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DE TONY OPPENHEIM:
ANÁLISE DE UM MÉTODO ESSENCIAL HÁ 30 ANOS
RESUMO: Este artigo tem como proposta fazer uma reflexão sobre a obra de Tony
Oppenheim, buscando encontrar uma possível conclusão sobre a ordem das peças
selecionadas, possibilitando estudos mais direcionados dentro do método. A partir da
importância deste método, junto a alguns questionamentos de companheiros de profissão
quanto à didática utilizada, que surgiu o interesse em uma análise dos exercícios apresentados.
Estes serão analisados através de uma série de quesitos, dentre eles: digitação, quantidade de
notas melódicas e subdivisões rítmicas, elementos de ornamentação, etc.
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Polegar, em português: Trata-se de um elemento da técnica onde a corda é atacada pelo polegar da mão
direita, ou esquerda no caso de um músico canhoto.
popularmente chamadas de grooves, foco deste trabalho.
Desde então o livro vem sendo revisado e atualizado. Além de manter os diversos
grooves, foram inseridas tablaturas em todos os exercícios e os áudios agora vem em CD.
O autor ainda trabalha com um serviço online onde disponibiliza mais materiais para
estudo através do site www.slapit.com.
O Slap
O termo foi usado pela primeira vez pelos músicos de Nova Orleans, por volta de
1918. Na época o contrabaixo acústico rivalizava com a tuba pelas frequências graves, pelo
seu maior poder sonoro, a tuba era mais utilizada. O cenário começou a mudar quando
Wellman Braud, baixista da orquestra de Duke Ellington começou a “golpear” as cordas do
contrabaixo para obter mais volume. Percebendo isso, Duke compôs alguns temas onde o
baixo deveria ser tocado com esta técnica. Outros Baixistas que utilizaram esta técnica na
época foram Steve Brown, George “Pops” Foster, John Lindsay e Al Morgan, conforme
matéria publicada por Nilton Wood na Revista “Cover Baixo”.
O Slap teve seu surgimento no contrabaixo elétrico no final dos anos 60 com Larry
Graham, musico Norte-americano, além de baixista, toca bateria, clarineta, saxofone e
guitarra.
Como o próprio baixista evidencia. 2
Aos quinze anos, formei um grupo com minha mãe no piano e um baterista. Eu
tocava guitarra e uma pedaleira de baixo de baixo de um órgão. Uma noite, o órgão
quebrou e sem o som do baixo, a música ficou muito vazia, sem peso nos graves”.
Devido ao acontecimento Graham precisou alugar um contrabaixo elétrico até que a
2
Trecho presente no livro “How the fender bass changed the world”. Backbeat Books. 11 de maio de
2001.
pedaleira ficasse pronta. “ Quando ela ficou concertada, percebi que não precisava
mais daqueles montes de pedais, pois tinha me adaptado bem ao contrabaixo. O
baterista ainda sentia que poderia colocar algumas partes rítmicas nas musicas. Foi
quando comecei a percutir meus dedos indicador e médio no final do instrumento.
Suas linhas de baixo, com a presença da nova técnica começaram a chamar a atenção
dos músicos da época, dentre eles Sly Stone, fundador da banda “Sly and the family stone”.
Após o contato Graham passou a integrar a bando de Stone, e as primeiras linhas de baixo
contendo elementos do Slap gravadas de Graham podem ser encontradas nas Musicas “Dance
to de Music”, “I will never fall in love again”, “Are you Ready” e “I can´t Turn you Loose”
do Disco “Dance to the music” do “Sly and the Family Stone” de 1968. (A faixa “I Can´t
Turn you loose” foi lançada posteriormente ao lançamento do Álbum.).
Análise
Segue então uma tabela com análise de cada exercício. Vale lembrar que cada item
trata-se de uma visão geral do exercício. Exemplo, quando a Rítmica Padrão descrever
Colcheias é possível que semicolcheias apareçam no mesmo porem serão ínfimas na levada.
Extensão: A quantidade de casas usadas entre a mais próxima à corda solta e a mais
distante. Cordas soltas não farão parte desta seção, pois requisitará movimentação da
mão esquerda (para destros);
O autor não usa armaduras de clave o que deixa em aberto a escolha de tonalidades
maiores ou menores nas harmonizações, porém pode provocar certa dificuldade em alguns
exercícios à visualização de uma tonalidade além de tornar a leitura com alguns obstáculos
através do uso somente de acidentes ocorrentes.
Nas tabelas abaixo, a técnica de Notas Mortas está presente em praticamente todos os
exercícios e, portanto não serão citadas na Ornamentação. Assim como a escala Pentatônica
também não será citada na seção Intervalos/Escala, salvo alguma alteração sobre a mesma.
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Elemento técnico onde se alterna rapidamente entre duas notas na mesma corda através do slide feito
rapidamente para e trás e para frente entre casas adjacentes usando apenas um dedo.
Exercícios em padrões de semicolcheias
53 Pentatonica + Bicorde 2 5
6ª Maior
54 Pentatonica + Bicorde 2 6
6ª Maior
Cromatismo
55 Pentatonica + Bicorde 2 5
6ª Maior
56 Pentatonica + Bicorde 2 7
6ª Maior
57 Slide 2 7 -Deslocamento de tempo
Lig. Antecipação
58 2 5
59 2 5 -Contratempo
60 Pentatonica 2 5
Cromatismo
61 Pentatonica + 2 5
6ª Maior
62 Pentatonica + 2 5
6ª Maior
63 Pentatonica + 2 6
6ª Maior
77 Pentatônica + 2 5
6ª Maior
78 Pentatônica + 2 5
6ª Maior
79 Modo Dórico Slide 4 8 -Muitas Ornamentações
Lig. por salto de
corda
Nota Lifted-off
80 Shake 4 7 -Deslocamento de tempo
Lig. Antecipação -Contratempo
81 2 3
82 Shake 4 5 -Muitas Ornamentações
Lig. por salto de -Deslocamento de tempo
corda
Lig. Antecipação
83 Semicolcheias Pentatônica + Shake 2 6 -Deslocamento de tempo
com variações 6ª Maior
Lig. Antecipação -Contratempo
Nota Lifted-off
84 Semicolcheias Pentatônica + Nota Lifted-off 2 7
com variações 6ª Maior
Slides
Exercícios em Tercinas
92 Pentatônica + Slide 2 6
6ª Maior
93 Pentatônica + Lig. Antecipação 2 5 -Deslocamento de tempo
6ª Maior
Nota Lifted-off
94 Pentatônica + Sem Notas Mortas 2 8 -Contratempo
6ª Maior
Nota Lifted-off
Slide
95 Pentatônica + Slide 2 6 -Contratempo
6ª Maior
Cromatismo
Conclusão
A proposta deste não é apontar defeitos deste método, mas sugerir novas soluções para
o estudo do mesmo.
É fato que muitos alunos, e alguns músicos já profissionais, não têm interesse no
estudo de leitura ou apenas tem dificuldades. Partindo desse pressuposto será usada a
quantidade de compassos de cada exercício como critério principal, sendo dois compassos o
ideal e quatro o limite, pois mais do que estes torna-se difícil a memorização da levada, porém
podem ser ideais para avaliação de leitura.
Sendo assim, os exercícios 42, 50, 51, 111, 112, 125, 139 e 148 seriam colocados no
final dos estudos ou da subdivisão pré-estabelecida – tabelas – por este artigo.
O segundo critério seria a extensão, pois a movimentação da mão que aperta as casas é
mais um fator complicador para execução. Os exercícios 42, 48, 51, 66, 106, 132, 133, 138,
148, 150 e 151 são os que possuem maiores extensões.
Na Rítmica Padrão daria preferencia aquelas com menos variações.
A questão dos Intervalos/Escalas não tem muita variação o que nos possibilita dar
menor prioridade.
A Ornamentação possibilita usar como direcionador dos estudos, dando prioridade a
alguma de interesse pessoal ou simplesmente por questões de dificuldade, iniciando por
exercícios que possuem o menor numero de itens: 41, 46, 58 ao 63, 67, 71, 77, 78, 81, 89, 96,
107, 109, 134, 135, 140.
A partir desta analise das levadas propostas no método fica claro que é possível
reorganizar os estudos de forma mais direcionada, diferente da ordem proposta pelo autor.
Cabe ao leitor deste optar por um ou mais temas que deseja focar nos seus estudos ou de seus
alunos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- Roberts, Jim. How the fender bass changed the world. Backbeat Books. 11 de maio de
2001.
- Oppenheim, Tony. Slap It: Funk Studies for the Electric Bass. Theodore Presser 1981
- Oppenheim, Tony. Slap It: Funk Studies for the Electric Bass. Theodore Presser 2005
- Sklarevski, Aléxis. The Slap Bass Program [DVD].Video Progressions.1 de maio de
2006
- Liebman, Jon. Funk Bass. Hal Leonard Publishing Co. 1992
- Revista “Cover Baixo.” Tudo o que você queria saber sobre Slap e não tinha para
quem perguntar. São Paulo: HMP, n.19, 2004. 82p.
- Lombardi, Fernando. Slap – conceitos técnicos de uma das mais difundidas técnicas
do contrabaixo elétrico.
- Internet: www.slapit.com