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Conselheiro de tiranos
Essa interpretação está ligada também a visão de seus escritos como base teórica do
absolutismo, ao lado de Thomas Hobbes e Bossuet, sem, no entanto, contemplar-se os
Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio em que faz elogios à forma
republicana de governo.
Foi muito difundida no século XVI e encontram-se aproximadamente 400 peças[22] que
citam Maquiavel, todas vinculando seu nome à maldade, a ardilosidade e a falta de
escrúpulos. William Shakespeare, por exemplo, o coloca em uma fala de Ricardo,
Duque de Gloucester na sua peça Henrique VI[23]
Uma segunda interpretação diz que ao escrever O Príncipe, Maquiavel tentava alertar o
povo sobre os perigos da tirania, tendo entre seus adeptos, Baruch de Espinoza e Jean-
Jacques Rousseau. Este último escreveu "(…) é o que Maquiavel fez ver com evidência.
Fingindo dar lições aos reis, deu-as, e grandes, aos povos."[24] Foi defendida
recentemente por estudiosos da obra dele como Garret Mattingly.
Há os que afirmam ser "O Príncipe" uma sátira dos costumes dos governantes ou que o
autor não acreditaria no que escreveu, baseando esta afirmação na preferência que teria
Maquiavel pela República como forma de governo. Contudo o autor também faz críticas
a República.[25][26]
Nacionalista
[editar] Pensamento
Maquiavel não foi um pensador sistemático.[28][29] Ele utiliza o empirismo para escrever
através de um método indutivo e pensa em seus escritos como conselhos práticos, sendo
além disso antiutópico e realista.[28] A teoria não se separa da prática em Maquiavel.[29]
Os conceitos desenvolvidos por ele rompem com a tradição medieval teológica e
também com a prática, comum durante o Renascimento, de propor Estados imaginários
perfeitos, os quais os príncipes deveriam ter sempre em mente. A partir da observação
da política de seu tempo e da comparação desta com a da Antiguidade vai formular o
seu pensamento por acreditar na imutabilidade da natureza humana.
Ética
A ética em Maquiavel se contrapõe à ética cristã herdada por ele da Idade Média. Para a
ética cristã, as atitudes dos governantes e os Estados em si estavam subordinados a uma
lei superior e a vida humana destinava-se à salvação da alma. Com Maquiavel a
finalidade das ações dos governantes passa a ser a manutenção da pátria e o bem geral
da comunidade, não o próprio, de forma que uma atitude não pode ser chamada de boa
ou má a não ser sob uma perspectiva histórica.[36]
Para ele, a natureza humana seria essencialmente má e os seres humanos querem obter
os máximos ganhos a partir do menor esforço, apenas fazendo o bem quando forçados a
isso.[39] A natureza humana também não se alteraria ao longo da história[39] fazendo com
que seus contemporâneos agissem da mesma maneira que os antigos romanos e que a
história dessa e de outras civilizações servissem de exemplo. Falta-lhe um senso das
mudanças históricas.[26]
Como consequência acha inútil imaginar Estados utópicos, visto que nunca antes postos
em prática e prefere pensar no real.[26] Sem querer com isso dizer que os seres humanos
ajam sempre de forma má, pois isso causaria o fim da sociedade, baseada em um acordo
entre os cidadãos. Ele quer dizer que o governante não pode esperar o melhor dos
homens ou que estes ajam segundo o que se espera deles.[3
HOBBES
Na obra Leviatã, explanou os seus pontos de vista sobre a natureza humana e sobre a
necessidade de governos e sociedades. No estado natural, enquanto que alguns homens
possam ser mais fortes ou mais inteligentes do que outros, nenhum se ergue tão acima
dos demais por forma a estar além do medo de que outro homem lhe possa fazer mal.
Por isso, cada um de nós tem direito a tudo, e uma vez que todas as coisas são escassas,
existe uma constante guerra de todos contra todos (Bellum omnia omnes). No entanto,
os homens têm um desejo, que é também em interesse próprio, de acabar com a guerra,
e por isso formam sociedades entrando num contrato social.
De acordo com Hobbes, tal sociedade necessita de uma autoridade à qual todos os
membros devem render o suficiente da sua liberdade natural, por forma a que a
autoridade possa assegurar a paz interna e a defesa comum. Este soberano, quer seja um
monarca ou uma assembleia (que pode até mesmo ser composta de todos, caso em que
seria uma democracia), deveria ser o Leviatã, uma autoridade inquestionável. A teoria
política do Leviatã mantém no essencial as ideias de suas duas obras anteriores, Os
elementos da lei e Do cidadão (em que tratou a questão das relações entre Igreja e
Estado).
Thomas Hobbes defendia a ideia segundo a qual os homens só podem viver em paz se
concordarem em submeter-se a um poder absoluto e centralizado. Para ele, a Igreja
cristã e o Estado cristão formavam um mesmo corpo, encabeçado pelo monarca, que
teria o direito de interpretar as Escrituras, decidir questões religiosas e presidir o culto.
Neste sentido, critica a livre-interpretação da Bíblia na Reforma Protestante por, de
certa forma, enfraquecer o monarca.
Sua filosofia política foi analisada pelo estudioso Richard Tuck como uma resposta para
os problemas que o método cartesiano introduziu para a filosofia moral. Hobbes
argumenta, assim como os céticos e como René Descartes, que não podemos conhecer
nada sobre o mundo exterior a partir das impressões sensoriais que temos dele. Esta
filosofia é vista como uma tentativa para embasar uma teoria coerente de uma formação
social puramente no fato das impressões por si, a partir da tese de que as impressões
sensoriais são suficientes para o homem agir em sentido de preservar sua própria vida, e
construir toda sua filosofia política a partir desse imperativo.
Hobbes ainda escreveu muitos outros livros falando sobre filosofia política e outros
assuntos, oferecendo uma descrição da natureza humana como cooperação em interesse
próprio. Ele foi contemporâneo de Descartes e escreveu uma das respostas para a obra
Meditações sobre filosofia primeira, deste último.
LOCKE
Locke rejeitava a doutrina das ideias inatas e afirmava que todas as nossas ideias tinham
origem no que era percebido pelos sentidos. Escreveu o Ensaio acerca do Entendimento
Humano, onde desenvolve sua teoria sobre a origem e a natureza de nossos
conhecimentos.
Para Bernard Cottret, biógrafo de João Calvino, contrastando com a história trágica da
brutal repressão aos protestantes em França no século XVI, e a própria intolerância e
zelo religioso radical de João Calvino em Genebra, o nome de John Locke está
intimamente associado à tolerância. Uma tolerância que os franceses aprendem a
valorizar apenas na década de 80 do século XVII, quase às portas do Iluminismo. Como
Voltaire afirmou, a tolerância é para os franceses um artigo de importação. Bernard
Cottret afirma: "a tolerância é o produto de um espaço geográfico específico,
nomeadamente o noroeste da Europa. Ou seja: a Inglaterra e a Holanda. E ela é no final
em especial a obra de um homem - John Locke - a quem o século XVII dedica um culto
permanente".[2]
Dentre os escritos políticos, a obra mais influente foi o tratado em duas partes, Dois
Tratados sobre o Governo (1689). A primeira descreve a condição corrente do governo
civil; a segunda parte descreve a justificação para o governo e os ideais necessários à
viabilização. Segundo Locke todos são iguais e que a cada um deverá ser permitido agir
livremente desde que não prejudique nenhum outro. Com este fundamento deu
continuidade à justificação clássica da propriedade privada ao declarar que o mundo
natural é a propriedade comum de todos, mas que qualquer indivíduo pode apropriar-se
de uma parte dele ao misturar o trabalho com os recursos naturais. Este tratado também
introduziu o "proviso de Locke", no qual afirmava que o direito de tomar bens da área
pública é limitado pela consideração de que "ainda havia suficientes, e tão bons; e mais
dos ainda não fornecidos podem servir", por outras palavras, que o indivíduo não pode
simplesmente tomar aquilo que pretende, também tem de tomar em consideração o bem
comum.
Locke pode ser considerado como o marco da democracia liberal com a importância
dada pelo seu pensamento à ideia de tolerância. O que estava em jogo era, obviamente,
a tolerância religiosa, contra os abusos do absolutismo. Todavia, seu pensamento chega
até hoje pelo sucesso das democracias liberais que se baseiam nos valores da liberdade e
da tolerância. Eles são a base dos direitos humanos como até hoje previstos pelas cartas
de direitos. Por tudo isso se pode dizer que os valores defendidos por John Locke são
até hoje a base da democracia moderna. [3].
Entretanto tal tolerância não se aplica aos povos indígenas que por não estarem
associados ao restante da humanidade no uso do dinheiro [4] poderiam ser equiparados a
bestas de caça ou bestas selvagens [5], o que serviu de base ideológica para a tomada das
terras e extermínio de populações indígenas; nem aos papistas (católicos) que seriam
como serpentes, dos quais nunca se conseguiria que abram mão de seu veneno com um
tratamento gentil" [6].
Locke é considerado pelos seus críticos como sendo "o último grande filósofo que
procura justificar a escravidão absoluta e perpétua"[7]. Ao mesmo tempo que dizia que
todos os homens são iguais, Locke defendia a escravidão (sem distinguir que fosse a
relativa aos negros).
Porém, ao analisar essa questão, deve-se levar em conta o período histórico em que
Locke se encontrava, da mesma forma que ocorre com outros grandes filósofos, como
Aristóteles, que foi o primeiro a fazer um tratado político defendendo a escravidão. Na
época a escravidão era uma prática comum, isso o classificaria como um homem da
época. Para muitos, este fato não diminui a enorme quantidade de ideias,
revolucionárias para a época, produzidas por ele.
Também é necessário lembrar que a defesa da escravidão não está ligada à grande ideia
política central, que une ele aos outros liberais clássicos: Os Direitos Naturais do ser
humano. Visto que a longa trajetória do liberalismo teve o exato início com John Locke,
e que é notório que as ideologias mudam bastante com o tempo e com as gerações
posteriores, está óbvio que o liberalismo por si não detém nenhum vínculo com a defesa
da escravidão.
ROUSSEAU
Ao defender que todos os homens nascem livres, e a liberdade faz parte da natureza do
homem, Rousseau inspirou todos os movimentos que visavam uma busca pela
liberdade. Incluem-se aí as Revoluções Liberais, o Marxismo, o Anarquismo etc.
Sua influência se faz sentir em nomes da literatura como Tolstói e Thoreau, influencia
também movimentos de Ecologia Profunda, já que era adepto da proximidade com a
natureza e afirmava que os problemas do homem decorriam dos males que a sociedade
havia criado e não existiam no estado selvagem. Foi um dos grandes pensadores nos
quais a Revolução Francesa se baseou, apesar de esta se apropriar erroneamente de
muitas de suas ideias.
O estado de natureza, tal como concebido por Rousseau, está descrito principalmente
em seu livro Discurso sobre a Origem e Fundamentos da Desigualdade Entre Homens.
Além disso, o homem natural não pode prever o futuro ou imaginar coisas além do
presente. Em outras palavras, a natureza de si corresponde perfeitamente ao exterior. No
Ensaio, Rousseau sugere que o homem natural não é sequer capaz de se distinguir de
outro ser humano. Essa distinção requer a habilidade de abstração que lhe falta. O
homem natural também ignora o que é comum entre ele e um outro ser humano. Para o
homem natural, a humanidade para no pequeno círculo de pessoas com quem ele está no
momento. "Eles tiveram a ideia de um pai, filho, irmão, e não de um homem. A cabine
continha todos os seus companheiros … Fora eles e suas famílias, não havia mais nada
no universo. " (Ensaio, IX) A compaixão não poderia ser relevante fora do pequeno
círculo, mas também essa ignorância não permitia a guerra, como os homens não se
encontravam com praticamente ninguém. Homens, se quisessem, atacavam em seus
encontros, mas estes raramente aconteciam.
Até então, Rousseau toma posição contra a teoria do estado de natureza hobbesiano. O
homem natural de Rousseau não é um "lobo" para seus companheiros. Mas ele não está
inclinado a se juntar a eles em uma relação duradoura e a formar uma sociedade com
eles. Ele não sente o desejo. Seus desejos são satisfeitos pela natureza, e a sua
inteligência, reduzida apenas às sensações, não pode sequer ter uma ideia do que seria
tal associação. O homem tem o instinto natural, e seu instinto é suficiente. Esse instinto
é individualista, ele não induz a qualquer vida social. Para viver em sociedade, é preciso
a razão ao homem natural. A razão, para Rousseau, é o instrumento que enquadra o
homem, nu, ao ambiente social, vestido. Assim como o instinto é o instrumento de
adaptação humana à natureza, a razão é o instrumento de adaptação humana a um meio
social e jurídico.
Não há dúvida de que Rousseau fez soprar um vento revolucionário sobre as ideias de
amor e ódio: ele debate a sexualidade como uma experiência fundamental na vida do ser
humano, a tomada de consciência da importância dos sentimentos de amor e ódio na
construção da sociedade humana e no seu desenvolvimento pessoal, e enfim, essa
abertura para o debate moderno sobre a divisão do amor entre amor conjugal e amor
passional. Pode-se atribuir a Rousseau a tentativa de estabelecer, na sociedade do século
XVIII, uma nova noção: a de que a personalidade do indivíduo, que concerne o
tratamento que ele dá aos outros e a sua própria sexualidade, é formada na infância.
A obra Do Contrato Social, publicada em 1762, propõe que todos os homens façam um
novo contrato social onde se defenda a liberdade do homem baseado na experiência
política das antigas civilizações onde predomina o consenso e dessa forma se garantam
os direitos de todos os cidadãos, e se desdobra em quatro livros.
No primeiro livro “Onde se indaga como passa o homem do estado natural ao civil e
quais são as condições essenciais desse pacto”, composto de nove capítulos, mostra
como acontece a passagem do homem natural ao civil e coloca os principais pontos
essenciais para que exista esse contrato. Primeiramente se aborda a liberdade natural,
nata, do ser humano, como ele a havia perdido, e como ele haveria de a recuperar. Dessa
forma, já no quarto capítulo, Rousseau condena a escravidão, como algo paradoxal ao
direito. A conclusão é que, se recuperando a liberdade, o povo é quem escolhe seus
representantes e a melhor forma de governo se faz por meio de uma convenção. Essa
convenção é formada pelos homens como uma forma de defesa contra aqueles que
fazem o mau. É a ocorrência do pacto social. Feito o pacto, pode-se discutir o papel do
“soberano”, e como este deveria agir para que a soberania verdadeira, que pertence ao
povo, não seja prejudicada. Além de uma forma de defesa, na verdade o principal
motivo que leva à passagem do estado natural para o civil é a necessidade de uma
liberdade moral, que garante o sentimento de autonomia do homem.
Observando as ideias contidas no livro O Contrato Social, não é difícil entender porque
certas pessoas chamam a obra de “a Bíblia da Revolução Francesa”. Foi grande a
influência política de suas ideias na França. A inspiração causadora das revoluções se
baseiam principalmente no conceito da soberania do povo, mudando o direito da
vontade singular do príncipe para a vontade geral do povo.
MONTESQUIEU
A lei é natural dos seres, própria deles. A lei deriva da natureza das coisas e não do
arbítrio (vontade) de um, qual seja a crítica ao sistema hobbesiano. É em virtude disso
que devemos ter em mente que o barão de La Brède foi sem dúvida um dos pensadores
mais renomados e um articulador de ideias ricas de esplendor e princípios éticos e
morais embasados no cotidiano de sua época, e com conhecimentos úteis para o tempo
presente. Montesquieu foi o proclamador do Direito em virtude, e com a sua formação e
inteligência propôs divisões para o Direito em sua essência principal, que nada mais é
que prender-se à igualdade e liberdade de cada cidadão.