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PROCESSO Nº TST-AIRR-1157-87.2012.5.09.

0009

A C Ó R D Ã O
(2ª Turma)
GMMHM/ef/phc

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE


REVISTA INTERPOSTO ANTES DA LEI
Nº13.015/2014.
PRESCRIÇÃO. INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS. DESPEDIDA DISCRIMINATÓRIA.
TERMO INICIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.
NAO INTERRUPÇÃO. Em situações
análogas, esta Corte Superior tem
seguido no sentido de que o início do
prazo prescricional para ajuizar ação
concernente a dano moral é a dano
material decorrentes de eventual
nulidade na dispensa abusiva e
discriminatória do reclamante e a
partir da ciência inequívoca da lesão
ao direito subjetivo, que no caso,
ocorreu em 31/05/1999, com a sua
dispensa sem justa causa, fato esse
que ensejou a pretensão indenizatória
deduzida pelo autor. Destarte, da
leitura do acórdão regional,
depreende-se que o fato que ensejou à
pretensão ora deduzida pelo autor foi
a sua dispensa sem justa causa,
ocorrida em 31 de maio de 1999,
momento em que o seu direito tornou-
se exigível, razão pela qual, tendo o
Reclamante ajuizado a presente ação
somente em 09/11/2010, encontra-se
prescrita a pretensão indenizatória
deduzida pelo autor. Ademais, cumpre
salientar que o ajuizamento de ação
civil pública com o pedido de
reconhecimento judicial da dispensa
discriminatória, não tem o condão de
interromper a prescrição para a
propositura da ação individual pelo
reclamante na qual se busca
indenização por danos morais e
materiais pela dispensa
discriminatória. Agravo de
instrumento a que se nega provimento.

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PROCESSO Nº TST-AIRR-1157-87.2012.5.09.0009

Vistos, relatados e discutidos estes autos de


Agravo de Instrumento em Recurso de Revista n° TST-AIRR-1157-
87.2012.5.09.0009, em que é Agravante PAULO CEZAR BORGHETTI e
Agravada OI S/A.

Trata-se de agravo de instrumento interposto


contra decisão mediante a qual se denegou seguimento ao recurso de
revista.
A parte recorrida apresentou contraminuta ao
agravo de instrumento e contrarrazões ao recurso de revista.
É o relatório.

V O T O

1 – PRESCRIÇÃO. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.


DESPEDIDA DISCRIMINATÓRIA. TERMO INICIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. NAO
INTERRUPÇÃO.
O Tribunal Regional da 5ª Região, quanto ao tema
em destaque, consignou:
"Sem razão.
O autor parte de premissas equivocadas.
Inicialmente, ao contrário do que afirma o autor a decisão da E. 2ª
Turma deste Regional, proferida nos autos TRT-PR- 19702-2010- 011-09-
00-1 (RO) foi clara no sentido de declarar a prescrição.
Superado este ponto, certo que conforme bem esclarece Ada Pelegrini
Grinover. O art. 104 do
Código de Defesa do Consumidor, aplicável por expressa referência
do art. 16 da Lei da Ação Civil Pública, trata da questão: as ações coletivas,
previstas para interesses difusos e interesses coletivos (incs. I e II do art.
81) não induzem litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da
coisa julgada erga omnes e ultra partes (incisos I e II do art. 103) não
beneficiarão os autores das ações individuais, se não for requerida a
suspensão no prazo de trinta dias, a contar da ciência nos autos do
ajuizamento da ação coletiva para; (Ações Coletivas para Tutela do
Ambiente e dos Consumidores, Rev. de Processo)
Não é contudo, em absoluto, o desfecho que se possa dar à Ação Civil
Pública, que leva ao desencadeamento da ação individual como se sugere,
como se só a partir daí pudesse ser intentada a reclamatória trabalhista,
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visando discutir a situação pessoal do autor. O que enseja o interesse


jurídico no manejo de ambas (ação individual e coletiva), por quem de
direito, é a violação do direito, o que, no caso, teria ocorrido já no distante
ano de 1999, pois aí se operou a dispensa tida por discriminatória. A
cessação do contrato, ensejou a discussão quanto à sua legalidade por parte
do Ministério Público do Trabalho. Ensejou, ainda, para o autor, a
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entabular a mesma discussão, em sede individual. Tivessem ambas sido
manejadas no devido tempo, poderia haver alguma discussão quanto aos
efeitos da ação coletiva sobre a individual. Não foi o que ocorreu, eis que o
autor deixou exaurir o tempo que tinha para ingressar em Juízo,
individualmente, tanto que há decisões nos autos, com trânsito em Julgado,
atinentes à reclamatória trabalhista intentada em 2010, que declararam a
prescrição. Esta, ao contrário do que sugere o autor, não é questão
prejudicial, decidida incidentalmente no processo nos termos do art. 469,
III, do CPC; ao revés, a declaração de prescrição, implicou em decisão de
mérito, quanto à matéria litigiosa (CPC, art. 269, IV).
Em outros termos, a superveniência de decisão por parte deste
Regional, depois objeto de recurso, nos autos da ACP, não pode ser
considerada nova causa de pedir, a ensejar a diferenciação pretendida, entre
as ambas as reclamatórias individuais intentadas (esta e a de 2010). Daí
porque a equivocada a alegação do autor, ao se manifestar sobre a defesa,
no sentido de que a sua atual pretensão é diversa, na medida em que
fundamentada em outro elemento jurídico, qual seja, a sentença proferida
na ACP 20517-1999- 009-09, que declarou a invalidade do ato jurídico
(demissão) que até então era considerado perfeito. Ao revés, o elemento
jurídico a que alude o autor, nada mais é que a apreciação pelo Judiciário
dos fatos discutidos na ACP, os quais não poderiam ser outros, que não os
existentes ao tempo da cessação dos contratos de trabalho ali considerados.
Tais fatos não se alteram ao longo do tempo; o que pode se alterar é a
qualificação jurídica que a eles se lhes dá, em eventual discussão judicial,
cujo desfecho gera efeitos restritos ao que se discutir nos respectivos feitos.
Assim, quisesse o autor discutir a sua situação pessoal, à luz dos referidos
fatos, deveria fazê-lo ao tempo e modo oportunos, ocasião em que a decisão
em sede Coletiva poderia ser invocada, quando muito, como respeitável
subsídio jurisprudencial, pois, à evidência, o autor em momento algum
cogitou de se beneficiar dos efeitos da coisa julgada erga omnes e ultra
partes (incisos I e II do art. 103 do CDC), decorrente do quanto decidido
em definitivo na ACP, pois, à evidência, não pretende (ou pretendeu)
suspensão de qualquer reclamatória individual.
Pondera-se que este entendimento, inclusive, norteou a decisão da E.
2ª Turma deste Regional, já referida, nos autos TRT-PR- 19702-2010- 011-
09-00- 1 (RO), conforme se percebe da seguinte passagem do respectivo
Voto. Do exame dos autos, observa-se que, não obstante a ação civil pública
movida pelo Ministério Público tenha buscado o reconhecimento da
dispensa discriminatória pela ré de trabalhadores nas mesmas condições das
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do obreiro, o fato que veio a dar ensejo à pretensão ora deduzida pelo
autor foi a sua dispensa sem justa causa, ocorrida em 31 de maio de
1999.
Com efeito, o posicionamento que vem sendo adotado pela maioria
dos ilustres integrantes desta e. Corte, ao qual se curva esta Relatora, a fim
de evitar falsas expectativas às partes, é o de que a pretensão de
recebimento de indenização por danos morais não teve o seu nascedouro
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proferida em ação civil pública, mas sim no ato patronal em si, tido como
discriminatório.
Considera-se, portanto, que não houve o deslocamento da actio
nata, tendo a pretensão indenizatória ora deduzida pelo autor surgido
no termo final do contrato de trabalho firmado com a ré, e não a partir
do reconhecimento pela Corte Maior Trabalhista de sua dispensa
discriminatória.
Nessa linha de raciocínio, o prazo bienal trabalhista incide no caso
concreto a partir de 31 de maio de 1999, nos termos do artigo 7º, XXIX,
da CF, combinado com os artigos 11, I, da CLT (O direito de ação quanto
a créditos resultantes das relações de trabalho prescreve: I - em cinco anos
para o trabalhador urbano, até o limite de dois anos após a extinção do
contrato) e 189 do CC (Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a
qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e
206).
Dessa forma, tendo em vista o ajuizamento da presente demanda
somente em 09 de julho de 2010, mantenho a r. sentença que decretou a
prescrição da pretensão indenizatória deduzida pelo autor (destacou-se)
Suscita-se, portanto, discussão já superada por decisões desta mesma Corte.
Não socorre ao autor, ainda, o argumento de que manter-se a decisão
guerreada, há uma enorme contradição no sentido de que o Estado
reconhece um ato que viola a própria Constituição (nos fundamentos da
República da dignidade da pessoa humana e dos valores sociais do
trabalho), mas nega efetividade à sanção ao violador e à reparação da
vítima. Independentemente do desfecho da Ação Civil Pública, o que se
pode dizer é que a apregoada ausência de efetividade decorreu da inação do
próprio autor, o qual não manejou em tempo hábil, o remédio jurídico que o
Estado lhe pôs à disposição, fazendo atrair, com o transcurso do tempo, a
incidência da prescrição, conforme decidido em outros autos. Por fim, a
efetividade da ação da tutela coletiva, há de ser buscada em relação ao que
se decidir nos respectivos autos. Não irradia efeitos para a ação trabalhista
individual, nos termos como pretendido pelo autor, conforme já anotado.
Nada a deferir." (g.n)

Contra essa decisão o reclamante interpõe recurso


de revista, sustentando que não há prescrição a ser declarada na

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presente demanda, uma vez que o que se busca é a condenação da


Reclamada ao pagamento de indenização pelo dano moral em face de
demissão declarada nula, por ser discriminatória, já reconhecida em
Ação Civil Pública. Alega que a prescrição entraria em curso a
partir da decisão da Ação Civil Pública.
Aponta violação dos artigos 81, II, e 104 do
Código de Defesa do Consumidor. Transcreve arestos para o confronto
de teses.
Analiso.
Cinge-se a controvérsia em saber qual é o termo
inicial do prazo prescricional para ajuizar ação concernente a dano
moral decorrente de eventual nulidade na dispensa abusiva e
discriminatória do Reclamante ocorrida em 31/05/1999.
Em situações análogas, esta Corte Superior tem
seguido no sentido de que o início do prazo prescricional para
ajuizar ação concernente a dano moral e a dano material decorrentes
da eventual nulidade na dispensa abusiva e discriminatória do
Reclamante é a partir da ciência inequívoca da lesão ao direito
subjetivo, que no caso, ocorreu em 31/05/1999, com a sua dispensa
sem justa causa, fato esse que ensejou a pretensão indenizatória
deduzida pelo autor.
Destarte, da leitura do acórdão regional,
depreende-se que o fato que ensejou à pretensão ora deduzida pelo
autor foi a sua dispensa sem justa causa, ocorrida em 31/05/1999,
momento em que o seu direito tornou-se exigível e não a partir da
decisão da Ação Civil Pública.
Logo, no caso, tendo o Reclamante ajuizado a
presente ação somente em 09/11/2010, encontra-se prescrita a
pretensão indenizatória deduzida pelo autor.
Ademais, cumpre salientar que o ajuizamento de
ação civil pública com o pedido de reconhecimento judicial da
dispensa discriminatória, não tem o condão de interromper a
prescrição para a propositura da ação individual pelo reclamante na
qual se busca indenização por danos morais e materiais por tal
motivo.
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Nesse sentido, destaco os seguintes precedentes:

"AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA -


PRESCRIÇÃO - TERMO INICIAL - INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS E MATERIAIS - DISPENSA DISCRIMINATÓRIA
RECONHECIDA EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA. A afirmação de que a
actio nata da pretensão à indenização ocorreria apenas com o trânsito em
julgado da ação civil pública, em que se declarou a ilicitude das demissões,
significaria condicionar o exercício de um direito subjetivo à propositura de
ação civil pública, em afronta à autonomia da vontade das partes. O mesmo
fato - rescisão contratual do autor - poderia ser questionado tanto pela
perspectiva coletiva quanto pela perspectiva individual, sem que houvesse
óbice quanto a essa última pela tramitação de ação civil pública.
Ressalvadas as hipóteses em que o reconhecimento da ilicitude de um ato
seja aferível apenas quando considerada a situação de determinado conjunto
de trabalhadores, o prazo prescricional inicia-se na data em que praticado o
ato, no caso, quando ocorreu a demissão discriminatória ensejadora do dano
moral. Assim, consignado no acórdão regional que a dispensa ocorreu em
31/5/1999 e que o reclamante ajuizou a presente reclamação trabalhista em
16/9/2010, resta patente que se consumou a prescrição total da pretensão à
reparação da lesão material e moral, quer se considere o prazo prescricional
quinquenal trabalhista, quer o prazo prescricional trienal civil (Código
Civil, arts. 2028 e 206, § 3º, inciso V). Precedentes. Agravo de instrumento
desprovido." (AIRR - 1158-43.2010.5.09.0009, Relator Ministro: Luiz
Philippe Vieira de Mello Filho, Data de Julgamento: 28/10/2015, 7ª Turma,
Data de Publicação: DEJT 13/11/2015).
"PRESCRIÇÃO. DANOS MORAIS E MATERIAIS. DISPENSA
DISCRIMINATÓRIA RECONHECIDA EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA.
ACTIO NATA. 1. Hipótese em que o Tribunal Regional estabelece como
actio nata a data da rescisão contratual, desconsiderando, como pretendido
pela autora, o dia em que reconhecido em juízo o caráter discriminatório do
ato da dispensa, ao julgamento da ação civil pública anteriormente ajuizada.
2. Acerca dessa específica hipótese, a jurisprudência que se vem firmando
nesta Casa, com a qual está em conformidade a decisão recorrida, é a de
que o ajuizamento da ação civil pública não interrompe a contagem da
prescrição, uma vez que a decisão proferida ao julgamento dessa ação não
tem caráter constitutivo, mas declaratório, sendo a data do término do
contrato de trabalho o marco inicial para a verificação da prescrição,
porquanto a suposta discriminação ocorreu com a dispensa. Não obstante, o
Colegiado Regional registrou que a pretensão veiculada na ação coletiva
referiu-se a reintegração de ex-empregados da Reclamada, bem como aos
salários do período de afastamento, em face de alegada discriminação na
dispensa realizada em 1999, ou seja, inexistente pedido de indenização.
Assim, também por esse viés, -não se cogita de interrupção da prescrição
ou qualquer causa obstativa da fluência do prazo prescricional, pois não há
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identidade de pedidos, vez que na presente ação a Reclamante requer


indenização por danos morais e materiais. 3. Em decorrência da
promulgação da Emenda Constitucional 45/2004, que estabeleceu a
competência da Justiça do Trabalho para julgar -as ações de indenização
por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho- (artigo
114, VI, da CF) e do julgamento pelo Supremo Tribunal Federal do
Conflito de Competência 7204- MG, a e. Subseção 1 em Dissídios
Individuais desta Casa passou a adotar entendimento no sentido de que a
data da promulgação da referida Emenda Constitucional seria adotada como
marco para verificação da prescrição incidente às causas relativas à
reparação por dano moral ou material, fossem decorrentes de acidente do
trabalho ou doença ocupacional ou da relação de emprego, concluindo que
à pretensão de reparação civil decorrente de fatos ocorridos antes da
promulgação da referida Emenda a prescrição seria a do Código Civil,
observada a regra de transição do art. 2.028 do CCB/2002, sendo a do art.
7º, XXIX, da CF na hipótese de lesões posteriores. Precedentes. 4. Assim,
ocorrendo a ciência da lesão em data anterior à vigência da Emenda
Constitucional 45/2004, caso dos autos 31.5.1999, aplica-se o prazo
prescricional previsto no Código Civil às pretensões de indenização por
dano moral e/ou material. 5. Entretanto, malgrado o entendimento do v.
acórdão recorrido dissentir dessa jurisprudência, a norma de transição do
art. 2028 do Código Civil faz atrair, à hipótese em voga, a aplicação do
prazo de 3 anos, previsto no art. 206, § 3º, V, do Código Civil, que se
findou em 12.1.2006 e não do art. 205, do mesmo Código Civil de 2002
como pretende a reclamante. Prescrita a pretensão autoral, dada a
propositura desta demanda em 21.6.2010. Ilesos os dispositivos apontados
e, quanto aos arestos, o teor do art. 896, § 4º, da CLT e a Súmula 333/TST
constituem óbices ao trânsito da revista. Agravo de instrumento conhecido e
não provido." (AIRR-358-53.2011.5.09.0664, Relator Ministro: Hugo
Carlos Scheuermann, 1ª Turma, DEJT 21/06/2013);
"RECURSO DE REVISTA. PRESCRIÇÃO. AÇÃO DE
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS ORIUNDOS DA
DISPENSA DISCRIMINATÓRIA. LESÃO OCORRIDA ANTES DA
VIGÊNCIA DA EMENDA 45/2004. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. NÃO
INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO. 1.1 - De acordo com a jurisprudência
atual da SBDI-1 desta Corte, para a definição do prazo prescricional
incidente à pretensão de indenização por danos morais e materiais, deve ser
considerada a data do evento danoso, se antes ou após a edição da Emenda
Constitucional 45/2004. 1.2 - Consoante se extrai do acórdão recorrido, o
reclamante foi dispensado em 31/5/99, anteriormente, portanto, ao advento
da Emenda Constitucional 45/2004, que transferiu à Justiça do Trabalho a
competência para processar e julgar as ações de indenização de tal natureza.
Entende-se, portanto, nessa hipótese, que a prescrição aplicável, de fato,
não é a bienal trabalhista, prevista no art. 7.º, XXIX, da Constituição
Federal, mas a prescrição civil. 1.3 - In casu, a dispensa ocorreu em
31/5/99, quando ainda vigente o Código Civil de 1916, que previa prazo
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prescricional de vinte anos (art. 177). Ocorre que o ajuizamento da ação


somente se deu em 16/9/2010, quando já em vigor o novo Código Civil, o
qual reduziu o prazo prescricional das pretensões de reparação de danos,
para três anos (art. 206, § 3.º, V). 1.4 - Assim, incide à hipótese a regra de
transição do art. 2.028 do Código Civil, que regulamenta que prazo
prescricional deve ser aplicado, se da lei anterior ou da atual. Consoante o
referido dispositivo, somente serão da lei anterior os prazos, quando
reduzidos pelo novo Código, se na data de sua entrada em vigor
(11/1/2003), já houver transcorrido mais da metade do tempo estabelecido
pela lei revogada. 1.5 - No caso em comento, na data de 11/1/2003 havia
transcorrido menos de quatro anos, portanto, menos da metade do prazo
vintenário. Assim, o prazo a ser considerado é o trienal, previsto no art.
206, § 3.º, V, do atual Código Civil, porém contado a partir da vigência do
referido diploma, sob pena de afronta à segurança jurídica. 1.6 - Ressalte-se
que não prevalece a tese do reclamante quanto à aplicação do art. 205 do
Código Civil, uma vez que há norma específica que rege o prazo
prescricional da ação de reparação de danos, a saber, o art. 206, § 3.º, V, do
mesmo diploma legal. 1.7 - Quanto à alegação de que o ajuizamento da
ação civil pública, na qual se deduziu pedido de reconhecimento judicial da
dispensa discriminatória, interrompeu a prescrição para a propositura da
ação individual pelo reclamante na qual se busca indenização por danos
morais e materiais, o entendimento desta Corte é de que a interrupção
ocorre em relação apenas aos pedidos idênticos, consoante o disposto na
Súmula 268 do TST, o que não ocorre na hipótese. Precedentes. Recurso de
revista não conhecido." (RR - 1160-13.2010.5.09.0009, Relatora Ministra:
Delaíde Miranda Arantes, Data de Julgamento: 27/05/2015, 2ª Turma, Data
de Publicação: DEJT 05/06/2015);
"RECURSO DE REVISTA. MULTA DE 40% SOBRE O FGTS.
CRITÉRIO DA ‘ACTIO NATA’. ADI 1721-3-DF. RETROATIVIDADE
DA DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. PRESCRIÇÃO.
OCORRÊNCIA. 1. As decisões de mérito proferidas em sede de ação
declaratória de constitucionalidade ou em ação direta de
inconstitucionalidade são dotadas de eficácia contra todos e, em regra,
possuem efeitos retroativos. Assim, declarada a inconstitucionalidade de
determinada norma, impõe-se, de imediato, a sua retirada do ordenamento
jurídico vigente. 2. Contudo, apesar da eficácia para o passado (‘ex tunc’),
isso não significa admitir que toda e qualquer situação pretérita será
alcançada pela retroatividade da decisão. 3. Pelo critério da ‘actio nata’,
lesionado o direito, nasce a pretensão para o titular, a qual se extingue pela
prescrição. Recurso de revista conhecido e desprovido." (RR-798000-
89.2007.5.09.0513, Rel. Min. Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, 3ª
Turma, DEJT de 5/6/2009);
"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.
PRESCRIÇÃO. DIES A QUO. TEORIA DA ACTIO NATA. DANO
MORAL. RECLAMAÇÃO TRABALHISTA INDIVIDUAL. DISPENSA
DISCRIMINATÓRIA EM RAZÃO DA IDADE. RECONHECIMENTO
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EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA. 1. Conquanto o art. 189 do Código Civil


consagre a regra geral segundo a qual o início do prazo prescricional
coincide com a data da suposta violação do direito, em rigor técnico o
termo inicial do fluxo do prazo prescricional coincide com a data de ciência
da lesão ao direito subjetivo material, ocasião em que nasce a pretensão
(actio nata) para repará-lo. 2. Assim, o prazo prescricional da pretensão de
indenização por dano moral decorrente de suposta dispensa discriminatória
conta-se a partir da efetiva dispensa do empregado. 3. Operada a rescisão
contratual em 1999 e ajuizada a primeira ação em 2010, patente que se
consumou a prescrição total para a pretensão de reparação da lesão moral,
quer se considere o prazo prescricional quinquenal trabalhista, quer o prazo
prescricional trienal civil (Código Civil, arts. 2028 e 206, § 3º, V).
Precedentes. 4. Agravo de instrumento de que se conhece e a que se nega
provimento." (AIRR-635-31.2010.5.09.0009, Rel. Min. João Oreste
Dalazen, 4ª Turma, DEJT de 13/6/2014);
"RECURSO DE REVISTA. PRESCRIÇÃO. DANOS MORAIS.
DISPENSA DISCRIMINATÓRIA. LESÃO OCORRIDA
ANTERIORMENTE À EMENDA CONSTITUCIONAL N°45/2004.
AÇÃO CIVIL PÚBLICA. NÃO INTERRUPÇÃO DO PRAZO
PRESCRICIONAL. NÃO CONHECIMENTO. Esta Corte já pacificou
entendimento de que é aplicável o prazo prescricional do Código Civil às
pretensões de indenização por dano moral e/ou material quando a lesão for
anterior à vigência da Emenda Constitucional nº 45/2004. Estabelecida a
prescrição civil, também é entendimento pacífico no âmbito deste Tribunal
Superior de que deve ser aplicada a regra de transição preconizada no artigo
2.028 do Código Civil vigente, segundo a qual se no início da vigência do
novo Código Civil (11.01.2003) não transcorreram mais de dez anos (mais
da metade do prazo prescricional de 20 anos previsto no estatuto civil
revogado) da data do evento danoso ou da ciência inequívoca da lesão,
aplica-se a prescrição trienal prevista no artigo 206, § 3º, V, do novel
estatuto civil, iniciando-se a contagem a partir da sua entrada em vigor
(11.01.2003) e findando em 11.01.2006. Assim, constatado que o evento
danoso (dispensa discriminatória) ocorreu em 31.05.1999 e que no início da
vigência do novo Código Civil não transcorreram mais de dez anos do
prazo prescricional, aplica-se o prazo trienal do artigo 206, § 3º, V, do
Código Civil, encontrando-se prescrita a pretensão de compensação por
danos morais, visto que a ação foi ajuizada somente em 19.08.2010.
Ademais, não há interrupção do prazo prescricional em decorrência do
ajuizamento de Ação Civil Pública, uma vez que inexiste identidade de
pedidos, na forma da Súmula nº 268. Isso porque a presente lide discute a
compensação por danos morais decorrentes de dispensa discriminatória, ao
passo que na referida ACP não se postulou essa compensação, mas somente
a nulidade da dispensa discriminatória dos empregados da reclamada.
Precedentes. Recurso de revista de que não se conhece." (RR - 991-
38.2010.5.09.0005, Relator Ministro: Guilherme Augusto Caputo Bastos,
Firmado por assinatura digital em 25/05/2016 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme
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PROCESSO Nº TST-AIRR-1157-87.2012.5.09.0009

Data de Julgamento: 09/04/2014, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT


23/05/2014);
"PRESCRIÇÃO. DECISÃO PROFERIDA PELO C. TST EM QUE
FOI RECONHECIDA A NULIDADE DA DISPENSA. ACTIO NATA.
NOVA AÇÃO DE REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS. O direito à
reparação moral referente à dispensa discriminatória do empregado nasce
com a referida lesão e não a partir de ação transitada em julgado que
reconhece a nulidade da dispensa. Assim, ao interpor a ação anterior em
que se requereu a nulidade da dispensa, já poderia ter sido formulada a
pretensão, objeto da presente ação, de reparação por danos morais. No caso,
o eg. TRT registrou que a dispensa ocorreu em 1999 e a presente ação foi
ajuizada em 22.11.2011, a denotar que não se respeitou o biênio
prescricional a que se refere o artigo 7º, inciso XXIX, da Constituição
Federal. Recurso de revista conhecido e provido." (RR-2810-
61.2011.5.09.0009, Rel. Min. Aloysio Corrêa da Veiga, 6ª Turma, DEJT de
21/2/2014);
"RECURSO DE REVISTA - INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS - DESPEDIDA DISCRIMINATÓRIA - PRESCRIÇÃO - ACTIO
NATA. Não se discute hipótese de suspensão ou interrupção do prazo
prescricional, mas sim, a possibilidade de deslocamento da actio nata, isto
é, a partir de quando seria exercitável a pretensão, o momento efetivo em
que a ação individual para reparação civil por dano moral poderia ter sido
ajuizada. A afirmação de que a actio nata da pretensão à indenização
ocorreria apenas com o trânsito em julgado da ação civil pública em que se
declarou a ilicitude das demissões significaria condicionar o exercício de
um direito subjetivo à propositura de ação civil pública, em afronta à
autonomia da vontade das partes. O mesmo fato, rescisão contratual do
autor em razão da sua idade, poderia ser questionado, pela perspectiva
coletiva, quanto pela perspectiva individual, sem que houvesse óbice
quanto a essa última pela tramitação de ação civil pública. Ressalvadas as
hipóteses em que o reconhecimento da ilicitude de um ato seja aferível
apenas quando considerada a situação de determinado conjunto de
trabalhadores, o prazo prescricional inicia-se na data em que praticado o
ato, no caso, quando ocorreu a demissão discriminatória ensejadora do dano
moral. Precedentes. Recurso de revista não conhecido." (RR - 1222-
53.2010.5.09.0009, Relator Ministro: Luiz Philippe Vieira de Mello Filho,
Data de Julgamento: 04/11/2014, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT
19/12/2014)
"AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. 1.
PRELIMINAR DE NULIDADE DO JULGADO POR NEGATIVA DE
PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. A negativa de prestação jurisdicional
pressupõe a oposição de embargos de declaração. Assim, tendo em vista
que ao acórdão regional não houve oposição de embargos declaratórios,
inviabiliza-se a alegação de afronta ao artigo 93, IX, da CF, pela incidência
da Súmula 184 do TST. 2. PRESCRIÇÃO. INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS E MATERIAIS. DISPENSA DISCRIMINATÓRIA. O marco
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PROCESSO Nº TST-AIRR-1157-87.2012.5.09.0009

para ajuizamento de uma ação inicia-se a partir da lesão do direito,


coincidindo o termo inicial do prazo prescricional com o nascimento do
direito de ação. Com efeito, o direito à reparação por danos morais em face
da dispensa discriminatória nasceu no momento em que o reclamante foi
dispensado. Precedentes. Ileso o art. 7º, XXIX, da CF. Agravo de
instrumento conhecido e não provido." (AIRR - 141-31.2012.5.09.0872 ,
Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data de Julgamento: 15/05/2013,
8ª Turma, Data de Publicação: DEJT 17/05/2013).

Assim, estando a decisão recorrida em conformidade


com a jurisprudência pacífica do TST, não prospera a arguição de
violação dos dispositivos de lei trazidos pela parte agravante,
tampouco de divergência jurisprudencial, nos termos da Súmula 333 do
TST e do artigo 897, 7º, da CLT.
Pelo exposto, nego provimento ao agravo de
instrumento.
ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Segunda Turma do Tribunal


Superior do Trabalho, por unanimidade, negar provimento ao agravo de
instrumento.
Brasília, 24 de Maio de 2016.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)


MARIA HELENA MALLMANN
Ministra Relatora

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