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[Produção textual] Estruture o parágrafo.

Aprenda o que é
o tópico frasal.
conversadeportugues.com.br/2015/03/topico-frasal/

Muitos estudantes têm dúvidas sobre a maneira mais adequada de estruturar um texto
dissertativo-argumentativo. Em outros artigos aqui do Conversa de Português, eu já
mostrei como o texto deve ser organizado, mas é necessário chamar atenção para a
construção dos parágrafos que o compõem.

O que é um parágrafo-padrão?
Em geral, o parágrafo-padrão consta de três partes, em um modelo que se assemelha à
estrutura geral do texto: a introdução, o desenvolvimento e a conclusão (GARCIA, 2007, p.
222). A primeira parte é composta por um ou dois períodos iniciais, em que se
apresenta a ideia principal (o tópico frasal); a segunda é a explanação da ideia-núcleo e a
terceira, que não chega a ser um item obrigatório.

O tópico frasal pode ser apresentado de diversas maneiras.


I. Declaração inicial
O autor do texto afirma ou nega alguma coisa para, em seguida, justificar ou
fundamentar sua afirmação. Seus argumentos podem ser apresentados sob forma de
exemplos, confrontos, analogias, razões, restrições.

Exemplo:
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A pronúncia exata do grego antigo é, ainda hoje, objeto de especulação dos estudiosos. Por
esse motivo, há três sistemas de pronúncia do grego antigo: a pronúncia erasmiana
(criada pelo sábio Erasmo de Rotterdam na Renascença), a pronúncia restaurada (uma
tentativa de criar a pronúncia do grego do dialeto ático, tal como era falado no período
clássico em Atenas, tomando como base os escritos de antigos gramáticos) e a
pronúncia do grego moderno (que, apesar de não ser a mesma para o período clássico,
possui a vantagem de unir a língua antiga como sua continuação moderna. (VERNANT,
2002, p. 11)

2. Definição
Esse é um método didático por meio do qual , como já se pode supor, o autor
apresentará uma definição.

Exemplo:

A jaculatória é um gênero textual que se caracteriza por um conteúdo de grande fervor


religioso, estilo laudatório e invocatório (duas sequências injuntivas ligadas na sua
formulação imperativa), composição curta com poucos enunciados, voltada para a
obtenção de graças ou perdão, a depender da circunstância.

3. Divisão
É um processo didático, caracterizado pela objetividade e pela clareza. O tópico frasal é
apresentado sob forma de divisão ou discriminação de ideias.

Exemplo:

A literatura “brasileira”nos primeiros anos de colonização é uma literatura: a) de


missionários dedicados à obra de catequese; b) de viajantes ou recém-chegados desejosos
de dar notícias ou impressões sobre a terra e o homem do novo continente; c) de
algumas incipientes vozes literárias. Essa literatura se fez não somente em língua
portuguesa, mas também em idiomas estrangeiros. Obviamente só nos interessa a que
se incorporou às letras pátrias: das em língua estrangeira daremos apenas breve
informação. (POSSENTI, 2012, p. 36)

4. Interrogação
Pode-se iniciar o parágrafo com uma interrogação direta, mas o autor não se pode
esquecer de que o desenvolvimento deverá responder ou esclarecer a indagação feita
no tópico frasal.

Exemplo:

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Em que consistiria o domínio do português padrão? Do ponto de vista da escola, trata-se
em especial (embora não só) da aquisição de determinado grau de domínio da escrita e da
leitura. É evidentemente difícil fixar os limites mínimos satisfatórios que os alunos
deveriam poder atingir […]. (POSSENTI, 2012, p. 19)

Garcia (2007) considera que a interrogação inicial esconde um tópico frasal


por declaração ou definição. É o que podemos observar no exemplo acima, em que todo
segundo período do parágrafo aparece como uma definição do que é considerado
português padrão.

Para ver mais sobre a estrutura do texto dissertativo, leia também:

A estrutura do texto dissertativo-argumentativo

Como fazer uma boa dissertação?

Referências bibliográficas:

ELIA, S. Fundamentos histórico-linguísticos do português do Brasil . Rio de Janeiro:


Nova Fronteira, 2003.

GARCIA, O.M. Comunicação em prosa moderna. 27. ed. Rio de Janeiro: 2007.

MARCUSCHI, L.A. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONISIO, A. P.;


MACHADO, A. R.; BEZERRA, M. A. Gêneros textuais & Ensino. 4. ed. Rio de Janeiro: Lucerna,
2005.

POSSENTI, S. Por que (não) ensinar gramática na escola. Campinas: Mercado das
Letras, 2012.

VERNANT, J.P. Entre mito e política. 2.ed. São Paulo: EdUSP, 2002.

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