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Influência Dos Desmontes Por Explosivos Na Estabilidade de Taludes PDF
Influência Dos Desmontes Por Explosivos Na Estabilidade de Taludes PDF
INTRODUÇÃO.
Fig. 1. Fluxograma mostrando importância da caracterização no planejamento de fogo, para cada região do maciço.(R.
Collantes Candia et al,2004)
Deste modo, é necessário determinar quais propriedades do maciço rochoso têm influências no
desempenho do desmonte e decidir as mudanças no plano de fogo, de modo a adequá-las às
diferentes condições geo-estruturais existentes.
SEQUENCIA DE APRESENTAÇÃO.
Verifica-se, portanto, que para o entendimento das conseqüências do desmonte por explosivos na
estabilidade dos taludes, há que se considerar, tanto a estrutura dos maciços rochosos e suas
propriedades, quanto o seu comportamento mecânico sob diferentes condições externas e, mais
especificamente, sob aquelas produzidas pela ação dos explosivos.
Assim, este trabalho será apresentado em três partes:
1.Fase Dinâmica:
! Esta reflexão das frentes de onda, as quais nesta distância dos furos de mina já terão
raios iguais à distância entre o furo de mina e a face livre da bancada, se dará agora como
frentes de onda de tração.
4 - Zona Fraturada
3- Zona Plástica
2- Zona Hidrodinâmica
1 - Furo de Mina
A Fase Dinâmica termina com o aparecimento gradativo das fraturas tangenciais a partir
das faces livres, conforme esquema abaixo.
Fig. 3. Incidência e reflexão das ondas de choque na superfície livre e subseqüentemente nos planos
posteriores de fratura.
VELOCIDADE(m/s)
MATERIAL DENSIDADE Onda P Onda S
Granito 2.67 3960 - 6100 2130 - 3350
Gabro 2.98 6650 3440
Basalto 3.00 5610 3050
Arenito 2.45 2440 - 4270 910 - 3050
Calcário 2.65 3050 - 6100 2740 -3200
Folhelho 2.35 1830 - 3960 1070 -2290
Sal 2.20 4390 - 6490 --
Gipsita 2.30 2130 - 3660 1100
Ardósia 2.80 3660 - 4450 2870
Mármore 2.75 5790 3510
Quartzito 2.85 6050 --
Xisto 2.80 4540 2870
Gnaisse 2.65 4720 - 5580 --
Argila 1.40 1130 - 2500 580
Areia 1.93 1400 460
Tilito 1.5 - 2.0 400 --
Água 1.0 1460 0
Ar -- 340 0
ρe × U 2
pe =
4
2
σi 0 = ∗ pe , [1 ]
1+ m
1 − n
σR = ⋅ σi [5]
1 + n
2
σP = ⋅ σi [6]
1 + n
σR = - σi
e
σP = 0
1
+d +d
a) c)
d f d
f
-d -d
+d f3 f 2 f 1
+d
d f
b) d
f
d)
-d
-d
2. Fase Quasi-Estática:
Esta fase recebe este nome por se tratar de um processo relativamente lento (cerca de 50
ms, contra os 5 ms da fase anterior).
É nesta fase que ocorre o desmonte propriamente dito, em função da influência da
pressão dos gases do explosivo, que penetram nas gretas radiais, e depois nas tangenciais,
separando os blocos e lançando toda a massa rochosa para frente.
Quando o Volume frontal se move, ocorre um alívio de pressão, aumentando a tensão nas
gretas primárias, que se inclinam. Se o afastamento (distância entre o plano dos furos e a
superfície livre) não é muito grande, as gretas se estendem até a superfície livre, e ocorre o
desprendimento total do bloco rochoso. Neste caso, é alcançado o maior efeito por furo e
quantidade de carga explosiva. Por esta razão, o estudo da malha de perfuração e o cálculo da
carga explosiva tornam-se vitais.
A fig. 5 Efeito de arqueamento que ocorre na porção desmontada do maçico, o que contribui para
aumentar a fragmentação do material rochoso por flexão. Somam-se aí os efeitos dos gases que
penetram e escapam pelas fendas verticais de tração e pelas fendas horizontais produzidas nessa
fase.
Fig.7. Mostra uma vista frontal do desmonte da fig. 5. Este resultado é explicado também no
esquema da página anterior.
Pode-se estudar a expansão das gretas em função da carga de explosivo, como mostrado na
figura abaixo.
Fig. 8. 8a), em que a carga explosiva é insuficiente, as gretas não se extendem totalmente, mas
percebe-se que algumas, a um ângulo de 90o e 120o, teriam capacidade para originar a fratura
total se a pressão estática aumentasse. 8b) com uma carga maior, obteve-se uma fratura
completa a um angulo aproximado de 110o.
Os ângulos naturais de fratura esperados estão representados na figura 8, abaixo, em dois casos
principais: fundo livre e fundo confinado. Nos dois casos o ângulo de fratura β será de
aproximadamente 90o. Com fundo livre, o ânguloα, na parte inferior, será de 135o. Com fundo
confinado, o ângulo pode oscilar de 90 a 135o, dependendo da carga e profundidade do furo. Se
o cálculo da carga está correto, o ângulo será de 90o, podendo-se esperar ângulos menores
somente em condições especiais, acarretando menor ângulo de fratura, como está indicado na
parte sombreada da figura.
Fig. 9. Ângulos de fratura para furo de fundo aberto e furo de fundo confinado.
A formação de gretas depende muito da relação entre afastamento e espaçamento entre furos. Se
o espaçamento é relativamente pequeno, a face livre é abatida sem maiores deformações, e os
esforços do corte são pequenos no interior da rocha. Nos casos de detonação simultânea de uma
linha de furos, a fragmentação da rocha é bastante falha, acarretando maiores dificuldades nos
processos posteriores de corte e cominuição do material. Por esta razão, existe um retardo entre a
detonação de duas fileiras subsequentes de furos, e neste caso a fragmentação é bem mais
acentuada.
A fragmentação depende também da relação entre afastamento (V) e espaçamento (E). Para
exemplificar, veja-se o caso de duas malhas cujos furos sejam carregados com as mesmas
quantidades de explosivos e que sejam também detonados simultâneamente: no primeiro caso
(figura 9a), em que V / E = 2, temos uma fragmentação bastante ruim, e num segundo caso
(figura 9b), em que V / E = 0.5, a fragmentação já é bem satisfatória. Esse exemplo é bastante
ilustrativo de quão importante é o estudo da malha de perfuração para o seu controle e a
obtenção de desmontes mais efetivos.
Assim, a presença dessa face de reflexão, na posição descrita, e afastada dos furos de
mina na distância conveniente ( afastamento ), é que permite que a ação dos explosivos se dê
como descrito.
Energia
Termoquímica Atmósfera
DETONAÇÃO
τ 1 τ2
Entre as propriedades dos maciços rochosos que influem de maneira mais evidente no projeto de
desmonte por explosivos tem-se: resistência da rocha, descontinuidades estruturais, velocidade
de propagação das ondas sísmicas, propriedades elásticas das rochas, anisotropia e a
heterogeneidade dos maciços.
A determinação destes parâmetros por métodos diretos, ou de laboratório, resulta muito difícil e
onerosa, já que os corpos de prova testados não incluem as descontinuidades nem as mudanças
litológicas do maciço rochoso do qual provém. Para obter uma amostra representativa é
necessário que esta tenha dimensões compatíveis com a escala de estudo do maciço (Ayres da
Silva, 1992). Lopes Jimeno (1994), por exemplo, afirma que estas dimensões sejam dez vezes
maiores do que a meia distância entre as descontinuidades. Não obstante, constituem um
complemento na caracterização dos maciços rochosos a fragmentar-se.
De um modo geral as propriedades antes citadas podem ser agrupadas nas seguintes categorias.
1. Resistência.
2. Propriedades elásticas
3. Propriedades de absorção.
4. Propriedades estruturais.
As estruturas tipicamente presentes nos maciços rochosos são: juntas, falhas, planos de
estratificação, diaclasamento e xistosidade. As principais informações quantitativas das
descontinuidades, que podem ser registradas, estão ilustradas na figura a seguir:
Fig. 12. Ilustração dos dez parâmetros utilizados para descrever as propriedades das descontinuidades estruturais dos
maciços rochosos.
As propriedades das descontinuidades estruturais dos maciços rochosos (J. Hudson, 199 ) são
listadas a seguir:
! Orientação, definido por seu rumo e mergulho.
! Espaçamento, que é a distancia perpendicular entre descontinuidades adjacentes.
! Persistência, que é a extensão com que a descontinuidade se manifesta.
! Rugosidade, definida pelas ondulações ou aspereza com relação ao plano médio da
descontinuidade.
! Resistência das paredes, referida à resistência a compressão das paredes das
descontinuidades.
! Abertura é a distancia perpendicular que separa as paredes adjacentes de uma
descontinuidade aberta.
! Condutividade hidráulica refere-se à percolação de água através das descontinuidades.
! Preenchimento, material depositado entre as paredes adjacentes da descontinuidade.
! Número de famílias, definido pelos diferentes grupos de descontinuidades com características
comuns.
! Tamanho dos blocos, que são determinados pelo espaçamento, pelo número de famílias e
pela persistência das descontinuidades.
Outro caso observado foram descontinuidades inclinadas ortogonais à face, que influenciam no
resultado final do desmonte em função do local e sentido de abertura. Neste caso, a má
fragmentação é causada pelo escorregamento de blocos de rocha em função da liberação do
material adjacente (figs. 16 e 17).
CONCLUSÃO.
A caracterização de maciços rochosos para o desmonte por explosivos é uma importante
ferramenta que ajuda a otimizar esta operação, por permitir instaurar planos de fogo adequados a
determinadas condições. Racionaliza-se assim o uso de explosivos, acessórios e equipamentos
de perfuração, minimizando efeitos e resultados indesejáveis, e reduzindo os custos de lavra.
Observa-se com os trabalhos de campo que medidas simples de classificação do maciço, aliado
a um planejamento correto, podem proporcionar melhores resultados em curto prazo, reduções
de impactos, desmontes secundários, além da redução dos custos operacionais e situações de
risco.
REFERÊNCIAS.
CANDIA, R.C. Desmonte de rocha com furos de grande diâmetro, 2004. (projeto de pesquisa) –
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo.
OLOFSSON, S. O. Applied explosives technology for construction and mining. 2. ed. Arla, Applex,
1990. Cap. 3b, p. 33-58: Firing devices.
PERSSON, P.A. Rock Blasting and explosive engineering, CRS Press Inc.,1994.
SILVA, L.M.C. Desmonte não agressivo em zonas sensíveis, 2001. (projeto de formatura
graduação) –da, São Paulo.
TAMROCK. Handbook on surface drilling and blasting, Painofaktorit, 1984.
OBS. As partes B e C deste trabalho, baseiam-se , em grande parte, no artigo apresentado por R.
Collantes Candia, L.M. Camargo Silva e este autor, no I Simpósio Ibero-Americano de Engenharia
de Minas, na I Semana Ibero Americana de Engenharia de Minas, realizada em São Paulo, na
semana de 9 a 13 de Agosto de 2004.