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IJUÍ (RS)
2019
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RESUMO
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Tecnóloga em Gestão de Recursos Humanos. Pós graduando em Controladoria e Gestão Empresarial pela Unijuí –
RS
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Professora do DACEC-UNIJUÍ, Doutora em Administração e profª. Orientadora
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1. INTRODUÇÃO
As estatísticas sobre as taxas de insucesso empresarial corroboram a conclusão de que
nem acadêmicos nem profissionais conseguiram projetar uma formula para orientar a ação de
gestão estratégica durante períodos de declínio financeiro. Portanto, uma revisão abrangente foi
realizada sobre a literatura de turnaround de várias disciplinas e fluxos de pesquisa
relacionados. O produto deste trabalho é um conceitual de reviravolta no nível de negócios
impulsionado empiricamente, ou seja, baseado em experiências vividas. Com base em hipóteses
apoiadas em dados de pesquisas anteriores e evidências confirmadas de literatura de
profissionais, o modelo tem o objetivo de ajudar a concentrar os futuros testes de testes teóricos e
acelerar o avanço da prática de gestão estratégica.
Segundo o estudo da sobrevivência das empresas no Brasil do SEBRAE, durante suas
atividades, os negócios vivem ciclos que podem ou não levá-los a extinção. No entanto, sabendo
que o envelhecimento é inevitável algumas empresas encerram suas atividades ainda na fase
jovem com até dois anos de vida dependendo do porte; outras sobejam às variações no mercado,
nos produtos e serviços, emergindo mais competitivas. As empresas com maior longevidade
sobreviveram a mais crises e, porventura, efetuaram reposicionamentos estratégicos que
renovaram a sua capacidade de competir enquanto a maioria falha no início, algumas chegam à
vida adulta com êxito colhendo muitos frutos comemorando seus centenários com sucesso. No
entanto, ainda são desconhecidos os fatores elucidativos da longevidade de um empreendimento,
tal como por falta de conhecimento e por ser pouco explorada a capacidade das empresas
obrarem a turnarounds dos seus negócios. Existem indicativos que apontam para alguns fatores
internos e externos que levam a empresa a situações de dificuldades, bem como alguns fatores de
extrema importância para um turnaround bem sucedido (por exemplo, Hofer, 1980; Bibeault,
1982; Robbins e Pearce, 1992). Neste estudo, analisamos como as empresas se reorganizaram e
se recuperaram das situações de vulnerabilidade. Em especifico, estudamos como uma
organização consegue fazer uso de recursos estratégicos realocando recursos para impulsar a sua
capacidade de sobrevivência ao efetuar mudanças de forma eficiente. Estudamos o processo de
turnaround da Bunge Limited no período entre 1990 e 2006, e a fase da Bunge entre 2005 e 2006
no Brasil.
No estudo do caso descrevemos a empresa, a situação que levou à necessidade de
proceder a uma reestruturação nos negócios, as causas e o processo de mudança e investigamos a
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estratégia seguida para efetuar com sucesso o turnaround. Este estudo está organizado com
revisão dos fundamentos teóricos apresentando os principais conceitos do turnaround, com o
foco teórico da visão baseada em recursos (resource-based view RBV). A seguir, apontamos os
aspectos ordenados do estudo do caso. Por fim, para analisar as decisões estratégicas assumidas
pela empresa fazendo uma discussão alargada entre a empresa estudada e o caso da Bunge,
ambas do mesmo segmento, com indicações para investigações futuras.
Diante das justificativas até aqui apresentadas e do exposto inicialmente, este estudo
partiu do seguinte questionamento: quais estratégias e ferramentas contribuíram para o sucesso
do turnaround da empresa estudada e sua volta competitiva se tornando líder de mercado no
segmento do agronegócio.
Tendo como base os questionamentos norteadores citados no item acima, o objetivo geral
deste estudo é entender as ferramentas e estratégias que se mostraram estratégicos durante o
processo de turnaround tendo como foco além da saúde da empresa a sua continuidade
competitiva no mercado do agronegócio.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Conforme comentado anteriormente, a VBR é a teoria adotada neste estudo para entender
o processo de turnaround empresarial, os recursos e a capacidade adotados durante o processo
que foi estratégico para a recuperação da empresa após um período de declínio. Uma vez que os
estágios do processo de reposicionamento de uma organização e estratégias de turnaround são
baseados nos sintomas do declínio, iniciamos este capitulo com definições teóricas sobre as
causas de declínio nas organizações, e em seguida os mecanismos do turnaround.
Em seguida, este estudo abrange os estágios do processo de reposicionamento de uma
organização, seus obstáculos e desafios nas estratégias para um turnaround bem-sucedido.
FONTE: Adaptado de Slatter e Lovett (1999); Grinyer, Mayes e McKiernan (1988); Neumair
(1998); McKiernan (2003).
2.2 TURNAROUND
Redução de despesas
Reposicionamento
Substituição
Renovação.
Cabe ao gestor torná-lo viável para a organização como agente “da virada”, ou antes, da
crise. Uma vez aprovados o planejamento estratégico, os profissionais de resposta começam a
implementação, através de um acompanhamento constante caso necessite possam fazer as
alterações necessárias para assegurar que a empresa volte à solvência. Todas as organizações
passam por períodos de oscilação em seu desempenho, porém nem todas sobrevivem a esses altos
e baixos. Uma liderança consciente e sensível, capaz de adaptar-se a mudanças, pode conduzir
um processo de turnaround com sucesso. Segundo McKiernan (2003), este é um processo
complexo e arriscado, que exige soluções e percursos idiossincráticos porque se levam em conta
as condições culturais, financeiras e tecnológicas da organização e do seu contexto ambiental.
Os resultados das estratégias de reestruturação podem resultar em três formas diferentes.
Primeiro de tudo um declínio terminal pode ocorrer. Isto é possível para situações em que uma
má estratégia foi escolhida, ou uma boa estratégia pode ter sido mal implementada (pode não
haver aceitação interna). Outro resultado concebível é um fracasso contínuo o plano de
reestruturação falha, mas os membros dominantes olham para dentro da empresa e para o
ambiente e ainda acreditam que um reposicionamento é possível. Se for esse o caso, eles
precisam reiniciar em o processo e procurar por uma nova estratégia. Se os resultados das novas
estratégias forem bons, o turnaround é chamado de sucesso. Isto é conseguido, quando seu índice
de referência atinge o nível de sucesso comercial, como ocorria antes do início do declínio. Isto é
comumente medido em um período de dois a quatro anos.
Segundo o modelo de processo de turnaround proposto por Lohrke et al. (2004), conforme
sistematizado na figura infra:
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Fase 01 Fase 03
Fase 02
Causas para Resultados do
Turnaround
Turnaround Turnaround
Fatores
externos
Melhoria do
desempenho
Gravidade do Estratégias de Turnaround
Continuação do
Declínio
declínio
Estabilização / Recuperação
Encerramento das
atividades
Falência
Fatores
internos
Planos de marketing
Missão, visão e valores da organização
Com essas informações em mãos, faz-se a análise, a avaliação e tiram-se as conclusões
sobre a situação atual e sobre qual deve ser a decisão.
3.1 ANTECEDENTES
Antecedentes Bunge Brasil S.A. A Bunge Brasil é a empresa holding resultante de uma
reestruturação societária ocorrida em dezembro de 2001, na qual houve a incorporação das ações
da Bunge Alimentos S.A. (“Bunge Alimentos”) e da Bunge Fertilizantes S.A. (“Bunge
Fertilizantes”) pela sua antecessora Serrana S.A. Atualmente é a maior empresa brasileira de
“agribusiness”, a terceira maior exportadora do País e líder nas principais áreas de sua atuação:
compra, exportação e beneficiamento de soja; produção e comercialização de produtos
alimentícios derivados de soja e trigo; e mineração, produção e comercialização de fertilizantes e
fosfatados para nutrição animal.
A escolha do caso da Bunge para este estudo é justificada por ser um praticamente único
de uma empresa com duzentos e um anos de atividades, que só no Brasil foram 114 anos, e que
mesmo passando por sérias dificuldades, recuperou-se e tornou-se líder. A restrição do período
de estudo, de 1991 a 2007, é devida ao fato de o processo de reestruturação ter ocorrido nesses 18
anos. O resultado foi o recentramento do foco da Bunge nas áreas do agronegócio,
fertilizantes e alimentos, com operações em toda a cadeia produtiva – do produtor rural ao
consumidor final. Mas, em essência o caso mostra os principais componentes da capacidade de
uma organização de se renovar, alterar a sua estratégia e crescer novamente. A pesquisa
bibliográfica procurou abordar o referencial teórico e teórico - empírico relacionado com a
questão da pesquisa e com a empresa estudada.
O histórico da Bunge mostra um padrão estratégico magnífico na forma pela qual a empresa
usa a aquisição de outras empresas para entrar em novos espaços de atuação sejam estes
mercados geográficos, sejam novos setores de atividade. A Bunge aparece na década de 90
como um grande conglomerado, no qual há algum potencial para sinergias, as quais, porém,não
são exploradas. Em conseqüência, nessas condições os custos administrativos têm de ser
significativos e a perda de foco estratégico é uma conseqüência da ampla gama de negócios e
empresas não relacionadas que a Bunge controla.
A Bunge opera em três áreas de negócio: Agronegócio & Logística, Alimentos &
Ingredientes e Açúcar & Bioenergia. São mais de 14 mil funcionários no Brasil ao fim do
exercício de 2017, trabalhando para ajudar milhões de pessoas a se alimentarem melhor,
auxiliando as comunidades rurais a se desenvolverem e as sociedades a prosperarem. É uma
empresa transnacional, foi fundada em 1818 na Holanda. Trata-se de uma empresa quase líder
mundial no processamento de oleaginosas e na venda de óleos vegetais, cujo faturamento
foi de US$ 26.2 bilhões em 2006.
No exercício encerrado em 2003, a empresa apresentou: ¾ Faturamento bruto consolidado de
R$ 18,4 bilhões ¾ Lucro operacional de R$ 1,1 bilhão ¾ Patrimônio líquido de R$ 2,5 bilhões ¾
Financiamentos de R$ 4,0 bilhões Seu controle acionário é indiretamente detido pela Bunge
Limited, empresa de capital aberto, constituída em Bahamas, cujas ações são negociadas na New
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York Stock Exchange - NYSE. Atualmente, está presente em mais de 30 países, em quatro
continentes, e emprega diretamente mais de 22 mil pessoas (BUNGE, 2007d). Segundo o
histórico do grupo Bunge, quando Johann Bunge fundou uma empresa comercial em Amsterdã
em 1818, ele imaginou que ainda estaria prosperando dois séculos depois? A Bunge começou
como um negócio de importação e exportação em uma única cidade. Começando com os netos de
Johann, Edouard e Ernest, a família expandiu sua visão através de gerações e através dos
oceanos. Em 1884, juntamente com a família Born, lançou uma empresa de comércio de grãos no
florescente mercado de agronegócios da Argentina. Desde suas origens nos centros comerciais
europeus de Amsterdã e Antuérpia, a Bunge sempre procurou por todos os parceiros e clientes
certos. Em 1992, após 175 anos de gestão familiar, o Grupo Bunge determina que suas famílias
fundadoras participem como membros de um conselho de administração e que as atividades
operacionais sejam entregues à gestão profissional não familiar. Seguindo uma decisão
estratégica fundamental de concentrar-se no agronegócio e na alimentação (e sair de áreas não
relacionadas), adquirindo ou criando uma capacidade de marketing de destino para estender a
cadeia de valor das origens de exportação para os principais mercados de importação. Segundo o
relatório estudado, o dia 1º de janeiro de 2018 marcou a implantação de uma nova estrutura na
Bunge, dividindo seus negócios em regiões e não mais em operações. América do Norte,
América do Sul e Europa/Ásia formam agora três novas regiões operacionais, apoiadas por
funções corporativas globais centralizadas, incluindo Finanças, Gente & Gestão, Tecnologia e
Jurídico. A Bunge South America integra as atividades de Brasil, Argentina, Chile, Uruguai e
Paraguai. Essa nova estrutura tem por objetivo simplificar a organização, alavancar ainda mais
seu footprint global e aumentar o foco nos clientes e no crescimento.
Principais empresas: Bunge Alimentos S/A, Bunge Fertilizantes S/A e Fertimport S/A.
Natureza jurídica: Sociedade anônima fechada. Ramos de atuação: fertilizantes, agronegócio,
produtos alimentícios e serviços portuários. Vendas líquidas: R$ 17,78 bilhões. Colaboradores
diretos: 8.767, em 31 de dezembro. Instalações: 63 unidades de operações industriais e centros de
distribuição, e 107 armazéns, silos e unidades de transbordo Presença geográfica: opera em 16
estados brasileiros, em todas as regiões do País. Participação no faturamento líquido do grupo:
20%.
Controladora e sede mundial: Bunge Ltd., White Plains, Nova York, EUA. Bunge no mundo:
atua em mais de 30 países, na Europa, Ásia, América do Norte e América do Sul, empregando
mais de 20.000 funcionários. Principais marcas Alimentos – Consumo: Delícia, Primor, Soya,
Cyclus, Salada e Andorinha (comercializada pela Bunge) Alimentos – Transformadores: Maxten,
Bunge Pró, Bentamix Fertilizantes e Nutrição Animal: Iap, Manah, Serrana Fertilizantes, Ouro
Verde, Serrana Nutrição Animal. Submarcas: Nitrogran, Fertiap, Fosmag, Arad, Ourofós,
Foscálcio.
3.10 RESULTADOS
4. DEMONSTRATIVOS FINANCEIROS
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
SERRA, F.; FERREIRA, M.; CONTRIGIANE, E.; FIATES, G. Reescrevendo uma trajetória a
partir de mudanças estratégicas: um estudo de caso na Bunge . REGE Revista de Gestão, v. 17, n.
3, p. 331-352, 1 set. 2010.
Sobrevivência das empresas no Brasil. / Marco Aurélio Bedê (Coord.) – Brasília : Sebrae, 2016.
96 p. Il