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SÃO LUCAS
O ARREPENDIMENTO CRISTÃO E O REMORSO NEOPAGÃO
3 DE NOVEMBRO DE 2016 AUGUSTO 1 COMENTÁRIO
Evangelho segundo S. Lucas 15,1-10.
Naquele tempo, os publicanos e os pecadores aproximavam-se todos de Jesus, para O
ouvirem.
Mas os fariseus e os escribas murmuravam entre si, dizendo: «Este homem acolhe os
pecadores e come com eles».
Jesus disse-lhes então a seguinte parábola:
«Quem de vós, que possua cem ovelhas e tenha perdido uma delas, não deixa as outras
noventa e nove no deserto, para ir à procura da que anda perdida, até a encontrar?
Quando a encontra, põe-na alegremente aos ombros
e, ao chegar a casa, chama os amigos e vizinhos e diz-lhes: ‘Alegrai-vos comigo, porque
encontrei a minha ovelha perdida’.
Eu vos digo: Assim haverá mais alegria no Céu por um só pecador que se arrependa, do
que por noventa e nove justos que não precisam de arrependimento.
Ou então, qual é a mulher que, possuindo dez dracmas e tendo perdido uma, não acende
uma lâmpada, varre a casa e procura cuidadosamente a moeda, até a encontrar?
Quando a encontra, chama as amigas e vizinhas e diz-lhes: ‘Alegrai-vos comigo, porque
encontrei a dracma perdida’.
Eu vos digo: Assim haverá alegria entre os Anjos de Deus por um só pecador que se
arrependa».
Eu vos digo: Assim haverá alegria entre os Anjos de Deus por um só pecador que
se arrependa».
Por um só pecador que se ARREPENDA. O que isso quer dizer? Arrependimento é uma
disposição de reconhecer um erro ou conjunto de erros e se dispor a mudar de conduta
ou ânimo para não mais cometê-los. Há no arrependimento um ato de humildade, de
reconhecimento das próprias culpas e um desejo de melhora para não mais tê-las.
O arrependido confessa seus pecados a Deus e é perdoado pela autoridade divina dada
a seus representes na terra, os padres. Junto a absolvição, vem a penitência que, felizes,
fazemos. Nada mais justo do que receber uma penitência como modo de reparar o erro.
Logo, a confissão não é apenas um exercício de humildade, mas também revela caráter
de justiça.
Ora, nada tão mais contrário e oposto. Contudo, por que se confunde tanto? É por que
em ambos os casos há lamentação, contudo a oposição se dá no que se refere à
disposição de tais lamentações.
O remorso, por sua vez, pode ser representado na imagem do animal que lambe as
próprias feridas. Por mais que lamente, não se arrepende. O remorso trata-se de ficar
remoendo os erros, sem se arrepender. É uma rebelião contra a realidade. O erro não
está na pessoa, mas na realidade que – julga o remorso – deveria girar em torno do
próprio umbigo. Ou seja, a pessoa que sofre de remorso alimenta um orgulho que
lamenta as más consequências que caíram sobre ela, mas não admite sua parcela de
culpa.
Há mulheres, por exemplo, que ao chegar aos seus 40 anos e sentir o peso da solidão,
arrepende-se de seu desregramento passado. Percebem seus enganos e buscam mudar de
atitude. Há outras, contudo, que lamentam não serem mais tão jovens e se revoltam com
a realidade. Os arrependidos querem se livrar de seus caprichos, os remoentes querem
impor seus caprichos e sofrem se não o podem fazer.
Assim é fácil perceber por que motivo no céu estão as almas arrependidas de seus
pecados enquanto no inferno todas as almas vivem e sofrem de remorso.
SÃO MATEUS
BEM AVENTURADOS: O MODO MODERNISTA-REVOLUCIONÁRIO E O
MODO CATÓLICO DE LER
1 DE NOVEMBRO DE 2016 AUGUSTO DEIXE UM COMENTÁRIO
Evangelho segundo S. Mateus 5,1-12a.
Naquele tempo, ao ver as multidão, Jesus subiu ao monte e sentou-Se. Rodearam-n’O
os discípulos
e Ele começou a ensiná-los, dizendo:
«Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos Céus.
Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.
Bem-aventurados os humildes, porque possuirão a terra.
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.
Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.
Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus.
Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus.
Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça, porque deles é o reino
dos Céus.
Bem-aventurados sereis, quando, por minha causa, vos insultarem, vos perseguirem e,
mentindo, disserem todo o mal contra vós.
Alegrai-vos e exultai, porque é grande nos Céus a vossa recompensa. Assim
perseguiram os profetas que vieram antes de vós».
Modo Católico de ler: pobreza como sinônimo de humildade. Porque temos os pés no
chão (humildade vem de humus, terra), sabemos nossa insignificância diante de Deus.
Não só Ele é todo poderoso, como também tudo sabe. E se ele sabe muito infinitamente
mais do que eu, aceito os sofrimentos que ele me manda com a certeza, dado sua o
onipresença, que estará ao meu lado para me auxiliar.
Modo Católico de ler: Este mundo é palco de expiação, de sofrimento. Após este vale
de lágrimas, Nossa Senhora, irá nos mostrar Jesus e então teremos a consolação. É
ilusória achar que alguém ou algo nesta vida terrena nos dará a felicidade plena.
Modo Católico de ler: o prêmio para a obediência a Deus é a vida eterna. Nossa
recompensa não está neste mundo, porque nosso Rei não é deste mundo. Se amamos a
Deus, odiamos o pecado e qualquer idéia ou opinião que vá contra Nosso Senhor.
Modo Católico de ler: façamos o possível para dar aquilo que é devido às pessoas,
dentro de nossa possibilidade. Se os outros são maus, busquemos ser bons. Se os outros
se movem pela energia do ódio desregulado, lutemos para que nossa personalidade se
alimente do amor, que dirige o ódio na direção certa. As injustiças que cometerão contra
nós nessa vida, coloquemos na mão de Deus, pois não seremos saciados aqui. O que
importa é o julgamento após esta vida, não o julgamento dos homens.
Modo católico de ler: combate aos maus pensamentos, não se deixando dominar
(consentimento) pelas más idéias e imagens. Amor como ação concreta em pró do bem.
Educação da vontade para se defender das más ações.
Modo Católico de ler: Propagar a Verdade e o bem é motivo de perseguição, mas isso
significa, antes de tudo, a coleção de méritos diante de Deus diante da perseverança.
Modo Católico de ler: Este mundo é um palco de batalha. Quem lutar pela Verdade, isto
é, por Cristo, será perseguido, tendo em vista que Satanás é o príncipe deste mundo.
Que pessoas más, ímpias e iníquias nos destratem é, antes de mais nada, sinal de
estarmos no bom caminho.
"Vamos! Aprontemos-nos para combater os ímpios anomeus. Se eles se indignarem
com a designação de ímpios, fujam da impiedade e eu retiro o nome; renunciem aos
pensamentos incrédulos e eu desistirei do apelativo injurioso. Se, porém, eles pelas
obras profanam a fé e não se escondem, cobertos de vergonha, debaixo da terra, por que
se irritam contra nós, que condenamos com palavras o que eles manifestam com ações?"
(São João Crisóstomo, Da incomprensibilidade de Deus, Homilia 2. Ed. Paulus, p. 33).
SÃO LUCAS
DAR NO MÁXIMO CRÉDITO, MAS NÃO CONVICÇÃO
18 DE NOVEMBRO DE 2016 AUGUSTO DEIXE UM COMENTÁRIO
Evangelho segundo S. Lucas 19,45-48.
Naquele tempo, Jesus entrou no templo e começou a expulsar os vendedores,
dizendo-lhes: «Está escrito: ‘A minha casa é casa de oração’; e vós fizestes dela ‘um
covil de ladrões’».
Jesus ensinava todos os dias no templo. Os príncipes dos sacerdotes, os escribas e os
chefes do povo procuravam dar-Lhe a morte,
mas não encontravam o modo de o fazer, porque todo o povo ficava maravilhado
quando O ouvia.
E aqui cabe um conselho de vida. Algo que costumo chamar de “um dos segredos da
vida”. Lá vai:
Um dos segredos da vida é, quando alguém falar bem ou mal de alguém, dar, no
máximo – a depender de quem seja o informante – crédito, mas jamais convicção.
É que junto à informação virá um esquema sobre a outra pessoa em questão. Contudo, a
pessoa não é um esquema, mas um ser humano composto de suas dimensões biológicas,
sociológicas, psicológicas e espirituais (faço aqui uso da antropologia unidimensional
de Viktor Frankl). Dito de outro modo, usando um clichê cotidiano (mas fazendo bom
uso dele): todas as pessoas possuem qualidades e defeitos. Acrescento: é necessário
verificar essas qualidades e defeitos, detalhe que passa batido por quem costuma aplicar
esse chavão, pois usam a frase menos como investigação do que para justificar a
acomodação mediante seus defeitos e aplicar falsa modéstia com suas qualidades.
Assim, diante de uma informação sobre alguém, capte como um dado que precisa ser
verificado de modo prudencial, evitando aceitar passivamente o juízo do outro. Assim a
vida ficará mais leve, pois se descobrirá que não somos obrigados, de imediato, a ser a
favor ou contra determinado juízo.
As pessoas maduras praticam algo chamado ponderação. Com efeito, ponderar é pesar
bem as coisas. E é pela análise e peso que vamos tendo uma melhor imagem da coisa.
O mesmo conselho vale, por exemplo, para o que o professor ensina. Dê no máximo
crédito ao professor, mas não faça da conclusão dele a sua. Verifique, por conta, se o
que ele diz e ensina está correto e seja responsável pela conclusão que você formar.
Essa conclusão, logicamente, pode ser favorável, contrária ou parcialmente
favorável/contrária, de todo modo, é assim que se pratica o verdadeiro senso crítico.
Antigamente eu tinha o defeito de me chatear quando as pessoas ignoravam o que eu
dizia. Depois, percebi que não há razão para isso. Elas não são obrigadas a acreditar em
mim. Por caridade, exponho o que sei e a pessoa, não sendo obrigado a acreditar em
mim, que investigue e chegue a própria conclusão. Fim de um fardo desnecessário de
carregar.
O mesmo conselho também pode ser adaptado sobre aquilo que falarem sobre você, seja
algo bom ou ruim. A murmuração pode chegar: “falaram isso de você”. Se for algo
ruim, investigue o quanto tal juízo é verdadeiro (é doloroso, mas necessário). Se for
algo bom, relembre o caminho para chegar até ali, dê graças a Deus pelo bom exemplo,
e veja no que pode melhorar ou como pode ajudar os outros naquilo.
É nisto que consiste aquela frase do santo: “temos que evangelizar, se preciso com
palavras”. É triste quando vemos certos cristãos pusilânimes aplicando essa sábia frase
para camuflar o medo de defender verbalmente sua fé. Ora, estamos imerso em uma
cultura neopagã que idolatra, entre outras coisas, a tal da deusa Razão.
Que a razão seja uma faculdade nobre da inteligência humana, isso é inquestionável.
Que ela não falhe? Isso é falso. Basta apontar para os filhos do racionalismo: nazismo,
comunismo, liberalismo, fascismo, etc.
Os que crêem na deusa razão, rotulam a fé como irracional. E assim, por acreditarem
nessa propaganda pedante desses neopagãos, os cristãos se acovardam, quando não
jogam a fé para o mero sentimentalismo. “Se preciso, evangelizar com palavras”. Pois
então… É preciso usar as palavras. Digo mais: palavras firmes, sem bom mocismo.
Afinal, é um dever bíblico dar testemunho da fé.
Mas volto a esclarecer. Nesta frase, significa que devemos viver a fé em nosso
cotidiano, com o máximo de coerência possível. Que sejamos bons exemplos,
independente do que digam sobre nós. Que as críticas sejam meditadas; que os elogios
sejam meditados também, tudo para a maior glória de Deus. E, no mais, não é para ficar
mudo, mas estar disposto a testemunhar, explicar as razões de nossa fé (pois a fé não
está desvinculada da razão) e, pois, defender a fé contra os inimigos, impedindo que
façam falsa propaganda de nossa fé com blasfêmias que alegam que “a casa de oração é
um covil de ladrões”.
É análogo aquilo que Lúcifer bravejou contra Deus: “Não servirei”. As mulheres
modernas bravejam contra os homens: “não serei submissa”.
São Paulo vai além. O relacionamento cristão tem como vista a santidade, a
purificação, a fim de que se possa dizer: porque amo a minha mulher, amo a mim
mesmo. Um marido que busca cumprir esta doutrina matrimonial não merece o respeito
e admiração da sua esposa? Isso é a submissão cristã. Isso que expressa a realidade de
serem uma só carne.
Uma racionalização reside na desculpa para aceitar o não-aceitável (ou seja, escolher ser
submissa à injustiça ao invés de ser a Cristo). Trata-se de alegar que é natural ao homem
sua prática luxuriosa por pornografia. “Fazer o que, os homens são assim”. Ora, trata-se
de uma relação em que o marido não quer ser uma só carne, pois pensa mais em si do
que na esposa.
A outra é dizer que “eu traí, porque você não me dá atenção” ou sua versão mais cara de
pau de “eu traí porque eu te amo e queria chamar sua atenção”. Percebe-se claramente, à
luz do ensinamento de São Paulo, que não é um relacionamento em que se está
cuidando do corpo.
Diante da vergonha que são seus modelos de “amor”, os neopagãos não têm outra opção
a não ser a fraude. Para não passarem vergonha diante do santo modelo cristão,
precisam apelar para fraude ou para acusação cínica.
A acusação cínica é dizer que os cristãos são hipócritas, pois não seguem o que São
Paulo exortou. Pode ser, mas neste caso são cristãos desobedientes. A questão é: por
que fechas os olhos para os obedientes, para os devotos casais que conquistaram, com
aquele sacrifício do que não se separa do amor, a missão cristã de viverem como uma só
carne, isto é, como um homem que ama a si, justamente por que ama sua esposa? O
maior cego é aquele que não quer ver.
Mas eu vejo bem. O ideal de relacionamento neopagão, influenciado até a espinha pela
ideologia feminista, é fadado ao fracasso: dois indivíduos egoístas que tomam
casamento por contrato civil, sem disposição ao sacrifício pela santificação, não podem
viver como se fossem uma só carne.