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Vico, falando sobre a história vai dizer que ela é feita pelos homens, mas é preciso

postular a existência de uma força superior que lhe regula o curso, que chamou de
providência. Ele avança a sua Scienza Nuova como sendo a via adequada para a

demonstração “racional” da providência, que negá-la seria também negar o homem e a


sua história, pois a providência assiste o homem na construção da sua história. pois a

providência transforma os vícios naturais dos homens, que acabariam com toda a
humanidade sobre a face da terra, numa felicidade civil. Daí que a história como

realidade factual, deve atribuir-se a todos os homens e toda à providência,


consequentemente, os eventos humanos dependem de duas fontes distintas: a

providência e dos homens.

“O verdadeiro estudo do género humano é o homem”, mas este não é estudado no seu

abstracto individualismo, estuda-se-lhe numa sociedade na qual se encontra inserido e


nela onde se desenvolve a sua realidade e plenitude. Voltaire rebate este pensamento,

pois segundo ele, o grande inimigo da liberdade humana é a providência. Para este, o
homem torna-se livre quando não tiver a ideia da presença providencial na história

Voltaire, o conhecimento da história muda o próprio historiador, daí que a razão se

consagra ao aperfeiçoamento da razão para o estudo da historia. Mas para tal, é


necessário que se ajuste o conhecimento do passado e a percepção do presente
segundo o ponto de vista autêntico, o da história do espírito humano.

Voltaire estava convencido que a verdade da história não adere à multiplicidade de

detalhes. E a história do espírito humano apresenta este mérito capital, de mostrar as


coisas em grande, pois devido ao seu enriquecimento, esta história do espírito tornou-

se realmente uma história total, por isso, não há nada em si que não possa entrar no
seu campo de explicação. A história do espírito humano é constituída pelo diálogo entre

o conhecimento e a acção. Tanto Vico como Voltaire, sustentam que a história é o


produto da acção livre do homem. Porém, é um conhecimento profundo da sua

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natureza frágil e caducada, e a constatação da desproporção existente entre as suas

intenções e das suas efectivas realizações, que levam Vico a postular a existência da
providencia. Contudo, esta não é como quer Voltaire, uma força heterónoma, contraria

à liberdade do homem. Isto quer dizer, que se o homem é livre na construção da sua
história, é graças à providencia, que lhe garante não só a sua autonomia, mas liberta

também a sua acção de toda a indeterminação e de todo o acaso.

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