Você está na página 1de 41

Professor: Gilson Lima

Mestre em Teologia

Especializado em Hermenêutica

Especializado em Hebraico e Grego

Especializado em Exegese Judaica

Licenciando em História Geral.


Lição 1-Josué
Movimento histórico
. Estes livros registram a história de Israel, desde a
ocupação da Palestina sob a liderança de Josué,
passando pelas apostasias que levaram o povo a ser
expulso pelos assírios e babilônios, até a restauração
parcial pelos persas. O período cobre
aproximadamente 1000 anos, de 1405 até 425 a.C.
Estes livros dão a estrutura histórica ao restante do
Antigo Testamento até a época de Neemias e
Malaquias. Vão de Moisés, o legislador, até Esdras,
mestre da lei.

1.Título
O nome "Josué", que se deve à principal figura do livro,
significa "salvação do Senhor". Os gregos traduziram-
no para "Iesous" ou "Jesus" como está na Vulgata
Latina.
Data – 1405-1375 a.C.
Autor: Possivelmente Josué

Capítulo 1 – A transferência da responsabilidade a


Josué – (a garantia da fé)A ênfase deste capitulo está
no fato de Josué ter assumido a liderança com ordens
do próprio Deus. Ela se baseava na palavra de
Deus (Js 1:9).
Capítulo 2 – A espionagem em Jericó –
(a prudência da fé)Tendo recebido tal segurança
divina de invencibilidade (como em 1:5, 6), Josué

2
poderia ter facilmente achado desnecessário usar de
precaução ou recorrer à estratégia militar. Mas este
segundo capítulo nos mostra que a reação da fé
verdadeira é o oposto de tal despreocupação (devemos
descansar em Deus, isto é, confiar em Deus, mas isto
não significa que não devemos fazer aquilo que nos
cabe). Josué enviou dois espias a Jericó; e havia boas
razões para isso, como veremos mais tarde, pois Jericó
era uma das principais cidades.

Capítulo 3 – A travessia do Jordão – (A crise da


fé)A travessia deste "Jordão" foi uma grande crise de
fé. O mesmo tipo de crise sobreviera à geração
anterior, cerca de 40 anos e sob circunstâncias um
tanto diferente. Os israelitas falharam em sua reação a
ela. O mesmo deveria repetir-se na nova geração.

Capítulo 6 – A queda de JericóEste capítulo notável


apresenta de maneira impressionante os princípios em
que a fé opera, luta, aguarda e vence. O primeiro
passo da fé é verificar qual à vontade e a palavra de
Deus. O segundo é obedecer a essa vontade e palavra
irrestritamente. O passo final é aceitar essa palavra e
considerar o alvo como já tendo sido alcançado, dando
antecipadamente glória a Deus – como os israelitas
deram seu poderoso grito de vitória antes de os muros
de Jericó caírem efetivamente.
Capítulo 7 – O pecado de Acã .Infelizmente houve um
rápido lapso que, embora tivesse sido logo corrigido,
implicou em perda. Não que a fé tivesse diminuído,

3
mas uma transigência (tolerância) secreta incapacitou
Israel temporariamente. Os homens de Israel viram as
costas ao inimigo e trinta e seis deles caem. Nos sete
anos de guerra esta foi à única perda. O motivo da
derrota foi cuidadosamente exposto, a fim de que a
lição possa ser aprendida com clareza. O fio da
comunhão entre Deus e Israel fora cortado, "pois
tomaram das coisas condenadas", e a corrente de
poder deixou então de fluir.
Capítulos 10-12 – A expulsão de todos os inimigos.
A estratégia militar de Josué torna-se clara aqui. Ao
atacar primeiro Jericó e Ai, ele abrira uma brecha no
centro de Canaã. Agora, no capítulo 10, ele se dirige
para o sul e depois, no capítulo 11, vai para o norte.
Temos assim a batalha central (6-9), a batalha ao sul
(10) e a batalha ao norte (11); e o capítulo 12 completa
o registro, dando um resumo de todos os reis e cidades
que caíram diante da espada de Israel. "Assim tomou
Josué toda esta terra segundo tudo o que o Senhor
tinha dito a Moisés; e Josué a deu em herança aos
filhos de Israel, conforme as suas divisões, e tribo" (Js
11:23).

A ocupação da terra (13-24)Primeiro: não é preciso


muita imaginação para ver que a divisão da terra entre
as nove tribos e meia e os levitas não foi tarefa fácil,
mas sim um trabalho complexo que exigiu orientação
cuidadosa e tempo considerável. Segundo: eles
dividiram a terra "lançando as sortes perante o
Senhor" (Js 18:6) – um meio positivo por causa de sua

4
imparcialidade, enquanto deixava ao mesmo tempo
que o soberano Senhor colocasse as tribos nas regiões
mais adequadas a elas.

Capítulos 23-24 – A despedida de Josué


Lemos finalmente os últimos conselhos do agora
idoso Josué. As palavras do líder fiel revelam o
interesse de seu coração pela nação privilegiada.
Israel já vinha gozando há alguns anos o repouso e
a fartura de Canaã. O que dizer do futuro? Tudo
dependia de Israel continuar ou não fiel à aliança.
As palavras de Josué não escondem sua
preocupação. Sete vezes ele se refere às nações
idólatras que ainda estavam em Canaã. Ele sabia
que estas seriam uma armadilha para Israel e
prescreveu então três cuidados. Primeiro, deviam
esforçar-se para não se apartar da palavra de Deus
de "tudo quanto está escrito"(Js 23:6).Segundo,era
preciso haver separação contínua das nações de
Canaã. (Js 23:7).E deveria haver um grande apego
ao Senhor, com amor real e fervoroso (Js 23:8-11).

5
Lição 2—Juízes
O nome
Evidentemente, o livro dos Juízes deve seu nome
ao próprio conteúdo, dedicado ao período dos
chamados “juízes” de Israel e a alguns desses
juízes em particular.Podemos dizer que abrange
aproximadamente os primeiros 350 anos da história
de Israel em Canaã. Este é o período do regime
teocrático, em que o próprio Senhor é o “Rei
invisível” de Israel.
O título “juízes” (Shophetim) é devido aos líderes
levantados intermitentemente por Deus, para que
houvesse liderança em época de emergência
durante o período que vai de Josué até o reinado de
Saul. O nome “Juízes” descreve duas funções
desses líderes:
A – Livrar o povo dos seus opressores, na
função de líder militar.
B – Resolver disputas e defender a justiça,
na função de líder civil.
Autor:Samuel ,segunda a tradição judaica.

Capitulo 2
Pecado:“Porquanto deixaram o Senhor, e serviram a Baal e
a Astarote”.(Jz 2:13).

6
. Baal, filho de El, no panteão cananeu,era o deus
das tempestades e das chuvas, sendo, portanto, o
controlador da vegetação.Ele era o grande ativo,
sendo El uma figura um tanto nebuloso; o culto
a Baal era largamente difundido no Antigo Oriente
Próximo. Notam-se algumas variantes no Velho
Testamento como, por exemplo, Baal-Berite (Jz
9:4), Baal-Peor (Nm 25:3), Baal-Gade (Js 11:17)
e Baal-Zebul (2 Rs 1:2). Jezabel introduziu em
Israel o culto a Baal-Melcarte,a variedade
fenícia. Hadade era o nome sírio correspondente
ao Baal cananita. É por essa razão que os
escritores do Velho Testamento agrupam as várias
entidades de Baal, um tanto desdenhosamente, sob
o nome de Baalim (a forma do plural). O fato
que Baalim também pode significar “maridos”,
“proprietários” ou ”senhores” dá mais vida à
metáfora do adultério (vs. 17) empregada tão
freqüentemente pelos profetas (por ex.: Os 2:1ss.;
3:1ss.; Jr 3:6ss.; etc.).
. Astarote, forma plural de Astarte, a companheira
de Baal, deusa da guerra e da fertilidade, que era
adorada como Istar, na Babilônia, e como Anate, no
norte da Síria. Nos textos ugaríticos, Anate, com
freqüência denominada de “virgem”, é irmã de Baal,
e grande deusa ativa. O culto a esses falsos
deuses e deusas incluía sacrifícios animais,
prostituição feminina e masculina e,
ocasionalmente, sacrifícios humanos.

7
Poste-ídolo no hebraico “asheroth” (plural) eram
representações da deusa cananita Aserá, feita em
madeira e erigida junto aos altares
pagãos.Mesopotâmia era “a terra fértil a leste do rio
Orontes, cobrindo as partes superior e média do
Eufrates, e as terras banhadas pelos rios Habur e
Tigre, isto é, modernamente, o leste da Síria e norte do
Iraque”. Só depois do quarto século a.C. foi o termo
estendido para descrever todo o vale do Tigre e do
Eufrates.

Capitulos 3-16

Otniel:
“Clamaram ao Senhor os filhos de Israel, e o Senhor
lhes suscitou libertador, que os libertou: a Otniel, filho
de Quenaz, que era irmão de Calebe, e mais novo do
que ele”. (Jz 3:9).. Otniel já havia provado seu valor
como conquistador (Js 1.5:13-19 ou Jz 1:12-13).

Eúde:
“Então os filhos de Israel clamaram ao Senhor, e o
Senhor lhes suscitou libertador, Eúde,homem canhoto,
filho de Gera, benjamita. Por intermédio dele, enviaram
os filhos de Israel tributo a Eglom, rei dos moabitas”.(Jz
3:15).
A soberania de Deus é indicada na maneira pela qual
Ele usou Moabe para punir Seu povo desviado.É
uma idéia confortadora nesta época de poder
nuclear, perceber-se que Deus ainda ordena e

8
controla os destinos das nações, e governa as
decisões dos governos mundias, inclusive os mais
arrogantes e ateísticos dentre eles.Eúde demonstrou
astúcia, perícia e coragem para assassinar o rei dos
moabitas.

Sangar:“Depois dele foi Sangar, filho de Anate, que


feriu a seiscentos homens dos filisteus com uma
aguilhadade bois; e também ele libertou a Israel”.(Jz
3:31).

Certas características próprias das narrativas a


respeito dos juízes estão faltando, em relação a
Sangar. Não há menção, por exemplo, de que Israel
praticou o que parecia mal aos olhos do Senhor, nem
há menção direta a uma opressão filistéia, nem de sua
duração. Está ausente, também, a indicação do tempo
durante o qual a terra gozou de descanso.

Outra peculiaridade é que no versículo 1 do capítulo 4


menciona-se Eúde, e não Sangar, embora a
historicidade de Sangar e a ordem cronológica dos
eventos sejam atestadas pela referência no Cântico de
Débora (Jz 5:6). A referência a Eúde, em 4:1, poderia
ser facilmente explicada presumindo-se que a façanha
isolada de Sangar ocorreu durante o período de Eúde.

O nome Sangar não é israelita, podendo ser de origem


hitita ou hurriana. Disto não se infere,
automaticamente, que ele era cananeu, embora seja

9
isto possível; pode, talvez, testemunhar a
miscigenação dos israelitas com a população nativa.
De qualquer forma sua ação beneficiou a Israel.

Débora e Baraque

O foco de atenção muda, agora, das tribos sulinas para


as nortistas. A ameaça de Jabim e Sísera, longe de
relacionar-se à pequena porções de território, envolvia
seis tribos, nesse novo conflito. Foi o primeiro grande
perigo da época dos juízes.Sísera poderia ter sido o rei
de Harosete, porém, seu principal papel nesta narrativa
é o de líder militar dos exércitos unidos. Estes fatos
explicam porque Jabim quase não é mencionado
(provavelmente era já um ancião).

A superioridade dos equipamentos dos cananeus é


demonstrada no uso das novecentas carruagens de
ferro, que lhe daria controle completo dos vales e
planícies, a menos que alguma ocorrência incomum
imobilizasse esta poderosa arma de guerra. Tal
evento, considerado milagre da intervenção divina,
serviria para transferir as vantagens aos israelitas, no
encontro decisivo.

Gideão
O quinto juiz de Israel, é relatado com justiça como um
dos heróis de destaque na história primitiva da nação.
Entretanto, temos de compreender desde o início que
seu heroísmo não era produto de um caráter natural,

10
mas sim resultado de uma experiência espiritual
transformadora.O primeiro contato com Gideão mostra
uma figura patética de incredulidade (Jz 6:11-23). Ele
se apresenta como um jovem nervoso, malhando trigo
no lagar a fim de esconde-lo dos
saqueadores midianitas.

Veja as reações de Gideão quando o Senhor lhe


aparece: "Ai, senhor meu, se o Senhor é conosco, por
que nos sobreveio tudo isto?..." Uma recepção
desanimada: "Ai... por que?... onde?... mas..." E no
versículo 14 temos: "Então se virou o Senhor para ele,
e disse: Vai nessa tua força, e livra a Israel da mão dos
midianitas; porventura não te enviei Eu?" Essas foram
às palavras fortes e cheias de segurança, mas Gideão
só conseguiu gemer: "Ai, Senhor meu, com que livrarei
a Israel?" Leia o versículo 16 e veja as palavras de
Gideão a Deus.

Gideão, contudo, seguiu adiante. Ele se tornou


consagrado. Rendeu sua vontade à do Senhor. Leia do
versículo 25 ao 27. Precisamos retroceder um pouco
nos acontecimentos para apreciar como essa prova foi
um grande desafio à nova fé e obediência de Gideão.
A ordem para "derribar o altar de Baal" faz-nos lembrar
imediatamente de que Gideão vivia numa época de
completa apostasia religiosa. "Derribar o altar de Baal"
era ir contra a vontade popular, arriscando a própria
vida. Mas Gideão passou no teste, e como o resultado
foi notável! Leia de novo do versículo 28 ao 32. O pai

11
de Gideão também se converteu! Quase sempre, a
razão pela qual temos tão pouca capacidade para
influenciar os que nos rodeiam, levando-os a Cristo, é
que não estamos preparados para assumir uma plena
consagração à vontade de Deus.Finalmente Gideão
tornou-se controlado, ou seja, controlado pelo Espírito
de Deus. Veja o versículo 34: "Então o Espírito do
Senhor revestiu a Gideão..." Ele se tornou
imediatamente líder e salvador de seu povo. Este
reconheceu nele o poder transformador de Deus e o
seguiu quando fez soar sua trombeta. A história
registrada na Bíblia conta à maravilhosa vitória de
Gideão sobre os midianitas e de como ele libertou
Israel do jugo estrangeiro.

Voto insensato de Jefté (Jz 11:29-40) – Está


registrado que o Espírito do Senhor veio sobre quatro
juízes (Otniel, Gideão, Jefté e Sansão). A história de
Jefté é importante por três razões: sua designação,
mesmo sendo um proscrito; seu argumento com os
amonitas, reivindicando a Transjordânia como uma
dádiva do Senhor; e seu voto de oferenda a Deus. Ele
realmente ofereceu a sua filha como "oferta de
holocausto" (11:31)? Deve-se observar que o seu voto
permitia duas opções: aquilo que saísse de sua casa
quando ele voltasse de Amom, 1) "será do Senhor" ou
2) "eu o oferecei em holocausto".

12
Sansão

Predição do nascimento de Sansão (Jz 13:2-5)

A terra-natal dos pais de Sansão era Zorá, cidadezinha


na fronteira entre Dã e Judá, em Sefela, a cerca de 20
quilômetros a oeste da cidade de Bete-Semes (lit.
"casa do sol", que talvez tenha influenciado o nome de
Sansão). A esposa de Manoá, à semelhança de Sara,
Ana e Isabel, era estéril e, como no caso de Sara e
Isabel, o nascimento do filho foi anunciado pelo anjo do
Senhor. A criança deveria ser um nazireu desde o
nascimento. Esta palavra deriva do hebraico nazir, que
significa "separado", ou "consagrado".O voto de
nazireu está delineado em Números 6:1-21 e contém
três cláusulas: o nazireu deveria abster-se de todos os
produtos da vinha; seu cabelo deveria permanecer
não-cortado durante o período do voto; não deveria
profanar seu corpo tocando em cadáver. Qualquer
quebra destas cláusulas nulificaria o período de
consagração já passado, sendo necessário começar
tudo de novo. As histórias a respeito de Sansão deixam
claro que ele se interessava apenas com a regra que
estipulava cabelos compridos

O primeiro amor de Sansão (Jz 14:1-4) – Timna


ficava a pouco mais de 6 quilômetros a sudoeste de
Zorá, no outro lado do vale de Soreque. A ocupação
desta cidade pelos filisteus demonstra a penetração
deles em território israelita, e a natureza pacífica dessa

13
invasão, porque Sansão parece totalmente livre para ir
e vir, não havendo, além disso, qualquer barreira
contra seu casamento, da parte dos filisteus.Foi em
Timna que Sansão encontrou a primeira de suas
amantes, não se detendo pelo fato de ser ela uma
filistéia, e estar ele quebrando a tradição de seu povo,
e as injunções da lei, a respeito de casamentos mistos
(Ex 34:16; Dt 7:3). Pode-se imaginar a mágoa de seus
pais, especialmente em face do conhecimento que
tinham do nascimento sobrenatural e do destino
peculiar do filho.

Mel do cadáver do leão (Jz 14:8, 9) – A referência ao


lapso de tempo não é definida; porém, visto que
Sansão dividiu o mel com seus pais, é provável que ele
estava a caminho de casa, vindo de Timna para Zorá.
É quase certo que foi subseqüente à visita anterior,
visto que se formara uma colméia no cadáver do leão.
Desviando-se, o que sugere que a façanha fora
executada fora da estrada, Sansão descobriu que um
enxame de abelhas se agregará ao cadáver do leão.
Observe-se que Sansão, ao remover o favo de mel (o
verbo no hebraico é sugestivo, indicando que ele
raspou-o do cadáver com suas mãos), quebrou as
cláusulas do voto normal de nazireu, ao tocar num
cadáver; e no seu caso, voluntariamente (Nm 6:6).
Talvez seja esta a razão por que ele não disse a seus
pais qual fora a origem do mel.

14
O enigma de Sansão (Jz 14:12-18) – Os enigmas
eram apreciadíssimos no mundo antigo; contudo,
aqueles que tratavam de trivialidades não tinham
aceitação entre os hebreus, de acordo com as
evidências do Velho Testamento. A mesma palavra é
empregada para as "perguntas difíceis" com que a
rainha de Sabá testou Salomão (1 Rs 10:1); ela
aparece também em Sl 49:4; 78:2; Pv 1:6.

Na atmosfera festiva da celebração de Sansão, o


desafio foi prontamente aceito, porque os trinta homens
pesaram as vantagens que estavam de seu lado: sua
sabedoria somada, mas a abundância de tempo. Na
verdade, as apostas ficaram altas. As vestes
festivais seriam equivalentes às "roupas domingueiras"
ou "roupas usadas para casamentos", isto é, as
melhores roupas. Eram trajes de qualidade superior,
com belos desenhos, não designados para uso diário,
mas para ocasiões especiais tais como um casamento.

A resposta a este enigma dificilmente poderia ser


encontrada sem o conhecimento pessoal que apenas
Sansão possuía, não sendo surpresa que, quando os
trinta convidados se viram diante de uma despesa
individual considerável, tivessem ficado profundamente
preocupados, percebendo que a solução estava longe
deles. A atmosfera da festa assumiu um aspecto feio,
sombrio, diante da ameaça deles (v.15), na qual
presumiram que a esposa de Sansão estava envolvida
num conluio para rouba-los. A mulher, com medo de

15
perder a vida, e que seu pai perdesse a casa, usou o
último recurso de seu sexo, um dilúvio de lágrimas e a
insinuação de que Sansão não a amava, pois, do
contrário, não guardaria segredos desconhecidos dela
– artimanhas que tem levados ambos os sexos a
misérias incontáveis! Contudo, o segredo
compartilhado significou que o casamento, na verdade,
jamais se consumaria porque, quando o sétimo dia
chegava ao final, o enigma foi respondido. Sansão não
entrou na câmara nupcial, o que significava que o
casamento estava invalidado.

Façanha de Sansão em Ascalom (Jz 14:19, 20) –


Sansão ficou, obviamente, enfurecido porque sua
esposa divulgara seu segredo; por outro lado não havia
motivo para que ela lhe ocultasse a coação mediante a
qual revelara o segredo. Dessa forma, ele também
estava enfurecido contra os filisteus. Nesta crise foi ele
mais uma vez dotado de força sobrenatural, atribuída,
como eu outras ocasiões, a uma súbita possessão
do Espírito do Senhor. O pagamento da aposta e o
desejo de vingança varreram de sua mente todos os
pensamentos a respeito do casamento, e os próprios
filisteus foram obrigados a pagar.

Paga a dívida, Sansão retirou-se, cheio de


ressentimento, para sua própria casa, sentindo-se
(temporariamente) alienado de sua esposa. Contudo,
era grande desgraça uma noiva ser abandonada nesta
situação embaraçosa, no final dos festejos

16
matrimoniais, de modo que ela foi dada,
imediatamente, ao padrinho, ou companheiro de honra
de Sansão (v.20), o "amigo do noivo" (Jo 3:29).

Rejeição de Sansão (Jz 15:1, 2) – Após a fúria de


Sansão se evaporar, ele procura sua esposa para
coabitar com ela, mas recebe a notícia de que ela fora
dada ao seu companheiro de honra. Os pais da moça
tentando apaziguar a situação por medo de Sansão ou
por acharem que se precipitaram oferecem a filha mais
nova a Sansão.

A vingança de Sansão e as conseqüências (Jz 15:3-


6) – Sansão recusou a oferta da irmã mais nova de sua
pretendida noiva e, profundamente ofendido, anunciou
sua vingança contra os filisteus. Suas palavras indicam
que ele se achava completamente justificado nesta
ação vingativa.

Humilhação de Sansão (Jz 16:21, 22) – Sansão,


agora enfraquecido, foi facilmente capturado pelos
filisteus. Seus olhos foram vazados, e ele foi obrigado a
descer a Gaza, cenário de uma de suas façanhas
hercúleas (16:1-3), e forçado a trabalhar na tediosa
tarefa de moer trigo, provavelmente num moinho
manual, visto que não há evidencias do moinho maior,
movido a burro, até o final do século quinto
a.C.Cadeias de bronze é forma dupla, sugerindo que
seus pés e também as mãos estavam presos.

17
Lista dos juízes de Israel:

18
Lição 3-Rute
1. Título
O nome "Rute" significa "amizade", uma
característica verdadeira daquela que deu nome ao
livro. É um dos seis livros históricos que levam o
nome das principais figuras de ação e vida
descritas neles (Josué, Rute, Samuel, Esdras,
Neemias e Éster). É um dos dois livros bíblicos que
levam o nome de uma mulher:
1. Rute, a gentia que se casou com um rico judeu de
linhagem real da promessa.
2. Éster, a judia que se casou com um rei gentio.
2. Data
O livro foi escrito aproximadamente no ano 1000
a.C.

3. Autor
Samuel, provável autor de Juízes, pode também ter
escrito Rute. Muitos classificam esse livro como um
terceiro apêndice a Juízes 1-16, que proporciona
um agradável lenitivo de fé e amor numa época de
infidelidade, idolatria e violência. Como a
genealogia do capítulo 4 vai até Davi, mas não até
Salomão, o livro foi provavelmente escrito depois de
Davi ser ungido rei, mas antes de ele subir ao trono,
ou antes de Salomão. Samuel ainda vivia, e é ele o
escritor mais provável do livro, na época em que os
pais de Davi encontravam-se em Moabe.

19
Cenário histórico
1. O livro começa com a circunstância não muito
comum de que havia fome em Belém (cujo nome
significa "casa de pão"). Assim como aconteceu
com José no Egito, o Senhor usou a fome para
trazer salvação e benção espiritual através dos fiéis.
Rute renuncia seus próprios interesses
(Rt 1:16, 17)
Em algum ponto no período dos
juízes sobreveio uma fome em Canaã que se fez
sentir até mesmo nos distritos férteis, como aquele
que circundava Belém. Em vista das dificuldades,
Elimeleque, um judeu que habitava em Belém,
procurou refúgio temporário na terra de Moabe,
levando consigo sua mulher Noemi e seus dois
filhos, Malom e Quiliom.
Chegaram a Moabe; contudo, não foram
felizes, pois ao buscarem a sobrevivência, foram
privados da própria vida. Buscaram pão, mas
encontraram túmulos. Elimeleque morreu primeiro.
Seus filhos órfãos casaram-se então com mulheres
moabitas (algo proibido Dt 7:3) e, pouco mais tarde,
eles também se achavam enterrados no solo de
Moabe, deixando suas duas jovens viúvas com a
mãe Noemi, também viúva.
Dez anos se passaram. Noemi ouve falar da
fartura da terra natal e resolve voltar. As duas noras
haviam aprendido a amá-la e resolvem segui-la.
Elas ficaram conhecendo o Deus verdadeiro na

20
casa de Noemi e desejavam servi-lo junto com
Noemi.
A fim de apreciar o significado do amor
sacrificial de Rute, neste ponto, precisamos ter uma
idéia da importância da insistência de Noemi para
que as duas jovens voltassem à proteção da casa
de seus próprios pais. Veja os versículos 8 e 9: "Ide,
voltai cada uma à casa de sua mãe; e o Senhor use
convosco de benevolência, como vós usaste com
os que morreram, e comigo. O Senhor vos dê que
sejais felizes, cada uma em casa de seu marido".
Note a palavra "felizes" ou "descanso": o
termo hebraico assim traduzido é menuchah. Ele
significa repouso, não tanto no sentido comum, mas
no de abrigo seguro. Os hebreus referiam-se à casa
do marido usando essa palavra. Ela (a casa do
marido) era omenuchah da mulher, ou refúgio
seguro. No oriente antigo, a situação das mulheres
solteiras e jovens viúvas era delicada. O único lugar
onde podiam encontrar segurança e respeito era na
casa do marido. Só isto podia garantir à mulher
proteção contra a servidão, a negligência ou a
licenciosidade.
Era este fato que Noemi tinha em mente
quando insistiu na volta de Orfa e Rute, pois queria
que buscassem segurança, respeito e honra na
casa de seus pais. Noemi não tem mais filhos para
que se casem com Orfa e Rute, como lhes diz com
tristeza. Se a acompanharem de volta em Israel não
há qualquer expectativa de futuro ou de segurança

21
para elas. Se continuarem em Moabe há uma boa
possibilidade de encontrarem proteção na casa de
um marido. Isso, porém, não acontecerá se
viajarem para Canaã, pois é proibido por lei aos
israelitas contraírem matrimonio com estrangeiros.
Diante tal realidade e expectativa de vida
Orfa resolveu voltar para a casa de seus pais. Veja
porém o amor glorioso de Rute. Embora
conhecesse perfeitamente o preço a ser pago, ela
desistiu alegremente de tudo e se dispôs a sofrer
qualquer coisa por causa de Noemi!
Jesus renunciou tudo. Renunciou seu poder,
sua glória, sua própria vontade. Jesus renuncio a
tudo por amor a você. "Porque eu desci do céu não
para fazer a minha própria vontade; e, sim, a
vontade daquele que me enviou".(Jo 6:38)
Para seguirmos a Cristo também precisamos
renunciar a tudo, deixar de viver uma vida
depravada, deixar de lado os vícios, jogos de azar,
discotecas e muitas vezes precisamos renunciar a
própria família, emprego, ou ainda a própria vida.
Diante tais situações nós agiremos como Orfa ou
Rute.
. Rute serve em humildade (Rt 2:1-3)
O capítulo 2 introduz a cena 2, que é de uma
beleza tocante. Noemi, em sua completa pobreza,
tem de permitir que Rute vá colher os restos da
colheita entre respigadores rudes, a fim de levar
para casa algum alimento. Rute vai para os
campos, cheia de desprendimentos, desejosa de

22
fazer esse humilhante, mas honesto esforço para
obter sustento.
Jo 13:1-15 – Jesus lava os pés de seus
discípulos.
Precisamos pegar a toalha e lavar os pés uns
dos outros. Precisamos aprender a servir com
humildade, não com sórdida ganância, não com
inveja, não com hipocrisia, não com soberba, não
com falsidade, mas somente com humildade. O
amor virtuoso é humildade.
. Rute é recompensada (Rt 3:6-18)
Quando Rute disse: "... estende a tua capa
sobre a tua serva" (v.9), Boaz compreendeu
perfeitamente o apelo da jovem viúva, pedindo sua
proteção, pois nos casamentos orientais da
antiguidade o marido colocava seu manto sobre a
cabeça da noiva como um símbolo de proteção
permanente dali por diante.
A palavra "resgatador", em hebraico,
é Goel; e a lei do goel, parente próximo, é muito
interessante. Esta lei é estabelecida em Levítico 25,
Números 35 e Deuteronômio 19 e 25. Havia três
obrigações que o goel precisava cumprir:
1 – Remir o irmão e a herança do irmão,
segundo sua possibilidade, caso a pobreza tivesse
obrigado o irmão a servir como escravo ou dispor
de sua terra.
2 – Vingar qualquer violência fatal cometida
contra o irmão.

23
3 – Conseguir um sucessor para o irmão,
caso ele tivesse morrido sem deixar filhos.
O propósito claro em tudo isso era preservar
as famílias israelitas da extinção. A qualificação
do goel era que deveria ser um parente
consangüíneo ou parente próximo. Cada parente
era um dos goelim, mas o parente mais próximo era
distintamente o goel.
(Capítulo 4:13-17) Rute era muito mais
preciosa para Boaz do que a terra. Ela se tornou
sua esposa. Através de Boaz, Rute veio a ser mãe
de um filho que, por sua vez, foi o pai de Jessé,
sendo este o pai de Davi, o maior rei de Israel.

24
Lição 4
I Samuel
Autor
Estes livros, como a maioria dos livros históricos,
são anônimos. O profeta Samuel é geralmente
considerado o autor de 1 Samuel 1-24, e Natã e
Gade os autores da parte restante. As descrições
detalhadas e a minúcia sugerem que os autores
foram testemunhas oculares dos acontecimentos.

O primeiro livro de Samuel se inicia com o


nascimento de Samuel, o último dos juízes, e
termina com a morte de Saul, o primeiro rei,
abrangendo um período de cerca de 115 anos.

Três personagens se destacam neste livro: Samuel


(1-7); Saul (8-15); Davi (16-31). Como é natural, os
três registros se sobrepõem. Samuel vive bastante
tempo durante o reino de Saul e vê também Davi
ganhar proeminência, enquanto Saul continua a
reinar até Davi chegar aos trinta anos de idade.

Aspecto central e mensagem de 1 Samuel

Este é o livro da transição da teocracia para a


monarquia.Esta é a mensagem central de 1 Samuel
para nós: aumento de problemas por escolherem o
caminho aparentemente mais fácil, mas inferior, da

25
sabedoria humana, em vez do caminho de Deus
por escolherem menos do que o melhor de Deus.
Lembre-se Deus era o Rei de Israel, o povo
preferiu o rei humano visível, como acontecia com
as nações vizinhas (cap. 8).

Samuel
Poucos se igualam a Samuel em termos de
caráter, e como agente no desenvolvimento inicial
da nação só Moisés pode ser comparado a ele. O
ministério de Samuel marca a instituição da
monarquia. A partir de agora veremos Israel sob o
governo de reis.

Além disso, o aparecimento de Samuel assinala a


instituição do cargo de profeta. Havia alguns
homens em Israel, mesmo antes do tempo de
Samuel, sobre quem o manto da profecia havia
caído (Nm 11:25; Jz 6:8). O próprio Moisés é
chamado de profeta (Dt 18:18). Mas não havia um
oficio profético organizado. Samuel fundou as
escolas de profetas e deu origem à ordem profética

SAUL, o primeiro rei de Israel


Saul, o primeiro rei de Israel, é uma das
figuras mais notáveis e trágicas do Antigo
Testamento. Saul começou a reinar com grande
firmeza, mas em breve decaiu, decepcionando a
todos, e terminou de maneira tão lamentável que o
processo de decadência que o arruinou se torna

26
monumental para todos que prestam atenção.
Notemos as três fases principais de sua carreira:
1. O início promissor (9-12): Jamais um
jovem mostrou-se tão promissor ou teve
possibilidade tão brilhante em sua juventude. Para
começar, ele se distinguia por uma superioridade
física surpreendente. Saul é descrito como "moço, e
tão belo que entre os filhos de Israel não havia
outro mais belo do que ele; desde os ombros para
cima sobressaía a todo o povo" (9:2).
Em segundo lugar, o jovem Saul
demonstrava certas qualidades de caráter
altamente recomendáveis. Lemos sobre sua
modéstia (9:21; 10:22), discrição (10:27) e espírito
generoso (11:13). Havia também outras excelentes
qualidades – o respeito pelo pai (9:5), sua valentia e
bravura (11:6, 11), sua capacidade para amar
intensamente (16:21), sua oposição enérgica a
males como o espiritismo (28:3) e sua evidente
pureza moral nas relações sociais.
Em terceiro lugar, Deus lhe dera
instrumentos especiais quando ele se tornou rei.
Lemos: "Deus lhe mudou o coração", de modo que
passou a ser "outro homem" (10:6,9). Outrossim, "o
Espírito de Deus se apossou de Saul, e ele
profetizou" (10:10). Essas expressões indicam que
Saul sofreu uma renovação interior e se achava sob
a orientação especial do Espírito Santo. Saul tinha
também um conselheiro de confiança junto de si, o
inspirado Samuel.

27
Este era o jovem e promissor Saul.
Extraordinariamente rico em talentos naturais e
preparado de modo especial por meio de dons
sobrenaturais, seu futuro parecia de fato brilhante.
O chamado para ser rei foi uma oportunidade
ímpar, dada a um homem em um milhão. Quanta
chance para uma gloriosa colaboração com Deus!
Que oportunidade para abençoar os homens! Sua
ascensão ao trono de Israel sem dúvida foi uma
manhã de promessas.
2. A decadência posterior (13-27): A
promessa inicial de Saul infelizmente provou ser
uma alvorada logo encoberta por nuvens sombrias.
Apostasia, decadência, degeneração, desastre –
esta é a escala funesta e decrescente que logo se
estabelece, até que este herói-gigante morre de
modo ignóbil, cometendo suicídio devido à sua
pertubação mental.
A primeira apostasia ocorreu logo no início.
Veja o capítulo 13. Tratava-se de um ato de orgulho
irreverente. Os filisteus estavam prontos para
pelejar contra Israel. Saul recebeu ordens para
aguardar Samuel em Gilgal. Quando parecia que o
profeta não viria antes de expirar o prazo
combinado, Saul, impaciente, violou a prerrogativa
do sacerdote e insensatamente ousou oferecer ao
Senhor, com suas próprias mãos, os sacrifícios pré-
estabelecidos. Podemos aceitar a impaciência de
Saul, mas não sua violação a lei de Deus. Saul
usurpou o lugar do sacerdote, por ser rei achou que

28
poderia exercer o oficio do sacerdote. Samuel
repreendeu-o:"Procedeste nesciamente em não
guardar o mandamento que o Senhor teu Deus te
ordenou".
A próxima falha vem a seguir. Veja o capitulo
14. Foi um ato de obstinação temerária. Mais uma
vez Saul se impacienta e não aguarda uma
resposta de Deus, e, age imprudentemente após
Jônatas ter provocado a ira dos filisteus,e coloca
todos os seus homens em pecado ao sentenciar
uma ordem para que ninguém se alimentasse
naquele dia.

No capitulo 15 surge uma falha ainda mais grave. É


uma mistura de desobediência e engano, uma
manifestação de que Saul se achava agora um "rei"
diante de Deus e não mais um servo. Saul já não se
preocupava em agradar a Deus, mas ao povo e a si
mesmo. Saul recebeu um governo teocrático, onde
Deus reinaria através de sua vida, contudo Saul
decidiu reinar sozinho. Saul recebe uma ordem para
destruir completamente os amalequitas, mas poupa
o rei e a melhor parte do gado. A seguir mente a
Samuel, culpando o povo pelos despojos. A
reprovação de Samuel começa assim: "Poventura,
sendo tu pequeno ao teus olhos..." A humildade fora
infelizmente substituída pela arrogância.
A partir deste ponto a decadência se
acelera. "Tendo-se retirado de Saul o Espírito do
Senhor" (16:14).

29
3. O fracasso final (28-31): Sua carreira em
declínio finalmente o leva a feiticeira de En-Dor.
Este destroço de homem, que antes gozara do
conselho direto do céu, trata agora com o
submundo. Feitiçaria e suicídio! Saul não existe
mais. Jaz morto, juntamente com o bondoso
Jônatas. Como os poderosos caem! Como esse
filho da manhã foi levado à ruína? Sim, Saul – você
que teve um início promissor, mas depois veio a
decair e se destruiu, você procedeu definitivamente
"como um louco"(26:21)!
Os dois pecados principais de Saul foram a
arrogância e a desobediência a Deus. Por trás de
ambas jazia a vontade própria impulsiva,
indisciplinada. Saul vivia no culto ao "eu". Buscava
satisfazer sua vontade, se auto-afirmar e conseguiu
se auto-destruir.

30
Lição 5
II Samuel
Da idade de trinta anos era Davi quando
começou a reinar; e reinou quarenta anos. Em
Hebrom reinou sobre Judá sete anos e seis meses;
em Jerusalém reinou trinta e três anos sobre todo o
Israel e Judá. Assim, isto sempre nos ajudará a nos
lembrarmos de 2 Samuel: é o livro dos quarenta
anos do reinado de Davi.
Como já foi mencionado, 1 e 2 Samuel eram
originalmente um único livro, tendo sido a atual
divisão estabelecida na Septuaginta.
O reinado memorável de Davi é destacado e
apresentado como objeto de grande relevância,
merecendo um estudo especial. Uma vez que Davi
foi o verdadeiro fundador da monarquia, o
reorganizador da adoração religiosa de Israel, o
herói proeminente, o rei e poeta de seu povo, e
como sua dinastia continuou no trono de Judá até o
cativeiro, assim como o Messias prometido deveria
ser da linhagem davídica, não é surpreendente que
lhe fosse conferida tanta relevância.

A divisão trágica
Este segundo Livro de Samuel está dividido
em duas partes principais. O grande pecado de
Davi, registrado no capitulo 11, marca a triste
divisão, bem na metade do livro e dos 40 anos do

31
reinado de Davi. Até esse ponto, tudo é triunfo para
Davi; mas, depois, há problemas e dificuldades
sombrias, golpes dolorosos e provações trágicas.
Na primeira parte cantamos as vitórias de Davi e,
na segunda, lamentamos os males que o
acometem.

A mensagem espiritual central


O livro de 2 Samuel enfatiza que todo
pecado, do rei ou do individuo comum, dos homens
de posição superior ou inferior, dos piedosos ou dos
incrédulos, produz certamente fruto amargo. Não
existe pecado sem sofrimento. Isto se aplica
especialmente à concupiscência dos olhos e ao
pecado sexual, que foi a razão da ruína de Davi.

Davi em Hebrom
Perguntamos: Por que Abner e Israel a
principio rejeitaram Davi? Uma razão pode ter sido
um temor ciumento da parte de Abner, receoso de
não conseguir manter sua posição de suprema
liderança sob um rei como Davi, que já tinha os
seus próprios "valentes" de renome ao seu redor.
Mas pode ter havido outra razão para Israel
rejeitar o novo rei: a confiança em Davi tinha se
abalado por causa de sua recente estadia entre os
principais inimigos da nação, os filisteus, a fim de
escapar de Saul.
É louvável o comportamento adotado por
Davi perante a delicada situação criada pela
rejeição de Israel. Ele não tentou subir ao trono

32
mediante o poder de seu exército. Davi sabia que
Deus o indicara para o trono, e sua experiência com
Ele durante a disciplina dos anos precedentes lhe
ensinara a esperar pelo tempo de Deus. O Senhor
não havia falhado. Davi não agiria sem orientação
divina(2:1).
"Somos do mesmo povo de que tu és.
Outrora, sendo Saul ainda rei sobre nós, eras tu
que fazias entradas e saídas militares com Israel;
também o Senhor te disse: Tu apascentarás o meu
povo de Israel e serás chefe sobre Israel" (5:1,2).
Vemos que o reconhecimento do direito de
Davi ao trono apoiava-se numa base tríplice:
1. Seu parentesco humano: "Somos do mesmo povo
de que tu és".
2. Seu mérito comprovado: "Tu fazias entradas e
saídas militares com Israel".
3. Sua autorização divina: "O Senhor te disse: ...serás
chefe sobre Israel".
Não é este um sermão em si mesmo, falando
do direito de Cristo de reinar sobre nossas vidas?
Ele é nosso parente – "osso de nossos ossos e
carne da nossa carne". Ele é nosso salvador, cujo
mérito já foi comprovado, que esposou nossa causa
e lutou contra nosso inimigo, trazendo-nos
libertação da culpa e tirania do pecado. Ele é
também rei por permissão divina, o príncipe e
Senhor de Seu povo, aquele a quem foi entregue
toda autoridade no céu e na terra. "O governo está
sobre os seus ombros" (Is 9:6). Será que cada um

33
de nós pode dizer: "O governo de minha vida está
sobre os ombros dEle"?

A aliança davídica
Vamos agora para o capitulo 7, onde
passamos a conhecer a aliança davídica (ler 7:11-
16).
A partir da época em que esta aliança foi
anunciada, os judeus sempre creram que o Messias
procederia da linhagem davídica. Eles criam nisso
nos dias do Senhor e continuam crendo hoje. Os
profetas confirmaram tal fato mais tarde, em
passagens como Isaías 11:1; Jeremias 23:5 e
Ezequiel 37:25. Foi de acordo com tais profecias
que o anjo Gabriel anunciou Jesus a Maria: "Este
será grande e será chamado Filho do Altíssimo;
Deus, o Senhor, lhe dará o trono de Davi, seu pai;
ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o
seu reinado não terá fim" (Lc 1:32,33).
Nota-se muito bem que as duas alianças, a
abrâmica e a davídica, são incondicionais. Isto se
deve ao fato de ambas encontrarem seu
cumprimento final em Cristo, pois sabemos que não
pode haver falhas por parte dEle.

O grande pecado de Davi


Com relação ao pecado de Davi devemos
considerar quatro coisas:
1) Devemos observar a vida de Davi como um todo –
não é justo nem honesto enfatizar esta mancha no

34
registro de Davi a fim de faze-lo parecer o maior
fato na vida dele. Devemos ver sua fé e obediência
para com Deus por vários anos, sua retidão geral e
generosidade, sua conduta baseada em princípios
elevados e aspirações espirituais ardentes,
qualidades que o caracterizaram quase sempre em
toda sua carreira.
2) Devemos levar em consideração o arrependimento
de Davi – jamais houve alguém mais abatido e
envergonhado pela autocondenação e
arrependimento sando do que Davi depois de seu
pecado. O Salmo 51 é a expressão de sua
penitência depois da visita de Nata para repreendê-
lo.
3) Devemos julgar o caráter de Davi de acordo com
sua época – o evangelho cristão e a ética do Novo
Testamento não haviam ainda sido entregues aos
homens naquele tempo.
4) Devemos observar a vida interior de Davi revelada
nos salmos davídicos – Nos livros de Samuel e
Crônicas vemos a vida exterior de Davi. Nos
Salmos davídicos vemos a vida interior.
A história da vida de Davi em seu todo, apoiada
pelo nobre testemunho de seus salmos, mostra
decididamente que, apesar de algumas derrotas e
de uma queda notória e triste, o resultado final veio
a justificar o pronunciamento de que ele era um
homem que agradava a Deus.

Lições notáveis com relação ao seu pecado

35
1) A honestidade e a fidelidade da Bíblia – Se a tarefa
de escrever a Bíblia tivesse sido deixada em mãos
humanas, ela não conteria um capitulo desse tipo. A
culpa de Davi é exposta sem o menor esforço para
atenua-la e muito menos retira-la. (Nota: o Talmude
nega o adultério de Davi com base na idéia de que
todo guerreiro tinha de se divorciar da mulher antes
de partir para o campo de batalha. Bate-Seba seria
então livre).
2) A queda de Davi ocorreu quando ele se achava
em conforto e ociosidade – Todos os seus inimigos
haviam sido esmagados. A pressão dos perigos que
o mantiveram em espírito de oração havia
desaparecido. A prosperidade e o conforto são
sempre perigosos, e jamais ficamos tão expostos à
tentação do que quando estamos inativos.
3) Davi dera lugar a sensualidade, convivendo com
muitas mulheres (2 Sm 5:13). Não devemos dar
lugar a carne (leia Dt 17:17).
4) Se cairmos no pecado, a única medida segura é a
confissão e a restituição (1 Jo 1:9).
5) O pecado é perdoado, mas pode trazer
conseqüências terríveis para nossas vidas (12:11).

"Por que fiz isso? Como pude agir desse modo?


Essas podem ser as perguntas mais amargas e
trágicas que homens e mulheres fazem a si
mesmos. Algo feito que não pode ser desfeito, algo
final e irrevogável, e o homem olha para aquilo e
não pode acreditar que o tenha cometido, não pode

36
ver-se ali e, no entanto, sabe que o praticou e que a
culpa será sua para sempre".

Lição 6
I Reis
Autor
a) Apesar de os livros serem anônimos, são
tradicionalmente considerados como tendo sido
escritos por Jeremias, auxiliado pelo seu secretário,
Baruque (Jr 45). É evidente que o autor era pelo
menos contemporâneo de Jeremias, e a ênfase dos
livros sugere o ponto de vista dos profetas. Assim,
Jeremias, o profeta que viveu na época do exílio
(descrito nos capítulos finais) pode muito bem ter
sido o escritor.
b) Certamente o autor fez uso de registros históricos
da época, referindo-se muitas vezes a dez ou mais
desses documentos nos dois livros. Evidentemente
ele teve acesso à seguinte documentação:
1) Livro dos Justos (2 Sm 1:18);
2) Livro dos Sucessos de Salomão (1 Rs 11:41);
3) Livro das Crônicas dos Reis de Israel (1 Rs 14:19);
4) Livro das Crônicas dos Reis de Judá (1 Rs 14:29);
5) Livro de Isaías (2 Rs 18-20 refere-se a Isaias 36-
39);
6) Livro das Crônicas do Rei Davi (1 Cr 27:24);
7) Etc.
3. Data

37
1) O livro deve ter sido escrito aproximadamente por
volta de 550 a.C.
2) (970-560 a.C.) - Os acontecimentos de 1 e 2 Reis
estendem-se desde a morte do rei Davi, o primeiro
rei da aliança, até o cativeiro de Zedequias, último
rei de Judá. No último capítulo há ainda uma
referência à libertação de Joaquim, no ano 560
a.C., quando Evil-Merodaque começou a reinar na
Babilônia.
3) O período de Salomão a Zedequias é conhecido
como a Era do Templo de Salomão, estendendo-se
desde a construção do templo por Salomão até sua
destruição por Nabucodonosor.

A ascensão de Salomão (1-2) – Salomão era muito


jovem quando subiu ao trono. Ele próprio
disse: "Não passo de uma criança"(3:7). Sua ascensão
precoce foi precipitada por uma conspiração de
Adonias, o filho mais velho de Davi, ainda vivo, e
que aspirava ao trono.

A sabedoria de Salomão (3-4) – A oração de


Salomão pedindo sabedoria, em vez de riqueza,
poder e longevidade, é uma passagem belíssima
(3:1-5). Ela revela que o jovem rei já possuía um
bom grau de maturidade, pois o fato de ter pedido
sabedoria acima de tudo já era um sinal de
sabedoria.

38
O fracasso de Salomão (11) – As seguintes
frases encontradas no capítulo 11, contam a história
de seu fracasso: "...amou Salomão muitas mulheres
estrangeiras" (v.1); "a estas se apegou Salomão
pelo amor" (v.2); "...suas mulheres lhe perverteram
o coração para seguir outros deuses" (v.4); "assim
fez Salomão o que era mau perante o Senhor" (v.6);
"pelo que o Senhor se indignou contra Salomão"
(v.9); "por isso disse o Senhor a Salomão: ... tirarei
de ti este reino"(v.11). Esta infidelidade de Salomão
precipitou a divisão do reino em dois.
O mais sábio dos homens tornara-se o maior
dos insensatos, pois pecara contra Deus (construí
templos a Camos ou Baal-Peor o ídolo de Moabe;
Moloque, o deus de Amon; e a Astarote deusa dos
sidônios).
Sua própria grandeza o traiu. Os tesouros,
mulheres e carros eram todos contrários ao espírito
e preceitos da lei (Dt 17:16,17).

O profeta Elias (17-22)


Os seis últimos capítulos de 1 Reis ocupam-
se do ministério do profeta Elias no reino do norte, o
reino das dez tribos. Este espetacular homem de
Deus chama nossa atenção para um bom propósito.
Ele é uma das figuras mais notáveis em toda a
história de Israel.

O ministério de Elias foi também de milagres.


A todo momento encontramos milagres. Em vista

39
disso, alguns recentes "eruditos" descartaram
sumariamente esta seção das Escrituras como
sendo mítica. Todavia a narrativa é tão sóbria e
detalhada que, se não fossem pelos milagres, o
crítico mais destrutivo jamais questionaria sua
veracidade.
O ministério de Elias incluiu igualmente
reforma. Ele não deu origem a nada. Contudo,
protestou contra a apostasia religiosa e a
degradação resultante de seu povo, chamando os
homens de volta aos bons e antigos caminhos que
o Deus de Israel havia lhes designado através de
Moisés. Hoje, há necessidade de denúncias assim
diretas, precisamos de Elias.
Seu significado – Em primeiro lugar, Elias
demonstra a verdade de que Deus tem sempre um
homem que se apresenta na hora exata. As coisas
já estavam suficientemente negras quando Acabe
começou a reinar, mas ele logo as tornou cem
vezes piores (1 Rs 21:25).
A mesma coisa repete-se continuamente na
história. Quando a luz da verdade evangélica
parece estar a ponto de extinguir-se da cristandade,
e o papado sufoca milhares de europeus sob seu
manto perverso, Deus tem seus Luteros e Calvinos
para chamar o continente de volta àquela fé
entregue de uma vez por todas aos santos. Quando
a política, a religião e a moral se tornam tão
degenerativas na Inglaterra que a própria essência

40
da nação é prejudicada, Deus tem os seus John
Wycliffes, William Tyndales, Whitefields e Wesleys.
Outro aspecto que Elias ilustra é que, quando
a perversidade atinge proporções extraordinárias,
Deus a confronta com medidas extraordinárias. Em
oposição aos milagres fictícios da falsa religião, o
Senhor intervém com milagres reais. Eis a razão
pela qual o ministério de Elias é de milagres. Deus
está enfrentando uma situação extraordinárias com
medidas extraordinárias.

41

Você também pode gostar