Você está na página 1de 189

Otaviano Francisco Neves

(organizador)

Métodos Quantitativos
Pesquisa Operacional
Volume 1

1ª Edição

Belo Horizonte
Poisson
2018
Editor Chefe: Dr. Darly Fernando Andrade

Conselho Editorial
Dr. Antônio Artur de Souza – Universidade Federal de Minas Gerais
Dra. Cacilda Nacur Lorentz – Universidade do Estado de Minas Gerais
Dr. José Eduardo Ferreira Lopes – Universidade Federal de Uberlândia
Dr. Otaviano Francisco Neves – Pontifícia Universidade Católica de Minas
Gerais
Dr. Luiz Cláudio de Lima – Universidade FUMEC
Dr. Nelson Ferreira Filho – Faculdades Kennedy

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


M593
Métodos Quantitativos– Pesquisa Operacional
Volume 1/
Organização Otaviano Francisco Neves –
Belo Horizonte - MG : Poisson, 2018
189p

Formato: PDF
ISBN: 978-85-93729-88-1
DOI: 10.5935/978-85-93729-88-1.2018B001

Modo de acesso: World Wide Web


Inclui bibliografia

1. Métodos Quantitativos 2. Pesquisa


Operacional.3. Estatística I. Neves,
Otaviano Francisco II. Título

CDD-658.8

O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade


são de responsabilidade exclusiva dos seus respectivos autores.

www.poisson.com.br

contato@poisson.com.br
SUMÁRIO

Capítulo 1: Simulação de Controle de Rota de Ônibus pelo Método 6


Analítico para Otimização de Percurso
Iago Lucas de Oliveira Leão Teixeira, Vitor Gomes Afonso, Hércules André
da Costa e Silva, Walter Charles Sousa Seiffert Simões, Lúcia Helena de
Oliveira Leão Teixeira

Capítulo 2: A aplicação do Problema do Caixeiro Viajante para solução 16


de um problema logístico de roteirização
Jandrei Sartori Spancerski, Silmar Antonio Lunkes, Tiago Luiz Strapasson,
Micheli Ferreira

Capítulo 3: Utilização de técnicas de mineração de dados na análise de 27


aspectos sobre o comportamento do mosquito Aedes Aegypti
Julio Cezar Negri Ramos, Elias Rocha Gonçalves Júnior, Virgínia Siqueira
Gonçalves

Capítulo 4: Aplicação do MRP como ferramenta para o planejamento e 36


controle da produção em uma vidraçaria
Diego Marques Cavalcante, Micheli Silva Sousa, Dayse Kellen Ferreira de
Oliveira

Capítulo 5: Comparação de modelos para o ajuste da cinética de hidra- 47


tação de amido natural
Gustavo de Souza Matias, Karoline Yoshiko Gonçalves, Fernando Henrique
Lermen, Tânia Maria Coelho

Capítulo 6: Metodologia para o aumento da eficiência do processo de 57


elaboração e análise de projetos de linhas aéreas rurais de distribuição
de energia elétrica
Leonardo da C. Brito, Adson S. Rocha, Cássio L. Ribeiro, Denner M. de
Carvalho, Pedro H. S. Palhares

Capítulo 7: A influência dos recursos e das competências operacio- 74


nais no desempenho da cadeia de suprimentos: Uma análise a partir
da Visão Baseada em Recursos e da Visão Relacional entre empresa e
fornecedor
Rodrigo Randow de Freitas, Aliomar Lino Mattos, Wellington Gonçalves,
Gabriela De Nadai Mauri, Fernando Nascimento Zatta
Capítulo 8: Aplicação dos princípios da teoria das restrições e simu- 89
lação computacional no processo de pinturas de cadeiras em uma
indústria moveleira.
Alencar Servat, Camila Ciello, José Airton Azevedo dos Santos, Lucas
Duarte, Fabiana Costa de Araujo Schutz

Capítulo 9: Aplicação da metodologia de Box-Jenkins para modelagem 98


do índice de confiança do empresário industrial (ICEI)
Ícaro Romolo Sousa, Agostino Saymon Ricardo de Oliveira Sousa, Cristiane
Melchior, Adriano Mendonça Souza, Roselaine Ruviaro Zanini

Capítulo 10: Modelagem e análise da produção industrial alimentícia 112


brasileira (2002-2017) a partir de um modelo SARIMA
Cristiano Ziegler, Renan Mitsuo Ueda, Letícia Marasca, Adriano Mendonça
Souza

Capítulo 11: Previsão da variação do preço da soja, utilizando Cadeia 126


de Markov
Rafaela Boeira Cechin, Leandro Luís Corso

Capítulo 12: Análise de um restaurante self-service via simulação 135


Sara Aparecida da Silva Vaz, Wagner de Barros Neto, Diene Maria Oliveira,
Nelson Dias da Costa Junior, Stella Jacyszyn Bachega

Capítulo 13: Algoritmos genéticos aplicados na cinemática inversa de 150


manipulador robótico
Gabriella Ragazzi Costa, Márcio Mendonça, Bruno Costalonga Leite,
Jônatas Favotto Dalmedico, Thalita Lopes Salvadori

Capítulo 14: Nível de satisfação de clientes de megaeventos esportivos 162


no Rio de Janeiro - Um estudo de fatores de qualidade percebida
utilizando Teoria Fuzzy e Redes Neurais Artificiais
Priscila da Silva Oliveira, Marcelo Prado Sucena

Sobre os autores 179


SIMULAÇÃO DE CONTROLE
DE ROTA DE ÔNIBUS
PELO MÉTODO ANALÍTICO
PARA OTIMIZAÇÃO DE
PERCURSO

Iago Lucas de Oliveira Leão Teixeira


Vitor Gomes Afonso
Hércules André da Costa e Silva
Walter Charles Sousa Seiffert Simões
Lúcia Helena de Oliveira Leão Teixeira

RESUMO
O transporte urbano na cidade de Manaus adota um modelo semelhante de outras
grandes cidades onde apresenta sérios problemas em relação ao gargalo da rota e ao
número excessivo de ônibus no trânsito. Este artigo discute esse problema e apresenta
uma proposta de redução do número de veículos através de definição de rotas e trechos
compartilhados. A metodologia adotada é analítica, que visa garantir que as análises reali-
zadas reproduzam valores consistentes com o valor de referência, considerando as carac-
terísticas dos requisitos estabelecidos. A ferramenta utilizada para simulação e avaliação
analítica é o software Arena. Os resultados indicam que a nova maneira de executar o
serviço de transporte público na linha estudada pode ser replicada nas outras linhas, redu-
zindo custos e tempo em cada viagem.

Palavras-chave

Transporte, Simulação, Manaus.


M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

1. INTRODUÇÃO Segundo Rao V. e Rao P. (2011) os modelos


de simulações atuais são baseados nas
A mobilidade urbana é uma preocupação condições e operações estabelecidas
em escala global e de acordo com Willian inicialmente no projeto, tornando resul-
Frawley, especialista em planejamento tados de procedimentos a longo prazo não
urbano do Transportation Institute A&M, realisticos devido a constantes mudanças
uma cidade bem planejada e organizada no processo ao longo do tempo.
quanto aos seus meios logísticos terá
vantagens econômicas em relação a outras Este artigo apresenta uma proposta de

cidades, além de influenciar na qualidade estruturação do transporte público cole-

de vida de sua população. Frawley afirma tivo que funcione de maneira integrada.

que, uma cidade cuja as vias são bem Nele será realizado o desenvolvimento e

distribuídas se torna um atrativo para o os resultados de uma simulação, com o

investimento de novas empresas, pois intuito de fornecer informações em busca

isso significa redução nas quantidades de otimizar um percurso de uma linha de

de engarrafamento, ganhando tempo ônibus, tendo como ferramenta o software

durante o transporte de mercadorias e Arena que permite a modelagem de cada

matérias primas e até mesmo menos parte do problema assim como a análise

tempo no transporte de passageiros, o que dos resultados.

ajudaria na diminuição de atrasos, tanto


de entrega de produtos quanto no atraso 2. TRABALHOS
dos colaboradores (BAIMA, 2017). RELACIONADOS
No Brasil há um enorme desequilíbrio O trabalho realizado por Faggioni e Sorra-
espacial. A maioria das cidades brasileiras tini estuda o desempenho do transporte
cresceu de uma maneira não planejada, e coletivo em um corredor urbano implan-
com isso suas principais vias de transporte tado na cidade de Uberlândia, no decorrer
com o passar do tempo se encontram do trabalho os autores mostram a viabi-
ineficientes. Tais problemas representam lidade que a implantação dessa medida
uma demora enorme no tempo de deslo- trouxe para a cidade, porém, a ideia
camento de um ponto a outro na cidade, apresentada neste artigo se tornou uma
prejudicando muitas vezes o usuário de proposta interessante a curto prazo, onde
transporte público, que além de enfrentar de acordo com os estudos aqui realizados
os mesmos problemas que uma pessoa tem potencial para mudar o atual cenário
que utiliza um veículo particular, ainda da linha estudada. A metodologia utili-
tem que usufruir de um transporte público zada serviu exatamente para determinar
de baixa qualidade no serviço (CONFE- o tempo de deslocamento realizado no
DERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE, cenário sugerido, onde o software utilizado
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DAS EMPRESAS se mostrou de fácil utilização podendo ser
DE TRANSPORTES URBANOS, 2017). utilizado por pessoas não especializadas

7
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

(FAGGIONI et al., 2008). liar a tomada de decisões no que se diz


respeito à mobilidade urbana, uma vez
Mesmo com objetivos um pouco distintos
que seus valores chegam a ser próximo
e softwares diferentes, Faggioni e Sorra-
dos valores reais.
tini (2008) asseguram que o uso de ferra-
mentas computacionais podem influenciar Diferentemente de outros trabalhos
de forma positiva no resultado da melhoria pesquisados, a ideia aqui sugerida evita
do transporte. Ao comparar este artigo ao máximo a alteração das vias públicas,
com outro artigo pesquisado, pode-se se preocupando somente em otimizar
perceber que há diversas maneiras para o percurso feito pelos veículos sem que
se melhorar a mobilidade dentro de uma haja a necessidade de alguma mudança
cidade assim como vários métodos para se nas vias.
analisar a viabilidade das ideias.

Seguindo a ideia de outros projetos cien-


3. METODOLOGIA
tíficos, há a necessidade de se implantar Para a elaboração do artigo, foi criado um
metodologias que possam ajudar no protocolo de trabalho mostrado na Figura
controle e na melhoria do trânsito na 1. Nesse fluxograma seguiu-se uma ordem,
cidade, uma vez que todas as variáveis sendo a primeira a definição do problema
terão que ser levadas em consideração. atual, isto é, achando o percurso da linha
Oliveira e seus co-autores utilizaram o de ônibus 640, posteriormente identifi-
software Arena para fazer a análise dos cando quais variáveis seriam criteriais para
dados, a fim de simular as condições para a obtenção dos resultados da simulação,
o tráfego no local e possivelmente deter- como o tempo de chegada e saída em cada
minar o melhor cenário para as vias da parada de ônibus e o custo do percurso.
praça, uma vez que o próprio sistema Após isso foi feito a coleta de dados com
fornece diversos cenários para a tomada base nas variáveis adquiridas, sendo feito
de decisão, para assim melhorar o trânsito durante o horário de pico das 6 horas até
do seu entorno (OLIVEIRA et al., 2010). as 8 horas da manhã, para obter resul-
tados em um ambiente de alta circulação.
Utilizando como referência outros artigos
que envolvem a otimização do transporte
público ou simplesmente o uso da simu-
lação para melhorar a gestão, pode-se
atestar que o uso de programas voltados
para modelagem de dados e simulações de
cenário influenciam de forma positiva no
desenvolvimento de planos para a mobili-
dade urbana. É válido utilizar softwares de
simulação e microssimulação para auxi-

8
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

Figura 1 - Protocolo de trabalho

Fonte: Autores

A otimização na linha de ônibus foi reali- 4. DESENVOLVIMENTO


zada por meio de simulação computa-
cional utilizando o software Arena, visto sua A ideia proposta por esse artigo é de obter
possibilidade de obter ferramentas para ganho de tempo dentro de um determi-
simular frota, fornecer os dados requi- nado trajeto feito por uma linha de ônibus
sitados, ser de baixo custo e aplicação e na cidade de Manaus localizada no estado
ter potencial para ser uma ferramenta de do Amazonas e a diminuição de custo. O
gestão para os órgãos responsáveis pelo trajeto avaliado será o da linha 640 que se
transporte público. A simulação foi inspi- inicia no Terminal 4, localizado no bairro
rada no trabalho de Baskaran e Krishnaiah Cidade Nova, e termina no Terminal da
(2012), onde os mesmos desenvolveram Matriz, localizado na Praça da Matriz no
um modelo que determina o melhor centro da cidade, em sentido circular.
trajeto para uma única rota de ônibus.
No cenário atual o percurso feito pelo
ônibus, em horário de pico, enfrentaria

9
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

diversos gargalos devido ao alto fl uxo de Figura 2 se refere ao percurso atual, sendo
carros entre a avenida Constantino Nery e a imagem da esquerda o sentido de ida
o centro da Cidade, acarretando em perda (Terminal 4 – Terminal da Matriz) e o do
de tempo no deslocamento dos passa- lado direito o sentido de volta (Terminal da
geiros de um ponto a outro na cidade. A Matriz – Terminal 4).

Figura 2 - Percurso atual da linha de Ônibus estudada

Fonte: Extraído do site Google Maps

O cenário sugerido para otimizar o trajeto que envolve o bairro Cidade Nova, outro no
acarreta no serviço de integração entre os sentido Torquato Tapajós até o Terminal
ônibus e sugere a possibilidade de inte- 1, enquanto o último percorre dentro do
gração temporal da passagem, conforme centro da cidade, todos em um formato de
descrito por meio eletrônico na página rota circular.
da Superintendência Municipal de Trans-
A imagem mostrada na Figura 3 refl ete
portes Urbanos (SMTU), a integração
exatamente o percurso sugerido pelo
temporal é uma opção adicional ao
ônibus da linha 640, trajeto de ida e volta,
sistema integrado existente, por meio da
enquanto a Figura 4 mostra as imagens do
qual o usuário pode trocar de ônibus, sem
percurso percorrido por um dos ônibus
custo adicional, fora de um terminal de
implantados pela ideia sugerida, onde o
integração, desde que se passe na catraca
mesmo irá continuar o trajeto no sentido
do ônibus seguinte dentro de um deter-
bairro - centro, completando o caminho
minado período de tempo. Em relação ao
que a linha 640 deixou de fazer. Assim
trajeto, ele terá desmembramento em três
percorrendo no sentido Torquato Tapajós
partes, fazendo com que outras partes do
até o Terminal 1.
trajeto sejam feitas por mais dois ônibus,
sendo o da linha 640 fazendo o percurso

10
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

Figura 3 -Percurso sugerido para linha 640

Fonte: Extraído do site Google Maps

Figura 4 -Ônibus trafegando pela rota sugerida

Fonte: Extraído do site Google Maps

A Figura 5 mostra um cenário sugerido


para movimentar-se dentro do centro da
cidade de Manaus, onde iria percorrer em
sentido circular.

11
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

Figura 5 - Rota circular no centro de Manaus

Fonte: Extraído do site Google Maps

5. AVALIAÇÃO Arena, sofrendo filtração de dados para


submissão ao Input Analyzer, para que
Após a defi nição do modelo sugerido, fosse obtida uma média e um desvio-pa-
foi iniciado a coleta de dados do trajeto drão que compactuassem com a reali-
antigo da linha 640, sendo estes o tempo dade. Tais dados obtidos foram utilizados
de parada, tempo de percurso e tempo para montar dois modelos trabalhados
de embarque e desembarque. Posterior- dentro do software, um sendo o cenário
mente foi montado uma planilha contendo atual e outra o sugerido, como mostram
essas informações relacionadas com cada as Figuras 6 e 7. Os cenários mostrados
parada feita pelo ônibus e seguida essas foram feitos a partir da modelagem do
informações foram aplicadas ao software

12
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

trajeto, prevendo a circulação do ônibus, distância entre elas a partir de stations e


sendo um para o modelo atual e outro routes, fornecendo um atributo ao ônibus
para o sugerido. Sua estrutura foi dividida para encerrar seu trajeto após fazer todo o
fazendo o percurso do ônibus prevendo seu percurso de retorno.
o tempo de espera entre as paradas e a

Figura 6 - Simulação do Modelo Atual

Fonte: Extraído do software Arena

Figura 7 - Simulação do Modelo Sugerido

Fonte: Extraído do software Arena

13
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

Para o cenário sugerido, foram elabo- fim para iniciar seu percurso. Assim, foi
radas três entidades independentes com feito uma análise com base nos resultados
seus respectivos trajetos e retornos, sem a obtidos, conforme mostra a Tabela 1.
necessidade do antecessor chegar ao seu

Tabela 1 – Tempo de trajeto nas simulações


Atual Sugerido

Trajeto Cenário Terminal 4 – Torquato – Sentido Cir-


Atual Max Teixeira Terminal 1 cular Centro

Tempo 01:47:27 00:59:23 00:45:05 00:20:00


Tempo Total 01:47:27 02:04:28
Fonte: Autores

Comparando o trajeto atual e o cenário Com um controle de processos e


sugerido, observar-se que há uma dife- percursos sobre auxílio de simulações,
rença visual de tempo em todo seu pode-se observar que há como melhorar
percurso, tornando maior a rotatividade e a analisar serviços atualmente ofere-
e circulação, podendo assim dar um cidos e atendidos pelo transporte público
maior atendimento aos usuários do trans- brasileiro. O que também foi percebido foi
porte coletivo e diminuindo os potenciais que, quando comparado uma única linha
gargalos e consequentemente atrasos. de ônibus a um sistema desmembrado da
rota, o modelo com trajeto único é mais

6. CONCLUSÃO interessante, porém, quando se compara


com rotas desmembradas de mais um
Considera-se que o objetivo do estudo foi ônibus desta linha, os ganhos são acen-
alcançado uma vez que ficaram demons- tuados em relação ao tempo, causado
trados ambos os cenários e seus resultados pela redução da frota pelo uso de trechos
preliminares dentro do software Arena. A comuns (Torquato – Terminal 1 e Sentido
metodologia utilizada foi eficiente para Circular Centro).
o andamento e realização do trabalho.
O estudo permitiu mostrar que por mais É importante salientar que o estudo não

que haja um aumento de tempo em 15,9% é conclusivo, ficando aberto para demais

do trajeto inteiro em relação ao sugerido estudos. Espera-se que este trabalho incen-

sob ótica geral, observou-se maior circu- tive outras pesquisas sobre o tema, em prol

lação por menor tempo em cada percurso, da melhoria da qualidade do transporte

possibilitando ao passageiro ser atendido público em um contexto urbano e geral.

pelos ônibus, podendo reduzir tempo de


espera do mesmo, não sofrendo gargalos
de todo o trajeto.

14
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

REFERÊNCIAS (SMTU). Prefeitura Municipal. Disponível


em <http://smtu.manaus.am.gov.br/o-
[1 ]. BAIMA, Cesar. Mobilidade tem forte -que-e-integracao-temporal/>, acesso em
efeito na economia e qualidade de 12.09.2017, às 21:00 horas.
vida, afirma especialista, entrevista com
William Frawley, 11 de setembro de 2013. [ 6 ] . OLIVEIRA, Túlio Lupiano; GUIMA-

O Globo - Revista Amanhã. Disponível em RÃES, Irce Fernades G.; RODRIGUES,

<https://oglobo.globo.com/sociedade/ Lásara Fabrícia; MARTINS, Felipe Rocha.

ciencia/revista-amanha/mobilidade-tem- Simulação Computacional Aplicada

-forte-efeito-na-economia-na-qualidade- ao Tráfego: uma Análise do Fluxo de

-de-vida-afirma-especialista-9912420>, Veículos na Praça Tiradentes em Ouro

acesso em 15.09.2017, às 20:00 Preto – MG. Brasil. 2010

[2]. BASKARAN, R; KRISHNAIAH, K. Simu- [ 7] . RAO, Venkateswara.; RAO, Prasanna.

lation model to determine frequency Increasing Accuracy of Simulation

of a single bus route with single and Modeling via a Dynamic Modeling

multiple headways. Journal: Int. J. of Approach. Master’s Thesis, University

Business Performance and Supply of Tennessee. http://trace.tennessee.edu/

Chain Modelling, 2012 Vol.4, No.1, pp.40 utk_gradthes/906 2011

- 59. Department of Industrial Engineering,


Anna University Chennai, Chennai – 600
025, India. 2012

[3]. CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO


TRANSPORTE, ASSOCIAÇÃO NACIONAL
DAS EMPRESAS DE TRANSPORTES
URBANOS. Pesquisa Mobilidade da
População Urbana 2017 (Relatório de
Pesquisa/2017), Brasília, DF, Confede-
ração Nacional do Transporte, Associação
Nacional das Empresas de Transportes
Urbanos. 2017

[4]. FAGGIONI, Andreza Cauhy; SORRA-


TINI, José Aparecido. Estudo da Confiabi-
lidade do Transporte Público Coletivo
Urbano de Uberlândia, MG por meio da
Microssimulação. Brasil. 2008

[5 ]. MANAUS, SUPERINTENDÊNCIA
MUNICIPAL DE TRANSPORTES URBANOS

15
A APLICAÇÃO DO
PROBLEMA DO
CAIXEIRO VIAJANTE
PARA SOLUÇÃO DE UM
PROBLEMA LOGÍSTICO
DE ROTEIRIZAÇÃO

Jandrei Sartori Spancerski


Silmar Antonio Lunkes
Tiago Luiz Strapasson
Micheli Ferreira

RESUMO
Alguns dos fatores fundamentais na estratégia logística das organizações são distância,
tempo e custos, sendo estes, as principais condicionantes para que se possa determinar
a melhor rota possível. O presente trabalho caracteriza-se na minimização da distância
percorrida por um entregador de produtos alimentícios, a fim de atender várias cidades
situadas no oeste do Paraná. Para obter a solução otimizada da rota, utilizou-se da meto-
dologia do Problema do Caixeiro Viajante (PCV), desenvolvendo-se um algoritmo na ferra-
menta computacional LINGO®. No decorrer do trabalho, são apresentadas as etapas
advindas da aplicação do método, que constitui-se do desenvolvimento de uma tabela
de distâncias do tipo De-Para, obtida através do software Google Earth® e da construção
de um algoritmo baseado no PCV para realizar os cálculos iterativos. O resultado se deu
por um grafo direcionado que aponta a solução da pesquisa, sendo que esta foi enviada
como sugestão para implantação pela empresa. Sendo assim, este trabalho proporciona a
visualização da importância da modelagem matemática na construção de estratégias mais
seguras para consecução de soluções logísticas.

Palavras-chave

Custos, Engenharia de Produção, Modelagem Matemática, Otimização, Pesquisa Operacional.


M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

1. INTRODUÇÃO áreas, como da computação, da matemá-


tica e da pesquisa operacional (CUNHA;
Grande parte das empresas tem atual- BONASSER; ABRAHÃO, 2002). Os autores
mente repensado seus processos em citados afirmam que existem vários
busca de reduzir os custos e melhorar métodos para encontrar soluções viáveis
o seu desempenho operacional, sendo para problemas de roteirização, mas que
que dentro da atividade logística, a área por vezes, não geram resultados significa-
de transportes representa a parcela mais tivos, visto que existe uma dificuldade de
significativa dos custos (BENEVIDES, 2012). se resolver problemas de grande escala.
Sendo assim, soluções por modelos que
Segundo o Boletim de Conjuntura Econô-
geram resultados aproximados do ótimo,
mica Regional do Oeste do Paraná (2016),
podem ser uma boa alternativa em um
em sua segunda edição, dentre os dezoito
tempo computacional aceitável.
setores agregados analisados, o setor
de alimentos e bebidas é o quarto maior Rosa (2007, p. 18-19) nos traz uma abor-
empregador a nível nacional. O estado dagem sobre a vantagem competitiva
do Paraná concentra 10,7% dos empre- proporcionada pelo gerenciamento logístico:
gados deste setor, sendo o segundo maior
empregador, atrás apenas do estado de A competitividade tem exigido que

São Paulo, que conta com 25,9%. as empresas brasileiras desenvolvam


vantagens em relação aos seus concor-
A empresa analisada situa-se no estado do rentes que envolvem tempo, e princi-
Paraná, na cidade de São Miguel do Iguaçu. palmente custo e nível de serviços. O
Está há quinze anos no ramo da produção gerenciamento logístico focado nos
de embutidos e defumados de origem custos operacionais surgem então
suína, como linguiça defumada, linguiça como uma ferramenta com o objetivo
toscana, torresmo, entre outros. A distri- de oferecer aos gestores parâmetros de
buição dos produtos não é terceirizada, avaliação do desempenho compatível
sendo realizada por meio um caminhão com os objetivos da empresa.
frigorificado próprio.
Problemas logísticos envolvendo rotea-
Ballou (1993, p. 145) ressalta que “Quando mento de veículos, gerenciamento de
uma empresa possui frota própria, ela armazéns, entre diversos outros, são, de
freqüentemente encontra problemas ao acordo com Hashemi Doulabi e Seifi (2013),
despachar um veículo à partir de uma base habitualmente solucionados tomando-se
central para uma série de paradas interme- decisões a nível tanto estratégico quanto
diárias, devendo o veículo retornar então à tático e operacional, sendo que os ganhos
base central”. advindos destas decisões são de porte
significativo para as empresas, seja de
A otimização da distribuição de produtos
cunho financeiro ou até de conhecimento.
tem sido objeto de estudo de diversas

17
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

Os cinco principais tipos de modais de porte, transbordo e designação:


transporte, citados por Bowersox e Closs
[...] consiste em transportar o produto
(2001), são aéreo, o aquaviário, o ferro-
dos centros de produção aos mercados
viário, o dutoviário e, por fim, o rodoviário.
consumidores de modo que o custo total
Cada um destes modais possuem especi-
de transporte seja o menor possível.
ficidades que melhor se adequam a dife-
Admite-se, geralmente, que as quan-
rentes cenários, como volume de carga e
tidades produzidas ou ofertadas em
tráfego, lucro, acessibilidade e agilidade.
cada centro e as quantidades deman-
Caixeta Filho e Martins (2001) apontam a dadas em cada mercado consumidor
indiscutibilidade da vantagem competitiva são conhecidas. O transporte deve ser
que o modal rodoviário propicia quanto à efetuado respeitando-se as limitações
questão de oferecer um serviço porta-a- de oferta e atendendo a demanda.
-porta, pois os demais modais limitam-se a
Segundo Laporte et al. (2000), o Problema
instalações fixas de aeroportos, de trilhos,
do Caixeiro Viajante é um dos problemas
portos e sistemas dutoviários.
mais estudados em otimização combina-
O transporte rodoviário é um dos mais tória, que apesar de simples, apresenta
eficientes e simples quando comparado desafios dentro do campo da Pesquisa
aos demais meios de transporte, sendo Operacional. Cunha, Bonasser e Abrahão
que uma das exigências mais críticas é a (2002), definem que o PCV é um problema
existência de rodovias. Em contrapartida, que procura encontrar a rota de menor
esta opção acarreta em um alto consumo custo que interliga um conjunto de vértices
de combustível. Devido à sua flexibilidade, de um grafo, partindo de um ponto inicial,
indica-se este modal para a distribuição perpassando pelos demais uma única vez
urbana, em que as distâncias de distri- e, retornando ao mesmo ponto de partida.
buição são menores, onde sua exigência é
Para Golbarg e Luna (2000), a origem do
de um modal versátil, provendo um nível
Problema do Caixeiro Viajante é atribuída
de acessibilidade específico (ROSA, 2007).
a William Rowan Hamilton, que desen-
O autor supracitado afirma que o processo volveu um jogo em que o objetivo era o de
de roteirização constitui-se no planeja- traçar um roteiro através dos vértices de
mento precedente das entregas realizadas um dodecaedro, equivalendo às cidades,
por operadores logísticos, que seguem um com a exigência de iniciar e terminar no
roteiro lógico, determinado pela distância mesmo vértice, visitando apenas uma vez
do percurso, a capacidade do veículo trans- cada cidade.
portador, bem como o tempo despendido
Guedes, Leite e Aloise (2005, p. 17)
para entrega.
descrevem a definição de uma maneira
Conforme conceituado por Arenales (2007, mais formal:
p. 21) a problemática que envolve trans-

18
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

[...] dado um grafo G(V, E), com |V| ≥ 3 e que método é “procedimento, técnica ou
custos Cij, (i,j) ∈ E, associados às arestas, meio de fazer alguma coisa, especialmente
o Problema do Caixeiro Viajante (PCV) de acordo com um plano”.
consiste em encontrar o ciclo hamilto-
Para se ter um melhor entendimento
niano de custo mínimo. No caso de um
do que vem a ser uma solução ótima,
grafo completo com n vértices (cidades)
Barbosa e Zanardini (2010, p. 13) nos
significa buscar a melhor rota dentre (n
afirmam que “podemos dizer que é
– 1)!/2 possibilidades.
aquela que melhor serve aos objetivos
Cunha, Bonasser e Abrahão (2002) ressaltam das pessoas e das organizações.”.
que o PCV é chamado simétrico quando
O presente trabalho caracteriza-se na
a distância entre dois nós quaisquer i e j
minimização da distância percorrida por
independe do sentido, isto é, quando dij = dji,
um entregador de produtos alimentícios, a
caso contrário, o problema é denominado
fim de atender várias cidades situadas no
assimétrico. O grafo que descreve o cenário
oeste do Paraná. Para obter a solução otimi-
da situação problema encontrada neste
zada da rota, utilizou-se da metodologia
estudo é considerado simétrico.
do Problema do Caixeiro Viajante (PCV),
Em relação à classificação da Pesquisa desenvolvendo-se um algoritmo na ferra-
Operacional (PO) perante as demais ciên- menta computacional LINGO®. O Objetivo
cias, para Loesch e Hein (2009), pode ser é trazer melhorias em custos, através da
melhor descrita como ciência do conheci- modelagem matemática baseada no PCV,
mento, pela sua capacidade de estruturar pela otimização das distâncias logísticas.
processos a partir da transformação de
dados de um cenário real, permitindo a 2. MATERIAIS E
interação entre diversas restrições e variá- MÉTODOS
veis, propondo, se bem interpretadas,
ações e alternativas de solução diversas. A classificação geral desta pesquisa cien-
tífica é dada como prática, que segundo
Segundo a concepção dada por Silva et al. Demo (2000, p. 22), é “ligada à práxis, ou
(2008), a Pesquisa Operacional se institui seja, à prática histórica em termos de
em um sistema complexo, ou seja, dado conhecimento científico para fins explícitos
o modelo matemático condizente com a de intervenção; não esconde a ideologia,
problemática estudada, o mesmo consegue mas sem perder ó rigor metodológico”.
descrever o sistema observado de forma
lógica, e por intermédio da iteração deste A pesquisa científica prática é subclas-
modelo, encontra-se uma maneira segura sificada em relação à natureza, à abor-
de trabalhar este sistema. dagem, ao objetivo e aos procedimentos.
No tocante à natureza é dada como apli-
Recorrendo ao dicionário Houaiss da língua cada, quanto à abordagem é considerada
portuguesa (HOUAISS; VILLAR, 2009), temos

19
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

quantitativa, quanto ao objetivo é descri- técnicas padronizadas de tratamento de


tiva e relacionado aos procedimentos é de dados, que na atual pesquisa, trata-se do
pesquisa operacional. método do PCV. Por fim, sua classificação
quanto aos procedimentos é de pesquisa
Considera-se aplicada, pois conforme
operacional, pois conforme Arenales et al.
Martins et al. (2014), gera conhecimentos
(2007), é uma abordagem científica para a
que buscam solucionar problemas
tomada de decisão, a fim de buscar uma
práticos e específicos, no qual, particu-
melhor solução de um problema real das
larmente neste estudo, pretende-se solu-
organizações, em que serve de suporte
cionar o real problema de roteirização
para planejar e operar o sistema.
da empresa. Quantitativa, pois segundo
Hayati, Karami e Slee (2006), é um método Em relação às etapas de estudos aplicados
que visa utilizar-se de dados numéricos a problemas reais, Moreira (2007) apre-
(que no presente caso, trata-se das distân- senta alguns passos fundamentais, que se
cias entre as cidades), que permitem iniciam na definição da situação-problema,
analisar as relações causa-efeito, tornando passam pela formulação de um modelo
os resultados reprodutíveis, se utilizado o quantitativo, perpassam pela resolução
mesmo método. Descritiva, que consoante do modelo matemático que visa a melhor
à Kauark, Magalhães e Medeiros (2010), solução, até a sugestão de implementação
objetiva descrever as relações entre da solução obtida. Baseando-se nas etapas
variáveis, as propriedades da popu- descritas pelo autor citado, a Figura 1
lação ou fenômeno, em que as variáveis contempla o processo de desenvolvimento
deste trabalho são o número de veículos da presente pesquisa.
e distância. Envolve também, o uso de

Figura 1 - Etapas de desenvolvimento da presente pesquisa

Através de um diálogo com o gestor da observou-se a oportunidade de aplicação


empresa, levantou-se dados relativos às de estudos voltados ao problema da rotei-
questões logísticas, como o mercado de rização ao longo das cidades atendidas e
atuação, as cidades atendidas, a locali- prospectadas pela empresa.
zação dos respectivos pontos, o método
Optou-se por analisar o cenário pela pers-
corrente de entrega dos produtos e os
pectiva do Problema do Caixeiro Viajante
clientes em potencial. Neste contexto,

20
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

(PCV), elencando-se todas as variáveis a tratamento para alocá-los em uma tabela


serem solicitadas à empresa para possibi- de distâncias do tipo De-Para, posterior-
litar o estudo através do referido método mente utilizada para realizar as iterações
de programação linear. no algoritmo.

A empresa forneceu dados relativos à Para o cenário real da empresa estudada,


área geográfi ca atendida e ao número de objetivou-se analisar as distâncias entre as
veículos que realizarão as entregas, na cidades atendidas, já que possuem maior
qual se constatou que a empresa dispõe representatividade de custos (distâncias)
de apenas um veículo. Vale ressaltar que para o deslocamento quando comparados
o empreendimento não possuía qual- aos custos de entrega dentro de uma
quer controle ou histórico de consumo de mesma cidade.
combustível, rotas realizadas e distâncias
O algoritmo elaborado é composto por
percorridas.
uma função objetivo, que deve ser mini-
As distâncias entre as cidades foram mizada, e restrições, conforme pode ser
obtidas com o auxílio do aplicativo Google visualizado no Quadro 1.
Earth®, e sobre os dados, realizou-se um

Quadro 1 - Modelo matemático PCV

Fonte: Autoria Própria (2017)

A função objetivo (FO) do modelo proposto com o mínimo de visitas possível, retor-
visa minimizar o custo total (cij) do caminho nando à empresa.
(xij), que para este estudo, é a distância
Para facilitar a resolução dos cálculos itera-
total percorrida pelo entregador. A FO está
tivos, optou-se por utilizar a ferramenta
sujeita às restrições de origem e destino,
computacional LINGO®, que possibilita
fazendo com que a solução propicie ao
a compilação de algoritmos que deter-
entregador passar por todas as cidades
minam, através de suas iterações, uma

21
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

solução viável para o problema (LINDO 3. RESULTADOS E


SYSTEMS, 2017). O computador utilizado DISCUSSÃO
para executar o referido software é da
marca Dell®, provido de um processador A empresa atende a região oeste do Paraná,
Intel® CoreTM i5, com frequência de totalizando dezessete cidades e um distrito
processamento de 2,5 GHz. (São Clemente, que por conveniência será
tratado como um município), com clientes
Finalmente, de posse da rota encontrada fixos e em potencial. A Figura 1 apresenta a
através dos métodos já descritos, suge- disposição dos pontos (cidades) que arqui-
riu-se à empresa a realização de uma tetam o grafo utilizado como referência
avaliação dos resultados por meio de para a obtenção dos dados de distância. O
análises de viabilidade (financeira, de ordenamento das letras nos marcadores
percurso, entre outras) para a implantação do mapa (Figura 1), que formam os vértices
da solução. do grafo, foram inseridas da esquerda para
a direita e de cima para baixo, de A à R,
sendo que a empresa estudada localiza-se
no ponto E, posição inicial e final da rota.

Figura 1 - Disposição dos pontos (cidades) na região de abrangência da empresa

A vista aérea da região oeste do Paraná que, aproximadamente, 66% da extensão


(Figura 1) foi obtida através do software da rodovia citada é duplicada (SECRETARIA
Google Earth®, em que os traços desta- DE INFRAESTRUTURA E LOGÍSTICA DO
cados na cor amarela, representam as PARANÁ, 2017). As demais vias são esta-
rodovias federais e estaduais, onde o duais, asfaltadas e não duplicadas, repre-
pentágono iconizado identifica a rodovia sentando os demais caminhos possíveis a
federal BR 277, onde os pontos A, B, E, serem percorridos.
H, K, N, Q e R estão contidos. Salienta-se
22
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

As distâncias entre os pontos contidos valores são referentes a caminhos possí-


na Figura 1 são apresentadas no Quadro veis, ou seja, por questões do método
2, conforme resultados também gerados adotado (PCV), somente as cidades circun-
pelo software Google Earth®, em que os vizinhas podem ser visitadas.

Quadro 2 - Distâncias entre as cidades (De-Para)


Destino
Valores em Quilômetros
A B C D E F G H I J K L M N O P Q R
Foz do Iguaçu A - 23,2 - - - - - - - - - - - - - - - -
Santa Terezinha de Itaipu B 23,2 - - - 25 - - - - - - - - - - - - -
Santa Helena C - - - 34,5 - - 17,1 - 32,9 - - - - - - - - -
Missal D - - 34,5 - - 9,1 - 29,5 42,6 - - - - - - - - -
São Miguel do Iguaçu E - 25 - - - 32,5 - 17,8 - - - - - - - - - -
Itaipulândia F - - - 9,1 32,5 - - - - - - - - - - - - -
São Clemente G - - 17,1 - - - - - - 33,6 - - - - - - - -
Medianeira H - - - 29,5 17,8 - - - - - 14 - - - - - - -
Origem

Diamante d'Oeste I - - 32,9 42,6 - - - - - 23,3 - - 20,4 - - - - -


São José das Palmeiras J - - - - - - 33,6 - 23,3 - - 34,2 43,6 - 32,6 - - -
Matelândia K - - - - - - - 14 - - - - - 21,6 - - - -
Ouro Verde do Oeste L - - - - - - - - - 34,2 - - - - 25,2 22,4 73,3 62,1
Vera Cruz do Oeste M - - - - - - - - 20,4 43,6 - - - 15,3 15,4 - 33,3 -
Céu Azul N - - - - - - - - - - 21,6 - 15,3 - - - 26,7 -
São Pedro do Iguaçu O - - - - - - - - - 32,6 - 25,2 15,4 - - 31,2 31,9 68,8
Toledo P - - - - - - - - - - - 22,4 - - 31,2 - 57,9 45,6
Santa Tereza do Oeste Q - - - - - - - - - - - 73,3 33,3 26,7 31,9 57,9 - 21,5
Cascavel R - - - - - - - - - - - 62,1 - - 68,8 45,6 21,5 -

Baseado na modelagem matemática gené- A distância total percorrida, saindo do


rica do PCV, apresentada no Quadro 1, vértice “E”, para atender todas as cidades e
efetuou-se a programação de um algoritmo retornar ao ponto inicial é de 470 quilôme-
na ferramenta computacional LINGO utili- ®,
tros. Vale ressaltar que esta quilometragem
zando-se da linguagem própria do software. refere-se às distâncias entre cidades.

Através da compilação do código no referido Nota-se a formação de inúmeras sub-rotas


software, após 294000 iterações, realizadas no dígrafo (Figura 2), que podem ser úteis
em um tempo de 24 segundos, obteve-se a caso a capacidade do caminhão não seja
solução otimizada para o problema, resul- suficiente para atender a demanda de
tando na rota de menor custo (distância). todos os pontos em uma única carga. Um
exemplo seria o atendimento da sub-rota
A solução encontrada através do modelo
E-B-A-B-E, e posteriormente a sub-rota
construído, com base no Problema do
composta pelas demais cidades.
Caixeiro Viajante, resultou na seguinte
rota: E, B, A, B, E, H, K, N, Q, R, P, L, P, O, M,
I, J, G, C, D, F, E.

Para facilitar a visualização da rota de


entrega, desenhou-se o dígrafo solução,
ilustrado na Figura 2.

23
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

Figura 2 – Dígrafo solução da rota de entrega

5. CONSIDERAÇÕES do entregador à empresa para que seja

FINAIS dada a continuidade no dia seguinte, ou


se é preferível que o mesmo pernoite em
Este estudo proporcionou à empresa a opor- uma cidade pertencente à rota de entrega.
tunidade de melhoria em custos através da Portanto, propõe-se para estudos futuros
otimização da rota de distribuição de seus a análise de viabilidade econômica das
produtos, por meio da modelagem mate- entregas em cada cidade, considerando o
mática baseada no PCV, atendendo ao obje- ponto de equilíbrio (margem de lucro) e
tivo principal deste trabalho. análise das sub-rotas.

A distância total do percurso otimizado foi Para um resultado pormenorizado dos


de 470 quilômetros, passando por rodovias custos de entrega, é necessária a avaliação
de boa qualidade, o que traz segurança, dos custos inerentes à rota interna às
agilidade e ajuda a conservar o veículo. cidades, ou seja, realizar um estudo de rotei-
rização considerando os fatores intrínsecos
A rota proposta garante o menor custo
a cada grafo intraurbano, em que, possivel-
quando todas as cidades forem aten-
mente, seja necessária a utilização de outras
didas ou quando avalia-se o atendimento
metodologias de investigação operacional.
por sub-rotas, pela necessidade devido à
restrições de carga ou tempo ou por estra- Sugere-se também a elaboração de um
tégia da empresa. aplicativo, baseado em um algoritmo vincu-
lado ao GPS do veículo ou do celular, que
O tempo necessário para que o entregador
seja capaz de recalcular a rota de maneira
atenda a todos os pontos pode ser maior
prática para o entregador sempre que haja
do que um dia de trabalho. Desta forma,
causas especiais, como pedidos emergen-
pode-se estudar se é mais viável o retorno

24
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

ciais que possam desviá-lo do caminho Cargas. São Paulo: Atlas, 2001.
inicialmente calculado.
[ 8] . CUNHA, C. B. da; BONASSER, U. de O.;
ABRAHÃO, F. T. M.. Experimentos compu-
REFERÊNCIAS tacionais com heurísticas de melhorias

[1 ]. ARENALES, M.; ARMENTANO, V.; para o problema do caixeiro viajante. In:

MORABITO, R.; YANASSE, H. Pesquisa XVI Congresso da Anpet. Natal: 2002.

operacional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.


[ 9 ] . DEMO, P. Metodologia do conheci-

[2]. BALLOU, R. H. Logística Empresarial mento científico. São Paulo: Atlas, 2000.

- Transportes, Administração de Mate-


[10]. LAPORTE, G.; GENDREAU, M.;
riais e Distribuição Física. São Paulo:
POTVIN, J.Y.; SEMET, F. Classical and
Atlas, 1993.
modern heuristics for the vehicle

[3]. BARBOSA, M. A.; ZANARDINI, R. A. routing problem. International Transac-

D. Iniciação à pesquisa operacional no tions in Operational Research, v.7, n. 4-5, p.

ambiente de gestão. Curitiba: Ibpex, 2010. 285-300, Set. 2000.

[4]. BENEVIDES, P. F. Aplicação de heurís- [ 1 1 ] . GOLBARG, M. C.; LUNA, H. P. R.

ticas e metaheurísticas para o problema Otimização Combinatória e Progra-

do caixeiro viajante em um problema mação Linear. Rio de Janeiro, Campus,

real de roterização de veículos. Curitiba: 2000.

UFPR, 2012, 157 p. Dissertação (Mestrado)


[ 1 2 ] . GUEDES, A. da C. B.; LEITE, J. N. F.;
– Programa de Pós-Graduação em Métodos
ALOISE, D. J. Um algoritmo genético
Numéricos em Engenharia, Universidade
com infecção viral para o problema do
Federal do Paraná, Curitiba, 2012.
caixeiro viajante. Revista PublICa, Natal,

[5]. BOLETIM DE CONJUNTURA ECONÔ- v. 1, n. 1, p. 16-24, 2005.

MICA REGIONAL DO OESTE DO PARANÁ.


[ 1 3] . HASHEMI DOULABI, S. H.; SEIFI,
2016. Disponível em:<https://www.pti.org.
A. A Lower and upper bounds for loca-
br/sites/default/files/Publica%C3%A7%-
tion-arc routing problems with vehicle
C3%B5es/Boletim%20de%20Conjun-
capacity constraints. European Journal
tura%20n%C2%BA2.compressed.pdf>
of Operational Research, v. 224, n. 1, p.
Acesso em: 10 Ago. 2017.
189-208, 2013. Elsevier B.V. Disponível em:

[6 ]. BOWERSOX, D. J.; CLOSS, D. J. Logís- <http://linkinghub.elsevier.com/retrieve/

tica Empresarial - O Processo de Inte- pii/S0377221712004705>. Acesso em: 10

gração da Cadeia de Suprimento. São Ago. 2017.

Paulo: Atlas, 2007.


[ 1 5] . HAYATI, D.; KARAMI, E. & SLEE, B.

[7]. CAIXETA FILHO, J. V.; MARTINS, R. Combining qualitative and quantitative

S. Gestão Logística do Transporte de methods in the measurement of rural

25
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

poverty. Social Indicators Research, v.75, Acesso em 10 Ago. 2017.


p.361-394, springer, 2006.
[ 24] . SILVA, E. M. da et al. Pesquisa
[1 6 ]. HOUAISS, A.; VILLAR, M. de S. Dicio- operacional: programação linear. 2. Ed.
nário Houaiss da língua portuguesa. São Paulo: Atlas, 2008.
Versão 3.0. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.
1 CD-ROM.

[1 7]. KAUARK, F.S.; MANHÃES, F.


C.; MEDEIROS, C. H. Metodologia da
pesquisa: Um guia prático. Itabuna: Via
Litterarum, 2010.

[1 8]. LINDO SYSTEMS INC. software


Lingo 9.0. 2017, Disponível em: < http://
www.lindo.com/> Acesso em: 10 Ago. 2017.

[1 9 ]. LOESCH, C.; HEIN, N. Pesquisa


operacional: fundamentos e modelos.
São Paulo: Saraiva, 2009.

[20]. MARTINS, R.A.; MELLO, C.H.P;


TURRIONI, J.B. Guia de Elaboração de
Monografia e TCC em Engenharia de
Produção. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2014.

[21 ]. MOREIRA, D. A. Pesquisa opera-


cional: curso introdutório. São Paulo:
Thomson Learning, 2007.

[22]. ROSA, A. C. Gestão do trans-


porte na logística de distribuição física:
uma análise da minimização do custo
operacional. 2007. Tese de Doutorado.
Dissertação (Mestrado). Departamento de
Economia, Contabilidade e Administração,
Universidade de Taubaté, SP, Brasil.

[23]. SECRETARIA DE INFRAESTRUTURA


E LOGÍSTICA DO PARANÁ. 2017. Disponível
em: <http://www.der.pr.gov.br/modules/
conteudo/conteudo.php?conteudo=15>.

26
UTILIZAÇÃO DE
TÉCNICAS DE
MINERAÇÃO DE
DADOS NA ANÁLISE
DE ASPECTOS SOBRE
O COMPORTAMENTO
DO MOSQUITO AEDES
AEGYPTI

Julio Cezar Negri Ramos


Elias Rocha Gonçalves Júnior
Virgínia Siqueira Gonçalves

RESUMO
Neste artigo, foi demonstrado como as técnicas de mineração de dados são eficientes
no descobrimento de conhecimentos antes ocultos sobre o comportamento do mosquito
Aedes Aegypt. As informações foram mineradas de um banco de dados gerado por um
questionário distribuído digitalmente e que obteve 341 respostas. O foco dessa pesquisa
era apenas a cidade de campos dos goytacazes, no Rio de Janeiro, e trazia perguntas sobre
hábitos de indivíduos e sua relação com a transmissão de doenças. Os dados foram mine-
rados utilizando a ferramenta Weka 3.8.1, na qual foi aplicada a técnica de clusterização
com o algoritmo simplekmeans. Os conhecimentos obtidos demonstraram uma relação
entre indivíduos do sexo feminino, jovens (entre 20 e 39 anos) que moram no centro da
cidade e ficam menos de 12h por dia em casa, sendo que esse grupo estava associado à
questão de terem contraído dengue. Também foi percebida uma associação clara entre o
centro da cidade e esses indivíduos.

Palavras-chave

Mineração de dados, Weka 3.8.1, Aedes Aegypt.


M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

1 . INTRO DUÇÃO sendo acumulado. Portanto, a mineração


de dados pode ser vista como uma ferra-
A mineração de dados tem sido uma menta aplicável nesse contexto.
técnica que tem mostrado potencial uso
para gestores, na tomada de decisões e A dengue é uma infecção viral sistêmica

na construção e descoberta de conheci- cujo principal vetor é o mosquito Aedes

mentos que estariam ocultos ou passariam aegypti, com boa adaptação ao clima

despercebidos sob uma grande camada de tropical e subtropical. A doença pode se

dados aleatórios. manifestar de formas variadas, desde


as oligossintomáticas até formas graves,
A análise de dados era realizada desde seus representando um importante problema
primórdios por meios estatísticos, nesse de Saúde Pública em nível mundial (BHATT
processo, os dados têm sido sistematica- et. al., 2013). Segundo estimativa da World
mente coletados e armazenados eletro- Health Oragnization (2009), 50 milhões de
nicamente. Somente esse método mate- casos da doença ocorrem a cada ano, em
mático não proporciona a descoberta de média, levando a 500 mil hospitalizações e
informações desconhecidas em uma base mais de 20 mil óbitos.
de dados. Segundo Bothorel, Serrurier e
Hurter (2011), a Mineração de Dados visa As manifestações clínicas da doença

extrair o máximo de conhecimento a partir dependem da susceptibilidade do hospe-

de bancos de dados com grande volume deiro, da genética viral, da resposta imune

de informação. e de possíveis reações cruzadas advindas


de infecções prévias. Estas características
As principais motivações para o uso das parecem estar relacionadas com o desen-
técnicas de mineração de dados são o volvimento de formas graves da dengue
aumento da capacidade de processamento (GUZMAN et. al., 2010).
e armazenamento de dados, o baixo custo
do processo, já que se usa uma ferra- Alguns fatores influem na densidade de

menta de software livre, a grande quanti- mosquitos, como as condições de sanea-

dade de dados que têm sido armazenados mento e os aspectos socioeconômicos e

nos últimos anos e a inviabilidade de se culturais das comunidades. Donalísio e

analisar esses dados de forma manual. Glasser (2002) afirmam que o conheci-
mento desses fatores é fundamental para
Fayyad (1996) expõe a Mineração de a compreensão das epidemias de dengue
Dados como um processo para identifi- e o direcionamento das ações de controle.
cação, nos dados utilizados como base,
padrões válidos, úteis e compreensíveis. Segundo Rigau-Pérez (1999), o sistema de

Nesse contexto, surge a questão de como vigilância epidemiológica da dengue tem

tirar proveito do conhecimento subja- um papel primordial nas atividades de

cente a todo o patrimônio digital que vem prevenção e controle da doença: ser capaz
de detectar precocemente o aumento de

28
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

casos e epidemias, além dos casos graves, 2 . M ETO DO LO G IA


e a alteração no perfi l epidemiológico.
Para tanto, torna-se necessário uma infor- No processo de tratamento dos dados,
mação consistente e oportuna, diagnóstico objeto deste trabalho, será utilizado o
laboratorial otimizado, critérios de defi - conceito de descoberta de conhecimento
nição de caso claros e objetivos e profi ssio- em bases de dados, KDD. Tal processo foi
nais de saúde com conhecimento clínico defi nido por Fayyad, Piatetsky-shapiro e
da doença. Smyth (1996), como sendo: “... o processo
não trivial de identifi cação de padrões
Neste âmbito, o objetivo deste trabalho válidos, novos, potencialmente úteis e
é utilizar as técnicas de mineração de compreensíveis, embutidos nos dados”.
dados para descobrir hábitos e comporta-
mentos do mosquito Aedes Aegypti, além Para levantar os dados para a mineração,
de buscar determinar o perfi l principal de foi elaborado um questionário com 14
pessoas que contraíram alguma doença perguntas utilizando a ferramenta online
transmitida pelo mesmo. Uma pesquisa Google Forms (forms.google.com), repre-
com 14 questões foi estruturada e distri- sentada na Figura 1, e distribuído eletro-
buída eletronicamente. As respostas foram nicamente através de redes sociais, enca-
processadas através do software WEKA e minhamentos via e-mail, programas de
os resultados serão apresentados ao longo compartilhamento de mensagens e SMS.
deste artigo.

Figura 1 - Tela inicial da ferramenta online Google Forms

O questionário fi cou disponível durante os das vítimas do Aedes Aegypti. As seguintes


meses de maio e junho de 2017 e continha perguntas estruturavam o questionário:
perguntas que visavam respostas que
a) Sexo
ajudariam a construir uma espécie de perfi l

29
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

b) Faixa etária após a limpeza dos dados, foi preparado


para ser minerado a fim de se buscar resul-
c) Em que bairro ou distrito de Campos
tados relevantes que gerassem conheci-
dos Goytacazes você mora?
mentos. Segundo Elmasri e Navalhe (2005)

d) Suas atividades te permitem ficar citado por Nascimento (2012), a mineração

em casa: de dados se refere à descoberta de novas


informações em função de padrões em
a. Mais de 12h por dia grandes quantidades de dados. Seu obje-
tivo é a extração de conhecimentos dessas
b. Menos de 12h por dia
grandes quantidades de dados que seriam
e) Em qual período você fica mais impossíveis de serem extraídos manual-
tempo em casa? mente. A mineração é um dos processos
de KDD (Knowledge Discovery in Data-
f) Já teve dengue? bases). Segundo Amo (2003), é comum
existir uma confusão entre os termos KDD
g) Sua casa tem mosquitos?
e mineração de dados, mas na verdade o
h) Os mosquitos preferem picar você segundo é uma das etapas do primeiro:
na maioria das vezes?
“Afinal, o que é Mineração de Dados?
i ) Em que parte da casa ocorrem as Falando simplesmente, trata-se de
picadas? extrair ou minerar conhecimento de
grandes volumes de dados. Muitas
j) Onde se escondem?
pessoas consideram o termo Mineração

k ) Quais objetos/locais mais atraem? de Dados como sinônimo de Knowledge


Discovery in Databases (KDD) ou Desco-
l ) Onde os mosquitos mais atacam? berta de Conhecimento em Banco de
Dados.”.
m) Horários que mais atacam?
Ainda de acordo com Amo (2003), o KDD é
n) Como você se previne?
um processo amplo que consiste de várias
O questionário obteve 341 respostas e, etapas, conforme demonstrado na Figura 2:

Figura 2 - Tela inicial da ferramenta online Google Forms

30
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

Amo (2003) relata as etapas deste processo, ração de dados é o software WEKA
que inclui: (Waikato Environment for Knowledge
Analysis), desenvolvido pela Universidade
a) Limpeza dos dados: etapa na qual
de Waikato da Nova Zelândia.
são eliminados ruídos e dados inconsis-
tentes; Com o WEKA, foi realizado o processo de
clusterização com o algoritmo SimpleK-
b) Integração dos dados: etapa na qual
means, que é um dos mais usados para
diferentes fontes de dados podem ser
se trabalhar com regras de associação
combinadas produzindo um único reposi-
em bancos de dados, pois ele detecta
tório de dados;
os itemsets frequentes (L1), que são os

c) Seleção: etapa na qual são conjuntos de itens com um padrão repeti-

selecionados os atributos que interessam tivo (AGRAWAL et. al. 1993).

ao usuário. Por exemplo, o usuário pode


Para Salvador et. al. (2009), a clusterização,
decidir que informações como endereço e
uma das técnicas da mineração de dados,
telefone não são de relevantes para decidir
busca agrupar os dados de tal maneira que
se um cliente é um bom comprador ou não;
seja capaz de potencializar a similaridade

d) Transformação dos dados: etapa dos objetos de um mesmo grupo e/ou

onde os dados são transformados num diferença entre grupos distintos.

formato apropriado para aplicação de


De acordo com Tan, Steinbach e Kumar
algoritmos de mineração (por exemplo,
(2009), o objetivo é aprender uma função
através de operações de agregação);
alvo F para mapear cada grupo de atri-

e) Mineração: etapa essencial do butos X para um dos rótulos de classes Y

processo consistindo na aplicação de pré-determinados.

técnicas inteligentes a m de se extrair os


Com os dados prontos, o WEKA foi confi-
padrões de interesse;
gurado para utilizar apenas 9 dos 15 atri-

f) Avaliação ou Pós-processamento: butos, conforme Figura 3, e foi realizada

etapa na qual são identificados os padrões a etapa da mineração denominada agru-

interessantes de acordo com algum critério pamento ou clusterização. Nesta etapa,

do usuário; o software identifica grupos de objetos


através de algumas características em
g) Visualização dos Resultados: comum ou critérios de similaridade. Um
etapa na qual são utilizadas técnicas de cluster se trata de um conjunto de objetos
representação de conhecimento a m de similares entre si e diferentes dos objetos
apresentar ao usuário o conhecimento que pertençam a outros grupos.
minerado.

A ferramenta utilizada para fazer a mine-

31
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

Figura 3 - Tela de processamento do WEKA

Como o objetivo do trabalho é a obtenção os clusters que indicavam que as pessoas


conhecimento sobre o comportamento do daquele grupo tinham contraído dengue. A
mosquito Aedes Aegypti e a transmissão da partir disso, foram analisados os clusters que
dengue, foram gerados cinco clusters, como apresentavam resultados indicando pessoas
indicado na Figura 4, utilizando o algoritmo que contraíram dengue anteriormente.
SimpleKMeans, sendo selecionados apenas

Figura 4 - Tela de resultados do WEKA mostrando o processo de clusterização

32
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

3 . RE S ULTADOS E de prevenção de picadas mais utilizado por

D I SC USSÃO este grupo é o ventilador.

Na análise dos dados minerados pelo Já o Cluster #3, representado na Figura 6,

WEKA, foram destacados apenas os clus- indica que pessoas do sexo feminino da

ters #0 e #3, pois eram aqueles que asso- faixa etária entre 35 e 39 anos, que moram

ciavam informações com usuários que no Centro e ficam em casa menos de

declararam na pesquisa já terem contraído 12h por dia na parte da noite contraíram

dengue pelo menos uma vez. dengue. A parte do corpo indicada como a
de preferência dos mosquitos para atacar
O Cluster #0, vide Figura 5, indica uma seria também a opção “canela/pés”, sendo
relação entre pessoas do sexo feminino da que esse grupo também percebe que a
faixa etária entre 20 e 24 anos, moradoras maioria das picadas ocorre entre 20:00 e
do Centro e que permaneciam por menos 23:59, no entanto o modo de prevenção
de 12 horas por dia contraíram dengue, utilizado é repelente.
mais especificamente na parte da noite.
Figura 6 – Cluster #3 gerado pelo aplica-
Figura 5 – Cluster #0 gerado pelo aplica- tivo SimpleKmeans
tivo SimpleKmeans

Houve também uma associação relativa Há a possibilidade de ser elaborada uma


à parte do corpo em que teria ocorrido a relação entre as vítimas do mosquito da
picada, sendo verificada a opção como dengue e seu local de trabalho, pois em
principal alvo dos mosquitos. O horário ambos os clusters indicam que os indiví-
em que as picadas eram mais frequentes é duos ficam fora de casa mais de 12h por
nos horários entre 20:00 e 23:59. O modo dia. Porém, essa informação pode ser

33
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

contestada, visto que o Centro é um bairro 4 . CO N SIDERAÇÕ ES


de grande densidade populacional, tanto F IN AIS
residencial como comercial, ou seja, muitas
pessoas moram e trabalham no Centro. A aplicação do KDD utilizando o software
WEKA 3.8.1 sobre a base de dados meteo-
Nota-se também que, nos cluster asso- rológicos mostrou-se uma ferramenta útil
ciados às pessoas que contraíram da para auxiliar na descoberta de conheci-
dengue, o horário percebido das picadas mentos relevantes sobre os hábitos do
foi entre as entre 20:00 e 23:59, contra- mosquito Aedes Aegypti, que podem ser
riando o que costuma ser apontado por utilizados para futuras ações de prevenção
conhecimento popular, de que o mosquito à doença.
Aedes Aegypti tem hábitos diurnos.
Segundo as análises realizadas, pode-se
A magnitude da atual epidemia de dengue afirmar que há alguns indicativos quanto
em grande parte do território nacional ao padrão do comportamento do mosquito
permite inferir que as medidas que Aedes Aegypti. Observou-se que a maioria
visavam o combate ao vetor, tais como das pessoas vítimas da dengue eram
campanhas de informação e de mobili- mulheres de uma faixa etária mais jovem
zação de pessoas, fortalecimento da vigi- (entre 20 e 39 anos). Foi percebido também
lância epidemiológica e entomológica, que o Centro foi o bairro que apareceu em
trabalho de campo, atuação multissetorial ambos os Clusters, bem como o a parte do
e utilização de instrumentos legais, não corpo que sofreu a picada “canela/pés”.
surtiram o efeito desejado. Ambos os grupos indicam uma relação
com pessoas que ficam menos de 12h por
Explicações para o relativo fracasso dessas
dia em casa, sempre no período da noite,
medidas são diversas, desde pouca cola-
entre 20:00 e 23:59.
boração da população na prevenção e
eliminação de criadouros do mosquito Como proposta para estudos futuros,
e ocupação desordenada do espaço sugere-se aumentar o número de dados
urbano, até mudanças de hábito. Além coletados para que se tenha um conheci-
disso, incluem-se insuficiência de campa- mento mais real das condições da região
nhas oficiais e recursos humanos capa- nos outros meses do ano, para determinar
citados para as ações de campo, além da se há sazonalidade no período de predo-
diminuição do investimento nas ações de minância de picadas e/ou na parte do
prevenção de forma geral. corpo na qual esta ocorre. Isso porque,
para compreender uma doença multi-
A melhoria das condições higiênico-sanitá-
causal como a dengue, são necessários
rias das habitações, coleta apropriada do
mais elementos explicativos, relativos não
lixo e fornecimento de água encanada são
apenas às características da população,
medidas também importantes no controle
como também do ambiente urbano.
da dengue.

34
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

AGRA DECIMENTOS edge Discovery in Databases. AI maga-


zine, p. 37-54, 1996
Os autores agradecem a Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível [ 8] . GUZMAN, M.G. et. al.. Dengue: a

Superior – CAPES pelo suporte financeiro continuing global threat. Nat Rev Micro-

para a execução deste trabalho. biol, v. 8, n. 12, p. 7-16, 2010.

[ 9 ] . NASCIMENTO, S.Q. Utilização da


RE F E RÊ NCIAS Mineração de Dados para Análise da
Tonalidade Musical em Diversos Estilos
[1 ]. AGRAWAL, R.; IMIELINSKI, T.; SWAMI
Musicais. XIX SIMPEP. 2012.
A. Mining Association Rules between
Sets of Items in Large Databases. 1993. [ 1 0 ] . RIGAU-PÉREZ, J.G. Surveillance for
Disponível em: <http://arbor.ee.ntu.edu. an emerging disease: dengue hemor-
tw/~chyun/dmpaper/agrama93.pdf>. rhagic fever in Puerto Rico, 1988-1997. P
Acesso em: 20/07/2017. R Health Sci J, v. 18, n. 4, p 337-345, 1999.

[2]. AMO, S. Técnicas de Mineração de [11]. SALVADOR, H.G.; CUNHA, A.M.;


Dados. Universidade Federal de Uber- CORRÊA, C.S. Vedalogic: um método de
lândia, Faculdade de Computação. 2003. Verificação de Dados Climatológicos
Apoiado em Modelos Minerados. Revista
[3]. BHATT, S. et. al. The global distribu-
brasileira de Meteorologia, v. 24, n. 4, p.
tion and burden of dengue. Nature Vol
448-460, 2009.
496, n. 7446, p 504-507, 2013.
[ 1 2 ] . TAN, P.; STEINBACH, M.; KUMAR, V.
[4]. BOTHOREL, G.; SERRURIER, M.;
Introdução ao Data Mining – Mineração
HURTER, C. Utilisation d’outils de Visual
de Dados. Rio de Janeiro: Editora Ciência
Data Mining pour l’exploration d’un
Moderna Ltda. 2009.
ensemble de règles d’association. Sophia
Antipolis, France: Ihm’11, 2011. [ 1 3] . WORLD HEALTH ORGANIZATION.
Dengue: guidelines for diagnosis, treat-
[5 ]. CAROSIA, A.E.; CIFERRI, C.D.A. Mine-
ment, prevention and control. Geneva:
ração de Dados. Disponível em <http://
World Health Organization, 2009.
wiki.icmc.usp.br/images/3/3c/BDAmine-
racao.pdf>. Acesso em: 19/07/2017.

[6 ]. DONALÍSIO, M.R.; GLASSER, C.M.


Vigilância entomológica e controle de
vetores do dengue. Rev bras epidemiol, v.
5, n. 3. P 259-279, 2002.

[7]. FAYYAD, U.; PIATETSKY-SHAPIRO, G.;


SMYTH, P. From Data Mining to Knowl-

35
APLICAÇÃO
DO MRP COMO
FERRAMENTA PARA
O PLANEJAMENTO
E CONTROLE DA
PRODUÇÃO EM UMA
VIDRAÇARIA

Diego Marques Cavalcante


Micheli Silva Sousa
Dayse Kellen Ferreira de
Oliveira

RESUMO
Uma das técnicas que tem contribuído sistematicamente na melhoria dos sistemas
de produção é a implantação e utilização de sistemas de Planejamento e Controle da
Produção. Este trabalho apresenta um estudo de caso realizado em uma empresa de
vidraçaria, e tem por objetivo a análise da utilização de um sistema de planejamento e
controle de produção, o MRP (Material Requirements Planning – Planejamento das Neces-
sidades de Material), em uma empresa de médio porte, que visa uma maior otimização do
sistema produtivo através do cálculo correto das necessidades de materiais e da redução
dos atrasos de entrega de pedido, além de contribuir para o aumento da produtividade. O
estudo se valeu da Classificação ABC para a escolha do produto com maior relevância no
catálogo de produção. Foi montada a lista de materiais, construída a árvore do produto e,
através do procedimento do cálculo do MRP, elaboradas as planilhas de controle.

Palavras-chave

MRP, classificação ABC, planejamento e controle da produção.


M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

1 . INTRO DUÇÃO sário conhecer alguns conceitos como a


definição de lead times (tempo de espera)
O grande intuito deste trabalho é entender consiste no tempo decorrente entre a libe-
a importância e como funciona um plane- ração de uma ordem de compra ou de
jamento para ajudar a produzir e comprar produção e o momento a partir do qual o
apenas o necessário e apenas no momento material referente à ordem está pronto e
certo, visando eliminar estoques para disponível para uso.
operações de fabricação ou montagem
com o desenvolvimento de tarefas como a Definição de estoques de segurança é

apresentação dos produtos, estrutura do fazer frente a incertezas em processo de

produto, previsão de vendas do produto, transformação. As razões para uso desses

estoques, lead time e lote mínimo, plano estoques podem ser incertezas quanto à

mestre de produção, necessidades sema- fase de fornecimento do item analisado,

nais de materiais a produzir e comprar e a quanto ao processo que o produz ou

emissão de solicitação de compra e ordem quanto a sua demanda.

de produção.
Além desses parâmetros é válido ressaltar que

O objetivo é desenvolver um trabalho para um bom desempenho do MRP também

prático baseado na lógica de cálculo do deve ser observado o sistema previsão de

sistema de MRP, o processamento através vendas e a acurácia dos dados em estoque

da mesma sistemática do MRP, que deverá para garantir um desempenho global da

estabelecer o plano de necessidades dos organização onde o sistema se encontra.

materiais (subconjuntos, componentes e


matérias primas) para atender um deter- 2 . REF EREN CIAL
minado plano de produção de uma família T EÓ RICO
de produtos acabados. E demonstrar a
Um dos registros mais antigos de produção
importância de sistemas de gestão não só
gerenciada data de cerca 5000 A.C. Monges
nas grandes organizações, mas também
sumérios já contabilizavam os seus esto-
em pequenas e médias empresas.
ques, empréstimos e impostos resultantes
Parametrização é uma atividade que de suas transações comerciais (Souza, 2004.
permite que possíveis restrições e carac- Apud Batalha et al 2008). Estratégias formais
terísticas da realidade sejam informadas e consistentes são compostas de três
e, portanto, consideradas pelo sistema. É a elementos: os objetivos a serem alcançadas,
forma de adaptarmos o cálculo do MRP às as politicas que orientam os caminhos a
necessidades específicas da organização, serem seguidos ou evitados e os planos ou
que a realidade seja refletida o mais fiel- programas de ação. (QUINN, 1992).
mente possível no sistema.
Inicialmente, é importante ter em mente
Para entender melhor o MRP se faz neces- a definição de tais sistemas, revelando

37
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

sua forma de aplicação, principalmente a determinar a quantidade e o momento


dentro de ambientes industriais referin- das compras de materiais, preocupan-
do-se a controle de estoque e a todos do-se, também, com a lista dos materiais
os setores de manufatura abrangendo comprados; o controle de estoque entre
os temas de Sistemas de Produção na outras características que resultam nos
evolução do “Planejamento de Necessi- elementos de um sistema MRP.
dades de Materiais” (MRP), bem como suas
Segundo Slack et al. (1996) apud Souza
características, vantagens, desvantagens
(2003):
e exemplos, permitindo que, com base na
decisão de produção dos produtos finais, O MRP (Material Requeriments Planning),
cheguemos ao resultado, determinando o ou seja, o cálculo das necessidades de
que, quanto e quando produzir e comprar, material surgiu na década de 60 com
componentes e matérias-primas. o objetivo de auxiliar as empresas no
cálculo da quantidade de um deter-
Segundo Noé (1996):
minado produto e em que momento
O sistema de controle de produção deveria ser produzido tal quantidade.
MRP, foi concebido a partir da formu-
Para o cálculo da necessidade de material
lação dos conceitos desenvolvidos por
era utilizada uma lista de materiais (BOM –
Oliver Wighte Joseph Orlicky, “surgiu
Bill of Materials) e determinados produtos
durante a década de 60, com o obje-
eram compostos por muitos itens, o que
tivo de executar computacionalmente
dificultava o cálculo. Porém, com o advento
a atividade de planejamento das neces-
de sistemas computacionais capazes de
sidades de materiais para manufatura,
executar tal cálculo, o uso do MRP foi
permitindo, assim, determinar, precisa e
difundido no final dos anos 70 e princípio
rapidamente, as prioridades das ordens
dos anos 80.
de compra e fabricação”.

Sendo assim, o objetivo do MRP é executar


Segundo seus idealizadores, a visão do
computacionalmente a atividade de plane-
MRP foi centralizar e integrar informações
jamento das necessidades de materiais,
de negócio de uma maneira que facili-
permitindo assim determinar, precisa e
tasse as decisões dos gerentes de linha
rapidamente, as prioridades das ordens
de produção e melhorasse a eficiência da
de compra e fabricação. Os objetivos prin-
linha de produção como um todo. Segundo
cipais dos sistemas de cálculo de necessi-
Corrêa et al (2011), “em meados dos anos
dades são:
80, as indústrias desenvolveram sistemas
para calcular as necessidades de recursos Permitir o cumprimento dos prazos de
de um lote de produção baseado nas previ- entrega dos pedidos dos clientes com
sões de demanda”. mínima formação de estoques, planejando
as compras e a produção de itens compo-
Os sistemas MRP auxiliaram os gerentes

38
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

nentes para que ocorram apenas nos não tardou que alguns pesquisadores
momentos e nas quantidades necessárias, percebessem que a mesma lógica de
nem mais, nem menos, nem antes, nem cálculo de necessidades poderia, com
depois (CORRÊA & GIANESI, 1993). pouco esforço adicional, ser utilizadas
para o planejamento de outros recursos
Os gerentes de produção utilizam o MRP
de produção (como as necessidades de
com o objetivo, de acordo com Gaither e
mão-de-obra e equipamentos), além
Frazier (2001), “de melhorar o serviço ao
dos materiais.
cliente, de reduzir investimentos em esto-
ques e de melhorar a eficiência opera-
cional de fábrica”.
3 . M ETO DO LO G IA
Para a aplicação do sistema MRP (mate-
Segundo Corrêa e Gianesi (1993):
rial requeriments planning) procurou-se
O princípio básico do sistema MRP é o uma empresa de montagem e revenda
cálculo das necessidades, uma técnica de janelas, portas, Box e balancins de
de gestão que permite o cálculo, viabi- alumínio localizada no município de Abae-
lizado pelo uso do computador, das tetuba na rodovia Dr. João Miranda s/n.
quantidades e dos momentos em que No primeiro momento houve a apresen-
são necessários os recursos de manufa- tação do sistema MRP (material requeri-
tura para que se cumpram os prazos de ments planning) ao gerente da empresa,
entrega de produtos, com um mínimo depois se fez o levantamento dos produtos
de formação de estoque. vendidos. A empresa em questão trabalha
com a representação de uma empresa que
Vollmann et al. (2006) afirma que:
fabrica as peças de alumínio e os vidros

Além das entradas do programa mestre temperados, ela possui varias linhas de

de produção, o MRP requer duas estilo das janelas, portas, Box e balancins,

entradas básicas. Uma lista de mate- são elas a linha 25, linha Master, linha Gold,

riais, para cada número de peça, quais linha Suprema e linha imperial.

outros números de peças são neces-


No estoque da empresa observada havia
sários como componentes diretos. A
somente os produtos da linha 25 pelo fato de
segunda entrada básica para o MRP é o
serem mais populares e mais econômicos, só
status do estoque.
é feito pedido dos demais modelos diante de

Corrêa e Gianesi (1993) afirmam que: uma demanda certa e de grande tamanho,
pois a fabricante só vende em lotes. Para
Com a popularização do uso da técnica simular o MRP escolhemos um item da linha
de cálculo de necessidades de materiais 25 através da construção da tabela de clas-
e com mais pesquisas sendo feita quanto sificação ABC que nos mostrou o produto
à aplicação prática dos princípios do mais vendido conforme mostra a figura 1 e
MRP a situações práticas de produção, o gráfico de percentual acumulado demons-

39
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

trado na figura 2. Pela classificação ABC o


item mais vendido é a janela da linha 25 apre-
sentado na figura 3.

Figura 1 - Tabela de classificação ABC

ITEM QUANTIDADE VALOR (R$) CUSTO TOTAL (R$) % ITEM CLASS. ACUMULADA (%) CLASSIFICAÇÃO
JANELA 4 R$ 375,00 R$ 1.500,00 0,915751 0,915750916 A
PORTA 1 R$ 525,00 R$ 525,00 0,320513 1,236263736 B
BOX 1 R$ 320,00 R$ 320,00 0,19536 1,431623932 B
BALANCIM 2 R$ 69,00 R$ 138,00 0,084249 1,515873016 C
soma R$ 1.638,00 EPAM 2,431623932

Fonte: Pesquisa Direta 2014

Figura 2 - Gráfico de Percentual Acumulado

Fonte: Pesquisa Direta 2014

Figura 3 - Janela do Modelo Linha 25

Fonte: Texa Alumínio, Disponível em: <www.texaaluminio.com.br>

40
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

Com o item definido foi montada a árvore visualização de todos os componentes do


do produto, figura 4, que possibilitou a produto final, a janela.

Figura 4 - Árvore do Produto

Fonte: Pesquisa Direta 2014

Com esses componentes fez-se a lista materiais e nível de cada item previamente
endentada, figura 5, com a quantidade dos definidos na árvore do produto.

Figura 5 - Lista Endentada de Materiais

Fonte: Pesquisa Direta 2014

41
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

O próximo passo foi à criação da árvore A partir daí baseado nas informações
de prazos, vista na figura 6, baseada no levantadas in loco foram estimadas as
tempo de entrega dos produtos que necessidades brutas, estoque programado
compõem a janela. e as recepções programadas. Desenhou-se
então o seguinte cenário uma demanda
Figura 6 – Árvore de Prazos
de cinco apartamentos populares em que
cada um teria quatro janelas, assim uma
demanda de vinte janelas. Tabeladas as
necessidades brutas, o estoque progra-
mado e as recepções programadas, figura
7, foi feita a matriz MRP presente em anexo.

A Matriz MRP serviu para demonstrar a


eficácia desse instrumento de gestão,
possível utilização em pequenos empreen-
dimentos e através deste modelo identificar
as possíveis ineficiências nos processos
de produção e melhorá-las pontualmente
acrescentando aos empreendimentos um
diferencial diante seus concorrentes de
mercado e perante seus consumidores.

Fonte: Pesquisa Direta 2014

Figura 7 - Tabela com Informações

Fonte: Pesquisa Direta 2014

4. RE S U LTADOS E da ferramenta MRP (Material Require-

D I SC USS Õ ES ment Planning) bem como sua possibili-


dade de atuação dentro do processo de
Este trabalho demonstra a conceituação compras e serviços de pequenas e médias

42
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

empresas. O método MRP (Material Requi- O principal obstáculo a ser vencido é encon-
rement Planning) implica em conferir o trar o método mais eficaz para atingir o
planejado, o ocorrido e o administrar para ponto ideal de emissão das ordens de
melhorar essas informações de maneira a compra, aliado à complexa estrutura para
servir como referencia para novas aplica- a entrega pontual de matéria-prima, já que
ções. É certo que em várias fases poderá vem de outros municípios que por sua vez
originar diferença entre os pontos calcu- dependem do repasse da matéria prima
lados, e o sistema MRP (Material Require- que vem de outros estados. Este trabalho
ment Planning) colaborando para a dimi- visou aprofundar os estudos nesta ferra-
nuição dessas diferenças e chegar o mais menta atual e analisar seus impactos sobre
próximo possível dos números previstos. a lucratividade das empresas.
Atualmente existe um grande leque de
A sistematização é simples, porém houve
opções de novas técnicas de otimizações,
certa dificuldade, pois se exige que o admi-
implantados nas empresas para o controle
nistrador faça um bom detalhamento dos
e planejamento das compras e estoque.
processos produtivos a fim de assegurar
O controle de estoques associado à as informações apuradas. Com as atuais
ferramenta MRP (Material Requirement perspectivas do mercado nacional, a utili-
Planning) constitui um fator determinante zação de grandes estoques não se faz
para a redução de custos e consequente- necessária, podendo até mesmo compro-
mente a maximização dos lucros. Hoje, meter a liquidez da empresa, deste modo
tempo em que a competitividade gera a à análise minuciosa com relação aos esto-
busca pela agilidade nos processos de ques mínimos, tempo de recebimento da
produção, esta ferramenta acaba por mercadoria de cada fornecedor é impres-
servir como um diferencial e também cindível para o sucesso do sistema.
como facilitadora dos procedimentos de
Foram verificados os processos antes
compra e de recebimento para que sejam
da implantação desta ferramenta, e
executadas com precisão. O sistema MRP
propôs-se o uso desse instrumento de
(Material Requirement Planning) Ajudar a
gestão, através de estudos e a simulação
produzir e comprar apenas o necessário e
de implantação, verificando sua eficácia no
apenas no momento necessário (no último
auxílio deste método. Onde se demostrou
momento possível), visando eliminar
à empresa uma vantagem, possibilitando
estoques, gerando uma série de encon-
maior rapidez do controle de abasteci-
tros marcados entre componentes de um
mento e reabastecimento das suas neces-
mesmo nível, para operações de fabricação
sidades dentro de suas atividades desen-
ou montagem e hoje o mercado conta com
volvidas, dando o suporte necessário para
diversas empresas que fornecem softwares
sua possível melhora e desempenho. O
de fácil manuseio e que se adéquam a
presente trabalho buscou contribuir para
diversos tamanhos de empresas.
diagnosticar a importância de sistemas

43
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

de gestão, no caso o MRP (Material Requi- ocorra de maneira coordenada é de suma


rement Planning), no planejamento e importância à distribuição das informações
controle de compras e estoque de uma entre os envolvidos da empresa.
pequena empresa.

REF ERÊ N CIAS


5. CONS IDERAÇÕ ES
[ 1 ] . BATALHA, Mário Otávio et al. Intro-
F INAIS
dução à Engenharia de Produção. 2008
O uso de sistema MRP (Material Requi- Elsevier Editora Ltda.
rement Planning) inspirou mudanças no
[ 2 ] . CORRÊA, H. L.; GIANESII. G. N.;
planejamento da empresa. Os benefícios
CAON, M. Planejamento, Programação e
que podem ser obtidos com o uso desta
Controle da Produção. 5. ed. São Paulo:
técnica superam as desvantagens uma
Atlas, 2011.
vez que propicia maior controle sobre o
estoque, maior precisão nos pedidos de [ 3] . CORRÊA, H., GIANESI, I. Just in time,
compra (serviços) e prazos de entrega. Esses MRP II e OPT: um enfoque estratégico. 2
três fatores aliados geram informações mais ed. São Paulo: Atlas, 1996.
concretas sobres seus custos e auxiliam o
administrador na tomada de decisões. [ 4] . NOÉ, ARMANDO C. M. J. Novas
Tecnologias e Sistemas de Adminis-
O uso da ferramenta MRP (Material Require- tração da Produção. Florianópolis - SC,
ment Planning), apesar de pecar por limitar 1996.
seus conceitos às linhas de produção, acaba
por influenciar diversos outros setores da [ 5] . QUINN, J. B. Strategies for Change.
organização por gerar maior segurança nos In. New Jersey 1992.
processos produtivos, uma vez que todos os
[ 6 ] . SLACK, Nigel; et al. Administração
passos são monitorados, planejados e depois
da Produção. São Paulo: Atlas, 1999.
analisados para garantir sua eficiência. Com
o melhor uso dos níveis de estoque e tempo [ 7] . SOUSA, G. L. Impacto of alternative
de armazenamento, observam-se outros três flow control policies on value stream
benefícios, resultantes da atuação do MRP robustness under demand instability: a
(Material Requirement Planning): redução system dynamics medeling and simulation
dos níveis de estoque com o aumento de seu approach. Tese de Doutorado. Virginia
giro com base na sua aquisição na quanti- Tech. Blacksburg, VA, 2004.
dade e tempo correto; redução do seu ciclo de
fabricação e diminuição no atraso de entrega [ 8] . VOLLMANN, T. E. et al. Sistemas de
aos clientes. A implantação deste sistema planejamento e controle da produção
exige alto grau de envolvimento da alta admi- para o gerenciamento da cadeia de
nistração e dos vários níveis e setores direta suprimentos. 5ª ed. Porto Alegre: Artmed
e indiretamente, e para que esta adaptação Editora S.A., 2006.

44
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

A NE XO
MRP DE CADA PEÇA (JANELA DE CORRER
DE ALUMINIO)

Períodos 1 2 3 4 5 6 7 8
B arra
Necessidades Brutas 120 60 60 0 0 0 0 0
Su p e -
rior Recebimento Progra-
- - 200 - - - - -
( x 3) mado
Estoque
LOTE= 60 60 0 140 140 140 140 140 140
Projetado
2 00
L D=1 Lançamentos Previstos 60

Períodos 1 2 3 4 5 6 7 8

Bar ra Necessidades Brutas 120 60 60 0 0 0 0 0


I n fe r ior
( x3) Recebimento Progra-
- - 200 - - - - -
mado
LOTE=
2 00 Estoque
60 60 0 140 140 140 140 140 140
L D=1 Projetado

Lançamentos Previstos 60

Períodos 1 2 3 4 5 6 7 8
B arra
Dire it a Necessidades Brutas 100 40 40 0 0 0 0 0
( x 3)
Recebimento Progra-
- - 100 - - - - -
mado
LOTE=
Estoque
1 00 60 40 0 60 60 60 60 60 60
Projetado
L D=1
Lançamentos Previstos 40

Períodos 1 2 3 4 5 6 7 8
B arra
Esq u e r- Necessidades Brutas 100 40 40 0 0 0 0 0
d a ( x 3)
Recebimento Progra-
- - 100 - - - - -
mado
LOTE=
Estoque
1 00 60 40 0 60 60 60 60 60 60
Projetado
L D=1
Lançamentos Previstos 40

45
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

Períodos 1 2 3 4 5 6 7 8
B arra Necessidades Brutas 60 20 20 0 0 0 0 0
( x2 )
Recebimento Progra-
- - 120 - - - - -
LOTE= mado
120 Estoque
40 20 0 100 100 100 100 100 100
L D=1 Projetado
Lançamentos Previstos 20

Períodos 1 2 3 4 5 6 7 8
Parafu - Necessidades Brutas 640 320 320 0 0 0 0 0
so ( x1 6 ) Recebimento Progra-
- - 400 - - - - -
mado
LOTE=
Estoque
400 320 320 0 80 80 80 80 80 80
Projetado
L D=1
Lançamentos Previstos 320

Períodos 1 2 3 4 5 6 7 8
Necessidades Brutas 100 20 20 20 0 0 0 0
Vid ro
(x4) Recebimento Progra-
- - - 200 - - - -
mado
LOTE=
Estoque
2 00 80 20 0 0 180 180 180 180 180
Projetado
L D=2
Lançamentos Previs-
20
tos

Períodos 1 2 3 4 5 6 7 8
Necessidades Brutas 80 40 40 0 0 0 0 0
Fe ch o
( x 2 ) Recebimento Progra-
- - 100 - - - - -
mado
LOTE=
Estoque
1 00 80 40 0 60 60 60 60 60 60
Projetado
L D=1
Lançamentos Previs-
40
tos

46
COMPARAÇÃO DE
MODELOS PARA O
AJUSTE DA CINÉTICA
DE HIDRATAÇÃO DE
AMIDO NATURAL

Gustavo de Souza Matias


Karoline Yoshiko Gonçalves
Fernando Henrique Lermen
Tânia Maria Coelho

RESUMO
Ao realizar uma analogia entre o processo de transferência de massa e a lei do resfriamento
de Newton, Omoto et al., (2009) obtiveram um modelo teórico para descrever dados ciné-
ticos de hidratação de produtos agroindustriais. Sabendo disso esse trabalho propõe-se
a empregar o modelo teórico de hidratação obtido por Omoto e demais autores na hidra-
tação de amido natural e comparar esse modelo a um modelo empírico clássico de hidra-
tação já consagrado na literatura. Para isso dados cinéticos de hidratação de amostras de
amido foram colhidos por meio de um experimento realizado com um banho termostático
na temperatura de 40 °C, o modelo em estudo foi reescrito de modo a desconsiderar o
formato do material estudado, uma vez que o amido não tem forma geométrica definida.
Por fim os modelos foram ajustados e tiveram seu ajuste comparado por alguns critérios
de comparação onde constatou-se que o modelo de estudado tem potencialidade para ser
empregado na modelagem e simulação da cinética de hidratação de amido natural, uma
vez que os dados se ajustaram bem ao modelo teórico.

Palavras-chave

Hidratação, Amido Natural, Cinética de Hidratação.


M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

1 . INTRO DUÇÃO A fécula ou amido é o produto amiláceo


comestível extraível de dois tipos de vege-
A mandioca (Manihot esculenta cranz) é tais, aéreos (grãos) e subterrâneos (tubér-
considerada uma cultura de suma impor- culos), apresenta características que o dife-
tância em todo o mundo, pois é utili- rencia dos demais, atendendo a demanda
zada na alimentação humana e animal, por aplicações específicas, desta forma,
além de ser matéria prima para outros surgem cada vez mais pesquisas de como
produtos industrializados, como a fécula modificar suas características (ABNT, 1978).
de mandioca (MATTOS & CARDOSO, 2003).
De acordo Groxko (2016) no ano de 2015 Para a produção da fécula, a raiz de

o Brasil produziu 24,108 mil toneladas mandioca passa pelas etapas apresen-

de mandioca, já a fécula de mandioca, tadas na Figura 1

produziu 750 mil toneladas, sendo conside-


rado o segundo maior produtor mundial,
atrás somente da Tailândia.

Figura 1 - Fluxograma do processo de produção para obtenção da fécula de mandioca.

As operações de secagem, adsorção e na estrutura cristalina dos grânulos de


hidratação dos grânulos do amido estão amido contidos no produto, começam
presentes em importantes etapas de puri- então a intumescer e a formar soluções
ficação do amido natural. A purificação é consideravelmente viscosas promovendo
essencialmente um processo hidrotérmico, um excesso de água no grão.
no qual o a mandioca triturada é imersa
Realizando uma analogia a lei do resfria-
em água potável a uma dada temperatura
mento de Newton, Omoto et al., (2009),
para realizar a gelatinização total ou parcial
obtiveram um modelo de hidratação por
do amido presente nele. O processo que
meio do balanço de massa para o processo
acontece quando o amido atinge a tempe-
de hidratação de grãos de ervilha, o modelo
ratura de gelatinização, causa uma ruptura

48
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

obtido por esses autores foi ajustado aos além de também ocorrer por uma combi-
dados cinéticos de hidratação de ervilhas nação dos dois (advecção). No processo de
com sucesso. Sabendo disso objetivo desse transferência de massa por difusão ocorre
trabalho é empregar o modelo de Omoto et a movimentação das partículas a nível
al., (2009), na hidratação de amido natural molecular, dessa forma o fluído se desloca
e comparar esse modelo com um modelo das regiões de maior concentração para as
empírico clássico consagrado na literatura regiões de menor concentração devido ao
na hidratação de produtos agroindustriais. gradiente de concentração. O fenômeno
Os autores empregaram esse modelo no da difusão é influenciado diretamente
ajuste de dados cinéticos de hidratação de pela temperatura devido ao fato de o
ervilha, dessa forma propõe-se emprega o aumento de temperatura ser proporcional
modelo de Omoto et al., (2009), na hidra- ao aumento da agitação das partículas
tação de amido natural e comparar esse proporcionando taxas de transferência de
modelo com um modelo empírico clássico massa maiores (WELTY et al., 2007).
consagrado na literatura na hidratação de
Quando a transferência de massa ocorre
produtos agroindustriais.
com o auxílio do escoamento de um fluído
ela é denominada transferência de massa
2 . CINÉ TICA DE por convecção, a convecção é caracteri-
HID RATAÇÃO zada por ser um processo macroscópico

Os fenômenos de secagem e hidratação e ocorrer em meio poroso (WELTY, et al.,

envolvem transporte de massa, que de 2007). Conforme Defendi (2015), a secagem

acordo com Welty et al., (2007) pode ser de produtos agroindustriais na maioria

definido como o transporte de uma subs- das vezes ocorre por difusão, não sendo

tância da região de maior concentração influenciada por fatores convectivos. Sobre

para a região de menor concentração. essa constatação sugere-se que a secagem

Quando um sistema tem dois ou mais de amido não é influenciada pela circu-

componentes a concentração das subs- lação de ar durante o processo.

tâncias pode ser diferente em distintas


As cinéticas de hidratação descrevem o
regiões do espaço nesse sistema, nesse
processo de hidratação que é um processo
caso existe uma tendência natural de a
de transferência de massa análogo e
massa ser transferida minimizando essa
inverso à secagem, dessa forma um
diferença de concentração. O transporte
modelo utilizado para descrever a ciné-
de uma substância da região de maior
tica de secagem de determinado objeto
concentração para a região de menor
também pode ser ajustado com o intuito
concentração é chamado de Transferência
de descrever a cinética de hidratação de
de Massa (WELTY et al., 2007).
outro objeto. Peleg (1988) apresenta um

A transferência de massa pode ocorrer modelo empírico para ajustar a cinética

por dois mecanismos difusão e convecção, de hidratação essse modelo foi utlizado

49
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

originalmente para o ajuste da cinética de NA=Ks(ρ−ρe). O mesmo pode ser feito em


hidratação de arroz e leite em pó, mas nos relação à o teor de umidade (X), conforme
anos seguintes foi utlizado por diversos evidenciado pela Equação (3), apresentada
autores no ajuste da cinética de hidratação a seguir, onde se observa que ao contrario
de uma variedade de produtos agroindus- do trabalho de Omoto, et al., (2009) Ks
triais, tornando-se um modelo clássico, apresenta um sinal negativo o que ocorre
disposto na Equação (1): devido ao fato de a equação ter sido elabo-
rada conforme o balanço de massa para
𝑋(t)=X0±t(k0+k1 t) (1)
a secagem, o processo de secagem é um

Sendo: 𝑋(𝑡) - teor de umidade do produto processo inverso ao de hidratação:

em decimal (b.s) em função do tempo de


𝑁𝐴=−𝐾𝑠(𝑋−𝑋𝑒) (3)
secagem; 𝑋0 - teor de umidade inicial do
produto (b.s); k, k0, k1 - constantes de Sendo: 𝐾𝑠 – é a constante cinética de trans-
secagem em h-1 a, b, c; n - coeficientes dos ferência de massa (g.cm.min−1); 𝑋𝑒 – teor
modelos; t - tempo de secagem em h. de umidade de equilíbrio.

Omoto et al., (2009) fez uma analogia a lei No trabalho de Omoto, et al., (2009), a cons-
de Newton do resfriamento obtendo um tante 𝐾𝑠 é dada na unidade 𝑐𝑚.𝑚𝑖𝑛−1, isso
modelo para o ajuste da cinética de hidra- ocorreu devido a os autores trabalharem
tação por meio do balanço de massa em com a variação de densidade e não de X,
termos de densidade dos grãos de ervilha pois X é adimensional. Os autores também
e da água. Por simplificação é possível levaram em consideração a geometria
realizar o balanço de massa em termos do esférica dos granulos com raio (𝑟𝑜) para
teor de umidade do grão (X), considerando determinar a variação de densidade pelo
o volume constante obtém-se a relação tempo, propondo o mesmo modelo para
apresentada na Equação (2): obter a variação de X pelo tempo tem-se
na Equação (4):
𝑑(𝑋)𝑑𝑡=𝑁𝐴.𝐴 (2)
𝑑(𝑋)𝑑𝑡=−3𝐾𝑠𝑟0(𝑋𝑒−𝑋) (4)
Sendo: NA – Fluxo mássico (g.cm−2 min−1);
A – Área superficial do grão m2. Sendo: 𝑟0 – é o raio do grão.

Para determinar o fluxo mássico (NA) Ao se integrar a Equação (4) obtém-se a


Omoto et al., (2009), definiram o fluxo seguinte relação: 𝑋=𝑐.𝑒𝑥𝑝(−3𝑘𝑠𝑟0.𝑡)+𝑋𝑒,
mássico em função do produto de uma onde c é a constante de integração, apli-
constante pela diferença entre a densi- cando a condição inicial (t = 0) obtém-se
dade de equilíbrio (ρe), onde ocorre estabi- a relação da Equação (5) para a razão de
lização do processo, e a densidade variável umidade pois c assume o valor 𝑋0−𝑋𝑒
ao longo do processo (ρ), dessa forma os conforme observa-se:
autores obtiveram a seguinte relação:
𝑋−𝑋𝑒𝑋0−𝑋𝑒=𝑒𝑥𝑝(−3𝑘𝑠𝑟0.𝑡) (5)

50
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

𝑋0 – Teor de umidade em t = 0. preditos e os valores experimentais ou


reais (VIEIRA, et al., 2008). O EQM é apre-
Nota-se que o modelo apresentado por
sentado na Equação (6):
Omoto et al., (2009), é um modelo baseado
em uma derivada de primeira ordem, 𝐸𝑄𝑀= Σ(𝑦𝑖𝑛𝑖=1− 𝑦𝑖̂)²𝑗 (6)
portanto é possível generalizar o modelo
Sendo: 𝑦𝑖– i-ésimo valor da resposta; 𝑦𝑖̂ –
apresentando na forma de uma derivada
Estimativa de 𝑦𝑖; j – Número de observa-
de ordem fracionária.
ções da amostra.
Para ajustar os modelos não lineares
Quanto menor o EQM melhor um modelo
podem ser usados diversos métodos mate-
representa o processo, pois, os dados
máticos, como, por exemplo, o Método de
simulados são mais próximos dos reais.
Mínimos Quadrados que de acordo com
Esteves (2010), consiste em um estimador
que minimiza a soma dos quadrados dos 2 .1.2 . RA I Z D E EQM
resíduos de uma regressão, ou seja, é utili-
Hallak e Pereira Filho (2011) empregam a
zado quando temos uma distribuição de
Raiz de EQM como Critério de Informação,
pontos e queremos ajustar a melhor curva
a Equação (7) apresenta a relação utilizada
a este conjunto de dados.
pelos autores para calcular o critério:

2.1. CO M PA RAÇÃO D E Raiz de EQM= √Σ(yini=1− yî)²j (7)


M O D E LOS NÃO L I NE A RES
A Raiz de EQM proporciona a vantagem de
Para a comparação e aceitação de modelos estimar o modulo do erro em suas propor-
em geral empregam-se critérios baseados ções reais (HALLAK & PEREIRA FILHO, 2011).
em relações quantitativas, esses critérios
de comparação de modelos servem para 2 .1.3. A I C – CR I TÉ R I O D E
indicar qual o melhor modelo (BURNHAM I NFOR M AÇÃO D E A KAI K E
& ANDERSON, 2004).
Conforme Akaike (1974), o viés dos dados
Entre os principais critérios de comparação é fornecido de forma assintótica pelo
utilizados na literatura para modelos não número de parâmetros a serem estimados
lineares podemos citar o Erro Quadrático no modelo, dessa forma o autor definiu
Médio (EQM) e Akaike. um critério de informação pela relação da
Equação (8):
2.1.1 . EQ M – E R R O
𝐴𝐼𝐶=2𝑘 – 2𝑙𝑛(𝐿̂) (8)
Q UA D RÁT I CO M É DI O
𝐿̂ – valor da função máxima verossimilhança
O Erro Quadrático Médio (EQM) de um
do modelo.
modelo é dado pelos desvios do modelo,
considerando a diferença entre os valores

51
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

O modelo Akaike baseia-se na existência massa úmida nesse caso é determinada por
de um modelo real que é desconhecido, balanço de massa conforme a Equação 10:
dessa forma busca quantificar a diferença
Mu= Mt−Ms (10)
entre o modelo avaliado e esse modelo real
desconhecido. Portanto, quanto menor o Onde: Mu– Massa úmida kg; Mt– Massa
valor de Akaike para o modelo melhor o total kg; Ms– Massa seca kg.
modelo se ajusta aos dados experimen-
tais. O Critério de Informação Akaike pode Conhecendo-se Mu e Ms é possível deter-
ser empregado para comparar diversos minar o teor de umidade (X) dos grânulos
modelos (AKAIKE, 1974) do amido em kg de água por kg de solido
seco (b.s), como é demonstrado pela
Equação 11:
2.1. 4 . BI C- C R I TÉ R I O DE
IN FO RM AÇÃO B AY E SI ANO 𝑋=𝑀𝑢𝑀𝑠 (11)

O Critério de Informação Bayesiano é Por balanço de massa a umidade nos dife-


um modelo proposto por proposto por rentes intervalos de tempo de hidratação
Schwarz (1978), sendo representado pela é determinada, esse experimento foi reali-
Equação (9): zado em duas repetições de modo que
trabalhou-se com as médias na determi-
𝐵𝐼𝐶= 𝑙𝑛(𝑗)𝑘 – 2𝑙𝑛(𝐿̂) (9)
nação da cinética.
O critério da Informação BIC de Schawarz
Com o objetivo de avaliar o modelo de
(1978) é semelhante ao modelo proposto por
Omoto et al., (2009) na representação da
Akaike (1974), porém em estrutura Bayesiana.
cinética de hidratação de amido natural
esse modelo foi reescrito de modo a
3 . MATERIAIS E desconsiderar a forma geométrica do
MÉTODOS material uma vez que o amido ao contrário

Para realização do experimento foram de grãos o amido não tem uma forma

empregados os seguintes materiais: geométrica definida.

Estufa, Banho termostático, cronometro,


O modelo de Omoto et al., (2009) rees-
Peneira Tyler Mesh 500 e balança analí-
crito como foi empregado nesse trabalho
tica. Primeiramente foram separadas duas
é evidenciado pela Equação (12) apre-
amostras do mesmo amido natural, uma
sentada a seguir, nota-se que o formato
foi para a secagem de 48 horas a 105°C em
é desconsiderado uma vez que o raio do
estufa e outra foi levada ao banho termos-
grão é uma constante e isso não influência
tático a temperatura de 40 °C de modo que
o ajuste apenas o valor da constante do
sua pesagem foi realizada em intervalos
modelo, o modelo também foi rearranjado
pré-determinados de tempo. Dessa forma
em termos de X para facilitar a comparação
obteve-se a massa seca da amostra. A
com o modelo de Peleg:

52
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

𝑋=(𝑋0−𝑋𝑒)𝑒𝑥𝑝(−𝑘𝑠.𝑡)+𝑋𝑒 (12) 4 . RESU LTADOS E


O ajustes dos modelos foi realizado pela
DISCU SSÕ ES
função nls() do software R desenvolvido Os dados cinéticos representados pela
por R Core Team (2016), com o objetivo variação da umidade em relação ao tempo
de testar a aceitabilidade do modelo de no processo de hidratação de amido
Omoto et al., (2009) para o ajuste de dados natural a 40°C são demonstrados na Tabela
cinéticos de hidratação de amido natural, 1, nela estão presentes as duas repetições
esse modelo foi comparado com modelos do experimento e a média que foi empre-
clássicos. Para a comparação dos modelos gada diretamente no ajuste dos modelos.
foram empregados os critérios AIC, BIC,
EQM e √𝐸𝑄𝑀.

Tabela 1 – Cinética de hidratação para as duas amostras de amido natural

Re p e t i çã o 1 Repetiç ão 2 Média
Te m p o
(s) X (kg H20/ kg X( kg H20/ kg X m édia ( kg H20/ kg
s. s) s.s) s.s)
0 0,19047619 0,19047619 0,19047619
15 1,595238095 1,5 ‘1,547619048
30 2,142857143 2,071428571 2,107142857
45 2,166666667 2,238095238 2,202380952
60 2,476190476 2,404761905 2,44047619
90 2,5 2,523809524 2,511904762
120 2,547619048 2,523809524 2,535714286
150 2,595238095 2,595238095 2,595238095
180 2,666666667 2,642857143 2,654761905
240 2,666666667 2,666666667 2,666666667
300 2,69047619 2,666666667 2,678571429
360 2,69047619 2,738095238 2,714285714
420 2,714285714 2,642857143 2,678571429
480 2,523809524 2,571428571 2,547619048
540 2,619047619 2,523809524 2,571428571
600 2,642857143 2,595238095 2,619047619

A partir dos dados cinéticos da Tabela 1 Tabela 2 – Valores ajustados dos parâ-
foi realizado o ajuste dos parâmetros do metros dos modelos
modelo pelo software R, o valor dos parâ-
Peleg Om oto
metros de ajuste de cada modelo demons-
= 4.3089 = 0.04893
trado na Tabela 2 apresentada a seguir.
= 0.3929

53
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

Com a finalidade de comparar o ajuste por ele é possível observar o ajuste dos
do modelo de Omoto com o modelo de modelos aos dados.
Peleg foi construído o Gráfico da Figura 2,

Figura 2 - Ajuste dos modelos aos dados cinéticos de hidratação de amido natural

Por meio do gráfico observa-se que a Quanto menor o valor dos 4 critérios de
curva apresenta um crescimento logarít- comparação melhor o ajuste proporcio-
mico nos primeiros momentos, porém nado pelos modelos, ao que a Tabela 3
tende a se estabilizar com o passar do indica o modelo de Omoto foi o que melhor
tempo, também se observa que ambos os se ajustou aos dados, isso indica que esse
modelos comportam bem os dados. Para modelo pode ser empregado com sucesso
determinar qual modelo se ajustou melhor no ajuste de dados cinéticos da hidratação
aos dados foram empregados os critérios de amido natural.
de comparação de modelos AIC, BIC, EQM
O modelo de Peleg que é um modelo já
e √EQM, cujos valores para o ajuste dos
consagrada na literatura para o ajuste da
modelos são apresentados na Tabela 3.
cinética de hidratação de materiais agroin-
Tabela 3 – Critérios de comparação de dustriais, teve resultados inferiores ao
modelos modelo de Omoto apesar de próximos
para os 4 critérios . Vale ressaltar que os
Critério Peleg Omoto modelos AIC e BIC penalizam o modelo

AIC -34.26015 -36.40111 pelo número de parâmetros, portanto

BIC -31.94238 34.85593 quanto menor o número de parâmetros

EQM 0.004728553 0.004687076 menor o valor desses critérios, isso reforça


o fato de o modelo de Omoto ter se saído
√EQM 0.06876447 0.06846222
bem perante a comparação nesses crité-
rios. Porém, os resultados do modelo de

54
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

Omoto também foram superiores em Automatic, v. 19, n. 6, p. 716-723, 1974.


relação a EQM e √EQM.
[ 3] . BURNHAM, K. P.; ANDERSON, D. R.
Além de indicarem que o modelo de Multimodel inference: understanding
Omoto pode ser empregado com sucesso aic and bic in model. Sociological Methods
no ajuste da cinética de hidratação de and Research, Beverly Hills, v. 33, n. 2, p.
amido natural os resultados desse trabalho 261-304, 2004.
também abrem caminho para que esse
[ 4] . DEFENDI, R. C. Otimização da
modelo possa ser empregado na simu-
secagem periódica de soja em leito fixo.
lação e otimização do processo de hidra-
Tese (Doutorado em Engenharia Química),
tação de amido natural, o que demandaria
Universidade Estadual de Maringá,
um ajuste para mais amostras em dife-
Maringá, 2015.
rentes temperaturas.

[ 5] . ESTEVES, E. Regressão não linear


5. CONS IDERAÇÕ ES usando o Solver® do Microsoft Excel®.
F INAIS Instituto superior de Engenharia. Universi-
dade Algarve, Campus Penha. Faro. 2010.
Os resultados desse trabalho indicam que
o modelo de Omoto pode ser empregado [ 6 ] . GROXKO, M. Análise Da Conjuntura
com sucesso no ajuste de dados cinéticos de Agropecuária Mandioca - Safra 2015/16.
hidratação de amido representado bem a Secretaria de Estado da Agricultura e do
variação da umidade em relação ao tempo. Abastecimento – SEAB, 2016.

Para novas pesquisas sugere-se empregar [ 7] . HALLAK, R.; PEREIRA FILHO, A. J. Meto-
esse modelo na simulação da cinética de dologia para análise de desempenho de
hidratação para uma faixa de tempera- simulações de sistemas convectivos na
turas com um modelo generalizado para região metropolitana de São Paulo com
diversas temperatura é possível realizar a o modelo ARPS: sensibilidade a variações
otimização do custo do banho termostá- com os esquemas de advecção e assi-
tico empregado no processo de hidratação milação de dados. Revista Brasileira de
de amido. Meteorologia, 26, n. 4, 2011. 591-608.

[ 8] . LI, Q.; SHU, S.; ZENG, Q. A fractional


RE F E RÊ NCIAS kinetic model for drying of cement-

[1 ]. ABNT – Associação brasileira de -based porous materials. Drying Techno-

normas técnicas. Amidos e Féculas. Reso- logy , v. 34, p. 1231-1242, 2016.

lução - CNNPA nº 12, de 1978.


[ 9 ] . MARQUES, B. C. Cinética de hidra-

[2]. AKAIKE, H. A new look at the statis- tação de grãos de milho transgênico e

tical model identification. IEEE Transac- convencional e estudo de suas proprie-

tions on Automatic. IEEE Transactions on dades físico-químicas e tecnológicas.

55
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

p. 124. Tese (Doutorado em Engenharia


de Alimentos), Universidade Federal do
Paraná, Curitiba, 2014.

[1 0]. MATTOS, P. L. P. de; CARDOSO, E.


M. R. Cultivo de Mandioca para o Estado
do Pará. Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária - Embrapa, 2003.

[1 1 ]. OMOTO, E. S.; ANDRADE, C. M.


G.; JORGE, R. M. M.; COUTINHO, M. R.;
PARAÍSO, P. R.; JORGE, L. M. M. Modelagem
matemática e análise da hidratação de
grãos de ervilha. Ciência e Tecnologia de
Alimentos, v. 29, n. 1, p. 12-18, 2009.

[1 2]. PELEG, M. An empirical model for


the description of moisture sorption
curves. Journal of Food Science, v. 52, n. 4,
p. 1216-1219, 1988.

[1 3]. SCHWARZ, G. Estimating the


dimensional of a model. Annals of Statis-
tics. Annals of Statistics, Hayward, v. 6, n. 2,
p. 461-464, 1978.

[1 4 ]. VIEIRA, F. H. T.; SOUSA, L. M. C.;


LING, L. L. Esquema de controle adap-
tativo de tráfego de redes baseado em
um algoritmo de predição fuzzy. Sba
Controle & Automação, Goiás , v. 19, n. 3,
p. 281-301, 2008.

[1 5 ]. WELTY, J. R.; WICKS, C. E.; WILSON,


R. E.; RORRER, G. R. Fundamentals of
momentum, heat, and mass transfer. 5.
ed. New York: John Wiley & Sons, 2007.

56
METODOLOGIA PARA O
AUMENTO DA EFICIÊNCIA
DO PROCESSO DE
ELABORAÇÃO E ANÁLISE
DE PROJETOS DE
LINHAS AÉREAS RURAIS
DE DISTRIBUIÇÃO DE
ENERGIA ELÉTRICA

Leonardo da C. Brito
Adson S. Rocha
Cássio L. Ribeiro
Denner M. de Carvalho
Pedro H. S. Palhares

RESUMO
Neste artigo é apresentada uma nova metodologia dirigida ao aumento da eficiência do
processo de dimensionamento e aprovação de projetos de linhas rurais aéreas de distri-
buição de energia elétrica. Em substituição ao processo sequencial atualmente empre-
gado, a abordagem proposta é baseada em Engenharia Simultânea, onde todos os atores
do processo têm acesso à ferramenta computacional em plataforma web que permite
implementar a metodologia, possibilitando realizar a atividade multidisciplinar em para-
lelo, de maneira mais ágil. As estimativas realizadas indicam que a ferramenta possibilitará
a redução do tempo gasto para a elaboração e aprovação dos projetos, permitindo: reduzir
o custo total em homem-hora despendido pela empresa de energia elétrica; satisfazer a
necessidade do cliente de maneira mais rápida; otimizar os dimensionamentos mecânicos
das linhas de distribuição; e prover ganho financeiro adicional à concessionária devido
à redução do tempo médio para efetivamente iniciar o fornecimento da energia elétrica.

Palavras-chave

Otimização, Projeto, Distribuição, Energia Elétrica.


M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

1. INTRODUÇÃO análise por parte dos Engenheiros analistas


responsáveis na concessionária.
Para atendimento de uma unidade consu-
midora de energia elétrica, é necessário A etapa de levantamento topográfico é de

que o cliente interessado solicite o forne- grande relevância no processo de apro-

cimento de energia à responsável pela vação de projeto, sendo atualmente execu-

concessão da distribuição de energia da tada exclusivamente por profissionais agri-

região, processo realizado através de mensores. No momento do levantamento

conexão com a rede elétrica existente. Após dos dados topográficos in loco, esse profis-

ser realizada essa solicitação de demanda, sional, que na maioria das vezes não possui

a concessionária define as ações neces- acompanhamento de um técnico especia-

sárias ao atendimento, podendo ser por lista em projeto de redes de distribuição

meio de serviço executado pela própria de energia elétrica, acaba sendo forçado

concessionária ou pelo cliente no âmbito a realizar decisões significativas na etapa

particular. Esses serviços são executados de elaboração do projeto, podendo acar-

de acordo com as diretrizes e prazos esta- retar até mesmo a inviabilidade no dimen-

belecidos pela resolução normativa vigente sionamento eletromecânico. Com isso,

(ANEEL, 2010). ocorrem retrabalhos e, em sua maioria,


sendo necessário novos levantamentos
Em seguida, é realizado o processo de apro- em campo, atrasando todo o processo de
vação do projeto para atender à referida elaboração e aprovação do projeto.
unidade consumidora. Em se tratando espe-
cificamente do processo de aprovação de Outro fator preponderante no processo de

projetos para atendimentos de áreas rurais, aprovação de projetos se dá nas etapas de

foco deste trabalho, é necessário primeira- dimensionamento e análise de projetos.

mente a avaliação do sistema por meio de O processo de locação dos postes e

estimação do fluxo de potência deman- estruturas de sustentação das redes de

dado e da disponibilidade de carga da distribuição de energia são realizados

rede de distribuição de energia elétrica por manualmente, ponto-a-ponto, e exigindo

parte da fonte geradora. Nesse momento, mão-de-obra qualificada para avaliação

são definidas as características elétricas, técnica-econômica. Os erros e equívocos

tais como: tensão elétrica de operação, no dimensionamento eletromecânico do

pré-encaminhamento da rede com posicio- projeto é tão comum, que exigem várias

namento dos pontos de derivação e ponto correções e redimensionamentos, de tal

de entrega por parte da concessionária. forma a ocorrer, em muitos casos, mais

Com essas definições de planejamento, são de três reprovações por projeto. E, dado

realizadas as etapas de levantamento do o tempo de análise exposto pela norma-

perfil planialtimétrico do caminho que rede tiva vigente para cada análise/reprovação,

irá percorrer e, em seguida, a elaboração o prazo para aprovação de projeto acaba

do projeto eletromecânico para posterior gerando uma perda significativa tanto para

58
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

o consumidor que necessita da energia dimensionamento que emprega, adicio-


elétrica, quanto para a própria concessio- nalmente, otimização computacional para
nária que perde financeiramente meses de locação das estruturas com avaliação de
consumo de um cliente. todas as solicitações mecânicas perti-
nentes, evitando equívocos de dimensio-
Após concluída a elaboração do projeto, o
namento. Especialmente, a ferramenta
mesmo é submetido à análise da conces-
oferece a funcionalidade de análise de
sionária. Nesta etapa, por se tratar de um
topografia por meio do emprego de API do
atendimento em uma área rural, o analista
Google Maps (GOOGLE, 2017b) integrada
estuda o encaminhamento proposto de
à solução, sendo possível criar propostas
forma a evitar desvios desnecessários,
de encaminhamentos previamente anali-
o qual acarretaria maiores custos para a
sados, de forma orientar os profissionais
concessionária, caso o projeto possua uma
de topografia através de uma plataforma
maior extensão ou até mesmo um dimen-
web amigável, podendo também ser atua-
sionamento não-ótimo das estruturas.
lizada em tempo real quando conectada
Atualmente, para essa análise, é necessária
a uma fonte de internet. A ferramenta
a avaliação por meio de vários softwares
descrita, devido à essa integração, propor-
diferentes, como por exemplo o encami-
ciona análises de forma imediata e compa-
nhamento e perfil planialtimétrico através
rativa, minimizando o tempo de análise,
do Google Earth (GOOGLE, 2017a) e compa-
otimizando todo o processo.
ração com o cadastrado nas ferramentas de
dimensionamento, que em muitos casos,
não possui avaliação de altimetria, sendo
2. METODOLOGIA
essa uma das principais características a
PROPOSTA
serem observadas nesse tipo de projeto. A metodologia proposta neste trabalho
Por se tratar de um conhecimento especí- é composta por um processo que visa a
fico e a análise demandar diversos meios e melhoria global do fluxo de projeto de
métodos, o processo de elaboração e apro- rede rural aérea de distribuição de energia
vação demanda um tempo considerável de elétrica, com o objetivo de reduzir o tempo
profissionais extremamente qualificados, para aprovação, bem como de um método
gerando custo para a concessionária. que objetiva melhorar a qualidade técnica
das soluções de locação de montagens,
A solução identificada para contribuir para
concomitantemente com a minimização
a melhoria do processo de elaboração de
dos custos estimados para implantação
projetos em áreas rurais foi o desenvol-
física da rede (BRITO, 2017).
vimento de uma metodologia baseada
em Engenharia Simultânea (PIMENTEL,
2003; FILHO, 2006; GONÇALVES, 2007; 2.1 MÉTODO DE
PRASAD 2011), implementada por meio DIMENSIONAMENTO
de uma ferramenta computacional de AUTOMÁTICO

59
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

O processo de dimensionamento mecânico avaliadas e convertidas em um valor numé-


geralmente é realizado a partir de cálculos rico de avaliação, o qual é utilizado para
aproximados de forças e momentos mecâ- guiar o processo de otimização.
nicos impostos às estruturas, bem como
Cabe ressaltar que a referida avaliação
de catenárias que os alimentadores (cabos)
numérica também é impactada por viola-
formam ao longo dos vãos entre montagens
ções referentes às alturas mínimas cabo-
- montagem, neste trabalho, é referente ao
-solo que, por norma, devem ser respei-
conjunto formado pelo poste, pelos even-
tadas. Quanto mais se viola esse limite,
tuais estais de sustentação dos postes
mais se penaliza a avaliação numérica da
e pelas estruturas de sustentação dos
proposta de solução.
alimentadores, tais como cruzetas, isola-
dores e mãos-francesas, como ilustrado Desta forma, aplica-se a equação (1) para
na Figura 1(a). Os cálculos mecânicos são avaliação mecânica da linha, a qual envolve
realizados para verificar se os elementos as trações nos condutores T, os momentos
da montagem proposta suportam os nas bases dos postes (engastamentos) Mb,
esforços aplicados e os cálculos de cate- os momentos nas bases das mãos-fran-
nárias permitem garantir que as distân- cesas Mf e as forças aplicadas nos isola-
cias mínimas entre o alimentador e o solo, dores Fp, os quais são comparados, respec-
impostas por normas, sejam respeitadas. tivamente, com os valores nominais de
resistência mínima à tração do condutor
Quanto ao método de avaliação mecânica,
Tnom, momento máximo suportado pelo
emprega-se primeiramente um algoritmo
engastamento Tb,nom, o momento máximo
de análise mecânica matricial de estruturas,
tolerado na mão-francesa Tf,nom e esforço
alimentada pelos esforços aplicados pelos
máximo suportado pelo isolador Fp,nom.
cabos, distâncias de montagem das estru-
Outro critério empregado refere-se às
turas de isolação, massas dos componentes
distâncias cabo-solo D nos vãos, que não
elétricos de operação, cargas de ruptura e
podem ser inferiores ao limite mínimo
pelo vento incidente nas estruturas que
exigido por norma Dmin.
compõem a rede. Os esforços aplicados
pelos cabos são calculados segundo (LABE-
GALINI, 2009) e as forças e momentos
resultantes nas montagens são calculados
matricialmente (WILLIAMS, 2009), como
ilustrado na Figura 1(b). Com estes resul-
tados e considerando-se também as resis-
tências que estais aplicados oferecem aos
esforços, as possíveis violações de forças e (1)
de momentos mecânicos máximos supor-
tados nos elementos que compõem as
montagens, bem como nos cabos, são

60
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

Na equação (1), o operador ávñ = máx(0,v), (postes e suas estruturas), k(i) é a quantidade
maior valor entre 0 (zero) e v, dá o quanto de isoladores do poste i, m é a quantidade de
a respectiva restrição foi violada numerica- vãos e l(i) é a quantidade de cabos no vão i.
mente. A variável X denota a confi guração Pretende-se, assim, minimizar a função h(X),
avaliada (montagens e cabos e suas dispo- cujo valor mínimo é zero, signifi cando que
sições físicas), n é o número de montagens nenhuma restrição técnica foi violada.

Figura 1 – (a) Exemplo de montagem (poste, cruzeta, mão-francesa e isoladores). (b)


Forças e momentos em uma estrutura N: em verde, as forças aplicadas pelos cabos; em
azul, as forças resultantes para cada cabo; em magenta, as forças resistentes dos estais.

(a) (b)
Fonte: (CELG D, 2016b).

Por sua vez, o custo da solução é avaliado


pela equação (2), na qual: Vmont é o valor
estimado da montagem, somando-se os
preços do poste, da estrutura, dos isola-
(2).
dores e dos demais elementos; Ucabo é
o valor do alimentador empregado por Portanto, o problema de otimização pode
unidade de comprimento; e L é o compri- ser expresso na forma da equação (3).
mento utilizado do cabo no vão.
(3).

61
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

Quanto ao método de otimização, a seguir, procedimento permite reduzir o número


são apresentados: o procedimento prin- necessário de montagens, o que conse-
cipal recursivo, o qual permite varrer a quentemente reduz o custo da solução.
rede de distribuição, iniciando nas termi-
O procedimento “Itera_Otimização” é
nações da rede e finalizando no seu ponto
responsável por prover uma resposta
inicial, pertencente à linha principal; o
ótima ou quase-ótima, ao variar e avaliar
método para a geração da solução inicial, a
iterativamente as soluções correntes.
qual impacta fortemente na qualidade da
solução final; e a forma como foi concebido A variação, denotada por “Varia_Linha”
o conceito de vizinhança para o problema, corresponde a, primeiramente, escolher
o qual confere uma maior capacidade de aleatoriamente se a variação se dará ou
convergência para o método proposto. por alteração da altura do poste, ou por
alteração do tipo de estrutura ou por repo-
O procedimento principal, o qual permite
sicionamento de um poste, também sele-
varrer a rede de distribuição de energia
cionado aleatoriamente, em uma posição
elétrica, é apresentado sob a denominação
vizinha à corrente, dentro da trajetória
“Otimiza_linha”. Este, recursivamente,
pré-estabelecida inicialmente. Em seguida,
acessa os ramais (linhas derivadas) da
a modificação na linha é realizada. Por
linha corrente, caso existam, até encontrar
exemplo, poder-se-iam empregar 3 tipos
linhas que não tenham derivações para
de estrutura, {N1; N2; N4}, bem como três
efetuar suas otimizações de forma inde-
configurações de postes, cada um com
pendente. Os resultados são, então, retro-
uma altura e resistência associadas, {10 m
-propagados para as linhas das quais essas
e 300 daN; 11 m e 300 daN; 12 m e 600
derivaram, otimizando-as recursivamente.
daN}. Caso a alteração seja de estrutura,
O procedimento “Gera_Solução_Inicial” uma opção entre {N1; N2; N4} é sorteada,
corresponde a gerar uma proposta inicial após excluir a configuração corrente do
onde os postes são alocados seguindo uma conjunto. O mesmo se dá se a alteração
distribuição aproximadamente uniforme se der alterando-se o poste empregado.
ao longo do trajeto, sendo o número inicial Assim, uma entre as opções {10 m e 300
de postes calculado a partir do vão médio daN; 11 m e 300 daN; 12 m e 600 daN} é
típico correspondente ao cabo pré-selecio- selecionada, desconsiderando-se o poste
nado para o projeto. correntemente empregado. Ademais, se a
alteração se der por posição da montagem,
O procedimento “Aloca_Estruturas”, apre-
uma posição vizinha à posição corrente é
sentado em seguida, insere ou remove
gerada empregando-se a expressão (4).
postes iterativamente, de forma que a
configuração mínima em perfeita confor- (4).
midade, no sentido de satisfação de todos
Em (4), xn é a nova posição da montagem, xc
os critérios técnicos, seja alcançada. Este
é a posição corrente da montagem, N(0,1)

62
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

é um número aleatório gerado a partir da (Rede);


função densidade de probabilidade normal
Se Linha tem ramais
(ou gaussiana) canônica, com média zero e
variância unitária. O parâmetro s é o desvio- Para cada Ramal da
-padrão aplicado à distribuição normal, o Linha
qual é dado por uma fração do vão médio
(média entre os valores do vão anterior e Ramal ¬ Otimiza_
do vão posterior à montagem em questão). Linha (Ramal);
Adotou-se 1/10 para a referida fração neste
Fim Para
trabalho. Cabe ressaltar que as montagens
que delimitam o início e o fim da linha, Fim Se
bem como aquelas alocadas em pontos de
mudança de direção (deflexão) e de ramifi- RedeOtimizada ¬ Aloca_Estru-

cações de rede, não podem ter suas posi- turas (Linha);

ções alteradas.
Retorna RedeOtimizada

De forma geral, trata-se de um algoritmo


Fim Procedimento
do tipo Hill Climbing (ENGELBRECHT, 2007;
MICHALEWICZ, 2009), no qual a solução
corrente é substituída pela solução vizinha
Procedimento Aloca_Estruturas
sempre que esta última se mostra melhor.
(entrada: Linha)
Associado a este algoritmo, foi empregada
a “regra do 1/5” (MICHALEWICZ, 2009) para Linha ¬ Itera_Otimização (Linha);
controlar o passo de variação das posi-
ções dos postes, visando convergência Se Linha está em conformi-
mais rápida e robusta. Ou seja, o desvio dade
s é adaptado ao longo do processo de
LinhaNova ¬ Linha;
busca da solução; tem seu valor aumen-
tado (dobrado) quando a taxa de sucesso Enquanto LinhaNova
de geração de soluções vizinhas é grande está em conformidade
(maior ou igual a 1/5), ao passo que é redu-
LinhaNova ¬
zido à metade quando tal taxa é pequena.
Remove_Estrutura (Linha);
O procedimento de atualização do seu
valor é realizado a cada 30 iterações de LinhaNova ¬
“Itera_Otimização” neste trabalho. Itera_Otimização (LinhaNova)

Procedimento Otimiza_Linha ;

(entrada: Rede)
Se LinhaNova está

Linha ¬ Gera_Solução_Inicial em conformidade

63
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

Linha ¬ Fim Enquanto


LinhaNova;
Retorna Linha;
Fim Se
Fim Procedimento
Fim Enquanto

Senão
Procedimento Otimiza_Estais
Enquanto Linha não está (entrada: Linha)
em conformidade
Para cada Poste da Linha
Linha ¬ Insere_
Estais ¬ Poste.Estais;
Estrutura (Linha);
Enquanto Poste não
Linha ¬ Otimiza_
estiver em conformidade
Estais(Linha);
e houver configurações
Linha ¬ Itera_ possíveis de Estais
Otimização (Linha);
EstaisViz ¬
Fim Enquanto Varia_Estais(Poste);

Fim Se Se Avaliação
(EstaisViz) <
Retorna Linha
Avaliação (Estais)

Fim Procedimento
P o s t e .
Estais ¬ EstaisViz;

Fim Se
Procedimento Itera_Otimização
(entrada: Linha)
Fim Enquanto

Enquanto condição de parada


Fim Para
não é satisfeita
Retorna Linha;
LinhaViz ¬ Varia_Linha
(Linha); Fim Procedimento

Se Avaliação (LinhaViz)
< Avaliação (Linha)
O procedimento “Otimiza_Estais” gera,
Linha ¬ LinhaViz; seguindo uma norma própria (CELG D,
2016a), uma configuração adequada para
Fim Se
os estais de amarração do poste.

64
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

Cabe ressaltar que, sempre que uma nova dimensionamento das linhas são reali-
proposta de solução é gerada, efetua-se zadas consecutivamente para posterior
sua avaliação numérica de sua quali- apresentação à concessionária de energia,
dade para que seja possível compará-la a de tal modo que, se houver uma descon-
outra. O primeiro critério de comparação formidade em qualquer etapa, o mesmo
é o montante de violação das propostas deve ser reiniciado. Assim, qualquer atraso
de solução, segundo (1). O segundo ou erro de elaboração implica em um
critério, caso nenhuma apresente viola- atraso global significativo. Por outro lado,
ções técnicas, é o custo. Ou seja, caso o fluxograma proposto (Figura 3) se baseia
ambas apresentem violações técnicas, a em fundamentos da Engenharia Simul-
que menos viola é vencedora; caso uma tânea, com atividades paralelas e multi-
apresente violação e a outra não, vence a disciplinares e com a possível atuação do
segunda; e, caso ambas não apresentem todos os envolvidos, permitindo análises
violação técnica, vence a de menor custo. pontuais por parte da concessionária em
cada uma das etapas. Isso permite mitigar

2.2 METODOLOGIA os erros de levantamento topográfico e de

PARA O FLUXO DO sub ou superdimensionamentos das linhas

PROCESSO DE PROJETO em tempo mínimo por meio da ferramenta


computacional web desenvolvida, aumen-
De forma a mitigar as reincidências de erros tando a eficiência quanto ao levantamento
de projeto, as quais provocam grandes de dados, à elaboração do projeto e à sua
atrasos para o efetivo início do forneci- efetiva aprovação.
mento da energia elétrica, o fluxograma
apresentado na Figura 3 é proposto neste Na Figura 2, referente ao fluxograma

trabalho. Tal fluxo contrasta com o que correntemente empregado, os gargalos do

hoje é empregado, o qual é ilustrado na processo são indicados na cor vermelha.

Figura 2. A metodologia proposta se baseia Em caso de ocorrência de um erro de

fundamentalmente na aplicação da ferra- levantamento topográfico, o qual é veri-

menta computacional web desenvolvida, ficado pelo analista da concessionária,

ilustrada seção 3.1, a qual permite acessos todo o processo para esse fim é reini-

e interações simultâneas por parte de ciado, significando grandes atrasos, tipi-

todos os envolvidos no processo de projeto: camente. Analogamente, caso o projetista

analistas da concessionária, topógrafos, da linha de distribuição incorra em erro, o

engenheiros, clientes e outros. O processo processo deve ser repetido, impactando

correntemente empregado (vide Figura 2) negativamente também no tempo global

é baseado num encadeamento sequencial para aprovação do projeto. Geralmente,

de atividades, cada qual atribuída a um erros de projeto são oriundos de um dos

único ator. Percebe-se na Figura 2 que as seguintes fatores: (i) não atendimento

etapas de levantamento topográfico e de às restrições técnicas de projeto, o que é


imperativo e que causa a reprovação dos

65
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

mesmos perante a concessionária; (ii) mitigados com o processo ilustrado na


subdimensionamento, que impacta positi- Figura 3. Pode-se perceber que o processo
vamente no orçamento da rede, mas que conta com mais interações entre os atores
gera soluções com margem de segurança envolvidos, o que se dá basicamente
técnica pequenas; e (iii) superdimensiona- mediante a disponibilização na web da
mento, que atende às restrições técnicas ferramenta desenvolvida. Os pontos de
com grande margem de segurança, mas integração completa entre os atores, signi-
oneram demasiadamente o orçamento ficando que os analistas da concessionária
para a construção da linha. poderão propor modificações em tempo
de coleta de dados e de dimensionamento,
Os atrasos e erros de dimensionamento
são mostrados em vermelho na Figura 3.
técnico e orçamentário podem, então, ser

Figura 2 – Fluxograma correntemente empregado. Em vermelho, os gargalos que causam


atrasos.

SOLICITAÇÃO
ATENDIMENTO TOPÓGRAFO
REALIZA
PELO MEDIÇÃO
CONSUMIDOR
TOPÓGRAFO
CADASTRA
Concessionária CADERNETA
MANUALMENTE
Verifica
Disponibilidade de
Carga e Indica Ações PROJETISTA
para Atendimento LANÇA Erro de Dimensionamento
ESTRUTURAS E
POSTES DA
REDE

Criação de Número
de Processo SUBMETE
PROJETO PARA
(PROJETO)
ANÁLISE [NÃO]
CONCESSIONÁRIA

[SIM] PROJETO
ANALISTA
ENCAMINHA
PARA
VERIFICA APROVADO
CAMINHAMENTO Projeto Atende?
TOPÓGRAFO
E TOPOGRAFIA

Topografia Atende?
TOPÓGRAFO [SIM] ANALISTA
DEFINE
AVALIA PROJETO
CAMINHAMENTO
[NÃO]

Erro de Topografia

66
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

Figura 3 – Fluxograma proposto. Em vermelho, os pontos de interação entre os atores


do processo.

SOLICITAÇÃO
TOPÓGRAFO ANALISTA AVALIA
ATENDIMENTO REALIZA PROJETO
PELO LEVANTAMENTO ELETROMECÂNICO
CONSUMIDOR
[SIM] RESTRIÇÕES ?
TOPÓGRAFO
CADASTRA E
SUBMETE
Concessionária ANÁLISE DO [NÃO]
Verifica PROJETISTA
Disponibilidade de SUBMETE
Carga e Indica Ações PROJETO PARA
para Atendimento [REPROVADO] ANALISE DA ANÁLISE
CONCESSIONÁRIA CONCESSIONÁRIA
VIA WEB

Criação de Número [SIM]


[APROVADO] Projeto PROJETO
de Processo
(PROJETO)
Atende? APROVADO
ANALISTA
AVALIA
CADASTRO [NÃO]

PROJETISTA CRIA
ALTERAÇÃO
PROPOSTA
DE
ENCAMINHAMENTO
[NÃO] PROJETO
CONSISTENTE ?

Exequível ? [SIM]
[NÃO]
PROJETISTA
[SIM] REALIZA
PROJETO

Envia Para
Topógrafo

3. RESULTADOS distribuição de aproximadamente 1600


metros deve ser implantada. Foi pré-defi-
Um exemplo ilustrativo do emprego da nida a seguinte configuração após a reali-
ferramenta computacional web, implemen- zação de estudos de capacidade de aten-
tada no escopo da metodologia proposta, dimento quanto à potência demandada:
é apresentado na seção 3.1, e uma análise tensão elétrica: 13,8 kV; linha trifásica com
da expectativa de aumento da eficiência cabo neutro; cabos do tipo CAA 2/0; estru-
por meio do emprego desta ferramenta é turas do tipo N (CELG, 2012); e velocidade
abordada na seção 3.2. do vento considerada no projeto: 100
km/h.
3.1 EXEMPLO DE
Primeiramente, o Engenheiro responsável
APLICAÇÃO DA
da concessionária de energia elétrica cria
FERRAMENTA
uma sugestão de encaminhamento para o
COMPUTACIONAL
projeto utilizando a ferramenta web, após
Neste exemplo ilustrativo, uma linha de identificar o ponto de derivação da linha a

67
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

partir da rede existente, levando em conta reais condições de implantação da linha


as estimativas altimétricas e as imagens de distribuição, bem como coleta as cotas
disponibilizadas pela API do Google Maps. topográfi cas reais. Em caso de ocorrência
Na Figura 4, este passo é ilustrado. A de restrições, o topógrafo pode sugerir
execução da atividade de levantamento novo encaminhamento pela ferramenta
das cotas planialtimétricas é, então, soli- web. Após a determinação do trajeto defi -
citada ao topógrafo. De posse do trajeto nitivo, as cotas reais são cadastradas no
sugerido, este verifi ca localmente se há sistema, conforme mostrado na Figura 5.

Figura 4 – Defi nição do trajeto sugerido (pontos azuis) para a linha de distribuição de
energia elétrica.

Figura 5 – Dados planialtimétricos coletados (“Estacas [Caderneta]”).

68
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

Após a defi nição dos parâmetros de gens, suas localizações ao longo do trajeto
projeto e do trajeto que a linha percorrerá, e suas confi gurações. A solução para o
o processo de dimensionamento é apli- caso em questão é mostrada na Figura 6.
cado. Para isso, selecionam-se os tipos de Nesta, não há violação técnica e tem-se um
postes e estruturas que podem compor a custo estimado minimizado. Observa-se
linha de distribuição. A ferramenta compu- que o método de otimização foi capaz de
tacional, então, propõe uma solução, por se aproveitar das características do relevo,
meio da execução do algoritmo de otimi- de forma a não infringir nenhuma altura
zação, que fornece a quantidade de monta- mínima cabo-solo.

Figura 6 – Confi guração otimizada da linha.

3.2 ANÁLISE DA ções também ocorrem por equívocos de


METODOLOGIA PROPOSTA dimensionamento com relação às normas
existentes, sendo estes fatores críticos que
Historicamente, os projetos de rede de atrasam o processo de elaboração/apro-
distribuição de energia elétrica, são elabo- vação dos projetos, onde o cliente deixa
rados passando por todo o processo de de ser atendido com agilidade, e a conces-
levantamento topográfi co e dimensiona- sionária perde durante esse período com a
mento eletromecânico para então serem venda da energia.
protocolados na concessionária para
análise. Motivados pela falta de verifi cação Em levantamento quantitativo de análises
de cada processo após realizado, quando de projetos realizados no Setor de Enge-
esses projetos chegam à concessionária, nharia de Média Tensão da Celg D, onde
geralmente possuem reprovações técnicas são apresentados os projetos de redes de
de topografi a, inutilizando todo o projeto distribuição rural de interesse particular
realizado e sendo necessário novo levan- da regional da capital Goiânia, é possível
tamento de campo, o que gera custos observar no gráfi co da Figura 7 a quanti-
adicionais aos contratados. As reprova- dade de projetos e suas respectivas quanti-

69
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

dades de análises nos anos de 2016 e 2017 indevido dimensionamento técnico. Com
até o presente momento. Verifi ca-se que a proposta, os problemas são identifi cados
grande parte dos projetos são reprovados em cada etapa do processo, evitando assim
diversas vezes, chegando em alguns casos que, no momento em que o projeto for
a possuírem até 10 análises. Assim, consi- apresentado para análise, o mesmo sofra
derando o tempo máximo de análise deter- mais reprovações devido aos equívocos na
minado pela resolução da ANEEL (30 dias) defi nição do encaminhamento pelo levan-
e considerando o tempo de correção após tamento topográfi co e também das veri-
a análise, esses projetos podem fi car na fi cações do dimensionamento das estru-
etapa de elaboração por mais de um ano turas através da avaliação por meio da
devido as reincidências provocadas pelo ferramenta computacional desenvolvida.

Figura 7 – Gráfi co Projetos vs. Quantidade de Análises.

Dos projetos analisados, pode-se observar, técnicos da concessionária.


por meio da Figura 8, que a quantidade de
A concessionária de energia elétrica por
análises é tão mais incidente quanto maior
sua vez, poderá obter ganhos de produ-
for a extensão da rede, sendo, portanto,
tividade na análise dos projetos com o
considerado um gargalo no processo.
modelo de processo proposto, podendo
Com a uniformização de elaboração e de
também, utilizar a ferramenta como forma
avaliação dos projetos por meio da meto-
de validação de serviços de terceiros
dologia proposta, aplicada em projetos
contratados para realização de projetos
com maior ou menor extensão, é possível
internos, além de proporcionar elabo-
minimizar a reincidência desses projetos,
ração de projetos internos pelos próprios
impactando fortemente na utilização de
funcionários da concessionária com maior
mão-de-obra especializada da equipe
agilidade e tecnicamente validados pela
dos contratados e, também, dos analistas

70
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

Figura 8 – Gráfi co Análises vs. Extensão.

ferramenta computacional. Por exemplo, Analista de R$ 44,32, seria obtido uma


aplicando-se uma tarifa de 0,30 R$/kWh economia total de R$ 130.492,80 no hori-
com fator de utilização de 20% referente às zonte de 1,5 anos considerados na Figura
potências dos transformadores instalados 7. Ademais, considera-se o ganho esti-
nos projetos, cujo histograma é mostrado mado de R$ 142.960,08, no prazo de um
na Figura 7, obtém-se um ganho de R$ ano e meio, referente à energia que seria
142.960,08, no prazo de um ano e meio, suprida caso houvesse no máximo 2 (duas)
dado o tempo em que os projetos fi caram avaliações por projeto (ou uma reprovação
em análise. Ou seja, este valor estimado por projeto). Assim, normalizando o valor
seria o ganho da concessionária, caso os total, ter-se-ia uma economia estimada de
projetos fossem aprovados na primeira R$ 182.301,92, no cenário otimista. Levan-
análise, consequentemente gerando satis- do-se em conta as incertezas inerentes aos
fação ao cliente por este ser atendido o processos de projeto, são apresentados,
mais rapidamente possível. na Tabela 1, os ganhos referentes aos
cenários pessimista, moderado e otimista,
De uma maneira geral, utilizando o hori-
bem como o tempo de retorno do investi-
zonte e quantidade de análises de projetos
mento. Foi empregada uma taxa de atuali-
referentes à Figura 7 e considerando-se
zação anual líquida de 5% para o cálculo do
que seja possível reduzir esses quantita-
payback descontado.
tivo ao máximo de 2 (duas) análises por
projeto, dado o emprego da metodologia Cabe ressaltar que as estimativas apre-
proposta, tendo por base um tempo médio sentadas na Tabela 6 não contemplam os
de análise de 4 horas por Analista para cada custos adicionais gerados para os clientes
projeto, seria contabilizada uma economia da concessionária devido às reincidentes
de 2.944 horas de análise. Aplicando-se o reprovações de projetos.
valor do homem-hora para um Engenheiro

71
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

Tabela 1 – Estimativa de tempo de retorno do investimento (payback).


Tempo de re-
Percentual refe- Tempo de retor-
Valor estimado do torno do inves-
rente às incerte- no do investi-
ganho monetário timento (des-
zas mento (simples)
contado)
50% (pessimista) R$ 91.150,96 6,28 anos 7,72 anos
75% (moderado) R$ 136.726,44 4,19 anos 4,82 anos
100% (otimista) R$ 182.301,92 3,14 anos 3,52 anos

4. CONSIDERAÇÕES e consolidada. Brasília, 2010.

FINAIS [ 2 ] . BRITO, L.C. et. al. Ferramenta Compu-

O processo de elaboração de um projeto de tacional para o Dimensionamento Mecâ-

distribuição de energia elétrica no âmbito nico de Linhas Aéreas Rurais de Distri-

rural envolve várias especialidades, as buição de Energia Elétrica. Congresso de

quais devem trabalhar em conjunto para a Inovação Tecnológica em Energia Elétrica,

correta e ágil consecução do projeto. Para CITENEL. João Pessoa/PB, 2017.

incrementar a eficiência desse processo,


[ 3] . CELG D. Norma Técnica de Distri-
este artigo apresentou uma nova meto-
buição NTC-07 – Critérios de Projetos
dologia, cujo emprego envolve a aplicação
de Redes de Distribuição Rural, Goiânia,
de uma ferramenta computacional web. A
2016.
ferramenta é composta por elementos que
permitem a interação de todos os atores [ 4] . CELG D. Norma Técnica de Distri-
envolvidos no processo, visando a correção buição NTC-06 – Estruturas para Redes
em tempo mínimo das inconsistências que de Distribuição Aéreas Rurais – Classes
se apresentem. Estimativas realizadas 15 e 36,2 kV. Goiânia, 2016.
evidenciam o impacto positivo da abor-
[ 5] . ENGELBRECHT, A. Computational
dagem proposta, tanto para a concessio-
Intelligence, 2ª ed., Wiley, 2007.
nária, quanto para um nicho da sociedade
em especial (clientes em área rural), que [ 6 ] . FILHO, J.P.; SILVA M.J. Análise compa-
se beneficiará com a redução do tempo rativa de metodologias: abordagem
para o atendimento de sua demanda por orientada para a pesquisa das enge-
energia elétrica. nharias simultânea e convencional no
âmbito de edificação residencial, com
REFERÊNCIAS estudo de caso ilustrativo. XIII SIMPEP,
Simpósio de Engenharia de Produção,
[1 ]. ANEEL, AGÊNCIA NACIONAL DE
Bauru, 2006.
ENERGIA ELÉTRICA. Resolução Normativa
414: Condições Gerais de Fornecimento [ 7] . GONÇALVES, F.R. et. al. Fundamentos
de Energia Elétrica de forma atualizada de Engenharia Simultânea na produção

72
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

de aplicações web. XXVII Encontro


Nacional de Engenharia de Produção. Foz
do Iguaçú, Paraná, 2007.

[8]. GOOGLE. Google Earth, https://


www.google.com.br/intl/pt-PT/earth/. Último
acesso em 03/07/2017.

[9 ]. GOOGLE. Google Maps, https://


www.google.com.br/maps. Último acesso
em 03/07/2017.

[1 0]. LABEGALINI, P.R. Projetos Mecâ-


nicos das Linhas Aéreas de Transmissão.
2ª ed., ed. Edgard Blücher, 2009.

[1 1 ]. MICHALEWICZ, Z.; FOGEL, D. How


to Solve It: Modern Heuristics. 2ª ed.,
Springer, 2004.

[1 2]. PIMENTEL, C.L. Engenharia Simul-


tânea e sua aplicação à indústria naval.
Dissertação. (Dissertação de Mestrado) -
Escola Politécnica da Universidade de São
Paulo. São Paulo, 2003.

[1 3]. PRASAD, H. B. Concurrent Engi-


neering Fundamentals: Integrated
Product and Process Organization,
Volume I: Integrated Product and
Process Organization. Prentice Hall, 2011.

[1 4 ]. WILLIAMS, A. Structural Analysis:


In Theory and Practice. Elsevier, 2009.

73
A INFLUÊNCIA DOS
RECURSOS E DAS
COMPETÊNCIAS
OPERACIONAIS NO
DESEMPENHO DA CADEIA
DE SUPRIMENTOS: UMA
ANÁLISE A PARTIR DA
VISÃO BASEADA EM
RECURSOS E DA VISÃO
RELACIONAL ENTRE
EMPRESA E FORNECEDOR

Rodrigo Randow de Freitas


Aliomar Lino Mattos
Wellington Gonçalves
Gabriela De Nadai Mauri
Fernando Nascimento Zatta
RESUMO
Os mercados sempre mantêm movimentos que acirram a competitividade continuamente.
Esse processo introduz novos players no cenário econômico mundial, além de novas potências
mercantis, intensificando a volatilidade do mercado, a contração do ciclo de vida dos produtos
e as pressões externas dos concorrentes. O presente estudo tem como objetivo, por meio de
análises de natureza qualitativa e quantitativa, identificar os recursos e as competências opera-
cionais que influenciam o desempenho de um grupo de empresas-foco, nos processos de negó-
cios em que os fornecedores estratégicos são envolvidos. Para atingir ao objetivo proposto,
as principais correntes teóricas adotadas foram a visão baseada em recursos, na visão rela-
cional da estratégia, nas competências operacionais voltadas para processos e na literatura
sobre relacionamentos do campo de operações e cadeia de suprimentos. Este estudo abrange
pesquisas de natureza qualitativa e caráter dedutivo por meio de estudo de múltiplos casos
interpretativo conduzido em quatro setores da indústria de transformação e uma pesquisa de
natureza quantitativa explanatória realizada por meio de uma survey com corte transversal. As
pesquisas qualitativa e quantitativa forneceram evidências de que, nos segmentos estudados as
categorias da visão relacional e das competências operacionais apresentaram influência posi-
tiva ante os desempenhos competitivos de entregas, de qualidade, flexibilidade e custo, nesta
ordem. Os resultados da pesquisa quantitativa no segmento químico indicaram que as práticas
de gestão da qualidade e de desenvolvimento de produtos contribuem significativamente para
as competências operacionais. Uma contribuição central da pesquisa foi diferenciar construtos
de competências operacionais e de recursos.

Palavras-chave

Cadeia de suprimentos, competências operacionais, gestão de operações.


M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

1 . INTRO DUÇÃO Existem sinergias entre as competências


operacionais e os recursos. As competências
Os mercados sempre mantêm movimentos operacionais representam a capacidade de
que acirram a competitividade continua- se promover um conjunto de habilidades
mente. Esse processo introduziu novos pessoais e de conhecimentos tácitos para
players no cenário econômico mundial, o uso eficiente dos recursos, no intuito de
além de novas potências mercantis, inten- criar barreiras à imitação e de desenvolver
sificando a volatilidade do mercado, a a vantagem competitiva, pois os recursos
contração do ciclo de vida dos produtos por si só apenas definem o potencial da
e as pressões externas dos concorrentes. atividade, são passivos e reativos (WU et
Sendoq eu, para atender a essa nova dinâ- al., 2010). Existem poucas pesquisas que
mica, as tradicionais abordagens de estra- trazem uma perspectiva mais abrangente
tégias empresariais necessitam de adequa- que associe essas duas abordagens estraté-
ções. As táticas de sobrevivência devem gicas, sendo a cadeia de suprimentos uma
ser abandonadas, de forma que a empresa importante unidade de análise, pois consi-
prospere sob essas novas circunstân- dera as condições dinâmicas do ambiente
cias, em busca de vantagens competitivas competitivo. Essa é uma orientação de
sustentáveis (BROWN; EISENHARDT, 2005). cunho central desta pesquisa.
Dada a limitação dos recursos, as empresas
buscam agora desenvolver competên- Em âmbito internacional, muito se tem

cias operacionais - um subconstruto das avançado nas pesquisas sobre recursos e

competências organizacionais internas competências operacionais voltados para

desenvolvidas na gestão de operações - na processos nas operações. No início da

relação entre fornecedores e clientes, para década de 1990, Leonard-Barton (1992)

enfrentar ambientes competitivos e instá- mencionou que as competências são tradi-

veis (WU et al., 2010). cionalmente tratadas como grupos de


técnicas distintas, habilidades e sistemas
Competências operacionais constituem gerenciais. Contudo essas dimensões de
um tipo particular de mecanismo, carac- competências são profundamente enrai-
terizado pelo conjunto de habilidades, zadas em valores, que constituem uma
processos e rotinas que direcionam o dimensão crítica, muitas vezes esquecida
uso dos recursos. São mecanismos por pelos estudiosos.
meio dos quais as habilidades do pessoal
são alavancadas para o uso dos diversos No contexto brasileiro, a academia

recursos internos e relacionais, de forma também já apresenta um volume de

integrada e harmoniosa. Isso reflete na produção consistente de literatura dos

melhoria dos processos e no desempenho recursos e de competências, no campo da

(VOSS, 1995; NARASIMHAN; SWINK; KIM, estratégia de operações. Entretanto, em

2005; WU et al., 2010). uma rápida consulta à literatura que versa


sobre recursos e competências, é possível

75
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

identificar a existência do uso do termo 1969; HAYES; WHEELWRIGHT, 1984).


“recursos” de forma mais abrangente em
relação ao termo “competências”, o que 1.2 Á R EAS D E D EC I S ÕES
permite deduzir que a literatura apresenta ESTR UTURA I S E
escassez de estudos que contribuam para I NFRA ESTR UTURA I S
o enriquecimento da literatura sobre o
tema. Existe um crescente interesse acadê- As áreas de decisões estruturais da manu-
mico em estratégias de operações sobre fatura relacionam-se com capacidade,
recursos e competências, que carecem de instalações, tecnologia e equipamentos,
conceitos claramente definidos, uma vez processos e integração vertical. As áreas
que eles são fontes de vantagem competi- de decisões infraestruturais, de natureza
tiva (GRANT, 1991; BARNEY, 1991; PETERAF, mais tática, englobam um conjunto de polí-
1993; WU et al., 2010, 2012). ticas, procedimentos e práticas de suporte
às decisões contínuas, tais como: gestão
Nesse panorama, o objetivo central desta de recursos humanos, gerenciamento da
pesquisa é analisar os recursos relacio- qualidade, controle da produção e arranjo
nais e as competências operacionais que físico (HAYES; WHEELWRIGTH, 1984) e
desenvolvidos e/ou compartilhados na influenciam a força de trabalho (HAYES et al.,
díade fornecedores estratégicos e empre- 2008), relacionamento com fornecedores e
sas-foco influenciam o desempenho desenvolvimento de novos produtos (FINE;
operacional da cadeia de suprimentos no HAX, 1985; PAIVA, CARVALHO Jr; FENSTER-
lado da empresa foco. SEIFER, 2009), e gerenciamento ambiental
(ANGEL; KLASSEN, 1999).
1 .1 E ST RAT ÉG I A D E
O P E RAÇÕ E S 1.3 D ES EM PENHOS
A estratégia de produção e o seu papel para
COM PETI TI VOS
competitividade ocorre a partir das intera- A título de destaque, alguns autores defi-
ções do ambiente com esse processo de niram alguns desempenhos competi-
decisão. O papel estratégico que a função tivos: Frohlich e Westbrook (2001; 2002):
produção obteve a partir do trabalho de qualidade, custo, entrega e flexibilidade;
Skinner (1969) determinou uma estrutura Jiménez e Lorente (2001): custo, tempo,
hierárquica das estratégias, mais comu- qualidade e pós-venda, e relatam a neces-
mente praticadas em níveis de decisão sidade de incluir o desempenho ambiental
(SWAMIDASS; NEWELL, 1987; HILL, 1997). como um novo desempenho competitivo;
A produção envolve decisões em diversas Dangayach e Deshmukh (2001): custo,
áreas da empresa. O desenvolvimento de qualidade, confiabilidade de entrega e
uma estratégia de operações implica fazer flexibilidade. Os estudos de Swamidass
um conjunto de decisões sobre a estrutura e Newell (1987), Cleveland et al. (1989),
e a infraestrutura de operações (SKINNER,

76
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

Ferdows e De Meyer (1990), Roth e Miller ciamento que são as variáveis de gestão
(1992), Vickery et al. (1993, 1997), Ward pelos quais os processos de negócio são
et al. (1994), Bozarth e Edwards (1997), integrados e gerenciados em toda a cadeia
Flynn et al. (1999) e Rosenzweig, Roth e (LAMBERT; COOPER, 2000).
Dean (2003) referenciam os desempenhos
competitivos qualidade, custo, entrega e 1.5 V I SÃO B AS EA DA EM
flexibilidade como as mais presentes na R EC UR S OS (V B R )
literatura de estratégia de operações. A
escolha dos desempenhos competitivos A VBR busca compreender a maneira
da empresa varia de acordo com as dife- como os recursos e as competências hete-
rentes particularidades competitivas e a rogêneos diferenciam empresas de alto
estratégia determinada, não existindo um desempenho das de baixo desempenho
consenso universal sobre quais desem- e sustentam a vantagem competitiva, e
penhos, isoladamente ou em conjunto, considera o desempenho superior como
devem ser adotados. um fenômeno decorrente primariamente
de características internas peculiares da
organização (VASCONCELOS; CYRINO,
1 . 4 P RO C E SSOS D E
2000). Recursos são definidos como ativos
N EGÓ C I O D E G E STÃO DA
tangíveis e intangíveis controlados por
CA D E IA D E S U P R I M E NTOS
uma empresa, usados para implementar
Na cadeia de suprimentos, um processo estratégias, significando a aptidão de uma
pode ser visto como uma estrutura de empresa para empregar recursos de forma
atividades projetadas para executar uma dinâmica (BARNEY; CLARK, 2007; BARNEY;
ação com foco nos clientes finais e sobre HESTERLY, 2011).
a gestão dinâmica dos fluxos envolvendo
produtos, dinheiro e conhecimento 1.6 COM PETÊ NCI AS E
(LAMBERT; COOPER; PAGH, 1998). PRÁTI CAS OPERACI ONA IS
O modelo de gestão da cadeia de supri- De acordo com a abordagem da VBR,
mentos de Lambert e Cooper (2000) consi- competências operacionais são inseridas
dera três elementos inter-relacionados no campo dos ativos intangíveis. Elas
como antecedentes críticos para gerenciar formam um subconjunto das competên-
uma cadeia de suprimentos: (i) a estrutura cias organizacionais, cujo como objetivo é
da cadeia de suprimentos, que consiste permitir que a empresa use por completo
no conjunto de empresas-membro e as os recursos que controla. Isto é, as compe-
ligações entre essas empresas; (ii) os tências, isoladamente, não permitem que
processos de negócio, que são o conjunto uma empresa implemente suas estratégias,
de atividades estruturadas, que produzem mas permitem que ela utilize seus recursos
uma determinada saída de valor para os para implementar suas estratégias. Wu et
clientes; e (iii) os componentes de geren-

77
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

al. (2010), por exemplo, definem compe- competências com características pecu-
tências operacionais como conjuntos de liares relativas ao relacionamento de longo
habilidades, processos e rotinas, especí- prazo. Além disso, a colaboração na cadeia
ficos das empresas desenvolvidos dentro é vista como um processo de negócio em
do sistema de gestão de operações, que que os parceiros compartilham riscos para
são regularmente utilizadas na solução atingirem metas comuns.
de problemas por meio da configuração
A colaboração é um fator fundamental
dos recursos operacionais. Esses autores
em que os diversos elos da cadeia de
explicam que a operacionalização de
suprimentos dependem da integração de
competências operacionais é diferenciada
processos-chave de negócio, com ativi-
da construção de práticas operacionais,
dades multifuncionais, envolvendo desde
sendo essas competências “o ingrediente
o fornecimento de matérias-primas, trans-
secreto” para a explicação do desenvolvi-
formação e distribuição, num processo
mento da vantagem competitiva.
contínuo ao longo de toda a rede (COOPER;
Wu et al. (2010) apresentam uma taxo- LAMBERT; PAGH, 1997). Uma vantagem da
nomia com seis competências operacio- colaboração relaciona-se com a criação
nais: (1) melhoria operacional, (2) inovação de capacidades interorganizacionais que
operacional, (3) customização operacional, se dá mediante a integração de conheci-
(4) a cooperação operacional, (5) capaci- mento e cooperação, uma vez que esse
dade de resposta operacional e (6) reconfi- processo influencia tanto o desempenho
guração operacional, revelando que essas socioambiental, bem como os desempe-
competências operacionais têm alta vali- nhos competitivos operacionais e finan-
dade na previsão de resultados de desem- ceiros (COUSINS et al., 2006).
penho operacionais ante aos desempe-
nhos competitivos da manufatura (custo, 1.8 V I SÃO R ELACI ONA L
qualidade, entrega e flexibilidade). E ESTR UTURA D E
R ELACI ONA M ENTO NA
1 .7 CO LA B ORAÇÃO NA CA D EI A
CA D E IA D E S U P R I M E NTOS
A Visão Relacional preconiza que recursos
Cao e Zhang (2011) relatam que a colabo- críticos de uma empresa podem ser
ração entre empresas na cadeia melhora compartilhados em relacionamentos
o desempenho e a vantagem competitiva interorganizacionais para a obtenção de
dos participantes numa situação de ganhos retornos superiores à média da concor-
positivos, o que permite a concorrência rência e criam uma vantagem competitiva
com outras cadeias. A vantagem da colabo- sustentável (INGHAM; THOMPSON, 1994;
ração e os benefícios alcançados são dire- DYER; SINGH, 1998; COMBS; KETCHEN,
tamente relacionados à troca de conheci- 1999; DAS; TENG, 2000; MESQUITA;
mento, compartilhamento de recursos e ANAND; BRUSH, 2008).

78
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

Relacionamentos interorganizacionais mencionam que não há evidências claras


são importantes unidades de análise, pois de que existam medidas de desempenho
oferecem uma compreensão da vantagem significativas que abranjam toda a cadeia de
competitiva, cujos impactos são determi- suprimentos, mas medidas que abrangem
nados pela combinação de recursos, os parte da cadeia, como alguns de seus elos
quais envolvem ativos físicos, conhecimento (LEE; BILLINGTON,1992; MENTZER et al.,
e aprendizagem e capacidades complemen- 2001; PIRES, 2004). Sendo que medidas de
tares que podem contribuir para a criação desempenho são adotadas considerando-se
de rendas relacionas e o desempenho diversas abordagens. Por exemplo, Barney
operacional da cadeia de suprimentos e Hesterly (2011) sugerem uma abordagem
(DYER; SINGH, 1998). Rendas relacionais centrada no desempenho econômico e
são obtidas por meio de quatro fontes financeiro. Neely (1999) argumenta que
potenciais (DYER; SINGH, 1998; COMBS; medidas financeiras possuem uma visão de
KETCHEN, 1999; LAVIE, 2006): (i) investi- curto prazo, e assim perdem relevância para
mentos em ativos específicos para o rela- sustentar uma estratégia global da cadeia
cionamento; (ii) troca substancial de conhe- de suprimentos (GREEN; MCGAUGHEY;
cimento que resulta em aprendizagem; (iii) CASEY, 2006). Já segundo Wu et al. (2010), o
combinação de recursos complementares; desempenho é medido por meio de indica-
e (iv) menores custos de transação, intro- dores operacionais e financeiros.
duzidos por mecanismos de governança
eficazes (DYER; SINGH, 1998). 2 . M ETOD OLOGI A
A Visão Relacional centra-se também no Na etapa da pesquisa qualitativa, realiza-
compartilhamento de elevados níveis de ram-se quatro estudos de casos dos tipos
confiança e relatórios formais, e no moni- exploratório e interpretativo (GODOY,
toramento de ações de controle de lucros 2006; YIN, 2010; BARRATT; CHOI; LI, 2011).
relacionais alcançados (DYER; SINGH, 1998; As empresas dos setores estudadas na
ZACHARIA et al., 2011). fase qualitativa fazem parte da indústria de
transformação. Foram coletadas variáveis
1 . 9 D E SE M P E N H O NO validadas pela teoria sobre conceitos de
E LO E M P R E SA- F O CO E relacionamentos, colaboração, recursos,
FO RN EC E DOR competências operacionais e desempenho
da cadeia de suprimentos.
A avaliação de desempenho é importante,
pois permite que os gestores possam A pesquisa da etapa qualitativa engloba
diagnosticar e compreender as causas de quatro setores distintos. Os setores
problemas e monitorar o desempenho pesquisados são a indústria siderúrgica,
de áreas e processos, para verificar se as fabricação de produtos de aplicações auto-
partes executaram suas responsabilidades motivas e industriais, fabricação de celu-
satisfatoriamente. Aragão et al. (2004) lose, fabricação e aplicação de tubos flexí-

79
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

veis para a indústria de energia. E esses analítico geral que inclui o uso de técnicas
setores possuem relevância econômica e de interpretação e codificação de dados
empregam um grande contingente de mão para transformar textos em variáveis
de obra. A escolha de setores e empresas numéricas que possibilitam uma análise
industriais de setores distintos se deve ao quantitativa de dados.
interesse na identificação de questões de
Na etapa qualitativa, optou-se por traba-
complexidade do fenômeno investigado
lhar com a estratégia de estudo de múlti-
em cada caso (EISENHARDT, 1989), bem
plos casos, de modo a obter respostas
como realizar comparações no sentido de
julgadas mais adequadas em alinhamento
identificar convergências e divergências
com as questões de pesquisa e os obje-
entre os casos diante das especificidades
tivos da tese. Barratt et al. (2011) relatam
de cada segmento (EISENHARDT, 1989,
que, na gestão de operações, estudos de
MEREDITH, 1998).
caso qualitativos aumentam a validade
Na etapa quantitativa realizou-se uma externa e protege contra possíveis viéses
pesquisa, do tipo dedutivo, com a utilização do pesquisador, e em particular, favorece
de uma survey no setor químico, a qual além os efeitos de construção de uma teoria,
de explorar conceitos de relacionamentos, pois os múltiplos casos são suscetíveis de
colaboração, recursos, competências opera- criar teorias mais robustas e testáveis ante
cionais e desempenho da cadeia de supri- a pesquisas de caso único (EISENHARDT,
mentos, investigou a contribuição de duas 1989; YIN, 2010).
práticas operacionais, quanto a formação
A partir da análise de conteúdo, defini-
de competências operacionais (H3).
ram-se três categorias-chave de análise, de
A utilização de métodos mistos envolveu acordo com as características estudadas.
entrevistas qualitativas e coleta de dados Essas categorias são: (i) Características do
quantitativos mediante a adoção de um relacionamento com o fornecedor estra-
survey. A utilização de procedimentos tégico; (ii) Recursos relacionais e compe-
distintos oferece possibilidade de explorar tências operacionais predominantes; e (iii)
de forma mais ampla análises textuais e Desempenhos competitivos melhorados
estatísticas para responder às questões de na empresa foco.
pesquisa mediante a análise de diferentes
Na etapa quantitativa, foi adotado o ques-
questões ou níveis de unidades de análises
tionário como instrumento de coleta
(CRESWELL, 2007).
de dados. O questionário teve por base
O tratamento dos dados da pesquisa os construtos discutidos no referencial
qualitativa oi feito mediante a análise de teórico. Para mensuração dos construtos,
conteúdo consoante os estudos de Bardin foi adotada a escala Likert de sete pontos,
(2007) e Collis e Hussey (2005). A análise com extremos significados, para indicar
de conteúdo consiste num procedimento a extensão pela qual os respondentes

80
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

concordam ou discordam de cada questão. 3 . AN ÁL ISE CO N J U N TA


O principal veículo de administração da DOS RESU LTADOS
pesquisa foi o software e ferramenta de
administação de questionário online do O presente estudo buscou compreender
provedor Google Docs (disponível em: quais recursos e competências operacio-
https://docs.google.com). nais desenvolvidos e/ou compartilhados
entre empresas-foco e fornecedores estra-
Para a análise dos dados, primeiramente tégicos influenciam o desempenho opera-
foi feita uma associação entre os objetivos cional da cadeia de suprimentos, do lado da
específicos com as seções do questionário empresa-foco, tendo como base principal
aplicado e as hipóteses de pesquisa, apre- de análise o relacionamento colaborativo.
sentadas no capítulo anterior. Num segundo
momento, foram realizados testes esta- Esta seção discute os resultados das
tísticos mediante análise descritiva. Para pesquisas qualitativa e quantitativa de forma
as variáveis categóricas foi utilizada a esti- conjunta de modo que se tenha uma repre-
mação intervalar para as proporções amos- sentação comum dos achados, uma vez que
trais utilizando o intervalo de confiança a análise conjunta dos resultados apresenta
exato para o estimador de máxima veros- maior robustez à pesquisa (YIN, 2010).
similhança de “p” pela distribuição F para
Os resultados das correlações forneceram
detecção dos grupos que se diferiram
evidências de relações significativas entre
(LEEMIS; TRIVEDI, 1996). Essa metodologia
investimentos em ativos específicos e o
é robusta em relação ao desvio de normali-
desempenho de flexibilidade. Há associa-
dade dos dados e é aplicada para amostras
ções entre a realização de investimentos
de tamanhos pequenos.
em equipamentos e em capacidades de
O estudo das relações entre as seções de produção feitos pelos fornecedores estra-
interesse do questionário foi realizado tégicos e os itens relacionados à capaci-
por meio do cálculo de correlação de dade das empresas de ajustar volumes
Spearman, sendo que a hipótese nula foi de produção para atender mudanças
testada pelas correlações ao nível de 5% de impostas pelo mercado e à capacidade das
significância (p<0,05). Tal teste é recomen- empresas de promover mudanças radicais
dado para variáveis que não seguem distri- em grande escala.
buição normal e para aquelas variáveis
Quanto ao compartilhamento de infor-
categóricas, como no caso deste estudo,
mações e de conhecimento que geram
em que as variáveis foram dispostas em
aprendizagem, o resultado das correlações
escala Likert por representarem atributos.
evidenciou relações significativas com os
desempenhos de qualidade e de flexibi-
lidade. Já quanto ao desenvolvimento e/
ou compartilhamento de recursos, capaci-

81
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

dades ou habilidades complementares, o nos setores estudados, os fornecedores,


resultado das correlações apresentou rela- estratégicos têm poder de negociação
ções significativas com os desempenhos superior ao das empresas foco. Adicional-
de custo e de qualidade. Essas relações mente, verificou-se a ocorrência de investi-
dizem respeito à influência da combinação mentos em ativos feitos por alguns forne-
de recursos como competências logísticas cedores, não estratégicos do ponto de
para desenvolver e distribuir produtos. vista do fornecimento de matéria-prima,
em expansão de capacidades produtivas,
Mediante as entrevistas, verificou-se que
equipamentos, instalações industriais,
a parceria promove às empresas bene-
sistemas de fornecimento de energia.
fícios, que vão além do fornecimento,
por exemplo, a absorção de conheci- A etapa qualitativa da pesquisa também
mento, co-desenvolvimento de produtos revelou que os fatores determinantes mais
e melhoria de processos. As entrevistas comuns, identificados nas entrevistas que
evidenciaram também que as empresas justificam a realização de investimentos
estabelecem relacionamentos, predomi- em ativos específicos são o volume de
nantemente, longos com seus fornece- produção e a duração do relacionamento.
dores estratégicos, com características Também, no que diz respeito à troca de
relacionais, contudo verificou-se que é conhecimento, esta somente ocorre do
comum a adoção de mecanismos transa- lado dos fornecedores para as empresas
cionais governados por meio de contratos. em processos de solução problemas opera-
cionais, treinamento para novas operações
Na etapa qualitativa, também foi possível
e manutenção, melhoria de processos e
verificar que, nas empresas dos setores
desenvolvimento de produtos e mate-
estudados, alguns fornecedores estraté-
riais. No que concerne à transferência de
gicos são envolvidos em outras atividades
pessoal entre as empresas e seus fornece-
de valor nos processos de negócio das
dores, as entrevistas revelaram que 75%
empresas-foco, além do fornecimento.
das empresas corroboraram as prescrições
As atividades de valor mais comuns,
do modelo proposto pela visão relacional.
identificadas nas entrevistas qualitativas
foram a melhoria de processo na manu- Na pesquisa qualitativa, a taxonomia de
fatura, engenharia e desenvolvimento de competências operacionais proposta por
processos, planejamento da produção, Wu et al. (2010) envolveu cinco indicadores:
processos de redução de custos, acom- melhoria contínua, inovação, customi-
panhamento de pedidos, gerenciamento zação, cooperação e integração e resposta
de prazos, desenvolvimento de novos rápida ao mercado foi confirmada. Verifi-
produtos, gerenciamento de inventários e cou-se que essas competências desenvol-
execução da produção. vidas e/ou compartilhadas entre empresas
e fornecedores estratégicos exercem um
As entrevistas também evidenciaram que
papel importante sobre os desempenhos

82
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

competitivos, na medida em que esta- nas operações, no desempenho da cadeia


belecem uma ligação empírica entre os de suprimentos. No que diz respeito às
recursos e o desempenho operacional da competências operacionais, apresenta-se
cadeia de suprimentos. Na etapa qualita- uma contribuição para pesquisadores de
tiva, ficou evidenciado que as empresas estratégia de operações, que se concen-
dos setores estudados se diferenciam em tram em pontos envolvendo práticas opera-
competências operacionais, consideran- cionais e em recursos tangíveis. Este estudo
do-se a sua aplicação aos problemas espe- fornece uma visão sobre quais recursos
cíficos de cada empresa. e sobre quais competências operacionais
influenciam o desempenho operacional da
Na etapa quantitativa, o resultado das
cadeia de suprimentos, bem como oferece
correlações mostrou relações significativas
suporte para examinar os tipos de compe-
entre a competência de melhoria opera-
tências operacionais que suportam a utili-
cional com os desempenhos de custo, de
zação de um recurso específico.
qualidade, de entrega e de flexibilidade.
Já na análise da competência operacional A survey aplicada no setor químico, que
de resposta rápida ao mercado, foi veri- teve como objetivo constatar relações
ficado que a agilidade de resposta é uma causais entre recursos relacionais e compe-
competência relacional que as empresas tências operacionais sobre o desempenho
buscam compartilhar com seus forne- operacional da cadeia de suprimentos,
cedores e clientes para gerir questões possibilitou avaliar o modelo de pesquisa
imprevistas consideradas cruciais para o proposto e testar as hipóteses de pesquisa
desempenho da cadeia de suprimentos. propostas na etapa quantitativa, o que
Esses resultados corroboram os trabalhos permitiu identificar a influência de cons-
Dyer e Singh (1998), de Wu et al. (2010) e trutos de recursos relacionais e de compe-
Cao e Zhang (2011), os quais relatam que tências operacionais sobre os desempe-
os recursos relacionais e as competências nhos operacionais da gestão de operações.
operacionais desenvolvidos e/ou comparti-
A pesquisa apresenta algumas limitações
lhados em relacionamentos colaborativos
e oportunidades de futuras. As limitações
desenvolvem um papel importante para
da pesquisa relacionam-se aos seguintes
influenciar o desempenho operacional da
aspectos: em relação aos estudos de
cadeia de suprimentos.
caso, a pesquisa foi realizada em quatro
empresas. Por se tratar de estudo de caso,
4. CON CLU S ÕES mesmo com o aprofundamento do conhe-

Do ponto de vista teórico, esta pesquisa cimento obtido, não é possível a generali-

contribui para o preenchimento de zação da pesquisa para os setores inves-

uma importante lacuna, relacionada à tigados, bem como para outras empresas

compreensão da influência das competên- dentro desses setores. Outra limitação

cias operacionais voltadas para processos refere-se ao caráter transversal, em que

83
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

a pesquisa foi realizada em um único Based Theory: Creating and Sustaining


momento no tempo, não possibilitando Competitive Advantage. Nova York:
verificar possíveis mudanças e/ou evolu- Oxford University Press, 2007.
ções das empresas, como resultado da
[ 6 ] . BARNEY, J. B.; KETCHEN JR.; D. J.;
evolução dos seus recursos físicos e não
WRITHT, M. The Future of Resource-
físicos, habilidades e competências opera-
Based Theory: Revitalization or Decline?
cionais. Assim, tendo em vista que os rela-
Journal of Management. v.37, n.5,
cionamentos na cadeia de suprimentos
September, p.1299-1315, 2011.
são dinâmicos, novas pesquisas podem
ser realizadas adotando a abordagem [ 7] . BARRATT, MARK; CHOI, THOMAS Y.;
longitudinal. Dessa forma novas pesquisas LI, Mei. Qualitative case studies in oper-
podem aplicar o instrumento de pesquisa ations management: Trends, research
em amostras maiores buscando maior outcomes, and future research implica-
consistência para a generalização. tions. Journal of Operations Management,
29, p. 329–342, 2011.
5. RE F ER Ê NCIAS
[ 8] . BOZARTH, C.; EDWARDS, S. The
[1 ]. ANGELL, L.C.; KLASSEN, R. D. “Inte- impact of market requirements focus
grating Environmental Issues into the and manufacturing characteristics
Mainstream: An Agenda for Research focus on plan performance, Journal of
in Operations Management”, Journal of Operations Management, v. 15, n. 3, p.
Operations Management, v. 17, n. 5, pp. 161-80, 1997.
575-598, 1999.
[ 9 ] . BROWN, S. L.; EISENHARDT, K.M.
[2]. ARAGÃO, A. B.; SCAVARDA, L. F.; Estratégia Competitiva no Limiar do
HAMACHER, S.; PIRES, S. R. I. Modelo de Caos: Uma visão dinâmica para as trans-
análise de cadeias de suprimentos: formações corporativas. São Paulo. Cultrix,
fundamentos e aplicação às cadeias de 2005.
cilindros de GNV. Gestão e Produção. v.11
[ 1 0 ] . CAO, M.; ZHANG, Q., Supply Chain
n.3, São Carlos, Sept./Dec. 2004.
Collaboration: Impact on Collaborative
[3]. BARDIN, LAURENCE. Análise de Advantage and Firm Performance. Journal
conteúdo. Lisboa: Ed. 70, 2007. of Operations Management, v. 29, n. 3, p.
163-180, 2011.
[4]. BARNEY, J. B. Organizational
Culture: Can It be a Source of Sustained [ 1 1 ] . CLEVELAND, J. N.; MURPHY, K. R.;
Competitive Advantage? Academy of WILLIAMS, R. E. Multiple uses of perfor-
Management Review, v. 11, n. 3, p. 656-665, mance appraisal: Prevalence and
1986. correlates. Journal of Applied Psychology,
74, 130-135, 1989.
[5 ]. BARNEY, J. B.; CLARK, D. N. Resource-

84
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

[1 2]. COLLIS, D. J.; HUSSEY, R., Pesquisa [ 1 9 ] . DYER, J. H.; SINGH, H. The rela-
em administração: um guia prático para tional view: Cooperative strategy and
alunos de graduação e pós-graduação. sources of inter-organizational competi-
Traduzido por Lucia Simonini, segunda tive advantage. Academy of Management
edição, Porto Alegre. Bookman, 2005. Review, v. 23, n. 4, p. 660-679, 1998.

[1 3]. COMBS, J. G.; KETCHEN, D. J. Jr. [ 2 0 ] . EISENHARDT, K. M. Building Theo-


Explaining interfirm cooperation and ries from Case Study Research. Academy
performance: toward a reconciliation of Management Review, v. 14, n. 4, p.
of predictions from the resource-based 532-550, 1989.
view and organizational economics.
[ 2 1 ] . FERDOWS, K.; DE MEYER, A. Lasting
Strategic Management Journal, v. 20, n. 9,
improvements in manufacturing perfor-
p. 867-888, 1999.
mance: in search of a new theory. Journal
[1 4]. COOPER, M. C.; LAMBERT, D. M.; of Operations Management, v. 9, n. 2, p.
PAGH, J. D. Supply Chain Management: 169-84, 1990.
More than a new name for Logistics. The
[ 2 2 ] . FINE, C. H.; HAX, A. C. Manufac-
International Journal of Logistics Manage-
turing strategy: a methodology and an
ment, v. 8, n. 1, 1997.
illustration. Interfaces, Linthicum, v. 15, n.
[1 5]. CRESWELL, J. W. Projeto de 6, p. 28-46, 1985.
Pesquisa: Métodos Qualitativo, Quan-
[ 2 3] . FLYNN, B.B., SCHROEDER, R.G.;
titativo e Misto. 2ª ed., Porto Alegre:
FLYN, E.J. World class manufacturing:
Artmed, 2007.
an investigation of Hayes and Wheel-
[1 6 ]. COUSINS, P.; HANDFIELD, R., wright’s foundation. Journal of Opera-
LAWSON, B., PETERSON, K.T., Creating tions Management, v. 17, p. 249-69, 1999.
supply chain relational capital: The
[ 24] . FROHLICH, M. T.; DIXON, J. R. A
impact of formal and informal social-
Taxonomy of Manufacturing Strategies
ization processes, Journal of Operations
Revisited. Journal of Operations Manage-
Management, v. 24, p. 851-863. 2006.
ment, v. 19, p. 541-558, 2001.
[1 7]. DANGAYACH, G.; DESHMUKH, S.
[ 2 5] . FROHLICH, M. T.; WESTBROOK, R.
Manufacturing strategy: literature
Demand chain management in manu-
review and some issues. International
facturing and services: web-based drives
Journal of Operations & Production
and performances. Journal of Operations
Management, v. 21, n. 7, p. 884-932, 2001.
Management, v. 20, n. 62, p. 729-745, 2002.
[1 8]. DAS, T. K.; TENG, B. S. A Resource-
[ 2 6 ] . GODOY, C. K.; BALSINI, C. P. V. A
Based Theory of Strategic Alliances. Journal
pesquisa qualitativa nos estudos organi-
of Management, v. 26, n. 1, p. 31-61, 2000.
zacionais brasileiros: uma análise biblio-

85
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

métrica. In: GODOY, C. K.; BANDEIRA-DE- of Logistics Management, Flórida, v. 9, n. 8,


-MELLO, R.; SILVA, A. B. (Orgs.). Pesquisa p. 1-19, 1998.
qualitativa em estudos organizacionais:
[ 33] . LAVIE, D. The competitive advan-
paradigmas, estratégias e métodos. São
tage of interconnected firms: an
Paulo: Saraiva, p. 89-112, 2006.
extension of the resource-based view.
[27]. GREEN, J. R. KENNETH W; Academy of Management Review, v. 31, n.
MCGAUGHEY, RON; CASEY, K. MICHAEL. 3, p. 638-658, 2006.
Does supply chain management
[ 3 4] . LEE, H. L.; BILLINGTON, C. Managing
strategy mediate the association
supply chain inventory - pitfalls and
between market orientation and orga-
opportunities. Sloan Management
nizational performance? Supply Chain
Review, v. 33, n. 3, p. 65-73, 1992.
Management: An International Journal, v.
11 Iss: 5, p. 407– 414, 2006. [ 35] . LEEMIS, L.M.; TRIVEDI, K.S. A
comparison of approximate interval
[28 ]. HILL, T. J. Manufacturing strategy
estimators for the Bernoulli parameter.
– keeping it relevant by addressing the
The American Statistician. Alexandria, v.
needs of the market. Integrated Manufac-
50, n. 1, p. 63-68, Feb.1996.
turing Systems, v. 8, n. 5, p. 257-264, 1997.

[ 36 ] . LEONARD-BARTON, D. Core Capa-


[29 ]. INGHAM, H.; THOMPSON, S. Whol-
bilities and Core Rigidities: A Paradox in
ly-owned versus collaborative ventures
Managing New Product Development.
for diversifying financial services. Stra-
Strategic Management Journal, 13 (S1),
tegic Management Journal, v. 15, n. 4, p.
111-125, 1992.
325-334, 1994.

[ 37] . MENTZER, J. T.; DeWITT, W.;


[30]. JIMÉNEZ, J. B. de; LORENTE, J. J. C.
KEEBLER, J. S.; MIN, S.; NIX, N. W.; SMITH, C.
Environmental performance as an oper-
D.; ZACHARIA, Z. G. Defining supply chain
ations objective. International Journal of
management. Journal of Business Logis-
Operations & Production Management, v.
tics, v. 22, n. 2, p. 1-25, 2001.
21, n. 12, p. 1553-1572, 2001.

[ 38] . MEREDITH, J. Building Operations


[31 ]. LAMBERT, D. M.; COOPER, M. C.
Management Theory Through Case and
Issues in supply chain management.
Field Research. Journal of Operations
Industrial Marketing Management, New
Management, v. 16, n. 4, p. 441–54, 1998.
York, v. 29, n. 1, p. 65-83, 2000.

[ 39 ] . MESQUITA, L. F.; ANAND, J.; BRUSH,


[32]. LAMBERT, D. M.; COOPER, M. C.;
T. H. Comparing the resource-based and
PAGH, J. D. Supply chain management:
relational views: knowledge transfer
implementation issues and research
and spillover in vertical alliances.
opportunities. The International Journal
Strategic Management Journal, v. 29, p.

86
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

913-941, 2008. [ 47] . SKINNER, W. Manufacturing –


Missing link in corporate strategy.
[4 0]. NEELY, A. D. The performance
Harvard Business Review, v. 47, n. 3, p.
measurement revolution: why now and
136-145, 1969.
where next, International Journal of Oper-
ations and Production Management, v. 19, [ 48] . SWAMIDASS, P. M.; NEWELL, W. T.
n. 2, p. 205-28, 1999. Manufacturing strategy, environmental
uncertainty and performance: a path
[41 ]. NEWBERT, S. L. Empirical research
analytic model. Management Science, v.
on the resource-based view of the firm:
33, n. 4, p. 509-524, apr. 1987.
an assessment and suggestions for
future research, Strategic Management [ 49 ] . VASCONCELOS, F. C. A.; CYRINO, A.
Journal, v. 28, p. 121-46, 2007. B. Vantagem Competitiva: os modelos
teóricos atuais e a convergência entre
[4 2]. PAIVA, E. L; CARVALHO JR. J. M.; FENS-
estratégia e teoria organizacional.
TERSEIFER, J. E. Estratégia de produção
Revista de Administração de Empresas, v.
e operações: conceitos, melhores
40, n. 4, p. 20-37, out./dez. 2000.
práticas, visão de futuro. 2. ed. Porto
Alegre: Bookman, 2009. [ 50 ] . VICKERY, S. K.; DROGE, C.; MARK-
LAND, R. R. Production competence and
[4 3]. PETERAF, M. A. The Cornerstones
business strategy: Do they affect busi-
of Competitive Advantage: A Resource-
ness performance? Decision Sciences, v.
based View. Strategic Management
24, n. 2, p. 435-456, 1993.
Journal, New Jersey, v. 14, n. 3, p. 179-191,
mar. 1993. [ 51 ] . VICKERY, S.; DROGE, C.; MARKLAND,
R. E. Dimensions of manufacturing:
[44]. PIRES, S. R. I. Gestão da cadeia
strength in the furniture industry.
de suprimentos: conceitos, estratégias,
Journal of Operations Management, 15 (4),
práticas e casos. 1. ed. São Paulo: Atlas,
317-330, 1997.
310 p., 2004.
[ 52 ] . VOSS, A. C. Alternative paradigms
[4 5 ]. ROSENZWEIG, E. D.; ROTH, A. V.;
for manufacturing strategy. Interna-
DEAN, J. W. J. The influence of an inte-
tional Journal of Operations & Production
gration strategy on competitive capa-
Management, v. 15, n. 4, p. 5-16, 1995.
bilities and business performance: an
exploratory study of consumer products [ 53] . VOSS, C.; N. TSIKRIKTISIS; FROHLICH,
manufacturers, Journal of Operations M. Case Research in Operations Manage-
Management, v. 21, n. 4, p. 437-56, 2003. ment. International Journal of Operations
& Production Management, v. 20, n. 2, p.
[4 6 ]. ROTH, A. V.; MILLER, J. G. Success
195-219, 2002.
Factors in Manufacturing. Business Hori-
zons, 35, 4, 73-81, 1992. [ 54] . WARD, P. T.; LEONG, G. K.; BOYER,

87
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

K. K., Manufacturing proactiveness and


performance. Decision Sciences, v. 25, n.
3, p. 337-58, 1994.

[55]. WHEELWRIGHT, S. C. Manufac-


turing strategy: defining the missing
link. Strategic Management Journal, v. 5, n.
1, p. 77-91, 1984.

[5 6 ]. YIN, R. K. Estudo de Caso: plane-


jamento e métodos. 4. ed. Tradução Ana
Thorell. Revisão técnica Cláudio Dama-
cena. Porto Alegre: Bookman, 2010.

[57]. ZACHARIA, Z. G., NIX, N. W.; LUSCH,


R. F. Capabilities that enhance outcomes
of an episodic supply chain collabora-
tion. Journal of Operations Management,
v. 29, n. 6, p. 591-603, 2011.

88
APLICAÇÃO DOS
PRINCÍPIOS DA TEORIA
DAS RESTRIÇÕES
E SIMULAÇÃO
COMPUTACIONAL NO
PROCESSO DE PINTURAS
DE CADEIRAS EM UMA
INDÚSTRIA MOVELEIRA.

Alencar Servat
Camila Ciello
José Airton Azevedo dos Santos
Lucas Duarte
Fabiana Costa de Araujo Schutz

RESUMO
Em tempos de variação econômica, crises políticas e insatisfações mercadológicas, é
de grande importância que as empresas busquem por melhorias constantes em seus
processos de produção. Neste contexto, este trabalho teve como objetivo analisar, através
princípios da teoria das restrições e de técnicas de simulação discreta (DES), o processo de
pintura de uma indústria moveleira. Um modelo do tipo dinâmico, discreto e estocástico
foi implementado no software de simulação Cloudes. De um modo geral, os resultados
evidenciaram que com a aplicação, dos princípios da teoria das restrições e de técnicas de
simulação computacional, pode-se aumentar a produção de cadeiras em 48,27%.

Palavras-chave

Simulação, Cloudes, Teoria das restrições, Indústria moveleira.


M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

1. INTRODUÇÃO mais freqüentes e tempos de produção


mais reduzidos. Assim, o processo de
No Brasil, a indústria moveleira é frag- pintura de cadeiras tem que ser organizado
mentada, intensiva em mão-de-obra, com de modo que as perdas sejam mínimas,
pouca participação no valor agregado e tanto de tempo como de produto. Para
verticalizada. Está localizada com mais obter este resultado, diversas técnicas
intensidade nas regiões Sul e Sudeste do são disponibilizadas aos gestores deste
país e teve um avanço expressivo durante processo, dentre elas tem-se: a Teoria das
a década de 1990, após um grande investi- Restrições e a Simulação Computacional
mento na aquisição de máquinas e equipa- (PRADO, 2010).
mentos importados, que proporcionaram
um aumento expressivo na produção e A Teoria das Restrições é composta por

uma padronização do produto em nível um conjunto de princípios e conceitos

internacional (LOUREIRO, 2011). idealizados pelo físico israelense Eliyahu


Goldratt, nos anos 1980, conhecido como
Atualmente, o Brasil se enquadra como Teoria das Restrições (TOC – Theory of
um dos maiores produtores de móveis e Constraints), um método novo de admi-
possui destaque pela sua competitividade nistração da produção. O sucesso de sua
na fabricação dos mesmos. Tendo, devido teoria em algumas empresas fez com que
à enorme oferta de madeiras certificadas outras se interessassem em aprender a
ou reflorestadas, uma excelente base técnica. Assim Goldratt decidiu repassar
para a produção nas indústrias de móveis o seu conhecimento e escreveu um livro
(SILVA, 2017). contando sobre sua teoria, chamado
de “The Goal” ou em português A Meta
De acordo com Gorini (1998) as indús-
(GOLDRATT; JEFF, 1997).
trias moveleiras ganham destaque devido
a pequena estrutura de suas empresas, A TOC se concentra na utilização e
sendo que as pequenas e microempresas aumento da capacidade do gargalo da
representam 88% do total de indústrias, produção, responsável pelos resultados de
33% do total de empregos e 16% do valor todo o sistema produtivo (ALVES; SANTOS;
bruto da produção industrial. SCHMIDT, 2014). Nesse aspecto, a sua utili-
zação serve de apoio para a determinação
A sobrevivência das empresas num
de cenários a serem criados no ambiente
mercado altamente competitivo exige um
de simulação computacional, orientando à
comprometimento com o atendimento
obtenção do resultado esperado.
às especificações, satisfação das neces-
sidades dos clientes e melhoria contínua Para Harrell (2000), a simulação computa-
dos processos (SLACK; CHAMBERS; cional tem grande importância no processo
JOHNSTON, 2002). Na área moveleira, de manufatura, pois se destaca como uma
trabalha-se cada vez mais com entregas boa ferramenta de planejamento geren-

90
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

cial, podendo contribuir para a empresa objetivo propor uma análise da aplicação
de diversas formas, tais como: na análise dos princípios da teoria das restrições e
de métodos, no controle da produção, na da simulação computacional na gestão do
previsão de gastos, no planejamento do processo de pintura de cadeiras em uma
supply chain, no controle sobre estoques em indústria moveleira.
processo, entre outras tantas atividades.

A simulação computacional é uma ferra-


2. METODOLOGIA
menta que auxilia a tomada de decisões, Essa trabalho utilizou dois métodos de
devido ao alto grau de eficácia que esta pesquisa: o estudo de caso, para conhecer
técnica de gestão proporciona. Segundo o fenômeno no contexto real de forma
Prado (2009), é um modo de imitar como ampla e detalhada (YIN, 2001), e a mode-
seria o funcionamento de um sistema real. lagem/simulação, que aborda quantitati-
Com o auxílio de programas de compu- vamente o problema e busca controlar as
tador é possível construir modelos onde se variáveis gerenciais em estudo.
pode visualizar na tela, tal como um filme,
o funcionamento do sistema estudado. A empresa:

Considerando os fatores evidenciados A empresa em estudo atua no ramo move-


nesta seção, percebe-se a importância leiro e está localizada na região oeste do
desta pesquisa para uma futura proposta Paraná, na cidade de Medianeira. Produz
de melhoria no processo a ser estudado. móveis para atender tanto o mercado
O interesse por este trabalho está total- nacional quanto o mercado internacional.
mente ligado a conquista de conheci- Comercializa móveis com altíssimo padrão
mento e colaboração para que a empresa de qualidade e design exclusivo.
tenha uma melhor utilização e gerencia
A empresa teve grande importância para
dos recursos disponíveis.
a colonização, desenvolvimento e geração
Neste trabalho foi utilizado como plata- de renda para a região em que se localiza.
forma de simulação o software de simu- Sendo na época uma das primeiras indús-
lação Cloudes. Softwares comerciais, para trias a se fixar na cidade onde se instalou.
simulação discreta, como o Arena e o
A partir da década de 90 a empresa
Anylogic possuem requisitos de hardware
começou a produzir e comercializar
para funcionar, além de licenças muito
móveis, com uma sofisticada linha de
caras. Cloudes é um software livre
salas de jantar voltada para atender
que fornece aos usuários a possibili-
tanto o mercado brasileiro quanto o
dade de construir um modelo, de simu-
exigente mercado internacional. Deste
lação discreta, usando um navegador
modo a empresa se adequou a realidade
(CLOUDES, 2014).
do mercado, conquistando seu lugar em
Neste contexto, este estudo teve como meio a grande competitividade do setor.

91
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

Processo de fabricação: Depois de tingidas as cadeiras passam


pelo processo de selagem. Neste processo
O processo, em estudo, inicia com a
recebem um selador, também através de
chegada das cadeiras (Figura 1) no
pistola manual. Na sequência as cadeiras
processo de tingimento. Neste processo
passam pelos processos de secagem e
as cadeiras são tingidas através de uma
lixação. Na lixação são realizadas ações
pistola manual. Observa-se que a empresa
corretivas. Finalmente, as cadeiras passam
possui duas cabines de pintura, sendo, no
pelos processos de aplicação de verniz
momento, utilizada apenas uma.
e secagem. O verniz é aplicado para dar
proteção e resistência ao produto.

Figura 1 – Cadeira produzida pela empresa

Fonte: O Autor

Atualmente, o setor de pintura conta com selagem e 1 no processo de aplicação de


7 funcionários: 4 no processo de lixa, 1 no verniz. Na Figura 2 apresenta-se o fluxo-
processo de tingimento, 1 no processo de grama do sistema em estudo.

Figura 2 – Fluxograma do processo de pintura

Fonte: O Autor

92
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

Número de Replicações: onde:

Neste trabalho, o número de replicações nA: número de indivíduos da amostra;


(n*) foi obtido através da Equação (1)
Zα⁄2: valor crítico que corresponde ao grau
(MONTGOMERY, 2005):
de confiança desejado;

S: desvio padrão e;

E: erro máximo estimado.

Etapas. Na Tabela 1 apresentam-se as etapas
(1)
realizadas neste trabalho de simulação.
onde:
A metodologia proposta pôde ser aplicada
n: número de replicações já realizadas; através da visita a indústria. Inicialmente
fez-se a observação do ambiente de
h: semi-intervalo de confiança já obtido e;
trabalho, onde foi possível avaliar a dinâ-

h*: semi-intervalo de confiança desejado. mica de como as atividades são desen-


volvidas e a ordem dos procedimentos
Tamanho da Amostra: fabris. Diante desta observação, então foi
possível iniciar a coleta de informações e
O tamanho de cada uma das amostras,
dados necessários à pesquisa.
cronometradas neste trabalho, foi obtida,
para um nível de confiança de 95%, através O procedimento de coletas de dados se deu
da Equação (2) (MARRÔCO, 2007): por meio de entrevistas, arquivos fotográ-
ficos e também por medições que foram
essenciais para análise de simulação.


(2)

Tabela 1 – Etapas realizadas


ETAPAS AÇÃO
Primeira etapa Definição da empresa
Segunda etapa Realização da visita à empresa e coleta de dados
Terceira etapa Construção do modelo computacional
Quarta etapa Realização das simulações computacionais
Quinta etapa Análise dos resultados de simulação
Fonte: O Autor

93
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

3. RESULTADOS E encontram-se as distribuições de probabi-

DISCUSSÃO lidade utilizadas neste trabalho.

Inicialmente, identifi caram-se as distri- Tabela 2 – Distribuições de probabilidade

buições probabilísticas referentes a cada


Itens Distribuição
etapa do processo, por meio da ferramenta
TTC UNIF(122,152) s
input analyzer do software ARENA. Elas são
TSL TRIA(101,118,132) s
de extrema importância para a simulação
TL UNIF(243,491) s
gerar resultados bem próximos da reali-
dade, pois conseguem absorver a essência TV UNIF(55,124) s

de suas operações, diferentemente de


realizar uma média simples com os dados, Fonte: O Autor
que podem apresentar um desvio padrão
Com as distribuições de probabilidade
muito elevado o que comprometeria a
defi nidas, foi possível simular o processo
acurácia dos resultados da simulação. Os
de pintura. Como resultado obteve-se
tempos coletados no processo de pintura
um total de 87 cadeiras processadas num
foram: Tempos de Tingimento da Cadeira
período de 4 horas, ou seja, meio turno de
(TTC); Tempo de Secagem (30 minutos);
trabalho. A Figura 3 apresenta o modelo de
Tempos de Selagem (TSL); Tempos de Lixa
simulação utilizado (Modelo 1).
(TL) e Tempos de Verniz (TV). Na Tabela 2

Figura 3 – Modelo de Simulação 1 – Cloudes

Fonte: O Autor

Visando aumentar a produtividade do


processo realizou-se uma análise minu-
ciosa dos gráfi cos gerados pela simulação.
No gráfi co de tempo de ociosidade do
processo, apresentado na Figura 4, consta-
tou-se que os funcionários do processo de
lixa e verniz fi cavam muito tempo ociosos.

94
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

Figura 4 – Gráfico do tempo inativo, em porcentagem, do processo de pintura - Cloudes

Fonte: O Autor

Depois de identificada a restrição, todos processo de tingimento volta ao seu posto


os esforços foram direcionados para dimi- de origem para lixar a cadeira.
nuir o tempo de ociosidade do processo
O mesmo esquema é feito para as duas
de lixa e verniz. Para avaliar as alterna-
próximas cadeiras. Quando a quarta
tivas de redução deste tempo a simulação
cadeira estiver seca o funcionário que
computacional foi refeita inúmeras vezes,
foi dirigido para a selagem volta para o
realocando os funcionários de diferentes
processo de lixa. O último funcionário
formas possíveis, inclusive em processos
alocado na selagem volta para o processo
distintos do qual estavam inicialmente.
de aplicação de verniz, quando a primeira
A distribuição de funcionários que obteve cadeira for lixada completamente. Esta
o maior número de cadeiras processadas distribuição foi implementada no modelo
e, consequentemente, o menor tempo apresentado na Figura 5 (Modelo 2).
de ociosidade entre os funcionários foi
Após efetuar a simulação, nessas condi-
realizada da seguinte maneira: Antes da
ções, diminuiu-se o tempo ocioso dos
primeira cadeira secar completamente,
funcionários do setor de lixa e verniz
3 funcionários do setor de lixa deverão
chegando a um total de 129 cadeiras
assumir o processo de tingimento,
pintadas, durante o mesmo período de
enquanto 1 funcionário do mesmo setor
tempo de 4 horas.
e 1 do setor de verniz deverão assumir a
selagem. Quando a primeira cadeira secar
por completo, um funcionário alocado no

95
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

Figura 5 – Modelo de Simulação 2 – Cloudes

Fonte: O Autor

4. CONSIDERAÇÕES importante analisar os sistemas produ-

FINAIS tivos e seus gargalos através da simulação


computacional resultando na determinação
Neste trabalho apresentou-se a metodo- de parâmetros de produção, como número
logia utilizada na implementação de um de funcionários, eficiência, e produtividade,
modelo computacional usado para simular parâmetros estes que quando definidos
o processo de pintura de cadeiras em uma inadequadamente podem acarretar em
indústria moveleira. resultados indesejados.

Constatou-se que o sistema de pintura O assunto não se esgota, com a realização


de cadeiras possui uma restrição, pois deste trabalho, devendo avançar, a partir
enquanto o processo de secagem é reali- do desenvolvimento de um estudo rela-
zado, os funcionários dos processos de tivo ao comportamento da restrição no
lixa e verniz ficavam ociosos, acarretando sistema. Segundo a teoria das restrições,
a não utilização da capacidade produtiva uma vez que ocorre uma melhoria no
total do sistema. gargalo, as restrições podem mudar de
lugar no sistema.
Diante disso, uma possível solução seria a
retribuições de tarefas para os funcioná- Conclui-se que este trabalho foi de grande
rios do setor de lixa e verniz, atribuindo-os valia na aprendizagem e desenvolvi-
obrigações enquanto estiverem ociosos. mento profissional dos alunos envolvidos,
Assim foi obtido como resultado um acrés- podendo ser reaplicado em diferentes
cimo de 48,27% da produção, não sendo sistemas produtivos, pois o software utili-
necessária a contratação de novos funcio- zado juntamente com a teoria das restri-
nários e aquisição de material e máquinas. ções são ferramentas de fácil acesso até
mesmo para empresas de pequeno e
Entretanto, para fins gerenciais torna-se
médio porte.

96
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

REFERÊNCIAS [ 1 0 ] . PRADO, D. Usando o ARENA em


simulação. v.3, 4ed. Nova Lima: INDG -
[1 ]. ALVES, R.; SANTOS, J. A. A.; SCHMIDT, Tecnologia e Serviços LTDA, 2010.
C. A. P. Aplicação dos princípios da teoria
das restrições e de técnicas de simu- [11]. SATOR, F. .; SANTOS, J. A. A.;
lação na gestão da dinâmica opera- SCHMIDT, C. A. P. Teoria das restrições e
cional de um pequeno restaurante: um simulação aplicadas no gerenciamento
estudo de caso. Revista Espacios, v. 35, p. de demanda de uma unidade de pronto
21, 2014. atendimento. Revista Espacios, v. 35, p.19,
2014.
[2]. CLOUDES Cloudes User Manual v.
3.14. Viginia: Modeling, Analysis and Simu- [ 1 2 ] . SILVA, T. R. P. Relatório Brasil
lation Center, 2014. Móveis 2016 aponta dados do setor
moveleiro. Emobi, 2017. Acessado em
[3]. GOLDRATT, E. M.; JEFF, C. A Meta. 14/07/2017.
São Paulo: Educator Editora, 1997.
[ 1 3] . SLACK, N; CHAMBERS, S.; JOHNSTON,
[4 ]. GORINI, A.P.F. Panorama do Setor R. Administração da produção. 2 ed. São
Moveleiro no Brasil, com Ênfase na Paulo: Atlas, 2002
Competitividade Externa a Partir do
Desenvolvimento da Cadeia Industrial [ 1 4] . YIN, R. K. Estudo de caso: planeja-
de Produtos Sólidos de Madeira. Rio de mento e métodos. Porto Alegre: Bookman,
Janeiro: BNDES, set. 1998. 2001.

[5 ]. HARREL, C. R. Simulation Using


ProModel®. McGraw-Hill, 2000.

[6 ]. LOUREIRO A. B. Planejamento do
arranjo físico em uma indústria move-
leira. UFES, 2011.

[7]. MONTGOMERY, D. C. Design and


Analysis of Experiments. New York:
Wiley, 2005.

[8]. MORROCO, J. Análise estatística de


dados – com utilização do SPSS. Lisboa.
Sílabo, 2003

[9 ]. PRADO, Darci Santos do.  Teoria da


Filas e da Simulação.  4. ed. Nova Lima:
Indgtecs, 2009. 127 p.

97
APLICAÇÃO DA
METODOLOGIA DE
BOX-JENKINS PARA
MODELAGEM DO
ÍNDICE DE CONFIANÇA
DO EMPRESÁRIO
INDUSTRIAL (ICEI)

Ícaro Romolo Sousa Agostino


Saymon Ricardo de Oliveira
Sousa
Cristiane Melchior
Adriano Mendonça Souza
Roselaine Ruviaro Zanini

RESUMO
O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) é um indicador que identifica as
mudanças na tendência da produção industrial brasileira, auxiliando na previsão do
produto industrial interno. Dessa forma, o objetivo desse artigo é investigar o compor-
tamento temporal do ICEI por meio dos modelos da classe geral ARIMA. A série temporal
utilizada refere-se aos dados mensais do indicador no período compreendido entre janeiro
de 2012 e agosto de 2017, totalizando 68 observações. O procedimento metodológico
adotado foi o de Box-Jenkins, a partir da modelagem ARIMA. Como resultado o estudo
apresenta um modelo ajustado com características de ruído branco, possibilitando a reali-
zação da previsão in-sample, de acordo com os pressupostos da metodologia utilizada.
O processo gerador da série temporal é de média móveis de ordem 1, sendo aplicado
uma diferença (d = 1) para torná-la estacionária, sendo que o modelo selecionado para
representar a série foi o ARIMA (0,1,1). Como conclusão, a modelagem possibilitou avaliar
o comportamento temporal do indicador em relação aos impactos econômicos recentes
ocorridos, verificando a influência de curto prazo no comportamento seriado do índice.

Palavras-chave

Indústria Brasileira, ARIMA, Indicadores Industriais.


M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

1. INTRODUÇÃO cionamento de uma atividade econômica


e a confiança, para isso, são utilizados os
O processo de industrialização brasileira indicadores de confiança.
é cercado de episódios que buscam escla-
recer os primórdios ou marco principal O Índice de Confiança do Empresário Indus-

desse processo. De uma maneira direta trial (ICEI) é um indicador oficial publicado

ou indireta, o limite no avanço da indús- pela Confederação Nacional da Industria

tria brasileira foi a revolução de 1930, que (CNI), que mede as tendências da produção

originou uma acentuada conversão em industrial brasileira, auxiliando a previsão

sua estrutura socioeconômica, condições do comportamento do produto industrial,

essas, suficientes, para a instauração das visto que empresários desse setor quando

relações capitalistas de produção e desen- confiantes tendem a aumentar os investi-

volvimento de um eixo econômico no país, mentos na produção (CNI, 2017).

que já estavam sendo desenvolvidos desde


Considerando a relevância do tema abor-
o século XX (WOOD; CALDAS, 2007).
dado por esta pesquisa, este artigo tem

O Brasil atualmente vem passando por um como objetivo investigar o comporta-

momento de incertezas nos cenários polí- mento do Índice de Confiança do Empre-

tico e econômico, devido ao baixo cresci- sário Industrial, assim como ajustar um

mento do Produto Interno Bruto (PIB), a modelo previsor por meio da metodologia

inflação alcançando patamares alarmantes, de Box-Jenkins, utilizando modelos da

gestão pública deficiente, balança comer- classe geral ARIMA para a série estudada.

cial com baixo desempenho, pela falta de


Além desta introdução, o presente artigo
incentivos à indústria, dentre outros fatores.
está organizado em mais cinco seções. Na
Para direcionar a alocação de elementos de
próxima seção é apresentado o referencial
produção, perante a escassez de recursos,
teórico, abordando a conceituação do ICEI
a sociedade deve fazer escolhas. Nesse
e a metodologia de Box-Jenkins; na seção
sentido, toda escolha implicará em custos
seguinte é apresentado a metodologia utili-
em termos da oportunidade não selecio-
zada na pesquisa, com apresentação dos
nada (BARBOSA FILHO, 2017).
dados e os procedimentos metodológicos;

Neste ambiente de acesso a novos na quarta seção é apresentado os resul-

mercados, atrelados a recursos produtivos tados e discussões, e por fim na quinta

escassos e a redução de custos operacio- seção a conclusão da investigação realizada.

nais constantes, que um investidor típico


constitui suas decisões. Desta forma, as 2. REFERENCIAL
sondagens de tendência apresentam infor- TEÓRICO
mações relevantes para o monitoramento
A seguir apresenta-se a contextualização
da situação em curso e antecipação de
teórica a respeito do tema do estudo.
eventos futuros, além de mensurar o rela-

99
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

2.1. O ÍNDICE DE Independente do porte, todas as organi-


CONFIANÇA DO zações são prejudicadas pelas oscilações
EMPRESÁRIO INDUSTRIAL econômicas do país, algumas em maior
intensidade que outras, com taxas infla-
O índice de Confiança do Empresário Indus- cionárias incontroláveis que afetam a
trial é um indicador mensal que mede o produção e a comercialização de bens de
desempenho da indústria e aponta as prin- consumo, impactando na desvalorização
cipais mudanças ocorridas no ambiente de ativos financeiros, aumento das taxas
produtivo, influenciando diretamente na de desemprego e pobreza, além de abalar
previsão do indicador de Produto Interno a credibilidade e a confiança do investidor
Bruto (PIB) (CNI, 2015). (PIGNATA; CARVALHO, 2015).

Este indicador depende de um parque Para conhecer os pontos fortes e as limi-


industrial moderno, capaz de consolidar tações de forma individual, o ICEI realiza
um cenário econômico produtivo, porém, uma análise organizacional abrangendo
atualmente encontra dificuldades para questões levantadas em duas etapas: a
crescer frente a um mercado pouco favo- primeira, corresponde a sondagem indus-
rável ao crescimento da indústria brasi- trial, que analisa as organizações que
leira. O aumento da inflação, a volatilidade compõe o grupo de indústrias de trans-
nas taxas de câmbio e a recessão no cres- formação e extrativa, e a segunda etapa
cimento econômico mundial são alguns acontece por meio da sondagem indus-
dos principais fatores que demonstram trial da construção, que analisa empresas
a necessidade de um ajuste fiscal, além do ramo da construção. A Classificação
de indicar um baixo crescimento econô- Nacional de Atividades Econômicas (CNAE
mico que tende a perdurar por um longo 2.0) serviu como base para o desenvolvi-
período de tempo (CONTRI, 2015). mento das práticas econômicas utilizadas
pela sondagem industrial e pela indústria
Para analisar o contexto industrial de forma
da construção (CNI, 2015).
precisa, o ICEI abrange todo o território
nacional, investigando as empresas, que No entendimento de Contri (2015), além
são definidas como “a união de todas as de medir o desempenho industrial, deve-se
suas unidades locais que exerçam a mesma atentar para fatores que permeiam no
atividade econômica, na mesma unidade da ambiente externo e influenciam diretamente
federação (estado ou Distrito Federal)”. As no desempenho financeiro da instituição. A
empresas são classificadas de acordo com crise econômica, consolidada por meio do
seu porte. Considera-se pequenas empesas baixo desempenho produtivo das organiza-
aquelas que apresentam de 10 a 49 traba- ções, retarda o crescimento e aumenta as
lhadores, médias as que possuem de 50 a dificuldades no setor industrial, fazendo com
250 trabalhadores e grandes aquelas com que a indústria da transformação cresça com
250 trabalhadores ou mais (CNI, 2015). taxas inferiores ao PIB brasileiro.

100
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

Como forma de avaliar o desempenho falta de confi ança, a Figura 1 ilustra grafi -
industrial utiliza-se o cálculo do ICEI. camente o indicador. Para a construção
A Confederação Nacional da Indústria deste índice avalia-se quatro questões:
(2015), explica que o ICEI é um indicador condições da economia brasileira (P α),
de divulgação, medido de 0 a 100. Valores condições atuais da indústria (P β), expec-
superiores a 50 pontos indicam confi ança tativas acerca da indústria (P γ) e expecta-
por parte dos empresários e abaixo de 50 tivas da empresa (P δ) (CNI, 2015).

Figura 1 – Índice de Confi ança do Empresário Industrial

Fonte: Adaptado de CNI (2017)

A Confederação Nacional da Indústria tiva das respostas do tipo j, para a questão i.


(2015) utiliza a frequência relativa das
A confi ança da classe empresarial somente
respostas para calcular os indicadores que
será estabelecida quando houver um cres-
medem as condições atuais e as expecta-
cimento econômico capaz de sustentar o
tivas. Cada questão p ossui cinco alterna-
aumento da produção e atrair novos inves-
tivas de resposta, sendo “1” muito pessi-
timentos. Para que o desenvolvimento
mista (peso ϖj = 0,00), “2” pessimista (peso
industrial aconteça, ajustes fi scais e inter-
ϖj = 0,25), “3” a situação não deve ser alte-
venções governamentais na economia,
rada (peso ϖj = 0,50), “4” otimista (peso
devem ser contestadas. Tomadas estas
ϖj = 0,75) e “5” muito otimista (peso ϖj =
ações, a redução do risco e incerteza que
1,00). Para calcular este índice utiliza-se a
permeia no contexto econômico brasileiro
equação 1.
será signifi cativo (BARBOSA FILHO, 2017).

2.2. METODOLOGIA DE
BOX-JENKINS
(1)
A metodologia de Box-Jenkins (1970) se
Onde: IPi é um indicador da questão i, em refere aos modelos Autorregressivos Inte-
que i = P α, P β, P γ e P δ; Fij Frequência rela- grados de Médias Móveis, comumente

101
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

denominados de modelos da classe geral nado o modelo para representar a série por
ARIMA. Tal método é utilizado em séries meio da análise da função de autocorre-
temporais com o intuito de análise e reali- lação (FAC) e autocorrelação parcial (FACP);
zação de previsões para séries de médio (ii) estimação: são estimados os parâme-
comprimento, sendo caracterizado por tros autorregressivos e de médias móveis;
capturar a correlação entre os valores da (iii) validação: verificação da adequação do
série ao longo do tempo (SOUZA, 2016). modelo ajustado ao comportamento real
da série; (iv) previsão: tal etapa é realizada
Um pressuposto básico para utilização
quando as demais anteriores são satisfato-
da metodologia de Box-Jenkins é da esta-
riamente atendidas (KIRCHNER et al., 2011;
cionariedade da série temporal utilizada,
NORONHA et al., 2016; Marasca et al., 2017).
garantindo a significância dos parâmetros
estimados ao longo dos períodos. Dessa Os modelos ARIMA (p, d, q), genericamente,
forma, caso a série possua tendência, não são representados pela equação 2, em que B
sendo estacionária, se faz necessário a representa o operador retroativo, d o número
aplicação de diferenças entre os valores a de diferenciações, ϕ o parâmetro autorre-
fim de torná-la estacionária (MARTIN et al., gressivo de ordem p, θ o termo de médias
2016). A verificação da estacionariedade se móveis de ordem q (SOUZA et al., 2011).
dá a priori por análise gráfica, sendo confir-
ϕ(B) ΔdXt = θ(B)at (2)
mada pela aplicação de testes de raízes
unitárias. Os testes Augmented Dick-Fuller Os resíduos oriundos do modelo ajus-
– ADF (DICKEY, 1984) e Kwiatkowski, Phillips, tado são definidos pela diferença entre os
Schmidt e Shin – KPSS (KWIATKOWSKI et valores reais da série temporal modelada
al., 1992) comumente são utilizados a fim e os valores previstos. Para um modelo
de verificar a estacionariedade em séries adequado, a sequência de ruídos gerados
temporais, sendo sugerido a utilização deve ser não autocorrelacionada, possuir
conjunta de ambos para obter resultados média zero e variância constante, sendo
mais acurados sobre o grau de estaciona- que, os ruídos quando atendem esses
riedade dos dados (SOUZA, 2016). requisitos são denominados de ruído
branco (SOUZA, 2016).
Os modelos ARIMA resultam da combi-
nação dos filtros: componente autorre- Para medir o ajuste do modelo escolhido,
gressivo (AR), filtro de integração (I) e o os critérios Akaike Information Criteria –
componente de médias móveis (MA). A AIC (AKAIKE, 1973) e Bayesian Information
modelagem de Box-Jenkins se constitui de Criteria – BIC (SCHWARZ, 1978) são utilizados
um ciclo, permitindo ao fim determinar como parâmetros na seleção do modelo
o melhor modelo previsor com base nas final entre os modelos ARIMA possíveis
características de autocorrelação da série ajustados. Tais critérios são considerados
estudada. Os procedimentos abordados penalizadores, pois levam em consideração
são: (i) identificação: nesta etapa é determi- o número de parâmetros dos modelos e a

102
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

variância dos erros gerados, dessa forma o - U < 1; o erro médio do modelo ajustado é
modelo que apresentar menores valores menor que de uma previsão ingênua.
para os critérios e AIC e BIC terá o melhor
As equações das medidas de acurácia
ajuste (MORETIN, 2008).
estão descritas na Tabela 1.
Os critérios de AIC e BIC são definidos pelas Tabela 1 – Medidas de Acurácia
seguintes equações: Sigla Equaç ão

(3) MAE (5)

MAPE (6)

U-Theil (7)
(4)

Onde: p e q são os parâmetros conhecidos, n Fonte: Adaptado de Tubino (2009)


é o tamanho da amostra, ln o logaritmo nepe-
Em que: = Erro de previsão no instante t; n
riano e σ² a variância estimada dos erros.
= Número de observações; = Valor real no

Para avaliar a acurácia de um modelo de tempo t e t = 1, 2, ... , n.

previsão, alguns mecanismos são utilizados


para confirmar a validade de um modelo, 3. MATERIAIS E
comparando os resultados estimados MÉTODOS
com os dados reais da série. As medidas
A série temporal utilizada para o estudo se
de acurácia utilizadas nesse estudo foram:
trata do índice de confiança do empresário
Mean Absolute Error (MAE); Mean Absolute
industrial, cujos dados foram obtidos do site
Percentage Error (MAPE); e o coeficiente
da CNI – Confederação Nacional da Indús-
de U-Theil, que mede a acurácia de um
tria (http://www.portaldaindustria.com.br/
modelo de previsão em relação a uma
cni/). Foi avaliado o período compreendido
previsão ingênua, com base nos seguintes
entre janeiro de 2012 e agosto de 2017, a
critérios (TUBINO, 2009):
fim de capturar o comportamento recente
do indicador, com dados coletados mensal-
mente, totalizando 68 observações.

A modelagem ARIMA seguiu os passos


metodológicos propostos por Box-Jenkins

- U 1; o erro médio do modelo ajustado é (1970), conforme abordado na revisão de

maior ou igual de uma previsão ingênua; literatura. Na Figura 2 apresentam-se as


etapas do processo de modelagem.

103
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

Figura 2 – Etapas Metodológicas

Fonte: Adaptado de Pereira e Requeijo (2008)

Etapa 1 - Identificação: nesta fase será tigação dos resíduos dos modelos ajustados.
verificada a estacionariedade da série por
Etapa 3 – Validação: o modelo validado
meio da inspeção visual e dos testes de
será selecionado entre os modelos concor-
raízes untarias ADF e KPSS. Caso a série
rentes pelos critérios de AIC e BIC, assim
não seja estacionaria em nível será apli-
como pela análise dos resíduos.
cada diferença e novamente verificado a
estacionariedade, esse procedimento é Etapa 4 – Previsão: para o presente estudo
repetido até que a série se torne estacio- as previsões serão realizadas in-sample,
nária em “d” diferenças. dessa forma será calculado as estatísticas de
erro MAE, MAPE e U-Theil, avaliando a capa-
Etapa 2 – Estimação: serão estimados os
cidade do modelo como previsor do compor-
parâmetros dos modelos concorrentes e
tamento futuro da série temporal analisada.
identificado o número de defasagens dos
parâmetros através da análise gráfica da O software utilizado para o tratamento e
autocorrelação e autocorrelação parcial da modelagem da série temporal foi o Eviews
série. Ainda nessa etapa é realizada a inves- 9 S.V.

104
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

4. RESULTADOS E possível observar que a série não é esta-

DISCUSSÕES cionária, pois a mesma não oscila em torno


de uma média constante. Para confirmar
Na Figura 3 representam-se a série original, tal hipótese foram realizados os testes de
sendo que a partir da inspeção visual é raízes unitária ADF e KPSS.

Figura 3 – Índice de Confiança do Empresário Industrial


60

55

50

45

40

35

30
5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65

Na Tabela 2 apresentam-se o resultados confirmado, pois os dois testes convergem


dos testes de raízes unitárias ADF e KPSS seus resultados, indicando a necessidade
realizados, sendo que a hipótese de não da realização de uma diferença.
estacionariedade da série original foi

Tabela 2 – Resultado dos Testes de Raízes Unitárias


ADF a KPSS b
Série em nível -0,6657 (p = 0,97)c 0,4750d
Série em 1ª diferença -6,6642 (p > 0,00)c 0,2635d
Fonte: Elaborado pelos autores; a H0: a série possui uma raiz unitária; α = 0,05; /
b
H0: a série é estacionaria; α = 0,05; / c Valor crítico para o teste ADF: -3,4783; /
d
Valor crítico para o teste KPSS: 0,4630

Na Figura 4 observa-se a série original e a


séria transformada com aplicação de uma
diferença (d = 1), sendo possível confirmar
visualmente os resultados dos testes de
raízes unitárias realizados.

105
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

Figura 4 – Série em nível e diferenciada


60

50

40

30

20

10

-10
5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65

Série Original
Série Diferenciada

Por meio da análise das funções de auto- os possíveis modelos que melhor repre-
correlaçao (FAC) e da função de autocorre- sentassem a série em estudo, como pode
lação parcial (FACP) buscou-se identificar ser observado na Figura 5.

Figura 5 – FAC e FACP da Série do ICEI

Autocorrelation Partial Correlation AC PAC

1 0.957 0.957
2 0.901 -0.160
3 0.846 -0.011
4 0.781 -0.158
5 0.720 0.060
6 0.670 0.070
7 0.614 -0.127
8 0.552 -0.091
9 0.488 -0.085
10 0.408 -0.190
11 0.328 -0.006
12 0.253 -0.021
13 0.172 -0.136
14 0.092 -0.060
15 0.019 -0.037
16 -0.047 0.053
17 -0.100 0.098
18 -0.143 0.017

É possível observar que a série possui Na Tabela 3 então contidos a descrição dos
autocorrelação significativa positiva até modelos ajustados, assim como os valores
o lag 12. Em seguida, foram realizadas as de seus parâmetros, o nível de signifi-
estimações dos parâmetros dos modelos cância, os critérios de AIC (Akaike Informa-
concorrentes com objetivo de encontrar o tion Criteria) e BIC (Bayesian Information
melhor modelo para representar a série. Criteria) e a informação de ruído branco.
106
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

Tabela 3 – Modelos Concorrentes para o ICEI


A RI MA ( 0,1,1)
Pa râ me tro p -va l ue AI C BI C Ruído Branco
θ = 0,24573 0,0172 4,1194 4,1252 Sim

A RI MA ( 1,1,1)
Pa râ me tro p -va l ue AI C BI C Ruído Branco
ϕ = -0,55239 0,0525
4,1192 4,2179 Sim
θ = 0,78126 0,0013

A RI MA ( 1,1,0)
Pa râ me tro p -va l ue AI C BI C Ruído Branco
ϕ = 0,18215 0,0772 4,1283 4,1543 Não

A RI MA ( 0,1,2)
Pa râ me tro p -va l ue AI C BI C Ruído Branco
θ = 0,25714 0,0119 4,1317 4,2304 Não
Fonte: Elaborado pelos autores

Com base nos critérios de AIC e BIC e na além de ter apresentado ruído branco.
análise dos resíduos gerados, entre os 4
A análise dos resíduos foi realizada por
modelos concorrente ajustados foi sele-
meio da FAC e FACP dos resíduos oriundos
cionado o modelo ARIMA (0,1,1), pois o
do modelo selecionado, conforme pode
mesmo apresentou o menor valor para o
ser observado na Figura 6, sendo que
critério de BIC, o segundo menor valor para
gerados não são autocorrelacionados, não
o critério de AIC, sendo o único modelo
apresentando lags significativos tanto na
dentre os concorrentes a ter todos os parâ-
FAC quanto na FACP.
metros estimados significativos (p < 0,05),

Figura 6 – FAC e FACP dos resíduos do modelo ajustado

Autocorrelation Partial Correlation AC PAC

1 -0.032 -0.032
2 -0.081 -0.082
3 0.219 0.216
4 -0.110 -0.112
5 -0.146 -0.121
6 0.235 0.185
7 0.057 0.094
8 -0.098 -0.041
9 0.257 0.176
10 -0.116 -0.142
11 -0.093 0.022
12 0.190 0.090
13 -0.030 -0.006
14 -0.057 0.013

107
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

Ao observar que o modelo ajustado previsão in-sample, com finalidade de veri-


selecionado atendeu aos requisitos da ficar a eficácia de modelo como previsor
metodologia de Box-Jenkins, apresen- do comportamento futuro da série do ICIE,
tando ruído branco, foi então realizado a conforme Figura 7.

Figura 7 – Previsão in-sample do Índice de Confiança do Empresário Industrial


65

60

55

50

45

40

35

30
5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65

Previsão in Sample

As medidas de acurácia MAPE, MAE e U-Theil Observa-se então que o modelo ajustado
foram calculadas a partir da previsão é adequado para realização de previsões
in-sample realizada, conforme a Tabela 4. futuras. Uma vez que confiança do empre-
O modelo apresentou um valor menor que sário industrial é uma importante infor-
1 para a estatística de U-Theil, indicando mação para a economia brasileira, refle-
que o modelo ajustado é melhor previsor tindo o estímulo para investimentos no
em relação a uma previsão ingênua. Para setor, o modelo proposto permite a reali-
as estatísticas de MAPE e MAE os valores zação de previsões acuradas com emba-
calculados demonstram baixo erro, qualifi- samento científico, dentro dos critérios
cando o modelo como um bom previsor do metodológicos proposto na literatura de
comportamento futuro do ICEI. séries temporais.

Tabela 4 – Medidas de Acurácia do Outra importante discussão resultante do


Modelo Ajustado processo de modelagem é que o modelo
final apresentou uma memória de curto
A R IMA (0,1 ,1 )
prazo, em que o processo gerador da série é
MAE 1,4097
de medias móveis de ordem 1, apesar da sua
MAPE 2,9272
autocorrelação ser significativa até o 12º lag,
U-Theil 0,0186
Fonte: Elaborado pelos autores
108
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

isso permite evidenciar que o ICIE é influen- ricos modelados e apresentando caracte-
ciado por acontecimentos externos com rísticas de ruído branco. Foi evidenciado
rápida influência sobre os períodos futuros. um comportamento seriado com auto-
correlação entre as observações, com
Tal afirmação pode ser corroborada, a
influência de curto prazo entre os períodos
partir da verificação do comportamento
da série, reafirmando a discussão da lite-
da série entre o período de abril de 2014
ratura sobre o tema, em que os eventos
e agosto de 2016, em que o índice apre-
econômicos têm impactos no curto prazo
sentou valores inferiores a 50, indicando
para a indústria brasileira.
baixa confiança e baixa capacidade da
indústria em estimular investimentos. Tal Como sugestão para pesquisas futuras,
período coincide com a crise ocorrida em recomenda-se a utilização de outras
2014, em que a balança comercial brasi- técnicas de modelagem, como os métodos
leira apresentou forte déficit, conforme é de decomposição de séries temporais, para
discutido em trabalhos científicos recentes, capturar caraterísticas de sazonalidade
como o de Barbosa Filho (2017), Pgnata e e tendência com maior acurácia. Outra
Carvalho (2015) e Contri (2015). sugestão é a avaliação de outros indica-
dores da indústria brasileira em conjunto

5. CONSIDERAÇÕES com ICEI, como a Utilização da Capaci-

FINAIS dade Instalada da Indústria (UCI), o Índice


Nacional de Expectativa do Consumidor
O Índice de Confiança do Empresário (INEC) e a Participação da Indústria no PIB.
Industrial é um importante indicador na
avaliação do cenário da industrial nacional,
6. AGRADECIMENTOS
por sua abrangência tanto territorial,
quanto setorial, alcançando todos os níveis Agradecemos ao LAME – Laboratório de
da indústria brasileira. Análise e Modelagem Estatística da Univer-
sidade Federal de Santa Maria – UFSM, pelo
Como contribuição, esta pesquisa apre-
espaço utilizado, assim como softwares e
senta uma investigação do ICEI a partir da
equipamentos. Agradecemos à CAPES pelo
metodologia de Box-Jenkins, modelando
apoio financeiro na forma de concessão de
a série temporal gerada pelo indicador no
bolsas de estudo.
período compreendido entre janeiro de
2012 e agosto de 2017, obtendo previsões
in-sample com o modelo selecionado ARIMA
REFERÊNCIAS
(0,1,1), apresentado os resultados da inves- [1]. AKAIKE, H. Information theory and
tigação com outros estudos publicados. an extension of the maximum likelihood
principle. 2nd International Symposium on
O modelo selecionado se mostrou
Information Theory, Tsahkadsor, Armenia,
adequado, se ajustando aos dados histó-
USSR, September 2-8, BudapesT, 1973.

109
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

[2]. BARBOSA FILHO, F. D. H. A crise [ 1 0 ] . MARASCA, L.; SANTOS, E. P.; UEDA,


econômica de 2014/2017. Estudos Avan- R. M.; DAPPER, S. N. SOUZA, A. M. Desem-
çados, São Paulo, v. 31, n. 89, jan. 2017. prego no Brasil: Uma Análise Política,
Econômica e Social. Revista FSA, Teresina,
[3]. BOX, G. E. P.; JENKINS G. M. Time
v. 14, n. 3, p. 86-107, maio 2017.
Series Analysis, forecasting and control.
San Francisco: Holden Day, 1970. [ 1 1 ] . MARTIN, A. C.; HENNING, E.; WALTER,
O. M. F. C.; KONRATH, A. C. Análise de
[4 ]. CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA
séries temporais para previsão da
INDÚSTRIA - CNI. ICEI - Índice de Confiança
evolução do número de automóveis no
do Empresário Industrial. Confederação
Município de Joinville. Revista Espacios, v.
Nacional da Indústria, ano 19, n. 8, agosto
37, n. 06, 2016.
2017.
[12]. MORETTIN, P. A. Econometria
[5]. CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA
Financeira: um curso em séries tempo-
INDÚSTRIA - CNI. Metodologia do Índice
rais financeiras. 1. ed. São Paulo: Blucher,
de Confiança do Empresário Industrial
2008.
(ICEI). Confederação Nacional da Indús-
tria. Brasília, p. 24. 2015. [ 1 3] . NORONHA, M. O.; SOUZA, A. M.;
ZANINI, R. R. Aplicação Da Metodologia
[6 ]. CONTRI, A. L. O desempenho indus-
Box & Jenkins Para Modelagem Da
trial brasileiro e as conjunturas nacional
Emissão De Certificados Iso 14001 No
e internacional. Indicadores Econômicos
Brasil. Revista Espacios. V. 37, N. 12 P. 28.
FEE, Porto Alegre, v. 43, n. 1, p. 29-40, 2015.
Caracas, 2016.

[7]. DICKEY, D. A. Power of Unit Root


[ 1 4] . PEREIRA, L. P.; REQUEIJO G. J. Quali-
Tests. Proceedings of business and
dade: Planeamento e Controlo Estatís-
economic statistics Sections. American
tico de Processos. Lisboa: FCT/UNL, 2008.
Statistical Assn. v. 74, 489-493, 1984.
[ 1 5] . PIGNATA, F. A.; CARVALHO, D. O. D.
[8 ]. KIRCHNER, R.; SOUZA, A. M.; STUMM,
Efeitos da crise econômica no Brasil em
E. M. F. A Modelagem Como Ferramenta
2015. Revista Eletrônica “Diálogos Acadê-
De Gestão. Latin American Journal of
micos”, v. 09, n. 2, p. 04-18, julho 2015.
Business Management. V. 2, N. 1, P. 223.
Taubaté, 2011. [ 1 6 ] . SCHWARZ, GIDEON E. Estimating
the dimension of a model. Annals of
[9 ]. KWIATKOWSKI, D.; PHILLIPS, P. C.
Statistics, 6 (2): 461–464, 1978.
B.; SCHMIDT, P.; SHIN, Y. Testing the null
hypothesis of stationarity against the [ 1 7] . SOUZA, A. M.; SOUZA, F. M.;
alternative of a unit root. Journal of FERREIRA, N.; MENEZES, R. Eletrical
Econometrics, v. 54, 159-178. North-Hol- Energy Supply for Rio Grande Do Sul,
land, 1992. Brazil, Using Forecast Combination of

110
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

Weighted Eigenvalues. Gepros - Gestão


Da Produção, Operações E Sistemas – Ano
6, Nº 3, P. 23-39, 2011.

[1 8 ]. SOUZA, F. M. Modelos De Previsão:


aplicações à energia elétrica - ARIMA-
ARCH-AI e ACP. Curitiba: Appris, 2016.
ISBN 9788547302481.

[1 9 ]. TUBINO, D.F. Planejamento E


Controle Da Produção: Teoria E Prática.
2. Ed. São Paulo: Atlas, 2009.

[20]. WOOD, T. JR.; CALDAS, M. P.


Empresas brasileiras e o desafio da
competividade. Revista de Administração
de Empresas, FGV, vol. 47, n. 3, 2007.

111
MODELAGEM
E ANÁLISE DA
PRODUÇÃO INDUSTRIAL
ALIMENTÍCIA
BRASILEIRA (2002-
2017) A PARTIR DE UM
MODELO SARIMA

Ícaro Romolo Sousa Agostino


Cristiano Ziegler
Renan Mitsuo Ueda
Letícia Marasca
Adriano Mendonça Souza

RESUMO
A indústria alimentícia brasileira representa uma importante parcela da produção industrial
como um todo, tendo forte característica de sazonalidade em seu comportamento. Dessa
forma, o objetivo desse artigo é investigar o comportamento temporal da produção industrial
alimentícia nacional por meio dos modelos da classe SARIMA. A série temporal utilizada refe-
re-se aos dados mensais da produção da indústria de alimentos brasileira, disponibilizados
pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), sendo utilizado o período compreendido
entre janeiro de 2002 e junho de 2017, totalizando 186 observações. O procedimento metodo-
lógico adotado foi o de Box-Jenkins, a partir da modelagem SARIMA. Como resultado o estudo
apresenta um modelo ajustado com características de ruído branco, possibilitando a realização
da previsão in-sample, de acordo com os pressupostos da metodologia utilizada. O processo
gerador da série temporal foi um autorregressivo de ordem 2, com filtro de médias móveis de
ordem 1, além de um componente autorregressivo sazonal de ordem 12, sendo aplicada uma
diferença (d = 1) para tornar a séria estacionária, portanto o modelo selecionado para repre-
sentar a série foi o SARIMA (2,1,1) (1,0,0)12. Como discussão, a modelagem possibilitou avaliar o
comportamento temporal da indústria de alimentos em relação as características, verificando a
influência de curto prazo autorregressivo e sazonal no comportamento seriado do índice.

Palavras-chave

Indústria de Alimentos, Box-Jenkins, Produção Industrial.


M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

1. INTRODUÇÃO maior demanda interna de matéria-prima


industrial e produtos alimentícios, como
Segundo Almeida e Suhr (2012), o desen- carnes. No Século XX, o crescimento da ur-
volvimento da indústria no Brasil começa banização e a migração da população para
aos poucos, no final do século XIX, cerca as cidades contribuiu para o aumento da
de um século depois de países da Europa, demanda por produtos industrializados,
que já haviam trocado os produtos arte- auxiliando o crescimento de indústrias
sanais por produtos industrializados. Foi desse setor (RATTNER, 1978; CUNHA; DIAS;
somente no século XX que a industrializa- GOMES, 2006).
ção brasileira ganha força, modificando a
economia, política e sociedade. Até então Considerando a relevância do tema abor-

o país era basicamente rural, e começa a dado por esta pesquisa, este artigo tem

se transformar em urbano e industrial, al- como objetivo investigar o comportamen-

terando os sistemas produtivos, governa- to da série temporal da produção industrial

mentais e financeiros. alimentícia brasileira, assim como ajustar


um modelo previsor por meio da metodo-
Contribuindo com essa perspectiva, Pei- logia de Box-Jenkins, utilizando modelos da
nado e Graeml (2007), mencionam que a classe geral ARIMA para a série estudada.
base necessária para a industrialização no
Brasil surgiu com o café, sendo esse o res- Além desta introdução, o presente artigo

ponsável pelo desenvolvimento do capital, está organizado em mais cinco seções. Na

transporte e mão de obra. No início do sé- próxima seção é apresentado o referencial

culo XX, grande parte dos funcionários das teórico, abordando a indústria alimentícia

indústrias era composta por mulheres e brasileira e a metodologia de Box-Jenkins;

crianças, o que resultou na criação de leis na seção seguinte é apresentada a meto-

para melhorar a condição do trabalhador dologia utilizada na pesquisa, com apre-

industrial ainda nas três primeiras décadas sentação dos dados e os procedimentos

do século. Na década de cinquenta o gover- metodológicos; na quarta seção são apre-

no incentivou a vinda de indústrias multina- sentados os resultados e discussões, e por

cionais para o Brasil, com financiamentos fim, na quinta seção a conclusão da inves-

subsidiados e isenção de impostos. A partir tigação realizada.

desse momento o país passou a integrar


a economia internacional, com empresas 2. REFERENCIAL
que detinham elevado grau de tecnologia. TEÓRICO
Nesse contexto, a indústria alimentícia se A seguir apresenta-se a contextualização
desenvolveu no Brasil, sobretudo devido teórica a respeito do tema do estudo.
a efeitos de exportação do final do século
XIX, e da Primeira Guerra Mundial, o setor
industrial brasileiro passou a atender uma

113
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

2.1. INDÚSTRIA um produto apropriado ao consumo, por


ALIMENTÍCIA BRASILEIRA: meio de processos biológicos, químicos e
SURGIMENTO, físicos. Através desses processos o alimen-
IMPORTÂNCIA E to tem a possibilidade de apresentar con-
CARACTERÍSTICAS dições antes inexistentes, que possibilita
várias vantagens ao produto. As principais
A indústria brasileira possui uma grande di- vantagens da industrialização alimentícia
versificação, possibilitando um dinamismo são: maior tempo de vida útil e armaze-
para a economia, devido a diferentes seto- namento; melhoramento no sabor, aroma
res industriais instalados no país. Em um e consistência; produção de produtos es-
momento de crise, alguns setores podem pecializados (dietética, infantil, etc); baixo
ter perdas grandes na produção, já outros, custo de beneficiamento; facilidade na lo-
no mesmo período, podem apresentar gística; entre outras.
crescimento. Porém a maioria das indús-
trias ainda apresenta baixa especialização, O setor industrial de alimentos no Brasil
tornando-a pouco competitiva no mercado no ano de 2016 teve um faturamento to-
internacional (SARTI; HIRATUKA, 2011). tal de US$ 175,9 bilhões, distribuídos entre
exportações com US$ 36,4 bilhões e mer-
Flandrin e Montarini (1998), apontam que cado interno com US$ 139,5 bilhões, além
após a Revolução Industrial, houve grande de US$ 4,1 bilhões em importações. As em-
êxodo rural e expansão para as cidades, presas desse setor apresentam grande di-
modificando os moldes da economia e versificação nos segmentos, tanto oligopo-
alavancando o comércio mundial. As mu- lizados (leite em pó; iogurtes; indústria de
lheres passaram a trabalhar nas fábricas café solúvel; entre outros) como concor-
e indústrias, esse também pode ser consi- renciais (cereais e produtos afins; massas
derado um fator que contribuiu para a ex- alimentícias e biscoitos; farinhas diversas,
pansão da indústria alimentícia. entre outros) (DEPEC, 2017).

Na década de 90, devido a estabilização Silvério et al. (2015), destacam que o setor
econômica e inserção do Brasil na econo- de produção alimentícia possui uma acir-
mia internacional, indústria de alimentos rada concorrência entre as empresas, e
teve modificações expressivas. Nesse pe- cabe a cada uma buscar o seu diferencial.
ríodo foi necessária uma maior moderniza- Devido a esta grande concorrência, cada
ção das empresas, eficiência na produção vez mais são desenvolvidas novas tecnolo-
e melhoria dos produtos, a fim de se man- gias nas indústrias alimentícias, tanto em
terem competitivas no mercado (CUNHA; relação a métodos de produção quanto
DIAS; GOMES, 2006). em relação a produtos diferenciados.

Segundo Nespolo et al. (2015), a indústria A sazonalidade na indústria alimentícia é


de alimentos tem como principal objetivo uma característica muito comum, devido a
transformar a matéria-prima alimentar em

114
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

variação da frequência da demanda pelos -se em um mercado competitivo, como é o


alimentos. Essa variação é causada pelas caso da indústria de alimentos (QUEIROZ;
datas comemorativas, alterações climáti- CAVALHEIRO, 2003).
cas, além de outros fatores. Contudo é im-
Os meses que apresentam maior sazonali-
portante utilizar mecanismos para avaliar
dade na indústria alimentícia são possíveis
e prever essas fl utuações de demanda du-
de serem observados na Figura 1.
rante o ano, para as empresas manterem-

Figura 1 – Sazonalidade da Produção Industrial de Alimentos de 2002 a 2016

Fonte: IBGE in: DEPEC, 2017

Na Figura 1 é possível visualizar a sazonali- rais, a fi m de se realizar previsões para


dade mensal da produção industrial de ali- séries de médio comprimento, são os mo-
mentos no período de 2002 a 2016. O mês delos de classe geral denominado Autore-
que apresenta maior produção é o mês gressive integrated moving average (ARIMA),
de setembro, uma das causas que podem o mesmo se caracteriza por capturar a cor-
contribuir para essa sazonalidade é o fato relação seriada entre os valores da série
desse setor estar ligado ao setor agrope- ao longo do tempo. Tal metodologia foi de-
cuário. O setor agropecuário abastece a senvolvida por Box-Jenkins (1970).
indústria alimentícia com matérias-primas,
A utilização da metodologia de Box-Jenkins
como: soja, cana-de-açúcar, milho, leite,
parte do pressuposto de que a série
carnes, café, trigo, entre outros. Além dis-
temporal analisada deve ser estacionária,
so, cada segmento dentro da indústria de
este pressuposto garante a signifi cância
alimentos possui uma sazonalidade espe-
dos parâmetros estimados ao longo das
cífi ca (DEPEC, 2017).
observações. Para tornar uma série com
tendência em estácionária, Martin et al.
2.2. METODOLOGIA DE (2016) dizem que faz-se necessário a apli-
BOX-JENKINS cação de diferenças na série original. A

De acordo com Souza (2016), um método princípio, para a verifi cação da estaciona-

utilizado para o estudo de séries tempo- riedade da série é realizada uma análise

115
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

gráfica. No entanto, a estacionariedade da ϕ(B) ΔdXt = θ(B)at (1)


série é confirmada por meio da aplicação
Além dos filtros autorregressivos e de mé-
dos testes de raízes unitárias, sendo os tes-
dias móveis, a investigação da autocor-
tes mais usuais: Augmented Dick-Fuller –
relação pode indicar correlação entre os
ADF (DICKEY, 1984) e Kwiatkowski, Phillips,
períodos da série analisada, apontando
Schmidt e Shin – KPSS (KWIATKOWSKI et
presença de sazonalidade, nesse caso os
al., 1992). Para a obtenção mais acurada
modelos com componentes sazonais são
do grau de estacionariedade dos dados,
chamados de SARIMA. Os modelos deno-
Souza (2016) sugere a utilização conjunta
minados SARIMA são compostos da parte
dos testes de raízes unitárias.
não sazonal, com parâmetros iguais aos
Os filtros que fazem parte dos modelos modelos ARIMA (p, d, q) e de uma parte
ARIMA são: componente autorregressivo com os parâmetros sazonais (P, D, Q)s, em
(AR), filtro de integração (I) e o componen- que o “s” indica a ordem da sazonalida-
te de médias móveis (AR). Com base nas de. Dessa forma, a descrição genérica do
características de autocorrelação da série modelo é escrita SARIMA (p, d, q) (P, D, Q)s
temporal, ao final do ciclo da modelagem (WERNER; RIBEIRO, 2003).
de Box-Jenkins é possível determinar qual
Conforme Souza (2016), a diferença entre
o melhor modelo previsor. As etapas do
os valores da série original com os valores
ciclo de modelagem Box-Jenkins são: iden-
previstos, corresponde aos resíduos prove-
tificação, através da análise da função de
nientes do modelo ajustado. O ruído oriun-
autocorrelação (FAC) e autocorrelação par-
do desta diferenciação deve ser um ruído
cial (FACP), determina-se o modelo que re-
branco, isto é, ser não autocorrelaciona-
presentará a série; estimação, estima-se os
dos, ter média zero e variância constante.
parâmetros autorregressivos e de médias
móveis; validação, se verifica a adequação Segundo Moretin (2008), para a seleção do
do modelo ajustado ao comportamento melhor modelo ajustado entre os modelos
real da série; e previsão, realizada somente concorrentes, são utilizados dois critérios
se as etapas que o antecedem forem exe- penalizadores, o Akaike Information Criteria –
cutadas (KIRCHNER et al., 2011; NORONHA AIC (AKAIKE, 1973) e Bayesian Information Cri-
et al., 2016; Marasca et al., 2017). teria – BIC (SCHWARZ, 1978). Os mesmos são
ditos critérios penalizadores, uma vez que,
De acordo com Souza et al. (2011), a re-
leva em consideração a variância dos erros
presentação genérica dos modelos ARI-
gerados, bem como os parâmetros dos mo-
MA (p,d,q) é dada pela equação 2, onde B
delos, portanto, o melhor modelo ajustado
corresponde ao operador retroativo, ϕ o
será aquele que obtiver o menor valor para
parâmetro autorregressivo de ordem p, d
os critérios AIC e BIC.Os critérios de AIC e BIC
representa o número de diferenciações, e
são definidos pelas seguintes equações:
θ o termo de médias móveis de ordem q.

116
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

(2) Tabela 1 – Medidas de Acurácia


Sigla Equaç ão

(3)
MAE (4)
Onde: p e q são os parâmetros conhecidos, n
é o tamanho da amostra, ln o logaritmo ne-
periano e σ² a variância estimada dos erros. MAPE (5)

De acordo com Tubino (2009), alguns me-


canismos de medida podem ser utilizados
para avaliar a acurácia da previsão de um
U-Theil (6)
modelo, ou seja, os valores são apurados
por meio da comparação entre os dados
reais (série original) e os estimados. Para o Fonte: Adaptado de Tubino (2009)
estudo, foram utilizados as seguintes medi-
das de acurácia: Mean Absolute Error (MAE),
Mean Absolute Percentage Error (MAPE) e o 3. MATERIAIS E
coeficiente U-Theil. O coeficiente U-Theil, MÉTODOS
realiza a medida de acurácia pela compa-
A série temporal utilizada refere-se ao ín-
ração entre os dados do modelo previsto e
dice de produção industrial alimentício
a previsão ingênua, sendo os critérios:
brasileiro, oriundos da pesquisa industrial
- U 1; o erro médio do modelo ajustado é mensal de produção física (PIM – PF). Os
maior ou igual de uma previsão ingênua; dados foram obtidos do site do Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (http://www.
- U < 1; o erro médio do modelo ajustado é ipeadata.gov.br/) correspondente ao pe-
menor que de uma previsão ingênua. ríodo compreendido entre janeiro de 2002
e junho de 2017, totalizando 186 observa-
As equações das medidas de acurácia es-
ções mensais.
tão descritas na Tabela 1.

Para a modelagem ARIMA, seguiram-se


Em que: = Erro de previsão no instante t; n
as etapas da metodologia de Box-Jenkins
= Número de observações; = Valor real no
(1970). Os passos para o processo de mo-
tempo t e t = 1, 2, ... , n.
delagem são apresentados na Figura 2,
conforme o fluxo sugerido por Pereira e
Requeijo (2008).

117
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

Figura 2 – Etapas Metodológicas

Fonte: Adaptado de Pereira e Requeijo (2008)

Passo 1 – Identificação: por meio da ins- los ajustados são analisados.


peção visual e testes de raízes unitárias
Passo 3 – Validação: A validação é realizada
(ADF e KPSS), verifica-se a estacionarie-
por meio dos critérios penalizadores AIC e
dade da série. É aplicada uma diferença
BIC, e pela análise dos resíduos. O modelo
na série original caso a mesma não seja
concorrente que apresentar o melhor de-
estacionária em nível. Este procedimento
sempenho, será o validado.
é realizado repetidamente até que a série
torne-se estacionária em “d” diferenças. Passo 4 – Previsão: Pode ser in-sample ou ou-
t-sample, é nesta etapa que calcula-se as es-
Passo 2 – Estimação: Por meio da análise
tatísticas de erro MAE, MAPE e U-Theil, a fim
gráfica da função de autocorrelação e auto-
de verificar a acurácia do modelo validado.
correlação parcial da série, é determinado
o número de defasagens dos parâmetros, O software utilizado para o tratamento e
bem como a estimativa dos parâmetros modelagem da série temporal foi o Eviews
dos modelos concorrentes. Ainda, é nesta 9 S.V.
etapa que os resíduos oriundos dos mode-

118
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

4. RESULTADOS E que será confirmado através da FAC e FACP

DISCUSSÕES da série. Pode-se observar ainda que a sé-


rie é não estacionária. Para comprovação
A partir da inspeção visual da série original, da não estacionariedade foram realizados
Figura 3, pode-se perceber que a série pos- os testes de raízes unitárias ADF e KPSS.
sui sazonalidade, com oscilações anuais, o

Figura 3 – Índice de Produção Industrial Alimentícia


130

120

110

100

90

80

70
25 50 75 100 125 150 175

A Tabela 2 contém os resultados dos testes em seus resultados, indicando a necessi-


ADF e KPSS, sendo possível verificar que a dade da aplicação de uma diferença na sé-
série se torna estacionária em primeira di- rie temporal original.
ferença, pois os dois testes convergiram

Tabela 2 – Resultado dos Testes de Raízes Unitárias


A DF a KPSS b
Série em nível -1,8260 (p = 0,36)c 0,3708d
Série em 1ª diferença -15,0706 (p > 0,00)c 0,2635d
Fonte: Elaborado pelos autores; a H0: a série possui uma raiz unitária; α = 0,05; b H0: a
série é estacionária; α = 0,05; c Valor crítico para o teste ADF: -2,8780; d Valor crítico para o
teste KPSS: 0,3470

A Figura 4 ilustra a série original (em azul) unitárias, possibilitando assim a estabilida-
e a série transformada (em vermelho) com de dos parâmetros estimados.
aplicação de uma diferença (d = 1), sendo
possível observar por meio da inspeção
visual que a série se tornou estacionária,
conforme indicado pelos testes de raízes

119
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

Figura 4 – Série em nível e diferenciada


140

120

100

80

60

40

20

-20

-40
25 50 75 100 125 150 175

Série Original
Série Diferenciada

Por meio da análise da função de autocor- modelos que melhor representem a série
relação (FAC) e da autocorrelação parcial temporal em estudo, como pode ser ob-
(FACP), buscou-se identificar os possíveis servado na Figura 5.

Figura 5 – FAC e FACP da Série

Autocorrelation Partial Correlation AC PAC

1 0.781 0.781
2 0.480 -0.335
3 0.050 -0.548
4 -0.380 -0.450
5 -0.645 -0.002
6 -0.757 -0.032
7 -0.632 0.099
8 -0.345 0.101
9 0.059 0.281
10 0.464 0.292
11 0.726 0.077
12 0.868 0.359
13 0.697 -0.202
14 0.420 0.100
15 0.010 -0.074

Na Figura 5 é possível verificar compo- gura 1). Em seguida foram estimados os


nentes autorregressivos, o decaimento da parâmetros dos modelos concorrentes a
função de autocorrelação ocorre de forma fim de encontrar o melhor modelo previ-
ondular, indicando sazonalidade, como já sor. Na Tabela 3 estão descritos os mode-
observado no gráfico da série original (Fi- los concorrentes ajustados, assim como os

120
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

valores dos parâmetros de cada modelo, mação da característica dos ruídos gera-
o nível de significância dos parâmetros, os dos por cada modelo.
critérios penalizadores AIC e BIC e a infor-

Tabela 3 – Modelos Concorrentes


SA R IMA ( 2,1,0) ( 1,0,0) 12
Pa râ me tro p -va l ue AI C BI C Ruído Branco
ϕ1 = -0,5477 p < 0,0000
ϕ2 = -0,2376 0,0012 6,0706 6,1403 Sim
Φ12 = 0,9314 p < 0,0000

SA R IMA ( 2,1,1) ( 1,0,0 )1 2


Pa râ me tro p -va l ue AI C BI C Ruído Branco
ϕ1 = 0,3106 p < 0,0000
ϕ2 = 0,1785 0,0011
5,9340 6,0211 Sim
Φ12 = 0,9229 p < 0,0000
θ1 = -0,9969 p < 0,0000

SA R IMA ( 1,1,1) ( 1,0,0) 12


Pa râ me tro p -va l ue AI C BI C Ruído Branco
ϕ1 = 0,3756 p < 0,0000
Φ12 = 0,9183 p < 0,0000 5,9545 6,0241 Sim
θ1 = -0,9929 p < 0,0000
Fonte: Elaborado pelos autores

A partir dos valores de AIC e BIC e da aná- fator de influência positivo (0,1785), repre-
lise dos resíduos gerados pelos modelos sentando um aumento nesta atividade, e
ajustados, foi selecionado o modelo SARI- também um filtro de médias móveis com
MA , pois o mesmo apresentou os meno- parâmetro negativo (-0,9969). O mode-
res valores para os critérios penalizadores lo captou ainda um efeito sazonal de 12
AIC e BIC, além de todos os parâmetros meses, com parâmetro sazonal positivo
apresentarem valores significativos (p < (0,9229), voltando a indicar um crescimen-
0,05), assim como ter gerado ruído branco. to neste índice, com valor superior à de-
pendência autoregressiva.
Portanto, o modelo que melhor se ajustou
à série de dados do Índice de Produção Como pode ser observado na Figura 6, os
Industrial Alimentício Brasileiro evidencia resíduos gerados não são autocorrelacio-
que a série apresenta um comportamento nados, não apresentando lags significati-
autorregressivo de ordem 2 (2 meses an- vos tanto na FAC quanto na FACP.
teriores influenciando o mês atual), com

121
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

Figura 6 – FAC e FACP dos resíduos do modelo ajustado

Autocorrelation Partial Correlation AC PAC

1 -0.022 -0.022
2 0.009 0.009
3 0.120 0.121
4 -0.106 -0.102
5 -0.020 -0.027
6 -0.019 -0.033
7 -0.193 -0.173
8 0.015 0.005
9 -0.011 -0.006
10 0.052 0.092
11 0.037 0.002

Ao observar que o modelo selecionado intuito de verificar a eficácia do modelo


atendeu os requisitos da metodologia de proposto como previsor do comportamen-
Box-Jenkins, gerando ruídos brancos, foi to futuro da série temporal modelada, con-
então realizado a previsão in-sample, com forme a Figura 7.

Figura 7 – Previsão in-sample

200

160

120

80

40

0
25 50 75 100 125 150 175

Previsão in-sample ± 2 S.E.

O resultado das medidas de acurácia MAE, ingênuo. Para as estatísticas de MAPE e


MAPE e U-Theil foram calculados a partir MAE os resultados calculados foram bai-
da previsão in-sample realizada, conforme xos, qualificando o modelo como um bom
a Tabela 4. Para a estatística de U-Theil o previsor do comportamento futuro da sé-
modelo apresentou um valor menor que rie estudada.
1, evidenciando o mesmo como sendo um
bom previsor em relação a um previsor

122
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

Tabela 4 – Medidas de Acurácia do Mo- 6. AGRADECIMENTOS


delo Ajustado
Agradecemos ao LAME – Laboratório de
SAR IMA (2,1 ,1 ) (1 ,0,0 ) 1 2 Análise e Modelagem Estatística da Uni-
MAE 5,0534 versidade Federal de Santa Maria – UFSM,
MAPE 5,4614
pelo espaço utilizado, assim como softwa-
U-Theil 0,0301
res e equipamentos. Agradecemos à CAPES
Fonte: Elaborado pelos autores
pelo apoio financeiro na forma de conces-

Desta forma, o modelo ajustado é ade- são de bolsas de estudo.

quado para a realização de previsões, pois


atendeu aos pressupostos estabelecidos REFERÊNCIAS
na literatura, apresentando as condições
[ 1 ] . AKAIKE, H. Information theory and
necessárias para um modelo adequado,
an extension of the maximum likeli-
permitindo a realização de previsões acu-
hood principle. 2nd International Sympo-
radas. Seus valores previstos estão dentro
sium on Information Theory, Tsahkadsor,
do intervalo de confiança de 2 desvios-pa-
Armenia, USSR, September 2-8, BudapesT,
drões, permitindo assim que as decisões
1973.
tomadas sejam com bases científicas.

[ 2 ] . ALMEIDA, A. C.; SUHR, I. R. F. Educa-


5. CONSIDERAÇÕES ção profissional no Brasil: a construção
FINAIS de uma proposta educativa dual. Revis-
ta Intersaberes, [s.l.], v. 7, n. 8, p.81-110,
O processo gerador da série do Índice de
jan. 2012.
Produção Industrial Alimentício Brasileiro é
um autorregressivo de ordem 2, com uma [ 3] . BOX, G. E. P.; JENKINS G. M. Time
diferença necessária para tornar a série es- Series Analysis, forecasting and control.
tacionária, filtro médias móveis de ordem 1, San Francisco: Holden Day, 1970.
e efeito sazonal no lag 12. Com base no mo-
[ 4] . CUNHA, D. A.; DIAS, R. S.; GOMES, A.
delo ajustado à série de dados, foi possível a
P. Uma análise sistêmica da indústria
realização de previsões in-sample. A previsão
alimentícia brasileira. XLIV Congresso da
do Índice de Produção Industrial Alimentício
SOBER, Fortaleza, jul. 2006.
Brasileiro encontra-se de acordo com a rea-
lidade, uma vez que continua apresentando [ 5] . DEPEC. Indústria de Alimentos. De-
os efeitos de sazonalidade, captando os movi- partamento de Pesquisas e Estudos Eco-
mentos e características da série em questão, nômicos. Bradesco. 2017. Disponível em:
indicando que a série sofre influência dos 2 <https://www.economiaemdia.com.br/
meses passados, mas com modificações pelo EconomiaEmDia/pdf/infset_industria_de_
efeito sazonal, dessa forma representa um alimentos.pdf> Acesso em: 28 ago. 2017.
crescimento ainda maior para este índice.

123
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

[6 ]. DICKEY, D. A. Power of Unit Root Financeira: um curso em séries tem-


Tests. Proceedings of business and eco- porais financeiras. 1. ed. São Paulo: Blu-
nomic statistics Sections. American Sta- cher, 2008.
tistical Assn. v. 74, 489-493, 1984.
[ 1 4] . NESPOLO, C. R. et al. Práticas em
[7]. FLANDRIN, J.; MONTARINI, M. Histó- Tecnologia de Alimentos. Porto Alegre:
ria da Alimentação. Tradução MACHA- Artmed, 2015. (Série Tekne).
DO, L.; TEIXEIRA, G. São Paulo: Estação
[ 1 5] . NORONHA, M. O.; SOUZA, A. M.;
Liberdade, 1998.
ZANINI, R. R. Aplicação Da Metodolo-
[8]. INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMI- gia Box & Jenkins Para Modelagem Da
CA APLICADA. Ipea Data. Disponível em: Emissão De Certificados Iso 14001 No
<http://www.ipeadata.gov.br/> Acesso em: Brasil. Revista Espacios. V. 37, N. 12 P. 28.
28 ago. 2017. Caracas, 2016.

[9 ]. KIRCHNER, R. SOUZA, A. M. STUMM, [ 1 6 ] . PEINADO, J.; GRAEML, A. R. Ad-


E. M. F. A Modelagem Como Ferramenta de ministração da produção: operações
Gestão. Latin American Journal of Business industriais e de serviços. Curitiba: Uni-
Management. V. 2, N. 1, P. 223. Taubaté, cenP, 2007. 750 p.
2011.
[ 1 7] . PEREIRA, L. P.; REQUEIJO G. J. Quali-
[1 0]. KWIATKOWSKI, D.; PHILLIPS, P. C. dade: Planeamento e Controlo Estatísti-
B.; SCHMIDT, P.; SHIN, Y. Testing the null co de Processos. Lisboa: FCT/UNL, 2008.
hypothesis of stationarity against the
[ 1 8] . QUEIROZ, A. A.; CAVALHEIRO, D.
alternative of a unit root. Journal of
Método de Previsão de Demanda e
Econometrics, v. 54, 159-178. North-Hol-
Detecção de Sazonalidade para o Pla-
land, 1992.
nejamento da Produção de Indústrias
[1 1 ]. MARASCA, L.; SANTOS, E. P.; UEDA, de Alimentos. XXIII Encontro Nacional de
R. M.; DAPPER, S. N. SOUZA, A. M. Desem- Engenharia de Produção, Ouro Preto, out.
prego no Brasil: Uma Análise Política, 2003.
Econômica e Social. Revista FSA, Teresi-
[ 1 9 ] . RATTNER, H. Aspectos econômicos
na, v. 14, n. 3, p. 86-107, maio 2017.
e tecnológicos da indústria de alimen-
[1 2]. MARTIN, A. C.; HENNING, E.; WAL- tos brasileira. Revista de Administração
TER, O. M. F. C.; KONRATH, A. C. Análise de Empresas, [s.l.], v. 18, n. 3, p.17-36, set.
de séries temporais para previsão da 1978.
evolução do número de automóveis no
[ 2 0 ] . SARTI, F.; HIRATUKA, C. Desenvol-
Município de Joinville. Revista Espacios,
vimento industrial no Brasil: oportu-
v. 37, n. 06, 2016.
nidades e desafios futuros. Texto para
[1 3]. MORETTIN, P. A. Econometria Discussão. IE/UNICAMP, Campinas, n. 187,

124
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

jan. 2011.

[21 ]. SCHWARZ, GIDEON E. Estimating


the dimension of a model. Annals of Sta-
tistics, 6 (2): 461–464, 1978.

[22]. SILVÉRIO, G. B. et al. A impor-


tância das inovações para a indústria
alimentícia: um estudo de caso da em-
presa apetitoso alimentos. Revista Ele-
trônica Científica Inovação e Tecnologia,
Medianeira, v. 2, n. 12, p.86-95, jul. 2015.

[23]. SOUZA, A. M.; SOUZA, F. M.; FER-


REIRA, N.; MENEZES, R. Eletrical Energy
Supply for Rio Grande Do Sul, Brazil, Us-
ing Forecast Combination of Weighted
Eigenvalues. Gepros - Gestão Da Produ-
ção, Operações E Sistemas – Ano 6, Nº 3,
P. 23-39, 2011.

[24]. SOUZA, F. M. Modelos De Pre-


visão: aplicações à energia elétrica -
ARIMA- ARCH-AI e ACP. Curitiba: Appris,
2016. ISBN 9788547302481.

[25 ]. TUBINO, D.F. Planejamento E Con-


trole Da Produção: Teoria E Prática. 2.
Ed. São Paulo: Atlas, 2009.

[26 ]. WERNER, L.; RIBEIRO, J. L. D. Pre-


visão de demanda: uma aplicação dos
modelos Box- Jenkins na área de assis-
tência técnica de computadores pes-
soais. G&P – Gestão & Produção, v. 10, n.
1, p. 47 – 67, abr. 2003.

[27]. WOOD, T. JR.; CALDAS, M. P. Em-


presas brasileiras e o desafio da com-
petividade. Revista de Administração de
Empresas, FGV, vol. 47, n. 3, 2007.

125
PREVISÃO DA
VARIAÇÃO DO PREÇO
DA SOJA, UTILIZANDO
CADEIA DE MARKOV

Rafaela Boeira Cechin


Leandro Luís Corso

RESUMO
Considerando a importância da exportação para o mercado brasileiro, e principalmente
neste caso específico, a exportação de soja, que colocou o país em uma posição de destaque
por ser um dos maiores exportadores deste grão do mundo, informações como variação
do preço podem ser úteis para gestores de agronegócio. Este artigo estuda a variação do
preço da commodity soja, obtida com o uso das Cadeias de Markov. Para isso, os dados
foram coletados no Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, departamento
que faz parte da Universidade de São Paulo, e são referentes aos dias úteis de janeiro a
agosto de 2017. Foi observado que a maior probabilidade é de variação diária de 0 a 0,99%
do preço, e que seu tempo de recorrência esperado é de 2,5 dias.

Palavras-chave

Cadeia de Markov, Variação de preço, Commodity soja.


M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

1. INTRODUÇÃO 2. REFERENCIAL
BIBLIOGRÁFICO
No atual momento econômico internacional,
o Brasil é um dos maiores importadores de A metodologia de Cadeias de Markov (MC,
soja do mundo, assim como outras commo- do inglês Markov Chains) pode ser aplicada
dities. Isso deve-se ao fato da disponibili- em diversos cenários, como por exemplo
dade de recursos híbridos e terras cultivá- Andersen, Nilsen e Reinhardt (2017), que
veis, propiciando o país a ter uma posição utilizaram este conceito em um problema
de destaque. De acordo com o endereço de superlotação de enfermarias de hospi-
eletrônico do Ministério da Agricultura, foi tais. No trabalho dos autores, chegou-se
vendido o equivalente a mais de dois bilhões à conclusão que o número de pacientes
de dólares de soja em grão no mês de agosto rejeitados na primeira chegada ao hospital
de 2017, representando uma quantidade pôde ser diminuído em 11,8%, com uma
de quase seis milhões de toneladas. Ainda, redistribuição de leitos já disponíveis no
há um aumento na quantidade de soja em hospital. Já Staudt, Coelho e Gonçalves
grão exportada, quando comparado com os (2011) estudaram MC como ferramenta
respectivos meses do ano de 2016. para obtenção do fator de capacidade
de uma empresa, concluindo que alguns
A soja é um grão presente na alimentação
setores necessitam análise sobre investi-
humana e de animais, sendo fonte de vita-
mentos em capacitação, já que ultrapas-
minas e proteínas. Além desta importância
saram 90% da produção.
para o mercado brasileiro, ela ainda traz
diversas vantagens, como a prevenção Outro exemplo é de Jantsch (2017), que
diversos cânceres, ainda auxiliando no utilizou Cadeias de Markov para simu-
tratamento de diabetes e obesidade, e na lação das condições dos clientes, a partir
diminuição do colesterol. de uma análise de previsão da inadim-
plência e mensuração do risco de crédito
Para analisar a variação do preço da
no uso de cartão de crédito; tendo como
commodity soja, foi explorado o conceito
resultado uma caracterização satisfatória
de Cadeias de Markov, que é estudado na
do perfil dos indivíduos com maior risco
Pesquisa Operacional, matéria presente
de crédito. Ainda, Siltala e Granvik (2017)
nos cursos de Engenharia de Produção, e
estudam a aplicação de Cadeias de Markov
é uma análise estatística de um processo,
para estimar a massa de um asteroide, e
que o estado futuro depende unicamente
concluíram que o algoritmo de MC que
do seu estado atual. O objetivo deste
utilizaram, forneceu estimativas de incer-
trabalho é calcular a probabilidade de
tezas mais realistas, comparando com os
variação do preço da soja, com as Cadeias
outros cálculos realizados.
de Markov, além do tempo de recorrência
esperado, a fim de ser uma informação útil De acordo com Taha (2007), a família
para gestores de agronegócio. de variáveis aleatórias , que descreve o

127
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

estado do sistema em pontos discretos Os autores demonstram que a transição


no tempo , forma um processo estatístico. dos estados ocorre do índice da linha
Siltala e Granvik (2017) ainda comentam para o da coluna, ou seja, a probabilidade
que tal processo é uma Cadeia de Markov corresponde a transição do estado para o
se a probabilidade de ocorrência de um estado . Taha (2007) comenta também que
estado futuro depende apenas do estado o somatório de cada linha da matriz deve
presente, ou seja, se é independente dos ser igual a 1, além de que uma matriz é clas-
eventos passados. Sendo assim, Taha sificada como ergódica quando é possível
(2007) e Andersen, Nilsen e Reinhardt ir de qualquer estado a outro qualquer em
(2017) apresentam a probabilidade condi- passos de tempo.
cional na Equações 1 e 2.
Hillier e Lierberman (2005) então apre-
sentam a probabilidade de estado estável
(1) para uma cadeia ergódica de Markov na
Equação 4 e sua propriedade na Equação 5.

(2)
(4)
Onde, representa o estado do processo
no tempo , e como sendo a probabilidade
de que um processo passe do estado ao
(5)
estado em passos no tempo , conforme
apresentado por Jantsch (2017). Por ser
probabilidade condicional, Hillier e Lier-
berman (2005) afirmam que estes valores Os autores explicam que, depois de um
não podem ser negativos, e seu soma- grande número de transições, a proba-
tório deve ser igual a 1. Staudt, Coelho bilidade de encontrar o processo em um
e Gonçalves (2011) e Andersen, Nilsen determinado estado, por exemplo , tende
e Reinhardt (2017) comentam que uma ao valor , independente da distribuição de
maneira conveniente de apresentar estas probabilidade do estado inicial. Ainda é
transições é com o uso da Matriz de Tran- possível analisar o tempo de recorrência
sição, exibida na Equação 3. esperado, representado por , que é o
número esperado de transições até que o
processo retorne ao estado inicial , apre-
sentado na Equação 6.


(3) (6)

128
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

3. APLICAÇÃO DA Com o intuito de atingir o objetivo proposto

METODOLOGIA E para este estudo, a metodologia elaborada

RESULTADOS fio dividida em quatro etapas, conforme


ilustradas na Figura 1.

Figura 1 – Metodologia

Fonte: Elaborado pelos autores (2017)

3.1 COLETA DOS DADOS (BM&FBovespa), e são referentes a 2 de


janeiro de 2017 a 31 de agosto de 2017.
Para este estudo, foram coletados os A unidade de medida é real por saca de
valores de preço da soja brasileira em 60kg e os valores são da soja comerciali-
grão a granel tipo exportação, de acordo zada no porto de Paranaguá, em Paraná,
com o endereço eletrônico do Centro de e referentes a cotação do contrato futuro
Estudos Avançados em Economia Aplicada de soja na BM&FBovespa. A Figura 2 apre-
(Cepea), que faz parte do Departamento senta estes dados.
de Economia, Administração e Sociologia
da Universidade de São Paulo (USP). O
intervalo de tempo dos dados é dia-a-dia
comercial em que há negociação de deri-
vativos na Bolsa de Valores de São Paulo

129
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

Figura 2 – Preço diário da soja

Fonte: Elaborado pelos autores (2017)

3.2 ANÁLISE DOS DADOS Onde, é o preço no tempo e é o preço no


tempo . Exemplificando, conforme a Figura
Com estes dados disponíveis, foi então 2, o preço da soja no dia 2 de janeiro de
calculado a sua variação percentual entre 2017 foi de R$77,22 e no dia 3 do mesmo
os dias, com a fórmula apresentada na mês, foi R$75,48, então a variação é de
Equação 7. -2,25%, com o sinal de negativo represen-
tando uma queda no preço. Os demais

valores são apresentados no gráfico da
(7)
Figura 3.

Figura 3 – Variação do preço

Fonte: Elaborado pelos autores (2017)

130
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

3.3 ELABORAÇÃO DA Então, foi possível analisar a frequência e


MATRIZ DE TRANSIÇÃO o percentual acumulativo que ocorriam as
variações em cada um destes intervalos,
Para poder calcular a matriz de transição, foi apresentados na Figura 4.
necessário definir intervalos para a variação
percentual, conforme exibido na Tabela 1. Observando o gráfico, percebe-se que a
maior frequência de variação ocorreu no
Tabela 1 – Intervalo das variações intervalo de 0 a 0,99%. Assim, utilizando
estas informações, foi possível calcular a
I n te rva l o d a s va r i a çõ e s
matriz com as probabilidades de transição
< -2,01%
de -2 a -1,01% de Markov, analisando quantas vezes a

de -1 a -0,01% variação do preço saiu do estado para o


de 0 a 0,99% estado . A matriz é apresentada na Figura 5.
de 1 a 1,99%
> 2%
Fonte: Elaborado pelos autores (2017)

Figura 4 – Histograma dos intervalos da variação do preço da soja

Figura 5 –Matriz de transição

Fonte: Elaborado pelos autores (2017)

131
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

3.4 ANÁLISE DE CENÁRIOS Equação 4. Então, as Equações 8 e 9 apre-


sentam o estado estável para a variação do
A análise de cenários necessita do cálculo preço da soja.
do estado estável, conforme explicado na

(8)

(9)

Resultando no seguinte sistema de equa-


ções, exibido pelas Equações 10 a 16.

(10)

(11)

(12)

(13)

(14)

(15)

(16)

Por haver sete equações e seis incógnitas, Estes valores representam a possibilidade
é necessário desconsiderar uma das equa- de se encontrar nos determinados estados,
ções. Assim, resolvendo este sistema de conforme Tabela 2.
equações, obtêm-se os seguintes resultados:

π0=0,036 π1=0,095
π2=0,378 π3=0,393
π4=0,073 π5=0,024

132
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

Tabela 2 – Probabilidade dos estados


Inte r va lo Probabilidade
< -2,01% 3,6%
de -2 a -1,01% 9,5%
de -1 a -0,01% 37,8%
de 0 a 0,99% 39,3%
de 1 a 1,99% 7,3%
> 2% 2,4%
Fonte: Elaborado pelos autores (2017)

Com a Tabela 2, observa-se que a maior 6 previamente apresentada, é possível


probabilidade é que o preço da soja varie analisar o tempo de recorrência esperado
de 0 a 0,99%, com uma probabilidade de para cada probabilidade de estado estável,
39,3%. Ainda, calculando com a Equação conforme a Tabela 3.

Tabela 3 – Tempo de recorrência esperado


Tem po de recorrênc ia
Prob ab i l i d a d e d e e st a d o estável π j
esperado
π0 27,8 dias
π1 10,5 dias
π2 2,6 dias
π3 2,5 dias
π4 13,7 dias
π5 41,7 dias
Fonte: Elaborado pelos autores (2017)

Com a Tabela 3, observa-se que, quando estatístico de processos que pode ser
se está analisando uma variação de 0 a utilizado em aplicações reais, fazem parte
0,99%, por exemplo, o tempo de recor- dos estudos de Pesquisa Operacional, que
rência esperado para esta variação é de por sua vez, compõe a grade curricular da
2,5 dias, ou seja, é aguardado que em 2,5 Engenharia de Produção.
dias ocorra novamente um valor que varie
Os cálculos deste trabalho foram reali-
entre 0 a 0,99%.
zados no software Excel, devido aos ganhos
quanto rapidez e precisão nos resultados.
4. CONSIDERAÇÕES Então, utilizando-se dados referentes a 2
FINAIS de janeiro de 2017 a 31 de agosto de 2017,

Este artigo estudou Cadeias de Markov com observou-se que a maior probabilidade de

uma aplicação para analisar a variação do variação diária do preço da soja é de 0 a

preço da soja, um grão tão importante para 0,99%, e que esta variação provavelmente

a economia do país e para a alimentação ocorrerá novamente em 2,5 dias.

das pessoas. As MC, sendo um modelo

133
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

Informações como esta podem ser vanta- [ 3] . Cepea - Centro de Estudos Avançados
josas no agronegócio da soja, pois a em Economia Aplicada. Site institucional.
previsão da variação dos preços permite Disponível em: <http://www.cepea.esalq.
ajudar na tomada de decisão quanto a usp.br/br>.
compra e/ou venda do commodity. Ainda,
[ 4] . HILLIER, Frederick; LIEBERMAN,
este conceito estudado pode ser utilizado
Gerald. Introduction to Operations
como ferramenta de auxílio no processo
Research. 8. ed. Nova Iorque: McGraw-
de planejamento das organizações, sejam
-Hill, 2005.
do setor público ou iniciativa privada.
Assim, este trabalhou almejou instruir [ 5] . JANTSCH, Leonardo. Análise do risco
Cadeias de Markov e suas possíveis apli- de crédito no uso do cartão de crédito.
cações práticas, podendo fornecer infor- 2017, 80 f. Dissertação (Mestrado em Ciên-
mações para as organizações e, conse- cias Contábeis) – Universidade do Vale do
quentemente, podem ter um melhor Rio dos Sinos, São Leopoldo, 2017.
direcionamento de seus esforços e investi-
mentos quanto a comercialização da soja, [6]. SILTALA, Lauri; GRANVIK, Mikael.
pelo monitoramento de seus preços. Asteroid mass estimation using Markov-
chain Monte Carlo.  Icarus, v. 297, p.
Este artigo atingiu seus objetivos satisfa- 149-159, 2017.
toriamente, por proporcionar resultados
que podem ser estudados de forma analí- [ 7] . STAUDT, Francielly Hedler; COELHO,
tica. Como trabalhos futuros, sugere-se o Antonio Sérgio; GONÇALVES, Mirian Buss.
uso de Cadeias de Markov para se analisar Determinação da capacidade real neces-
outras commodities. sária de um processo produtivo utili-
zando cadeia de Markov.  Production, v.
21, n. 4, p. 634-644, 2011.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS [ 8] . TAHA, Hamdy A.  Operations
research: an introduction.  8. ed. Nova
[1 ]. ANDERSEN, Anders Reenberg;
Iorque: Pearson, 2007.
NIELSEN, Bo Friis; REINHARDT, Line
Blander. Optimization of hospital ward
resources with patient relocation using
Markov chain modeling.  European
Journal of Operational Research, v. 260, n.
3, p. 1152-1163, 2017.

[2]. BRASIL, Ministério da Agricultura.


Site institucional. Disponível em: <http://
www.agricultura.gov.br/>.

134
ANÁLISE DE UM
RESTAURANTE
SELF-SERVICE VIA
SIMULAÇÃO

Sara Aparecida da Silva Vaz


Wagner de Barros Neto
Diene Maria Oliveira
Nelson Dias da Costa Junior
Stella Jacyszyn Bachega

RESUMO
O restaurante self-service é um dos negócios mais característicos do mundo moderno,
oferecendo uma solução prática para clientes que têm um dia-a-dia dinâmico e corrido.
A presente pesquisa tem o objetivo de analisar um restaurante self-service por meio do
uso de simulação de eventos discretos. Assim, pôde-se verificar se a quantidade de funcio-
nários é ideal em relação ao volume de clientes que o restaurante atende, se os tempos
de filas e de permanência dos clientes (rotatividade) podem ser melhorados, bem como
analisar a taxa de utilização dos recursos do restaurante, verificando se há sobrecarga
ou subutilização de algum funcionário. Para tanto, utilizou-se a abordagem de pesquisa
quantitativa e o procedimento de pesquisa experimental, devido ao uso de simulação. A
simulação foi realizada no software ProModel® 2010 versão Student. Após a simulação do
cenário atual, verificou-se que a área restritiva do restaurante é a de churrasco. Então, foi
proposto que se alocasse mais um funcionário neste local, no período de maior demanda.
A simulação do cenário futuro resultou em um menor tempo dos clientes no sistema, uma
melhor utilização tanto de recursos como de seus locais. Tal proposta traz uma maior
eficiência ao sistema, propiciando melhor utilização de seu espaço físico e dos recursos
humanos, podendo oferecer um melhor serviço e atendimento aos clientes que almoçam
no restaurante, além de configurá-lo para aumentos de demanda.

Palavras-chave

Simulação, Restaurante, ProModel.


M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

1. INTRODUÇÃO demandas crescentes, as ferramentas de


simulação têm ajudado as empresas a
O ritmo da vida moderna causou mudanças enfrentar os vários desafios enfrentados
na rotina e nos hábitos alimentares das em seus processos (HARREL; GLOSH;
pessoas, provocadas por diferentes fatores BOWDEN, 2012). Assim, através de técnicas
como o aumento da jornada de trabalho e de simulação, busca-se encontrar um ponto
da população em centros urbanos, além de equilíbrio que satisfaça os clientes e seja
das dificuldades em locomoção. Isso torna viável economicamente para o provedor do
cada vez maior o número de refeições feitas serviço (ARENALES et al., 2006).
fora do domicílio, gerando um aumento de
restaurantes, principalmente o do tipo self- As aplicações de simulação têm crescido

-service (ALVES; UENO, 2010). O restaurante em todas as áreas, auxiliando os gestores

self-service é um dos negócios mais carac- na tomada de decisão em problemas

terísticos do mundo moderno, oferecendo complexos, além de possibilitar um maior

uma solução prática para clientes que tem conhecimento dos processos nas organi-

um dia-a-dia dinâmico e corrido. Este tipo zações (SAKURADA; MIYAKE, 2009), com

de restaurante dispensa grande parte do aplicações em áreas industriais, comuni-

atendimento prestado por garçons e o cação, bancos, supermercados e hospitais

seu sistema de pesagem por quilo permite (PRADO, 2010), integrando conhecimentos

ao cliente escolher os alimentos para sua de diversas áreas da Engenharia de

refeição na quantidade desejada. Produção. Apesar do grande crescimento


e aplicação de simulação em operações
Apesar de suas vantagens, na maioria das de serviços, ainda são poucos os estudos
vezes esses restaurantes tendem a apre- na área, quando comparado a trabalhos
sentar filas, uma vez que a chegada dos publicados em manufatura e logística
clientes ocorre em grupos em um curto (SAKURADA; MIYAKE, 2009).
espaço de tempo e as técnicas tradicionais
da teoria das filas são difíceis de serem apli- Diante do cenário de mudanças de hábitos

cadas neste contexto; para isso requer-se das pessoas, aumento da exigência do

o uso de simulação para se obter medidas cliente e da complexidade operacional no

de desempenho apropriadas (SANTOS; setor de serviços, além de uma relativa

ALVES, 2014). As filas se formam em decor- carência por pesquisas envolvendo simu-

rência do aumento dos consumidores e lação na área, este estudo tem por obje-

da incapacidade do sistema em atender a tivo analisar um restaurante self-service

essa demanda. por meio do uso de simulação de eventos


discretos. Para tanto, são analisados sua
Com isso, diante da complexidade em formação de filas, tempo médio de espera
relação as mudanças rápidas, bem como a dos clientes, a relação com os funcionários
necessidade de melhorias na produção e na alocados a cada posto e seu efeito sobre o
prestação de serviços capazes de atender tempo total dos clientes no sistema.

136
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

Como forma de exemplificar e enriquecer a 2.1 SIMULAÇÃO DE


literatura, também são apresentadas neste SISTEMAS
trabalho algumas aplicações de diversos
autores que mostram a importância da A simulação de sistemas faz parte da grande
interdisciplinaridade da Simulação de área do conhecimento da Engenharia de
Sistemas com outras áreas da Engenharia Produção, a Pesquisa Operacional, e é
de Produção, visto que as organizações frequentemente utilizada no desenvolvi-
devem trabalhar com seus departamentos mento de modelos de processos ou de
de maneira integrada, aliando conheci- sistemas reais, de forma que, de acordo
mento e técnicas de diversas áreas para com Bateman et al. (2013), oferece a possi-
alcançar seus objetivos estratégicos. bilidade de criar e simular fenômenos
desejados, permitindo conferir quão repre-
Para cumprir o objetivo proposto, este sentativas seriam as mudanças. Assim, um
trabalho está organizado da seguinte modelo de simulação construído facilita
forma: a seção 2 apresenta uma revisão a compreensão de uma organização e de
bibliográfica sobre a simulação de seus processos, ajudando em estratégias e
sistemas, além de estudos e aplicações tomadas de decisão mais assertivas.
interdisciplinares de Simulação com
outras áreas de Engenharia de Produção. Segundo Prado (2010), simulação é uma
A seção 3 aborda o método de pesquisa, técnica para a resolução de problemas
apresentando a metodologia utilizada através da análise de um modelo compu-
para a obtenção dos dados e as dez etapas tacional que representa um sistema real.
necessárias para um estudo de simulação. Harrel, Gosh e Bowden (2012) definem
A seção 4 traz uma descrição do modelo simulação como a imitação da dinâmica
simulado, além da análise da simulação, de um sistema utilizando um modelo
mostrando o desenvolvimento do cenário computacional a fim de avaliar e melhorar
e a obtenção de resultados por meio do o desempenho de um sistema. Freitas
software ProModel®, avaliando seus relató- Filho (2008) complementa e afirma que a
rios de locais, entidades e recursos. E por simulação é um método que, através de
fim, a seção 5 traz a conclusão da pesquisa um modelo computacional de um sistema
aplicada em um restaurante self-service. real, podem ser realizados testes com obje-
tivo de compreender o comportamento de
determinado sistema, analisando assim
2. REVISÃO
variadas estratégias operacionais.
BIBLIOGRÁFICA
Segundo Freitas Filho (2008), para o desen-
São aqui tratados aspectos teóricos sobre
volvimento de um modelo de simulação é
simulação de sistemas e suas aplicações.
preciso que sejam seguidas as seguintes
etapas: formulação e análise do problema,
planejamento do projeto, formulação do

137
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

modelo conceitual, coleta de macro infor- autores recomendaram que a empresa


mações e dados, tradução do modelo, tivesse cinco atendentes, com uma confi-
verificação e validação, projeto experi- guração de três caixas, uma pessoa para as
mental final, experimentação, comparação sopas e uma para os sanduíches reduziria
de sistemas e identificação das melhores o tempo do cliente no sistema em mais de
soluções, documentação e apresentação dois minutos. Outra alternativa proposta
dos resultados e implementação. por Curin et al. (2005) seria de transferir
toda a preparação de comida para um local
De acordo com Chwif e Medina (2015),
secundário, adicionando um funcionário
o modelo conceitual é de fundamental
multitarefa, o que poderia reduzir o tempo
importância, uma vez que um modelo
total do cliente no sistema pela metade.
conceitual abrangente certamente levará a
um modelo computacional completo que, Oliveira e Favaretto (2013) voltaram-se
consequentemente, levará a um modelo a análise e ao diagnóstico das filas do
operacional válido. restaurante acadêmico da Universidade
Federal de Itajubá, que, devido ao cons-

2.2 APLICAÇÕES DE tante aumento da demanda consequente

SIMULAÇÃO da expansão da universidade, apresenta


um problema real de capacidade. O obje-
A pesquisa de Curin et al. (2005) foi feita no tivo almejado se dá pela elaboração de
restaurante Tim Hortons dentro do campus um modelo de simulação para eventos
da Universidade de Michigan, utilizando discretos do sistema de serviço, a fim
a técnica de simulação com o objetivo de analisar a capacidade real de atendimento,
melhorar a eficiência da empresa. Empre- e então, encontrar as filas de espera mais
gando os passos padrões para um estudo relevantes ao sistema. Os autores utili-
de simulação, vários cenários foram mode- zaram a técnica IDEF-SIM para a elaboração
lados e avaliados baseando-se no tempo do modelo conceitual e o software de simu-
que o cliente ficava no sistema. Uma análise lação ProModel® para o desenvolvimento
detalhada da simulação revelou que na da modelagem computacional. Em 77% do
configuração atual, a taxa de utilização tempo que se encontra no sistema, o cliente
das funcionárias do caixa era alta (88%) e, da lanchonete aguarda em fila, sendo que,
assim, vários cenários para reduzir a carga os clientes com cartão e com comanda,
dessas funcionárias foram explorados. O esperam cerca de 16% e 33% do tempo
estudo utilizou cenários envolvendo quatro total, respectivamente. A modalidade de
e cinco funcionários. Verificou-se que cartão pré-pago mostrou-se mais eficiente
nenhum dos cenários com quatro funcio- em relação à modalidade de comanda ao
nários resultou em uma melhoria signi- diminuir o tempo de espera do cliente.
ficativa em relação ao cenário atual. Para Os autores enfatizam a possibilidade
reduzir o tempo de espera dos clientes da criação de cenários e realização de
e, então, servir mais clientes por hora, os modificações no modelo simulado sem a

138
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

necessidade de realizar “experiências” no guichês para atendimento apresentaram


sistema real. 99% do tempo ocupado. Desta forma,
como proposta de melhoria, sugeriu-se
O estudo de Carrijo Neto et al. (2014)
que fosse acrescido um novo guichê
teve como objetivo propor melhorias
para atender toda a demanda prevista.
no sistema de atendimento na Central
Ao simular novamente, agora com nove
de Atendimento (CA) em uma prefeitura
guichês, obteve-se então um tempo
no interior do estado de São Paulo. Ao
médio total de atendimento das 170
observar que a CA apresentava excesso
pessoas de 8 horas e 22 minutos. Sendo
no tempo de atendimento aos clientes,
assim, concluiu-se, que com a inclusão
iniciou-se a proposta de simular as
do novo guichê e um novo atendente
etapas do processo de atendimento
pode-se atender a demanda recorrente,
e a partir da simulação identificar um
além de diminuir o longo tempo de espera
cenário melhorado para reduzir o temp,o
por atendimento.
de atendimento. O software utilizado
para simular o processo de atendimento Leal (2003) apresentou uma proposta de
foi o ProModel®, sendo que o StatFit® diagnóstico de atendimento a clientes
gerou a distribuição de probabilidade em uma agência bancária na cidade de
que mais se aproximou dos tempos de Itajubá, de forma a integrar as ferramentas
atendimento. Sabendo que o período de mapeamento de processo e simulação
atendimento é de 9 horas por dia e que computacional. Seu objetivo envolveu
os clientes chegam com uma frequência desde o mapeamento do processo de
de 2 minutos, obtém-se então 170 atendimento, passando por determinar
ocorrências de chegadas por dia. Ainda, parâmetros de fila, proposição de
de acordo com os autores supracitados, melhorias, até a execução da simulação
executou-se a simulação e como resultado em si, utilizando o software ProModel®.
obteve-se 164 clientes atendidos em 9
horas simuladas, apresentando, assim, 2.3.METODOLOGIA DE
um resultado inferior a quantidade de PESQUISA
atendimentos médios requeridos de
170 pessoas que entraram no sistema Para o desenvolvimento deste trabalho,
durante todo o dia. Com isso, foi possível utilizou-se a abordagem de pesquisa quan-
notar que o horário de atendimento titativa e o procedimento de pesquisa expe-
da CA não é suficiente para atender a rimental. Segundo Dalfovo, Lana e Silveira
demanda média do dia de 170 pessoas. (2008), a pesquisa quantitativa caracteri-
Para tanto, analisou-se também que o za-se pelo emprego da quantificação, tanto
tempo médio de atendimento é de 25 nas modalidades de coleta de informações,
minutos e o tempo médio de espera por quanto no tratamento dessas por meio de
atendimento de 1 hora e 27 minutos, técnicas estatísticas, desde as mais simples
sendo assim, identificaram que os oito até as mais complexas. A abordagem de

139
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

pesquisa quantitativa foi escolhida devido v) Realização de execuções piloto; vi) Vali-
a característica dos dados utilizados e dos dação do modelo programado; vii) Projeto
resultados gerados nesta pesquisa. dos experimentos; viii) Realização das
execuções de simulação; ix) Análise de
De acordo com Gil (2002), o procedimento
resultados; e x) Documentação, apresen-
experimental consiste na determinação de
tação e implementação dos resultados.
um objeto de estudo, na seleção das variá-
veis capazes de influenciá-lo e na definição A modelagem e a simulação foram condu-
das normas de controle e de observação zidas considerando a classificação do
dos efeitos que a variável produz no objeto. sistema como terminal (FREITAS FILHO,
A análise dos resultados e de observações 2008). O nível de confiança adotado foi de
propicia a descoberta das possíveis rela- 95%. A interpretação do valor do semi-inter-
ções de causa e efeito, levando a conclu- valo de confiança (half-width) foi dada como
sões relevantes sobre o problema inicial. a confiança de que em 95% das replicações
O procedimento de pesquisa experimental tem-se uma média que estará no intervalo
foi utilizado, por meio do uso de simulação da média obtida ± o semi-intervalo.
computacional, e por permitir a manipu-
lação das variáveis dependentes (dados 3.RESULTADOS E
de saída) do sistema simulado em função DISCUSSÕES
das variáveis independentes (dados de
entrada) do sistema real. Os dados foram
3.1 DESCRIÇÃO DO
obtidos por meio de observações e crono-
SISTEMA SIMULADO
metragens dos tempos em cada processo
do sistema. Para o desenvolvimento desse trabalho
teve-se como base o fluxo de clientes em
Para a modelagem conceitual do sistema
um restaurante do tipo self-service atuante
analisado, foi utilizada a técnica IDEF-
no sudeste goiano. O restaurante funciona
-SIM, como apresentada no estudo de
todos os dias da semana, entre 11:00h e
Leal, Almeida e Montevechi (2008). Já para
14:00h. O fluxo dos clientes dentro do
a modelagem e simulação do modelo
restaurante pode ser visto na Figura 1.
computacional foi utilizado o software
ProModel® 2010 (versão Student).

Para a condução deste estudo de simu-


lação, foram seguidas as etapas propostas
por Law e Kelton (2000): i) Formulação do
problema e planejamento do estudo; ii)
Coleta de dados e definição do modelo;
iii) Validação do modelo; iv) Construção
do programa computacional e verificação;

140
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

Figura 1 - Fluxograma do cliente dentro do restaurante

Para o projeto de simulação, foram consi- 2) e funcionárias do caixa (1, 2 e 3). A mode-
derados na modelagem os seguintes locais lagem conceitual utilizando a técnica IDEF-
do restaurante: recepção (entrada/saída), -SIM (Figura 2) apresenta toda a jornada
fila do buffet, buffet, fila do churrasco, chur- do cliente dentro do restaurante. Após a
rasco, fila da balança, balança, refeitório, construção do modelo conceitual, este foi
fila do caixa e caixa. Além disso, os recursos analisado e discutido com funcionários e
considerados para o presente estudo clientes do restaurante, que concordaram
foram: funcionária da recepção, churras- com a representação do fluxo desenhado,
queiros (1 e 2), funcionárias da balança (1 e validando assim o modelo.

Figura 2 - Modelagem conceitual do cliente no restaurante

141
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

Os processos envolvendo o cliente dentro Bowden (2012) complementam e dizem


do sistema restaurante são os seguintes: que esta distribuição é frequentemente
os clientes chegam ao restaurante e, na utilizada para representar tempos entre
entrada, recebem a ficha do self-service da chegadas entre ocorrências aleatórias.
funcionária da recepção. Após isso, eles Assim, foi definido o parâmetro desta
seguem para o buffet, podendo, em seguida, distribuição (17,3 segundos).
decidir se desejam churrasco ou se vão
Para o processo referente ao tempo de
direto para a balança. Aqueles que perma-
alimentação do cliente no refeitório foi
necem na fila do churrasco aguardam em
utilizada a distribuição Triangular (17.5, 25,
fila única para serem atendidos por um
45.4), pois não se conhecia a forma exata
dos churrasqueiros. Para a balança, tanto
da distribuição, entretanto, eram sabidas
os clientes que vieram direto do buffet
as estimativas do menor valor, do valor
quanto aqueles que passaram pelo chur-
mais provável de ocorrer e do maior valor
rasco também aguardam em fila única
(CHWIF; MEDINA, 2015). Além disso, para
para serem atendidos pelas funcionárias
os processos de atendimento na balança
das balanças. Após a pesagem de seus
e no caixa a distribuição utilizada foi a
pratos, os clientes se sentam em alguma
normal que, segundo Walpole et al. (2009),
das mesas disponíveis no restaurante.
descreve vários processos, dentre eles os
Ao final do seu almoço, segue-se para o
que ocorrem na indústria, nas pesquisas e
caixa, em fila única para serem atendidos
na natureza.
pela funcionária do caixa que estiver livre.
Finalizando no caixa, recebem um compro-
vante de pagamento e o entregam para a 3.2. CONSTRUÇÃO
funcionária da recepção, que os libera para DO PROGRAMA
saída do sistema. COMPUTACIONAL E
VERIFICAÇÃO
Os clientes chegam ao restaurante com
ritmo de chegadas que segue a distribuição Para o modelo estudado há uma única
de probabilidade Geométrica (0.275), entidade no sistema, o cliente. Como
encontrada no software Stat::Fit®. Para a mostra o modelo conceitual do IDEF-SIM
distribuição de tempos entre chegadas (Figura 2), após passar pelo buffet o cliente
utilizou-se a distribuição exponencial que, pode optar por ir para o churrasco ou para
conforme afirmam Martins e Domingues a balança. A lógica da simulação é que
(2011), apresenta uma estreita relação 85% dos clientes vão para o churrasco,
com a distribuição de Poisson, já que pode enquanto que os outros 15% seguem
descrever o tempo entre dois sucessos diretamente para a balança. Tais valores
de uma variável de Poisson. Os autores foram obtidos por meio de ocorrências
ainda citam que o tempo entre chegadas observadas. Dentre as lógicas de operação
de clientes se comporta conforme a e movimentação utilizadas na elaboração
distribuição exponencial. Harrel, Gosh e do modelo no ProModel® estão: GRAPHIC,

142
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

ACCUM, WAIT, USE, ROUTE, MOVE FOR. mesma forma o total de clientes que entram
no sistema. Comparando-se o observado
O tempo de simulação considerado foi de
in loco com os resultados da simulação,
duas horas, que retrata o intervalo das
verificou-se que o modelo computacional
11:30h às 13:30h em que o restaurante
está coerente com o modelo real.
tem maior quantidade de atendimentos.
Verificou-se que 50 replicações foram satis- O estudo foi delimitado na análise do dia
fatórias para o cálculo dos valores médios, e período em que o restaurante recebe
considerando um intervalo de confiança a maior quantidade de clientes, aos
de 95% e half-width de até 10% da média domingos, não considerando dias e horá-
amostral (para maior precisão dos resul- rios em que a demanda atendida é redu-
tados obtidos). zida. Para tanto, foi simulada a operação do
restaurante, sem interrupções, avaliando o
Durante as visitas para coleta de dados
fluxo de clientes, seus tempos no sistema
dos processos do restaurante self-service,
e a utilização dos funcionários para este
foram observados que, durante as duas
período. Analisou-se o efeito de realocações
horas de funcionamento, 327 pessoas
de funcionários, verificando seu impacto
entram no sistema neste intervalo de
sobre o sistema, tanto em relação às enti-
tempo. Para o rastreamento da entidade,
dades quanto aos recursos e sua utilização.
foram simulados também duas horas de
funcionamento do restaurante, podendo A Figura 3 apresenta o layout do modelo
ser comparado os dados observados com desenvolvido, com seus locais e recursos
os resultados da simulação, verificando da representados no ProModel®.

Figura 3 - Layout do modelo simulado no ProModel®

3.3. ANÁLISE DE analisados relatórios relacionados à


RESULTADOS entidade, aos locais e aos recursos. A Tabela
1 apresenta o total de saídas e o tempo
Nesta etapa, realizou-se a análise dos relató- médio da entidade no sistema, em seus
rios gerados pelo Output Viewer , ferramenta
®
valores médio, mínimo máximo, desvio
integrada ao software ProModel®. Foram padrão e half-width. Verificou-se que o

143
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

tempo médio dos clientes no restaurante foi Observa-se que em alguma das replicações,
de 52,87 minutos e que o total de clientes encontrou-se o valor máximo de clientes
atendidos foi em média de 155,66 pessoas. atendidos de 171 pessoas.

Tabela 1 – Total de saídas e tempo médio do cliente no sistema


Desvio
Medida de desempenho Média Mínimo Máximo Half-Width
Padrão
Total de saídas 155,66 143,00 171,00 6,19 1,76
Tempo médio no sistema (min) 52,87 48,06 57,16 2,12 0,60
Fonte: Dados da pesquisa.

Os resultados sobre a porcentagem de sentaram, em média, 19,95% de utilização.


utilização dos recursos podem ser obser- A recepcionista, que entrega e recebe as
vados na Tabela 2. Nota-se que os chur- comandas, também apresentou baixa utili-
rasqueiros apresentaram alta taxa de utili- zação média (20,39%). Já os funcionários
zação média, de aproximadamente 93%, que trabalham nos caixas tiveram a utili-
enquanto os funcionários da balança apre- zação média de 67,67%.

Tabela 2 – Utilização dos recursos (%)


Desvio
Recurso/ Utilização (%) Média Mínimo Máximo Half-Width
Padrão
Churrasqueiros 93,18 88,78 94,04 0,92 0,265
Funcionários balança 19,95 18,26 22,42 0,94 0,270
Funcionários caixa 67,67 62,92 71,80 1,64 0,470
Recepcionista 20,39 19,06 22,06 0,66 0,190
Fonte: Dados da pesquisa.

A Tabela 3 expõe a porcentagem de utili- Buffet apresentou o maior desvio padrão,


zação dos locais representados no modelo. comparado com os outros locais. Os locais
Os locais com maior utilização média foram Fila balança, Fila caixa e Fila buffet não
Churrasqueira, Fila churrasco e Buffet, foram aqui discutidos, uma vez que apre-
respectivamente com 93,71%, 91,11% e sentaram baixíssima utilização (inferior a
84,32%. Salienta-se que a Fila churrasco 1%), por terem sido modelados com capa-
apresentou o maior valor máximo, (95%) cidade infinita.
em algum momento das replicações. O

Tabela 3 – Utilização dos locais (%)


Desvio
Local/ Utilização (%) Média Mínimo Máximo Half-Width
Padrão
Recepção entrada 13,71 12,71 14,67 0,50 0,145
Buffet 84,32 70,37 91,95 5,32 1,510
Fila churrasco 91,11 76,48 95,00 3,30 0,940

144
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

Desvio
Local/ Utilização (%) Média Mínimo Máximo Half-Width
Padrão
Churrasqueira 93,71 91,06 94,93 0,75 0,215
Balança 19,95 18,26 22,42 0,94 0,270
Refeitório 36,19 33,17 41,24 1,76 0,500
Caixas 68,33 63,44 72,51 1,68 0,475
Recepção saída 7,86 7,29 9,12 0,35 0,100
Fonte: Dados da pesquisa.

3.4. PROPOSTA DE um funcionário da balança para a área


MELHORIA da churrasqueira, o que poderia reduzir
a taxa de utilização dos churrasqueiros e
Com base nas altas porcentagens de utili- melhorar o fluxo de clientes no sistema.
zação dos churrasqueiros e do Buffet, prin- O novo modelo conceitual do IDEF-SIM
cipalmente devido ao bloqueio do fluxo é apresentado na Figura4, contendo um
dos clientes no restaurante, propôs-se a terceiro churrasqueiro.
realocação dos funcionários, transferindo

Figura 4 - Modelo conceitual do sistema melhorado

A partir disto, foi possível comparar o terceiro churrasqueiro e tirar um funcio-


cenário proposto com o atual do restau- nário da balança, o tempo médio do cliente
rante, verificando-se melhorias no sistema. no restaurante se reduz em cerca de 4%.
A Tabela 4 apresenta as diferenças nos Já o total médio de saídas aumenta aproxi-
tempos dos clientes dentro do restaurante, madamente 3%.
indicando uma interessante mudança
entre os dois cenários. Ao se colocar um

145
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

Tabela 4 - Diferenças nos tempos da entidade


Medida de Cenário atual Cenário melhorado
Diferença percentual (%)
desempenho (min) (min)
Tempo médio
52,87 50,84 -3,84
no sistema
Total de saídas 155,66 160,14 2,88
Fonte: Dados da pesquisa.

Em relação à utilização dos recursos, como média, enquanto aumenta em 167,37% a


mostrado na Tabela 5, o cenário com utilização dos funcionários da balança (de
mais um churrasqueiro traz uma redução 19,95% para 53,34%).
de quase 11% em sua taxa de utilização

Tabela 5 - Diferenças nas taxas de utilização dos recursos


Diferença
Recurso/ Utiliza- Cenário atual Cenário melhorado
percentual
ção (%) (%) (%)
(%)
Churrasqueiros 93,34 83,19 -10,87
Funcionários balança 19,95 53,34 167,37
Funcionários caixa 67,67 69,44 2,62
Recepcionista 20,39 20,66 1,32
Fonte: Dados da pesquisa.

Comparando-se também as utilizações pode melhorar o fluxo dos clientes no


dos locais, como traz a Tabela 6, perce- sistema, com seus clientes passando pelos
be-se uma grande melhoria no Buffet e na processos mais rapidamente e gerando
Fila do churrasco, com reduções de aproxi- menor tráfego e filas. Tal fato é compro-
madamente 61% e 46%, respectivamente. vado pelo aumento da taxa de utilização do
Isso demonstra que o sistema proposto refeitório, subindo de 36,2% para 48,2%.

Tabela 6 - Diferenças nas taxas de utilização dos locais


Cenário melhorado Diferença per-
Variável Cenário atual (%)
(%) centual (%)
Recepção entrada 13,71 13,80 0,66
Buffet 84,32 33,29 -60,52
Fila churrasco 91,11 48,89 -46,34
Churrasco 93,71 86,75 -7,43
Balança 19,95 53,34 167,37
Refeitório 36,19 48,16 33,08
Caixa 68,33 70,11 2,61
Recepção saída 7,86 8,06 2,54
Fonte: Dados da pesquisa.

146
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

4.CONSIDERAÇÕES os benefícios da aplicação de simulação

FINAIS para melhor entendimento do sistema e


operações de empresas, como o restau-
O presente trabalho analisou um restau- rante self-service analisado, possibilitando
rante self-service com uso de simulação de um maior conhecimento do seu negócio,
eventos discretos. Com o emprego do software que podem levar a uma melhor eficiência,
ProModel , foi observado nas operações
®
maior satisfação do cliente e até mesmo ao
do restaurante uma disparidade entre as aumento da lucratividade da empresa.
utilizações dos recursos. Os churrasqueiros,
por exemplo, apresentaram uma utilização Como futuras pesquisas, sugere-se que

alta (cerca de 93%). Já os funcionários sejam analisadas as operações e ativi-

da balança operaram, em média, com dades internas do restaurante, ligadas

utilização de 20%. à cozinha e à lavanderia, por exemplo,


avaliando sua relação com o reabasteci-
Com o entendimento de que a atividade mento de comidas e carnes no buffet e
restritiva do restaurante é o churrasco, churrasco, bem como de pratos e bandejas
foi proposto que se aumentasse em um para os clientes. Tais atividades podem ter,
funcionário no local. A simulação deste também, grande influência no tempo total
cenário melhorado resultou em um menor do cliente no sistema, bem como a verifi-
tempo dos clientes no sistema, uma melhor cação da utilização de todos os funcioná-
utilização tanto de recursos, assim como de rios, abrindo espaço para mais melhorias.
seus locais, por exemplo, uma redução na
taxa de utilização do buffet em 61%, aten-
REFERÊNCIAS
dendo quantidade similar de clientes no
mesmo tempo. Tal proposta traz melhoria [ 1 ] . ALVES, M. G.; UENO, M. Restaurantes
do fluxo dos clientes no sistema, além de self-service: segurança e qualidade sani-
utilizar melhor seu espaço físico e seus tária dos alimentos servidos.  Revista
recursos humanos, podendo oferecer, de Nutrição,  Campinas,  v.23,  n.4,  p.573-
assim, um melhor serviço e atendimento 580,  2010.  DOI 10.1590/S1415-
aos clientes que almoçam no restaurante. 52732010000400008.

Esta pesquisa contribui para a área acadê- [2]. ARENALES, M.; ARMENTANO, V.;
mica ao enriquecer a literatura com mais MORABITO, R.; YANASSE, H. H. Pesquisa
um estudo prático envolvendo simulação Operacional para cursos de engenharia.
e o setor de operações e serviços que, Rio de Janeiro: Campos, 2006.
segundo Sakurada e Miyake (2009), ainda
[ 3] . BATEMAN, R. E.; BOWDEN, R. G.;
é carente quando comparada a pesquisas
GOGG, T. J.; HARRELL, C. R.; MOTT, J. R.
envolvendo simulação aplicada à manu-
A.; MONTEVECHI; J. A. B. Simulação de
fatura e logística. Para a área empresa-
Sistemas: Aprimorando Processos de
rial, este estudo serve de exemplo sobre

147
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

Logística, Serviços e Manufatura. Orga- pesquisa quantitativa e suas possi-


nização: Belge Engenharia. Elsevier Brazil, bilidades.  Revista de administração de
2013. ISBN: 978-85-352-7162-1 empresas, v. 35, n. 2, p. 57-63, 1995.

[4 ]. CARRIJO NETO, J.; BIANCHINI, V. K; [ 1 1 ] . HARREL, C.; GHOSH, B. K.; BOWDEN,


MOTTA, G. A.; BIANCHINI, G. F. Análise da R. O. Simulation using ProModel. 3rd
fila de espera na central de atendimento edition. New York: McGraw Hill, 2012.
de uma prefeitura no interior do estado
[ 1 2 ] . LAW, A. M.; KELTON, W. D. Simula-
de São Paulo: uma simulação. In: XXXIV
tion Modeling and Analysis. McGraw Hill,
ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA
3th edition, 2000.
DE PRODUÇÃO. Anais... Curitiba: ABEPRO,
2014. Disponível em:<http://www.abepro. [ 1 3] . LEAL, F. Um diagnóstico do
org.br/biblioteca/enegep2014_TN_STP_ processo de atendimento a clientes
195_108_26277.pdf>. Acesso em: 08 Ago. em uma agência bancária através de
2016. mapeamento do processo e simulação
computacional. 2003. 224 f. Dissertação
[5 ]. CHWIF, L.; MEDINA, A. C. Modelagem
(Mestrado em Engenharia de Produção)
e Simulação de Eventos Discretos:
- Programa de Pós-Graduação em Enge-
Teoria e Aplicações. 4ª ed. Rio de Janeiro:
nharia de Produção, Universidade Federal
Elsevier, 2015. ISBN 978-85-352-7932-0
de Itajubá, 2003.
[6 ]. CURIN, S. A.; VOSKO, J. S.; CHAN, E. W.;
[ 1 4] . LEAL, F.; ALMEIDA, D. A.; MONTE-
TSIMHONI, O. Reducing service time at a
VECHI, J. A. B. Uma Proposta de Técnica
busy fast food restaurant on campus.
de Modelagem Conceitual para a Simu-
In: Proceedings... Winter Simulation Confe-
lação através de elementos do IDEF.
rence, 2005. p. 2628-2635.
Simpósio Brasileiro de Pesquisa Opera-
[7]. DALFOVO, M. S.; LANA, R. A.; SILVEIRA, cional. Anais... João Pessoa, PB, 2008.
A. Métodos quantitativos e qualitativos:
[ 1 5] . MARTINS, G. A; DOMINGUES, O.
um resgate teórico. Revista Interdisci-
Estatística Geral de Aplicada. 4. ed. rev.
plinar Científica Aplicada, Blumenau, v.2,
e ampl. São Paulo: Atlas, 2011.
n.4, p.01- 13, Sem II. 2008 ISSN 1980-7031

[ 1 6 ] . OLIVEIRA, N. M. C.; FAVARETTO,


[8 ]. FREITAS FILHO, P. J. Introdução à
F. Análise das filas de um sistema de
Modelagem e Simulação de Sistemas. 2.
serviços utilizando simulação a eventos
ed. Florianópolis: Visual Books, 2008.
discretos. In: XXXIII ENCONTRO NACIONAL
[9 ]. GIL, A. C. Como elaborar projetos DE ENGENHARIA DE PRODUCAO. Anais...
de pesquisa. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2002. Salvador, BA, 2013.
ISBN 85-224-3169-8
[17]. PRADO, D. S. Usando o Arena em Simu-
[1 0]. GODOY, A. S. Introdução à lação. 4. ed. Belo Horizonte: INDG, 2010.

148
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

[1 8 ]. SAKURADA, N.; MIYAKE, D. I. Apli-


cação de simuladores de eventos
discretos no processo de mode-
lagem de sistemas de operações de
serviços. Gestão & Produção, v. 16, n. 1, p.
25-43, 2009.

[1 9 ]. SANTOS, J. A. A.; ALVES, R. Mode-


lagem, simulação e otimização da
dinâmica operacional de um pequeno
restaurante: um estudo de caso. Holos,
v. 4, p. 375-386, 2014. DOI: 10.15628/
holos.2014.1099.

[20]. WALPOLE, R. E.; MYERS, R. H.;


MYERS, S. L.; YE, K. Probabilidade & Esta-
tística para engenharia e ciências. São
Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.

149
ALGORITMOS
GENÉTICOS
APLICADOS NA
CINEMÁTICA INVERSA
DE MANIPULADOR
ROBÓTICO

Gabriella Ragazzi Costa


Márcio Mendonça
Bruno Costalonga Leite
Jônatas Favotto Dalmedico
Thalita Lopes Salvadori

RESUMO
O presente trabalho trata-se sobre robôs manipuladores, estes, por sua vez, têm como
principal objetivo realizar o deslocamento, solda entre outras interações em uma linha
de montagem ou produção. O tipo mais conhecido de um robô manipulador é um braço
mecânico, que consiste em corpos rígidos interligados, com mera semelhança ao braço de
um humano, porém nem sempre com a mesma capacidade de movimento. O problema
tratado por este artigo refere-se à cinemática inversa de um braço robótico didático resol-
vida por algoritmos genéticos. O método obteve êxito no cumprimento da proposta, com
erros relativamente baixos e, portanto, aceitáveis, visto que os resultados são ainda iniciais
porem motivam futuras investigações.

Palavras-chave

Algoritmo genético, cinemática inversa, manipulador robótico.


M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

1. INTRODUÇÃO Os robôs não têm capacidade para


responder em situações de emergência,
Robôs são considerados um desenvolvi- a menos que a situação seja prevista e a
mento relativamente recente. Em 1921, Karl resposta esteja incluída no sistema. Isto
Capeck usou a palavra checa robota em um divide a robótica em dois campos, a robó-
livro e peça chamado R.U.R A palavra foi tica programada como, por exemplo, o
traduzida para o inglês como robot. Uma robô PUMA citado anteriormente, e robó-
série de coisas devem ser consideradas ao tica autônoma.
determinar a resposta à pergunta “O que
é de fato um robô?”(MILLER, 2017). Uma A área de robótica autônoma vem atraindo

definição de robô muito aceita no mundo a atenção de um grande número de

é do Instituto de Robótica da América (RIA) pesquisadores, devido ao desafio que este

(SPONG, 1989), “Um robô é um manipulador novo domínio de pesquisas propõe: dotar

multifuncional reprogramável projetado sistemas de uma capacidade de raciocínio

para mover materiais, peças, ferramentas, inteligente e de interação com o meio

ou dispositivos especiais através de variá- em que estão inseridos (MEDEIROS 1998,

veis de movimento programadas para a BEKEY 2005). Redes neurais, sistemas

realização de uma variedade de tarefas”. fuzzy e algoritmos evolutivos são técnicas


computacionais inteligentes que vêm
Os primeiros robôs manipuladores surgem sendo utilizadas mais amplamente na área
no ano de 1954, o dispositvo de Transfe- de robótica autônoma.
rência Programada de Artigos de George
C. Devol e, o dispositivo robótico paten- Algoritmos Evolutivos têm sido utilizados

teado pelo britânico Cyrill Walter Fenward. em Robótica principalmente porque o

A partir dai muitos projetos se desenvol- projeto de robôs autônomos e de seus

veram com êxito, como exemplo, o braço controladores para ambientes não-es-

manipulador da Universidade de Stanford truturados, flexíveis, e/ou parcialmente

e o robô PUMA. A Pesquisa Operacional desconhecidos é uma tarefa muito difícil

surgiu a partir de tentativas de lidar com para um projetista humano (MEYER, 1998).

problemas de natureza logística, tática e Meyer fazia menção às tarefas que o robô

estratégia. Os braços manipuladores na iria executar, como também ao ambiente

área de sistemas operacionais desempe- em que o mesmo iria atuar. Para um

nham um importante papel, uma vez que projetista humano é praticamente impos-

são programáveis, sendo possivel definir sível prever todas as situações que o robô

trajetórias e outros comandos que podem estaria exposto, e é ai que entra em ação

ser repetidos contiuamente. O foco no os algoritmos evolutivos.

estudo de braços robóticos se dá para a


Baseados na Teoria da Evolução Natural
garantia da segurança do ser humano no
das Espécies de Darwin, os algoritmos
quesito economia de tempo e esforço.
evolutivos, mais conhecidos como algo-

151
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

ritmos genéticos, a partir de uma popu- consiste em componentes lineares corres-


lação inicial de soluções denominadas pondentes ao braço e antebraço humano,
cromossomos que vão sendo evoluídas uma pinça que pode ser correlacionada
até uma solução que atenda um critério a uma mão, montados num pedestal e
específico pré-estabelecido. As evoluções conectados por juntas rotacionais corres-
são caracterizadas por uma função medi- pondentes ao ombro, cotovelo e pulso.
dora do nível de aptidão de cada cromos- Este é caracterizado como 4 graus de liber-
somo, chamada fitness. Assim, os cromos- dade GDL com elos rotacionais: robô do
somos de melhor fitness sofrem operações tipo manipulador quatro graus-de-liber-
de mutações ou cruzamentos com outros dade de articulações rotacionais.
cromossomos e, são selecionados para
Dependendo de sua configuração e do
compor a próxima geração. A partir disso,
tamanho de suas ligações e articulações,
a cada geração o conjunto de soluções
os robôs podem chegar a uma coleção de
é melhorado até que se chegue a uma
pontos ao redor deles, que constituem um
solução ótima.
espaço de trabalho. O espaço de trabalho
Este artigo aborda a respeito da utilização pode ser definido matematicamente
de algoritmos genéticos para solucionar incluindo as limitações do robô, como os
um problema muito comum dos manipula- alcances dos movimentos de cada articu-
dores robóticos, o problema da cinemática lação. Por simplicidade e estratégia para
inversa. Observa-se que este artigo é inspi- planejamento de trajetória somente as três
rado em trabalhos que empregam algo- juntas planares foram modeladas, para a
ritmos evolutivos na área de robótica como, posteriori, existirem dois tipos distintos
por exemplo, os trabalhos de Adriane B. S. de ações de controle, as ações de controle
Serapião e Raphael P. Azzolini, Algoritmos que irão posicionar o modelo explorado
Genéticos para navegação autônoma nessa pesquisa com 3GDL responsáveis
com múltiplos objetivos em robótica cole- pela movimentação das juntas destacadas
tiva e, Navegação autônoma de robôs em em vermelho em um ponto especifico no
ambientes aleatórios através de estratégias espaço dentro da área de alcance para
evolutivas e, a tese de mestrado de Eduardo finalmente uma ação de controle deslocar
J. S. Pires – Algoritmos Genéticos: aplicação à o plano até a posição desejada no espaço
robótica, pela similaridade que os mesmos 3D, e uma rotação no elo da base detalhada
possuem com o problema abordado. na figura2. A Figura 4 mostra a nuvem de
pontos planares do espaço de trabalho

1.1 PROBLEMATIZAÇÃO modelado inicialmente nesta pesquisa.

O robô manipulador estudado neste artigo O cálculo da posição e da orientação da

também pode ser dito como robô braço mão do robô é chamado de análise cine-

articulado pois possui uma configuração mática direta. Dada a representação de

similar ao braço humano. O manipulador um manipulador de quatro articulações

152
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

no plano xy (Figura 1), pelas equações da a ser utilizado na sequência da pesquisa


cinemática direta tem-se a equação (1), (modelo completo do braço manipulador
(2). Observa-se que o modelo empregado em 3D) deverá ser o modelo de Denavit-
nesse trabalho foi geométrico, devido a -Hartenberg D-H (CRAIG, 2012).
modelagem planar, entretanto o modelo

(1),(2)

Figura 1 – Exemplo de manipulador 4GDL RR no plano xy.

Fonte: Autoria própria.

Figura 2 – Exemplo de manipulador 4GDL RR no plano xy (vista superior).

Fonte: Autoria própria.

No entanto, se quisermos colocar a mão cinemática inversa. Trata-se da maneira de


do robô em um local e orientação dese- encontrar os parâmetros das juntas para
jados, precisamos saber quais devem ser uma determinada posição e orientação
os ângulos das articulações do robô. Isso do efetuador, ou seja, como calcular os
é denominado análise cinemática inversa. ângulos necessários para que o manipu-
De acordo com Guez e Ahmad (1988), uma lador atinja a posição final desejada.
das problemáticas dos braços robóticos, a
A cinemática inversa é a base para a movi-
qual é tratada neste artigo, é a chamada
mentação de robôs manipuladores, pois

153
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

todas as tarefas realizadas necessitam do ângulos diferentes que levam a ferramenta


cálculo da cinemática inversa para obtenção final do braço manipulador as mesmas
dos ângulos referentes à posição final pré-de- posições inicias finais e intermediarias de
terminada. Portanto, o cálculo da cinemática uma determinada trajetória. Além disso, as
inversa é importante dentro do estudo da possíveis soluções aumentam exponencial-
cinemática de robôs manipuladores. mente com o aumento dos graus de liber-
dade. Esse trabalho restringe-se a solução
Diferente da cinemática direta, para cine-
do problema da cinemática inversa, entre-
mática inversa não existe um procedi-
tanto a proposta desse trabalho é de se
mento sistemático explícito.
utilizar algoritmos genéticos pode definir

É possível posicionar um ponto no espaço a aptidão de uma solução com a proxi-

com base em coordenadas cartesianas, midade da solução imediatamente ante-

cilíndricas, esféricas ou articulares. A priori, rior buscando uma possível solução para

é necessário o planejamento da trajetória. múltiplas soluções e de trajetórias.

Esta refere-se à forma como o robô é


movido de um ponto para outro de maneira 2. METODOLOGIA
controlada, seguindo a coleção de sequên-
Inicialmente o braço mecânico com três
cias de configurações de percurso. Na espe-
graus de liberdade é modelado, no qual
cificação da trajetória devem ser levadas
o tamanho das articulações 9cm da base,
em consideração três tipos de restrições:
com de 45º até a primeira articulação, 11
a) Espaciais, ou seja, o ponto inicial e o cm, com 45º na articulação do meio e 11
ponto final do caminho. A presença de cm, com 60º na parte da pinça.
obstáculos pode requere a especificação
O manipulador da Figura 3 pode ser
de eventuais pontos intermediários;
representado algebricamente por meio
b) Temporais, ou duração de cada trecho de equações da cinemática direta, corres-
da trajetória; pondente aos 3 graus de liberdade a fim
de determinar possíveis posições no plano
c) E mecânicas, melhor dizendo, a trajetória
(x,y) para a pinça. Dessa forma, dado os
gerada deve corresponder a pontos dentro
ângulos de cada abertura das articulações,
do espaço de trabalho do manipulador.
e seus tamanhos, pode-se evidenciar por

A problemática da cinemática inversa pode meio de uma nuvem de pontos, quais posi-

ser solucionada por intermédio de, além ções o manipulador pode adquirir. Abaixo

de outras conhecidas, soluções técnicas a representação da nuvem de pontos é

computacionais inteligentes como, por observada na Figura 4 restringindo-se os

exemplo, a proposta por este artigo, Algo- ângulos teta1 de 0 a 90 graus, teta2 0 a 90

ritmos Genéticos. Inerente a cinemática e teta3 0 a 90. O anexo 1 endereça maiores

inversa temos o problema de múltiplas solu- informações para a geração da nuvem de

ções, ou seja, um conjunto de soluções de pontos por meio do script do MatLab.

154
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

Figura 3 – Braço mecânico

Fonte: Autoria própria

Figura 4 – Nuvem de Pontos

Fonte: Autoria própria

3. ALGORITMOS cial Systems”, ponto inicial dos Algoritmos

GENÉTICOS Genéticos (AGs). Segundo Kramer (2017),


Algoritmos genéticos são abordagens de
O desenvolvimento de simulações pesquisa heurística aplicáveis a uma ampla
computacionais de sistemas genéticos gama de problemas de otimização, o que
teve início nos anos 50 e 60 através de os torna atraente para diversos problemas.
muitos biólogos, mas foi John Holland Nesse contexto, de um modo geral os algo-
que começou a desenvolver as primeiras ritmos genéticos possuem como objetivo
pesquisas no tema. Em 1975, Holland solucionar problemas do mundo real de
publicou “Adaptation in Natural and Artifi - forma otimizada, uma vez que trabalham

155
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

com um conjunto de parâmetros e não também o crossing over (troca de material


com os parâmetros individualmente, utili- genético). Essas etapas ocorrem até que a
zando regras de transição probabilística melhor solução seja encontrada.
e não determinística, que podem ser apli-
Por conseguinte, o objetivo deste trabalho
cadas em diversas áreas. Trabalham com
institui-se pela utilização de um Algoritmo
uma população de soluções iniciais, deno-
Genético – GA para a obtenção da cine-
minados cromossomos que vão sendo
mática inversa, dado um braço manipu-
evoluídos até que se chegue em uma
lador de 4 GDL RR ilustrado na Figura 2,
solução ótima. Porém, para que isto ocorra
com modelo cinemático apenas 3 GDL
é preciso que cada geração de cromos-
no plano,como previamente abordado.
somos seja analisada, para se ter conhe-
Determinando, portanto, os números
cimento do nível de aptidão, chamado de
de iterações utilizados 200, 50, 20 com a
função fitness.
finalidade de se comparar os resultados
Os cromossomos com o melhor fitness obtidos e o erro ser analisado. As tabelas 1,
são selecionados para darem origem a 2, e 3 abaixo contém soluções encontradas
próxima geração, através de cruzamento pelo GA juntamente com os dados dese-
e mutação. O que se espera é que a cada jados para vários pontos pertencentes a
geração o conjunto de soluções seja melho- nuvem de pontos, ou seja, as coordenadas
rado, até que se chegue a uma solução que (x,y) e os ângulos correspondentes para
satisfaça as características desejadas. a sua trajetória. O erro apresentado foi a
distância euclidiana do ponto desejado e
A priori é selecionada uma população
da solução encontrada pelo A.G.
inicial constituída por indivíduos aleató-
rios (se for grande perde eficiência e se A distância euclidiana entre os pontos em
for pequena perde a diversidade), poste- um espaço n-dimensional pode ser defi-
riori é definida a função fitness e assim nida através da seguinte equação (3):
são cruzados e sofrem mutação. Ocorre

(3)

Tabela 1 - Dados correspondentes a utilização do GA para coordenadas iniciais (número


de iterações: 200)
Theta 1 Theta 2 Theta 3 X Y X f i nal Y f i nal Erro
39.642 36.307 57.573 2 24 2.025 x24.388 0.389
26.731 43.330 57.679 5 23 4.488 23.204 0.550
16.258 21.311 62.000 15 20 15.529 20.073 0.534
7.543 9.725 67.012 20 15 20.522 15.392 0.653
5.606 3.886 49.848 25 12 25.415 12.155 0.443
0.873 9.905 2.129 30 5 30.154 4.545 0.479
Fonte: Autoria própria

156
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

Tabela 2 - Dados correspondentes a utilização do GA para coordenadas iniciais (núme-


ro de iterações: 50)
Theta 1 Theta 2 Theta 3 X Y X f i nal Y f i nal Erro
39.929 35.371 58.443 2 24 2.087 24.363 0.374
28.027 41.765 57.474 5 23 5.083 23.306 0.317
13.559 28.461 57.018 15 20 15.193 20.337 0.388
5.008 16.698 59.173 20 15 20.929 15.715 1.172
6.690 0.735 54.869 25 12 24.960 12.209 0.212
2.541 2.442 14.926 30 5 30.292 5.100 0.308
Fonte: Autoria própria

Tabela 3 - Dados correspondentes a utilização do GA para coordenadas iniciais (núme-


ro de iterações: 20)
Theta 1 Theta 2 Theta 3 X Y X f i nal Y f i nal Erro
36.659 42.936 50.800 2 24 2.077 24.570 0.575
41.348 24.564 55.298 5 23 5.545 25.395 2.457
14.028 30.249 51.199 15 20 15.556 20.811 0.983
14.541 2.609 59.328 20 15 21.794 16.198 2.157
2.075 4.548 58.300 25 12 24.582 11.557 0.607
4.444 0.084 13.246 30 5 30.413 4.924 0.420
Fonte: Autoria própria

As simulações realizadas nos fornecem 4. RESULTADOS


os ângulos necessários para se atingir os EXPERIMENTAIS
pontos estipulados inicialmente (X e Y) SIMULADOS
dessa forma o GA trabalhando com a cine-
mática inversa pode determinar as infor- Os resultados ainda são iniciais e, a partir
mações angulares dentro da faixa pré-es- das Tabelas apresentadas no tópico ante-
tabelecida pelo manipulador e fornece a rior, gerou-se os gráficos apresentados nas
solução ótima encontrada pelo algoritmo Figuras 5, 6, e 7.
genético, que são Xfinal e Yfinal. Com o valor
estipulado inicialmente e o valor encon-
trado, pode-se calcular o erro. Com isso
nota-se que quanto maior o número de
iterações mais precisa será a solução
encontrada, uma vez que o erro é dimi-
nuído e a função fitness é melhorada. O
intervalo de tempo para as simulações
também deve ser considerado, uma vez
Fonte: Autoria Própria
que quanto maior o número de iterações
o tempo para obter os resultados é maior.

157
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

Figura 5 – Gráfico referente à Tabela 1

Fonte: Autoria Própria

Figura 6 – Gráfico referente à Tabela 2

Fonte: Autoria Própria

Figura 7 – Gráfico referente à Tabela 3

Fonte: Autoria Própria

158
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

Tabela 4 - Dados sobre ponto fixo (x,y)


Para X=15 e Y=25 Desejado
Erro para o número de
Teta 1 Teta 2 Teta 3 X Y X f i nal Y f i nal iterações de
200 50 20
25.449 41.301 10.436 15 25 14.908 24.700 0.281 0.283 0.286
Fonte: Autoria própria

Por meio das análises dos gráficos e tabelas matlab e o prototipo didatico mode-
acima, pode-se evidenciar que o uso do lado para investigação e tratamento do
Algoritmos Genéticos sugere ser satis- problema em uma situação real.
fatório, entretanto deve-se buscar uma
6. Agradecimentos
melhor parametrização para deminuir o
erro encontrado. A maior vantagem poderá Os autores a Universidade Tecnologica
ser na investigação da geração de trajetó- Federal do Paraná Campus Cornelio
rias e simultaneamente na atenuação do Procópio pelo apoio e incentivo a produção
problema de multiplas soluções. E, final- desse trabalho.
mente, observou-se que em varios expe-
rimentos simulados 20 gerações foi sufi-
REFERÊNCIAS
ciente para o A.G. encontrar uma solução
plausivel para o problema proposto. [ 1 ] . ALSINA, P. J. Cap. 5 Controle de Mani-
puladores. Apostila, Cap. 5, p. 83-124,
5. CONSIDERAÇÕES Centro de Tecnologia, Universidade do Rio
FINAIS Grande do Norte.

Os resultados simulados ainda são inciais, [ 2 ] . BEKEY, G. A. Autonomous Robots:


com necessidade de dimuição dos erros From Biological Inspiration to Imple-
encontrados, porem a solução por meio mentation and Control. MIT Press,
de Algoritmos Genéticos pode ser uma Cambridge, MA, 2005.
possivel solução do problema abordado
[ 3] . CRAIG, J. J. Robótica. 3. ed. São Paulo:
simulatanamente com a geração de
Pearson, 2012.
trajetorias com pequenos incrementos
nos angulos inicialmente encontrados [ 4] . GROOVER, M. P. Robótica: Tecnologia
pela ferramenta. E, consequentemente e Programação. McGraw-Hill, 1998.
atenuacao do clássico problema de multi-
plas soluções. Futuros trabalhos ende- [ 5] . HOLLAND, J. H. Adaptation in natural
reçam evoluir o modelo apresentado para and artificial systems. The University of
o D-H com os 4 graus de liberdade. Após Michigan Press, Ann Arbor, MI, 1975.
essa etapa, objetiva-se a conexao e comu-
[6]. KRAMER, O. Genetic Algorithm
nicação do ambiente de desenvolvimento
Essentials. USA: Springer, 2017.

159
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

[7]. MEDEIROS, A. Introdução à robó-


tica. In Anais do XVII Encontro Nacional
de Automática, Vol. 1, p. 56-65, Natal, RN,
Brasil, 1998.

[8]. MEYER, J. A. Evolutionary approaches


to neural control in mobile robots. Proc. of
the IEEE Conf. on Syst., Man, and Cyb, 1998.

[9 ]. MILLER, R. M.; MILLER, R. Robots


and Robotics: Principles, Systems, and
Industrial Applications. USA: Mc Graw
Hill Education, 2017.

[1 0]. NIKU, S. B. Introdução à robótica:


análise, controle, aplicações. 2. ed. Rio
de Janeiro, RJ: LTC, 2013.

[1 1 ]. PIRES, E. J. S. Algoritmos Genéticos:


Aplicação à Robótica. 1998. 236 p. Disser-
tação (Mestrado em Engenharia Eletro-
técnica e de Computadores) – Faculdade
de Ciências e Tecnologia, Universidade de
Coimbra, 1998.

[1 2]. SPONG, M. W; VIDYASAGAR, M.


Robot Dynamics and Control. New York:
John Wiley & Sons, 1989.

[1 3]. SERAPIÃO, A. B. S.; AZZOLINI, R. P.


Algoritmos genéticos para navegação
autônoma com múltiplos objetivos em
robótica coletiva. Anais do XIX Congresso
Brasileiro de Automática, CBA, artigo aceito
em 2012 para publicação.

[1 4 ]. SERAPIÃO, A. B. S.; AZZOLINI, R.


P. Navegação autônoma de robôs em
ambientes aleatórios através de estra-
tégias evolutivas. X SBAI – Simpósio
Brasileiro de Automação Inteligente, artigo
aceito em 2011 para publicação.

160
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

ANEXO
#################### Código (Nuvem de pontos) referente à Figura 3

l1 = 9; % length of first arm

l2 = 11; % length of second arm

l3 = 11; % length of thirt arm

%area determinate for arm manipulator

%within the defined range

theta1 = 0:0.1:pi/4; % all possible theta1 values

theta2 = 0:0.1:pi/4; % all possible theta2 values

theta3 = 0:0.1:pi/3; % all possible theta3 values

[THETA1,THETA2,THETA3] = meshgrid(theta1,theta2,theta3); % generate a


grid of theta1, theta2 and theta3 values

X = l1 * cos(THETA1) + l2 * cos(THETA1 + THETA2) + l3 * cos(THETA1 +


THETA2 + THETA3); % compute x coordinates

Y = l1 * sin(THETA1) + l2 * sin(THETA1 + THETA2) + l3 * sin(THETA1 +


THETA2 + THETA3); % compute y coordinates

data1 = [X(:) Y(:) THETA1(:)]; % create x-y-theta1 dataset

data2 = [X(:) Y(:) THETA2(:)]; % create x-y-theta2 dataset

data3 = [X(:) Y(:) THETA3(:)]; % create x-y-theta3 dataset

161
NÍVEL DE SATISFAÇÃO
DE CLIENTES DE
MEGAEVENTOS
ESPORTIVOS NO RIO DE
JANEIRO - UM ESTUDO DE
FATORES DE QUALIDADE
PERCEBIDA UTILIZANDO
TEORIA FUZZY E REDES
NEURAIS ARTIFICIAIS

Priscila da Silva Oliveira


Marcelo Prado Sucena

RESUMO
Este artigo trata do estudo de atributos complexos de qualidade percebida em jogos
multiesportivos, na cidade do Rio de Janeiro, no estádio do Maracanã, para determinação
do nível de satisfação de clientes acerca dos serviços prestados. O estudo utiliza conceitos
de Qualidade percebida, Teoria Fuzzy e Redes Neurais Artificiais (RNA). A sistemática
consiste na determinação de fatores relacionados à qualidade percebida pelo cliente
acerca de serviços prestados em megaeventos, do estabelecimento de sua conexão com
o nível de satisfação do cliente e da decodificação de tal material em variáveis de entrada
fuzzy por meio do uso da Teoria Fuzzy e de RNA. A análise do material coletado junto à
aplicação das técnicas descritas mostraram-se eficazes para o alcance do objetivo preten-
dido pela pesquisa.

Palavras-chave

Megaeventos esportivos, Teoria Fuzzy, Redes Neurais Artificiais,Qualidade Percebida,


Qualidade em Serviços.
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

1 . INTRO DUÇÃO _ Contribuir para a literatura em gestão


de megaeventos por meio do estudo do
O Mercado sofre rápidas mudanças, entendimento das expectativas e neces-
tornando o cliente e suas necessidades sidades do cliente à luz da analise de sua
de atendimento cada vez mais complexas, percepção de qualidade percebida em
exigentes e de difícil gerenciamento. O relação ao pacote de serviço consumido.
cliente passa a procurar o melhor produto
pelo melhor preço. Dessa forma, organi- Para tanto, delimitou-se o escopo do
zações veem a necessidade de criação de estudo por usuários do Estádio do Mara-
ferramentas capazes de transmutar tais canã, na cidade do Rio de Janeiro, por
complexidades em informações mais palpá- meio da realização de 61 entrevistas com
veis, para facilitar o entendimento e ação tópicos referentes à qualidade dos serviços
sobre as mesmas. Verificam também que prestados em megaeventos esportivos. O
precisam investir em suas diversas áreas estádio em questão foi sede dos Jogos Pan
de atuação, visando o gerenciamento eficaz Americanos, em 2007, dos Jogos Militares,
de seus recursos em busca da excelência. O em 2011, da Copa do Mundo, em 2014 e
gerenciamento das necessidades e expecta- sediará os Jogos Olímpicos e Paralímpicos,
tivas do cliente, de sua satisfação, torna-se, em 2016. O estádio também compor-
então, um fator de diferencial competitivo. tará eventos esportivos nas categorias de
Atletismo, Futebol, Voleibol e Tiro ao Arco
Tal complexidade eleva-se quando em nos próximos eventos organizados pelo
vez do enfoque estar na relação “Cliente Comitê Olímpico do Jogos Rio 2016.
e Produto”, passa a estar na de “Cliente
e Serviço”, devido à natureza dinâmica e A pesquisa a seguir visa, portanto, deter-
intangível do mesmo. minar o grau de satisfação do cliente em
megaeventos esportivos, na cidade do
Nesse contexto, a pesquisa propõe a Rio de Janeiro, a partir do estudo de sua
criação de um modelo matemático, utili- percepção da qualidade do pacote de
zando a teoria Fuzzy como base, capaz de serviço prestado em tais eventos. E, para
transformar dados de natureza complexa tanto, utilizará o estudo de atributos rela-
sobre o nível de satisfação do cliente em cionados a qualidade de serviços em
megaeventos esportivos por meio de megaeventos, sob a premissa de conceito
análise de indicadores de qualidade para: percebido pelo cliente e a sua conexão com
o nível de satisfação do cliente e decodifi-
_ Alcançar padrões de excelência na gestão
cará tal material por meio do uso da Logica
dos fatores influenciadores da satisfação
Fuzzy e de Redes Neurais Artificiais.
do cliente, em qualidade percebida, para
propiciar maior agregação de valor às
analises e melhoria continua da prestação
do pacote de valor;

163
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

2 . ME TO DOLOGIA (1985), Taylor (1988), Taguchi (1986), Juran


(1990), Deming (1990) e Ishikawa (1991).
Para atingir o objetivo faz-se necessário o
desenvolvimento dos seguintes tópicos: Para Paquette et al. (2012), qualidade é um
conceito multifacetado e de diversas defi-
a ) Por revisão bibliográfica, identificar os nições. Juran (1990) associa qualidade à
atributos que irão compor a estrutura do adequação ao uso; já Crosby (1984), parte
modelo matemático de mensuração de da perspectiva da conformidade com
nível de satisfação do cliente; as especificações. Deming (1990) atenta
ainda que a qualidade pode ser perce-
b) Realização da pesquisa de satisfação
bida por duas óticas: a do produtor e a
junto ao cliente para coletar os dados dos
do consumidor, relativizando as análises
atributos;
sobre a mesma que, quando feita pelo
c) Transmutação de tais atributos em cliente, o conceito associa-se à utilidade
variáveis de entrada Fuzzy; e valor perceptíveis no produto; já pela
ótica do produtor, o conceito associa-se
d) Proceder com a submissão dos valores à produção e à concepção do produto,
às regras lógicas de inferência; que relacionam-se com as necessidades e
expectativas do cliente.
e) Obtenção do grau de satisfação do
cliente a partir do processo de Defuzzyfi- Nesse contexto, o conceito de qualidade, na
cação das variáveis advindas das regras condição de analise à luz da percepção do
lógicas, de forma integrada, atribuindo-lhe cliente, tem natureza multivalente. Podendo
um valor a única saída. somente ser concebida pelo estudo de
diversificados conceitos interconectados de
3 . RE FER ENCIAL percepção de agregação de valor ao objeto
TEÓRI CO analisado, ou seja, dos atributos intrinseca-
mente associados ao objeto.
Para subsidiar o entendimento da pesquisa
foi realizado um estudo sobre os conceitos de Do ponto de vista da qualidade em
qualidade percebida e satisfação do cliente, produtos, a mensuração de indicadores e
Teoria Fuzzy e Redes Neurais Artificiais. aperfeiçoamento de processos dá-se de
forma mais clara e precisa, as regras do

3.1 Q UA L I DA DE P E R C E - jogo são tangíveis e de mais fácil gerencia-

BIDA E SAT I S FAÇÃO D O mento. No entanto, tão logo a relação anali-

C L IE N T E sada seja cliente e prestação de serviços, as


regras passam a não ser tão claras, o teor
Estudos sobre o conceito de qualidade subjetivo das análises aumenta, tornando
datam do século passado, sendo teorizada o processo de gestão do empreendimento
por Fiegenbaum (1951), Crosby (1984), Peters mais dificultado. A base de mensuração

164
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

da qualidade torna-se, portanto, o nível de 3.2 TEOR I A F UZZY


percepção que o cliente possui em relação
ao serviço consumido. A delimitação de conjuntos, à luz da lógica
clássica, definia-se por uma metodo-
Estudos relevantes que abordam quali- logia cartesiana e, portanto, objetiva. Por
dade em serviços como conceito percebido meio dessa perspectiva, a análise dos
pelo cliente podem ser citados nas obras elementos de um conjunto dava-se de
de Hunt (1977), Oliver (1989), Albrecht modo claro, e dessa forma, sem permitir
(1992), Gitlow (1993), Gianesi et al. (1994), “meio termos”. Um exemplo clássico para
Lima Junior (1995), Fornell (1996), Barros ilustração de tal dá-se pelos elementos do
(1996), Kotler et al. (2002), Serrano (2003), conjunto de “Pessoas” em relação às suas
Fitzsimmons et al. (2004) Bandeira (2005), “Idades”. Permite-se dizer que uma pessoa
Grosling (2006) e Cardoso (2006). de 59 anos pode ser considerada madura,
traçando-se, assim, um padrão bem deli-
Nesse contexto, a presente pesquisa utili-
mitado para as jovens e idosas. Pelo
zará o conceito de qualidade percebida pelo
pensamento clássico, temos a seguinte
cliente de megaeventos esportivos como
configuração para o conjunto de idades de
instrumento de obtenção do nível de satis-
pessoas, a seguir na figura 1.
fação percebido, por meio do consumo
desses serviços prestados em tais eventos,
ocorridos no estádio do Maracanã, na
cidade do Rio de Janeiro.

Figura 1 – Representação clássica do conjunto Pessoas e suas idades

Fonte: Elaboração própria

Nota-se, pela observação da figura 1, que que a idade de 59 anos flutue por ambas
uma pessoa de 59 anos, pelo olhar da lógica as noções de “Pessoas Maduras” e “Pessoas
clássica, é considerada como uma pessoa Idosas”, por meio do entendimento provido
madura. Observa-se, também, que ainda pela lógica tradicional, tal noção se perde.

165
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

E, para resgatar esse teor de significado que (2005) abordam a questão do tratamento
a lógica tradicional deixa de considerar nas para esse tipo de questão levantada no
análises de conjuntos, os estudos sofreram exemplo da figura 2, indagando-se a possi-
notórias mutações ao longo do tempo bilidade de trabalhar com a noção de
para abordar tais questões esquecidas. verificação dos “ínterins” da análise, e daí
Autores como Zadeh (1965), Zimmerman nasce a noção de grau de pertinência. Tais
(1976), Dubois (1980), Buckley (1984), ínterins dos conjuntos, repletos de senso
Bocklish (1987), Altrock (1993), Bandemer comum e subjetividade, passam a ganhar
(1993), Demant (1993), Hans-Heinrich tratamento à luz da Teoria Fuzzy.
(1995), Biewer (1997), Lazzari (1998), Kwak,
Ainda no exemplo da figura 2, vista por
W. et al (2003), Dalinghaus (2005) e Huftle
meio da Teoria fuzzy, tem-se o seguinte:

Figura 2 – Representação Fuzzy do conjunto Pessoas e suas idades

Fonte: Elaboração própria, 2016

Logo, a Teoria Fuzzy trata de uma das inteligentes, detentores de capacidade de


áreas da Pesquisa Operacional, especifica- aprendizado por meio da experiência: As
mente em Inteligência Artificial, que viabi- Redes Neurais Artificiais.
liza o tratamento de dados imprecisos, de
alta complexidade de análise, por meio 3.3 R ED ES NEURAI S
do uso da noção de graus de pertinência AR TI FI CI A I S
associados aos conjuntos nebulosos.
Torna capaz, dessa forma, o tratamento Estudos relevantes que abordam Redes
de problemas de cunho complexo do coti- Neurais Artificiais (RNA) como estrutura
diano do ser humano de maneira a obje- de conexões integradas podem ser citados
tivar tais imprecisões, transmutando-as nas obras de McCulloch e Pitts (1943),
em variáveis numéricas. Hirota e Pedrycz (1994), Lin (1995), Bailey e
Ye-Hwa (1998), Paiva (1999), Souza (1999),
A seguir, será abordado o conceito de Oliveira et al. (1999), Huamani (2003),
um modelo computacional baseado em Medeiros (2003), e Pedrycz (2006),
redes de conexões integradas de inspi-
ração em estrutura neural de organismos As RNAs, como citado anteriormente, são

166
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

caracterizadas por conexões entre atri- do tratamento das camadas de Fuzzyfi-


butos, cuja estruturação tem inspiração cação, Inferência e Defuzzyficação,.
no raciocínio humano, dotadas de capaci-
dade de processamento de informações 4 . A EST RU T U RAÇÃO
para decodificar eventos complexos do DO M O DELO
mundo à nossa volta. São compostas por
neurônios, unidades menores de proces- Foram consultados, para delimitação dos
samento e organizadas em camadas, que atributos de qualidade percebida a serem
se relacionam entre si. investigados na pesquisa, o Guia de Reco-
mendações de Parâmetros e Dimensio-
Tais neurônios, em sua forma básica, namento para segurança e conforto em
podem ser dispostos em uma sequencia estádios de futebol (2016), o Guia de Clas-
de n entradas que representam as variá- sificação de Estádios (2003), o Legacies of
veis de entrada, resultando em uma única sports megaevents (2008) e identificaram-se
saída correspondente. os seguintes atributos:

Sucena (2016 apud Huamani, 2003) _ Comunicabilidade: Presença de Infor-


atentam para a classificação dos neurô- mação visual e sonora; Adequada ilumi-
nios lógicos and e or, que contemplam nação de segurança nas instalações e
as noções de composições triangulares, disponibilidade de agentes para prestar
de modo a considerar dois vetores de informações;
uma única dimensão. Sucena (2016 apud
Oliveira et al., 1999) complementam ainda _ Conforto: Presença de bem estar térmico
sobre a noção de cronologia de etapas e acústicos nas instalações e a presença de
de confecção de raciocínio, composta por serviços e/ou instalações complementares
dimensões denominadas camadas. Tais (Fraudário, telefones, banheiros etc);
camadas podem ser identificadas como: A
_ Tempo: Quantidade de tempo em filas
camada de variáveis ou de Fuzzyficação, na
lanchonetes/restaurantes e em filas de
qual transformam-se variáveis de input em
ingresso;
variáveis fuzzy; a camada Intermediaria, na
qual as variáveis fuzzyficadas passam pelo _ Condições Sanitárias: Condições de
tratamento de regras de inferência e a higienização das instalações; Presença de
camada de Defuzzyficação, processo pelo serviços de primeiros socorros e condição
qual obtém-se a saída. da limpeza das adjacências ao estádio;

A próxima seção tratara da implementação _ Segurança: Confiabilidade em segurança


do material coletado junto às entrevistas publica e confiabilidade na segurança
com clientes finais do estádio do Maracanã, interna dos estádios;
parte do objeto de estudo dessa pesquisa,
segundo à submissão do mesmo às regras _ Infraestrutura Complementar: Instala-
ções de maquinas lanches; Presença de

167
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

lanchonetes/restaurantes dentro e nas presença de instalações adaptadas a porta-


adjacências ao estádio e presença de insta- dores de necessidades especiais.
lações de acomodação nas adjacências do
E, as percepções desses atributos qualitativos
estádio (Hotéis, pousadas, Albergues);
foram observadas no conjunto de 61 entre-
_ Preço: Relação custo/benefi cio do valor vistas realizadas com usuários dos serviços
pago pelo ingresso, comidas e bebidas e prestados pelo estádio do Maracanã.
souveniers e;
A fi gura 3 representa o agrupamento dos
_ Acessibilidade: Facilidade de acesso as atributos supracitados na rede neural arti-
instalações; facilidade de acesso a modais; fi cial (RNA) que modela o problema.

Figura 3– Representação da RNA

Fonte: Elaboração própria

4 .1 P ROC E SSA M E N TO discurso de cada um, seus termos linguís-


D E CO N V E R SÃO ticos e graus de pertinência que regem o
D OS ATR I B U TOS E M quanto cada termo está presente em cada
VA RIÁV E I S D E E N TRA DA atributo. Os resultados dessa etapa, para o
F U ZZ Y processamento do atributo “Facilidade de
Acesso às Bilheterias”, podem ser encon-
Nessa etapa, convertem-se os atributos trados na tabela 1.
da RNA em variáveis de entrada Fuzzy,
identifi cando os respectivos universos de

168
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

Tabela 1 – Representação da conversão do atributo Facilidade de Acesso à bilheteria em


variável de entrada Fuzzy
Atr i b uto Te r mos Linguísticos Grau de pertinênc ia
Ruim (1/0;1/30;0/40)
Facilidade de acesso à Regular (0/30;1/40;1/80;0/90)
bilheteria
Excelente (0/80;1/90;1/100)

Fonte: Elaboração própria, 2016

A conversão dos demais atributos da RNA Em seguida, procede-se com a obtenção da


segue o mesmo processamento da tabela frequência absoluta das respostas adqui-
1, com os devidos ajustes em seus respec- ridas pelo google forms, como na tabela 2.
tivos universos de discurso, tal como
termos linguísticos e graus de pertinência.

Tabela 2 – Frequência Absoluta para a pergunta 1


Te rm o s L i ng uí st i co s R UIM REGULAR EXCELENTE TOTAL
Pergunta 1 18 30 13 61
Fonte: Elaboração própria, 2016

As demais frequências absolutas, corres- Em seguida, procede-se com a obtenção


pondentes ao processamento das das funções de pertinência com as entradas
perguntas 2 a 23, seguem o modelo da crisp (valores máximos), como no exemplo
tabela 2. da tabela 3.

Tabela 3 – Função de Pertinência com entradas CRISP para a pergunta 1


Te rmos
F re- M o nt a ge m pa ra
L in - Universo de Va l o r
Função quê n- ca da te rm o l i n-
g u íst i- dis curso m á x i mo
cia guí st i co
co s
Rampa
Ruim 0 0 20 30 18 0 0 360 540 180
Esquerda
Regular Trapézio 20 30 60 70 30 600 900 1800 2100 1350
Rampa
Excelente 60 70 100 100 13 780 910 1300 1300 1105
Direita
Valor máximo do
61 43.20
trapézio fuzzy
Fonte: Elaboração própria, 2016

As demais funções de pertinência, universos de discurso e termos linguís-


correspondentes ao processamento das ticos e cujos valores máximos do trapézio
perguntas 2 a 23, seguem o modelo da podem ser conferidos na tabela 4, a seguir:
tabela 3, com seus respectivos ajustes em

169
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

Tabela 4 – Valores máximos do trapézio das funções de pertinência para as perguntas 2 a 23


Va l o r má xi mo do Valor m áxim o
Pe rg u nt a s Perguntas
t ra p ézio do trapézio
P2 53,44 P13 50,66
P3 44,10 P14 46,72
P4 50,41 P15 43,36
P5 46,07 P16 42,76
P6 52,05 P17 49,43
P7 35,82 P18 26,31
P8 47,13 P19 34,59
P9 47,13 P20 50,33
P10 51,72 P21 48,36
P11 58,52 P22 49,10
P12 53,93 P23 40,41
Fonte: Elaboração própria, 2016

Obtem-se, assim, as variáveis de entrada crisp como entradas agregadas para a


para cada um dos neurônios da RNA. composição do neurônio. Prossegue-se
com o processamento de fuzzyficação

4 . 2 O PR OC E SSO e submissão dos elementos às regras

D E FU ZZ Y F I CAÇÃO, de inferência, afim de gerar os outputs

IN FE RÊ NC I A E advindos da deffuzyficação. O quadro 1,

D E FU ZZ Y F I CAÇÃO a seguir, representa tal operação para a


obtenção da saída do neurônio “Conforto”.
Em seguida, utilizam-se os valores máximos

Quadro 1 – Processo de fuzzyficação, inferência e deffuzyficação do neurônio Conforto


Neu rô ni o Co nfo rto

En t rad as
Infe rê n- De-
C RI SP Fuzzyf i ca ç ã o
c i a (OU ) Fuz z yf.
ag re g ad as
Sa í da
Pe rgun- C ri s p
Pe rg u n t as Pergunt a s
tas
P17 P1 2 P1 7 P1 2
P17 P 12 R E R E
P P
3 0- 60 - 20 - 70 -
0-40 0 -30
70 100 80 100

49.43 53.93 0.00 0.97 0.00 0.00 0.87 0.00 0.97 0.87 51.55

Fonte: Elaboração própria, 2016

170
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

As demais saídas crisp defuzzificadas dos modelo do quadro 1. Tais saídas podem ser
demais neurônios da RNA, seguem o mesmo encontradas na tabela 5, a seguir.

Tabela 5 – Saídas deffuzyficadas dos demais neurônios da RNA


N e urô ni o Saídas Crisp Deffuzific adas
Condições Sanitárias 51.48
Preço 32.09
Acessibilidade 47.35
Comunicabilidade 49.47
Segurança 49.50
Tempo 43.07
Infraestrutura Complementar 45.66
Fatores de Desempenho Operacional 45.58
Fatores de Desempenho Social 50.48
Nível de Satisfação do Cliente 48.21
Fonte: Elaboração própria, 2016

E, por fim, obtem-se o último neurônio da


RNA, “Nível de satisfação do cliente”, repre-
sentado na figura 4.

Figura 4 – Representação do Nível de satisfação do cliente

Fonte: Elaboração própria, 2016

5. RE S ULTADOS E que o gerenciamento dos fatores que

CONSI DERAÇÕ ES influenciam a percepção do cliente acerca

F INAIS da qualidade dos serviços prestados, espe-


cificamente no caso estudado de megae-
A preocupação essencial das organizações, ventos esportivos, realizados no estádio
em tempos de acirrada concorrência, é a do Maracanã, impactam diretamente em
busca de meios de obter vantagem compe- seu nível de satisfação com a prestação do
titiva para tornar seus serviços cada vez serviço adquirido.
mais atraentes e aderentes às necessi-
dades e expectativas do cliente. Concluímos, por meio do tratamento de
variáveis complexas sobre a percepção
O presente trabalho partiu da premissa do cliente da qualidade dos serviços pres-

171
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

tados, transmutando-as em variáveis [4]. BANDEMER, H.; GOTTWALD, S.


numéricas, por meio do uso da Teoria Einführung in Fuzzy-Methoden. 4. Aufl.,
Fuzzy e de RNA, que o nível de satisfação Akademie-Verlag, Berlin, 1993.
do cliente é de 48,21%, traduzindo-se em
termos linguísticos, em um nível “regular”. [ 5] . BARROS, C., D`Artagnan, C.  Exce-
lência em serviços, questão de sobrevi-
Tal aplicação demonstra que técnicas de vência no mercado. São Paulo: Quality-
Pesquisa Operacional podem auxiliar aos mark, 1996.
tomadores de decisão junto ao plane-
jamento e compreensão dos processos [ 6] . BIEWER, B. Fuzzy-Methoden,

influenciadores da percepção do cliente Springer, Berlin, 1997.

dos pacotes de valor adquiridos.


[ 7] . BOCKLISH, S. Prozeßanalyse mit
A pesquisa contemplou fatores influencia- unscharfen Verfahren, Akademie-Verlag,

dores da percepção do cliente de megae- Berlin, 1987.

ventos esportivos, por meio do estudo


[ 8] . BUCKLEY, J. The multiple judge,
do conceito de qualidade percebida, da
multiple criteria ranking problem: A
Teoria fuzzy e de RNA para a compreensão
fuzzy set approach. Fuzzy Sets and Systems,
e conversão de elementos complexos em
v.13, p.25-37, 1984.
numéricos, que compuseram o valor final
do nível de satisfação do cliente. [ 9] . CARDOSO, B. C., 2006, Qualidade
de Serviço no setor de transportes sob

6. RE FER Ê NCIAS a ótica da Teoria de Topoï. Dissertação


de M. Sc., Universidade Federal do Rio de
[ 1] . ALBRECHT, Karl e BRADFORD, Janeiro, Programa de Engenharia de Trans-
Lawrence J.  Serviços com qualidade:  a portes, Rio de Janeiro, Brasil.
vantagem competitiva. São Paulo: Makron
Books, 1992. [ 10] . CROSBY, P.B. Quality without
tears. Mc-Graw-Hill, New York, 1984.
[ 2 ] . BAILEY, S. A.;Ye-Hwa C. (1998). “A Two
Layer Network using OR/AND Neuron”, [ 11] . DALINGHAUS, K. Realisierung

IEEE World Congress on Computational und Optimierung eines Neuro-Fuzzy

Intelligence, 1998. Systems zur Erkennung rhythmischer


Muster. PICS-Verlag. Osnabrück, 2005.
[ 3 ] . BANDEIRA, R et al., 2005, “A Quali-
dade no Serviço de Transporte Turístico: [ 12] . DEMANT, B. Fuzzy-Theorie oder
O Caso da Linha Turismo de Porto Alegre”. die Faszination des Vagen. Vieweg Verlag,

In: XIX Congresso de Pesquisa e Ensino em Braunschweig, 1993.

Transporte, ANPET, Recife.


[ 13] . DEMING, W E Quality, Productivity
and Competitive Position. MIT Center for
Advanced Engineering Study, Cambridge

172
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

University, 1982. [ 22] . GITLOW, H., S., 1993, Planejando a


qualidade, a produtividade e a competi-
[ 14 ] . DUBOIS, D.,PRADE, M. Fuzzy Sets
tividade. Rio de Janeiro, Qualitymatk
and Systems, Academie Press, New York,
1980. [ 23] . GROSLING, M e Brito, B. Dimen-
sões da Qualidade de Serviço, Satis-
[ 15 ] . FIEGENBAUM, A.V. Quality Control:
fação e Lealdade: Um Modelo Teórico,
Principles, Practices and Administration,
2006. In: Encontro Nacional de Engenharia
McGraw-Hill, 1951.
de Produção ENEGEP, 2006. Fortaleza.
[ 16 ] . FITZSIMMONS, J. A. e FITZSIM-
[ 24 ] . HELL, M.B., (2006). “Abordagem
MONS, M. J.  Administração de Serviços.
Neurofuzzy para Modelagem de
São Paulo: Bookman, 2004.
Sistemas Dinâmicos Não Lineares”,
[ 17 ] . FORNELL, C. A National Customer Programa de Pós-graduação em Eng.
Satisfaction Barometer: The Swedish Elétrica. UNICAMP, Cap. 2 p. 7-38, outubro
Experience. Journal of Marketing, v. 56, p. 2006.
6-21, January, 1992.
[ 25] . HIROTA, K. and Pedrycz, W., (1994).
[ 18 ] . FORNELL, C et al. The American “OR/AND neuron in modeling fuzzy set
Customer Satisfaction Index: Nature, connectives”, IEEE Trans. Fuzzy Syst., vol.
Purpose, and Findings. Journal of Marke- 2, pp. 151–161, 1994.
ting, v. 60, p. 7-18, October, 1996.
[ 26] . HUFTLE, M. Methoden der
[ 19 ] . FUNDACAO GETULIO VARGAS. unscharfen Optimierung. Vieweg, Wies-
Guia de Recomendações de Parâmetros baden. 2005.
e Dimensionamento para segurança e
[ 27] . HUNT, H. K. “CS/D-Overview and
conforto em estádios de futebol. Dispo-
Future Research Direction”. In: Concep-
nível em: http://www2.esporte.gov.br/fute-
tualization and Measurement of Costumer
bolDireitosTorcedor/pdf/guiadeRecomen-
Satisfaction and Dissatisfaction, H. K. Hunt,
tadacoesdeestadios.pdf. Acessado em 17
ed: Cambridge, MA: Marketing Science
de abril de 2016.
Institute, 1977.
[20]. GIANESI, I. G. N., CORRÊA, L.
[ 28] . ISHIKAWA, K. Introduction to
H.  Administração estratégica de
Quality Control. Chapman and Hall, 1991.
serviços. São Paulo: Atlas, 1994.
[ 29] . JURAN, J.M. Juran planejando para
[ 2 1 ] . GHOBADIAN, A. et al. 1994, “Service
a qualidade. São Paulo: Pioneira. 1990.
Quality: Concepts and Models”,Inter-
national Journal of Quality & Reliability [ 30] . KOTLER, P et al. Marketing de
Management, v. 11 n. 9, pp.43 – 66 Serviços Profissionais – Estratégias
inovadoras para impulsionar sua ativi-

173
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

dade, sua imagem e seus lucros. 2ª [ 38] . OLIVER, R. L. Satisfaction: a beha-


Edição. São Paulo: Manole, 2002. vioral perspective on the consumer. New
York.
[ 3 1 ] . LAZZARI L. L et al. Teoria de la
decisón fuzzy. Ediciones Macchi, Buenos [ 39] . PAQUETTE, J. et al. 2012, Measuring
Aires, 1998. quality of service in dial-a-ride opera-
tions: the case of a Canadian city. Trans-
[ 3 2 ] . LI, Hong Xing; YEN, V. C. Fuzzy Sets
portation ,v. 39,pp. 539– 564.
and Fuzzy Decision-making, ISBN 0-8493-
8931- 3, CRC Press, USA, 1995. [ 4 0] . PEDRYCZ, W; Reformat, M. and Li, K.,
(2006). “OR/AND Neurons and the Devel-
[ 3 3 ] . MCCULOCH, W. S. and PITTS, W.
opment of Interpretable Logic Models”,
H. (1943). “A logical calculus of the ideas
IEEE Transactions Neural Network, vol. 17,
immanent in nervous activity”, Bulletin
maio, 2006.
of Mathematical Biophysics, 5, 115–133,
1943. [ 41] . PETERS, T.J. et al. A passion for
Excellence. Random House Inc. New York,
[ 3 4 ] . MCGRAW, H. 1997. OLIVER, R. L.
1985.
Processing of the satisfaction response
in consumption: a suggest framework [ 4 2] . SERRANO, D. P., 2003, Percepção
and research propositions. Journal of e o Processo de Compra. Disponível em:
Consumer Satisfaction/Dissatisfaction and <www.portaldomarketing.com.br>. Aces-
Complaining Behavior, vol. 2, 1989, p. 1-16. sado em 12 de abril de 2016.

[ 35 ] . MINISTERIO DO ESPORTE. Guia de [ 4 3] . SHI, Y. and Y. H. Liu. Fuzzy Poten-


Classificação de Estádios. Disponível em: tial Solutions in Multicriteria and Multi-
http://www.esporte.gov.br/arquivos/snfut/ constraints Levels Linear Programming
Sisbrace/SISBRACE_LIVRETO.pdf. Acessado Problems. Fuzzy Sets and Systems 60,
em: 17 de abril de 2016. 163–179. 1993

[ 3 6 ] . MINISTERIO DO ESPORTE. Lega- [ 4 4] . SCHNEIDER, B., WHITE, S.S., 2004,


cies of sposts mega-events http://www. Service Quality Research Perspectives.
esporte.gov.br/arquivos/ascom/publica- SAGE Publications, Inc.
coes/Legados%20de%20Megaeventos%20
Esportivos_Portugus_e_Ingls.pdf. Acessado [ 4 5] . SELLITTO, M. A. R., RIBEIRO, J. L. D.,
em: 17 de abril de 2016. 2004, Construção de indicadores para
avaliação de conceitos intangíveis em
[ 37 ] . OLIVEIRA Jr., Hime Aguiar. Lógica sistemas produtivos. Gestão & Produção,
Difusa – Aspectos Práticos e Aplicações. v.11, n 1, pp.75-90.
192 pgs. Editora Interciência, Rio de Janeiro,
1999. [ 4 6] . SUCENA, M. Métodos Matemáticos
Aplicados a Engenharia. In: Sucena Eng.

1 74
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

Disponível em: http://www.sucena.eng.br/


eng_producao/2016/UNESA_M%C3%89T_
MAT_APL_ENG_PROD_2016_1.pdf. Acesso
em 18 de abril de 2016.

[ 47 ] . TAGUCHI, G. Introduction to
Quality Engineering, Asian Productivity
Organization, Tokyo, 1986.

[ 4 8 ] . TANAKA, K., An Introduction to


Fuzzy Logic for Practical Applications.
Ed.Springer, Nova York, 1997.

[ 49 ] . TAYLOR, JR Quality Control


Systems: Procedures for planning Quality
Control Programmes, McGraw-Hill, 1988

[ 5 0 ] . ZADEH, L.A. (1965). Fuzzy Sets. Inf.


& Control, 8. 338-353.

[ 5 1 ] . ZADEH, L.A. Similarity relations and


fuzzy orderings. Inform. Sci., 3. 177-200.

[ 52 ] . ZIMMERMANN, H.J. Unscharfe


Entscheidungen und Multi-Criteria Analyse,
in: Proceedings in OR, Wurzburg 1976, pp.
99-116.

175
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

ANEXOS

176
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

177
M é t o d o s Q u a n t i t a t i v o s - P e s q u i s a O p e r a c i o n a l - Vo l u m e 1

178
Autores
AUTORES
Otaviano Francisco Neves (organizador)
Doutor em Geografia - Tratamento da Informação Espacial - PUC Minas (2015), Mestre (2001)
e Bacharel (1997) em estatística pela UFMG. Professor da Pontifícia Universidade católica
desde 2001/02. Membro do Colegiado do Curso de Administração (2015-2018). Coordenador
de Extensão do curso de Ciências Contábeis unidade Barreiro (Desde 2007). Membro da
comissão de assessoramento técnico da CPA (2007 - 2015). Representante da unidade
Barreiro na Comissão Permanente de Avaliação - CPA (2008-2010). Consultor estatístico com
mais de 15 anos de experiência nas áreas de informação, relacionamento com o cliente (Call-
Center) e Marketing. Experiência em métodos estatísticos de previsão, modelos de
insolvência (credit scoring e behaviour scoring), estatística aplicada, análise multivariada,
simulação, planejamento, projetos e finanças. Professor de vários cursos de Graduação e Pós
Graduação nas áreas de estatística básica e avançada. Interesse atual em métodos
quantitativos aplicados à avaliação institucional e docente, ao turismo, à geografia,
informática e ao ensino.

Adriano Mendonça Souza


Graduado em Matemática (Faculdade Imaculada Conceição), Especialização em Estatística e
Modelagem Quantitativa (Universidade Federal de Santa Maria) e Mestrado em Engenharia
de Produção (UFSM). Doutorado em Engenharia de Produção (Universidade Federal de
Santa Catarina - SC) e neste período atuou como pesquisador na Texas A & M University (TX
AUTORES

- USA), realizou post-doc no Instituto Superior da Ciência do Trabalho e da Empresa - ISCTE


- Business School - Lisbon Institute - Portugal. Atualmente é Professor Titular do
Departamento de Estatística (UFSM) atuando nos curso de Especialização em Estatística e
Modelagem Quantitativa (UFSM) e no Mestrado em Engenharia de Produção (UFSM) assim
como nos demais cursos de graduação da instituição. A partir de 2007 passou a ser
avaliador de curso e avaliador institucional do MEC, além de ser referri de várias revistas
científicas. Faz parte do corpo editorial da Revista Ciência e Natura e membro do comitê
editorial da Editora-UFSM. As área de interesse são estatística aplicada, controle de
qualidade, análise de séries temporais, análise multivariada, pesquisa operacional e gerência
de produção e avaliações de políticas públicas por meios de modelos econométricos.

Adson S. Rocha
Adson Silva Rocha é Doutor em Engenharia Elétrica (2013) pela Universidade de Brasília
(UnB) e, atualmente, é professor e pesquisador no Instituto Federal Goiano (IFGoiano). Seus
interesses de pesquisa incluem computação aplicada, experiência de usuário e inteligência
computacional.

Alencar Servat
Tecnólogo em Gestão de produção industrial, Bacharel em Engenharia de produção pela
UTFPR , especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho, Mestrando em Tecnologias
Computacionais para o Agronegócio UTFPR. Atualmente Professor de Magistério Superior
substituto na UTFPR-MD CREA-PR 149971/D.

Aliomar Lino Mattos


ALIOMAR LINO MATTOS é: Professor Adjunto nível II DE na Universidade Federal do Espírito
Santo (UFES). Graduado em Ciências Contábeis.Pós-graduação latu sensu em Marketing
Empresarial. Pós-graduação Strictu Sensu em Ciências Contábeis pela Fucape Business
School. Doutor em Engenharia de Produção pela Universidade Metodista de Piracicaba-
Unimep. Sua atuação como docente e de pesquisa volta-se aos usuários internos da
Contabilidade. Já atuou no mercado nas áreas de custos e formação de preço de venda.
Bruno Costalonga Leite
Graduação em andamento em Engenharia de Controle e Automação. Universidade
Tecnológica Federal do Paraná, UTFPR, Brasil

Camila Ciello
Graduanda em Engenharia de Produção na Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Cássio L. Ribeiro
Cássio Landim Ribeiro é Mestre em Engenharia da Computação (2017) pela Universidade
Federal de Goiás (UFG) e, atualmente, é desenvolvedor de software autônomo. Seus
interesses de pesquisa incluem computação aplicada, engenharia de software e inteligência
computacional.

Cristiane Melchior
Possui graduação em Administração pela Fundação Educacional Machado de Assis (2016), e
é mestranda em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Maria, início
em 2017. Atualmente é pesquisadora da Universidade Federal de Santa Maria. Tem
experiência na área de Administração, atuando principalmente nos seguintes temas:
AUTORES

capacitação, sustentabilidade, negócio, gestão do conhecimento e tecnologia.

Cristiano Ziegler
Possui graduação em Planejamento e Gestão para o Desenvolvimento Rural pela
Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS (2013) e graduação em Engenharia
Mecânica pela Faculdade Horizontina - FAHOR (2014). Experiência profissional adquirida
através de três estágios, em uma Propriedade Agrícola, uma Agroindústria Familiar e em uma
Indústria Metalúrgica, além de experiência como sócio em uma propriedade familiar.
Atualmente é aluno de Pós-graduação no Mestrado em Engenharia de Produção na
Universidade Federal de Santa Maria - UFSM, e Pesquisador Bolsista (CAPES) no Laboratório
de Análise e Modelagem Estatística (LAME) na mesma universidade.

Dayse Kellen Ferreira de Oliveira


Estudante de engenharia industrial na Universidade Federal do Pará campus de Abaetetuba
e técnica em Segurança no trabalho com experiência profissional em empresas da região do
polo industrial de Barcarena/PA.

Denner M. de Carvalho
Denner Monteiro de Carvalho é Mestre em Engenharia Elétrica (2017) pela Universidade
Federal de Goiás (UFG). Suas áreas de interesse englobam sistemas elétricos de potência,
distribuição de energia elétrica e otimização de processos.

Diego Marques Cavalcante


Estudante de engenharia industrial na Universidade Federal do Pará campus de Abaetetuba,
técnico ambiental formado pelo instituto Federal do Pará, dedicando-se à sistemas de gestão
integrada: Qualidade, Segurança e Ergonomia.
Diene Maria Oliveira
Graduada em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Em 2014,
participou do projeto de extensão e cultura como bolsista, intitulado “Programa de Educação
Socioambiental para a Formação Cidadã e Preservação do Meio Ambiente”, realizado pela
Universidade Federal de Goiás – Regional Catalão (UFG). Participou também do 11º
Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão (CONPEEX), no ano de 2014 e foi contemplada
com o Prêmio Extensão e Cultura/UFG como melhor trabalho da Regional Catalão intitulado
"Coleta Seletiva, Reciclagem e Sustentabilidade: Formação de Recursos Humanos em
Educação Ambiental. Atualmente trabalha como Supervisora Administrativa em uma empresa
de médio porte.

Elias Rocha Gonçalves Júnior


Mestrando em Engenharia de Produção, sendo bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior – CAPES. Pós-graduado em Docência do Ensino Superior pelo
Instituto Brasileiro de Ensino (IBE). Graduado em Engenharia Mecânica pela Universidade
Candido Mendes (UCAM - Campos). Pesquisador no Grupo de Pesquisa Interinstitucional de
Desenvolvimento Municipal/Regional - ITEP/UENF/UNIFLU, da Universidade Estadual do
Norte Fluminense Darcy Ribeiro em parceria com o Centro Universitário Fluminense - UNIFLU.
Atualmente, é Professor Instrutor I na Universidade Candido Mendes – Campos (UCAM -
Campos), ministrando as disciplinas Metrologia Automotiva, Motores Ciclo Otto, Manutenção
AUTORES

em sistemas de Suspensão e Manutenção em sistemas de Freios. Tem experiência e


pesquisas na área de Engenharia Mecânica e Engenharia de Produção, com ênfase em
Energias Renováveis, Manutenção Industrial, Mineração de Dados, Planejamento Estratégico,
Motores à Combustão e Gestão Sustentável. É palestrante, autor de livros e membro da
Associação Brasileira de Engenharia e Ciências Mecânicas (ABCM).

Fabiana Costa de Araujo Schutz


Possui graduação em Engenharia Agrícola pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná
(2001), mestrado em Engenharia Agrícola pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná
(2004) e Doutorado em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Campina Grande
(PB) (2014). Atualmente é professora do ensino superior da Universidade Tecnológica
Federal do Paraná. Tem experiência na área de Recursos Hídricos e energéticos, com ênfase
em Hidráulica, simulação em redes neurais aplicada a recursos hídricos e ensino.

Fernando Henrique Lermen


Engenheiro de Produção Agroindustrial pela Universidade Estadual do Paraná - Campus de
Campo Mourão. Mestrando em Engenharia de Produção pela Universidade Federal do Rio
Grande do Sul. Têm experiência em Modificação de Amidos (Pré-Gel, Catiônico, Aniônico,
Hidrofóbico e Oxidado) com aplicações em indústria de fécula, frutas, papel e celulose.
Pesquisador do GMPAgro - Grupo Multidisciplinar de Pesquisas Agroindustriais da
UNESPAR. Estudante Pesquisador do GEDEPRO - Grupo de Gestão em Projetos de Produto
da UFRGS.

Fernando Nascimento Zatta


Professor do Mestrado Administração - Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Pós-
Doutorado em Administração (UMESP). Doutor em Engenharia de Produção (UNIMEP).
Mestre em Contabilidade (FUCAPE). Mestre em Finanças (FUCAPE). Pós-MBA em
Inteligência Empresarial (FGV). Especialista em Engenharia de Produção (UFES). Especialista
em Contabilidade (FGV). Graduado em Ciências Contábeis (UVV). Graduado em Ciências
Econômicas (ncUVV)
Gabriela De Nadai Mauri
Graduanda em de Engenharia de Produção - Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).
Possui experiência em planejamento, desenvolvimento e condução de projetos e pesquisas
científicas.

Gabriella Ragazzi Costa


Graduação em andamento em Engenharia de Controle e Automação. Universidade
Tecnológica Federal do Paraná, UTFPR, Brasil

Gustavo de Souza Matias


Engenharia de Alimentos pela Universidade Estadual de Maringá. Estudante Pesquisador do
GMPAgro - Grupo Multidisciplinar de Pesquisas Agroindustriais. Mestrando em Engenharia
de Alimentos Pela Universidade Estadual de Maringá.

Hércules André da Costa e Silva


Mestre em Engenharia de Produção (UFAM), Pós-Graduação em Engenharia de
Planejamento (PROMINP/UFAM) e graduação em Engenharia Elétrica (UFAM). Foi
subcoordenador do Núcleo de Informação Biotecnológica no Centro de Biotecnologia da
AUTORES

Amazônia. Atualmente é Coordenador do curso de Engenharia de Produção (UNINORTE). Foi


pesquisador do Instituto Nokia de Tecnologia (INdT), atuando na Engenharia Industrial,
desenvolvendo soluções na área da logística, otimização e modelagem & simulação. Foi
pesquisador: do Laboratório de Pesquisa Operacional (UFAM), do projeto THECNA
(Transporte Hidroviário e Construção Naval na Amazônia)/ UFAM e do NTC /UFAM - onde
desenvolveu projetos voltados a logística do transporte aquaviárioe construção naval.

Iago Lucas de Oliveira Leão Teixeira


Bacharel em Engenharia de Produção (UNINORTE LAUREATE). Atuou como pesquisador
ativo em projeto de pesquisa da Iniciação Científica (IC) do Programa Institucional de Bolsas
de Iniciação Científica (PIBIC) pela UNINORTE LAUREATE com o tema sistema operacional,
inovação, tecnologia e transporte público. Participa de pesquisas cuja temática se refere ao
meio ambiente, sustentabilidade, desenvolvimento e responsabilidade social.

Ícaro Romolo Sousa Agostino


Engenheiro de Produção pela Universidade Ceuma (2016). Mestrando em Engenharia de
Produção pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Atualmente é Pesquisador
Bolsista (CAPES) no Laboratório de Análise e Modelagem Estatística da UFSM. Tem
experiência na área de Engenharia de Produção, com ênfase em Simulação de Eventos
Discretos, Métodos Quantitativos para tomada de Decisão e Previsão Aplicada.

Jandrei Sartori Spancerski


Técnico em Segurança do Trabalho e acadêmico de Engenharia de Produção pela
Universidade Tecnológica Federal do Paraná e acadêmico de Engenharia da Computação
pelo Centro Universitário Internacional UNINTER.

Jônatas Favotto Dalmedico


Mestrando em engenharia mecânica com ênfase em dinâmica.
José Airton Azevedo dos Santos
Possui Graduação em Engenharia Elétrica pela Universidade Católica de Pelotas (1987),
Mestrado em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Santa Catarina (1994) e
Doutorado em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Santa Catarina (1999).
Atualmente é professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Conselheiro Eleito
do Conselho Universitário (COUNI). Tem experiência nas áreas de Engenharia Elétrica e
Engenharia de Produção, atuando principalmente nos seguintes temas: Energia e Meio
Ambiente e Modelagem e Simulação de Sistemas Contínuos e Discretos. É professor
permanente do Programa de Pós-Graduação em Tecnologias Computacionais para o
Agronegócio da UTFPR - Câmpus Medianeira.

Julio Cezar Negri Ramos


Possui graduação em Tecnologia em Design Gráfico pelo Instituto Federal Fluminense (2004).
Atualmente é professor do Curso Superior em Design Gráfico do Instituto Federal Fluminense
e Programador Visual da Reitoria do Instituto Federal Fluminense. Tem experiência na área de
Comunicação, com ênfase em Criação de Marcas, Identidades Visuais, Midias impressas e
Digitais, atuando principalmente nos seguintes temas: design gráfico, projeto gráfico,
identidade visual, produção gráfica e diagramação. É sócio-proprietário da agência
CONTEXTO COMUNICAÇÃO E DESIGN desde 2010
AUTORES

Karoline Yoshiko Gonçalves


Acadêmica do 5º Ano do curso de Engenharia de Produção Agroindustrial da Universidade
Estadual do Paraná – Campus de Campo Mourão. Estudante Pesquisadora do GMPAgro -
Grupo Multidisciplinar de Pesquisas Agroindustriais da UNESPAR

Leandro Luís Corso


Graduação em Engenharia Mecânica pela Universidade de Caxias do Sul, mestrado (2006) e
doutorado (2010). Pós-doutorado na Monash University (2012-2013) na área de Pesquisa
Operacional. Pós-doutorado no setor militar - Naval Postgraduate School Califórnia EUA
(2013). Pesquisador/professor de áreas de Otimização de Processos do Mestrado
Profissional em Engenharia Mecânica da Universidade de Caxias do Sul.

Leonardo da C. Brito
Leonardo da Cunha Brito é Doutor em Engenharia Elétrica (2003) pela Universidade de
Brasília (UnB) e professor e pesquisador na Escola de Engenharia Elétrica, Mecânica e de
Computação (EMC) da Universidade Federal de Goiás (UFG). Seus interesses de pesquisa
incluem computação aplicada e inteligência computacional em problemas de Engenharia.

Letícia Marasca
Possui graduação em Administração pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e
das Missões - URI (2006). Atualmente é mestranda do Programa de Pós-Graduação em
Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Maria - UFSM, área de
concentração em Gerência de Produção e bolsista Capes - Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Atua no projeto de pesquise Análise de
sobrevivência aplicada ao estudo da evasão no ensino superior e no projeto de ensino
Relação entre a variação do preço final no pregão eletrônico decorrente da concorrência
entre os licitantes da UFSM. Possui experiência profissional na área de administração, em
análise de investimento em projetos e marketing. Tem interesse nas áreas de Administração e
Engenharia da Produção.
Lucas Duarte
Graduando em Engenharia de Produção na Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Lúcia Helena de Oliveira Leão Teixeira


Mestre em Processos Construtivos e Saneamento Urbano (UFPA). Bacharel em
Administração (UMC) e Fisioterapia (UNINORTE). Tem especialização em Gestão Hospitalar
e Serviços de Saúde (UNINORTE), Fisioterapia Dermatofuncional e Realibilitação em
Ortopedia e Traumatologia (ÁVILA), Marketing e Moda (UNIARA). Estudos complementares
em Educação e Desenvolvimento (LUSÓFONA). Docente em educação profissional há mais
de vinte anos. Atualmente é professora de ensino superior e coordenadora de curso (CIESA).
Possui artigos nas áreas de pesquisa em educação, meio ambiente e saúde.

Marcelo Sucena
Pós-Doutorado pela COPPE/UFRJ/LASUP - Laboratório de Aplicações de Supercondutores -
Programa de Engenharia de Elétrica (modelo Neuro-Fuzzy para gerenciamento ambiental da
operação do trem de levitação magnética - MagLev-Cobra), Doutor em Engenharia de
Transportes pela COPPE/UFRJ (Modelo Neuro-Fuzzy, sistêmico, para subsidiar alocação de
recursos), Mestre em Engenharia de Transportes pelo Instituto Militar de Engenharia (IME)
(Procedimento para identificação de elementos críticos, com FMECA, para subsidiar
AUTORES

alocação de recursos), Graduado em Engenharia Elétrica - Ênfase em Eletrotécnica pelo


Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca - CEFET/RJ (Programa
em FORTRAN para equilíbrio de rede de energia com alguma contingência).

Márcio Mendonça
Doutor em sistemas computacionais inteligentes aplicados a controle e robótica.

Micheli Ferreira
Bacharel em Engenharia Ambiental pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná e
mestranda no Programa de Pós Graduação em Tecnologias Ambientais pela mesma
Universidade.

Micheli Silva Sousa


Estudante de engenharia industrial na Universidade Federal do Pará campus de Abaetetuba
e técnica em informática formada pelo instituto federal do Pará.

Nelson Dias da Costa Junior


Graduado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Goiás, Pós-Graduado
no MBA em Gestão Empresarial pela Universidade Cruzeiro do Sul e Mestrando em
Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Goiás. Possui experiência como
Empreendedor no setor de Serviços Gráficos, além de experiência na área de Planejamento e
Controle de Manutenção em Indústria Química.

Pedro H. S. Palhares
Pedro Henrique da Silva Palhares é Bacharel em Engenharia de Computação (2010) e Mestre
(2012) pela Universidade Federal de Goiás. Atualmente, é doutorando na mesma
Universidade e seus interesses de pesquisa incluem otimização, simulação, computação
flexível e computação aplicada em problemas de Engenharia.
Priscila Oliveira
Graduada em Engenharia de Produção. Atualmente investiga os impactos dos Megaeventos
esportivos na dinâmica da cidade do Rio de Janeiro, publicando resultados das
investigações em artigos científicos, embebidos em técnicas de Pesquisa Operacional, no
âmbito da Inteligência Artificial.

Rafaela Boeira Cechin


Possui graduação em Engenharia de Produção e mestrado em Engenharia Mecânica pela
Universidade de Caxias do Sul (UCS), com foco em Pesquisa Operacional e Otimização.

Renan Mitsuo Ueda


Engenheiro de Produção formado pela Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). É
Membro fundador e Ex-Diretor Jurídico-Financeiro da Sigmax Engenharia Júnior, uma
empresa de consultoria que presta serviços para toda a região da grande Dourados. Além
disso, já participou de projetos vinculados ao Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq). Atualmente é mestrando em Engenharia de Produção
(PPGEP - UFSM), atuando em pesquisas nas áreas de Métodos Quantitativos para Tomada
de Decisão.
AUTORES

Rodrigo Randow de Freitas


Professor do Mestrado Profissional em Gestão Pública - Universidade Federal do Espírito
Santo (UFES/CEUNES). Professor do Mestrado em Energia - Universidade Federal do Espírito
Santo (UFES/CEUNES). Professor do Curso de Engenharia de Produção - Universidade
Federal do Espírito Santo (UFES/CEUNES). Doutor em Aquicultura Universidade Federal do
Rio Grande (FURG). Mestre em Aquicultura Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Especialista em Educação e Gestão Ambiental (Faculdade Saberes). Graduação em
Administração de Empresas: ênfase em análise de sistemas (Faculdade de Ciências
Humanas de Vitória)

Roselaine Ruviaro Zanini


Possui graduação em Matemática - habilitação em Física pela Faculdade Imaculada
Conceição, Especialização em Estatística e Modelagem Quantitativa, Mestrado em
Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Maria e Doutorado em
Epidemiologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Atualmente é Professor
Associado II na Universidade Federal de Santa Maria, Coordenadora substituta do Curso de
Especialização em Estatística e Modelagem Quantitativa e atua no Mestrado em Engenharia
de Produção da UFSM. Tem experiência na área de Estatística Aplicada, atuando
principalmente nos seguintes temas: epidemiologia, modelos de séries temporais e modelos
de regressão.

Sara Aparecida da Silva Vaz


No ano de 2013 iniciou o curso de Engenharia de Produção pela Universidade Federal de
Goiás. Entrou para o Grupo de Pesquisa de Modelagem e Simulação (GEMS) como aluna de
iniciação científica (2014). Em 2015 se tornou coordenadora Geral de Relações públicas do
Núcleo Goiano de Estudantes de Engenharia de Produção
(NUGOEEP) onde, em 2016, tornou-se responsável pela Coordenadoria Geral de
Desenvolvimento. Foi a vencedora do Concurso Nacional de Simulação Computacional -
Prêmio Simula Brasil Robert Bateman, no quesito originalidade (2016). Atualmente é aluna do
curso de Engenharia de Produção - UFG, integrante Grupo de Estudos em Modelagem e
Simulação e estagiária na Empresa Allianza Infraestruturas do Brasil, atuando na área de
planejamento.
Saymon Ricardo de Oliveira Sousa
Mestrando em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Maria 2018.
Especialista em Engenharia de Manutenção e Segurança pela Universidade Candido Mendes
2018, Graduado em Engenharia de Produção pela Universidade CEUMA 2017. Possui
Especialização Técnica em Geometria de Via 2008 e curso Técnico Profissionalizante em
Eletromecânica 2007 ambos pelo Instituto Federal de Educação e Tecnologia do Maranhão -
IFMA. Atualmente é pesquisador e membro do Laboratório de Análise e Modelagem
Estatística da Universidade Federal de Santa Maria e do Grupo de Pesquisa em Inovação e
Sustentabilidade da Universidade CEUMA. Foi membro do Centro de Desenvolvimento em
Sistemas de Informação e Decisão (CDSID) um dos mais renomados departamentos de
engenharia de produção do Brasil e referência mundial na área de Modelos de Decisão
Multicritério da Universidade Federal de Pernambuco. em experiência nos campos de Análise
de Regressão e Correlação Aplicadas à Engenharia de Produção, Gestão de Indicadores do
Processo Produtivo, Melhoria Contínua no Sistema Organizacional, Análise de desvios
Sistêmicos, Gerência da Produção, Métodos Quantitativos para a Tomada de Decisão e
Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos. Parceria com a empresa Vale S/A, com o projeto
de pesquisa baseado em Modelagem e Simulações de Processos Portuários.

Silmar Antonio Lunkes


Técnico em Segurança do Trabalho e acadêmico de Engenharia de Produção pela
AUTORES

Universidade Tecnológica Federal do Paraná .

Stella Jacyszyn Bachega


Possui doutorado e mestrado em Engenharia da Produção na Universidade Federal de São
Carlos (UFSCar) e graduação em Administração pela Universidade Federal de Lavras
(UFLA). Atualmente é docente em regime 40h dedicação exclusiva na Universidade Federal
de Goiás - Regional Catalão. Dentre as áreas de atuação em ensino, pesquisa e extensão,
estão: pesquisa operacional, sistemas e tecnologia da informação, gestão de operações,
sustentabilidade e administração. Realiza pesquisas que proporcionem abordagens
transversais envolvendo duas ou mais das seguintes áreas: administração de setores
específicos, engenharia de produção, computação, ambiental, estatística e automação.
Ainda, é líder do Grupo de Estudos em Modelagem e Simulação-GEMS.

Tânia Maria Coelho


Graduada em Física pela Universidade Estadual de Maringá. Mestre e Doutora em Física pela
Universidade Estadual de Maringá. Professora Associada da Universidade Estadual do
Paraná - UNESPAR. Líder e Pesquisadora do GMPAgro - Grupo de Pesquisa em Materiais
Agroindustriais da UNESPAR.

Thalita Lopes Salvadori


Graduação em andamento em Engenharia de Controle e Automação. Universidade
Tecnológica Federal do Paraná, UTFPR, Brasil

Tiago Luiz Strapasson


Acadêmico de Engenharia de Produção pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná.
Virgínia Siqueira Gonçalves
Mestranda em Engenharia de Produção pela Universidade Candido Mendes – Campos,
sendo bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Capes.
Pesquisadora no Grupo de Pesquisa Interinstitucional de Desenvolvimento
Municipal/Regional – ITEP/UENF/UNIFLU, da Universidade Estadual do Norte Fluminense
Darcy Ribeiro. Em fase final da Pós-graduação em Docência do Ensino Superior pelo Instituto
Brasileiro de Ensino – IBE. Graduada em Engenharia Mecânica pela Universidade Candido
Mendes – Campos. Atualmente é professora do Instituto Tecnológico de Campos – ITECAM
sediado na Universidade Candido Mendes – Campos, no Curso Técnico em Manutenção
Automotiva leciona as disciplinas “Lubrificação, Aditivos e Combustíveis”, “Manutenção em
Sistemas de Embreagem” e “Acessórios Automotivos” e no Curso Técnico em Eletrotécnica
ministra a disciplina “Tecnologia Mecânica”. Possui experiência na área de Engenharia
Mecânica, com ênfase em processos fabris e manutenção.

Vitor Gomes Afonso


Bacharel em Engenharia de Produção (UNINORTE LAUREATE). Participou de artigo
científico na área de pesquisa operacional, inovação, tecnologia e transporte público.

Wagner de Barros Neto


AUTORES

Bacharel em Engenharia da Produção na Universidade Federal de Goiás (UFG), com


graduação sanduíche na University of Waterloo (Canadá), especialização em Marketing
Digital na Udacity. Durante a universidade participou do projeto Baja SAE, projeto de
pesquisa PIBITI/CNPq e Empresa Júnior. Desde sua graduação, dedica-se ao mundo de
empreendedorismo e inovação, com sua startup.

Walter Charles Sousa Seiffert Simões


Mestre em Informática (UFAM), possui graduação em Tecnologia em Processamento de
Dados pelo Instituto de Tecnologia da Amazônia. Pós-graduado em Gerenciamento de
Projetos (UFG). Tem experiência na área de docência em cursos de graduação desde 2008.
Também é android sdk specialist e já atuou nas áreas de automação comercial e industrial,
desenvolvendo softwares para lojas e industrias nos ambientes desktop, web, móvel e
embarcado. Com conhecimentos de gestão já exerceu por 3 anos a gestão do setor de
informática da Secretaria de Planejamento, da Prefeitura de Manaus. Doutorando em
Informática pela UFAM, coordenador do curso de pós graduação em Segurança da
Informação na UniNorte Laureate e pesquisador na CAPES.

Wellington Gonçalves
Professor do Mestrado Profissional em Gestão Pública - Universidade Federal do Espírito
Santo (UFES). Professor do Curso de Engenharia de Produção - Universidade Federal do
Espírito Santo (UFES). Doutor em Engenharia de Produção (UNIMEP). Mestre em Engenharia
(IME-RJ)

Você também pode gostar