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Eduardo Pereira Monteiro

Prof.ª Débora

LIBRAS B

03 de maio de 2019

Relatório

No dia 26 de abril de 2019 foram apresentados três grupos cujos os grupos abordaram as
temáticas em torno da mistificação da Línguas de Sinais Brasileiras. Os três temas são: 1)
Libras? Que língua é essa? Crenças e preconceitos em torno da língua de sinais e da realidade
surda. 2) Libras. Que língua é essa?. 3) O surdo.

DO GRUPO 1

O primeiro grupo abordou a temática “Libras? Que língua é essa? Crenças e Preconceitos em
torno da língua de sinais e da realidade surda” sua apresentação iniciou com o questionamento
sobre se a língua de sinais é universal. Suas respostas foram sonoramente “não!” Cada sociedade
tem sua forma e organização em relação com as línguas de sinais em cada região, logo, cada país
a priori possui seu sistema único. Foram apresentados exemplos como a LGP (Lingua Gestual
Portuguesa), SLN (Sign Language of Netherland) e ASL (American Sign Language) que
também assim como a LIBRAS, são linguas de sinais de outras regiões do globo.

Abordaram também a questão sobre se a língua de sinais eram uma língua artificial, e assim
como a resposta anterior, a resposta foi “não”, a Língua de Sinais, é também uma língua natural,
não oralizada e que faz parte das constituintes de culturas surdas. Onde existirem pessoas surdas,
as línguas de sinais também existiram, uma vez em que elas faz parte dessas culturas de forma
natural, assim como a oralização é natural para outras comunidades não-surdas. Fizeram a
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diferenciação entre “línguas artificiais” e “línguas de naturais” entre essas categorias foram
apresentadas as formas de linguagem “esperanto” e “gestuno”. Essas línguas artificiais são
estabelecidas por determinados grupos delimitados cujo o objetivo tem um propósito específico e
limitado, não podendo ser acessada com facilidade ou ensinadas, já que não surgiram para este
intuito. Contrário das línguas naturais que facilmente podem ser ensinadas e por si própria
estabelece como premissa básica a universalização da comunicação seja ela qual for oralizada ou
não.
Assim como outras línguas naturais, a língua de sinais, em sua constituição também possui sua
própria gramática. Isso não quer dizer que a língua de sinais seja pura gramática, e que as
pessoas falam pausadamente cada letra do alfabeto. Não, a língua de sinais tem constituições e
paramentos para o uso da gramática. Estes parâmetros são regidos e complementados pelos
seguintes requisitos: a) Configuração de mão (CM), b) Ponto de articulação (PA) ou Locação
(L), c) Movimento (M), Orientação das mãos (O) e d) Expressão Facial e Corporal.

Por fim, o grupo fez a diferenciação entre “mimica” e “língua de sinais”, deixando claro que as
LS’s não são mímica e que suas convenções dão-se por meio de expressões gramaticais,
simbólicas, expressões corporais, etc. Enquanto a mímica diz respeito a um mero esforço para
representar um objeto do mundo por meio não gramaticais, tentando representá-lo como o é no
mundo. Assim, a conclusão foi que todo surdo tem a capacidade de discutir conceitos abstratos
como a tristeza, a alegria, o amor, ou para além, conceitos filosóficos.

DO GRUPO 2

Libras. Que língua é essa? O segundo grupo trabalho com o mesmo texto, e começou
questionando e dando continuidade às questões anteriores do outro grupo. “Línguas de sinais são
exclusivamente icônicas?” A resposta foi “não” pois, a iconicidade é usada na língua de sinais
por meios convencionais e sistematizados, e principalmentes pautados sobre uma gramática
própria. Levando em conta a noção espaço-visual, significância dos sinais e a forma.
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Diferenciando-se assim das “pantomimas” que são línguas icônicas ligadas ao teatro cujo o
significado é vazio, por ser uma forma de comunicação superficial e simplesmente performática.
Foram apresentadas exemplos também da iconicidade na linguagem oralizada.

O grupo trouxe a partir da leitura do texto, a questão “a língua de sinais é um código secreto dos
surdos?” a resposta foi “não”, já que a língua de sinais é passível de ser aprendida por qualquer
um, com seu devido aparato instrucional. Foram apresentados exemplos históricos de repressão a
comunidade surda, pois, em um dado momento histórico, criaram uma mitologia sobre uma
espécie de comunicação secreta entre surdos, assim, acarretou que foi usado a violência para
reprimi-los e fazer com que fossem oralizados a força para que não falassem em sinais.

Assim, o grupo debateu também questões sobre o fundamento da língua de sinais na língua
oralizada, desmentindo que as LS’s tenham suas bases históricas pautadas na oralização e
principalmente que as LS’s não são uma versão sinalizada das línguas oralizadas. Ou seja, elas
são línguas independentes. Por fim, o grupo debateu a questão da unidade da LIBRAS no
território nacional com exemplos facilmente compreensíveis, que mostraram que não é, a
LIBRAS assim como o Português possui “sotaques” e formas de falar determinadas coisas. Um
sinal usado no Amazonas para um objeto X pode ter outro sinal no Estado de São Paulo por
exemplo.

DO GRUPO 3

“O Surdo”, o grupo três debateu temáticas sobre o preconceito, a terminologia correta a ser usada
para pessoas surdas e a questão sensorial. Bem, o grupo mostrou que a forma correta de tratar
uma pessoa surda é de fato usar o termo “surdo” e não “surdo-mudo”, pois, apesar da surdez
existir, isso não significa dizer que não possa haver a possibilidade de comunicação oral, pois, a
surdez não necessariamente é um impedimento a expressão oral. Para além do mais, pessoas
surdas, possuem uma língua “visual-espacial”. De toda forma é errado chamar de “surdo-mudo”
alguém que é surdo, pois, além dos fatores biológicos erroneamente e mitologicamente
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enfatizados como empecilho, é sabido a carga de preconceito que a sociedade carrega sobre estas
terminologias.

O grupo trouxe o questionamento sobre as condições sensoriais. O surdo vive no silêncio


absoluto? A resposta foi “não” pois, as pessoa surdas podem sentir as vibrações sonoras, ruídos
via aparelhos auditivos, e é desta forma que eles interpretam vibrações, ritmos, batidas. Podendo
aprender a dançar, serem DJs, bailarinos, etc. Surdos são tão normais quanto qualquer pessoa
oralizada e dita “normal”. Em relação a música, as pessoas surdas, não conseguem interpretar as
ondas sonoras por muitas vezes terem os nervos nos tímpanos comprometidos, mas sentem as
vibrações que essas ondas causam nas extremidades do corpo, nos pés, nas mãos, no peito, como
qualquer outro indivíduo e disso conseguem induzir a intensidade das ondas.

Além disso, o grupo questionou a noção de “silêncio” e de “som”. Pessoas surdas têm visões
diferentes de pessoas oralizadas sobre estes termos. Por fim, o grupo trouxe o questionamento se
pessoas surdas precisam ser oralizadas para conviver em uma sociedade majoritariamente
ouvinte? A resposta foi “não!” pois, a oralização é um processo não normal para uma pessoa
surda, logo, a melhor forma de integrá-lo à sociedade é aprendendo sua língua natural, que no
caso é a língua de sinais e aprendendo mais sobre sua cultura, pois, a comunidade surda tem sim
uma cultura própria, pedagogias surdas. A comunidade surda tem toda uma estrutura formada
prestes a ser reconhecida enquanto tal perante a comunidade ouvinte. O grupo enfatizou esta
questão principalmente em relação ao ensino. É mais fácil ensinar a uma pessoa surda quando se
conhece de sua cultural, contrário à opressão e a impossição da oralização a esta comunidade.

DO GRUPO 4

O grupo quatro abordou as problemáticas sobre as crenças de que surdos não podem escrever ou
falar por preguiça. As respostas foram “não”, pessoas surdas podem falar se assim elas quiserem,
e pessoas surdas também podem escrever assim como qualquer outra pessoa. Foi apresentado um
exemplo de um texto escrito por uma pessoa surda em Língua de Sinais transcrevida e a sala
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analisou o texto como correto, pois, apesar de ser diferente da gramática portuguêsa, o texto foi
escrito conforme a pessoa falava. Conforme a gramática dos sinais. Também foi apresentado a
questão da aquisição da Língua Portuguesa por parte de pessoas surdas, por meio da imposição
social. O grupo apresentou o exemplo de um fator escolar do qual uma aluna tem medo de
escrever por meio de ser julgada como incapaz. O preconceito sobre as pessoas surdas e a
questão educacional. A pressão social que é feita sobre estas pessoas para que elas sejam
oralizadas.

O grupo abordou também a questão do aprendizado da Língua Portuguesa, Estrangeira e dá de


Sinais. Se isto era um problema ou não, a resposta foi que não, surdos podem aprender e também
pautaram a questão da crença em torno da necessidade da Língua oral para a sobrevivência na
sociedade. Isto é um mito, eles precisam primeiro aprender sua forma natural, que no caso é por
meio da Língua de Sinais e depois fazem a integração com o resto da sociedade de forma natural.

Assim como a questão da oralização ou não por parte da vontade de pessoas surdas, o grupo
abordou a questão da Leitura Labial. Todos os surdos fazem leitura labial? Não! não são todos os
surdos que fazem leitura labial, e também não são todos que sentem esse interesse. Mas muitos
também querem e acabam por aprender a fazer a leitura labial. O grupo apresentou um exemplo
de uma funcionária de uma escola que é surda e que se comunicava por meio da leitura labial e
que sofria em alguns casos por isso, pois, os outros funcionários brigavam com ela como se fosse
obrigação dela saber fazer isto.

DO GRUPO 5

A surdez é um problema para os surdos? a resposta é não. Toda essa mitologia foi criada a partir

de uma visão distorcida por meio da parcela ouvinte de uma patologia. Quando na verdade, os

surdos não são patológicos e que não precisam serem oralizados para serem despatologizados.
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Assim, foi apresentado um dado do IBGE de 2010 em que no Brasil havia pelo menos 2 milhões

de pessoas surdas, logo, a comunidade surda não é um subgrupo da sociedade, e sim um grupo

relativamente grande.

O grupo também trouxe à tona a discussão sobre o conceito de “deficiência” reforçando que

pessoas surdas não são deficientes e sim que são pessoas normais. Ver a surdez como uma

deficiência é uma forma de violência , pois isto reafirma e legitima um discurso de segregação

social.

Além dos preconceitos o grupo abordou a questão clínica e biológica sobre os graus de surdez.

Na questão biológica apresentaram os índices hereditários e as deformidades congênitas por

parte do cromossomo X ou alguma outra má-formação e porcentagem dos fatores que

influenciam a surdez intrauterina, que é em torno de 70%. Existem pelo menos 7 tipos de surdez

hereditárias. Apresentaram também os fatores externos, peri-natal, quando a surdez é induzida

por alguma forma de violência obstétrica ou alguma doença/virose, que podem induzir a este

quadro. As ISTs como a sífilis, a herpes e outras podem induzir a estes quadros. Apresentaram

também os graus de surdez que vão de 25dB até o grau mais auto, acima de 90dB. Normal até

25dB, Leve até 26-40dB, Moderada, 40-80dB, Alta/Profunda acima de 90dB.

O grupo apresentou a questão do uso do aparelho auditivo e a funcionabilidade no sistema

auditivo do ser humano. Apresentaram como o ouvido se comporta com o aparelho e como a

pessoa se sente ao usar. Apresentaram também os grupos para os quais o uso é indicado. A
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determinação dos grupos leva-se em conta, a idade, a necessidade, o grau de surdez. E

questionaram também a questão da melhoria da qualidade de vida de uma pessoa surda com o

aparelho. A conclusão foi que nem sempre o aparelho causa uma melhoria, apenas em

determinados casos. Os casos de surdez profunda e hereditária quase nunca os aparelhos ajudam,

apenas atrapalham, pois, machucam a estrutura do sistema auditivo da pessoa e se torna

incômodo.

Disto, o grupo debateu a questão de tecnologias futuras para a comunidade surda como o

"implante coclear" que possui riscos e benefícios a saúde da pessoa surda. E que pode se torna

uma realidade no futuro, porém, existem restrições e contra-indicações para o implante que são

implantadas pelo Ministério da Saúde.

Do grupo 6

O grupo seis abordou a história dos surdos desde o período clássico. Dos primeiros filósofos. O

grupo expôs que o primeiro filósofo a pensar numa forma de inclusão foi Sócrates 4 séculos

antes de Cristo. Abordaram a exclusão dos surdos pela parte cristã conforme a bíblia prega. Após

isso abordaram a questão medieval em que os surdos eram obrigados a serem oralizados e

proibidos de usar a língua de sinais. No século XVII começaram a surgir os primeiros

professores surdos (catalogados pela história) e as primeiras escolas na França especializadas

para surdos. Após isso o grupo abordou a história das primeiras escolas públicas e privadas na

Europa Por consequência o grupo abordou a era contemporânea e sua formulação de suas
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primeiras instituições e leis que foram surgindo no Brasil. Os avanços legislativos de 2002 até

2019.

Do grupo 7

O grupo sete ficou encarado do artigo "O orgulho de ser surdo" o grupo começou com a questão

da diferenciação do orgulho de ser surdo e o orgulho da sua língua de sinais, entre brasileiros e

norte-americanos com base na pesquisa de McCleary. A diferenciação do patriotismo

norte-americano e brasileiro mostra que os surdos brasileiros sentem-se subalternos ao afirmar

socialmente seu orgulho pelo fato de ser surdo e pela língua, enquanto os norte-americanos

tendem a ter mais prestígio por si próprios em afirmar isto. No caso do Brasil, segundo o grupo,

o surdo brasileiro, pelo fato de sofrer preconceito institucional e social, tendem a não se impor

politicamente em relação ao seu orgulho de ser surdo.

A afirmação do ser surdo, para McCleary é um ato político e seu traçado científico busca

indentificar isto no povo brasileiro. O grupo abordou também a questão das comemorações do

"setembro azul", exploraram as principais datações das conquistas dos surdos. 1) 06/09 e 11/09

em Milão em 1889 quando o uso de línguas de sinais foi proibido. 2) 23/09 Dia internacional das

Línguas de Sinais. 3) 26/09 Dia Nacional do Surdo. 4) 30/09 Dia do tradutor.

Explicatam o motivo da comemoração do congresso de Milão baseado na conquista que veio

após esse congresso, que foi a liberação e puderam usar novamente as línguas de sinais. Em
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1999, Paddy Ladd, um doutor surdo usava uma fita azul em seu braço, comemorou abertamente

o orgulho de ser surdo. Após isso, a cor azul turquesa foi adotada pela comunidade como

símbolo. Em 1988 na universidade de Gallaudet o Doutor I. King Jordan assumiu a presidência

da academia de surdos da universidade, por conseguinte, ele também era surdo o que reforçava

ainda mais a ideia de uma representatividade surda no campus.

O grupo contextualizou a diferenciação social entre os EUA e o BR e a questão do orgulho.

Mostraram que na história das revoluções americanas (Negros, Mulheres, Gays, Hispânicos) e

consequentemente os Surdos tiveram um levante mais adiantado que o do BR e que é um mito a

crença de que o surdo brasileiro não tem orgulho de sua língua de sinais, pois, são fatores

históricos que definiram esse mito e visão social do orgulho da pessoa surda. Orgulho da língua e

de ser surdo andam juntos, logo, o surdo brasileiro por si só, ao se afirmar enquanto pessoa

surda, não tem vergonha, ao contrário, ele tem orgulho de ser.

O grupo questionou também sobre as relações de preconceito no âmbito familiar, no quesito de

exclusão, o que acaba por gera na criança uma impotência de si, levando-o a não ter orgulho de

ser surdo. O que é uma realidade de muitas familiar por não terem conhecimento da língua de

sinais.

Por fim, o grupo abordou a história do movimento "orgulho de ser surdo" a partir das conquistas

das pessoas surdas na Universidade Gallaudet em 1857 com os investimentos financeiros a partir

dos congressos políticos da época. Na universidade eram aceitas preferencialmente pessoas


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surdas, mudas e cegas. A partir destad afirmações, o movimento foi surgindo. Com as conquistas

vieram as reivindicações. Os alunos exigiam que mais de 50% do setor administrativo fosse

formado por pessoas surdas pois, não fazia sentido ter pessoas não-surdas representando pessoas

surdas. Então, os alunos conseguiram fechar a universidade por uma semana com a prerrogativa

de "queremos um presidente surdo!" Em seus cartazes e foi assim que em 1988 o primeiro

presidente da academia foi eleito.

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