumido seja similar ele não é igual. A energia é diferente, por mais
que eles tenham surgido em grande número através da linha dos exús, isso se deu por uma
grande adaptabilidade deles.

Se pararmos pra pensar que os malandros são mentorados pelo primeiro Zé Pelintra que
espalhou sua falange, ou seja, os adaptou, em pelo menos 5 religiões sendo elas: Jurema,
Tambor de Mina, Umbanda, Candomblé, Quimbanda; e dentro da Umbanda em pelo menos 5
linhas: malandro, exú, baiano, boiadeiro e preto velho. Podemos pensar que não existe uma
linha mais adaptável que essa por ser mentorada por um verdadeiro mestre da adaptação.
Como diz o ditado um malandro sabe entrar e sair de qualquer lugar.

Se contarmos com essa linha temos então:

As Linhas dos Orixás com diversas configurações aceitas nas diferentes vertentes.

As linhas de Trabalho. As fundadoras: Caboclo - Preto Velho - Criança. As novas linhas:


Boiadeiro + Baiano + Marinheiro +

Ciganos + Malandro e Exú.

De 3 Linhas de arquétipo de trabalho hoje temos 9. E as pessoas ainda insistem em


argumentar:
"SE VIER OUTRO ESPIRITO PRA UMBANDA ELE TEM QUE SE ADAPTAR AO ARQUÉTIPO DAS
LINHAS EXISTENTES!!!"

Mas não sabemos que as linhas triplicaram os arquétipos com o tempo? Cada qual com seu
fundamento trazido como tempo e nos habituamos a isso?

Sabemos pela historia da fundação da Umbanda aquela célere frase do caboclo das Sete
Encruzilhadas:

"Assim como Maria acolhe em seus braços o filho, a tenda acolherá aos que a ela recorrerem
às horas de aflição; *todas as entidades serão ouvidas, e nós aprenderemos com aqueles
espíritos que souberem mais e ensinaremos aqueles que souberem menos e a nenhum
viraremos as costas e nem diremos não, pois esta é a vontade do Pai” *.

Então pergunto a você A linha da Malandragem não existe? Não está dentro dos conformes
ditado pelo caboclo para a própria Tenda fundada por ele? Ela pode não ser uma das linhas
que compõe a tríade porem a própria Umbanda enquanto de posse do comando do Caboclo
das 7 Encruzilhadas, seu mentor e fundador a nível espiritual, recebeu acréscimos e mudanças
inclusive de linhas. Vide o Orixá Mallet e os marinheiros que compunham a linha de povo
d'água (uma das mais antigas na umbanda). Na primeira manifestação foram apenas Caboclos
e Pretos velhos. Depois não mudou? Não chegaram outros trabalhadores espirituais? Não
foram acrescentadas outras linhas?

Se hoje o comando de certa linha concluiu, que seria melhor redirecionar algumas entidades
que já se agrupavam como os piratas na linha dos marinheiros que estão acostumados a fazer
um trabalho mais especializado com desmanche de alta densidade energética negativa,
porque não permitir que essas entidades se agrupem de forma diferenciada como foi feita
com outras? Porque não permitir que os espíritos inseridos nessa linha resgatem outros da sua
afinidade e lhes dê a mesma oportunidade de crescimento espiritual?

Da mesma forma os Cangaceiros. Por que não permitir que esse povo mais carrancudo
acostumado a luta da vida, a guerra não atue da sua forma própria dentro da Lei Maior se
agrupando?

Ah Pai, mas o que um mendigo pode ensinar?

Humildade, resignação. E se nada disso for suficiente que tal ser um exemplo de vários erros
cometidos?

"A nenhum viraremos as costas e nem diremos não", lembra? Se pudermos aprender algo com
eles e através disso darmos uma oportunidade deles evoluírem...porque não?

Quantas vezes nos centros Kardecistas espíritos de ex-obsessores, sofredores e afins chegam e
contam sua historia que serve de lição moral? Não bastaria isso?

E por ultimo, quem disse que essa linha não existia antes dentro das próprias linhas ou até
separadamente e agindo em conjunto? Quem disse que ela é nova? Então por que nós na terra
não sabemos de algo ela não existe? Até 1944 nada no Brasil evidenciava a vida espiritual tão
bem como Nosso Lar. E ainda assim ela já existia.

Deixo a vocês essa reflexão e no caso de duvida sobre a existência da linha ou veracidade da
entidade sempre existe aquela possibilidade de analisar a proposta dela e a mensagem que ela
trai.

Axé a todos

Pai Mateus de Xangô (Larel Dara)

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