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R
Determinação em Linha de Tamanho de
T
Partículas na Polimerização em Suspensão
I
Alexandre F. Santos, Enrique L. Lima e José Carlos Pinto
G
O
Resumo:: A técnica de espectrofotometria na região do infra-vermelho próximo (NIR) é usada nesse
trabalho para avaliar e controlar de forma contínua e em linha a evolução do tamanho médio de partí-
cula em polimerizações de estireno em suspensão. Os resultados obtidos mostram que os espectros de
T
NIR são sensíveis a modificações das condições de operação, podendo dessa forma prover informa-
ções sobre a evolução dinâmica da distribuição de tamanhos de partícula e sobre a estabilidade da
É
suspensão durante a polimerização. Observa-se que a manipulação das variáveis normalmente utiliza-
das para modificar as curvas de distribuição de tamanhos, tais como a velocidade de agitação e a
C
concentração de agente estabilizante, não causa modificações significativas na cinética da polimerização.
Finalmente, experimentos mostram que a monitoração e controle contínuo da polimerização com a
N
técnica de NIR permite projetar e obter distribuições de tamanho com valores médios pré-especifica- I
dos, o que aponta para potencial desenvovlvimento de aplicações industriais.
C
Palavras-chave:: Infravermelho próximo, tamanho de partícula, polimerização, suspensão, análise em linha. O
AD/DA HD
KEY
Banho Banho
Frio quente purificação adicional.
Figura 1. Esquema da unidade experimental
0,8
1,8
100
1,6 0,7
80
1,4
0,6
60
1,2
0,5 40
1,0
0,8 0,4 20
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Fatores 0
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0
(B) 200 Tempo - h
(B) 200
Tamanho de partícula (NIR) - micra
160
180
Tamanho de partícula (NIR) - micra
160
120
140
120
80
100
80
40
60
40
0
0 40 80 120 160 200
20
Tamanho de partícula experimental - micra
0
Figura 2. (A) Teste de validação cruzada de modelos PLS e (B) 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
predições do modelo NIRMOD1. Tamanho de partícula experimental - micra
Figura 3. (A) Monitoramento do tamanho de partícula no exp. 18
entes de correlação (usando conjunto de dados de via espectrofotometria e, (B) predições do modelo NIRMOD2.
calibração). Observa-se que um mínimo de 8 fa-
tores deve ser utilizado para a predição adequada batelada. Conforme apresentado na Figura 3A, o
de tamanho médio de partícula a partir de espec- modelo de calibração é capaz de acompanhar a
tros na região NIR. O modelo a 8 fatores foi deno- tendência dos tamanhos de partícula experimen-
minado NIRMOD1. Na Figura 2B, verifica-se que tais obtidos através de microscopia eletrônica (re-
a capacidade preditiva do modelo para o novo presentados por pontos centrados em barras de
conjunto de dados é muito similar à capacidade erro que correspondem a duas vezes o desvio pa-
do modelo descrito anteriormente (Santos et al., drão da distribuição), fornecendo informações
1998). sobre a dinâmica das gotas/partículas ao longo da
O modelo NIRMOD1 foi aplicado no monito- reação.
ramento do experimento 18, no qual condições O sucesso no monitoramento do tamanho de
mais complexas de operação foram empregadas partícula no experimento 18 motivou a realização
para geração de dados para a calibração. Neste de uma nova estratégia de calibração. Já que o
experimento, a concentração de agente de suspen- espectrofotômetro realizava predições acuradas de
são foi incrementada gradativamente ao longo da tamanho ao longo do processo, resolveu-se inves-
Conversão
lhos diversificados (Henriques et al., 1998),
possibilitando a obtenção de conjuntos de dados
mais uniformes que, se fossem obtidos experimen- 40
talmente, demandariam um enorme esforço e um
custo proibitivo do ponto de vista do laboratório.
20
Os resultados da Figura 3A estão uniformente
distribuídos na faixa de 30 a 120 µm. Assim, um
novo modelo PLS foi elaborado a partir do con- 0
junto de dados aumentados. Os resultados da 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0
calibração a partir do modelo PLS a 8 fatores são Tempo - h
apresentados na Figura 3B. Observa-se que nesta (B) 100000
Exp 17
abordagem os valores preditos apresentam melho- Exp 18
ra significativa. Este novo modelo foi denomina- Exp 19
do NIRMOD2 e utilizado no acompanhamento em 80000
60000
Resultados e discussões
40000
Conforme exposto na Tabela 1, os experimen-
tos 17, 18 e 19 receberam perturbações específi-
cas na velocidade de agitação e concentração de
20000
agente de suspensão. Para os propósitos deste tra-
balho, o mais importante é observar que tais per- 0
2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0
turbações são efetivas nas alterações da DTP, sem Tempo - h
introduzir muitas modificações nas demais variá-
Figura 4. (A) Evolução da conversão e (B) peso molecular ponderal
veis do processo de polimerização. Este aspecto médio para as corridas 17, 18 e 19.
pode ser verificado na Figura 4, na qual se obser-
va semelhança das curvas de conversão e cons- (DTP governada pelos fenômenos de rompimen-
tância dos pesos moleculares ao longo dos to). Em seguida, um estágio viscoso é estabeleci-
experimentos. do com correspondente queda da taxa de
As Figuras 5A e 5B apresentam a evolução rompimento (DTP governada pelos fenômenos de
dos tamanhos médios de partícula para os experi- coalescência).
mentos 17 e 19 medidos por espectrofotometria e Objetivando a obtenção de tamanhos de partí-
microscopia eletrônica. Observa-se no experimen- cula específicos, foram realizados experimentos
to 17 elevada região de confiança da média expe- com os agentes de suspensão PES (exp. 20) e PVA
rimental da carga final, fruto da bimodalidade da (exps 21, 22 e 23), utilizando o modelo NIRMOD2
DTP resultante. Tanto no exp. 17 quanto no exp. e a estratégia de controle descrita em Santos et al.
19 a tendência dos tamanhos observada pelo (1999), a qual estabelece a manipulação da velo-
espectrofotômetro são confirmadas pelos resulta- cidade de agitação no reator de acordo com os
dos experimentais, e estão de acordo com a des- tamanhos de partícula preditos pelo espectro-
crição de Kiparissides (1996). Segundo o autor, fotômetro.
ocorre inicialmente no reator de polimerização em No experimento 20, ajustou-se a concentração
suspensão um período de redução do tamanho de PES em 1,10 g/L e executou-se a reação com
180 2000
RPM
220
Tamanho de partícula - micra
160
124
140 136 120
126
120 120
105
100 100
80
80
60
(PES) g/L
2,0
40 60
20 1,0
0 0,0 40
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 32
Tempo - h 20
Figura 5. Tamanhos de partícula e condições operacionais: (A) exp.
17 - (B) exp 19. 0
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0
Tempo - h
manipulação da velocidade de agitação, obje- Figura 6. Acompanhamento do tamanho de partícula: (A) exp 20 e
tivando alcançar o tamanho médio de 60 micra. A (B) exps 21, 22 e 23.
Figura 6A mostra que a evolução dos tamanhos
preditos pelo espectrofotômetro está em ótima do instrumento para prover informações sobre a
concordância com os dados experimentais e o dinâmica das partículas.
valor final obtido – 53 micra – está muito próxi-
mo do desejado.
Foram realizados dois experimentos utilizan- Conclusão
do PVA, nas concentrações de 2,0 e 2,5 g/L, fi-
xando o valor desejado de tamanho de partícula Este trabalho demonstra que, o uso combinado
em 110 micra (exps 21 e 22). Um terceiro experi- da espectrofotometria de infravermelho próximo e a
mento (exp.23) foi realizado com PVA a 5,0 g/L, técnica de regressão nos mínimos quadrados parci-
visando alcançar o tamanho de 30 micra. A Figu- ais (PLS) permite a determinação em tempo real de
ra 6B apresenta os resultados obtidos nos ex- tamanhos de partícula em reatores de polimerização
perimentos com PVA, indicando a elevada de estireno em suspensão. Os resultados demons-
concordância entre os valores de tamanho de par- tram que os espectros de absorção são capazes de
tícula preditos pelo espectrofotômetro e o os da- responder a diferentes condições operacionais,
dos experimentais, bem como a alta capacitação fornececendo informações sobre a dinâmica das par-
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