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Maquiavel

Conselheiro de tiranos

Essa análise começou a difundir-se com a Reforma e a Contra-Reforma. Se até então


suas obras eram ignoradas, a partir daí, o autor e suas obras passaram a ser vistos como
perniciosos, sendo forjada a expressão "os fins justificam os meios", não encontrada em
sua obra.[20][21]

Essa interpretação está ligada também a visão de seus escritos como base teórica do
absolutismo, ao lado de Thomas Hobbes e Bossuet, sem, no entanto, contemplar-se os
Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio em que faz elogios à forma
republicana de governo.

Foi muito difundida no século XVI e encontram-se aproximadamente 400 peças[22] que
citam Maquiavel, todas vinculando seu nome à maldade, a ardilosidade e a falta de
escrúpulos. William Shakespeare, por exemplo, o coloca em uma fala de Ricardo,
Duque de Gloucester na sua peça Henrique VI[23]

[editar] Conselheiro do povo

Uma segunda interpretação diz que ao escrever O Príncipe, Maquiavel tentava alertar o
povo sobre os perigos da tirania, tendo entre seus adeptos, Baruch de Espinoza e Jean-
Jacques Rousseau. Este último escreveu "(…) é o que Maquiavel fez ver com evidência.
Fingindo dar lições aos reis, deu-as, e grandes, aos povos."[24] Foi defendida
recentemente por estudiosos da obra dele como Garret Mattingly.

Há os que afirmam ser "O Príncipe" uma sátira dos costumes dos governantes ou que o
autor não acreditaria no que escreveu, baseando esta afirmação na preferência que teria
Maquiavel pela República como forma de governo. Contudo o autor também faz críticas
a República.[25][26]

Nacionalista

No cenário da Europa do século XIX, durante as Guerras Napoleônicas, com a


Alemanha e a Itália fragmentadas e com os nacionalismos internos surgindo, forma-se a
visão de Maquiavel como um nacionalista exaltado, disposto a tudo pela união e defesa
da Itália.

Hegel, Herder, Macaulay e Burd foram alguns de seus defensores,[27] certamente


fundamentando sua interpretação no capítulo final de O Príncipe em que Maquiavel faz
uma apaixonada defesa de uma Itália unificada, afirmando que um povo só pode ser
feliz e próspero se estiver unido.

[editar] Pensamento

Maquiavel não foi um pensador sistemático.[28][29] Ele utiliza o empirismo para escrever
através de um método indutivo e pensa em seus escritos como conselhos práticos, sendo
além disso antiutópico e realista.[28] A teoria não se separa da prática em Maquiavel.[29]
Os conceitos desenvolvidos por ele rompem com a tradição medieval teológica e
também com a prática, comum durante o Renascimento, de propor Estados imaginários
perfeitos, os quais os príncipes deveriam ter sempre em mente. A partir da observação
da política de seu tempo e da comparação desta com a da Antiguidade vai formular o
seu pensamento por acreditar na imutabilidade da natureza humana.

Ética

A ética em Maquiavel se contrapõe à ética cristã herdada por ele da Idade Média. Para a
ética cristã, as atitudes dos governantes e os Estados em si estavam subordinados a uma
lei superior e a vida humana destinava-se à salvação da alma. Com Maquiavel a
finalidade das ações dos governantes passa a ser a manutenção da pátria e o bem geral
da comunidade, não o próprio, de forma que uma atitude não pode ser chamada de boa
ou má a não ser sob uma perspectiva histórica.[36]

Reside aí um ponto de crítica ao pensamento maquiavélico, pois com essa justificativa,


o Estado pode praticar todo tipo de violência, seja aos seus cidadãos, seja a outros
Estados. Ao mesmo tempo, o julgamento posterior de uma atitude que parecia boa, pode
mostrá-la má.[37]

[editar] Natureza humana


"Mesmo as leis mais bem
ordenadas são impotentes diante
dos costumes" (…)[38]
— Maquiavel

Para ele, a natureza humana seria essencialmente má e os seres humanos querem obter
os máximos ganhos a partir do menor esforço, apenas fazendo o bem quando forçados a
isso.[39] A natureza humana também não se alteraria ao longo da história[39] fazendo com
que seus contemporâneos agissem da mesma maneira que os antigos romanos e que a
história dessa e de outras civilizações servissem de exemplo. Falta-lhe um senso das
mudanças históricas.[26]

Como consequência acha inútil imaginar Estados utópicos, visto que nunca antes postos
em prática e prefere pensar no real.[26] Sem querer com isso dizer que os seres humanos
ajam sempre de forma má, pois isso causaria o fim da sociedade, baseada em um acordo
entre os cidadãos. Ele quer dizer que o governante não pode esperar o melhor dos
homens ou que estes ajam segundo o que se espera deles.[3

HOBBES

Na obra Leviatã, explanou os seus pontos de vista sobre a natureza humana e sobre a
necessidade de governos e sociedades. No estado natural, enquanto que alguns homens
possam ser mais fortes ou mais inteligentes do que outros, nenhum se ergue tão acima
dos demais por forma a estar além do medo de que outro homem lhe possa fazer mal.
Por isso, cada um de nós tem direito a tudo, e uma vez que todas as coisas são escassas,
existe uma constante guerra de todos contra todos (Bellum omnia omnes). No entanto,
os homens têm um desejo, que é também em interesse próprio, de acabar com a guerra,
e por isso formam sociedades entrando num contrato social.

De acordo com Hobbes, tal sociedade necessita de uma autoridade à qual todos os
membros devem render o suficiente da sua liberdade natural, por forma a que a
autoridade possa assegurar a paz interna e a defesa comum. Este soberano, quer seja um
monarca ou uma assembleia (que pode até mesmo ser composta de todos, caso em que
seria uma democracia), deveria ser o Leviatã, uma autoridade inquestionável. A teoria
política do Leviatã mantém no essencial as ideias de suas duas obras anteriores, Os
elementos da lei e Do cidadão (em que tratou a questão das relações entre Igreja e
Estado).

Thomas Hobbes defendia a ideia segundo a qual os homens só podem viver em paz se
concordarem em submeter-se a um poder absoluto e centralizado. Para ele, a Igreja
cristã e o Estado cristão formavam um mesmo corpo, encabeçado pelo monarca, que
teria o direito de interpretar as Escrituras, decidir questões religiosas e presidir o culto.
Neste sentido, critica a livre-interpretação da Bíblia na Reforma Protestante por, de
certa forma, enfraquecer o monarca.

Sua filosofia política foi analisada pelo estudioso Richard Tuck como uma resposta para
os problemas que o método cartesiano introduziu para a filosofia moral. Hobbes
argumenta, assim como os céticos e como René Descartes, que não podemos conhecer
nada sobre o mundo exterior a partir das impressões sensoriais que temos dele. Esta
filosofia é vista como uma tentativa para embasar uma teoria coerente de uma formação
social puramente no fato das impressões por si, a partir da tese de que as impressões
sensoriais são suficientes para o homem agir em sentido de preservar sua própria vida, e
construir toda sua filosofia política a partir desse imperativo.

Hobbes ainda escreveu muitos outros livros falando sobre filosofia política e outros
assuntos, oferecendo uma descrição da natureza humana como cooperação em interesse
próprio. Ele foi contemporâneo de Descartes e escreveu uma das respostas para a obra
Meditações sobre filosofia primeira, deste último.

LOCKE

ohn Locke (Wringtown, 29 de agosto de 1632 — Harlow, 28 de outubro de 1704) foi


um filósofo inglês e ideólogo do liberalismo, sendo considerado o principal
representante do empirismo britânico e um dos principais teóricos do contrato social.

Locke rejeitava a doutrina das ideias inatas e afirmava que todas as nossas ideias tinham
origem no que era percebido pelos sentidos. Escreveu o Ensaio acerca do Entendimento
Humano, onde desenvolve sua teoria sobre a origem e a natureza de nossos
conhecimentos.

Dedicou-se também à filosofia política. No Primeiro tratado sobre o governo civil,


critica a tradição que afirmava o direito divino dos reis, declarando que a vida política é
uma invenção humana, completamente independente das questões divinas. No Segundo
tratado sobre o governo civil, expõe sua teoria do Estado liberal e a propriedade
privada.

Locke é considerado o protagonista do empirismo, isto é, a teoria denominada de


Tabula rasa (do latim, "folha em branco").[1] Esta teoria afirma que todas as pessoas
nascem sem saber absolutamente nada e que aprendem pela experiência, pela tentativa e
erro. Esta é considerada a fundação do "behaviorismo".

A filosofia política de Locke fundamenta-se na noção de governo consentido dos


governados diante da autoridade constituída e o respeito ao direito natural do ser
humano, de vida, liberdade e propriedade. Influencia, portanto, as modernas revoluções
liberais: Revolução Inglesa, Revolução Americana e na fase inicial da Revolução
Francesa, oferecendo-lhes uma justificação da revolução e a forma de um novo
governo. Para fins didáticos, Locke costuma ser classificado entre os "Empiristas
Britânicos", ao lado de David Hume e George Berkeley, principalmente pela obra
relativa à questões epistemológicas. Em ciência política, costuma ser classificado na
escola do direito natural ou jusnaturalismo.

Para Bernard Cottret, biógrafo de João Calvino, contrastando com a história trágica da
brutal repressão aos protestantes em França no século XVI, e a própria intolerância e
zelo religioso radical de João Calvino em Genebra, o nome de John Locke está
intimamente associado à tolerância. Uma tolerância que os franceses aprendem a
valorizar apenas na década de 80 do século XVII, quase às portas do Iluminismo. Como
Voltaire afirmou, a tolerância é para os franceses um artigo de importação. Bernard
Cottret afirma: "a tolerância é o produto de um espaço geográfico específico,
nomeadamente o noroeste da Europa. Ou seja: a Inglaterra e a Holanda. E ela é no final
em especial a obra de um homem - John Locke - a quem o século XVII dedica um culto
permanente".[2]

Dentre os escritos políticos, a obra mais influente foi o tratado em duas partes, Dois
Tratados sobre o Governo (1689). A primeira descreve a condição corrente do governo
civil; a segunda parte descreve a justificação para o governo e os ideais necessários à
viabilização. Segundo Locke todos são iguais e que a cada um deverá ser permitido agir
livremente desde que não prejudique nenhum outro. Com este fundamento deu
continuidade à justificação clássica da propriedade privada ao declarar que o mundo
natural é a propriedade comum de todos, mas que qualquer indivíduo pode apropriar-se
de uma parte dele ao misturar o trabalho com os recursos naturais. Este tratado também
introduziu o "proviso de Locke", no qual afirmava que o direito de tomar bens da área
pública é limitado pela consideração de que "ainda havia suficientes, e tão bons; e mais
dos ainda não fornecidos podem servir", por outras palavras, que o indivíduo não pode
simplesmente tomar aquilo que pretende, também tem de tomar em consideração o bem
comum.

Em Ensaio acerca do Entendimento Humano (1690), Locke propõe que a experiência é


a fonte do conhecimento, que depois se desenvolve por esforço da razão. Outra obra
filosófica notável é Pensamentos sobre a Educação, publicado em 1693. As fontes
principais do pensamento de Locke são: o nominalismo escolástico, cujo centro era a
Oxford; o empirismo inglês da época; o racionalismo defendido por René Descartes e a
filosofia de Malebranche.
[editar] A tolerância

Locke pode ser considerado como o marco da democracia liberal com a importância
dada pelo seu pensamento à ideia de tolerância. O que estava em jogo era, obviamente,
a tolerância religiosa, contra os abusos do absolutismo. Todavia, seu pensamento chega
até hoje pelo sucesso das democracias liberais que se baseiam nos valores da liberdade e
da tolerância. Eles são a base dos direitos humanos como até hoje previstos pelas cartas
de direitos. Por tudo isso se pode dizer que os valores defendidos por John Locke são
até hoje a base da democracia moderna. [3].

Entretanto tal tolerância não se aplica aos povos indígenas que por não estarem
associados ao restante da humanidade no uso do dinheiro [4] poderiam ser equiparados a
bestas de caça ou bestas selvagens [5], o que serviu de base ideológica para a tomada das
terras e extermínio de populações indígenas; nem aos papistas (católicos) que seriam
como serpentes, dos quais nunca se conseguiria que abram mão de seu veneno com um
tratamento gentil" [6].

[editar] A questão da defesa da escravidão

Locke é considerado pelos seus críticos como sendo "o último grande filósofo que
procura justificar a escravidão absoluta e perpétua"[7]. Ao mesmo tempo que dizia que
todos os homens são iguais, Locke defendia a escravidão (sem distinguir que fosse a
relativa aos negros).

Locke somente sustenta a escravidão pelo contrato de servidão em proveito do vencido


na guerra que poderia ser morto, mas assume o ônus de servir em troca de viver. Ou
seja, a questão da escravidão não é relevante no seu pensamento. Locke não defende a
escravidão fundada em raça, mas somente no contrato com o vencido na guerra. Locke
contribuiu para a formalização jurídica da escravidão na Província da Carolina, cuja
norma constitucional dizia: "(...) todo homem livre da Carolina deve ter absoluto poder
e autoridade sobre os escravos negros seja qual for a opinião e religião." Seus críticos
ainda afirmam que ele investiu no tráfico de escravos negros[8], enquanto acionista da
Royal African Company[9].

Porém, ao analisar essa questão, deve-se levar em conta o período histórico em que
Locke se encontrava, da mesma forma que ocorre com outros grandes filósofos, como
Aristóteles, que foi o primeiro a fazer um tratado político defendendo a escravidão. Na
época a escravidão era uma prática comum, isso o classificaria como um homem da
época. Para muitos, este fato não diminui a enorme quantidade de ideias,
revolucionárias para a época, produzidas por ele.

Também é necessário lembrar que a defesa da escravidão não está ligada à grande ideia
política central, que une ele aos outros liberais clássicos: Os Direitos Naturais do ser
humano. Visto que a longa trajetória do liberalismo teve o exato início com John Locke,
e que é notório que as ideologias mudam bastante com o tempo e com as gerações
posteriores, está óbvio que o liberalismo por si não detém nenhum vínculo com a defesa
da escravidão.
ROUSSEAU

Jean-Jacques Rousseau (Genebra, 28 de Junho de 1712 — Ermenonville, 2 de Julho


de 1778) foi um filósofo genebrino, escritor, teórico político e um compositor musical
autodidata. Uma das figuras marcantes do Iluminismo francês, Rousseau é também um
precursor do romantismo.

Ao defender que todos os homens nascem livres, e a liberdade faz parte da natureza do
homem, Rousseau inspirou todos os movimentos que visavam uma busca pela
liberdade. Incluem-se aí as Revoluções Liberais, o Marxismo, o Anarquismo etc.

Sua influência se faz sentir em nomes da literatura como Tolstói e Thoreau, influencia
também movimentos de Ecologia Profunda, já que era adepto da proximidade com a
natureza e afirmava que os problemas do homem decorriam dos males que a sociedade
havia criado e não existiam no estado selvagem. Foi um dos grandes pensadores nos
quais a Revolução Francesa se baseou, apesar de esta se apropriar erroneamente de
muitas de suas ideias.

A filosofia política de Rousseau é inserida na perspectiva dita contratualista de filósofos


britânicos dos séculos XVII e XVIII, e seu famoso Discurso sobre a origem e os
fundamentos da desigualdade entre os homens pode ser facilmente entendido como um
diálogo com a obra de Thomas Hobbes.

estado de natureza humano

O estado de natureza, tal como concebido por Rousseau, está descrito principalmente
em seu livro Discurso sobre a Origem e Fundamentos da Desigualdade Entre Homens.

A definição da natureza humana é um equilíbrio perfeito entre o que se quer e o que se


tem. O homem natural é um ser de sensações, somente. O homem no estado de natureza
deseja somente aquilo que o rodeia, porque ele não pensa e, portanto, é desprovido da
imaginação necessária para desenvolver um desejo que ele não percebe. Estas são as
únicas coisas que ele poderia "representar". Então, os desejos do homem no estado de
natureza são os desejos de seu corpo. "Seus desejos não passam de suas necessidades
físicas, os únicos bens que ele conhece no universo são a alimentação, uma fêmea e o
repouso".

Além disso, o homem natural não pode prever o futuro ou imaginar coisas além do
presente. Em outras palavras, a natureza de si corresponde perfeitamente ao exterior. No
Ensaio, Rousseau sugere que o homem natural não é sequer capaz de se distinguir de
outro ser humano. Essa distinção requer a habilidade de abstração que lhe falta. O
homem natural também ignora o que é comum entre ele e um outro ser humano. Para o
homem natural, a humanidade para no pequeno círculo de pessoas com quem ele está no
momento. "Eles tiveram a ideia de um pai, filho, irmão, e não de um homem. A cabine
continha todos os seus companheiros … Fora eles e suas famílias, não havia mais nada
no universo. " (Ensaio, IX) A compaixão não poderia ser relevante fora do pequeno
círculo, mas também essa ignorância não permitia a guerra, como os homens não se
encontravam com praticamente ninguém. Homens, se quisessem, atacavam em seus
encontros, mas estes raramente aconteciam.
Até então, Rousseau toma posição contra a teoria do estado de natureza hobbesiano. O
homem natural de Rousseau não é um "lobo" para seus companheiros. Mas ele não está
inclinado a se juntar a eles em uma relação duradoura e a formar uma sociedade com
eles. Ele não sente o desejo. Seus desejos são satisfeitos pela natureza, e a sua
inteligência, reduzida apenas às sensações, não pode sequer ter uma ideia do que seria
tal associação. O homem tem o instinto natural, e seu instinto é suficiente. Esse instinto
é individualista, ele não induz a qualquer vida social. Para viver em sociedade, é preciso
a razão ao homem natural. A razão, para Rousseau, é o instrumento que enquadra o
homem, nu, ao ambiente social, vestido. Assim como o instinto é o instrumento de
adaptação humana à natureza, a razão é o instrumento de adaptação humana a um meio
social e jurídico.

É justamente a falta de razão que possibilita o homem a viver naturalmente: a razão, ou


a imaginação que o permite considerar outro homem como seu alter-ego (ou seja, como
um ser humano também), a linguagem e a sociedade, tudo isso constitui a cultura, e não
são faculdades do estado de natureza. Mesmo assim, o homem natural já possui todas
essas características; ele é anti-social, mas é associável: "não é hostil à sociedade, mas
não é inclinável a ela. Foram os germes que se desenvolveram, e podem se tornar as
virtudes sociais, tendências sociais, mas eles são apenas potenciais."(Segundo Discurso,
Parte I). O homem é sociável, antes mesmo de socializar. Possui um potencial de
sociabilidade que somente o contato com algumas forças hostis podem expor.

[editar] Amor e ódio

Não há dúvida de que Rousseau fez soprar um vento revolucionário sobre as ideias de
amor e ódio: ele debate a sexualidade como uma experiência fundamental na vida do ser
humano, a tomada de consciência da importância dos sentimentos de amor e ódio na
construção da sociedade humana e no seu desenvolvimento pessoal, e enfim, essa
abertura para o debate moderno sobre a divisão do amor entre amor conjugal e amor
passional. Pode-se atribuir a Rousseau a tentativa de estabelecer, na sociedade do século
XVIII, uma nova noção: a de que a personalidade do indivíduo, que concerne o
tratamento que ele dá aos outros e a sua própria sexualidade, é formada na infância.

[editar] O Contrato Social

A obra Do Contrato Social, publicada em 1762, propõe que todos os homens façam um
novo contrato social onde se defenda a liberdade do homem baseado na experiência
política das antigas civilizações onde predomina o consenso e dessa forma se garantam
os direitos de todos os cidadãos, e se desdobra em quatro livros.

No primeiro livro “Onde se indaga como passa o homem do estado natural ao civil e
quais são as condições essenciais desse pacto”, composto de nove capítulos, mostra
como acontece a passagem do homem natural ao civil e coloca os principais pontos
essenciais para que exista esse contrato. Primeiramente se aborda a liberdade natural,
nata, do ser humano, como ele a havia perdido, e como ele haveria de a recuperar. Dessa
forma, já no quarto capítulo, Rousseau condena a escravidão, como algo paradoxal ao
direito. A conclusão é que, se recuperando a liberdade, o povo é quem escolhe seus
representantes e a melhor forma de governo se faz por meio de uma convenção. Essa
convenção é formada pelos homens como uma forma de defesa contra aqueles que
fazem o mau. É a ocorrência do pacto social. Feito o pacto, pode-se discutir o papel do
“soberano”, e como este deveria agir para que a soberania verdadeira, que pertence ao
povo, não seja prejudicada. Além de uma forma de defesa, na verdade o principal
motivo que leva à passagem do estado natural para o civil é a necessidade de uma
liberdade moral, que garante o sentimento de autonomia do homem.

No segundo livro “Onde se trata da legislação”, o autor aborda os aspectos jurídicos do


Estado Civil, em doze capítulos. As principais ideias são desenvolvidas a partir de um
princípio central, a soberania do povo, que é indivisível. O povo, então, tem interesses,
que são nomeados como “vontade geral”, que é o que mais beneficia a sociedade.
Evidentemente, o “soberano” tem que agir de acordo com essa vontade, o que
representa o limite do poder de tal governante: ele não pode ultrapassar a soberania do
povo ou a vontade geral. Mais a frente no livro, a corrupção dos governantes quanto à
vontade geral é criticada, garantindo-se o direito de tirar do poder tal governante
corrupto. Assim, se esse é o limite, o povo é submisso à lei, porque em última análise,
foi ele quem a criou; sendo a lei a condição essencial para a associação civil.

A terceira análise rousseauniana, corresponde ao livro terceiro, se refere às possíveis


formas de governo, que são a democracia, a aristocracia e a monarquia, e suas
características e princípios. A principal conclusão desse livro é a partir do oitavo
capítulo, em que tipo de Estado, que forma de governo funciona melhor – para
Rousseau, a democracia é boa em cidades pequenas, a aristocracia em Estados médios e
a monarquia em Estados grandes. Em contrapartida a essas adequações, no capítulo
décimo, o autor mostra como o abuso dos governos pode degenerar o Estado. Ainda, é
destacado no capítulo nono que o principal objetivo de uma sociedade política é a
conservação da propriedade de seus membros.

Observando as ideias contidas no livro O Contrato Social, não é difícil entender porque
certas pessoas chamam a obra de “a Bíblia da Revolução Francesa”. Foi grande a
influência política de suas ideias na França. A inspiração causadora das revoluções se
baseiam principalmente no conceito da soberania do povo, mudando o direito da
vontade singular do príncipe para a vontade geral do povo.

Transição do estado natureza para o estado civil

A transição do estado de natureza para a ordem civil transforma a liberdade do sujeito,


ocorrendo durante um período de “guerra de todos contra todos” que se iniciou com o
estabelecimento da propriedade privada e da ausência de instituições políticas e de
regras que impedissem a exploração entre as pessoas. Não havia cidadania neste período
pré-social (esse período, existente antes do contrato social, se caracterizava por uma
vida comum de disputas pela propriedade e pela riqueza). Para evitar as desigualdades,
advindas da propriedade privada e do poder que devido a ela as pessoas (ricos
proprietários) passam a exercer sobre outras pessoas (pequenos proprietários e
despossuídos), é firmado o contrato social.

Na transição para a vida em sociedade Rousseau é claro em escrever que: “O que o


homem perde pelo contrato social é a liberdade natural e um direito ilimitado a tudo
quanto aventura e pode alcançar. O que com ele ganha é a liberdade civil e a
propriedade de tudo o que possui.” (ROUSSEAU, 1978, p. 36)
Esta perda representa não apenas o desenvolvimento de faculdades racionais e
emocionais do indivíduo como também abre os precedentes para toda a violação da
liberdade, da segurança e da igualdade entre os sujeitos em coletividade.

As principais decorrências do estabelecimento da vida comunitária, segundo Rousseau,


se dão tanto no desenvolvimento (da consciência, da afetividade e dos desejos) de cada
indivíduo quanto nas novas organizações e ações que se impõem aos sujeitos com
advento da vida em sociedade. No que tange ao indivíduo a sua forma de viver é
alterada quando a vida coletiva potencializa as suas capacidades intelectuais. Para
Rousseau, isso ocorre tanto como causa quanto como efeito do contrato social; os
indivíduos têm de ter uma consciência e um amor não apenas de si, como outrora, como
também devem pensar nas consequências de seus atos em relação a outros indivíduos e
reconhecer a necessidade da convivência com estes outros indivíduos. Em suma o que
aparece no Contrato Social como pensamento racional-moral diz respeito às
capacidades de compreensão (sensorial e lógica), de formulação racional, de ação
(individual e coletiva) e de comunicação dos sujeitos que exercem tais faculdades nas
suas relações dentro da ordem civil. A própria ordem civil seria inviável se os sujeitos
não possuíssem tais capacidades cognitivas e afetivas e, assim não haveria como
estabelecer o contrato social se os indivíduos permanecessem apenas centrados no amor
próprio e agindo de forma irrestrita na satisfação de suas necessidades . Se bem que
neste ponto o argumento rousseauniano não é totalmente claro quanto às causas e aos
efeitos, pois ao mesmo tempo em que é preciso que o homem abandone alguns de seus
instintos naturais e aprenda a limitar a sua liberdade em função da sua necessidade do
outro, somente a vida em sociedade permite o desenvolvimento de tais capacidades.

MONTESQUIEU

• Montesquieu defendia a divisão do poder em três:


o Poder Executivo (órgão responsável pela administração do território e
concentrado nas mãos do monarca ou regente);
o Poder Legislativo (órgão responsável pela elaboração das leis e
representado pelas câmaras de parlamentares);
o Poder Judiciário(órgão responsável pela fiscalização do cumprimento
das leis e exercido por juízes e magistrados).
• Era a favor Monarquia Constitucional.

A lei é natural dos seres, própria deles. A lei deriva da natureza das coisas e não do
arbítrio (vontade) de um, qual seja a crítica ao sistema hobbesiano. É em virtude disso
que devemos ter em mente que o barão de La Brède foi sem dúvida um dos pensadores
mais renomados e um articulador de ideias ricas de esplendor e princípios éticos e
morais embasados no cotidiano de sua época, e com conhecimentos úteis para o tempo
presente. Montesquieu foi o proclamador do Direito em virtude, e com a sua formação e
inteligência propôs divisões para o Direito em sua essência principal, que nada mais é
que prender-se à igualdade e liberdade de cada cidadão.

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